João 1-2:11

João 1-2:11

Após apresentar o Senhor Jesus Cristo em Sua deidade (João 1:1-4), o apóstolo João registra que a condição do povo era tal que não o tinham visto pelo que Ele era. “E a luz resplandece nas trevas, e as trevas não a compreenderam” (João 1:5). Conhecendo a condição do homem, Deus enviou um mensageiro (jo Batista) para anunciar a vinda da “Luz” ao mundo (João 1:6-9). Isso causou, da parte do povo, uma aberta rejeição ao Senhor (João 1:10-11), exceto em alguns poucos que eram nascidos de Deus (João 1:12-13). Aqueles que tinham fé viram “a sua glória” e receberam “da sua plenitude”, experimentando assim a “graça e verdade” que Ele trouxe ao homem (João 1:14-18).

Os líderes dos judeus, porém, manifestaram sua ignorância e incredulidade ao questionarem o ministério de João Batista e o testemunho do Senhor (João 1:19:28). O trabalho de João era preparar o povo para receber o Senhor batizando-os com o batismo de arrependimento, mas eles “rejeitaram o conselho de Deus contra si mesmos, não tendo sido batizados por ele” (Lucas 7:30). Portanto era inevitável que a nação fosse colocada de lado por Deus, e que a antiga dispensação desse lugar a algo novo.

Com tal mudança no horizonte, João encaminhou seus discípulos a Cristo, a quem eles viriam a seguir (João 1:29-51). Essa transferência de discípulos de João para Cristo representa a mudança dispensacional que iria ocorrer. A narrativa passa então a mencionar uma série de coisas que representam os elementos do Cristianismo — indicando claramente o que estava por vir. É feita referência ao Senhor Jesus como “o Cordeiro de Deus”, o que aponta para Sua obra na cruz (João 1:29, 35; 1 Pedro 1:19; Apocalipse 5:6), “o Filho de Deus”, que seria o Objeto do testemunho na nova dispensação (João 1:34; Atos 9:20; Romanos 1:3), e o “Cristo”, que aponta para Sua ressurreição (João 1:41; Atos 2:36). Há também menção ao batismo do “Espírito Santo”, pelo qual Deus formou a Igreja e reuniu os crentes no corpo de Cristo (João 1:32-33; 1 Coríntios 12:13). É feita também referência ao lugar de habitação de Cristo na terra, o que aponta para a Igreja como casa de Deus (João 1:38-39; Efésios 2:21-22). Finalmente vemos que havia entre os discípulos um exercício de saírem para levar outros a Cristo, o que ilustra a obra do evangelho (João 1:40-42, 45-50). Estas coisas marcam a presença do Cristianismo na nova dispensação.

É significativo que estas coisas sejam mencionadas como tendo acontecido em dois dias consecutivos (João 1:29 e 43). (A expressão “outra vez” no versículo 35 indica que isso aconteceu no mesmo dia como no versículo 29). Se interpretarmos estes dois dias à luz do Salmos 90:4 e de 2 Pedro 3:8 — passagens das Escrituras que falam de um dia para Deus representar 1000 anos — teremos uma forte indicação de que o atual Dia da Graça seria de aproximadamente dois mil anos (Dizemos “aproximadamente” dois mil anos porque esta é uma figura das Escrituras, não uma afirmação).

Então, no capítulo 2, ocorreu um casamento em Caná no “terceiro dia”. Isso prefigura a reunião de Israel com o Senhor quando o povo for restaurado a Ele em um dia vindouro (Os 2:16; Isaías 54:4-7; 62:4-5). Nas bodas o Senhor criou um “vinho novo” para todos os que estavam ali, o que nos fala do gozo que o Senhor irá trazer à terra naquele dia milenial.