A profecia se cumpriu com a volta dos judeus em 1948?

O retorno de Israel à sua terra em 1948 pode ser o cumprimento de Mateus 24:32-34, Marcos 13:28-30 e Lucas 21:29-32, mas não creio que seja o cumprimento da profecia do Antigo Testamento que prevê sua volta. Estas passagens dos evangelhos acima falam da figueira brotando, não frutificando.

(Mt 24:32) “Aprendei, pois, esta parábola da figueira: Quando já os seus ramos se tornam tenros e brotam folhas, sabeis que está próximo o verão”.

Na Bíblia, “folhas” são uma representação do que é apenas exterior, porém sem grande utilidade. Foi com um cinto de folhas que Adão e Eva tentaram esconder sua nudez, mas Deus precisou fazer roupas de peles para eles.

(Mt 21:19) “E, avistando uma figueira perto do caminho, dirigiu-se a ela, e não achou nela senão folhas. E disse-lhe: Nunca mais nasça fruto de ti! E a figueira secou imediatamente”.

O Israel que vemos hoje de volta à Palestina em 1948 não passa de folhas, pois não traz qualquer fruto para Deus. O povo voltou em estado de incredulidade e insubordinação, e obviamente não é isto o que a profecia diz.

(Dt 30:1-3) “E será que, sobrevindo-te todas estas coisas, a bênção ou a maldição, que tenho posto diante de ti, e te recordares delas entre todas as nações, para onde te lançar o Senhor teu Deus, E te converteres ao Senhor teu Deus, e deres ouvidos à sua voz, conforme a tudo o que eu te ordeno hoje, tu e teus filhos, com todo o teu coração, e com toda a tua alma, Então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus”. [leia todo o capítulo 30].

A promessa de restauração é para um tempo quando Israel se converter ao Senhor e for fiel a ele, não no estado em que se encontra o povo. A rigor, o pior lugar para um judeu estar será na terra de Israel, pois dois terços da população daquele país será morta por ocasião da grande tribulação.

(Zc 13:8-9) “E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é o meu Deus”.

Mas a volta de Israel à terra, mesmo em desobediência, tem seu significado, ainda que não seja o cumprimento da profecia do Antigo Testamento. O Senhor disse para observarmos a figueira, que representa Israel como nação. Disse também para observarmos as outras árvores, ou seja, as outras nações.

(Lc 21:29) “E disse-lhes uma parábola: Olhai para a figueira, e para todas as árvores;”.

Hoje vemos as “árvores” (nações) tomando cada uma o seu lugar no palco. A peça ainda não começou, mas os personagens começam a se posicionar. Isto vale para Israel, vale para a Europa, que já esboça uma volta à unidade do antigo Império Romano, vale para os países árabes, Rússia, etc.

Mas, volto a repetir, não devemos achar que todas as artimanhas de Israel para não arredar o pé da terra prometida sejam aprovadas por Deus, e nem devemos mandar os judeus voltarem para sua terra, como fazem alguns cristãos. Devemos pregar o evangelho a eles para que se convertam a Cristo e sejam salvos. Era isso que Paulo e os outros apóstolos faziam quando encontravam um judeu. Embora cientes de sua eleição como povo terreno de Deus, os apóstolos não os paparicavam como crianças mimadas, mas diziam veementemente: “Arrependam-se!”.

(Atos 3:19-21) “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor, E envie ele a Jesus Cristo, que já dantes vos foi pregado. O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio”.

Cada judeu que se converte passa a ser um membro da Igreja, e não é mais visto por Deus como judeu ou israelita, pois a Palavra indica claramente a distinção que Deus faz das três classes de pessoas: judeus, gentios e Igreja de Deus.

(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.