Você já pertenceu a alguma denominação?

Eu me converti quando estava imerso em filosofias orientais, tendo escutado o puro evangelho de um colega de faculdade. Como nosso contato ficou interrompido e eu nada sabia sobre igrejas ou denominações, voltei ao catolicismo (origem de todo bom brasileiro) e me apliquei ao estudo da Bíblia e da doutrina católica.

Em menos de um ano já começava a perceber que havia algo de errado, não com a Bíblia, mas com o catolicismo. Nessa época eu morava em Alto Paraíso de Goiás, um vilarejo onde trabalhava como professor e para o qual fui levado pelo ideal de fazer alguma diferença neste mundo.

A princípio frequentava a igreja católica, mas na ausência do padre que viajou, passei a me reunir em uma pequena congregação batista composta por apenas uma família e duas viúvas, pessoas que me são queridas até hoje. Aprendi muito com aqueles irmãos.

Pela falta de um pastor, logo eu estava pregando o evangelho junto com o outro irmão. Enquanto aguardava pelo batismo que, segundo a denominação, teria que ser feito por um pastor, o Senhor começou a me despertar para a questão do corpo de Cristo.

O batismo foi adiado por duas vezes, primeiro por causa de um ataque cardíaco no primeiro pastor que viajaria até lá, e depois por um acidente de automóvel envolvendo o segundo pastor. Nesse meio tempo eu brigava, por meio de cartas e palavras, com irmãos que havia conhecido e que se reuniam somente ao nome do Senhor, que reconheciam que a igreja é formada por TODOS os salvos, e que procuravam se reunir separados de todo sistema que de algum modo diminua esta verdade. Eu resistia àquelas ideias.

Mas não existe nada como o toque do Espírito em nosso coração para nos ensinar a sua Palavra. A tradução Almeida Atualizada diz: "Se alguém QUISER fazer a vontade dele, CONHECERÁ a respeito da doutrina" (Jo 7:17). A ordem é sempre esta, e não o inverso. A um coração desejoso de fazer a sua vontade, o Senhor mostrará que vontade é essa.

Tenho certeza de que você concordará com isto, pois sendo um salvo já experimentou isto em sua vida. Quando fechamos a torneira de nossos argumentos, de nossa sabedoria e de nossa vontade própria, aí estamos prontos para que ele possa nos falar. E ele sempre o faz.

Convencido de que não deveria defender o denominacionalismo, e que deveria ser "apenas" um cristão, e não um batista, faltava o Senhor me mostrar que deveria me separar fisicamente do sistema, já que meu pobre e viciado entendimento acreditava haver maior proveito para a obra de Deus se continuasse pregando naquela congregação, que agora tinha sempre “a casa cheia” com meus alunos. Orei por algum tempo até receber a resposta.

Escrevi minha própria experiência sem saber se servirá para alguma coisa. Atrevo-me apenas a deixar a você o que aprendi em Atos 20, quando Paulo antevia um futuro de dificuldades para o rebanho (Atos 20:28-32). Ali os anciãos ou presbíteros já não são vistos como eleitos por homens por indicação dos apóstolos, como era feito no princípio, mas constituídos pelo Espírito Santo, a única condição fidedigna em tempos de ruína.

A distância de Paulo e de sua doutrina, que basicamente trata do mistério da Igreja, o Corpo de Cristo (Ef 3), um mistério revelado pela primeira vez a Paulo, daria oportunidade à entrada dos lobos cruéis, pessoas de fora interessadas na destruição do rebanho. E não somente isto, mas dentre eles mesmos, homens salvos, se levantariam falando coisas perversas, ou melhor, traduzindo, pervertidas ou distorcidas, com uma só finalidade: serem seguidos pelo rebanho.

Em tal estado de coisas, Paulo os entrega, não a um Papa, a um sistema, a uma convenção ou junta de homens, mas a Deus e à Palavra da sua graça. Isso é tudo o que necessitamos em um tempo de abandono e ruína como este em que vivemos.