Uma Palavra Sobre Noivado
UMA PALAVRA SOBRE NOIVADO
"…e foi-lhe ela por mulher e amou-a" (Gênesis 24:67). Tal é o grande clímax para esta maravilhosa história de amor encontrada na Palavra de Deus, a qual nós gostaríamos de considerar em conexão com sua aplicação prática para esta importante decisão na vida dos jovens cristãos.
Costuma-se dizer que todos buscam a satisfação de suas afeições e, maravilha das maravilhas, Deus é amor e deseja encontrar a satisfação de Suas Divinas afeições na bênção do homem redimido. Cristo, o Filho bendito de Deus em Humanidade, terá uma esposa como o objeto do Seu amoroso coração por toda a Eternidade. A alma que aprendeu isto e experimentou do Seu amor, encontrou a verdadeira felicidade, ou seja, a verdadeira porção de satisfação, a qual terá seu grande clímax no "casamento do Cordeiro" que se dará no Céu.
Quando pensamos neste precioso amor de Cristo pela Sua Igreja, o qual nos é dado como padrão — o antítipo — do amor do marido pela sua esposa, vemos quão profunda consideração por este amor devem ter aqueles que estão no relacionamento conjugal. Uma leitura em oração do capítulo 5 deEfésios será de grande proveito.
Entretanto, é com o pensamento voltado para Gênesis 24 que escrevemos estas linhas, tendo como tema os eventos que nos levam para o relacionamento matrimonial. Que história de amor encontramos aqui, cheia de instruções preciosas para nós, pois é um lindo quadro do trabalho do Espírito de Deus (sendo representado aqui pela pessoa do servo de Abraão) a buscar uma noiva para Cristo. Se você que está lendo estas linhas ainda não é salvo, nossa oração é que possa ser trazido a enxergar a sua necessidade de um Salvador. O Espírito de Deus está procurando dirigi-lo a Cristo, que não somente irá limpá-lo de todos os seus horríveis pecados no Seu precioso sangue, mas fará de você parte da Sua gloriosa noiva, que se manifestará juntamente com Ele, naquele dia. Por que continuar nos seus pecados, com julgamento certo diante de você, quando poderia ser tão abundantemente abençoado? Por que não dar ouvidos às Suas súplicas de amor agora mesmo dizendo, como fez Rebeca em nosso capítulo, "Eu irei"?
Outro ponto que gostaria de mencionar antes de entrar em nosso assunto, é que nós nos regozijamos grandemente na fé daqueles que têm vivido acima de uma relação matrimonial, com o fim de servir ao Senhor mais diligentemente. Este é o "melhor" caminho (1 Coríntios 7:38), e seja ele por causa da "instante necessidade" (1 Coríntios 7:26); porque não pudesse ser "no Senhor" (1 Coríntios 7:39) ou pelo desejo de servir ao Senhor sem distração alguma (1 Coríntios 7:35), o Senhor recompensará abundantemente tal devoção, no dia vindouro. Nós acreditamos, entretanto, que permanecer solteiro por razões egoístas, ou para escapar das preocupações que o casamento traz, não é de Deus, pois Ele diz: "Não é bom que o homem esteja só" (Gênesis 2:18), e também: "Quero pois que as que são moças se casem" (1 Timóteo 5:14). Sem dúvida é considerada como sendo uma doutrina de demônios a proibição do casamento (1 Timóteo 4:1-3).
Vendo então que Deus na Sua bondade tem instituído este relacionamento que pode trazer tamanha felicidade (ou infelicidade, quando fora da Sua vontade) tanto para o marido como para a mulher, podemos estar seguros de que Ele não nos abandonou à nossa própria sabedoria ou na dependência de nossos pensamentos para sabermos que passos devemos dar.
Por toda a Sua Palavra Ele nos mostra que devemos colocar de lado toda a sabedoria humana, se quisermos verdadeiramente conhecer Sua vontade para nosso caminhar. Deixemos de lado nossos próprios pensamentos e escutemos a Deus que disse: "Agora, pois, filhos ouvi-me, porque bem aventurados serão aqueles que guardarem os meus caminhos" (Provérbios 8:32).
