A revelação de Deus está completa?
Sim, a revelação de Deus ficou completa com Paulo, depois que o Espírito Santo revelou a ele o mistério oculto desde os tempos eternos, que é a Igreja, o corpo de Cristo. O próprio Paulo diz:
(Cl 1:24-26) “Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir [completar] a palavra de Deus; O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;”.
Evidentemente Deus continua alimentando o seu povo e falando a nós mediante a sua Palavra e por intermédio dos dons de ministério que Cristo deu à Igreja (evangelistas, pastores e doutores ou mestres) para a edificação do corpo de Cristo. Mas estes jamais trarão novidades ou revelações inéditas; simplesmente trarão aquilo que é segundo a Palavra revelada e escrita, a Bíblia. O ministério (ministrar) da Palavra é uma coisa; revelação é outra. O ministério da Palavra continua; as revelações não porque não há nada mais que precise ser revelado. Já pensou que confusão se todos os meses precisássemos fazer download de um upgrade da Palavra de Deus, acrescentando livros e capítulos?
Em 1 Coríntios também fica claro que a inspiração da Palavra de Deus nesta dispensação foi dada aos apóstolos e a mais ninguém. Leia o capítulo 2 desde o início para entender que Paulo está falando de si próprio como apóstolo (portanto incluam-se também aí os outros apóstolos). Para facilitar o entendimento vou revelar entre chaves o sujeito oculto:
(1 Co 2:6) “Todavia [nós apóstolos] falamos sabedoria...”.
(1 Co 2:7) “Mas [nós apóstolos] falamos a sabedoria de Deus...”.
(1 Co 2:10) “Mas Deus no-las revelou [a nós apóstolos] pelo seu Espírito...”.
(1 Co 2:12) “Mas nós [Apóstolos] não recebemos o espírito do mundo...”.
(1 Co 2:13) “As quais [coisas de Deus] também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as [palavras] que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais”.
Mais alguns versículos sobre a inspiração verbal (palavra a palavra) das Escrituras, dadas aos apóstolos e profetas, você encontra abaixo:
(Pv 30:5-6) “Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso”.
(2Tm 3:16-17) “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra”.
(2 Pe 1:21) “Porque a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo”.
Outra evidência que a revelação de Deus foi encerrada com os apóstolos (tendo sido Paulo a completá-la com o último assunto que faltava) está no alicerce que Deus determinou para a Igreja, ou seja, os apóstolos e profetas (do Novo Testamento).
(Ef 2:20-22) “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”.
Os apóstolos e profetas colocaram o fundamento, a partir de Cristo, a pedra de esquina, e agora nós somos meramente pedras construídas sobre esse fundamento ou alicerce. Se alguém construir fora desse fundamento colocado pelos apóstolos verá tudo que construiu ruir no final.
(1 Co 3:9-15) “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”.
Obviamente os pentecostais e carismáticos não gostam da ideia de tudo já estar revelado na Bíblia, porque isso não lhes dá a oportunidade de trazerem suas próprias “revelações”. Com isso muita gente é enganada. Não estou falando aqui daqueles que ministram segundo a Palavra de Deus, mas daqueles que inventam novidades que não estão na Palavra, trazendo mensagens inéditas do tipo “O Espírito Santo me revelou…”, “Deus me disse que...”, etc. Se estivéssemos nos tempos do Antigo Testamento iria faltar pedras para apedrejar tantos falsos profetas.
(Dt 18:20) “Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar... esse profeta morrerá”.
No fundo, no fundo, isso não passa de uma insatisfação: Cristo já não é suficiente para essas pessoas, por isso precisam de novas visões e revelações. Mas se Cristo não for suficiente, nada será. Se aquele por meio de quem e para quem todas as coisas foram criadas é pouco para essas pessoas, então ainda que a Bíblia tivesse um milhão de páginas elas ainda iriam querer inventar mais alguma revelação extraordinária.
(2Tm 4:3-4) “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.
Buscar por novas revelações acaba levando a pessoa a uma espécie de “espiritismo evangélico”. Basta ver algumas chamadas “igrejas” com seus cultos que em nada diferem de sessões espíritas, com pessoas em transe recebendo “revelações”. Todos os anos algum grupo assim acaba marcando a data da volta de Cristo.
Você discordou de algo que eu disse a respeito, alegando que isso seria “limitar a DEUS uma vez que vivemos na direção e sob o Ministério do Espírito Santo que habita em vós e fala convosco e o arrebata para onde ELE quer, para fazer o que ELE manda o que agrada a DEUS. Paulo registra que a sua consciência é controlada pelo Espírito Santo, que ele vive não mais ele, mas Cristo vive nele”.
Há alguns problemas com sua afirmação. Primeiro, o Espírito Santo nos usa como pessoas no pleno domínio de nossas faculdades mentais. Cair no chão, andar de quatro ou ficar latindo, urrando ou gargalhando pode ser ataque de histeria ou possessão demoníaca, mas jamais é obra do Espírito Santo, que diz em sua Palavra que ”os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz” (1 Co 14:32-33).
Ninguém perde o domínio próprio quando usado pelo Espírito para ministrar a Palavra. Além disso, o que Paulo quis dizer com “é Cristo quem vive em mim” não se trata de uma incorporação de uma entidade espiritual que invade o corpo de alguém, como acontece nos centros espíritas e terreiros. O versículo inteiro diz:
(Gl 2:20) “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.
Ele está falando de uma nova posição que agora tem como salvo por Cristo: seu velho “eu” já foi crucificado com Cristo; ele já não deve nada à lei ou à carne (é o assunto dos versículos anteriores), já que agora sua identificação é com Cristo. Sua vida nova é vivida na fé do Filho de Deus, e não mais na concupiscência da carne. É este o sentido: o velho dono perdeu o direito sobre mim; agora sou de outro, Cristo.