Tenho medo de enganar a mim mesmo supondo estar salvo quando na verdade não estou.

De todas as formas de engano, o auto-engano, e especialmente o auto-engano religioso, é talvez o que representa maior perigo. As questões em jogo são tão importantes que não podemos ser zelosos demais nesse assunto.

Existe, no entanto, uma coisa certa, ou seja, você só pode ser enganado pela pessoa ou coisa em que confia. Ananias e Safira tentaram enganar Os apóstolos, mas Pedro não se iludiu porque não acreditou neles. A serpente murmurou uma mentira aos ouvidos de Eva; e, crendo nela, foi "enganada". Se você quer escapar então das terríveis conseqüências do auto-engano, fique alerta para a armadilha muito comum da auto-ocupação. O "eu" não pode enganar você se não confiar nele; repetimos, portanto, cuidado! O que vai no coração o homem foi declarado por quem o conhece perfeitamente, sabendo que é "desesperadamente corrupto" (Jr 17.9). Salomão disse, portanto, muito bem: "O que confia no seu próprio coração é insensato" (Pv 28.26).

Um dos bancos da Inglaterra ocidental adotou uma frase como lema e gravou em suas notas bancárias, "Combine a verdade com a confiança." A excelência desse lema está no fato de que não se pode confiar nas aparências. Quando Eliabe, filho de Jessé, apresentou-se diante de Samuel, este disse, "Certamente está perante o Senhor o seu ungido"; mas "a aparência externa" não tinha valor. "O Senhor não vê como vê o homem" (1 Sm 16.7). O capitão do navio Dunbar pensou que tudo ia bem quando manobrou seu barco em direção ao porto de Sydney. Mas, infelizmente, pensou que o farol norte era o do sul e sua imponente embarcação ficou reduzida em pouco tempo a um monte de destroços. As aparências o iludiram. O patriarca Isaque teve dúvidas sobre o filho que com um prato apetitoso na mão, afirmando ser Esaú, pediu a bênção do pai, mas pensou que poderia pelo menos confiar em seus sentimentos. Ao fazer isso, foi enganado. Se o patriarca e o infeliz capitão tivessem combinado a verdade com a confiança, não seriam iludidos desse modo.

O leitor talvez pergunte: "Como chegar à verdade?" Deixaremos que a Bíblia responda: "A tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). "As tuas palavras são em tudo verdade desde o princípio" (SI 119.160).

Você quer evitar que seu barco siga uma luz falsa de farol, provocando o seu naufrágio eterno? "Lâmpada para os meus pés é a tua palavra, e luz para os meus caminhos" (SI 119.105). "A exposição das tuas palavras dá luz; dá entendimento aos símplices" (v. 130). Você quer a verdade isolada, sem qualquer adulteração humana? "Toda a palavra de Deus é pura; escudo é para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda e sejas achado mentiroso" (Pv 30.5,6). "Está a verdade em Jesus" (Ef 4.21). Ele disse, "Eu sou a verdade" (Jo 14.6). "A graça e a verdade vieram por Jesus Cristo" (Jo 1.17). Um cristão idoso disse certa vez, "Ao examinar a palavra de Deus, nunca se esqueça de três coisas:

1. Não acrescente nada a ela.

2. Não subtraia nada a ela.

3. Não mude nada nela.

Três homens uniformizados conversavam na sala-de-espera de uma estação de estrada de ferro no interior: um policial, um soldado e o chefe da estação. O policial olhou para o relógio ali pendurado e perguntou, apontando para um papel colocado no mostrador do mesmo: "O que isso significa?"

"Ele não está andando direito já há algum tempo," respondeu o chefe da estação, "e não querendo que ninguém se enganasse cobri o mostrador. Mas se quiser a hora exata", disse ele, tirando um relógio do bolso, "posso dizê-la. Faltam exatamente três minutos para o trem chegar."

Que coisa interessante, pensei, enquanto ouvia ali perto. Ele aprendeu pela experiência que não se pode confiar nesse relógio e o tratou de acordo. Como seria bom se tantas almas ocupadas com o "eu" aprendessem uma lição com aquele homem e escrevessem por sobre os sentimentos e emoções de seu coração: "Não se pode confiar". Nem sempre nossos sentimentos estão errados, sabemos isso com certeza. Um relógio parado irá estar certo duas vezes em 24 horas. Também não somos contra Os sentimentos de felicidade. Pelo contrário, há alguma coisa errada no caminhar ou no estilo de vida do crente se ele não se sentir alegre. O que queremos dizer é isto: Se não quiser ser auto-enganado, não creia no "eu" de forma alguma. Não coloque a sua confiança sobre o estado mental mais otimista que já experimentou, nem em todos os seus sentimentos de felicidade juntos. Fique alegre em tê-los, mas no momento em que se ocupe com eles em lugar de Cristo, tudo o que houver de bom neles irá desvanecer-se e você ficará sem mapa e sem bússola num mar tempestuoso de dúvidas e incertezas.