O Apóstolo Tiago
Zebedeu e seus dois filhos, Tiago e João, estavam seguindo sua ocupação habitual no mar da Galileia quando Jesus passava por ali. Vendo os dois irmãos, “logo os chamou. E eles, deixando o seu pai Zebedeu no barco com os jornaleiros, foram após ele.” (Marcos 1:20). Pedro e André também estavam lá. Foi nessa ocasião que o Senhor pediu a Pedro para se lançar às águas profundas e tentar, mais uma vez, pegar peixes. Pedro se inclina à razão: eles tinham sido muito mal sucedidos na noite anterior. Mesmo assim, pela palavra do Senhor, a rede foi lançada. “E, fazendo assim, colheram uma grande quantidade de peixes, e rompia-se-lhes a rede.” (Lucas 5:6) Espantado, Pedro acenou a seus parceiros para que fossem e o ajudassem a trazer os peixes à terra.
Uma plena convicção de que Jesus era o verdadeiro Messias foi, então, levada às mentes daqueles quatro jovens. Eles podem ter tido dúvidas antes, mas não têm nenhuma agora. Ao chamado de Jesus eles deixam tudo e se tornam, de uma vez para sempre, Seus discípulos. Daí em diante se tornariam “pescadores de homens”. Em toda lista que temos dos apóstolos estes quatro nobres homens são citados primeiro (Mateus 4:17-20; Marcos 1:16-20; Lucas 5:1-11)
Esse é o chamado de Tiago ao discipulado. Mais ou menos um ano depois ele é chamado ao apostolado com seus onze irmãos (Mateus 10, Marcos 3, Lucas 6, Atos 1)
Pedro, Tiago, João e ocasionalmente André sempre foram os companheiros mais íntimos do bendito Senhor. Somente os três primeiros foram convidados a testemunhar da ressurreição da filha de Jairo (Marcos 5; Lucas 8). Os mesmos três apóstolos foram, somente eles, permitidos a estarem presentes na cena da transfiguração (Mateus 17, Marcos 9, Lucas 9). Foram os mesmos três que testemunharam Sua agonia no Getsêmani (Mateus 26, Marcos 14, Lucas 22). Mas os quatro, Pedro, Tiago, João e André, estão juntos quando perguntam ao Senhor em particular sobre a destruição do templo (Marcos 13).
Assim como a mudança - ou acréscimo - ao nome de Pedro, os filhos de Zebedeu são apelidados de Boanerges, ou “filhos do trovão”. Grande ousadia e fidelidade pode ter apontado Tiago para Herodes como o primeiro a ser detido e silenciado. Não é estranho que “o filho do trovão” e o “homem-pedra” sejam os primeiros a serem apreendidos. Mas Tiago tem a honra de ser o primeiro dos apóstolos que receberam a coroa do martírio em 44 d.C., tendo Pedro sido resgatado por um milagre.
A inveja de uma mãe e a ambição de seus filhos levam Salomé a pedir por lugares distintos no reino para seus dois filhos. O Senhor permitiu que o pedido passasse por uma repreensão muito leve, mas disse aos irmãos que eles deveriam tomar de Seu cálice e serem batizados com Seu batismo. Tiago foi chamado bem cedo para cumprir esta predição. Após a ascensão, ele é visto em companhia dos outros apóstolos em Atos 1. Então ele desaparece da narrativa sagrada até sua apreensão e morte em Atos 12. E lá é simplesmente dito, na breve linguagem do historiador inspirado, que o rei Herodes matou Tiago, irmão de João, com a espada.
Clemente de Alexandria relata uma tradição sobre o martírio de Tiago que não é algo improvável de ter realmente ocorrido. Enquanto era levado para o lugar de execução, o soldado ou oficial que o tinha guardado para o tribunal, ou melhor, seu acusador, estava tão comovido pela coragem e ousada confissão de Tiago no momento de seu julgamento que se arrependeu do que tinha feito. Então ele foi e prostrou-se ao pé do apóstolo, pedindo perdão pelo que tinha dito contra ele. Tiago, um pouco surpreso, o levantou, o abraçou e o beijou, e disse: “Paz, meu filho, paz seja contigo, e o perdão de tuas falhas.” Antes disso, ele publicamente tinha professado ser um cristão, e assim ambos foram decapitados ao mesmo tempo. Assim caiu Tiago, o proto-mártir apostólico, alegremente tomando o cálice que ele tinha a muito tempo dito ao seu Senhor que estaria pronto para beber. 2