Carne fraca, espírito pronto
“Jesus foi para o monte das Oliveiras, e os seus discípulos o seguiram. Chegando ao lugar, ele lhes disse: ‘Orem para que vocês não caiam em tentação’. Ele se afastou deles a uma pequena distância, ajoelhou-se e começou a orar: ‘Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua’” (Lucas 22:39-42).
Deus se apraz em colocar ao seu serviço as nossas habilidades naturais, por isso deu a Lucas, “o médico amado” (Cl 4:14), a tarefa de falar da humanidade de Jesus. Veja que Mateus e Marcos apenas mencionam que a sogra de Simão tinha febre, porém Lucas dá um diagnóstico de “febre alta” (Lucas 4:38). Em Atos 28:8 ele descreve o pai de Públio, de Malta, como “doente, acamado, sofrendo de febre e disenteria”. Lucas é o único a descrever a agonia física e emocional de Jesus com detalhes não vistos nos outros evangelhos: “Apareceu-lhe então um anjo do céu que o fortalecia. Estando angustiado, ele orou ainda mais intensamente; e o seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão” (Lucas 22:43-44).
Tudo isso reflete a perfeita humanidade de Jesus, que, apesar de Deus, é humano o suficiente para sentir angústia e aflição diante da expectativa de sofrimento e dor. Espiritualmente ele está fortalecido, mas fisicamente está à beira de um colapso. Por isso ele ora ao Pai e é amparado por um anjo. O “cálice” do sofrimento o aterroriza, e se existisse outra maneira de Deus tirar o pecado do mundo, ele passaria longe da cruz. Mas ele ora para que a vontade do Pai prevaleça, pois sabe que não existe alternativa.
“Quando se levantou da oração e voltou aos discípulos, encontrou-os dormindo, dominados pela tristeza. ‘Por que estão dormindo?’, perguntou-lhes. ‘Levantem-se e orem para que vocês não caiam em tentação!... O espírito está pronto, mas a carne é fraca’” (Lucas 22:43-46; Mt 26:41). Jesus ensina o poder da oração diante das provas, e apesar de muitos utilizarem a expressão “a carne é fraca” como desculpa para caírem em pecado moral, não é disto que fala aqui. Seu assunto é a fragilidade do corpo humano para resistir à tortura física e mental. Apesar da debilidade do corpo de carne, o espírito de Jesus está pronto para o que deve enfrentar, e essa prontidão de espírito está disponível a todo crente. Paulo orou para que Deus fortalecesse os efésios “no íntimo do seu ser com poder, por meio do seu Espírito” (Ef 3:16).
Nos próximos 3 minutos Jesus ganha um beijo. De Judas.
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