O que dizer dos meus pecados depois de minha conversão?
Lembre-se, caro leitor, que além do juízo eterno dos perdidos, Deus só tem um meio de tratar com o pecado segundo a sua justiça: pelo sacrifício e morte de Jesus. Considere um santo pecador como Davi, no Velho Testamento, e um como você na presente dispensação. A cruz de Cristo satisfez cada pecado de ambos, caso contrário a condenação eterna será o seu destino. Mas existe uma grande diferença entre os dois casos. Ela pode ser explicada mais ou menos assim: Quando Cristo foi colocado Na cruz como portador de pecados, Ele não levou sobre si nenhum dos pecados de Davi, exceto os cometidos no passado; enquanto não carregou nenhum dos seus, exceto os futuros. O significado é este: quando Jesus estava "levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro" (1 Pe 2.24), Os pecados de Davi estavam todos no passado e os seus todos no futuro. Como diz o pequeno hino:
Deus, que os conhecia, colocou-os sobre Ele, E crendo, você está livre."
Ou, melhor ainda, segundo expresso na Escritura (veja Isaías 53.6): "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas; cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez cair sobre ele a iniqüidade de nós todos". Os pecados de Davi, os seus e os meus; a saber, os pecados de toda alma salva na história do mundo, todos eles se reuniram ali. Que grande atração essa cruz vai ser na eternidade para cada remido, qualquer que seja a dispensação em que tenha vivido! Foi o amor insondável que O levou até ela; e até que o juízo completo pelo pecado tivesse sido suportado e esgotado, até que a maior de todas as transações tivesse sido completada, e ganha a maior das vitórias, foi o amor inextinguível que O manteve nela. Abençoado Salvador!
O que torna tão iníqüos os nossos pecados depois da conversão, é a desonra que causamos ao seu Nome, a tristeza provocada num coração como o dEle.
Mas Aquele que pensou em nós e morreu por nós em nossa condição de pecadores perdidos, não se esqueceu de prover também livramento para nós como santos ingratos. Ele tomou nosso lugar na cruz e morreu por nós, passando depois a defender nossa causa no trono e vivendo para nós. "Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida" (Rm 5.10). Obtemos a garantia divina nas palavras "Muito mais", de que seremos preservados para sempre. "Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis" (1 João 2.1). Temos, entretanto, a graciosa provisão, não obstante essas palavras, pois o mesmo versículo diz, "e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo". A Escritura não diz, "Se alguém arrepender-se de seu pecado, temos um Advogado". Não; o arrependimento e a auto-análise que levam à confissão são os resultados do serviço do Advogado para nós. Ele não defende a nossa causa porque nos entristecemos; mas nos entristecemos porque Ele nos defende. "Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça" (Lc 22.32), foi a sua bondosa declaração a Pedro. Ele sabia que o comportamento dele iria falhar, mas não esperou até que Pedro "chorasse amargamente" para orar a seu favor. "Roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça". Jesus provou novamente a Pedro ainda autoconfiante, naquela ocasião que tinha tanta capacidade para sustentar um discípulo que começava a afogar-se como para atrair aquele que começava a andar; que se Pedro desviasse os olhos do Senhor, este não desviaria os seus dele; e que mesmo se deixasse de andar pela fé, essa seria justamente a ocasião de manifestar as novas atividades do amor do Mestre, sua mão estendida estaria agora ao serviço de seu servo infiel. "Do justo não tira os seus olhos" (Jó 36.7). Assim sendo, mediante a sua intercessão predominante junto ao Pai no céu, é que eu, pelo Espírito de Deus, sou levado a confessar com o coração compungido. "Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo, para nos perdoar Os pecados e nos purificar de toda a injustiça" (1 João 1.9).
Você pode, portanto, aproximar-se do Pai com toda confiança e abrir todo o seu coração diante dEle. Se fizer isso, esteja certo de que, em toda fidelidade e justiça Àquele que levou sobre Si os nossos pecados e que "vive para sempre a fim de interceder por nós", Ele irá perdoá-lo livremente. E quando faz isso,uma tão grande graça irá sem dúvida tornar você cada vez mais zeloso, cuidando para que outro passo em falso não ofenda e entristeça um amor assim tão fiel e imutável.