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Estudo Sobre a Palavra de Deus - Tito - Filemom

Estudo Sobre a Palavra de Deus - TITO - FILEMOM

Tradutor Martins do Vale

Editor Josué da Silva Matos 2019

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EPÍSTOLA A TITO CAPÍTULO 1

A Epístola a Tito ocupa-se da manutenção da ordem nas igrejas de Deus.

O fim especial das epístolas a Timóteo, embora falem de outros assuntos acerca dos quais o apóstolo dá diretrizes para o procedimento de Timóteo, era a conservação da sã doutrina. O próprio apóstolo o diz. Na primeira dessas duas epístolas vemos que Paulo tinha deixado em Éfeso o seu filho bem-amado na fé para velar para que nenhuma outra doutrina ali fosse pregada.

A Igreja é a coluna e o sustentáculo da verdade.

Na segunda epístola vemos quais são os meios a empregar para consolidar os Cristãos na verdade, quando a maioria se tem afastado.

Aqui, na sua Epístola a Tito, o apóstolo diz expressamente que tinha deixado Tito em Creta para pôr em boa ordem as coisas que ainda faltava regularizar, e para estabelecer anciãos em todas as cidades. Embora alguns perigos, mais ou menos semelhantes àqueles que encontramos mencionados na Epístola a Timóteo, se apresentem também ao seu pensamento, Paulo aborda o assunto imediatamente e com uma tranquilidade que mostra bem que o seu espírito não estava preocupado com esses perigos do mesmo modo, e que o Espírito Santo podia ocupá-lo mais perfeitamente do funcionamento da Igreja. Assim, a Epístola a Tito é muito mais simples no seu caráter. O procedimento que convém aos Cristãos acerca da manutenção da ordem nas suas relações uns com os outros e os grandes princípios sobre os quais este comportamento é fundado constituem o tema do livro. O verdadeiro estado da Igreja pouco se apresenta à nossa vista. As verdades que decorrem mais diretamente da revelação cristã e a caracterizam ocupam mais espaço nesta epístola do que nas epístolas a Timóteo. Por outro lado, as profecias acerca do futuro da Cristandade e o progresso da ruína desta, já em vias de concretização, não são repetidas aqui.

Embora verificando, de maneira notável, certas verdades do Cristianismo, o tom desta epístola é mais calmo, mais comum.

Todas as três falam mais particularmente da promessa da vida. Aliás, esta promessa distingue o Cristianismo e a revelação de Deus (como Pai) em Cristo, do Judaísmo. Mas aqui, desde as primeiras palavras, os grandes princípios do Cristianismo são postos, em primeiro lugar. A fé dos eleitos, a verdade que é de harmonia com a piedade, a promessa da vida eterna antes dos tempos eternos e a manifestação da Palavra de Deus pela pregação formam o tema da introdução da epístola. Tal como nas epístolas a Timóteo, o título de "Salvador" é acrescentado ao de Deus (assim como ao de Cristo).

Esta introdução não é sem importância. O que ela encerra é apresentado pelo apóstolo a Tito como caracterizando o seu apostolado e como assunto especial do seu ministério. Este ministério não era um desenvolvimento do Judaísmo, mas sim a revelação de uma vida e de uma promessa de vida que subsistia (a saber, em Cristo, objetos dos propósitos divinos) antes dos tempos eternos.

Também a fé se encontrava, não na confissão dos Judeus, mas sim nos eleitos, levados ao conhecimento da verdade pela graça. A verdadeira fé cristã era a fé dos eleitos. Verdade importante e que caracteriza a fé no mundo.

Outros podem bem adotar esta fé, como sistema, mas a fé é, em si, "a fé dos eleitos".

Entre os Judeus não era assim.

A confissão pública da sua doutrina e a confiança nas promessas de Deus pertencem a todo homem, israelita de nascimento. Outros, além dos eleitos, podem pretender a fé cristã, mas ela é "a fé dos eleitos".

Ela é tal, de sua natureza, que a natureza humana não a abarca, não a concebe; é uma pedra de tropeço para esta natureza. Revela uma relação com Deus que, por natureza, é inconcebível e, ao mesmo tempo, presunçosa e insuportável. Mas, para o eleito, esta relação é a alegria da sua alma, a luz da sua inteligência e o amparo do seu coração. A fé coloca-o numa relação com Deus que é tudo o que o coração do eleito pode desejar, mas dependendo inteiramente daquilo que Deus é - é isto o que o crente deseja. É uma relação pessoal com o próprio Deus - e é por isso que é a fé dos eleitos de Deus. Por conseguinte ela é para todos os Gentios, do mesmo modo que para os Judeus. Esta fé dos eleitos de Deus tem um caráter íntimo, em relação com o próprio Deus.

Assenta sobre Ele, conhece o segredo do Seu propósito eterno, desse amor que fez dos eleitos o objeto dos desígnios divinos. Mas um outro caráter se liga a esta fé, a saber, a confissão diante dos homens. Existe a verdade revelada pela qual Deus Se faz conhecer e requer a submissão do espírito do homem e a homenagem do seu coração. Esta verdade coloca a alma numa verdadeira relação com Deus - é a verdade segundo a piedade.

A confissão da verdade é, pois, um caráter importante do Cristianismo e do Cristão. Existe no coração a fé dos eleitos, a fé pessoal em Deus e no segredo do Seu amor, e a confissão da verdade.

Ora, o que constituía a esperança desta fé, não eram os bens da Terra, uma posteridade numerosa, a bênção terrestre de um povo reconhecido de Deus como Seu; era a vida eterna, promessa de Deus em Cristo antes dos tempos eternos, uma vida fora do mundo, do governo divino do mundo e do desenvolvimento do caráter do Eterno nesse governo.

Era a vida eterna. E esta vida está em relação com a natureza e com o carácter do próprio Deus; é uma vida que, tendo a sua origem em Deus, vindo de Deus, era o pensamento da Sua graça, e tinha sido assim declarada em Cristo, ainda antes de haver mundo, no qual o primeiro homem foi introduzido sob uma responsabilidade (1) e para que formasse a esfera da manifestação do governo de Deus sobre aquilo que Lhe estava submetido – coisa bem diferente da comunhão de uma vida pela qual se participa da Sua natureza e que é o seu reflexo.

É esta a esperança do Evangelho (porque nós não falamos aqui da Igreja), o secreto tesouro da fé dos eleitos, aquilo de que a verdade revelada nos assegura.

A expressão: "Prometida antes dos tempos eternos" é uma expressão notável e importante: Fomos admitidos nos pensamentos de Deus antes de esta cena instável e mesclada ter existido - esta cena, testemunha da fraqueza e do pecado da criatura, da paciência e dos caminhos de Deus em graça e em governo. A vida eterna refere-se à natureza imutável de Deus, aos Seus desígnios, que permanecem firmes como a Sua natureza, às Suas promessas, nas quais Ele não poderia enganar-nos, e às quais Ele não poderia faltar. A nossa parte na vida existia ainda antes da fundação do mundo, não só na Pessoa do Filho, mas também nas promessas que Lhe tinha feito como nossa porção n�Ele. Esta vida, e a porção que nós devíamos ter nela, constituíam o tema das comunicações do Pai ao Filho, de que nós éramos os objetos, sendo o Filho o depositário (2).

