O Senhor fez sete pedidos específicos:

1. Que o Pai pudesse ser glorificado no Filho (João 17:1-8).

2. Que os discípulos fossem guardados em unidade de pensamento, objetivo e propósito (João 17:9-11).

3. Que o Seu gozo fosse completo neles (João 17:13).

4. Que eles fossem guardados do mal (João 17:14-16).

5. Que eles fossem santificados por meio da verdade e assim capacitados para o serviço (João 17:17-19).

6. Que todos os que viessem a crer fossem um em testemunho para que o mundo pudesse conhecer que Ele é o Enviado do Pai (João 17:20-23).

7. Que eles pudessem estar com Ele para poderem contemplar Sua glória (João 17:24).

João 18 - 19 — Estes dois capítulos apresentam a transição final do Judaísmo para o Cristianismo. O perfeito sacrifício do Senhor como Cordeiro de Deus é visto como o cumprimento de todos os sacrifícios do sistema judaico do Antigo Testamento. Com tal cumprimento os sacrifícios judaicos já não precisariam continuar. Como consequência todo o sistema sacrificial que apontava para a obra consumada de Cristo seria colocado de lado (Hebreus 10:1-18). Hoje já não há necessidade de uma “oferta pelo pecado” do modo como era na antiga ordem sob a Lei (Hebreus 10:18).

João 20 — Este capítulo nos apresenta um registro da característica ímpar do Cristianismo: a ressurreição de Cristo. A ressurreição de Cristo permanece como a vitória final de Deus sobre o pecado e a morte, e assinala o início de toda uma nova ordem de coisas no modo de Deus agir. João declara que “viu” três grandes coisas. Essas coisas estabelecem os fundamentos de todas as nossas bênçãos e privilégios cristãos:

1. A visão de um Salvador morrendo (João 19:35).

2. A visão de um túmulo aberto (João 20:8).

3. A visão do Senhor vivo no meio do Seu povo (João 20:20).

Na primeira, João deu testemunho do sangue da expiação sendo derramado — a base para que os homens fossem abençoados por Deus mediante a fé (1 João 1:7).

Na segunda, João deu testemunho do selo da aprovação de Deus sobre a obra consumada de Cristo na ressurreição do Senhor. Ele declara que “o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte” (João 20:7). Isto é significativo e nos dá uma pista do que viria na Dispensação do Mistério (Cristianismo). O novo vaso de testemunho que Deus iria formar (a Igreja), na figura do corpo de Cristo, seria caracterizado por uma separação física entre a Cabeça e os membros do Seu corpo, todavia eles estariam intimamente conectados pelo Espírito de Deus. O Livro de Atos e as epístolas atestam o fato de que Cristo, a Cabeça, estaria nos céus enquanto os membros do Seu corpo estariam na terra durante o presente Dia da Graça (Atos 9:4; 1 Coríntios 12:12-13).

Na terceira visão, João viu o Senhor no meio dos Seus em um novo lugar de reunião para os crentes — “um cenáculo” (aposento superior). O Templo em Jerusalém havia sido o lugar designado por Deus no Judaísmo onde todos os judeus deviam se reunir e adorar a Jeová (Deuteronômio 12:11; 16:16-17). Todavia, um pouco antes da morte do Senhor Ele “saiu” do Templo em Jerusalém. Aquela era uma ação simbólica que indicava que Ele estava rompendo o Seu vínculo com toda aquela ordem de coisas do Judaísmo e com aquele lugar de adoração (Mateus 23:38-24:1). Daí em diante a Sua presença não seria mais encontrada ali. Quando o Senhor ressuscitou de entre os mortos Ele tornou Sua presença conhecida em um lugar de reunião completamente novo — “o cenáculo”. Este novo lugar de reunião simboliza o novo terreno de reunião no Cristianismo (Lucas 22:12; Atos 1:13; 9:39; 20:8). Algumas coisas que caracterizavam “o cenáculo” eram:

• Os discípulos se reuniam ali “no primeiro dia da semana” (João 20:19a). É significativo que a ressurreição do Senhor e Sua aparição no meio dos Seus (a última tendo ocorrido em dois primeiros dias da semana consecutivos) indica que este novo modo de Deus agir no Cristianismo não estava conectado com o dia comemorativo da antiga dispensação, o Sábado (Êxodo 20:8; 31:12-17). Isto sugere que o Sábado não seria observado na nova ordem de coisas do Cristianismo (Colossenses 2:16-17).

• Eles se reuniam no novo lugar de reunião em separação dos judeus e da ordem judaica, opostas aos princípios e práticas cristãs — “cerradas as portas” para os judeus (João 20:19b, Hebreus 13:10). Portanto era “fora do arraial” do Judaísmo em posição, princípio e prática (Hebreus 13:13).

• O Senhor fez Sua presença conhecida “no meio” deles (João 20:19c; Mateus 18:20).

• “Paz” e alegria (encorajamento) foram desfrutadas pelos que estavam ali (João 20:19:21).

• A presença do “Espírito Santo” foi conhecida de uma maneira peculiar (João 20:22; Filipenses 3:3).

• O Senhor comissionou os discípulos com poder para “perdoar” e “reter” pecados no sentido administrativo (João 20:23; Mateus 18:18-19; 1 Coríntios 5:4).

Estas coisas caracterizam o Cristianismo. Portanto, este capítulo nos apresenta outra transição — do antigo lugar de reunião no Templo para novo lugar de reunião no cenáculo.

Maria foi a primeira a ver o Senhor em ressurreição (João 20:11-18). Todavia, ela não devia “tocá-Lo” na condição em que Ele estava, pois Ele ainda não tinha “subido” para o Seu Pai (João 20:17). Isto significa que apesar de os discípulos terem “conhecido Cristo segundo a carne” como o Messias de Israel, daí em diante eles já não O conheceriam desse modo (2 Coríntios 5:16). Eles deveriam conhecê-Lo de uma maneira completamente nova — como Cabeça da raça de uma “nova criação” (Romanos 8:29; Gálatas 6:15; 2 Coríntios 5:17; Apocalipse 3:14) — no novo lugar de reunião. Suas novas conexões cristãs com Deus Pai em Cristo ressuscitado estão indicadas por Sua declaração a Maria: “Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus” (João 20:17). Os da antiga dispensação não conheciam a Deus como Pai desta maneira.

João 21 — Este capítulo ilustra o chamado e comissionamento do Senhor no serviço cristão. Existe uma notória diferença em relação à antiga ordem de coisas no sistema legal do Judaísmo. Na antiga dispensação os servos eram os Levitas. Eles nasciam segundo suas famílias e eram designados para o serviço, tivessem ou não algum exercício a esse respeito. Mas no Cristianismo os servos de Deus já não viriam de uma determinada linhagem familiar, porém seriam chamados pelo Senhor. O Senhor chama e envia quem Ele quer; Ele os prepara para a obra por meio de suas experiências na escola de Deus. Isto é ilustrado pelo Senhor comissionando Pedro (que antes havia falhado) para um trabalho de pastoreio das ovelhas do Senhor (João 21:15:19). João, também, tinha um trabalho a fazer (João 21:20:25).