É correto dizer que Deus morreu na cruz?

Sua pergunta se refere ao fato de Cristo ser Deus e, se Cristo morreu, então Deus morreu na cruz. Porém não é correto pensar assim. Em nenhum lugar das Escrituras encontro esta ideia. Cristo morreu na cruz como Homem (embora sendo Deus), mas ele entregou sua vida de Homem. Deus manteve-se inalterado, e até o abandonou na cruz. Daí as trevas e o "Deus Meu por que me desamparaste?" Creio que ele não tenha ficado totalmente sozinho na cruz, pois o Pai estava com ele. Que Deus o abandonou, temos isto escrito. Que o Pai ficou com ele, vemos em tipo Abraão indo até o monte do sacrifício junto com o filho que carregava o lenho. Mas em nenhuma instância vemos que Deus tenha algum dia morrido.

Outra ideia falsa é que Cristo tenha morrido de uma hemorragia provocada pela lança do soldado que perfurou seu lado. O Senhor estava morto quando seu lado foi furado pela lança. "Mas vindo a Jesus, e vendo-o já morto, não lhe quebraram as pernas (para morrer por asfixia). Contudo um dos soldados lhe furou o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água" (Jo 19:33-34). O sangue que limpa nossos pecados é o sangue de um morto e não de um vivo. Era com sangue de um animal morto que o sacerdote entrava no santuário. Não foi o sangue da coroa de espinhos, nem das mãos ou dos pés, mas o sangue do lado, do Cordeiro morto, que nos salvou.

Existe um texto circulando na Internet, escrito por um médico, que descreve como os sofrimentos impostos a Cristo na cruz causaram sua morte do ponto de vista médico. Por mais piedoso que pareça, o texto dá a falsa ideia de que Jesus tenha morrido por causas naturais: fadiga, hemorragia, embolia, deficiência respiratória, hipotermia, ou até por líquido acumulado nos pulmões, observação que decorre de haver saído sangue e água quando a lança do soldado perfurou seu peito. A verdade é que nada ou ninguém matou o Senhor.

Ele não morreu de causas naturais, de choque ou de algum instrumento perfurante. Ele entregou a vida, um poder que não temos em nós, mas que ele recebeu do Pai. Ninguém podia tirar sua vida e ele não estava sujeito à morte como nós estamos. Nós obrigatoriamente morremos e não podemos fazer nada para impedir, mas também não conseguimos morrer de livre e espontânea vontade, a não ser por um ato suicida. Ele simplesmente se desfez de sua vida por amor de nós. Alguém precisava morrer pelo pecado do homem — um cordeiro que fosse puro e sem defeito, como nos sacrifícios do Antigo Testamento. Ele foi esse Cordeiro.