Sabemos que entre a maioria dos jovens, e especialmente nos dias de hoje, existe um desejo de se ter um namorado ou namorada. Frequentemente, sem nos darmos conta disso, somos afetados pela forma de pensar de nossa geração, e estamos sujeitos a sermos arrastados sem o percebermos. Mas não vamos nos esquecer de que, como cristãos, temos um Guia para nossa juventude e Ele possui toda sabedoria. Sim, a Pessoa cujo nome é Sabedoria, tem seu prazer nos filhos dos homens (Provérbios 8:31) e nos pede que O escutemos e que esperemos por Suas instruções. O desejo de se ter um namorado ou namorada é perfeitamente natural, mas quão frequentemente nossos desejos naturais nos afastam do propósito de Deus para conosco!
Deus, que colocou o amor natural em nossos corações, nos ensina em Sua Palavra que, desde que o pecado entrou no mundo, nossos corações naturais não são dignos de confiança.
Deus usa uma linguagem bem clara sobre isto, quando diz: "O que confia em seu próprio coração é insensato" (Provérbios 28:26).
Não ousemos acreditar em nossos corações, pois se assim o fizermos Deus nos chamará de insensatos, e isto é algo muito solene. Nós que somos salvos e que temos por graça nossos corações purificados pela fé, devemos estar imensamente gratos por nossos corpos, dessa hora em diante, não estarem mais sujeitos ao controle de nossa velha natureza e de nosso degenerado coração! Pertencemos Àquele que nos redimiu por um preço infinito e devemos apresentar nossos corpos como sacrifício vivo a Ele. Então poderemos provar Sua "boa, agradável e perfeita vontade" em nossas vidas (Romanos 12:1,2).
Sendo assim, querido jovem, o fato de termos um tal desejo, ou porque é natural ter um namorado ou namorada, não é motivo suficiente para tomarmos alguma atitude. Nossos corpos não nos pertencem e não devemos nos esquecer disto. Precisamos da direção de Deus. Devemos ouvir a Sua voz e esperar n’Ele. Se você não ouvi-lo e nem esperar no Senhor, querido crente, então seu arquiinimigo Satanás, que conta com longa experiência em tratar com a natureza humana, irá dispor de planos cuidadosos e bem traçados para fazer com que você tropece a fim de arruinar sua juventude. E nossos corações se lamentam quando vemos quão frequentemente Satanás tem sido bem sucedido. Que você possa ouvir a voz de Deus nos dias de sua juventude, antes que o seu lamento se junte ao de outros e tenha que dizer: ‘Como aborreci a correção e desprezou meu coração a repreensão e não escutei a voz dos meus ensinadores, nem a meus mestres inclinei o ouvido!" (Provérbios 5:12-13).
Peço-lhe que abra sua Bíblia e leia cuidadosamente o vigésimo quarto capítulo de Gênesis. Peço ainda que considere as poucas observações que eu gostaria de fazer acerca deste capítulo. Desejo fazê-las em amor e acredito que possa responder, com algum entendimento, a alguns de seus problemas e anseios.
O texto nos apresenta uma família de fé; uma daquelas famílias sobre as quais lemos em grande parte da Palavra de Deus. Muitos anos antes dos eventos de nosso capítulo, Abraão e Sara tinham deixado seu país e parentes pela chamada de Deus, indo para uma terra sobre a qual eles nada conheciam. Muitos testes e provações e mesmo fracassos tinham marcado seus caminhos, mas eles estavam caminhando por fé e sabiam que Deus era digno de completa confiança. Deus sempre foi fiel e os abençoou abundantemente. Ele deu-lhes um filho, a quem muito amavam e ao qual chamaram Isaque. Que privilégio foi para Isaque haver nascido em um lar como aquele, embora ele possa não ter compreendido totalmente tal privilégio nos dias de sua juventude. Viver como um peregrino talvez não tenha sido muito agradável para nosso querido Isaque, e é provável que ele tenha se perguntado: "Por que isto?" ou "Por que aquilo?". Quando se tornou mais velho, seus problemas aumentaram, pois seu pai não queria que se casasse com uma das jovens da terra onde ele habitava, pois elas não eram filhas da fé. Além disso, estou certo de que seu pai, que "ordenou seus filhos e sua casa após si" (Gênesis 18,19), não permitiu ao seu filho que as buscasse mesmo que fosse "apenas para se divertir", pois isto seria certamente um passo na direção errada. Ele não deveria ser como os outros jovens da sua terra, pois tinha um pai prudente e cuidadoso que o amava. Seus desejos naturais deveriam ser mantidos sob controle, pois um dos frutos do Espírito é temperança ou domínio próprio (Gálatas 5:22). Seu pai o tinha recebido como que da morte (Hebreus 11:19), e desejava que seu filho caminhasse no caminho da fé, com uma companheira adequada para tal caminho. Nenhuma outra pessoa serviria.
