Estar de Acordo na Oração
Aqui aprendemos que uma das condições para nossas orações é a unanimidade – acordo sincero e feito em amor – completa unidade de mentes. A verdadeira força das palavras é "Se dois de vós concordarem" farão um só som. Não deve haver nenhum sonido desagradável, nada discordante.
Quando nos reunimos para orar pelo progresso do evangelho, devemos estar unidos com uma só mente, para poder esperar que as pessoas se salvem nas reuniões. Diante de Deus devemos fazer um só som. Não serve que cada pessoa tenha um pensamento diferente. Devemos vir ao trono de graça em santa "harmonia" de mente e espírito se queremos uma resposta de acordo com Mateus 18:19.
Isto é de uma importância moral imensa, especialmente em relação às reuniões de oração. As orações nas reuniões de oração não devem ser feitas sem razão e sem propósito. Devemos nos reunir com um propósito definido em nossos corações para poder esperar todos juntos em Deus. Em Atos do Apóstolos, no capítulo 1 nos diz que os primeiros discípulos, "perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as mulheres, e Maria, mãe de Jesus, e com seus irmãos" (versículo 14). Em Atos 2 lemos, “E cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar” (versículo 1).
Estavam esperando o dom do Espírito Santo de acordo com as instruções do Senhor. Eles receberiam a promessa de Deus. O Consolador viria. Ao invés de esperarem sem orar, exatamente esta era a razão de fazê-lo. Oravam unânimes em um lugar. Estavam completamente de acordo. Todos tinham um propósito definido em seu coração. Estavam esperando a promessa do Espírito Santo e continuaram esperando unânimes até que chegou! Todos, homens e mulheres estavam cativados por um só objetivo. Dia após dia esperaram em acordo santo, em alegre harmonia, com fervor, até que se lhes deu o poder prometido do alto.
Não deveríamos nós fazer o mesmo? Infelizmente, nas reuniões de oração hoje em dia, há uma falta grande deste princípio de unanimidade e de ter um só lugar. Não temos que pedir que o Espírito Santo venha por que já veio, mas sim temos que pedir a manifestação de Seu poder em nossas reuniões. Unanimidade de coração e desejo em nossas petições coletivas não é o mesmo que uniformidade de petição. Este último seria um caso em que todos aqueles que participam de uma reunião de oração pedem as mesmas coisas, como se repetissem uma fórmula mágica. Verdadeira unanimidade, como a que neste artigo se promove, seria o caso de um grupo de crentes que sentem um mesmo desejo de glorificar ao Senhor Jesus Cristo e que, em todas as suas petições, têm esse objetivo em vista.
Pode haver uma grande variedade e diversidade de interesses e petições expressadas – mas todas sobre a base do mencionado acordo, ou harmonia de espírito e ânimo.
Suponhamos que estejamos num lugar onde reina a morte espiritual e as trevas. Onde nunca se ouve nem se quer de uma conversão. Onde foi estabelecido um formalismo deprimente. Que se pode fazer?
Ainda que somente dois crentes se dêem conta da condição das coisas, devemos nos reunir unânimes e derramar nosso coração diante de Deus. Esperemos unidos nEle, em santo acordo, com um firme propósito, até que Ele mande chuvas de benção sobre o lugar seco e estéril. Não cruzemos os braços nem digamos, "Ainda não chegou a hora", nem nos rendamos ao brotar de uma teologia distorcida que se chama fatalismo e que diz: “Deus é soberano e faz tudo de acordo com a Sua própria vontade, de modo que só nos resta esperar Sua hora. O esforço humano é inútil. Não podemos conseguir um avivamento. Devemos nos preservar da pura emoção.”
Tudo isto parece legítimo porque é verdade até certo ponto, mas é apenas uma meia verdade. Não há nada mais perigoso que uma meia verdade! É muito mais perigoso do que o erro completo! Muitos bons cristãos tropeçam e se desviam por "meias verdades", ou verdades mal aplicadas. Muitos servos fiéis de Deus têm se esfriado, desanimaram e até têm saído do campo da colheita pela insistência sem sabedoria em certas doutrinas ou ensinamentos que teriam algo de verdade mas não toda a verdade de Deus.
Nada pode tocar ou debilitar a verdade de Mateus 18:19. Permanece com toda sua benção, liberdade e beleza ante os olhos da fé . É clara e não pode haver equívoco. "Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus". Aqui está nosso certificado para nos reunirmos em oração para qualquer coisa que esteja em nosso coração.
Nos entristecemos pela frieza, esterilidade e apatia espiritual ao nosso redor hoje em dia? Nos desanimamos pelo aparente ausência de fruto da pregação do evangelho, a falta de poder na mesma pregação e a falta de resultados? Nos desencoraja a esterilidade, a preguiça, a tristeza, o desânimo de todas as nossas reuniões; seja na Mesa do Senhor, ante o trono de justiça, ou ao redor da fonte da Santa Escritura? Devemos ficar de braços cruzados com fria indiferença, dar-nos por vencidos em desespero, queixarmos, murmurarmos, enfurecermos ou irritarmos? Não! Devemos nos reunir unânimes em um lugar, nos prostrarmos diante de Deus e todos derramarmos nosso coração como se fosse um só coração e suplicar Mateus 18:19.
Este é o grande remédio, a fonte que não falha. Deus é soberano e por isso é que devemos esperar nEle. O esforço humano é inútil e por isso é que havemos de buscar o poder divino. Por nós mesmos não podemos alcançar um avivamento e por isso é que devemos buscá-lo de joelhos. Devemos ter cuidado da pura emoção, mas ao mesmo tempo deve-se cuidar da fria indiferença, morta e egoísta.
Considerando que Cristo está à destra de Deus, o Espírito Santo está em nossos corações, temos a Palavra de Deus em nossas mãos e considerando que Mateus 18:19 brilha diante de nós, não há nenhuma desculpa para a esterilidade, o adormecimento, nem a indiferença. E tão pouco há desculpa para que as reuniões não sejam de proveito, nem para não haja frescor em cada reunião e nem para que falte o fruto de nosso serviço. Esperemos em Deus em acordo santo. Então, seguramente virá a benção.