Mateus 21:1 a 22:46
Mateus 21:1 a 22:46
Esta passagem começa com o Senhor apresentando-Se formalmente à nação como o Messias, em conformidade com o que havia sido dito pelo profeta Zacarias naquilo que costuma ser chamado de uma “Entrada Real” em cena. Em Mateus 21:5 o Espírito Santo cita Zacarias 9:9, dizendo: “Eis que o teu Rei aí te vem, manso, e assentado sobre uma jumenta, e sobre um jumentinho, filho de animal de carga.”. Mas ele omite a palavra “salvação” (ou “salvador” ou “vitorioso”, dependendo da versão). A razão disso é que naquele momento não haveria salvação para a nação, uma vez que Ele tinha sido rejeitado por eles. Após a multidão ter ficado de certo modo animada no capítulo 21:1-11, as pessoas acabam manifestando sua incredulidade ao perguntarem “Quem é este?” (Mateus 21:10). Isto demonstra que a nação, como um todo, não conhecia “o tempo da sua visitação” por Jeová na Pessoa de Cristo (Lucas 1:78; 19:44).
No dia seguinte o Senhor demonstrou que, se eles O tivessem recebido, Ele purificaria a nação e começaria a “regeneração” (Mateus 19:28) pela purificação do templo expulsando os mercadores (Mateus 21:12-16). A reação dos judeus a isso foi de indignação. O Senhor então os deixou e pronunciou uma maldição contra a “figueira” que encontrou no caminho, pois ela não tinha fruto e “não achou nela senão folhas” (Mateus 21:17-22). Aquilo era uma ação simbólica indicando que a nação (a “figueira”) seria amaldiçoada por não dar fruto para Deus, e isto ficou evidente pela rejeição que Ele sofreu dos líderes. Usando de outra figura para a nação de Israel o Senhor falou aos discípulos do “monte” que seria “precipitado no mar”. Aquilo indicava que a nação seria dispersa entre os gentios, pois o mar é uma figura dos gentios (Apocalipse 17:15).
Questionado pelos líderes oficiais da nação quanto à Sua autoridade para ensinar no templo como fazia, o Senhor respondeu com três parábolas que expunham a terrível condição da nação (Mateus 21:23-27). A parábola dos “dois filhos” (Mateus 21:28-32) ilustra a condição da nação sob a Lei. Havia evidentemente duas partes da nação: o primeiro filho representava aqueles que se rebelaram contra os mandamentos dados por Moisés, porém se arrependeram depois. Estes seriam os publicanos e pecadores que se aproximavam do Senhor para ouvi-Lo (Lucas 15:1). Eles formavam a porção menor da nação. O segundo filho manifestou uma hipócrita pretensão de obedecer, porém não era real. Ele representava os escribas e fariseus, que apresentavam um grande teor de profissão religiosa, porém sem arrependimento.
A parábola dos lavradores maus (Mateus 21:33-46) ilustra a condição da nação sob o ministério dos profetas, incluindo João Batista e o próprio Cristo. Eles rejeitaram os profetas e mataram seu Messias (1 Tessalonicenses 2:15). Consequentemente a vinha seria entregue a “a outros lavradores” que produzissem “frutos” para Deus. Estes representam o remanescente restaurado de Israel no futuro, o qual produzirá fruto daquela vinha para Deus (Os 14:4-9).
A parábola das bodas do filho do rei (Mateus 22:1-14) ilustra a condição da nação sob o ministério dos apóstolos antes e depois da cruz. Dois convites são feitos às pessoas para comparecerem às bodas, mas foram recebidos com resoluta rejeição. O primeiro indica o chamado feito à nação antes da cruz (Mateus 22:3); o segundo indica o chamado feito após a cruz — com “bois e cevados já mortos” (Mateus 22:4-6). É então derramado juízo sobre o povo e o rei envia exércitos para destruírem a cidade. Isto, como sabemos, cumpriu-se no ano 70 D.C. por meio de Tito e do exército romano (Mateus 22:7).
Um terceiro convite é enviado a outros que antes não tiveram oportunidade. Isto aponta para o chamado dos gentios pelo Evangelho da Graça de Deus (Mateus 22:8-10). Muitos responderam a esse chamado e foram recebidos, “tanto maus como bons”. Isto se refere à mistura de povos introduzidos na profissão cristã; há aqueles na cristandade hoje que têm uma fé genuína e aqueles que apenas professam ser crentes. O resultado é que muitos convidados foram às “bodas”, apesar de nem todos serem genuínos. Então chega o momento quando “o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias”. Esse foi tirado fora para receber juízo. Isto indica o juízo discriminatório que ocorrerá por ocasião da Manifestação de Cristo (Mateus 13:37-43; 24:39-41).
Esta última parábola não chega a falar da restauração do remanescente de Israel no futuro, como faz a parábola anterior, pois a ênfase do ensino do Senhor neste momento de Seu ministério era deixar claro para os líderes responsáveis dos judeus o solene fato de que a nação estava para ser colocada de lado por eles O terem rejeitado.