Espaço e tempo

João 4:46-54

Jesus volta a Caná, o lugar onde tinha transformado água em vinho, mas desta vez o clima ali não é de festa. Ele encontra um pai aflito, cujo filho está à beira da morte na cidade de Cafarnaum, a 38 quilômetros dali. O homem, um oficial do rei, insiste com Jesus para que ele vá a Cafarnaum antes que o menino morra.

Jesus comenta que se as pessoas não virem o milagre realmente acontecer, não crerão. A princípio é com uma fé de segunda categoria que esse homem vai a Jesus, a mesma fé de Tomé, que precisa ver para crer. Jesus cura tanto o filho do homem como sua fé. “Pode ir. O seu filho vive”(João 4:50), diz ele ao homem, e este crê na palavra de Jesus.

No dia seguinte, chegando a Cafarnaum, os servos vêm ao encontro do homem para avisar que seu filho está curado. Ele descobre que isso ocorreu exatamente à uma da tarde do dia anterior, o mesmo horário em que Jesus lhe dissera que seu filho estava curado. Mas o que ele ficou fazendo da uma da tarde do dia anterior até o dia seguinte, que foi quando voltou a Cafarnaum?

Se tivesse ido à pé, teria chegado em casa antes das nove da noite do mesmo dia. Como era um nobre, podia conseguir uma montaria ou carruagem, e chegaria em casa antes da noite. Já que ele não tinha um celular para ligar e saber se o garoto tinha sido mesmo curado, só pode existir uma explicação para a sua falta de pressa: sua fé.

Ao transferir o problema de seu filho para Jesus, já não havia razão para se preocupar. Pela fé ele sabia que Jesus não precisava estar ao lado do menino para curá-lo, já que espaço e tempo não são um problema para Deus. Jesus não precisa se sujeitar às leis da física que regem o Universo que ele mesmo criou, o qual sustenta com a palavra do seu poder. Alguns dias antes, um homem, Nicodemos, tinha aprendido que Jesus não apenas tinha livre trânsito entre o céu e a terra, mas que estava no céu ao mesmo tempo em que falava com Nicodemos na terra.

A verdadeira fé não é limitada pelos sentidos. Ela penetra na esfera onde Deus age, uma dimensão muito além desta que conseguimos detectar. O que você vê, ouve ou sente pode nem existir mais, já que seu cérebro precisou de uma fração de segundo para receber e processar essas informações.

Em termos cósmicos isso fica mais claro. O sol que você vê pode ter deixado de existir oito minutos e dezoito segundos atrás, que é o tempo necessário para sua luz viajar os 150 milhões de quilômetros que o separam da Terra. Se olhar para a estrela mais próxima depois do Sol, verá como ela era há quatro anos, e não como ela é agora. Neste exato momento ela nem mesmo está mais no lugar do céu para onde você apontou seu telescópio. Você ainda acha que faz sentido acreditar no que vê? Nos próximos três minutos vamos conhecer um homem que podia ver milagres, mas não ganhava nada com isso.

tic-tac-tic-tac...