O que era a serpente de bronze?
Você gostaria de saber qual o sentido dessa passagem: “E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela.” (Nm 21:8).
Muita coisa que Deus fez no Antigo Testamento eram tipos ou figuras de coisas que iriam se realizar no Novo Testamento. Veja estes versículos que atestam isso:
(Jo 3:14-15) “E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
(Rm 15:4) “Porque tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança”.
(Cl 2:16-17) “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.
(Rm 5:14) “No entanto, a morte reinou desde Adão até Moisés, até sobre aqueles que não tinham pecado à semelhança da transgressão de Adão, o qual é a figura daquele que havia de vir”.
(1 Co 10:1-6) “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar. E todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, E todos comeram de uma mesma comida espiritual, E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia; e a pedra era Cristo. Mas Deus não se agradou da maior parte deles, por isso foram prostrados no deserto. E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”.
(Hb 9:24) “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus”.
(Hb 11:17-19) “Pela fé ofereceu Abraão a Isaque, quando foi provado; sim, aquele que recebera as promessas ofereceu o seu unigênito. Sendo-lhe dito: Em Isaque será chamada a tua descendência, considerou que Deus era poderoso para até dentre os mortos o ressuscitar; E daí também em figura ele o recobrou”.
(1 Pe 3:20-21) “Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água; Que também, como uma verdadeira figura, agora vos salva, o batismo, não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de uma boa consciência para com Deus, pela ressurreição de Jesus Cristo”.
Tenho um texto que guardo há anos que explica a passagem da serpente de bronze usando um quadro antigo. Trata-se de um quadro do período medieval que se encontra na Biblioteca Bodleiana de Oxford, na Inglaterra. O quadro representa a passagem bíblica em Números 21:9 que diz: “Fez, pois, Moisés uma serpente de bronze, e pô-la sobre uma haste; e sucedia que, tendo uma serpente mordido a alguém, quando esse olhava para a serpente de bronze, vivia”.
É interessante pararmos um pouco para analisar o que o artista quis expressar. Ao observar o quadro você pode reparar que a haste, ou espécie de cruz sobre a qual a serpente está erguida fica no centro da cena e divide o quadro em duas partes ou posições. Enquanto de um lado se vê muitas serpentes, no outro não há nenhuma.
Por detrás de Moisés, vê-se um homem de pé, cobrindo o peito com os braços em cruz e olhando para a serpente de bronze. Representa um israelita que, depois de ter sido mordido, recebeu a salvação e a vida ao olhar para a serpente de bronze. No outro lado, nota-se representadas quatro classes de pessoas que não fazem o mesmo que aquele homem que fora sarado havia feito para se ver livre do efeito da mordedura.
Em primeiro plano, vê-se um homem ajoelhado diante da cruz ou haste, mas olhando para Moisés e não para a serpente de bronze, como se reconhecesse em Moisés o líder de alguma religião. Por detrás desse está outro, deitado, como se descansasse seguro, embora em perigo evidente pois se pode ver uma serpente muito próxima de seu ouvido, como se lhe sussurrasse ao ouvido: “Paz, paz! Quando não há paz” (Jr 6:14).
Um pouco mais atrás da cruz ou haste, aparece um indivíduo com o rosto compungido e a praticar uma obra de misericórdia, atando as feridas de um pobre doente, sem se aperceber que corre o mesmo perigo que o companheiro. Por detrás deste, já ao fundo, pode-se ver um homem lutando corajosamente contra as serpentes que o atacam. Todavia nenhuma dessas pessoas olha para a serpente de bronze conforme lhes tinha sido ordenado. O mesmo acontece na vida da maioria das pessoas.
Existe um caminho de salvação claramente assinalado mas, em vez de aceitá-lo, as pessoas seguem por outros quatro caminhos que de nada lhes valem. Olham para líderes religiosos esperando deles a salvação; ou descansam neste mundo achando que estão seguros do juízo; ou praticam obras de caridade confiando em seus méritos, ou ainda tentam lutar contra o pecado confiando em suas próprias forças. Porém nenhum desses métodos é eficaz.
Aquele quadro é o testemunho silencioso de um artista anônimo do princípio do século XV, que viveu retirado em algum monastério em uma época de ignorância e superstição mas que demonstra haver recebido a luz do Evangelho. Seu quadro é prova disso.
Quando não estamos deitados, com uma sensação de falsa segurança, estamos lutando contra as serpentes, combatendo o pecado, o que é o mesmo que apoiar-se nas próprias forças. Tentamos vencê-las confiando em nossos méritos. Tentamos praticar boas obras, esperando com isso receber a anulação de nossos pecados. Isso também não passa de confiança própria. Ou nos apoiamos na religião e seus líderes, pensando estar nisso a salvação.
Apesar de todos os esforços, homem algum pode salvar-se a si próprio. É preciso aceitar o caminho que Deus determinou. É preciso achegar-se a Cristo reconhecendo-se um pecador perdido e olhar para ele, o crucificado, para se receber a salvação. Assim como Moisés apontava para a serpente de bronze pendurada no madeiro, Deus aponta hoje para aquele que morreu no lugar do pecador.
Foi o próprio Senhor quem revelou a analogia existente entre o episódio da serpente de bronze e a sua Pessoa: “Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do Homem seja levantado; para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:14-15).
Se você está sentindo os efeitos da picada da serpente, do pecado, se você sente os efeitos de seu veneno, volte-se para Cristo. Olhe para ele, por fé, morrendo por você na cruz, e ele lhe dará o perdão e a vida eterna.