Abraão, portanto, chamou seu servo, ao qual tinha confiado todos os seus bens, e fez com que prometesse que não iria escolher uma esposa para seu filho dentre as jovens pagãs da terra onde habitavam. Como já havíamos notado, este servo é um tipo do Espírito Santo de Deus, que nos foi dado para nos guiar em toda a verdade (João 16:13). Se buscarmos a direção de Deus em tudo o que fizermos, quão maravilhosamente iremos experimentar e provar as bênçãos do Senhor! Assim como o servo de Abraão tinha sido colocado sobre tudo o que ele tinha, assim o Espírito de Deus tem prazer em trazer diante de nós todas as bênçãos em Cristo, que fluem do coração de Deus nosso Pai, a guiar-nos em caminhos certos onde podemos desfrutá-las. Em lugar de o próprio Isaque sair à procura de uma noiva, encontramos o servo fazendo isto. Não é isto uma lição para nós? Não siga o seu próprio desejo, amado jovem cristão, porque para saber quem é a companheira certa para você, é preciso que peça ao Senhor para guiá-lo pelo Seu Espírito. E devemos notar que o Espírito de Deus e a palavra de Deus não podem andar separados. O Espírito de Deus nunca nos dirigirá contrariamente a Sua Palavra; nunca! Em todo o nosso capítulo, notamos que o servo de Abraão atuou na obediência ao seu senhor e isto para bênção de Isaque. Oh! amados jovens, quão importante é isto! Quão necessário é que você seja guiado pelo Espírito de Deus em cada passo ao encontro de uma companheira. Deus sabe tudo sobre você e pode guiá-lo e dirigi-lo como nenhum outro.
Não foi uma jornada fácil descer até a Mesopotâmia onde ele encontraria a família da fé. Era uma distância de várias centenas de quilômetros que, naquela época, tratava-se de um longo caminho a trilhar. Assim também, nos dias de hoje, existem muitos problemas para um jovem encontrar aquela que será a sua companheira, mas a fé espera no Senhor e receia dar um passo sem Ele. Talvez o servo de Abraão tenha perguntado se poderia levar Isaque a Mesopotâmia, no caso de não encontrar uma esposa para ele. "Não", disse Abraão, "cuide de não levar meu filho de volta para lá novamente". E ele fez seu servo prometer isso. Se alguém já conheceu o valor do lugar e o privilégio de se estar reunido ao nome do Senhor Jesus Cristo, não irá querer retornar para qualquer outra posição, a fim de encontrar uma esposa ou esposo, e muito menos para casar-se com algum incrédulo. Era melhor, muito melhor, cruzar o deserto sozinho em seu caminho de volta, do que tomar o caminho da desobediência para com seu Senhor. Querido jovem, está isto bem estabelecido em sua mente? Pode parecer difícil, como deve ter sido para Isaque e para o servo de seu pai, contemplar tal possibilidade, mas isto tinha que ser algo bem estabelecido antes que o servo tomasse qualquer iniciativa.
"Mas é grande ganho a piedade com o contentamento" (1 Timóteo 6:6). "Os meus tempos estão nas tuas mãos" (Salmo 31:15). O desejo de escolhermos nossos próprios caminhos é a raiz de todos os pecados e tem ocasionado muita tristeza na vida de um grande número de jovens cristãos. Busquemos graça para aprendermos que a submissão à vontade de Deus é o primeiro princípio real de vida e testemunho cristão. Quando Paulo de Tarso viu o Senhor em glória, imediatamente disse: "Senhor, que queres que eu faça?" (Atos 9:6). Que seja esta a expressão de nossos corações diariamente!
Existe também outra lição relacionada com a pergunta do servo de Abraão, sobre o que deveria fazer caso a mulher não estivesse disposta a voltar com ele à terra de Canaã. Se assim fosse, ele não deveria levar Isaque até o lugar onde ela morava. Às vezes, quando um jovem vai se casar com uma jovem, descobre que ela não está disposta a deixar sua cidade a fim de ir até onde ele está. Eu acredito que temos aqui a sabedoria de Deus mostrando-nos que se ela agir dessa maneira é porque não ama o suficiente seu provável marido ao ponto de deixar o lar de seus pais e aqueles a quem ama, por sua causa. Em um caso como este nunca poderão esperar a bênção de Deus! É como se a jovem desejasse tomar o lugar da cabeça neste assunto, e isto nunca surte efeito prático, além de não estar de acordo com o pensamento de Deus (1 Coríntios 11:3). Além disso, tal atitude geralmente leva a um descontentamento ou inquietação e não à felicidade. A ordem de Deus que nos é dada aqui é, como sempre, a melhor, e podemos estar gratos por tal instrução para nosso caminho.
