Intolerância religiosa

João 4:27

No final deste episódio da mulher samaritana os discípulos ficam surpresos quando encontram Jesus conversando com ela. Eles traziam em si a semente da intolerância, o que é revelado no capítulo 9 do Evangelho de Lucas quando discutem entre si qual seria o maior.

O primeiro efeito colateral da fé cristã é sentir-se superior às outras pessoas. Isto até que faria sentido em crenças que pregam a salvação dos melhores por seus próprios méritos e esforços. Mas o que dizer do evangelho que anuncia a salvação, não aos melhores, mas aos piores pecadores? Se você é salvo por graça, por meio da fé, e isto não vem de você ou de seus méritos, vai se gabar de quê?

A intolerância o leva a se separar daqueles que não pensam como você. Não falo aqui da separação dos pecados dessas pessoas ou de seus costumes contrários à vontade de Deus, mas de isolar-se e tornar-se inacessível a elas. Já imaginou se Jesus se isolasse dos pecadores e nem conversasse com eles? O que teria sido da mulher samaritana?

Outra característica da intolerância religiosa é a opressão passiva, que é o espírito de crítica e zombaria. Por se achar superior, você passa a zombar de todos os que não pensam como você. Faríamos melhor se, ao invés de zombarmos, gastássemos o mesmo tempo levando o evangelho aos incrédulos ou instruindo os fracos na fé. O problema é que, nesse espírito de intolerância, a existência de incrédulos nos faz sentir superiores e não nos animamos muito a mudar isso.

O último nível da intolerância é a opressão ativa, que pode ir da simples ingerência na política para dificultar a vida daqueles que não têm a mesma fé, até a perseguição e morte, como aconteceu nos tempos da Inquisição e ainda acontece em algumas partes do mundo. Lá no Evangelho de Lucas diz que os discípulos encontraram alguém que expulsava demônios em nome de Jesus, e o proibiram de fazê-lo por não fazer parte do grupo de discípulos. Jesus os repreende por isso.

Lá também diz que quando chegaram a uma aldeia de samaritanos, e estes não recebem a Jesus, Tiago e João perguntaram ao Senhor se deviam fazer cair fogo do céu para queimar aquele povo. Mais uma vez são repreendidos por Jesus, que diz: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são, pois o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los”(Lucas 9:55).

Jesus não evita a mulher samaritana, não zomba de sua vida devassa, e nem a ameaça com fogo e enxofre. Isto ele faz com pessoas religiosas, como os fariseus. Ele começa a conversa se interessando por sua busca por água, e também mostra que conhece suas necessidades e tem algo a oferecer. Pouco a pouco ele ajuda a mulher a reconhecer seus pecados e a desejar a água viva que ele oferece. Que água viva é essa? Você vai saber nos próximos 3 minutos.

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