Salmos 79-87

Salmo 79 - Este salmo apresenta os efeitos das invasões dos exércitos do Rei do Norte, quando tiverem passado pela terra de Israel destruindo tanto a cidade de Jerusalém como o templo, em sua conquista a caminho do Egito (Daniel 11:40-42). Aqueles que fazem parte do remanescente judeu fiel clamam a Deus ao verem a terra de sua herança desolada pelos invasores que vêm do norte. Rogam que Deus derrame rapidamente o Seu juízo sobre eles.

Salmo 80- Enquanto aguardam pela intervenção de Deus, os que pertencem ao remanescente elevam uma tríplice oração pela restauração da nação (vv. 3,7,19 Almeida Versão Atualizada). Eles falam a Deus acerca da nação sob a bem conhecida figura de uma vinha, recordando-Lhe Seu maravilhoso cuidado para com eles nos tempos passados (vv. 1-11). Confusos e atribulados, eles perguntam o por quê de Deus haver permitido que ela fosse pisoteada por um javali selvagem os exércitos de gentios impuros do Rei do Norte) e queimada com fogo (vv. 12-16). Eles rogam que Deus tenha a Sua mão sobre o Varão da Sua destra (o Messias), reconhecendo que a única esperança de restauração encontra-se nEle (vv. 17-19).

Salmo 81 - Prevendo a sua restauração, o remanescente anela que seja soada a trombeta na lua nova (a festa das trombetas, Levítico 23), simbolizando a colheita e restauração nacional de Israel (vv. 1-5). Enquanto aguardam pela intervenção do Senhor, Ele fala lembrando-lhes que quando clamaram a Ele no passado, e Ele os livrou, rebelaram-se logo depois (vv. 6-16). Nisto testa a realidade do desejo que o povo tem por Ele. O Senhor testifica, então, que se eles tão somente escutassem à Sua voz e andassem em Seus caminhos, Ele certamente os livraria de todos os seus inimigos.

Salmo 82 - A presença de Deus é agora reconhecida em Israel. O Senhor retornou (a vinda de Cristo) em resposta ao clamor do remanescente no salmo anterior. Ele é visto julgando aqueles que se encontram em posição de autoridade na terra de Israel (o Anticristo, o obstinado rei, e outros oficiais do seu governo. Daniel 11:39). O julgamento deve começar pela casa de Deus (1 Pe 4:17). Aqueles que se colocaram numa posição de responsabilidade são julgados primeiro (v. 7). O Senhor aplicou este salmo ao tempo da Sua primeira vinda (Jo 10:34), mas não falou de julgamento naquela ocasião pois tinha vindo, então, em graça para salvar. Mas ao vir pela segunda vez, Ele executará juízo em Israel, começando com os legisladores judeus (apóstatas) responsáveis. Este salmo descreve, portanto, o julgamento que o Senhor executará no dia em que vier para livrar o remanescente.* Isto atende ao ponto n° 4 do sumário. O remanescente pede também que o juízo do Senhor se estenda às nações gentias da terra (v. 8).

[ Nota: *Deve-se notar que a Besta (a Confederação Ocidental) não é mencionada como sendo julgada aqui, embora o seja nessa ocasião. As nações ocidentais não são o assunto dos Salmos; Daniel e Apocalipse têm mais a ver com elas. J.N.Darby disse: “Parece-me que, pelo menos no que diz respeito aos resultados, que o Anticristo encontra-se fora de cena quando acontece o Salmo 83. Este salmo se cumpre após a destruição de todos os poderes da Besta”.#30#]

Salmo 83* - Tendo o Senhor retornado, Seus juízos continuam. Neste salmo Seu julgamento é visto estendendo-se (como foi pedido pelo remanescente em Salmos 82:8) às nações confederadas** sob o comando da Assíria, que devastou a terra. O juízo executado sobre essas nações é em razão de sua aversão ao povo terrenal de Deus, os judeus (vv. 1-8). Isto tem uma correlação com duas significativas vitórias na história de Israel (Baraque e Gideão, Juízes 4-8) quando Deus interveio em seu favor na planície de Megido (Armagedom). Aquelas vitórias prefiguravam o julgamento aqui mencionado (vv. 9-17). Isto pode atender o ponto n° 5. Como resultado das nações sob o comando dos assírios, o nome do Senhor torna-se conhecido sobre a terra (v. 18). “JEOVÁ”, nome revelado a Israel como o Seu nome relacionado ao concerto, é agora apresentado. A introdução do nome de JEOVÁ marca uma mudança no livro dos, assim chamados, salmos Eloístas para os salmos Jeovaístas. Do Salmo 42 ao 83, o clamor do remanescente foi dirigido a Deus (Elohim), mas do Salmo 84 em diante elas são dirigidas a JEOVÁ (“Senhor”, na versão Almeida). Isso indica que o remanescente foi libertado e está compreendendo as bênçãos do concerto que eles têm em Jeová.#31#