Com este assunto bem estabelecido em sua mente, o servo iniciou a longa jornada para a Mesopotâmia. Pode nos parecer estranho que toda a jornada transcorre em apenas um versículo. É ainda mencionado que o servo levou dez camelos e o número dez, nas Escrituras, representa responsabilidade do homem para com Deus. Além disso, aqui nos é trazido mais uma vez à memória que todos os bens de Abraão estavam nas mãos do servo. Você não ficará correndo de um lado para o outro a fim de ver todas as jovens que estão disponíveis e tampouco terá pressa ou pensará que o tempo de espera está sendo muito longo, se levar em conta duas coisas: Primeiramente, você é responsável para atuar corretamente diante de Deus; em segundo lugar, que o seu coração, bem como o de todos, encontra-se nas mãos d’Ele, e que Ele sozinho pode fazer com que você chegue à companheira certa. Dessa maneira, todo o tempo gasto para encontrar a companheira certa transcorre em apenas um versículo. Que lição, querido jovem, e quantos desapontamentos você irá poupar se ponderar estas coisas em seu coração! Alguns de nós aprendemos isto de um modo duro, mas Deus é fiel e Ele diz: "Os que esperam em Mim não serão envergonhados" (Isaías 49:23).
Quando o servo aproximou-se com seus camelos do poço que estava perto da cidade de Naor, fez com que se ajoelhassem. Então orou ao Senhor pedindo que o guiasse na escolha. Ele já tinha tudo bem definido em sua mente e pediu ao Senhor que o dirigisse à jovem que havia de ser escolhida. Qualquer jovem cristão que lê sua Bíblia atenciosamente aprenderá a notar a cortesia (1 Pedro 3:7,8), amabilidade e diligência (Provérbios 31:10-31) de uma jovem piedosa. Se faltarem tais atributos, ele deveria questionar se aquela seria a companheira certa. O servo pediu ao Senhor que o dirigisse à jovem que tivesse tais características e é importante vermos onde ele procurou por ela. Não foi na rua movimentada de uma cidade, mas ao lado de um poço. Isto no faz pensar no lugar onde a Palavra de Deus é lida e comentada, O Senhor Jesus Cristo disse "Porque a água que Eu lhe der se fará nele, uma fonte d’água que salte para a Vida Eterna" (João 4:14). Você não poderá esperar encontrar a companheira certa no lugar errado. Você a encontrará no caminho da obediência à Palavra, tipificada aqui pela água do poço (veja Efésios 5:26).
Além disso, o servo pediu que pudesse não somente encontrar a pessoa certa, pela sua cortesia, amabilidade e diligência, mas pelo fato de que ela o refrescasse, e também desse de beber aos seus camelos, ajudando-o em sua jornada como convinha a uma verdadeira auxiliadora. Algumas jovens não ajudam espiritualmente os jovens que por elas se interessam, porém os prejudicam, impedindo seu crescimento nas coisas do Senhor. Querido jovem crente, se você encontrar a companheira certa, irá descobrir que ela refrescará sua alma no Senhor e, se ela não o fizer desde o princípio, então tenha cuidado. Enquanto o servo estava orando e pedindo a direção do Senhor, Rebeca chegou-se até o poço. Ele então cortesmente aproximou-se e pediu-lhe de beber do seu cântaro. Ela respeitosamente deu-lhe de beber e se ofereceu para tirar água para seus dez camelos. Que árdua tarefa foi esta, retirar água para dez camelos! Mas ela a executou rapidamente e de boa vontade. O servo pôde somente admirar em paz enquanto ela realizava esta tarefa. Sua oração havia sido mais do que respondida. Ele não havia pedido por boa aparência, porque a beleza é somente superficial, mas havia buscado a beleza que é interior, e que permanece; como nos dizem as Escrituras: "Vã é a graça e enganosa a formosura, mas a mulher que teme ao Senhor essa será louvada" (Provérbios 31:30). Mas agora o servo havia encontrado a beleza que permanece em uma donzela que era "formosa à vista". Como o Senhor se regozija em exceder em Suas promessas, e nos dar mais do que aquilo que pedimos ou pensamos!
