“Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo” 2 Pedro 1: 16-18
A ideia dos judeus sobre o reino era que o Messias viria em glória, majestade e poder, e que seus inimigos todos seriam expulsos, mas o Senhor Jesus não veio dessa maneira e por isso O rejeitaram. Até onde eles sabiam, Ele estava morto e enterrado: não tinha ido para a glória. Mas, Pedro disse que realmente tinha visto o Reino do Senhor e testemunhado “Sua majestade”.
A cena a que Pedro se refere é a narrada em Mateus 17, Marcos 9, e Lucas 9. Nestes capítulos o Senhor revela aos discípulos a verdade de Sua rejeição. “É necessário que o Filho do homem padeça muitas coisas e seja rejeitado”, disse “e quem me segue, deve esperar sofrer as mesmas coisas”. Mas Ele voltará outra vez com três vezes mais glória. Sua glória como o Filho de Deus que teve por toda a eternidade; Sua glória como o Messias, Rei dos Judeus, e Sua glória como o Filho do Homem, de acordo com o Salmos 8. Então, após ter falado aos discípulos sobre Sua rejeição, Ele disse: “Alguns há dos que estão aqui, que de modo algum morrerão, até que vejam o reino de Deus”, e mostrou-lhes no monte da transfiguração um retrato diminuto do Reino, e é a isso que Pedro se refere nesta epístola. Ele tinha visto a cena maravilhosa naquele monte: o Messias, Moisés o legislador e Elias o reformador, e seu coração estava cheio. “Oh”, disse ele, “vamos perpetuar esta cena”. Aquele era o pensamento em sua mente, mas o Messias, o legislador, e o reformador foram colocados por Pedro no mesmo nível, e Deus não poderia agir dessa forma. Então veio a voz e Pedro fala da magnífica glória de onde ouviu: “Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido”. Devemos observar que nos evangelhos Deus incluiu as palavras: “a Ele ouvi”. Pedro precisou ouvir essas últimas palavras, porque colocou Seu Mestre no mesmo nível de Moisés e Elias, rebaixando-O e elevando Moisés e Elias. Entretanto, aprendeu essa lição, e nessa passagem, quando citou as palavras do Pai, omitiu aquelas.
A verdade é que na experiência pela qual passou Pedro aprendeu que nenhuma outra voz deveria ser ouvida além da de Jesus. Era uma lição para Pedro da glória pessoal do Filho, mas do mesmo modo, a introdução para ele do que era celestial tanto quanto o lado terrenal do reino. Moisés e Elias são figuras do lado celestial. Moisés tinha morrido e Elias tinha sido levado para o céu sem passar pela morte, assim como será quando o Senhor vier para seu povo. Ressuscitará os que morreram e levará com Ele os que estiverem vivos. Pedro, Tiago e João formam um retrato dos santos na terra, aqueles que verão a glória de Cristo estando, contudo, na terra por todo o milênio. Pedro tinha visto essa figura do reino vindouro, e confirmou docemente a fé dos crentes judeus, e em atenção a eles os coloca na cena que tinha visto.