Devo estar revoltado?
Essa coisa de revoltado tem a ver com uma campanha de uma denominação, que incita seus membros a se revoltarem contra sua condição de pobreza, fracasso e ruína para tomarem uma atitude visando a prosperidade. Nada poderia ser mais falso, doentio e vil, do que pregar algo assim. Uma fogueira nada santa está reservada para esses pregadores, conforme o Senhor prometeu:
(Mt 7:22-23; 25:41) “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade... para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.
Recentemente minha empregada contou que estava arrasada com o que lhe aconteceu. Como de costume, acordou cedo no domingo, se arrumou, pegou ônibus e foi para sua “igreja”, que é dessa denominação. Ela contou que acordou muito feliz com Jesus, cheia de alegria pelo que ele fez por ela e foi meditando nisso pelo caminho.
Quando chegou no “culto”, o “pastor” (uso aspas aos montes porque neste caso nenhuma destas palavras tem a ver com a Verdade da Bíblia) disse que estava revoltado e que todos deviam estar revoltados, caso contrário não sairiam da pobreza, não teriam prosperidade e coisa e tal. De microfone em punho, ele gritou: “Quem não estiver revoltado levante a mão”.
Numa audiência de umas 500 pessoas, minha empregada foi a única que levantou a mão e ouviu do “pastor”: “Se não está revoltada, fora daqui porque hoje eu só quero gente revoltada!”. Até ela se surpreendeu com sua própria reação: colocou-se em pé e declarou em alto e bom som:
“‘Pastor’, o senhor perguntou quem não está revoltado e eu estou dizendo que não estou. Saí de casa feliz com Jesus e vim aqui alegre esperando ouvir a Palavra de Deus. Apesar de o senhor querer que eu fique revoltada, não estou revoltada e nem vou ficar, porque conheço Jesus e tudo o que fez por mim. Como poderia estar revoltada?”.
Diante disso o “pastor” berrou do palco que ela devia sair imediatamente da “igreja”, o que ela fez para não mais voltar. Ali não era o lugar para a única entre 500 pessoas que era sincera o suficiente para dar um testemunho público de sua fé em Jesus e da satisfação que é crer nele. Se as outras pessoas lessem a Bíblia (o que provavelmente não fazem sem as lentes fornecidas por seu “bispo”), veriam passagens como estas:
(Hb 13:5) “Seja a vossa vida isenta de ganância, contentando-vos com o que tendes; porque ele mesmo disse: Não te deixarei, nem te desampararei”.
(1Tm 6:8) “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes”.
(Fp 4:4) “Regozijai-vos sempre no Senhor; outra vez digo, regozijai-vos”.
(Fp 4:11-13) “Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, e sei também ter abundância; em toda a maneira, e em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, como a ter fome; tanto a ter abundância, como a padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”.
(Fp 4:6) “Não estejais inquietos por coisa alguma; antes as vossas petições sejam em tudo conhecidas diante de Deus pela oração e súplica, com ação de graças”.
(Mt 6:25) “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário?”.
Antigamente essas “igrejas” usavam a cura física para atrair membros, mas depois descobriram que usar riqueza dá mais IBOPE porque apela para a ganância das pessoas. Além disso, seus pastores enriqueceram demais e precisavam de uma desculpa para sua fortuna, daí surgiu a “teologia da prosperidade”.
Quem quer dinheiro fácil (sem trabalhar duro) vai procurar uma “igreja” assim. É o culto a Mamom, com promessas de prosperidade e sucesso neste mundo. Inverteram o mandamento, que diz “Não cobiçarás” e pregam “Cobiçarás”.
(Mt 6:24) “Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a Mamom [riqueza]”.
Nessas igrejas Mamom é obedecido, venerado e adorado. Tudo gira em torno desse “deus”, tudo é na base de “campanhas” para encher os bolsos dos “pastores”. Obviamente alguns “fiéis” acabam prosperando, mesmo porque prosperariam de qualquer maneira em qualquer lugar, e atribuem isso ao poder daquela “igreja” e de seus “bispos” e “pastores”. Mas esses são farinha do mesmo saco. Em todo golpe é preciso dois gananciosos: o golpista, que oferece o bilhete “premiado” de 100 mil por apenas mil, e a vítima, que é gananciosa ao ponto de entregar mil ao golpista porque quer ganhar dinheiro fácil.
(Pv 30:15) “A sanguessuga tem duas filhas, a saber: Dá, Dá”.