É notório aqui que todas as iniciativas foram tomadas pelo jovem e não pela jovem. Jovens piedosos não se sentirão atraídos pela audácia das jovens que tomam as iniciativas nestas coisas. É o espírito de nossa época, nós admitimos, mas não é de Deus, e aqueles que são apanhados nesta armadilha raramente encontram a felicidade conjugal. Na ordem de Deus, o amor começa no coração do homem (Efésios 5:25), como acontece no capítulo que estamos estudando. Feliz é a jovem que se casa com o homem que a ama, com verdadeira e profunda afeição. Num lar bem ordenado, o amor de Deus é conhecido e desfrutado, e o marido, como o cabeça de tal lar, ama sua esposa e satisfaz as afeições de seu amoroso coração. Somente o Senhor pode trazer o companheiro certo para suas vidas, queridas irmãs em Cristo, e, se for Sua vontade para você, Ele o trará a seu próprio tempo e maneira. Se não for a vontade de Deus, você estará bem melhor sozinha. Olhe para Ele, conte com Ele, e você "provará qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12:2).
O coração do servo foi tocado e convencido e ela reconheceu que tudo estava sendo dirigido pelo Senhor. Ele então perguntou a Rebeca: "De quem és filha?" Isto para mim é certificar-se de uma coisa importante. Ela pertencia à família da fé? Sua resposta foi clara e definida e, aquela pessoa que realmente é salva, estará contente em fazer uma clara confissão do Senhor Jesus. Quando ouvimos uma meia confissão de Cristo, somos levados a indagar a respeito da realidade da conversão dessa pessoa. Oh! queridos jovens, estejam primeiramente certos deste assunto. Não é apenas um terrível engano e fonte de infelicidade, mas é uma desobediência direta à Palavra de Deus, casar-se com um incrédulo (II Coríntios 6:14).
O servo também indagou a respeito da hospitalidade do lar de Rebeca. Dois lares seriam unidos (e isto é algo importante de se ponderar) e Isaque, que havia sido educado em um lar onde a hospitalidade era tão real e afetuosa, desejaria uma esposa que fosse de um lar hospitaleiro também. Estas são coisas práticas que devem ser consideradas. Se um jovem que ama a hospitalidade, se casa com uma jovem que não se preocupa em manter o lar aberto para o povo de Deus, não poderá haver verdadeira felicidade. Não devemos esquecer a necessidade de sermos compatíveis e termos interesses comuns de vida, se desejamos felicidade e as bênçãos do Senhor, pois Sua Palavra diz: "Andarão dois juntos se não estiverem de acordo?" (Amós 3:3).
Em nossos dias, quando existem tantas coisas que podem desviar o coração dos filhos de Deus, não há nada tão oportuno e agradável como o exercício da hospitalidade e comunhão de uns para com os outros. Na Palavra de Deus a hospitalidade ocupa um lugar de destaque e em Romanos 12:13 somos exortados a "praticar a hospitalidade". É muito encorajador vermos jovens estabelecendo novos lares, considerando este assunto a fim de não se privarem de tão maravilhoso privilégio. Quantos equívocos acontecem porque realmente não conhecemos melhor nossos irmãos em Cristo. A única maneira de conhecê-los melhor é estando em seus lares e eles nos nossos.
O servo deu a Rebeca muitas jóias e ela as aceitou em sinal de tudo que havia se realizado entre eles, o que foi também reconhecido pela família (vers.30). Dar presentes caros deve ser considerado com seriedade e não superficialmente, principalmente quando se trata do anel de compromisso. Uma promessa desfeita significa um coração partido, e isto é uma coisa muito séria diante de Deus e dos homens. Os jovens do mundo brincam com suas afeições e muito do que vemos em nosso meio é uma imitação de uma forma mundana de proceder. Os rapazes e moças crentes precisam ser cuidadosos e não darem uma impressão errada, nem fazerem promessas apressadas, sem que antes haja muita oração diante do Senhor. Devemos buscar graça diante do Senhor e não falarmos nada até que sintamos o que devemos falar, falando então o que realmente sentimos.
