Como me sustentar se deixar o cargo de pastor?
O fato de você ocupar uma posição de pastor, e agora enxergar que tanto a sua posição como o próprio fato de pertencer a uma denominação não têm sustentação bíblica, certamente o deixa em um impasse.
Se abandonar a denominação você estará agindo em obediência ao Senhor, que não criou as denominações e nem dividiu os seus por diferentes nomes. Mas aí fica sem o seu salário e sustento. Se continuar na denominação, como se fosse um “emprego”, acabará violentando sua consciência. O que fazer?
Entendo que a primeira coisa é conhecer a vontade do Senhor e em seguida fazê-la. Foi assim quando demos o passo de fé na direção dele em obediência ao chamado do evangelho. É assim em tudo em nossa vida, das pequenas às grandes coisas. Tudo na vida do cristão é um passo de fé, e vivemos “de fé em fé”.
Veja que o mesmo problema não têm apenas os que são clérigos, mas também pessoas que têm profissões que não combinam com sua fé. E há também aqueles que acabam demitidos de seus empregos por sua nova fé não ser bem vista pelo patrão.
Tem ainda aqueles que perdem muito mais do que uma posição ou salário. No mês passado tive notícia de dois casos de morte na Índia, uma irmã em Cristo assassinada pelo marido por sua fé, e um jovem assassinado e queimado, juntamente com sua casa, pelo seu próprio irmão biológico, por ter se recusado a fazer oferendas aos deuses do hinduísmo. Eles congregavam em assembleias com as quais tenho comunhão e perderam muito mais do que um emprego por permanecerem firmes no Senhor.
Uma vez li um livro “O Refúgio Secreto” no qual Corrie Ten Boon conta como foi presa pelos nazistas em um campo de concentração por esconder judeus durante a Segunda Guerra. Adolescente ainda, uma coisa a preocupava em relação ao que ela e sua família poderiam sofrer por protegerem os judeus. Seu pai a confortou, dizendo:
— Quando você vai visitar sua tia, quando é que eu coloco a passagem de trem em sua mão?
— Apenas na hora de embarcar — respondeu ela.
— Sim, eu faço isso porque você não precisa da passagem antes de embarcar e poderia perdê-la. Assim Deus proverá uma saída se um dia isso acontecer.
Ao contrário do ditado de que “Deus dá o frio conforme o cobertor”, a verdade é que “Deus dá o cobertor conforme o frio”, portanto não devemos nos preocupar com algo antes que isso ocorra. Seria duvidarmos de Deus.
Se você sair do sistema no qual ocupa a função de pastor assalariado para congregar somente ao nome do Senhor aprenderá que não existe algo como obreiros remunerados, e nem sequer “enviados” para a obra por homens, sejam eles irmãos ou organizações. Cada um tem o seu exercício diante do Senhor. Se um irmão sente-se chamado para sair a pregar o evangelho, o Senhor irá prover de uma forma ou de outra. O que ele não pode nunca é contar com essa provisão vinda dos irmãos (como um salário, por exemplo).
Seu dilema não é diferente de milhares de pessoas que agora mesmo estão recebendo um aviso de demissão e não sabem que rumo tomar. Se muitas delas, sendo incrédulas e não tendo o Pai que temos, acabam se encaixando em alguma atividade, por que não nós, que temos um Pai amoroso que conhece de nossas dificuldades e necessidades? Continua valendo o que diz a Palavra de Deus, que “o trabalhador é digno de seu salário”; o que muda é o Patrão.