"Trouxe-Lhe porventura alguém de comer?"

"Jesus, pois, cansado do caminho, assentou-Se assim junto da fonte" (João 4:6), e os discípulos foram comprar comida. Oh! pensarmos no próprio Senhor, ao qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu, mas que era o Senhor da glória, sentado cansado junto à fonte, com sede, e dependente deste mundo para um gole d'água - o mundo que foi feito por Ele, e não O conhecia! "Veio uma mulher de Samaria tirar água; disse-lhe Jesus: Dá-me de beber" (João 4:7), tendo Ele que depender dessa mulher para receber água. É exatamente nisto que ela descobre que havia algo de notável naquele Homem. Era algo de extraordinário que um judeu falasse com ela, uma mulher de Samaria, e seu pensamento é atraído a isto.

Deixe-me dizer algo acerca dessa mulher, a qual é de um interesse tão bendito para nós, por haver motivado o coração do Senhor. Ela era uma pobre e repulsiva criatura - sozinha ali. Lemos da hora em que as mulheres iam buscar água, juntas, conversando acerca de todas as coisas que se passavam; mas ela não vem junto com as outras mulheres. Seu coração era solitário; ela havia se isolado por causa de pecado, e nada tinha conseguido; uma mulher vigorosa, que tinha estado buscando alegria por meio da energia de sua natureza, tendo encontrado só a desgraça e a ruína. Ela havia saído completamente só naquela hora incomum do dia, com um coração repleto de ansiedades. Sozinha, por causa de sua vergonha, ela encontra Alguém que é até mais solitário do que ela, e aquele Alguém era o Senhor! Ela poderia ir aos homens da cidade, mas Ele era completamente só, não tinha ninguém a quem ir, apesar de ser Ele próprio o mais afável e acessível dos homens.

Nunca houve circunstância alguma, em que Ele tenha estado, onde o poder, amor, bondade e verdade não fossem imediatamente exercitados. Não havia cansaço se algum pobre e desolado pecador se aproximasse. Quando os discípulos retornaram, disseram, "Trouxe-Lhe porventura alguém de comer?" (v.33). Não importa em companhia de quem estivesse, Ele era sempre acessível aos seus corações; porém não havia simpatia para com Ele. Nenhum amor e bondade foram ao encontro dEle em Sua passagem por este mundo; Seu coração era algo completamente estranho a este mundo; mas era, todo ele, só simpatia para com o próximo. Quando teve que dar conta de Si diante dos principais sacerdotes que o caçavam buscando Sua morte, no momento em que o galo cantou, Seu olhar estava sobre Pedro - nunca Se aborreceu. Não importa em que circunstância estivesse, nada jamais podia sequer tocar a fonte de graça e bondade que havia nEle.