O servo que havia esperado por completas instruções de seu senhor, orando antes de tomar qualquer iniciativa, agora reconheceu a bondade de Deus e deu graças a Ele. Vamos cultivar o hábito de oração e de ações de graças em nossas vidas. Somos tão propensos a nos esquecermos disto! Rebeca então correu e contou à sua mãe tudo o que havia acontecido. Isto é muito recomendável, pois não há nada que possa inspirar maior confiança no coração de seus pais, amados jovens, do que dizer-lhes aonde você vai e o que faz. Se eles forem cristãos verdadeiros, estarão interessados e orando por você. É sempre um mal começo sair sem dizer aos pais onde você está indo. Nós que somos pais, encorajemos a confiança de nossos filhos, mostrando-lhes interesse e compreensão em tudo o que eles nos dizem. A falha dos pais em fazerem isto, tem com muita freqüência levado os jovens a uma falta de confiança, pois todo jovem sempre tem algo a dizer. Que possamos manter o amor e a confiança de nossos filhos. Rebeca não foi audaciosa. Ela pôde falar da hospitalidade de seu lar, mas não convidou o homem a ficar lá. Seu irmão Labão o fez — outra marca de boas maneiras, pois ela reconheceu o seu lugar. Estas pequenas coisas são ressaltadas aqui, embora frequentemente sejam esquecidas em nossos dias.
Então o servo soltou os seus camelos e os alimentou. Ele mostrou com isso que estava apto a cuidar de seus negócios com discrição, e isto serviu para recomendá-lo à família de Rebeca. Alguns jovens são tão irrefletidos e descuidados que nunca seriam trabalhadores diligentes, e isto será notado nas pequenas coisas, como aconteceu aqui. O verdadeiro amor não é cego. É muito importante nos comportarmos, antes do casamento, da maneira como pretendemos ser depois. A decepção que pode ocorrer depois do casamento não deixará lugar para que se tenha uma verdadeira felicidade.
Quando o jantar foi preparado, o servo disse que gostaria de comunicar sua mensagem antes de comer. Ele não queria dar nenhuma má impressão. Nos dias de hoje, quando jovens caminham juntos, deixam, muitas vezes e irrefletidamente, impressões erradas que resultam em corações partidos. Devemos tomar cuidado para não deixarmos tais impressões e sim expormos claramente o que está em nossos corações, como o servo fez aqui. É algo muito sério brincar com as afeições de alguém, especialmente de uma jovem. Por outro lado, é bom que se aprenda a ser cuidadoso para não levar a sério coisas que nunca foram claramente declaradas ou pretendidas. Muitas vezes um ato de bondade cristã é erroneamente interpretado como intenção para se iniciar um relacionamento. Quando tomamos o cuidado de não nos anteciparmos, praticando sempre com modéstia o controle próprio, iremos aprender a aceitar Atos de bondade de outros, seja ele um jovem ou uma jovem, sem tecermos idéias enganosas. Queremos advertir aqui que "sair" com alguém apenas por prazer é um engano, e aqueles que tratam suas afeições desse modo, raramente reconhecem a companheira certa quando a encontram.
O servo agora diz tudo a respeito de seu senhor e de Isaque. Ele contou de como Isaque tinha o bastante para prover-se para a nova responsabilidade que iria assumir o casamento. Isto nos leva a questionar a sabedoria de um jovem que deseja tomar as responsabilidades da vida de casado, sem que esteja estabelecido em algum trabalho certo, ou sem ser capaz de prover o necessário à si próprio e à sua esposa, no lar que vão estabelecer. É sua responsabilidade. "Se alguém não tem cuidado dos seus, e principalmente dos da sua própria casa, negou a fé, e é pior que o infiel" (1 Timóteo 5:8). O servo contou toda a história do "noivado", se é que podemos usar tal termo aqui. Feliz o jovem que pode contar, se necessário, todas as coisas que aconteceram durante os dias de seu noivado. Se estamos caminhando com Deus, certamente iremos estar aptos para a dizer. Que o Senhor possa guardar os pés de nossos queridos jovens nesses dias difíceis, pois a Palavra de Deus nos diz: "O que confia no seu próprio coração é insensato" (Provérbios 28:26).