Maravilhoso conhecimento que nos foi dado das comunicações celestiais de que o Filho era o objeto, para que compreendêssemos a parte que temos nos pensamentos de Deus, de que éramos o objeto em Cristo antes de todos os séculos! Por esta passagem compreendemos também mais claramente o que é a Palavra de Deus.

É a comunicação, no tempo, dos eternos pensamentos do próprio Deus em Cristo. Ela encontra o homem sob o poder do pecado, revela a paz e a libertação, e mostra como se pode ter parte nos frutos dos pensamentos de Deus; mas esses mesmos pensamentos não são outra coisa senão o desígnio, o propósito eterno da Sua graça em Cristo, de nos dar a vida eterna em Cristo, uma vida que já existia na presença de Deus antes dos tempos eternos.

A Palavra de Deus é pregada, é manifestada, isto é, a revelação dos pensamentos de Deus em Cristo.

Ora, esses pensamentos dão-nos a vida eterna em Cristo - e a promessa desta vida foi feita antes dos séculos. Os eleitos, crendo, sabem isso e possuem a própria vida, têm o testemunho, em si mesmos. Mas a Palavra de Deus é a revelação pública em que a fé se funda e tem autoridade universal sobre a consciência dos homens, tanto daqueles que a recebem como daqueles que não a recebem. Exatamente como em 2 Timóteo 1:9-10, ela é apresentada como sendo a salvação, mas tendo sido então manifestada.

Notar-se-á aqui que "a fé" é a fé pessoal numa verdade conhecida, a fé que só os eleitos que possuem a verdade podem ter, tal como Deus a ensina. A expressão "a fé" é também empregada na Palavra de Deus para o Cristianismo como sistema, em contraste com o Judaísmo.

Aqui, "a fé" é o segredo de Deus em contraste com uma lei promulgada para um povo estrangeiro. Esta promessa, datando de antes dos séculos revelados e sendo soberana na sua aplicação, estava particularmente confiada ao apóstolo Paulo, para que ele a anunciasse pela pregação (verso 3).

Podemos considerar o Evangelho confiado a Pedro a proclamação do cumprimento das promessas feitas aos pais, as quais Paulo também reconhece, com os fatos evangélicos que confirmavam essas promessas e as desenvolviam pelo poder de Deus, manifestado na ressurreição de Jesus, testemunha do poder dessa vida.

Enquanto que João nos apresenta a vida na Pessoa de Cristo, sendo-nos em seguida comunicada uma vida característicos ele nos apresenta.

cujos traços Veremos que não há, no apóstolo, a mesma confiança íntima com Tito que havia com Timóteo. Paulo não abre o seu coração a Tito da mesma maneira que o abria a Timóteo. Tito é um bem-amado e fiel servo de Deus, também filho do apóstolo, na fé; mas Paulo não lhe abre o seu coração da mesma maneira, não lhe comunica as suas queixas, a sua inquietação, não desabafa com ele como o faz com Timóteo.

Dizer a uma pessoa tudo o que se vê de inquietante, de destruído na obra em que se trabalha, é uma prova de confiança. Tem-se confiança a respeito da obra, mas falamos também da obra a nosso respeito, a respeito de todos; deixamo-nos ir sem reservas e com toda a liberdade a falar de nós, do que sentimos, de tudo. É o que o apóstolo faz com Timóteo e aquilo de que o Espírito Santo nos quis dar o quadro. Nas suas comunicações a Timóteo, era a doutrina que preocupava o apóstolo acima de tudo. Era por ali que o Inimigo atacava e se esforçava por arruinar a Igreja.

Os vigilantes (presbíteros ou bispos) são, no pensamento de Paulo, como que uma coisa acessória, quando se dirige a Timóteo; mas aqui coloca-os na primeira linha. O apóstolo tinha deixado Tito em Creta para pôr em boa ordem as coisas que restavam por regularizar, e para estabelecer anciãos (3) em cada cidade, conforme já lhe tinha ordenado.

Não se trata aqui do desejo que alguém pudesse ter de vir a ser bispo. Também se não trata de descrever o caráter que convinha a esse cargo; trata-se, sim, de estabelecer bispos, tarefa para cujo cumprimento Tito estava munido de autoridade da parte do apóstolo. São-lhe, no entanto, comunicadas as qualidades necessárias para que ele possa decidir, de harmonia com a sabedoria apostólica.

Assim, por um lado, ele estava revestido da autoridade concedida pelo apóstolo para os estabelecer, e, por outro, estava instruído acerca das qualidades requeridas para tal. A autoridade e a sabedoria apostólicas concorriam assim juntas para tornarem Tito capaz de cumprir essa importante e tão séria obra.

Vê-se também que este delegado apostólico estava autorizado a pôr em ordem o que fosse necessário para o bem-estar das assembleias em Creta. Essas assembleias, já fundadas, ainda careciam de orientação sobre muitos pormenores acerca do seu funcionamento; e os cuidados apostólicos eram necessários para lhes dar diretrizes, assim como para o estabelecimento de responsáveis no seu seio. O apóstolo tinha confiado essa tarefa à fidelidade aprovada de Tito, munido verbalmente, e, aqui, por escrito, da autoridade do próprio apóstolo; de sorte que rejeitar Tito é rejeitar o apóstolo, e, por conseguinte, o Senhor que o tinha enviado. A autoridade na Igreja de Deus é uma coisa séria, uma coisa que vem do próprio Deus.

Pode ser exercida como influência pelo dom de Deus, por responsáveis, quando Deus os estabelece por meio de instrumentos que Ele escolheu e enviou com esse fim.

É inútil entrar aqui no pormenor das qualidades que são necessárias para preencher convenientemente o cargo de vigilante ou bispo.

Elas são, no fundo, as mesmas que as mencionadas na Primeira Epístola a Timóteo. São qualidades, e não dons - qualidades exteriores, morais e de circunstâncias, que demonstrem a aptidão do indivíduo para o cargo de vigiar os outros. Talvez possamos admirar-nos de que a ausência de faltas graves encontre lugar na lista dessas qualidades, mas, naquele tempo, as assembleias eram mais simples do que se pensa; as pessoas que as compunham tinham saído recentemente dos hábitos mais deploráveis. Um comportamento precedente, que comandasse o respeito dos outros, era, por conseguinte, necessário para dar peso ao exercício dos cuidados de vigilante. Os que estavam revestidos desse cargo deviam também poder refutar os contraditores, porque os encontrariam, e mais particularmente entre os Judeus, que estavam sempre e por toda a parte ativos para se oporem à verdade, e sutis para perverterem os espíritos.

