O mau ladrão
Aos pés da cruz você encontra de tudo: religiosos, soldados, políticos, juízes, ricos e pobres, todos contra o Filho de Deus. Até o mundo do crime está ali representado pelos dois ladrões crucificados com Jesus. 700 anos antes Isaías previra que o Messias seria “contado com os transgressores”.
No início os dois criminosos zombam de Jesus, mas quando um deles grita: “Você não é o Cristo? Salve-se a si mesmo e a nós!”, o outro o repreende, dizendo: “Você não teme a Deus, nem estando sob a mesma sentença?” (Lc 23:39-40). Quem é esse ladrão que de repente troca de lado?
Séculos depois alguém inventaria uma biografia para ele. Seu nome seria Dimas, ladrão e assassino perigoso, filho de um chefe de quadrilha. Porém — e agora vem a melhor parte — Dimas, que matou seus próprios irmãos, não matava velhos, mulheres e crianças, e teria ajudado a família de Jesus durante fuga para o Egito. Quem disse isso? A tradição.
Quando você lê os evangelhos não está lendo o que diz a tradição. Está lendo autores, inspirados por Deus, que relatam o que viram ou ouviram de testemunhas que ainda estavam vivas quando os textos foram escritos, copiados e lidos em todo lugar. Qualquer um poderia desmentir a história toda, caso não passasse de lenda. Se você acredita no jornal que está na banca, não há razão para duvidar dos evangelhos.
A tradição, porém, tem um caráter diferente, pois pode incluir lendas e fantasias. Religiões baseadas na tradição são cheias de misticismo, crendices e superstições, que mais servem para escravizar seus adeptos do que para libertá-los. O cristão não segue esse tipo de tradição, mas o relato dos fatos, como o próprio Pedro escreveu em sua segunda carta: “De fato, não seguimos fábulas engenhosamente inventadas, quando lhes falamos a respeito do poder e da vinda de nosso Senhor Jesus Cristo; pelo contrário, nós fomos testemunhas oculares da sua majestade” (2 Pe 1:16).
A tradição, que inventou uma maquiagem para aquele criminoso e o apelidou de “bom ladrão”, tenta dar a ele o mérito por sua salvação. Se você chama de “bom” um criminoso, que num assalto mata apenas o pai de família, poupando a mãe, os filhos e a avó, então vá em frente, acredite na tradição.
Foi a Palavra de Jesus que transformou o coração daquele criminoso. Ele acabara de ouvir Jesus dizer: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o que estão fazendo” (Lc 23:34) . Se aquele Jesus podia interceder pelos cruéis algozes, havia uma chance para ele também. O bandido suplica: “Jesus, lembra-te de mim quando entrares no teu Reino” (Lc 23:42). Jesus responde: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso” (Lc 23:43). Minutos depois aquele homem estava no paraíso, não por ser um “bom ladrão”, mas por ser um pecador convicto, que confiou na graça e na misericórdia de Deus.
Nos próximos 3 minutos Jesus não é morto pelos guardas.
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