Depois de haver dito tudo, o servo pediu por uma decisão definida e aprovação dos pais. É lindo notar aqui, como eles foram impressionados com a franqueza do jovem e reconheceram que "aquilo procedia do Senhor". É uma boa coisa, queridos jovens, olhar para o Senhor para deixar tais coisas claras para seus pais. Muitos jovens têm arruinado suas próprias vidas ou as vidas das jovens, por se recusarem a ouvir as advertências dos pais e terem se casado com aquela que não era a "companheira certa". Creio que isto deve ser levado em consideração, embora a decisão final tenha que partir de vocês, meus jovens, tomada sempre diante do Senhor, cuja vontade deve sempre vir em primeiro lugar. Se assim for, Ele fará com que seus pais percebam que "isto procede do Senhor". Seja paciente e espere, caso eles não vejam claramente a princípio, pois é o Senhor quem dispõe os corações, até mesmo o coração de seus pais, como Ele fez aqui em nosso capítulo. Se eles virem que você está procurando, realmente, agradar ao Senhor, isso irá levá-los a um exercício de consciência às vistas de Deus. Esperar no Senhor para esclarecer isso a eles, será recompensador, pois a paciência é uma virtude necessária para qualquer circunstância, antes ou depois do casamento. Embora estas linhas se refiram primeiramente àqueles que têm pais cristãos, o princípio aplica-se de uma forma geral para todos. Até mesmo pais descrentes, que não escolheriam uma companheira crente para seu filho crente, procuram a felicidade de seus filhos e, sem dúvida, reconhecerão as boas qualidades de um rapaz ou moça sinceros.
Quando Betuel, o pai de Rebeca, deu seu consentimento, então o servo de Abraão adorou o Senhor novamente. Ele verdadeiramente procurou reconhecer o Senhor em todos os seus caminhos, e foi dirigido por Ele.
Neste ponto, é belo notar a bondade deste homem para com o irmão e a mãe de Rebeca, e também para com ela, demonstrada nos presentes que lhes deu. Esta é uma importante consideração para as jovens. Um rapaz que não mostra respeito e bondade para com seus parentes (e ela para com os dele), trará somente problemas em lugar de felicidade.
Os pais de Rebeca procuravam agora detê-la em casa por um pouco de tempo. Algumas vezes, as vidas dos jovens têm sido prejudicadas pelos pais, interferindo desta maneira. Mesmo vendo que o Senhor está provendo a companhia certa para seus filhos (como era o caso de Rebeca), e que o jovem será capaz de prover um lar, como Isaque o era, não querem separar-se de seu filho ou filha. Isso é um grande engano, porque se o rapaz ou moça forem de idade bastante, a decisão é deles, não dos pais, como foi a de Rebeca aqui. Pais sensatos reconhecerão isto e deixarão o rapaz ou a moça decidirem. Rebeca decidiu-se, dizendo "Eu irei".
Então o privilégio e responsabilidade de maternidade foi colocado diante de Rebeca por sua própria mãe. Para uma moça casar-se descuidada disto, transferindo ou não pretendendo assumir tal responsabilidade, é claramente contrário a todos os ensinamentos das Escrituras, no que diz respeito à vida matrimonial. Isto é muito comum hoje em dia, mas a Palavra de Deus diz: "Quero portanto que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa e não dêem ocasião ao adversário de maldizer". (1 Timóteo 5:14). Vamos seguir a sabedoria de Deus nas nossas vidas.
Se compararmos o desenrolar desta história, com o tempo do compromisso ou noivado até o casamento, podemos aprender uma importante lição. Isaque vinha do poço de Beer-Laai-Roi para meditar à tarde. Beer-Laai-Roi significa "aquele que vive e vê", e certamente isto tem uma aplicação proveitosa para nós.
É ao anoitecer que os rapazes e moças estão juntos e, se cada rapaz fosse como Isaque e meditasse sobre o fato de que existe Um que vive e vê, talvez muitas noites fossem gastas de uma maneira mais proveitosa.
Notamos aqui que quando Rebeca viu a Isaque, tomou um véu e cobriu-se. Se nós relacionarmos isso com 1 Coríntios 11, veremos que o cabelo da mulher lhe é dado para cobertura (ou véu) e que é um sinal de sua posição de submissão ao seu marido. Nós também lemos em Efésios 5:33, que a esposa deve "reverenciar o marido". Isto é um assunto importante e uma moça cristã não deve casar-se com um jovem, mesmo sendo cristão, se não sentir que pode reverenciá-lo. Alguns jovens cristãos não estão caminhando no temor do Senhor, e uma jovem piedosa não seria atraída por nenhum jovem como esse, pois ela compreende que é sua responsabilidade diante de Deus, quando casada, "reverenciar seu marido". A primeira vez que Isaque viu Rebeca, ela estava coberta, mostrando assim o sinal de submissão. Que coisa feliz seria se em nossos dias as jovens cristãs testemunhassem mais daquela submissão, pois para as mulheres, de acordo com a Palavra de Deus, os cabelos compridos representam submissão. Os rapazes cristãos atentarão para isso, se estiverem caminhando na "sabedoria que vem do alto" (Tiago 3:17).
