CAPÍTULO 28

Findara o sábado (sábado à noite, segundo o nosso calendário— verso 1) e as duas Marias foram ver o sepulcro.

De momento foi tudo o que fizeram. Os versos 1 e 2 não são consecutivos; e os versos 2, 3 e 4 estão -ligados. Quando o terramoto e as circunstâncias que o acompanharam tiveram lugar, ninguém ali estava senão os soldados. À noite, tudo estava em segurança, tudo estava arrumado. Na manhã seguinte os discípulos nada sabiam.

Quando as mulheres chegaram ao sepulcro de madrugada, o anjo que estava assentado à porta do sepulcro deu-lhes as boas novas da ressurreição do Senhor. O anjo do Senhor desceu e abriu a porta do túmulo que o homem tinha fechado com todas as precauções possíveis (1). Com efeito, os Judeus somente tinham garantido o excepcional testemunho, a verdade da pregação dos apóstolos, colocando ali os soldados.

(1) Mas eu creio que o Senhor Jesus já tinha deixado o sepulcro antes de a pedra ser removida. Essa remoção destinava-se apenas a chamar a atenção do homem paia o fato.

As mulheres, pela sua visita ao sepulcro na tarde anterior e de manhã quando o anjo lhes falou, receberam pela fé uma plena certeza do fato da ressurreição do Salvador.

Tudo quanto é aqui apresentado são fatos. As mulheres tinham estado junto do sepulcro ao anoitecer. A intervenção do anjo mostrou aos soldados o verdadeiro caráter da saída do Senhor do túmulo; e a visita das mulheres, de madrugada, estabeleceu o fato da Sua ressurreição como um objetivo de fé para si mesmas. E elas vão anunciar o acontecimento aos discípulos do Senhor que — longe de terem feito o que os Judeus lhe atribuíram—nem sequer acreditaram nas palavras das mulheres. O próprio Senhor Jesus aparece às mulheres que, tendo acreditado nas palavras do anjo, voltaram do sepulcro.

Como disse já, Jesus liga-Se à Sua antiga obra no meio dos pobres do rebanho, longe do centro das tradições judaicas e do templo e de tudo o que ligava o povo a Deus, segundo a antiga aliança. Marca aos discípulos ura encontro na Galileia, e ah eles O encontram e O reconhecem.

É ali, nessa antiga cena do labor de Cristo, segundo Isaias 3 e 9, que eles recebem de Jesus a sua missão. Por isso não se fala neste Evangelho da ascensão de Cristo, mas de «todo o poder que Lhe e dado no Céu e na Terra», e, por conseguinte, a missão confiada aos discípulos estende-se a todas as nações (aos Gentios). Era a elas que eles deviam proclamar os direitos do Senhor, e delas fazer discípulos.

Porém, não se tratava simplesmente do Nome do Eterno que eles tinham de anunciar, nem a sua missão era somente em relação com o Seu trono em Jerusalém. Senhor dos céus e da Terra, os Seus discípulos deviam proclamá-Lo por todas as nações, baseando a sua doutrina na confissão do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Eles deviam ensinar, não a lei, mas os preceitos de Jesus. O Senhor estaria com eles, com os discípulos que assim O confessassem, até à consumação dos séculos (versos 18-20). É isto que liga tudo o que será realizado até que Cristo Se assente no grande trono branco, como lemos em Apocalipse 20:11, com o testemunho que Ele próprio deu na Terra, no meio de Israel. É o testemunho do reino e do seu Chefe, uma vez rejeitado por um povo que O não conhecia. Isto liga o testemunho dado às nações com um Remanescente em Israel, reconhecendo Jesus como O Messias, mas agora ressuscitado de entre os mortos, como Ele mesmo tinha dito, mas não com um Cristo reconhecido como assumpto ao Céu. Jesus não é somente apresentado, nem tampouco Jeová, como o objetivo do testemunho, mas a revelação do Pai, do Filho e do Espírito Santo como Santo Nome mediante o qual as nações foram postas em relação com Deus.

FIM DO EVANGELHO SEGUNDO S. MATEUS