O FILHO DE DEUS
Sua Deidade, Encarnação, e Humanidade
INTRODUÇÃO
Desde o advento do Filho do Deus no mundo que as Suas mãos tinham feito, a Sua Pessoa foi objeto de incessante ataque pelo Seu inimigo mortal o diabo. Além disso, na carne com sua imutável inimizade contra Deus, o diabo sempre encontrou um instrumento pronto para empreende a sua guerra contra Aquele que foi manifestado para destruir as obras do diabo.
Por outro lado, durante o longo período de ausência de Cristo, o Espírito Santo tem sido a testemunha permanente da glória do Filho. Guiando os crentes em toda a verdade, e mostrando a eles as coisas de Cristo, Ele os modelou em vasos preparados para expressar a graça e a perfeição de Cristo.
E assim como “o dia declina” e “vão se estendendo as sombras da tarde”, como os ataques se tornam mais persistentes, e a batalha se torna mais feroz, assim também se torna mais imperativo que todo santo autêntico dê um testemunho claro e inequívoco da glória do Filho de Deus. O amor não estará contente com nenhum som incerto quanto Àquele a quem devemos toda a bênção hoje e eternamente. O amor estará muito zeloso de qualquer menosprezo lançado sobre a fama Daquele de quem todo crente pode dizer “o Filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.
A discussão sobre um tema tão santo todos desaprovariam. Os nossos instintos espirituais nos advertem que discutir sobre a Sua Pessoa é perder o contato com Ele. Quem poderia discutir a Pessoa de Cristo na presença de Cristo?
Por isso que possamos também todos nós sentir o perigo de sermos atraídos para a controvérsia sobre um tema tão santo, muito embora seja em honesta diligência para encontrar e expor o erro. A história, passada e presente, não nos advertem que muitas vezes aqueles que se levantam para combater uma heresia caem em uma heresia oposta? A palavra é “diligentemente batalhar pela fé”, embora de vez em quando possa parecer como se tivéssemos interpretado essa Escritura como uma exortação para combater diligentemente o erro. Estamos longe de dizer que nunca devemos combater o errado; mas vamos nos lembrar que em assim fazendo estamos ocupados com o que a mente do homem propôs, e por isso estamos em perigo de pensar que podemos descobrir a mente do homem pelo poder da nossa própria mente. No combate pela fé estamos ocupados com o que o Deus revelou, e a própria grandeza da verdade nos lança sobre Deus; e, lançados sobre Ele, podemos contar com o Seu suporte.
Por isso, enquanto sentimos o perigo da discussão ou controvérsia devemos também sentir a constante necessidade de combater pela fé.
Ao contendermos pela verdade devemos nos voltar inevitavelmente à Escritura da verdade, nos lembrando que está escrito: “Não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus” (1 Coríntios 2: 12). Através da frouxidão da afeição podemos não conseguir aproveitar do que é revelado; ou através da atividade da nossa mente podemos ir além do que está escrito. Podemos então tomar conhecimento, buscando com apressada afeição, e com a mente controlada pelo Espírito entrar mais plenamente em tudo o que foi revelado acerca da Pessoa do Filho sem ir além daquilo que está escrito. Contemplar a glória do Filho, a maravilha da encarnação, ou perfeição da Sua humanidade, é entrar em uma região onde a especulação humana, e as nossas próprias conjeturas, não devem ter lugar. Na presença da Sua glória o próprio Serafim dobra as suas asas sobre a sua face, os profetas enrolam seu manto sobre a sua face, e Moisés, o homem de Deus, tira os seus sapatos dos pés. E embora neste dia da graça vejamos a glória do Senhor “com o rosto descoberto”, faça com que isso seja com “os pés descalços” para que nos aproximemos dos mistérios santos que envolvem a Sua Pessoa.
Entre os muitos privilégios dados ao povo do Senhor nenhum pode ser maior do que o de manter a glória do Filho em meio às sombras que se estendem pela aproximação da apostasia. Possamos nós ser achados como administradores fiéis dos mistérios de Deus, e fortalecidos nessa graça que sozinha nos capacitará a eliminar a nós mesmos, tornando tudo de Cristo, e “O COROANDO COMO O SENHOR DE TUDO”.