O caráter dos Cretenses ocasionava outras dificuldades e exigia o exercício de uma autoridade incontestável.

O Judaísmo mesclava-se neles como efeito do caráter nacional. Era preciso ser firme e agir com autoridade para que os Cretenses Cristãos permanecessem sãos na fé.

De resto, tratava-se ainda de ordenanças e de tradições interditas na Igreja de Deus, porque O provocavam ao zelo e se opunham à Sua graça, exaltando o homem. Isto, dizíamos, não é puro, e aquilo é proibido por uma ordenança, mas Deus quer o coração.

Todas as coisas são puras para aqueles que são puros; aquele que tem o coração maculado não precisa de sair de si mesmo para encontrar impureza, mas é cômodo para ele fazê-lo a fim de poder esquecer a sua desonestidade. Os seus pensamentos e a sua consciência estão já corrompidos. Professam conhecer a Deus, mas negam-no por suas obras; são inúteis e reprovados para o que concerne a toda a obra verdadeiramente boa.

CAPÍTULO 2

Tito, que devia não só estabelecer outros para velarem pelo procedimento dos fiéis, mas também, estando ali revestido de autoridade, devia ele próprio velar pela boa ordem e comportamento moral dos Cristãos, estava encarregado (o que, de resto, se encontra nas três epístolas) de velar por que cada um, na sua posição, andasse segundo as conveniências morais e segundo as relações reconhecidas por Deus - coisa importante e que põe ao abrigo dos ataques de Satanás, e ao abrigo da confusão na Igreja.

Reina na Igreja a verdadeira liberdade. A ordem moral é a garantia dessa liberdade e o Inimigo não encontra outra ocasião para desonrar o Senhor ou para arruinar o testemunho e lançar tudo em desordem, dando também ocasião ao mundo de blasfemar, senão o grave esquecimento da graça e da ordem entre os Cristãos. Que ninguém se engane! Se essas conveniências não forem guardadas (e elas são belas e preciosas), a liberdade (e ela é bela e preciosa, desconhecida do mundo, que não sabe o que é a graça), a excelente liberdade da vida cristã, presta-se à desordem que desonra o Senhor e lança por toda a parte a confusão moral.

Muitas vezes, vendo que a fraqueza do homem dava lugar à desordem, onde reinava a liberdade cristã, em lugar de se procurar o verdadeiro remédio, destruiu-se a liberdade, baniu-se a força, a operação do Espírito - porque onde está o Espírito ali está a sã liberdade em todos os sentidos - e a alegria das novas relações em que todos são UM.

Mas, quebrando todos os laços, por amor do Senhor, quando é preciso, o Espírito reconhece todas as relações que Deus formou, mesmo quando as rompe (como faria a morte), quando o chamamento de Cristo, superior a todas essas relações, o exige.

Mas, enquanto estivermos colocados nessas relações (fora do chamamento de Cristo), devemos atuar ali convenientemente; a idade, a juventude, o homem, a mulher, a criança, os pais, o servo, o senhor, todos têm uns para com os outros, um comportamento a manter segundo a posição em que se encontram.

"A sã doutrina" tem em consideração essas diversas relações e mantém, nas suas advertências e nas suas exortações, todas as conveniências da vida. E o que o apóstolo diz aqui a Tito acerca dos homens idosos, das mulheres idosas, das jovens (perante seus maridos e seus filhos e quando a toda a sua vida, que deve ser modesta e doméstica); acerca dos jovens, para os quais Tito tem de ser um exemplo contínuo, acerca dos servos perante os seus amos, e acerca de todos perante os magistrados e mesmo perante todos os homens. Mas antes de falar deste último ponto, Paulo expõe o grande princípio que constitui o fundamento da conduta dos santos entre si neste mundo, porque o seu procedimento para com os magistrados e para com o mundo tem um outro motivo.

O comportamento dos Cristãos, como tal considerados dentro da Igreja, tem as doutrinas especiais do Cristianismo por base e por motivo.

Essas doutrinas e esses motivos encontram-se nos versos 11-15 deste capítulo, que fala precisamente desse comportamento.

O motivo particular para o caráter do seu procedimento perante o mundo encontra-se nos versos 2 e seguintes do capítulo 3.

Os versos 11-15 do capítulo 2 contém um sumário notável do Cristianismo, não precisamente das suas doutrinas, mas do Cristianismo apresentado como realidade prática para os homens.

A graça apareceu, não limita a um povo particular, mas sim para todos os homens; não carregada de promessas e de bênçãos temporais, mas si trazendo a salvação. Vem de Deus para os homens, trazendo-lhes a salvação.

Não espera a Justiça da parte deles; traz a salvação àqueles que dela têm necessidade.

Preciosa e simples verdade, que nos faz conhecer a Deus, nos põe no nosso lugar, mas põe-nos ali segundo a graça que derrubou todas as barreiras para se dirigir a todos os homens sobre a Terra, de harmonia com a soberana bondade de Deus.

Tendo trazido a salvação, a graça instrui-nos perfeitamente acerca da nossa vivência neste mundo - e isto em relação a nós mesmos, em relação aos outros homens e em relação a Deus.

Renegando toda a impiedade e toda a cobiça que encontra a sua satisfação neste mundo, devemos pôr um freio à vontade da carne a respeito de tudo e viver sobriamente; devemos reconhecer os direitos dos outros e conduzir-nos justamente.

Devemos ter o sentimento dos direitos de Deus sobre os corações dos que são Seus e exercer a piedade.

Mas o nosso futuro também é iluminado pela graça. É ela que nos ensina a aguardar a bem aventurada esperança e a aparição da glória do nosso grande Deus e Salvador Jesus Cristo.

Veio a graça - e é ela que nos ensina a andar neste mundo e a esperar a aparição da glória na Pessoa do próprio Senhor Jesus Cristo. A nossa esperança está, pois, bem fundada. Cristo é-nos justamente precioso. Podemos ter no coração toda a confiança pensando na Sua aparição em glória, e temos o mais poderoso motivo para uma vida consagrada à Sua glória. Ele deu-Se por nós, para nos resgatar de toda a iniquidade, e purificar para Si mesmo um povo que Lhe pertence como coisa particular, zeloso pelas boas obras, de harmonia com a vontade e a natureza de Cristo.

É isto o Cristianismo. A graça proveu a tudo: passado, presente e futuro segundo Deus; ela nos livra deste mundo fazendo de nós um povo separado para Cristo, de harmonia com o amor com que Ele Se deu por nós. O Cristianismo é a purificação pela graça, mas uma purificação que nos consagra a Cristo. Somos de Cristo como Sua parte pessoal, a Sua posse no mundo, animados do amor que está nEle, para fazermos bem aos outros e darmos testemunho à Sua graça. Esta passagem é um precioso testemunho ao que é o Cristianismo na sua realidade prática, como obra da graça de Deus.

CAPÍTULO 3

Pelo que concerne ao comportamento dos Cristãos perante o mundo, a graça tem feito desaparecer a violência e o espírito de rebelião e de resistência que agita o coração daquele que não crê, e que tem a sua origem na vontade de manter os seus direitos em face dos outros.

