Andar de Modo Digno de Nossa Vocação é Expressar na Prática Que Somos “Um Só Corpo”

Quando abrimos as epístolas descobrimos já desenvolvido aquilo que o Senhor apenas mencionou nos Evangelhos. As epístolas aos Efésios e Colossenses, em especial, desvendam a verdade do “grande mistério” de Cristo e da igreja, que é o Seu corpo (Ef 5:32). A primeira grande responsabilidade coletiva da igreja é “andar como é digno da vocação” em que ela foi chamada (Ef 4:1). E como os membros do corpo podem “andar como é digno”? Alguns talvez digam que eles devem fazer isso vivendo corretamente como bons cidadãos na comunidade, mas não é este o assunto desta passagem das Escrituras. Evidentemente os cristãos deveriam se preocupar em andar corretamente diante do mundo, mas o contexto da passagem indica que a exortação para “andar como é digno” de nossa vocação tem em vista a revelação do mistério de Cristo e Sua igreja — o corpo.

Enquanto admoesta os santos a “andar como é digno” de sua vocação, o apóstolo acrescenta: “Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor, procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo” (Ef 4:2-4).

Portanto fica claro que a igreja deve andar de modo digno de sua vocação colocando em prática a verdade de que ela é “um só corpo”. Assim aprendemos que o Senhor não quer que a verdade do “um só corpo” seja uma mera teoria na mente de Seu povo. Os santos devem exercitar a humildade, mansidão etc., a fim de guardar “a unidade do Espírito”, para por meio dela expressarem a verdade de que “há um só corpo”.

Mas o que é exatamente a “unidade do Espírito”? (Ef 4:3) É “ aquela unidade na qual o Espírito de Deus nos dirige em conformidade com a verdade” [Notes of General Meetings”, St. Louis, MO, Nov. 1925]. Não somos chamados a guardar a unidade do corpo, mas sim a unidade do Espírito. Isto porque a unidade do corpo é algo vital que o Espírito de Deus formou no dia de Pentecostes, unindo todos os membros do corpo à Cabeça no céu. Nenhum poder ou inimigo pode romper a unidade do corpo, pois é o próprio Deus quem a mantém. Porém, a unidade do Espírito é uma unidade prática entre os crentes, e somos responsáveis por guardá-la, o que é também um privilégio. F. G. Patterson disse que guardar “a unidade do Espírito é procurar guardar na prática aquilo que já existe de fato”. E o que é que existe de fato? A passagem segue dizendo — “há um só corpo”. Alguém comentou que “a unidade do Espírito” é “aquela que o Espírito está formando para dar uma real expressão à verdade do um só corpo” [“Can Christians be Gathered in Only One Place?” - Notes of Ottawa General Meetings - Apr. 1987, p. 8]. Concluímos que os cristãos devem andar de modo digno de sua vocação colocando em prática a verdade de que são “um só corpo”. Esta é a primeira e grande responsabilidade coletiva da igreja, e é também a vontade de Deus que essa unidade possa ser expressa universalmente — onde quer que o corpo esteja na terra. Tal unidade não poderia ser algo meramente local, pois o corpo não é local.

Os membros do corpo de Cristo devem expressar sua unidade na prática (Rm 12:4-6; 1 Co 12:12-27; Ef 4:1-16). Para auxiliar os santos a caminhar juntos e alcançar aquilo que Deus deseja para eles praticamente, Cristo, a Cabeça exaltada do corpo, proveu tudo o que era necessário para a igreja atingir esse objetivo. Ele deu “dons” à igreja a fim de ajudar os santos a compreenderem seus privilégios e responsabilidades no corpo, para que pudessem andar de modo digno de sua vocação (Ef 4:7-16). Se o ministério dos dons for recebido (assumindo que os dons sejam usados com discernimento e dependência de Deus) o corpo será edificado e levado à “unidade da fé” e ao “conhecimento do Filho de Deus”. “Pelo auxílio de todas as juntas” (os diversos membros) o corpo será edificado em amor. A consequência prática será a unidade visível observada entre os muitos membros do corpo.