A Religião do Islã

Assim, a nova religião anunciada era o Islã — uma palavra que significa submissão ou resignação à vontade de Deus. Sua doutrina foi resumida em seu próprio aforismo: “Não há Deus se não o verdadeiro Deus, e Maomé é seu profeta”. Os seis principais artigos na fé teórica do Islam eram: (1) crença em Deus, (2) em Seus anjos, (3) em Suas escrituras, (4) em Seus profetas, (5) na ressurreição e no dia do juízo, e (6) na predestinação. A parte prática do credo do profeta era igualmente irrepreensível, de acordo com os pensamentos prevalentes da observância religiosa da época, e abrange quatro grandes preceitos: (1) orações e purificação; (2) esmolas; (3) jejum; e (4) a peregrinação a Meca, que era considerada tão essencial que qualquer um que morresse sem realizá-la poderia ser equivalente a ter morrido como um judeu ou um cristão.

O único artigo realmente novo e surpreendente na religião do Islã era a missão divina de Maomé como o apóstolo e profeta de Deus. Mas nessas aparências justas é mais manifesta a obra de Satanás. Tais princípios simples e elementares não fariam violência a ninguém, mas enganariam muitos. A história claramente prova que suas opiniões mudaram com seu sucesso, e que sua violência e intolerância aumentaram com seu poder, até ter se tornado uma religião da espada, da pilhagem e da sensualidade. “Ele foi um pregador gentil”, diz Milman, “até ter desembainhado a espada”. A espada, uma vez desembainhada, é o argumento impiedoso. Em certa época encontramos o amplo princípio da tolerância oriental explicitamente declarado: a diversidade de religiões é atribuída à ordenação direta de Deus, e todos compartilhavam o mesmo ideal. Mas o Alcorão gradualmente retrai todas essas sentenças mais suaves e assume a linguagem de superioridade insultante ou de aversão não disfarçada. Mas, embora o Alcorão tenha muitos pontos de semelhança tanto com o judaísmo quanto com o cristianismo, pensa-se que Maomé não conhecia o Antigo e o Novo Testamento — que ele, na verdade, tirou seu material de lendas talmúdicas, dos evangelhos espúrios e de outros escritos heréticos, misturados às velhas tradições da Arábia.

Os primeiros convertidos que Maomé ganhou para sua nova religião estavam entre seus amigos e relações próximas, mas a obra de conversões prosseguiu bem devagar. Ao final de três anos seus seguidores somavam somente quatorze. Não contente com seu progresso, ele resolveu fazer uma declaração pública de sua religião. Ele primeiro chamou sua própria família para que o reconhecessem como um profeta de Deus, e, tendo sido aceito como o profeta pela sua família, também aspirou ser profeta de sua tribo. Mas suas exigências foram recusadas pelos coraixitas, suas pretensões foram desacreditadas, e ele mesmo e seus seguidores foram perseguidos.