Pregação à Porta

Assim que saímos da cidade, passamos pela casa de um cavalheiro à nossa direita. O Espírito de Deus fez-me parar e guiou-me claramente para que ficasse sobre os degraus, em frente à porta daquela casa na saída da cidade. Até aquele momento, cerca de meia dúzia de pessoas tinham se reunido e ficaram à minha frente. Sugeri um hino:

Tal qual estou, eis-me Senhor,

Pois o Teu sangue remidor

Verteste pelo pecador;

Ó Salvador, me achego a Ti!

Havia poucas pessoas para escutar; mas eu estava bem motivado a mostrar-lhes as sobrexcelentes riquezas da graça de Deus, recebendo o pecador tal qual está; e isto em perfeita justiça, por meio da obra completa de Cristo. Não se tratava tanto do gozo do pródigo, mas do gozo do Pai em recebê-lo. Descobri depois que o senhor e a senhora que moravam naquela casa, ao escutarem alguém cantando em frente à sua casa, vieram para a porta, que estava atrás de mim, e escutaram cada palavra.

Quando terminei, o cavalheiro, que era médico, rogou que eu entrasse para ver sua idosa mãe no andar de cima. Enquanto lágrimas de gozo rolavam por sua face, ele disse-me:

— Eu nunca escutei isso antes: achava que era preciso trabalhar muito para ser salvo e, no entanto, agora ouço que tudo já foi feito e que Deus tem gozo em receber-me tal qual estou.

Encontrei a idosa senhora em sua cama, e ela tinha escutado cada palavra, já que a janela de seu quarto estava exatamente sobre o lugar onde eu pregara.

Aqueles acontecimentos já tinham quase fugido de minha memória quando, anos depois, estava pregando em Cheltenham e uma senhora de lá me contou que o Senhor abençoara a Palavra aquele dia para a conversão do médico, de sua esposa e também de sua idosa mãe que a escutara pela janela. O médico e sua mãe já haviam partido para estar com o Senhor. Acaso não é verdade que Ele "compadece-Se de quem quer"? (Rm 9:18) Até àquele dia, o médico tinha estado envolvido na escura nuvem do ritualismo. Que contraste, então, quando o evangelho é ouvido pela primeira vez. Quão bendito é quando o Senhor abre os olhos do cego.