Lucas 10:30-35
A história do bom Samaritano é precedida por um doutor da Lei de Moisés que pergunta ao Senhor o que seria exigido de um judeu para que fosse abençoado por Deus dentro daquele sistema judaico. O Senhor lhe respondeu apontando para a guarda dos mandamentos. Em seguida contou a parábola do Samaritano. O “homem” que “descia... de Jerusalém para Jericó” ilustra a trajetória descendente dos judeus em seu fracasso em cumprir a Lei. A nação havia se apartado da presença de Deus (representada por Jerusalém) e seguia em direção ao juízo sob uma maldição de Deus (representada por Jericó — Josué 6:26). Os judeus haviam sido subjugados pelo poder do mundo gentio que deixara a nação como um homem “meio morto”. Naquela condição caída sua religião não podia ajudá-los. Isto é representado pelo “sacerdote” e pelo “levita”, os quais não ajudam o homem caído à beira do caminho. A Lei não podia ajudar aqueles que eram incapazes de fazer o que ela ordenava.
O “Samaritano” que apareceu em cena para resgatar aquele homem é uma figura do Senhor Jesus Cristo. A razão de o Senhor ter usado aquele termo para descrever a Si mesmo indica que Ele aceitava o fato de ter sido rejeitado pelo povo, pois os judeus desprezavam os samaritanos. Todavia, Ele resgatou o homem indo até ele e derramando “azeite e vinho”. Isto representa o Senhor ministrando as bênçãos da salvação por intermédio do Espírito Santo a um remanescente da nação que tinha crido nele. O Samaritano então levou o homem, não de volta a Jerusalém, mas a uma “estalagem”, que é uma figura da assembleia. Trata-se de uma figura adequada da Igreja, pois uma estalagem é um lugar de repouso temporário para os viajantes, e a Igreja é apresentada nas Escrituras como uma companhia de peregrinos de passagem por este mundo. O homem levado à estalagem ilustra o fato de que, por ocasião da primeira vinda do Senhor, um remanescente de crentes da nação de Israel seria introduzido em terreno cristão e na assembleia (Gálatas 4:1-7; 6:16).
Na estalagem o homem recebeu ajuda, alimento e comunhão para atender suas necessidades. Isto representaria o cuidado pastoral que deve ser ministrado aos novos convertidos na assembleia (Atos 20:28). Após deixar o homem aos cuidados do “hospedeiro” (uma figura do Espírito Santo trabalhando por intermédio dos santos na assembleia), o Samaritano pagou pela estadia do homem com “dois dinheiros”, prometendo “voltar”. Isto sugere que o período que ele ficaria fora seria de dois dias, pois naquela época um dinheiro era o salário de um dia (Mateus 20:2). Interpretando os dois dias a partir do que diz o Salmos 90:4 e de 2 Pedro 3:8 temos uma pista de que a ausência do Senhor duraria dois mil anos, após a qual Ele voltaria no Arrebatamento. Embora esta parábola não faça muito mais do que mostrar a retomada das tratativas do Senhor para com Israel, ela certamente indica a mudança dispensacional da Lei para a Graça.