Livrando-se de Deus
Chegamos agora ao capítulo mais solene, não só deste evangelho, mas de toda a história da humanidade: a morte de Jesus. Ele já havia indicado que se o grão de trigo apenas caísse na terra, de nada adiantaria, pois ficaria só. Mas se morresse, germinaria e daria muito fruto. Por isso Jesus deve morrer.
Porém, ao mesmo tempo em que ele deve cumprir o propósito de sua vinda ao mundo, os seres humanos devem revelar sua real disposição para com Deus: livrarem-se dele. No capítulo anterior Jesus diz a Pilatos que aquele que o tinha entregado ao governador romano era “culpado de um pecado maior” (João 19:11). Portanto deve existir uma escala de culpabilidade conforme a gravidade do mal.
Neste capítulo atingimos o ápice dessa escala da maldade: o homem está prestes a livrar-se de Deus, não apenas conceitualmente falando, mas de uma maneira prática, cruel e cabal. Ao menos ele pensa que pode conseguir isso para perpetuar-se no poder como deus e senhor de seu próprio destino.
Ao longo das eras Deus tratou com o homem de diferentes maneiras. Chamamos a isso de dispensações. No Éden ele lidou com o ser humano em um estado de inocência, e o homem falhou ao querer livrar-se de Deus. A palavra “pecado” significa viver independente de um elemento regulador. “Vocês serão como Deus”, prometeu a serpente apontando para a autossuficiência. Eva acreditou.
No período que vai da queda do homem ao dilúvio Deus tratou com a humanidade em um estado de consciência. O ser humano agora conhecia o bem e o mal, embora fosse incapaz de fazer o bem e evitar o mal. Abra o jornal e você verá que é assim até hoje. No Éden o homem tentou dispensar a Deus e ocupar sua vaga. Não deu certo, então ele tentou a mesma coisa de diferentes maneiras.
Não satisfeito em livrar-se da concorrência divina, o homem quis também livrar-se da concorrência humana. Caim matou seu irmão, tornando-se, juntamente com seus descendentes, pioneiro em muitas coisas. Foi pioneiro no homicídio e fundou a primeira cidade, sendo também o primeiro a dar nomes de pessoas às coisas feitas pelo homem. Sua cidade ganhou o nome de seu filho Enoque.
Lameque, descendente de Caim, foi o pioneiro da poligamia e do homicídio em defesa própria, e seus três filhos inventaram a pecuária, a música e a tecnologia. O homem fincava assim sua bandeira no mundo e o adornava para viver nele confortavelmente, porém sem a intromissão de Deus. Enquanto isso Adão e Eva tinham outro filho, chamado Sete, de quem nasceu Enos, que significa “frágil” ou “mortal”. Foi nessa época que se passou a invocar o nome do Senhor e é dessa linhagem que veio Jesus, o Salvador do mundo.
Nos próximos 3 minutos a terra antes do dilúvio parece tirada de um conto de literatura fantástica.
tic-tac-tic-tac...