A “grande comissão” de Mateus 28:18-20 vale para hoje?

Mateus 28:18-20

Inicialmente a “grande comissão” foi dada aos apóstolos, pois a eles foi dado a ordem de pregar o evangelho em todo o mundo, e no evangelho de Marcos há mais detalhes sobre isso. Enquanto Marcos fala de pregar o evangelho, Mateus fala também de fazer discípulos e ensinar, o que mostra que a grande comissão tem um escopo mais amplo do que apenas pregar o evangelho.

(Mt 28:19) “Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.

(Mc 16:15-16) “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado”.

Um detalhe que mostra a particularidade da grande comissão como sendo inicialmente uma prerrogativa dos apóstolos, como judeus que eram, está no fato de ela ser acompanhada no evangelho de Marcos de sinais que mais tarde os apóstolos acabariam cumprindo como forma de atender a incredulidade dos judeus, que “pedem sinal” 1 Coríntios 1:22. Os sinais em Marcos eram: “Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”. Apenas a parte de beber veneno nós não encontramos em Atos mas pode ter acontecido em alguma ocasião.

Então, tecnicamente falando, os apóstolos receberam essa comissão que teria sido interrompida (não alcançou ainda todo o mundo) com o advento da Igreja, para voltar a ser retomada depois do arrebatamento pelo remanescente de judeus que se converterá, quando “este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim.” Mateus 24 Mas os cristãos a adotaram também como o moto de sua responsabilidade neste mundo para alcançar os perdidos.

Se prestar atenção verá que o evangelho do reino que será pregado depois do arrebatamento da igreja tem um caráter de ser pregado a nações, porque se trata do anúncio de que o reino de Deus é chegado à terra para ser estabelecido aqui. Era o evangelho do reino que João Batista pregava, o mesmo que os apóstolos pregavam antes do advento da Igreja em Atos 2, e será o evangelho pregado pelo remanescente de judeus fiéis que se converterão após o arrebatamento da igreja e passarão pela tribulação. Hoje pregamos o evangelho da graça de Deus.

Mas basta observarmos os discípulos em Atos após a criação da Igreja em Pentecostes, para entendermos que o mesmo princípio da grande comissão também vale para os cristãos. Eles, no início, relutavam em sair de Jerusalém, conforme o Senhor lhes havia pedido, e por isso Deus permitiu uma perseguição severa para espalhá-los pelo mundo levando o evangelho.

A desobediência dos primeiros homens em cumprir a ordem dada por Deus a Adão, de multiplicar-se e povoar a terra, levou seus descendentes a decidiram ficar todos num mesmo lugar e construir a torre de Babel. Deus precisou confundir suas línguas e espalhá-los pelo mundo. Agora observe que existe um paralelo disso em duas ocasiões em Atos.

Primeiro, Deus mostrou que pelo evangelho era como se todos os salvos se tornassem um só povo, pois Deus fazia ali a reversão do que fizera em Babel, dando condições para que todos se entendessem mutuamente, apesar de suas diferentes línguas (Atos 2).

Depois Deus precisou espalhá-los no sentido físico da palavra para que efetivamente saíssem levando o evangelho para os povos de todo o mundo. Para isso permitiu a perseguição em Jerusalém.

(Atos 8:1) “E fez-se naquele dia uma grande perseguição contra a igreja que estava em Jerusalém; e todos foram dispersos pelas terras da Judéia e de Samaria, exceto os apóstolos”.

(Atos 11:19-20) “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus”.

Porém é bom lembrar que o evangelho não alcançará todo o mundo antes que venha o arrebatamento, e Paulo era inteligente o suficiente para saber que o mundo era bem grande e tinha muitas nações e povos. Por isso ele já se incluía entre os que participariam do arrebatamento, ao dizer “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados” (1Ts 4:17).

A pregação do evangelho a todas as nações até os confins da terra não é algo que precede a volta de Jesus para buscar sua igreja no arrebatamento, mas é algo que precede a vinda de Cristo para reinar após a grande tribulação. É para então que são ditas as palavras de Mateus 24, especialmente (Mt 24:14) “E este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim”.