O Cristão tem a sua porção, a sua herança noutro lugar - e não neste mundo. Por isso está tranquilo e submisso aqui, e sempre pronto a praticar o bem.

Mesmo quando os homens são injustos e violentos consigo, ele os suporta, lembrando-se de que, em tempos, não era diferente.

Lição difícil de aprender, porque a violência e a injustiça fazem ferver o coração. Mas o pensamento de que a injustiça de que sofremos é o fruto do pecado e que outrora nós também éramos seus escravos, produz a paciência e a piedade. Foi só a graça que fez a diferença - e devemos atuar para com os outros de harmonia com esta graça.

O apóstolo dá aqui o triste resumo dos traços característicos do homem segundo a carne – do que nós éramos: pecado, doidice, desobediência…

Estávamos enganados, éramos escravos das cobiças, estávamos cheios de malícia, plenos de inveja, odiosos e odiando os outros. Tal é o homem caracterizado pelo pecado.

Aparecem então a bondade de um Deus Salvador, a Sua benignidade e o Seu amor pelos homens (doce e precioso caráter de Deus) (4) (verso 4). Revestiu o caráter de Salvador, nome que Lhe é particularmente dado nestas três epístolas, a fim de que, na nossa vivência, levemos a marca desse caráter, para que o nosso espírito seja dele penetrado.

A nossa vivência no mundo e o nosso procedimento para com os outros homens dependem dos princípios das nossas relações com Deus; o que nos tem tornado diferentes dos outros não é qualquer mérito em nós, nem qualquer superioridade pessoal.

Nós mesmos éramos como eles.

O que nos tem tornado diferente é o terno amor, a terna graça do Deus de misericórdia. Ele tem sido bom e misericordiosos para conosco, e quando nós temos aprendido esta misericórdia, somos misericordiosos nas nossas relações com os outros. E verdade que esta misericórdia tem atuado no sentido de nos purificar e de nos renovar por um princípio e numa esfera de vida inteiramente novos. Nós não podemos andar com o mundo, como fazíamos dantes; mas atuamos para com os outros, que estão ainda na lama deste mundo, como Deus tem atuado para conosco, para nos tirar dela e para nos fazer gozar das coisas que desejamos, segundo o mesmo princípio de graça, para que os outros gozem também. O sentimento do que nós éramos e o sentimento da maneira como Deus tem agido para conosco juntam-se para governarem o nosso procedimento para com os outros.

Ora, quando apareceu esta bondade de um Deus Salvador, não era algo de vago e de incerto: Ele salvou-nos, não por obras de justiça que nós tivéssemos feito, mas segundo a Sua própria misericórdia, lavando-nos e renovando-nos. Estas últimas palavras exprimem o duplo caráter da Sua obra em nós. São os dois mesmos pontos que se encontram na conversação do Salvador com Nicodemos (João 3). Todavia, é acrescentado aqui o que tem agora o seu lugar, por causa da obra de Cristo, a saber que o Espírito Santo é também derramado ricamente sobre nós, para ser a força da nova vida de que Ele é a fonte. O homem é lavado e purificado. É lavado dos seus antigos hábitos, dos seus antigos pensamentos, dos seus antigos desejos, no sentido prático.

Lava-se aquilo que existe. O homem era naturalmente mau e estava sujo na sua vida interior e exterior. Deus salvou-nos purificando-nos.

Não poderia fazê-lo de outro modo. Para se estar em relação com Ele é indispensável a pureza prática. Mas esta purificação está essencialmente feita.

Não é o exterior do vaso; é a purificação pela regeneração. Por outras palavras, e sem dúvidas alguma, é a comunicação de uma nova vida, fonte de novos pensamentos em relação com a nova Criação de Deus, capaz de gozar da Sua presença e da luz da Sua face.

Mas esta nova vida em si mesmo é uma passagem do estado em que nos encontrávamos a um outro inteiramente diferente – da carne, pela morte, ao estado de um Cristo ressuscitado.

Mas há um poder que atua nesta nova vida e que a acompanha no Cristão. Não é apenas uma mudança subjetiva, como alguns dizem; há um Agente ativo, divino, que comunica algo de novo, de que Ele próprio é a origem, a saber, o próprio Espírito Santo, Deus atuando na Criatura (porque é sempre pelo Espírito que Deus atua imediatamente sobre a Criatura). E é sob o caráter do Espírito Santo que Ele atua nesta obra de renovação. Há uma nova fonte de pensamento em relação com Deus; não só uma capacidade vital, mas também uma energia que produz o que é novo em nós.

Perguntar-se-á, talvez, quando tem lugar essa renovação pelo Espírito Santo? É no principio, ou então após a regeneração (5) de que fala o apóstolo. Creio que Paulo fala dela segundo o caráter da obra, e que acrescenta "derramou sobre nós" (o que caracteriza a graça deste tempo) para mostrar que há ainda uma outra verdade, a saber, que o Espírito Santo, sendo "derramado sobre nós", contínua a Sua ação, para manter pelo Seu poder, o gozo da relação em que nos colocou. O homem é purificado em relação com essa nova ordem de coisas mas o Espírito Santo é a origem de uma vida inteiramente nova, de pensamentos inteiramente novos - não só de um ser moral, mas também da comunicação de tudo aquilo em que esse novo ser se desenvolve.

Não se pode separar uma natureza dos objetos acerca dos quais ela se desenvolve e que formam a esfera da sua existência e a caracterizam.

É o Espírito Santo que dá os pensamentos, que cria e forma totalmente o ser moral do novo homem. O pensamento e o pensador não poderiam separar-se moralmente, ali, onde o coração se ocupa do pensamento.

No homem salvo, o Espírito Santo é a fonte de tudo; e, por ser assim, o homem está definitivamente salvo.

O Espírito Santo não dá apenas uma nova natureza: Ele dá-no-la em relação com uma ordem de coisas inteiramente nova ("uma nova Criação") e enche-nos, quanto aos nossos pensamentos, das coisas que ali se encontram. É por isso que, embora sejamos colocados nessa nova Criação, uma vez por todas, a obra, quanto à operação do Espírito Santo, continua, porque Ele nos comunica sempre mais e mais das coisas desse novo mundo em que nos introduziu. Ele toma das coisas de Cristo e mostra-no-las - e tudo o que o Pai tem é de Cristo! Eu creio que "a renovação do Espírito Santo" compreende tudo isso, embora o apóstolo diga que Deus "O derramou abundantemente sobre nós"; de sorte que não se trata apenas de sermos nascidos d�Ele, mas também de Ele operar em nós, comunicando-nos tudo o que é nosso em Cristo.

O Espírito Santo é derramado abundante sobre nós por Jesus Cristo, nosso Salvador, para que, tendo sido justificados pela graça, sejamos herdeiros segundo a esperança da vida eterna.

