O que faz um evangelista?

Evangelização não é a atividade da igreja. Deixe-me explicar melhor antes que você me entenda mal. O fato da igreja estar no mundo evidentemente leva os homens a conhecerem o evangelho e faz até mesmo com que os anjos conheçam a multiforme sabedoria de Deus. Porém o trabalho de pregar o evangelho é dos crentes individualmente. Cada cristão é responsável por testemunhar de Cristo e esta responsabilidade é dada numa medida especial àqueles que receberam o dom de evangelista.

Vemos a ordem dos dons claramente indicada em Atos 11 onde os evangelistas pregam o evangelho (vers.19-20), pessoas creem (vers. 21), recebem um irmão com o dom de pastor (vers. 22-24) que os reúne como faz o pastor às ovelhas, cuidando delas e exortando-as a permanecerem unidas ao Pastor que é Cristo. Vem então a necessidade de alimento mais sólido para aquelas almas e Paulo (além do próprio Barnabé) vêm exercer o dom de mestres ou doutores (vers. 25-26) ensinando-os.

Quando um evangelista sai, ele vai levar o evangelho. Quando um evangelista reúne seus irmãos e convida incrédulos, ele está pregando o evangelho. Mas isto é bem diferente da igreja se reunir, não para os incrédulos, mas para Deus; para se ocupar com Cristo. Vemos ser esta a atividade da igreja, quando se reúne, em Atos 2:42. Ali não encontramos evangelismo. Perseveravam na doutrina dos apóstolos (que hoje temos nas epístolas), na comunhão (com o Senhor e uns com os outros), no partir do pão (na ceia do Senhor, lembrando a sua morte) e nas orações. Veja você que são todas atividades exclusivas daqueles que creem.

Embora em reuniões assim possa haver incrédulos, não são eles o alvo da reunião. O alvo é o Senhor que deve estar ocupando a posição de destaque. Dessa forma vemos que numa reunião de ensino (perseveravam na doutrina dos apóstolos) não é um que dirige ou que faz tudo. Em 1 Coríntios 14:26-40 vemos a descrição de uma reunião assim. "Falem dois ou três profetas e os outros julguem"; "Porque todos podereis profetizar”; "As mulheres estejam caladas”; "as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor”, etc. São ordens claras de como deve ser uma reunião ao nome do Senhor, tendo apenas o Espírito Santo a dirigir e usar quem ele quiser.

O mesmo sucede na Ceia do Senhor, embora ali não seja o lugar apropriado para o ensino ou admoestação. O ponto alto é a lembrança do Senhor morto e o pão que "nós" partimos (1 Co 10:16) deixa claro que não se trata de um pão que “os líderes” partem. Qualquer cristão tem o privilégio de se levantar e agradecer pelo pão e pelo vinho, assim como qualquer cristão tem o direito de trazer uma oração de louvor ou sugerir um hino a ser cantado. O mesmo sucede quando os crentes se reúnem em igreja ou assembleia para oração.