Como foi sua conversão?
Eu não tive o privilégio de conhecer o caminho em minha infância. É claro que ouvia falar de Jesus na missa e minha mãe sempre procurou me guiar dentro daquilo que ela conhecia, ou seja, o catolicismo. Hoje ela também é convertida e reúne-se ao nome do Senhor. [Esta carta foi escrita há alguns anos. Minha mãe faleceu em 2005].
Em 1974 comecei a ler o Novo Testamento, aconselhado por um amigo que até hoje ainda não se converteu. (A última notícia que tive dele é que é espírita e só se alimenta de alimentos não cozidos ou preparados). Mas logo me interessei por livros de ocultismo, espiritismo, filosofia, etc. Em 1975 comecei a me interessar por alimentação macrobiótica e logo estava amarrado na doutrina zen-budista.
Em minha busca pela perfeição do corpo, acabei ficando só pele e osso, não comendo carne e nem alimentos industrializados por cerca de três anos. Quando achava que estava bem equilibrado com o universo, uma pneumonia me trouxe outra vez à realidade. A isso se juntou a morte da cantora Tuca, por causa da macrobiótica, e também de um discípulo do "papa" da macrobiótica no Brasil. Morreu de fome!
Em meio a tudo isso, corria o ano de 1978, e um rapaz na faculdade de arquitetura de Santos, onde eu estudava, começou a me evangelizar. Algum tempo depois já éramos 12 novos convertidos ali e nos reuníamos uma vez por semana na faculdade para estudarmos o evangelho de João. Não se falava de igreja, mas só de salvação. Com mudanças de horários, logo perdi o contato com o irmão que me evangelizou, mas já estava convertido.
Havia me convertido em casa, durante uma madrugada de muita luta e tocado também por um livro que, sem querer, tinha comprado: "A Agonia do Grande Planeta Terra" de Hal Lindsey. Digo que comprei “sem querer”, pois quando fui a uma livraria comprar livros de discos voadores (“Provas” de Erick Von Daniken), encontrei este livro ao lado do livro que tinha ido comprar. Comprei os dois. O que tinha ido comprar tinha um capítulo inteiro de “provas” contra a Bíblia, querendo demonstrar que não passavam de lendas de povos ignorantes. O outro era de profecias bíblicas e mostrava o destino deste mundo e, evidentemente, daqueles que não creem. Este me impressionou. Não era uma livraria evangélica e nem vendia livros evangélicos. De algum modo, Deus colocara aquele livro ali.
Na noite de minha conversão rasguei mais de duzentos livros de filosofia, magia, espiritismo, xintoísmo, zen-budismo e um montão de ismos. Até o Bhaghavad Gita, que comprei dos Hare-Krishna, eu piquei. Aquilo tudo nunca havia trazido paz ao meu coração, mas apenas inchavam meu ego querendo fazer parecer que a salvação dependia de mim e colocando o Senhor Jesus no mesmo nível de homens como Buda e outros. Aquelas doutrinas e filosofias foram minha "droga" e eu estava me livrando dela.
Mas o inimigo não desistiu e, embora convertido, era totalmente ignorante da Palavra de Deus. Com isso conheci alguns da seita "Meninos de Deus" que tentaram me atrair para o grupo. Como eu falava inglês, um deles me deu alguma literatura em inglês, de circulação interna e reservada só aos membros do grupo (certamente ele não sabia inglês e não viu o que era). Logo vi que tudo girava em torno de sexo e pregava a prostituição como forma de se ganhar adeptos.
Na minha simplicidade, comecei a ir às missas todos os domingos, convertido a Cristo, porém sem entendimento. Depois de um ano lendo a Bíblia e a doutrina católica, abandonei definitivamente aquele sistema e comecei a me reunir com os batistas, até entender que Deus não criou nenhuma denominação. Em outubro de 1980 comecei a partir o pão em comunhão com os irmãos reunidos somente ao nome do Senhor.
Bem, acredito que esta "biografia" lhe dará uma ideia da obra da graça de Deus para comigo. Ele tirou-me das garras de Satanás, de onde eu nunca conseguiria sair por meus próprios meios. Entristeço-me ao ver que alguns dos que trilharam comigo o caminho da filosofia oriental, quando ficaram decepcionados (pois todos ficam, cedo ou tarde) acabaram se encharcando de drogas ou de incredulidade.