[ Nota: *J.N.Darby menciona, acerca do Salmo 83 em sua “Synopsis”, que essa confederação é a “última confederação”. Alguns tomaram sua afirmação como significando que essas nações confederadas se levantam no final com Gogue (Rússia), quando este ataca (Ez 38-39). Creio que isso seja uma compreensão errônea daquilo que Darby quis dizer. Mais adiante em sua “Synopsis” (a respeito de Obadias), ele menciona a “última confederação” atacando e destruindo Jerusalém! Gogue não fará isso. Ele atacará, mas quando o fizer a cidade será defendida pelo Senhor que terá então retornado para libertar o remanescente judeu fiel e restaurar as dez tribos de Israel. Naquela ocasião o Senhor bramará de Sião e destruirá Gogue e os exércitos que o seguirem. É preciso compreender o que Darby quer dizer quando usa a expressão “última confederação”. Trata-se da grande Assíria na profecia, que é uma imensa confederação que engloba tanto o Rei do Norte e sua Confederação Árabe (Salmo 83), como também Gogue (Ez 38:1-6). Gogue terá controle de toda a confederação. As nações no Salmo 83 são satélites de Gogue (Daniel 8:24). A totalidade da “última confederação” não ataca Israel ao mesmo tempo. O Rei do Norte, com sua Confederação Árabe (provavelmente enviada por Gogue), ao qual se refere este salmo, atacará primeiro e será bem sucedido em destruir a terra (Jl 2:1-11) e a cidade de Jerusalém (Sl 79:1-3; Zacarias 14:1,2) à medida que avançam em direção ao Egito (Daniel 11:40-43). Isto é algumas vezes chamado de primeiro ataque da Assíria. O segundo ataque da Assíria é quando Gogue (Rússia) e seus exércitos descem mais tarde e são destruídos pelo Senhor (Ez 38-39). Ambas são denominadas “última” pois a Confederação Ocidental (a Besta) já terá sido então julgada e estará fora de cena nessa ocasião. ]

[ Nota: ** Essa confederação de dez nações não é, evidentemente, a Besta, cujo império é também composto de dez nações (Apocalipse 13:1; 17:12). As nações confederadas sob o comando da Besta são originárias da Europa ocidental, enquanto que as nações neste salmo estão situadas imediatamente ao norte e leste de Israel. ]

Salmo 84 - O princípio deste salmo mais uma vez indica que o remanescente judeu fiel (as duas tribos, Judá e Benjamim) foi libertado. Corá (o mesmo que Coré) e seu grupo que foram destruídos, são uma figura dos judeus apóstatas que rejeitaram a Deus. Seus filhos os “filhos de Corá”) são uma figura do remanescente poupado (Nm 26:10,11). O salmo segue mostrando o exercício das dez tribos dispersas à medida que retornam à terra de Israel após a Confederação Árabe, sob o comando da Assíria (Sl 83), haver sido julgada.* O almejo por Deus se levanta entre eles. Como verdadeiros israelitas eles almejam pelo lugar terreno, como lhes é próprio, nos “átrios do Senhor” (vv. 1-4). Eles invejam os pardais e as andorinhas que encontraram lugar na casa de Jeová e desejam estar ali também. Anelando por Deus e por Sua habitação, os Seus eleitos, vindos dos quatro ventos (Mateus 24:31), começam uma jornada que os leva até lá (vv. 5-8). O versículo 5 poderia ser melhor traduzido como “Bendito o homem… cujo coração está nas estradas para Sião” (versão livre da tradução de J.N.Darby). Compare também Isaías 11:15,16; 19:23; 35:8-10; 49:9-12. Seu caminho os leva através do vale de Baca (“pranto”, conforme nota na tradução de J.N.Darby) indicando que haverá uma obra de arrependimento em seus corações à medida que retornam (Jr 31:9,18-21). Eles irão “de força em força” (v. 7 – N.T.: “de grupo em grupo” conforme versão utilizada pelo autor). Os peregrinos israelitas irão aumentando em número à medida que encontram outros grupos de seus irmãos no caminho, até existir uma enorme multidão dirigindo-se a Sião. O salmo termina com o desejo que têm de verem o Messias (“teu Ungido”), ao qual eles reconhecem como seu Sol e Escudo (vv. 9-12).

[ Nota: *“As dez tribos, pelo menos o remanescente delas, encontram-se na terra quando os últimos eventos estão ocorrendo. No Salmo 84 eles sobem outra vez a Jerusalém, e no Salmo 85 ocorre a restauração.” J.N.Darby.#32# ]

Salmo 85 - O remanescente de Israel é visto agora como tendo sido trazido dos quatro ventos (Mateus 24:31) para o favor de Jeová, com seus pecados perdoados e a ira de Deus desviada (vv. 1-3). O salmo segue para mostrar que haverá uma ulterior restauração, em suas almas, após terem sido exteriormente libertados e levados de volta à sua terra, antes que possam estar em liberdade para desfrutar das bênçãos do Reino#33# (vv. 4-7). A súplica ao Senhor, para que Sua ira seja desviada deles, indica que necessitam compreender a extensão do livramento que agora lhes pertence. Eles ainda não têm certeza de como está o coração do Senhor para com eles e, consequentemente, não estão em paz*. Para por um fim aos seus temores e acabar com suas dúvidas, o Senhor lhes fala de paz. Fala da grandeza da salvação que lhes foi trazida e os instrui no verdadeiro significado e valor da cruz, onde a misericórdia e a verdade se encontraram, e a justiça e a paz se beijaram (vv. 8-10). Como consequência, o remanescente aprende que a obra consumada de Cristo na cruz é o fundamento para as bênçãos do Reino e que dela podem desfrutar pois lhes pertencem (vv. 11-13). Os Sl 84 e 85 atendem ao intervalo entre os pontos 5 e 6.

