Quando foi que Balaão ensinou Balaque a fazer Israel pecar?

Você procurou no Antigo Testamento e não encontrou onde foi que Balaão ensinou Balaque a fazer o povo de Deus tropeçar, apesar de isto ter sido dito em Apocalipse. A Bíblia toda é a revelação dada por Deus, portanto ainda que você não encontre algo em uma parte, mas encontre em outra, deve acatar aquilo como sendo verdade.

É um erro achar que por algo ser mencionado apenas em uma passagem da Bíblia, aquilo não tem valor. Já vi muitos fazerem isso com as cartas de Paulo, dizendo mais ou menos assim: “Isso foi só Paulo quem disse, e nenhum outro apóstolo, portanto é a opinião de Paulo. Não precisa ser seguido”.

Por exemplo, em Atos 20:35: “Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber”.

O problema é que em nenhum lugar nos evangelhos vemos Jesus dizer isso, mas se está em Atos (e Atos também é a Palavra de Deus), é porque ele disse, mesmo que não tenha sido escrito nos evangelhos. A propósito, ser ler a introdução do evangelho de Lucas e a introdução de Atos verá que este último é uma continuação do primeiro.

Também Judas escreve:

(Jd 1:14) “E destes profetizou também Enoque, o sétimo depois de Adão, dizendo: Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos”.

Se você procurar em Gênesis não encontrará Enoque dizendo isso, mas se Judas diz que ele falou, então Deus revelou a Judas que assim foi.

Sua dúvida vem do versículo em Apocalipse que diz que Balaão ensinava Balaque a fazer o povo de Israel pecar, pois você foi conferir em Números 22 a 26 e não encontrou Balaão ensinando tal coisa:

(Ap 2:14) “Mas algumas poucas coisas tenho contra ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel, para que comessem dos sacrifícios da idolatria, e se prostituíssem”.

A resposta você encontra em Números 31. A atividade de Balaão não ficou restrita ao episódio em que ele aceitou suborno para profetizar contra Israel. Depois disso ele deu a Balaque uma ideia mais sutil de como corromper o povo de Deus: tentar seus varões para que se casassem com mulheres pagãs, levando assim o povo à idolatria de suas mulheres. É disso que fala Números 31.

(Nm 31:7-16) “E pelejaram contra os midianitas, como o Senhor ordenara a Moisés; e mataram a todos os homens... também a Balaão, filho de Beor, mataram à espada. Porém, os filhos de Israel levaram presas as mulheres dos midianitas... E indignou-se Moisés grandemente contra os oficiais do exército... E Moisés disse-lhes: Deixastes viver todas as mulheres? Eis que estas foram as que, por conselho de Balaão, deram ocasião aos filhos de Israel de transgredir contra o Senhor no caso de Peor; por isso houve aquela praga entre a congregação do Senhor”.

Quanto ao que você disse, que Balaque não conseguiu corromper Balaão, pois este acabou abençoando Israel ao invés de amaldiçoar, isso só aconteceu porque Deus colocou a sua palavra na boca de Balaão e este foi obrigado a dizer o que Deus lhe ordenou. Foi a contragosto que Balaão profetizou bênção para Israel e maldição para si mesmo.

(Nm 24:15-17) “Então proferiu a sua parábola, e disse: Fala Balaão, filho de Beor, e fala o homem de olhos abertos; Fala aquele que ouviu as palavras de Deus, e o que sabe a ciência do Altíssimo; o que viu a visão do Todo-Poderoso, que cai, e se lhe abrem os olhos. Vê-lo-ei, mas não agora, contempla-lo-ei, mas não de perto”.

O versículo 17 é a sentença de condenação que Balaão foi obrigado a proferir contra si próprio. Ele ficou ciente de que veria a Deus, porém não de perto. Compare com esta passagem, na qual Abraão é uma representação da presença de Deus:

(Lc 16:23) “E no inferno [hades], ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio”.