Finalmente o tempo de espera terminou e o casamento realizou-se. Oh! amados jovens, que o Senhor os guarde em Seu temor durante o tempo do noivado. Nestes dias quando em todo lugar a moral deste mundo está se despedaçando, e quando até mesmo cristãos parecem esquecer as instruções que Deus dá, na Sua Palavra, sobre decência e vestimenta adequada (1 Timóteo 2:9; Deuterônomio 22:5), há necessidade de especial vigilância para que vocês possam gozar a companhia um do outro de maneira piedosa. Aquele versículo tão constantemente esquecido em 1 Coríntios 7:1, "bom seria que o homem não tocasse em mulher", é a sabedoria de Deus para todos que têm ouvidos para ouvir. E, assim, lemos que Isaque "tomou Rebeca, e ela foi-lhe por mulher", e ele a amou; e Isaque foi confortado. Ter um lar de amor e bem-estar, sendo "co-herdeiros da graça da vida" (1 Pedro 3:7), é o que certamente deseja cada jovem que ingressa na vida conjugal, e o Senhor deleita-se em conceder isto para aqueles que n’Ele esperam.
Antes finalizar, quero lembrar-lhes daquele versículo: "Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes de vida" (Provérbios 4:23). Vamos tomar cuidado com as nossas afeições, e sempre mantê-las dentro dos canais da preciosa Palavra de Deus. Se existe alguém pretendendo casar-se com um incrédulo, quero alertá-lo novamente que isso é uma direta desobediência à Palavra de Deus, a qual diz: "Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos" (II Coríntios 6:14).
evidente que antes de se iniciar qualquer relacionamento afetivo que possa culminar no matrimônio, você deve estar certo de que a outra pessoa é realmente salva. É freqüente encontrarmos conversões de noivado" que não passam na primeira prova. Infelizmente muitos descobrem tarde demais que seu companheiro ou companheira não é um verdadeiro filho de Deus, e somente aqueles que estão unidos assim para toda a vida sabem dizer o quanto é triste.
surpreendente notar quão frequentemente o Novo Testamento faz referência ao casamento e às relações conjugais. Elas são apresentadas em 1 Coríntios onde temos a ordem da assembléia. Novamente em Efésios, onde o casamento nos é dado tipificando Cristo e Sua Igreja — Sua noiva. Encontramos este assunto novamente em Colossenses, onde o crente é visto como morto e ressurreto com Cristo, e onde Ele é a nossa vida. Também em Timóteo e em Tito onde somos instruídos a respeito daqueles que têm cargo na assembléia local. Finalmente nos é mostrado na primeira epístola de Pedro, onde temos a graça e o governo de Deus.
Não podemos separar nossa vida do lar, de nossa vida na assembléia, e nem podemos escapar do governo de Deus conectado com ela. Um casamento errado irá afetar toda a sua vida, e um feliz casamento irá ajudá-lo em cada ponto da sua vida. Oh! amados jovens, ponderem isso muito bem! Mesmo assim Deus é o Deus de toda graça, maior do que todas as nossas falhas e defeitos, apesar dos quais, Ele tem prometido nunca deixar-nos ou desamparar-nos; não podemos escapar de Seu governo em nossa vida. Que o Senhor Se compraz em usar estas poucas notas para Sua glória de benção das queridas ovelhas do rebanho de Deus, nesta grande e solene decisão: "Com quem me casarei?". Aqueles que seguem a sabedoria da preciosa Palavra de Deus, em comunhão e dependência d’Ele, não procederão erradamente, mas aqueles que escolhem seguir sua própria sabedoria e seus próprios caminhos, podem somente esperar dores. É o desejo do Senhor abençoá-lo, amado jovem leitor, e Ele deseja que você desfrute de verdadeira felicidade, porque "A benção do Senhor é que enriquece, e não acrescenta dores" (Provérbios 10:22).
Gordon H. Hayhoe