Como era o rosto de Jesus?

Embora não exista qualquer pintura da época, é possível sabermos como deve ter sido o rosto de Jesus. Uma coisa é certa: a grande maioria das representações artísticas de Jesus não tem qualquer fundamento e se originou de pinturas bizantinas do sexto século.

Nessa época as imagens já traziam um halo ou auréola em torno da cabeça, algo emprestado dos deuses pagãos. É possível encontrar auréolas representando o sol sobre a cabeça dos deuses egípcios. Esta não foi a única coisa que a cristandade emprestou dos pagãos, ou até mesmo roubou, como é o caso de muitos dos tesouros considerados artísticos, hoje de posse do Vaticano.

Uma imagem de São Pedro ali nada mais é do que uma antiga estátua pagã do deus Júpiter devidamente adaptada. Os fiéis que fazem fila ali para beijar os pés da imagem ignoram que estão beijando os pés de um ídolo pagão. “As coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus” (1 Co 10:20).

Vale lembrar que, a partir do ano 300, depois que o cristianismo foi habitar “onde está o trono de Satanás” (Ap 2:13) em Roma e se transformou na religião oficial do Império Romano, a conversão tornou-se obrigatória e os cristãos, que até então eram perseguidos, se transformaram em perseguidores dos pagãos e os batizavam de forma compulsória.

Para tornar o cristianismo mais palatável aos pagãos, os deuses romanos foram adaptados, reciclados e reinventados como “santos católicos”, em um processo muito parecido com o feito pelas religiões africanas ao desembarcarem no Brasil. Já na África os missionários católicos iniciaram a associação dos deuses africanos com santos católicos para atrair os africanos, e quando estes desembarcaram no Brasil trouxeram o costume, que era conveniente para evitar serem perseguidos aqui por sua religião.

Considerando isso tudo, não é de estranhar que a cristandade tenha adotado diferentes e convenientes representações do rosto de Jesus para torná-lo aceitável conforme a época e lugar onde era anunciado. As mais comuns são as que mostram um Jesus de cabelos longos, loiro ou castanho claro, de pele bem branca e olhos azuis. Para um mundo ocidental que adotou o padrão ariano de beleza, isso serviu como uma luva para aqueles que consideram o homem branco europeu superior às outras etnias. As representações de Maria seguem o mesmo modelo.

Mas como era a aparência de Jesus? A Bíblia responde: “Não tinha beleza nem formosura e, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o desejássemos”. (Is 53:2). Tão comum era o seu rosto que se confundia na multidão. Quando Judas acompanhou os soldados para prendê-lo, precisou combinar um sinal para que não prendessem a pessoa errada. Aquele que Judas beijasse, esse era Jesus. (Mt 26:48) “E o que o traía tinha-lhes dado um sinal, dizendo: O que eu beijar é esse; prendei-o”.

Em um lugar iluminado apenas por tochas Jesus era parecido com qualquer outro de seus discípulos. Cabelos e olhos pretos, pele morena e talvez nariz adunco. Basta olhar para qualquer habitante da Palestina que não tenha uma mistura genética da Europa para entender a aparência de um judeu do primeiro século. Quanto aos cabelos, o costume na época era de cabelos curtos, já que o apóstolo Paulo escreve ser desonroso para o homem usar cabelos longos. (1 Co 11:14) “Ou não vos ensina a mesma natureza que é desonra para o homem ter cabelo crescido?”.

A exceção era para quem fizesse voto de Nazireu, como foi o caso de Sansão, mas neste caso, além de não cortar o cabelo, o Nazireu (não confundir com nazareno, que é da cidade de Nazaré) não podia beber vinho e nem tocar um corpo morto. Não há qualquer indício de que Jesus fosse um Nazireu, muito embora ele tenha sido interiormente Nazireu por ser separado do pecado. O salvo por Cristo é, em certo sentido, Nazireu interiormente graças à posição que tem em Cristo.

Portanto, quando você encontrar alguma imagem de Jesus de olhos claros, cabelos longos e pele branca, estará diante de uma imitação desavergonhada, cujo objetivo é apelar para seu senso estético e acreditar que Jesus é bom porque é bonito, magro e caucasiano. Não se deixe enganar por manipuladores da fé.

É bem provável que em uma situação assim você esteja diante de uma imagem de um homem europeu, talvez do próprio artista que o pintou. Em todas as épocas sempre foi uma prática comum entre os artistas usarem-se a si mesmos como modelo para alguns dos personagens de seus quadros. Da Vinci deve ter feito isso e certamente foi o caso de Haddon Sundblom, o artista que ficou conhecido por pintar o Papai Noel nas propagandas da Coca-Cola. Por sinal, ele próprio era seu modelo, e o nariz e bochechas vermelhas deixavam claro que refrigerante não era exatamente a bebida preferida do artista.