Os perdidos ficarão decepcionados com Deus?

Sua primeira dúvida é se não seria uma injustiça da parte de Deus ter eleito alguns para a salvação e deixado que os outros se perdessem, os quais ficariam depois decepcionados com Deus. Primeiro é preciso entender que Deus não quer que alguém se perca, mas a questão é que todos estão igualmente perdidos por natureza. A obra de Cristo fez provisão para que todos sejam salvos, mas apenas alguns serão.

Os eleitos foram eleitos porque Deus quis elegê-los. Quando você coloca desinfetante na privada quer acabar com todas as bactérias, porque elas são nocivas. Ninguém iria dizer que você estaria sendo mau com as bactérias exterminadas se decidisse salvar algumas, já que todas elas são nocivas. Talvez alguém até dissesse que a sua decisão não faz sentido, pois o correto seria exterminar todas igualmente: nem salvar todas, nem poupar algumas.

Geralmente quem vê injustiça da parte de Deus por eleger uns em detrimento de outros ainda não percebeu o tamanho de seu pecado e condição: todos somos dignos de morte como bactérias nocivas. Tudo o que merecemos é o desinfetante do fogo eterno. Se Deus quis salvar alguns a pergunta não é “Por que Deus quis salvar estes e não aqueles?” mas “Por que Deus mesmo assim quis salvar alguns?”.

(Rm 9:20-24) “Mas, ó homem, quem és tu, que a Deus replicas? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: Por que me fizeste assim? Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados [por si mesmos e pelo pecado] para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes [Deus] preparou, Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”.

Sua outra dúvida é se os perdidos não irão para o juízo com um sentimento de injustiça da parte de Deus por ele ter escolhido alguns e eles terem ficado de fora. Entenda que a disposição do coração do homem é sempre contrária à Deus. Um incrédulo que hoje diga ser injustiça da parte de Deus eleger alguns é o mesmo que dirá “NÃO!” se você lhe oferecer a oportunidade de ir morar no céu bastando crer em Jesus.

As pessoas irão para o juízo com a mesma disposição que tinham aqui: de ódio e aversão a Deus. Se ler a história do rico e Lázaro verá que o rico pede para Lázaro ir até ele, mas em nenhum momento ele quer ir para junto de Lázaro ou sair de onde está. Ele só quer se livrar do sofrimento, mas estar com Deus nem pensar. Para o ímpio, o céu seria um inferno.

(Lc 16:23-31) “No hades, [o rico] ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado. E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós. Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender. Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”.

Você já pregou o evangelho para alguém e ouviu da pessoa: “Seria ótimo fulano ouvir isso, ele sim está precisando!”. Pois é exatamente o que o rico está fazendo aqui com relação aos seus irmãos. Ele está tão arrependido de seu estado quanto um criminoso está arrependido, não do crime que cometeu, mas de ter vacilado e sido preso. Ele não quer sair daquela vida, mas sempre acredita que uma alternativa seja boa, não para si, mas para outro.

O que o incrédulo deseja é o mesmo que o rico desejava no Hades: viver sem sofrimentos aqui ou no além, mas desde que isso possa ser feito sem sujeição total a Deus, sem tornar-se parte da família de Deus, sem chamar a Jesus de Senhor (dono absoluto) e crer que o sangue derramado na cruz lhe purifica de todo pecado.

Obviamente o incrédulo não quer coisa alguma que lhe dê não só a responsabilidade de agora estar sob o senhorio de Cristo e de viver em obediência a Deus, mas também não quer ter o Espírito Santo habitando em si, o qual lhe dará uma aversão ao pecado e fará com que se sinta um trapo todas as vezes que pecar. Se você perguntar a algum, talvez ele até dirá que quer... mas irá querer adiar qualquer decisão para depois do Carnaval.

Quando o Senhor descreve os condenados, o sentimento deles é de dor e ira: dor pelo sofrimento eterno e solitário (nas trevas eles não podem interagir com outros condenados) e ira porque ali poderão expressar todo o ódio que sempre tiveram contra Deus sem as amarras morais que a sociedade impõe. Muita gente que hoje gostaria de sair na rua gritando palavrões contra Deus só não o faz por causa dos códigos morais que ainda leva. Mas um dia estará livre para odiar a Deus como sempre odiou, muito embora seja então obrigado a reconhecer que Jesus Cristo é Senhor, o mesmo Senhor ao qual ele nunca quis prestar obediência e submissão.

(Mt 8:12) “E os filhos do reino serão lançados nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes”.

(Fp 2:9-11) “Pelo que também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu o nome que é sobre todo nome; para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para glória de Deus Pai”.