Creio que o antecedente de "para que" é "a lavagem da regeneração e a renovação do Espírito Santo", e que a frase "que Ele derramou abundantemente sobre nós por Jesus Cristo, nosso salvador" é um parêntesis acessório para mostrar que nós temos a plenitude do gozo dessas coisas pela força do Espírito Santo.

Assim, por essas renovação, Ele nos salvou, para sermos herdeiros, segundo a esperança da vida eterna. Não se trata de nada de exterior, de terrestre, de tangível. A graça deu-nos a vida eterna. E para que a possuamos que fomos justificados pela graça de Cristo (6). Assim há energia, força, esperança pelo rico dom do Espírito Santo. Para que possamos ser dele participantes, fomos justificados pela Sua graça, e a nossa herança está na alegria incorruptível de vida eterna.

Deus salvou-nos, não por obras, nem por meio (7) daquilo que somos, mas pela Sua misericórdia; agiu para conosco segundo as riquezas da Sua própria graça, de harmonia com os pensamentos do Seu próprio coração.

E destas coisas que o apóstolo quer que Tito se ocupe - disto que nos põe, com ações de graças, em relação prática com o próprio Deus e nos faz sentir o que é a nossa porção, a nossa parte eterna na Sua presença. Isto atua sobre a nossa consciência, enche-nos de amor e de boas obras, faze-nos respeitar todas as relações de que o próprio Deus é o Centro. Nós estamos em relação com Deus, de acordo com os Seus próprios direitos; estamos perante Deus, que faz respeitar, pela consciência, tudo o que Ele próprio estabeleceu.

Tito devia evitar as questões insensatas e as disputas sobre a lei, assim como tudo o que pudesse destruir a simplicidade das relações dos fiéis com Deus, segundo a revelação imediata de Si próprio e da Sua vontade em Jesus Cristo. E sempre o Judaísmo gnóstico que se levanta contra a simplicidade do Evangelho. A lei e a justiça do homem são o que destrói, pela introdução de seres intermediários, a simplicidade e o caráter imediato das nossas relações com o Deus da graça.

Quando alguém quisesse fazer prevalecer a sua próprio opinião, e, por causa disso, criasse partidos na assembleia, após ter sido admoestado primeira e segunda vez, devia ser rejeitado. A fé de um tal homem está arruinada. Peca e é condenado por si próprio.

Não se contenta com a Igreja de Deus, com a verdade de Deus, preferindo fazer a sua própria verdade. Porque é ele então cristão, se o Cristianismo, tal como Deus o deu, lhe não basta? Ao criar um partido baseado nas suas próprias opiniões, um tal homem condena-se a si próprio.

Na parte final desta epístola encontramos um pequeno resumo da atividade cristã, produzido pelo amor de Deus, e dos cuidados a ter para que os rebanhos gozem de todos os socorros que Deus fornece à Igreja.

Paulo desejava que Tito fosse para junto dele; mas os Cretenses tinham necessidade dos seus cuidados, e o apóstolo põe e chegada de Ártemas ou de Tíquico (este bem conhecido pelos serviços que prestou ao apóstolo) como condição da partida de Tito do campo onde trabalhava.

Também aqui encontramos Zenas, doutor da lei, e Apolo, que tinham manifestado também a sua atividade em Éfeso e em Corinto, dispostos a irem ocupar-se em Creta da obra do Senhor.

Note-se que também encontramos dois gêneros de obreiros, a saber, aqueles que estavam em relação pessoal com o apóstolo como companheiro de trabalho, que o acompanhavam e que ele enviava algures para continuarem a obra que ele tinha começado, quando já não podia ocupar-se dela pessoalmente; e aqueles que trabalhavam de sua própria iniciativa sem terem sido enviados pelo apóstolo. Mas esta dupla atividade não arrastava consigo nenhum ciúme.

Paulo não negligenciava os rebanhos que lhe eram queridos. Regozijava-se de que quem quer que fosse, são na fé, regasse as plantas que ele próprio tinha plantado. Paulo encoraja Tito a testemunhar a esses obreiros todo o seu afeto e a prover a todas as suas necessidades para a viagem. Este pensamento sugere-lhe a exortação que segue, a saber, que os Cristãos fariam bem aprendendo a fazer coisas úteis para proverem às suas próprias necessidades e às dos outros.

O apóstolo termina a sua epístola pelas saudações que o amor cristão produz sempre.

Mas, como vimos já no início desta epístola, não há aqui o fervor de amizade que se encontra nas comunicações de Paulo a Timóteo. A graça é a mesma por toda a parte; mas há afeto a relações especiais na Igreja de Deus.

NOTAS E REFERÊNCIAS AO ESTUDO DE TITO

  1. A história do primeiro homem é a sua falta a esta responsabilidade até a vinda de Cristo, o segundo Homem, e a Cruz sobre a qual Cristo levou por nós as consequência dessa falta e nos obteve ao pé de Si a vida eterna, em toda a glória dessa vida.

  2. Ver Provérbios 8:30-31; lc 2:14 e o Salmos 40:6-8, "abriste os meus ouvidos", quer dizer "formaste um corpo", o lugar da obediência, ou de um servo (Filipenses 2), assim traduzido pelos Setenta e aceite como correto na epístola aos Hebreus.

  3. Como foi dito já as palavras ancião, presbítero ou bispo tinham, naquele tempo, significado idêntico. As diferenças hoje consideradas por alguns foram estabelecidas muito mais tarde (Nota do Tradutor).

  4. Em Grego, a palavra filantropia, nas Escrituras, só é aplicada a Deus - e tem uma força muito maior do que a palavra portuguesa, porque filos é uma afeição especial por um objeto, uma amizade.

  5. A palavra grega empregada aqui não significa nascer de novo. Só encontramos esta palavra aqui e no fim do Evangelho segundo S. Mateus 19:28, para o milênio. A renovação do Espírito Santo é uma coisa distinta da regeneração.

Esta significa a passagem de um estado de coisas a outro.

  1. É porque a palavra "Cristo" se encontra no parêntese e não na frase principal que nós lemos pela Sua graça no verso 7.

  2. Aqui, como noutro lugar, a responsabilidade do homem é claramente distinta da graça que salva, e pela qual também Deus cumpre os Seus desígnios.

PENSAMENTOS

 A verdadeira vida cristã consiste em não mais focalizar a si mesmo; Cristo agora é tudo para nós.

 Uma evidência de um sadio estado da alma é o gozo na presença de Cristo. Tudo que desvia a nossa atenção de Cristo é uma cilada de Satanás.

 O alvo da vida Cristã é conhecer mais de Cristo.

E Satanás não terá influência sobre um coração que está preenchido pelo Senhor.

Fim dos Comentários sobre Tito de J. N. Darby

Comentários sobre Tito, de: Jean Koechlin

Tito 1:1-16

Na epístola a Tito, voltamos a encontrar os mesmos temas que nos ocuparam na primeira epístola a Timóteo: a boa ordem na igreja, a sã doutrina contrastando com aquela dos falsos mestres e seus efeitos na conduta dos crentes.

