Pregando aos Católicos em Glasgow
Isto me faz lembrar a maneira extraordinária como os católicos romanos me defenderam no Mercado do Sal, em Glasgow. Aconteceu mais ou menos da seguinte maneira. Certo dia, ao chegar a Glasgow, vindo de Birmingham, um amado amigo cristão caminhava junto comigo indo ao Mercado de Sal, um grande espaço aberto onde, naquela época, eram frequentes as pregações e palestras de todo tipo. Um idoso ministro escocês estava pregando. Ele estava suplicando às pessoas que se apressassem em abandonar seus pecados, tornando-se boas, religiosas e sóbrias; e finalmente pediu a todos que frequentassem a igreja escocesa e, até mesmo, que o acompanhassem à tal igreja.
Quando terminou, levantei-me dizendo que havia viajado quase 500 quilômetros e que gostaria de acrescentar algumas palavras; eu deveras tinha o desejo de dizer algo a eles. Não creio que alguém tenha saído dali para ir à igreja indicada pelo outro pregador, mas todos escutaram com viva atenção; e a multidão começou a se ajuntar vinda de todas as direções. Não achei que seria sábio dizer-lhes o que pensava da pregação que tinham acabado de ouvir, mas preferi abordar o assunto da seguinte maneira, dizendo-lhes:
— Vocês acabaram de ouvir o que este idoso pregador disse a vocês; e agora, será que vocês não seriam mais felizes se fizessem conforme ele lhes disse? Não seria muito melhor para cada um de vocês se abandonassem seus pecados e se tornassem pessoas sóbrias, santas e religiosas? Acaso vocês não sabem que seria muitíssimo melhor para vocês se fossem santos; sim, tão santos que estivessem prontos para o céu, tendo a certeza de estar indo para lá? Será que existiria algo que pudesse fazer vocês mais felizes do que a certeza absoluta de irem para o céu?
Foram muitas as expressões de afirmação.
Mas — continuei — digam-me: Acaso muitos de vocês já não tentaram fazer isso que o pregador disse que fizessem? Vocês tentaram abandonar todos os pecados e tentaram tornarem-se santos. Vocês almejaram estar prontos para o céu e fracassaram completamente. Alguns de vocês têm se sentido como se não valesse mais a pena tentar. Vocês se sentem como se ficassem cada vez pior. Vocês vão à igreja e tentam ser religiosos, mas não saem de lá nem um pouquinho melhor. Vocês anseiam fazer o que aquele pregador lhes disse, mas vocês fracassam ao tentar. Porventura não é esta a pura verdade?
As pessoas pareciam ter sido imediatamente convencidas. Então eu disse (dou aqui a essência na medida do que posso me recordar):
— Viajei quase 500 quilômetros para dizer-lhes isto: Deus sabe de nossa total incapacidade; de nossa condição culpada. Sim, Ele nos viu não somente culpados, mas sem forças para melhorar, assim como vocês mesmos já experimentaram. Ele nos viu perdidos, e não era para estarmos perdidos se pudéssemos nos auxiliar a nós mesmos. Um navio em meio às ondas que correm velozes em direção aos recifes não se encontra perdido se a tripulação tiver a mínima esperança de alcançar o porto. Mas vejam: toda a esperança se foi; o navio chegou aos recifes; ele vai se despedaçar. Então, se for para alguém ser salvo ali, terá que ser pelo barco salva-vidas. Vocês estão perdidos! Cada esforço que fazem para tentarem se salvar apenas prova que vocês estão perdidos , PERDIDOS! Oh, para vocês JESUS é o barco salva-vidas que foi enviado! Sim, Deus enviou Seu Filho para "buscar e salvar o perdido".
Abri, então, as Escrituras, e mostrei-lhes como Deus os amou de tal maneira, perdidos em seus pecados, sem esperanças, e enviou Seu Filho para fazer propiciação pelo pecado. E se eles já tivessem aprendido que não poderiam alcançar santidade ou justiça por suas obras ou por seus próprios esforços, eu tinha agora uma gloriosa mensagem para lhes declarar: o perdão gratuito de seus pecados, por meio de Jesus Cristo o Senhor. Então encerrei, já que estava ficando tarde, todavia não houve uma pessoa que se movesse, e rogaram-me que continuasse falando mais dessas benditas novas. Tive que pregar novamente, devo dizer, por mais uma hora inteira.