[ Nota: *Talvez seja algo como os irmãos de José que, após terem sido restaurados a ele, ainda não estavam certos de seu favor para com eles (Gênesis 50:15-21).#34# ]

Salmo 86 - Este salmo mostra que embora o restante de Israel (as dez tribos) tenha retornado à sua terra (Sl 84) e sido restaurado ao Senhor (Sl 85), ainda permanecem sem um completo descanso em sua herança prometida.* A angústia resultante de terem estado cercados de inimigos (“as assembleias dos tiranos”, v. 14) os leva a clamar ao Senhor por sua preservação (vv. 1-7). Eles expressam a confiança no Senhor, de que Ele Se levantará em poder para abater seus inimigos até que todas as nações sejam subjugadas e postas sob Ele (vv. 8-10). O reconhecimento que têm do poder do Senhor é indicado pelo fato de usarem sete vezes o nome “Senhor” (Adonai, no original) que se refere ao exercício do Seu todo-poderoso senhorio, ao invés de “SENHOR” (Jeová, no original) que é o Seu nome relativo ao concerto. Eles trazem à memória a maravilhosa libertação, operada pelo Senhor em favor deles, ao destruir seus inimigos anteriores, e confiam que Ele agora fará o mesmo às “assembleias dos tiranos” que se levantaram contra o remanescente (vv. 13-17). O inimigo (“os tiranos”) nessa ocasião são os assírios que na sua forma final é a Rússia.** A profecia revela que são as hordas russas (Gogue) que descerão do norte numa tentativa de derrotar o Israel recém-reunido (Ez 37-39, principalmente Ez 38:11,12). O seu caráter de ímpio ateísmo é revelado no fato de não colocarem o Senhor diante dos seus olhos (v. 14). Isto atende ao ponto n° 6.

[ Nota: *“O salmo é essencialmente o piedoso apelo, a Jeová, do remanescente de Israel que retornou à terra.” J.N.Darby (“Synopsis of the Books of the Bible”). ]

[ Nota: ** “Creio que o homem ímpio seja o Anticristo; o homem violento os “tiranos” - versão Almeida), os inimigos subsequentes dos judeus, os assírios.”#35# “Gogue será a última forma dos assírios.”#36# Homens violentos (ou “tiranos”) é um título apropriado para os assírios. Eles eram particularmente conhecidos por sua violência e crueldade (Jn 3:8). ]

Salmo 87* - todos os inimigos são vistos como derrotados. Sião (Jerusalém) é agora restabelecida na terra como a cidade de Deus (vv. 1-3). O remanescente de Israel (as dez tribos) fica sabendo das várias nações como Raabe (Egito, Isaías 51:9; Salmos 89:10), Babilônia (a Besta, os poderes ocidentais), e outras que foram julgadas antes que voltassem à terra. Eles não estavam na terra quando essas nações foram julgadas e portanto aprendem acerca disso após o fato já haver ocorrido (v. 4). Com o início do Milênio** a fama do povo de Jeová se espalhará por todo o mundo (Is 61:9) como tendo nascidos de Deus e conectados por graça com Sião (v. 4). O Senhor manterá um registro de cada um dentre as nações (“os povos”, cf. tradução J.N.Darby) que serão também nascidos de novo (v. 6). O versículo final indica que todo o gozo terrenal terá a sua origem e será centralizado em Sião (v. 7).

[ Nota: *Historicamente, parece que este salmo foi escrito após a libertação de Jerusalém, quando os exércitos de Senaqueribe, o rei da Assíria, foram destruídos (2 Cr 32:21-23). Se isto é certo, a correta colocação deste salmo é bastante significativa pois Senaqueribe é um bem-conhecido tipo de Gogue (Rússia). Após os exércitos de Gogue terem sido julgados (Sl 86), a glória do Reino de Sião é revelada (Sl 87), como estando associada com o Altíssimo. ]

[ Nota: ** O fato do Milênio ter tido início é indicado pelo uso do nome “Altíssimo” para o Senhor (v. 5), o que implica Ele haver tomado posse dos céus e da terra (Gênesis 14:19; Salmos 2:8). ]

Há muitos outros esboços nos Profetas e nos Salmos que poderiam ser incluídos neste livro para confirmar a ordem da profecia, mas o tempo e o espaço não o permitem. Os esboços acima são suficientes para nosso propósito.