Paulo instruiu a Tito que escolhesse e constituísse presbíteros (no plural) em cada igreja (Atos 14:23). Isto está longe do princípio de tantas igrejas de hoje, nas quais um só homem ocupa essa função, e a tem como se fosse um cargo hierárquico.

Dignidade, sobriedade, hospitalidade e domínio próprio são as características morais indispensáveis a um bispo (a mesma pessoa também é chamada de presbítero ou ancião).

Não é lisonjeiro o retrato dos cretenses feito pelos seus próprios profetas e confirmado pelo apóstolo. Essas características marcantes do homem natural não são apagadas com a conversão. Alguns ainda permaneciam mais inclinados à mentira, outros à preguiça ou ao orgulho. Cada filho de Deus deve aprender a conhecer as suas próprias tendências e, com a ajuda do Senhor, vigiar, a fim de que elas não se manifestem. Outra delas é a insubordinação! Esta já se manifesta nos filhos para com seus pais (final do v. 6 de Tito 1) e pode desenvolver-se, mais tarde, em rebelião contra todo o ensinamento divino (v. 10). Mas Deus não reconhece as obras de quem não se sujeita à autoridade de Sua Palavra (v. 16).

Tito 2:1-15

Além daqueles que são anciãos na igreja, cada crente, jovem ou velho, irmão ou irmã, deve dar um bom testemunho (v. 2-10). O que está ordenado aos servos também se aplica a todos os redimidos do Senhor. Poucas são as pessoas que não têm um superior acima delas e, de qualquer modo, cada um deveria considerar-se como Paulo, um servo de Deus (Tito 1:1). Sejamos “adornos” que façam ressaltar os ensinamentos de nosso Mestre (v. 10; compare 1 Reis 10:4-5).

Os versículos 11 e 12 nos mostram a graça de Deus manifestando-se de duas maneiras: ©Ela traz a todos os homens uma salvação que eles não poderiam alcançar por si mesmos; © Ela ensina o filho de Deus a viver sensatamente em sua vida pessoal; justamente em suas relações com os demais; piedosamente em suas relações com o Senhor. Toda a vida cristã cabe nestes três advérbios. E o que a sustenta é a esperança (V. 13; 1:2; 3:7). Esta esperança é chamada de bendita porque enche a alma de uma felicidade presente.

“Deus, nosso Salvador… nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus” (v. 10 e 13; veja também cap. 1, v. 3-4; cap. 3:4-6): este título, contido no nome de Jesus (que significa Javé é a salvação) recorda que devemos tudo a Ele. Nunca esqueçamos que Ele “a si mesmo se deu por nós, a fim de remir-nos de toda iniquidade e purificar, para si mesmo, um povo exclusivamente seu, zeloso de boas obras” (v. 14).

Tito 3:1-15

Nossa conduta para com as autoridades e para com todos os homens deve ser, necessariamente, um contraste com o que “outrora éramos” antes de nossa conversão. Esta lembrança de nosso triste estado de outrora é apropriada para que manifestemos “toda cortesia, para com todos os homens” (v. 2; Filipenses 4:5). Longe de nos posicionar acima deles, podemos convidá-los, por nosso próprio exemplo, a aproveitar a mesma graça que nos regenerou.

Esta epístola menciona seis vezes as boas obras (Tito 1:16; 2:7 e 14; 3:1,8 e 14). Sob o pretexto de que elas não têm nenhum valor para a salvação (v. 5), corremos o risco de subestimar sua importância e somos envergonhados pelas obras de outros cristãos menos instruídos em outros pontos da doutrina. Pelo contrário, precisamos ser “solícitos na prática de boas obras” (v. 8), com dupla finalidade: em primeiro lugar, a fim de que elas sejam proveitosas aos homens (v. 8); e por último, a fim de não nos tomarmos “infrutíferos” (v. 14). O Senhor se compraz em produzir este fruto na vida dos Seus. E Ele quem também aprecia o valor deste fruto. Uma obra só é boa feita para Ele. Se Maria tivesse vendido o seu perfume para proveito dos pobres, teria feito uma boa obra aos olhos do mundo, mas, ao derramálo aos pés do Senhor, ela soube fazer uma boa obra para com Ele (Mateus 26:10).

EPÍSTOLA DE FILEMOM

Texto de Filemom com notas da Bíblia de Darby:

Paulo, prisioneiro1 de Cristo Jesus, e Timóteo, o irmão, a Filemom, o amado e cooperador nosso2, e a3 Ápfia, a irmã4, e a Árquipo5, o co-lutador6 nosso, e à igreja em7 tua casa: Graça a vós e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo.

Agradeço ao meu Deus, sempre fazendo lembrança de ti nas8 minhas orações, ouvindo do teu amor e da fé que tens para com o Senhor Jesus e para9 todos os santos, de tal maneira que a comunhão da tua fé chegue a ser eficaz10 em pleno reconhecimento11 de toda coisa boa em nós12 para com Cristo [Jesus]. Porque tive13 grande14 alegria15 e consolação pelo16 teu amor, porque os corações17 dos santos foram recreadas por ti, irmão.

Por isso, tendo grande liberdade18 em Cristo de te impor19 o que é adequado20, por causa do amor antes te rogo21, sendo um tal como Paulo, o velho; agora, pois, também prisioneiro de Cristo Jesus22. Rogo-te referente ao meu filho23, que gerei nos grilhões24, Onésimo25, o qual outrora te foi inútil; agora, pois, é útil a ti e a mim, o qual enviei de volta26 a ti — ele, isso é o meu coração27; 28 a quem queria reter comigo mesmo, para que, em teu lugar29, me servisse nos grilhões do evangelho; sem, pois, o teu consentimento30 nada queria fazer, para que, não por via de força fosse o teu benefício, mas por via voluntária.

Porque talvez por isso estava separado de ti por um tempo31, para que o recebesses para sempre32, não mais como escravo, mas além de um escravo, uma irmão amado, especialmente para mim; quanto mais, pois, para ti, tanto na carne como também no Senhor. Se, então, me tens por parceiro33, recebe-o como a mim. Se, pois, te danificou34 em alguma coisa ou te deve, isso me imputa a mim. Eu, Paulo, o escrevi com minha mão, eu pagarei; para que não te digo, que também a ti mesmo a mim te deves35. Sim, irmão, eu de ti queria ter proveito36 no Senhor; recreia o meu coração37 em Cristo38.

Tendo confiado na tua obediência, te escrevi, sabendo que também além das coisas que digo, farás.

Ao mesmo tempo39, prepara para mim Hospitalidade40, porque espero que, pelas vossas orações, vos serei concedido41.

Saúda-te Epafras, o meu co-cativo em Cristo Jesus, Marcos, Aristarco, Demas, Lucas42, meus cooperadores.

A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com o vosso espírito! [Amém].

