Purificando-se

O exercício do cristão não é ser meramente um “vaso para honra”, mas ser um “vaso para honra... santificado”. Isto inclui purificar-se da mistura por meio da separação. Estes versículos ensinam claramente que é impossível ser um vaso santificado quando se permanece em comunhão com a corrupção existente na casa. A mera associação com a doutrina e prática ruins é suficiente para nos manchar, mesmo que em nossa vida pessoal nós não estejamos professando ou praticando o mal. Portanto, o grande exercício para o crente que deseja ser fiel é “apartar-se” da injustiça e iniquidade que há na casa, separando-se dessa mistura. Assim ele se torna um vaso “santificado” para honra. Trata-se de uma separação que deve ser praticada na casa de Deus. O crente não é chamado a deixar a casa, pois isto significaria abandonar a profissão cristã completamente, mas a separar-se da desordem existente ali. (Compare com Provérbios 25:24). Tampouco ele é chamado a “purificar” a casa de tudo o que desonra o Senhor, mas sim de “purificar-se” da mistura existente na casa. [Veja notas 1 e 2]

[Nota 1: Este é um assunto reconhecidamente delicado. Posso estar errado, mas se interpretarmos esta passagem dizendo que apenas aqueles que se separaram para estarem em uma posição remanescente (isto é, os santos congregados ao nome do Senhor) são os vasos para honra, então em essência fazemos de todos os outros cristãos na casa vasos para desonra, o que parece algo um pouco extremo. Uma ideia assim não levaria em consideração cristãos piedosos que andam corretamente quanto à sua consciência, embora ainda não estejam exercitados naquilo que diz respeito aos seus vínculos eclesiásticos. Eles podem estar conectados a alguma ordem denominacional criada por homens, mas não tiveram suas consciências esclarecidas quanto aos vínculos eclesiásticos que deveriam romper. Dificilmente poderíamos acusá-los de mal eclesiástico se eles ignoram tal coisa. Talvez eles devam ser classificados como vasos para honra, porém não vasos “santificados” para honra. Acerca de um assunto ligeiramente diferente, nós não iríamos querer chamar as mesas (comunhões) de homens estabelecidas no testemunho cristão de “mesas de demônios” (1 Co 10:21). Insisto que isto seria ir muito longe e acabaríamos perdendo o sentido da passagem.]

[Nota 2: No grego a palavra Ekkathairo, traduzida aqui como “purificar”, só é encontrada duas vezes nas Escrituras. Ela aparece em 1 Co 5:7, onde aquele que praticou o mal é tirado da comunhão dos santos. Aparece também em 2 Timóteo 2:21, onde o que praticou o mal se purifica da mistura de vasos bons e ruins.]