Não somos chamados a consertar a ruína do testemunho cristão
Muitos crentes sinceros e preocupados perguntam: "O que eu posso fazer para ajudar a restaurar as coisas no testemunho cristão? Talvez fosse bom apresentar isso ao meu 'Pastor' para termos uma igreja mais bíblica".
Se buscarmos outra vez a Palavra de Deus veremos que a condição de ruína do testemunho cristão não será restaurada, mas sim julgada por Deus e removida da terra. Em Romanos 11 o apóstolo Paulo fala da "oliveira", cujos ramos foram "quebrados", ilustrando de forma figurada como a nação de Israel seria colocada de lado quanto ao lugar de privilégio que ocupava com Deus. Isso foi feito porque eles rejeitaram todo o testemunho de Deus em Cristo (conforme é registrado nos evangelhos) e o Espírito Santo (conforme vemos no livro de Atos). Então ele fala dos ramos de uma "oliveira brava" sendo enxertados no tronco da oliveira. Ele usou isso para ilustrar como Deus iria introduzir os gentios em um lugar de privilégio por meio do evangelho. Aqueles que professam conhecer o Senhor estão agora neste lugar de privilégio e associação com Ele. É este o lugar que a cristandade ocupa pela graça de Deus.
Mas o apóstolo segue dizendo que se os ramos da oliveira brava (cristandade) não permanecessem na bondade de Deus, eles seriam cortados do lugar de privilégio, e os ramos que foram antes cortados (Israel) seriam colocados de volta naquele lugar de favor. Como temos demonstrado, a cristandade fracassou em todos os aspectos de sua responsabilidade e aguarda esse julgamento, o qual ocorrerá depois que o Senhor chamar os verdadeiros crentes para fora dela em Sua vinda (no arrebatamento). Assim vemos que a cristandade termina em juízo, não em restauração. Uma figura disso nas Escrituras é Vasti (a rainha gentia, uma figura da cristandade) sendo colocada de lado, enquanto Ester (a judia, uma figura de Israel) é trazida para ocupar o lugar de sua antecessora (Ester 1 a 2).
Além disso, nas palavras que o Senhor dirige às sete igrejas na Ásia, que apresentam profeticamente os sucessivos estágios de declínio pelos quais a igreja professa passaria, Ele não mostra qualquer indício de que o testemunho cristão seria restaurado, pelo contrário, mostra que seria cuspido de Sua boca no final (Ap 3:16). Ao invés de uma promessa de restauração, o Senhor diz: "Outra carga vos não porei; mas o que tendes, retende-o até que eu venha" (Ap 2:24-25). Tampouco há qualquer menção nas epístolas de que haveria uma restauração do testemunho cristão.
Indo além, em Mateus 13:28-30 encontramos a própria palavra do Senhor de que deveríamos desistir de tentar consertar a condição arruinada do testemunho cristão. Quando o inimigo semeou o joio em meio ao trigo, os servos do proprietário perguntaram: "Queres, pois, que vamos arrancá-lo?" Eles perguntaram se deviam tentar remediar a situação. O proprietário respondeu: "Não, para que, ao colher o joio, não arranqueis com ele também o trigo. Deixai crescer ambos juntos até a ceifa". A "ceifa" é o fim do mundo (Mt 13:39). Portanto está claro que não somos chamados a consertar a confusão existente na cristandade, mas a deixar isso tudo para o Senhor cuidar no fim do mundo.
Oras, se Deus diz que o testemunho cristão não será restaurado, então certamente será fútil qualquer esforço de nossa parte de tentar remediar sua presente condição. Acaso Ele iria nos pedir para fazer algo que a Sua Palavra nos diz ser impossível? Iria Ele querer que fizéssemos algo que Ele próprio disse em Sua Palavra para não fazermos?