Notas de John N. Darby:

1 I.e.: ‘preso com ataduras’; veja 2 Ou: ‘o nosso amado e cooperador’.

3 Sem artigo no grego; por isso não colocamos crase.

4 O.m.: ‘a amada’. A.m.: ‘a amada irmã’.

5 ‘Paulo’: ‘pequeno / humilde / pouco’; ‘Timóteo’: ‘honra para / de Deus’; ‘Filemom’: ‘amável’; ‘Ápfia’: ‘fértil / crescente’; ‘Árquipo’: ‘senhor / mestre de cavalo’.

6 Ou: ‘co-soldado’.

7 A preposição grega (‘kata’) não dá necessariamente a ideia de ‘dentro da tua casa’, mas deixa a opção em aberta que ela se encontrava no terreno ao lado da casa de Filemom.

8 Ou: ‘durante as’.

9 É importante notarmos a diferença presente no grego entre os dois ‘para’ dessa frase. O primeiro ‘para’, com vistas ao Senhor, mostra mais uma direção ‘para com / voltado para’, enquanto o segundo ‘para’ tem a conotação de ‘para dentro de’, ou seja dá ênfase de termos amor e fé / confiança na pessoa do irmão ou da irmã.

10 Ou: ‘operante’.

11 I.e.: ‘um conhecimento pleno, profundo e exato’.

12 O.m.: ‘vós’.

13 O.m.: ‘temos’; a.m.: ‘tivemos’.

14 Ou: ‘muita’.

15 O.m.: ‘gratidão’. O TR não confere entre si em suas diversas edições. A edição de Stephens tem ‘gratidão’, outras têm alegria. Da mesma forma diferem os demais manuscritos. As palavras gregas diferem em apenas um vogal (‘alegria ‘caran’ e gratidão ‘carin’).

16 Ou: ‘por causa de / sobre’.

17 Lit.: ‘as entranhas’.

18 Ou: ‘audácia / ousadia’.

19 I.e.: ‘ordenar enfaticamente’.

20 Ou: ‘apropriado / devido’. ‘que é adequado’: No grego, um verbo só.

21 Ou: ‘peço / exorto’. Assim também v. 10.

22 O.m.: ‘Jesus Cristo’.

23 Grego ‘teknon’.

24 O.m.: ‘meus grilhões’.

25 ‘Onésimo’: ‘útil / que traz vantagem’.

26 ‘enviei de volta’: No grego, uma palavra só.

27 Lit.: ‘as minhas entranhas’.

28 O.m.: ‘… enviei de volta; tu, pois, recebe-o, isso é o meu coração’.

29 ‘em teu lugar’: No grego, uma palavra só.

30 Ou: ‘a tua anuência / aprovação / opinião’.

31 Lit.: ‘hora’; i.e.: ‘um breve tempo, um momento’.

32 A mesma expressão no grego designa um tempo indeterminado, eterno.

33 Ou: ‘companheiro / sócio / cúmplice’.

34 I.e.: ‘cometer injustiça / cometer um ato criminoso’.

35 No grego, uma expressão mais forte que aquela empregada no versículo 18.

36 ‘queria ter proveito’: No grego, um verbo só.

I.e.: ‘ter proveito / gozo’.

37 Lit.: ‘as minhas entranhas’.

38 O.m.: ‘no Senhor’.

39 ‘ao mesmo tempo’: No grego, uma palavra só.

40 Ou: ‘um quarto de hóspedes / alojamento’.

41 I.e.: ‘dado como presente’.

42 ‘Epafras’: ‘consagrado a Afrodite’ (forma abreviada de ‘Epafrodito’; ‘Marcos’: ‘froxo / mole / sem força’; Aristarco’: ‘melhor soberano / governador’; procedente ‘Demas’: do povo’ ‘talvez: ou pode ‘homem ser forma abreviada de ‘Demétrio’: ‘pertencente a deusa Demeter’; ‘Lucas’: ‘brilhante / claro / lúcido’.

43 A.m. omitem ‘nosso’.

COMENTÁRIOS:

A mui bela e interessante Epístola a Filemom não exige muitas explicações. É a expressão do amor que atua, pelo Espírito Santo, no interior da Igreja de Deus, em todas as circunstâncias da vida individual.

Escrita para despertar em Filemom sentimentos que as circunstâncias poderiam abafar no seu coração, esta epístola é mais própria para produzir esses sentimentos no leitor do que para ser objeto de uma explicação.

E um belo quadro da maneira como a ternura e a força do amor de Deus, operando no coração, se ocupam de todos os pormenores em que este amor pode ser ferido ou pode servir de ocasião para fazer crescer o amor e torná-lo ativo. Sob esse ponto de vista, a Epístola a Filemom é tão importante como bela, porque este desenvolvimento de ternos e delicados cuidados, no meio dos gigantescos trabalhos do apóstolo e das imensas verdades que formam as bases das relações de todas as criaturas com Deus em Cristo, dá um caráter muito especial ao Cristianismo e mostra a sua origem divina; porque Aquele que revela as verdades mais profundas as coordena no conjunto dos pensamentos divinos o faz como falando de uma coisa conhecida, como comunicando-lhes os Seus próprios pensamentos. Espírito do Deus de amor, Ele pode encher o coração das considerações que só o amor pode sugerir, com uma dignidade que revela a sua origem e com uma delicadeza que mostra que seja qual for a grandeza dos Seus pensamentos, Ele pode pensar livremente em tudo.

Quando o espírito humano se ocupa de assuntos algo elevados, fica sobrecarregado e curva-se sob o peso de tal fardo; fica absorvido. É-lhe então necessário isolar-se a fim de se poder aplicar a esses assuntos. Mas Deus revela os Seus próprios pensamentos, e, por muito vastos que eles sejam para o espírito humano, correm sempre com a clareza e a coerência que lhes é próprio nas comunicações que Ele faz por intermédio dos instrumentos que escolheu. Estes são livres de amar, porque o Deus que os emprega e lhes comunica o que eles ensinam é Amor. A manifestação deste amor é a parte mais essencial da tarefa que lhes é confiada, mesmo ainda mais do que falar das coisas profundas. Assim, quando os servos de Deus são movidos por esse amor, o caráter de Quem os envia é demonstrado como sendo o de Deus, que é a origem do amor, em perfeita consideração pelos outros e na atenção mais delicada pelas coisas a que o coração pode ser sensível.

De resto, este amor desenvolve-se nas relações formadas entre os membros do corpo de Cristo pelo próprio Espírito Santo, quer dizer entre os homens. Jorrando de uma fonte divina e sempre alimentadas por ela, as afeições cristãs revestem a forma das considerações humanas que, mostrando o amor e o aposto do egoísmo, trazem a marca da sua origem. O amor, liberto do eu, pode pensar e pensa em tudo o que concerne aos outros e compreende aquilo que mais os impressiona.

