Vinho novo
Aquele que nos últimos 3 minutos foi questionado quanto à sua idoneidade por comer com corruptos e pecadores, agora revela mais um lampejo de quem ele realmente é: o Noivo.
Quando alguns indagam por que os discípulos de João Batista jejuam e seus discípulos não, Jesus estabelece uma distinção clara entre o passado e o presente. Não faz sentido os convidados do noivo jejuarem enquanto o noivo está com eles. A mensagem para qualquer bom entendedor judeu é clara. No Antigo Testamento Deus é chamado de noivo. Aqui Jesus anuncia também sua morte: viria um dia quando o noivo seria tirado. Isso mostra que sua morte não foi um acidente da história, mas algo que fazia parte de um plano maior.
As pessoas precisam entender que até João Batista vigorou uma forma de Deus tratar com o homem. Até ali o homem foi testado sob a lei dada a Moisés, e ficou claro que ninguém seria capaz de ser salvo obedecendo aos mandamentos. Jesus, o Filho de Deus, era o único capaz de obedecer, e ali estava ele prestes a trocar de lugar conosco. Ele se colocaria no lugar que nós merecíamos estar — sob o juízo de Deus e na morte — e nos colocaria no lugar de onde veio e onde não merecíamos estar: o céu.
Mas não seria possível receber isso misturando a velha forma de Deus tratar com o homem — a Lei do Antigo Testamento — com a nova — a graça ou favor imerecido. Não seria possível tentar ser salvo por boas obras quando Deus queria salvar por graça, independente da conduta ou boas obras. Tentar misturar as coisas seria como costurar remendo de pano novo em vestido velho. O rasgo ficaria ainda maior. Ou guardar vinho novo, ainda fermentando, em sacos de couro velho, que já não tinham elasticidade.
Não é justamente isso que as religiões cristãs tentam fazer emprestando coisas do Antigo Testamento? Não emprestam apenas a ideia da salvação pela obediência aos mandamentos, mas também elementos exteriores do culto a Deus. Você não encontra na doutrina dos apóstolos, revelada em suas cartas, coisas como templos, clero e sacerdotes fazendo o meio de campo entre Deus e os homens, usando colarinhos e vestes distintas para se diferenciarem daqueles a quem chamam de “leigos”. Você também não encontra altares, incenso, rituais... a lista é interminável. Leia as cartas dos apóstolos e verá que existe uma diferença enorme entre o que os primeiros cristãos faziam e esse cristianismo fantasiado de judaísmo que existe por aí.
A diferença entre a salvação por boas obras e a graça — entre judaísmo e cristianismo — é tão grande quanto a diferença entre a morte e a vida. E Jesus está a ponto de demonstrar todo o seu poder trazendo uma menina morta de volta à vida. Nos próximos 3 minutos.
tic-tac-tic-tac...