NÃO É PARA MIM!

“SEM DINHEIRO e sem preço” (Isaías 55:1). Tais são as condições da oferta, que Deus faz a todos, do dom da vida eterna. Mas, quão poucos são aqueles que a aceitam nestas condições.

Um amigo dos pobres tinha por costume encomendar, com frequência, 250 quilos de carvão, usado nos fogões e no aquecimento das casas, mandando entregá-lo em casas de pessoas que sabia estarem em precárias circunstâncias. Como o inverno era rigoroso, o frio intenso, e tudo cobria-se de neve, o gentil benfeitor ficava radiante de alegria pelo conforto e agasalho que suas dádivas iriam causar em muitos corações e lares.

A carroça do carvão parou em frente de uma casa de aspecto pobre e desolado, e o carroceiro bateu à porta e disse ao velhinho, que ali morava, que trazia carvão para ele.

— Quem foi que mandou?

— Não sei — disse o carroceiro, — mas mandaram-me entregá-lo aqui; aqui está.

— Deve ser engano; não é para mim — respondeu o velho. — Eu não tenho tal sorte; não tenho nenhum amigo que me mande carvão de graça. Leve-o; não é para mim, e não quero mais saber disso!

— e fechou a porta. Foi-se embora a carroça levando a dádiva que tinha sido destinada ao velhinho.

No dia seguinte, foi vista a mesma carroça, parada à entrada de uma outra casa pobre da cidade, e o mesmo carroceiro, com 250 quilos de carvão, batia à porta.

— Trago-lhe carvão — disse ele em tom alegre; — Onde quer que o ponha?

— Não é para mim — respondeu o homem que abriu a porta, — Deve ser um engano.

— Não, não há engano — disse o carroceiro. — Olhe; aqui está a nota da encomenda: “Casa nº 24; 250 quilos de carvão”. Está bem claro. Não há nenhuma dúvida, não é mesmo?

— É verdade que este é o número de minha casa — respondeu o outro, — mas este carvão não é meu, e por isso não o posso receber. Deve ser para outra pessoa!

— Ora essa! — replicou o carroceiro, coçando a cabeça com ar atrapalhado.

— Este carvão já está me intrigando! Já chega de desencontros. Até parece que estou trazendo veneno! Chega uma bela dádiva de carvão e vocês recusam-se a aceitá-la. Mas, seja como for, o carvão vai ter que ficar aqui, pois ontem já tive que levá-lo de volta de outra casa onde foi rejeitado. Para mim isto está sendo uma humilhação; portanto, se não abrir a porta da carvoeira, vou despejar tudo aqui, bem em frente de sua casa.

Devido a tal insistência, o homem acabou abrindo a porta do depósito, dizendo: — Com certeza você terá que voltar aqui outra vez para buscar o carvão; portanto, não vou insistir nisso. Mas se for mesmo para mim, ficarei muito agradecido.

Mais uma casa foi visitada pelo carroceiro, com a carroça carregada de carvão. Bateu à porta e disse à mulher que atendeu, que trazia carvão para ela.

— Para mim? — disse ela; — Não pode ser; deve ser para outra pessoa.

— Não, minha senhora; aqui está o número da sua casa bem legível: “Nº 8, 250 quilos de carvão”.

— É verdade! Então deve ser Deus que me manda, pois mais ninguém sabe que, há pouco, coloquei no fogão o resto do carvão que tinha. Faça o favor de trazê-lo aqui para dentro. Tenho que agradecer a Deus.

— Sim, talvez assim convenha — disse o homem, porém acrescentando em voz baixa, como se falasse para si, — Esta mulher é que tem juízo, só ela. Os outros são uns tolos.

E quantos insensatos como eles existem aqui no mundo! Apesar de Deus haver dado o Seu Filho para que TODO AQUELE que o aceitar, pela fé, não se perca, mas tenha a vida eterna (Jo 3:16).

O carvão tinha sido pago por um homem bondoso; e a nossa salvação foi comprada a preço, ou seja, o precioso sangue do Filho de Deus, “O qual Se deu a Si mesmo em preço de redenção por todos” (1Tm 2:6).

Contudo, há muitos que são como aqueles pobres que não aceitaram o presente. Alguns há que, como o velhinho, o recusam em absoluto, dizendo: “Não é para mim”.

Caro leitor: “Se tu conheceras o dom de Deus” (Jo 4:10), e se você aceitasse a Jesus Cristo como seu Salvador, poderia dizer: “Graças a Deus pois pelo Seu dom inefável” (2 Co 9:15).