A hora da despedida
Geralmente as coisas importantes são mencionadas na hora da despedida, e não é diferente neste capítulo. Ao falar da época quando eles teriam o Espírito Santo habitando em si — isto é, a nossa época — Jesus diz: “Nesse dia, vocês pedirão em meu nome”, e acrescenta: “Não digo que pedirei ao Pai em favor de vocês” (João 16:26). Enquanto estava aqui, Jesus orava ao Pai pelos discípulos. Em breve eles próprios orariam por si mesmos ao Pai.
Ele continua revelando uma verdade fundamental da fé cristã “Eu vim do Pai e entrei no mundo; agora deixo o mundo e volto para o Pai” (João 16:28). Este versículo põe por terra qualquer crença em Jesus como um mero homem, apenas mais evoluído espiritualmente. Ele não foi criado como eu e você. Ele saiu do Pai. Isto significa que Jesus coexistia com o Pai na eternidade antes mesmo de assumir a forma humana ao nascer da virgem.
Ao escrever aos Colossenses Paulo deixa claro quem é este que entrou no mundo: “Deus se manifestou em carne, foi justificado no Espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo, recebido acima na glória” (Colossenses 3:16). Os alicerces do cristianismo se assentam sobre o fato de Jesus ser Deus e Homem: tão divino quanto o Pai e o Espírito Santo, e tão humano quanto eu e você, exceto o pecado.
Mas agora ele diz aos discípulos que irá deixar o mundo e voltar ao Pai, e em seguida revela que seria abandonado por eles na pior hora, mas que não ficaria só, pois o Pai estaria com ele. Este é outro mistério da Trindade. Na cruz Jesus seria abandonado por Deus ao ser feito pecado por nós. Deus não poderia ter comunhão com o pecado; ele é luz e a luz sairia de cena nas três horas de trevas quando o juízo divino caísse sobre Jesus.
Cumprindo a profecia do Salmo 22:1, Jesus daria o brado: “Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?”. Mas, do mesmo modo como Abraão acompanhou seu filho Isaque até o altar, o Pai faria o mesmo com Jesus, o Filho. Só que neste caso não haveria um carneiro para substitui-lo: Jesus, o Cordeiro de Deus, seria a vítima. Ele seria abandonado por Deus, porém consolado pelo Pai: “Na adversidade estarei com ele”, diz o Salmo 91:15.
Como pode ser isso? Deus abandona Jesus, mas o Pai não? Parece uma contradição, mas não é. Trata-se apenas de nossa limitação humana para entender a intimidade das coisas de Deus. Aqui Jesus diz claramente aos discípulos: “Aproxima-se a hora, e já chegou, quando vocês serão espalhados cada um para a sua casa. Vocês me deixarão sozinho. Mas, eu não estou sozinho, pois meu Pai está comigo” (João 16:32). E assim seria, até mesmo na hora de seu brado, “Deus meu! Deus meu ! Por que me abandonaste?”. Deus longe, o Pai perto.
Talvez você entenda isso melhor nos próximos 3 minutos.
tic-tac-tic-tac...