Onésimo, escravo fugitivo, tinha sido convertido por intermédio de Paulo, que o tinha gerado nas suas prisões. Filemom, homem rico, ou, pelo menos, vivendo bem, recebia a assembleia em sua casa. A sua mulher também era convertida, e ele próprio trabalhava, segundo as suas capacidades, na obra do Senhor. Arquipo era um obreiro do Senhor e atuava na assembleia, talvez como evangelista. Em qualquer caso, tomava parte nos combates do Evangelho e encontrava-se em relação com Filemom e com a assembleia.

O apóstolo, ao enviar Onésimo ao seu amo, dirige-se a toda a assembleia. Esta é a razão pela qual, na sua saudação, ele diz somente; "Graça e paz", sem acrescentar "misericórdia", como fazem os apóstolos, quando se dirigem simplesmente a indivíduos. O seu apelo em favor de Onésimo é dirigido a Filemom; mas toda a assembleia se deve interessar por esse querido escravo, feito agora filho de Deus.

Os corações dos outros cristãos eram como que um apoio — e uma garantia para o procedimento de Filemom, embora o apóstolo espere para Onésimo perdão e bondade, como frutos do amor do próprio Filemom, na sua qualidade de servo de Deus. Paulo reconhece - como era seu hábito todo o bem que existe em Filemom, e colhe nesse bem bons motivos para o próprio Filemom, a fim de que ele dê pleno curso ao sentimento da graça, apesar de tudo o que o regresso de Onésimo pudesse produzir na sua carne, ou do azedume que Satanás pudesse procurar despertar nela.

Paulo quer que aquilo que ele deseja para Onésimo seja ato do próprio Filemom. A libertação do antigo escravo ou mesmo a sua alegre recepção como irmão na fé teria, neste caso, um alcance muito diferente do que teria se esse acolhimento fosse fundado sobre uma ordem do apóstolo, porque se trata de afeição cristãs e dos laços do amor.

O apóstolo faz valer o direito que tinha de comandar; somente com o fim de pôr de lado esse direito e de dar mais força ao seu pedido, sugerindo ao mesmo tempo que a comunhão da fé de Filemom com toda a Igreja e com o apóstolo, quer dizer, a maneira como a fé de Filemom se ligava na atividade da afeição cristã à Igreja de Deus, assim como àqueles que, da sua parte, ali trabalhavam, e ao próprio Senhor (espírito que se mostrava já tão honrosamente em Filemom), tenha o seu pleno desenvolvimento, reconhecendo todos os direitos do apóstolo sobre o seu coração.

E lindo ver a afeição do apóstolo por Onésimo mostrar-se numa ansiedade que lhe faz esgotar todos os motivos capazes de atuarem sobre o coração de Filemom, e, junto a essa afeição, o sentimento cristão que inspirava igualmente a Paulo uma plena confiança nos bons afetos desse fiel e excelente irmão. O coração natural de Filemom bem teria podido sentir algum ressentimento por ocasião do regresso do seu escravo fugitivo, por isso o apóstolo intervém, por meio da sua carta, em favor do seu querido filho na fé, gerado no tempo do seu cativeiro.

Deus tinha intervindo, pela obra da Sua graça, que devia atuar no coração de Filemom para produzir uma relação inteiramente nova entre ele e Onésimo.

O apóstolo exorta Filemom a receber o seu antigo escravo como irmão; mas é evidente (verso 12) que Paulo, embora quisesse que o amo, ao qual Onésimo tinha prejudicado, atuasse de sua livre vontade, confiava em que ele o libertaria (verso 21). E, embora assim seja, o apóstolo quer tomar sobre si todos os danos, por amor do seu querido filho. De acordo com a graça, Onésimo era agora mais útil, quer a Filemom quer a Paulo, do que outrora, quando a carne o tinha tornado um servo infiel e inútil. Filemom devia ficar satisfeito por isso (verso 11). O apóstolo alude aqui ao nome de "Onésimo" que significa "útil". Enfim, recorda a Filemom que lhe era devedor a ele, Paulo, da sua própria salvação, da sua vida como cristão. Paulo era, nesse momento, prisioneiro em Roma.

Deus tinha conduzido Onésimo a essa cidade, aonde todos afluíam, para o levar à salvação e ao conhecimento do Senhor, para que nós fôssemos instruídos, e para que Onésimo tivesse na Igreja Cristã (1 – vide nota na pg. 275) uma nova posição.

Isto deu-se, ao que parece, no fim do aprisionamento do apóstolo.

Pelo menos Paulo espera ser libertado, e diz a Filemom que lhe prepare também pousada.

Os nomes que encontramos aqui também se encontram na Epístola aos Colossenses. Nesta, o apóstolo diz: "Onésimo… que é dos vossos" (Colossenses 4:9), de sorte que, se aquele de que se trata aqui é o mesmo, ele era de Colossos.

Parece provável que assim seja, porque também encontramos nesta mesma epístola Arquipo, que é exortado a ter cuidado com o seu serviço (Colossenses 4:17).

Se assim é, o fato de Paulo falar aqui desta maneira de Onésimo aos Cristãos de Colossos é ainda uma prova dos seus cuidados de amor por esse novo convertido. Coloca-o assim no coração da assembleia, enviando a sua carta por ele e por Tíquico. Na Epístola aos Efésios não há saudação, mas foi levada pelo mesmo Tíquico. Timóteo está junto de Paulo no momento de este endereçar a sua Epístola aos Colossenses, como na enviada a Filemom; mas não está na que foi enviada aos efésios nem na enviada aos filipenses aos quais o apóstolos esperava enviá-lo em breve. Os dois nomes encontram-se de novo reunidos.

Não tiro conclusões aqui destes últimos pormenores; mas o seu estudo não seria falho de interesse.

As quatro epístolas de que acabo de falar foram escritas durante o cativeiro do apóstolo em Roma, num momento em que le esperava ser libertado dessa prisão.

Finalmente, o que temos de especial a notar na Epístola a Filemom é o amor que, no centro íntimo desse círculo, tudo à volta garantido por um desenvolvimento de doutrina sem paralelo, reina e frutifica, e une num conjunto os membros de Cristo, derramando o sabor da graça sobre todas as relações em que os homens se encontram uns com os outros, ocupando-se de todos os pormenores da vida com uma perfeita conveniência e tendo em consideração todos os direitos que possam existir entre os homens, e tudo o que o coração humano possa sentir.

Fim dos Comentário sobre Filemom de J. N. Darby

Comentários sobre Filemom, de: Jean Koechlin

Filemom 1-12

Nos livros escolares, as teorias são geralmente seguidas por uma aplicação aos problemas. A epístola a Filemom nos lembra disso. Ela não contém nenhuma revelação especial, mas mostra como Paulo e seus companheiros põem em prática as exortações contidas em outras epístolas. “Revesti-vos, pois, como eleitos de Deus, santos e amados, de ternos afetos de misericórdia, de bondade, de humildade…” escreveu ele aos colossenses (Colossenses 3:12; compare o v. 5 de Filemom com Efésios 1:15). Era precisamente em Colossos que vivia Filemom, um homem piedoso, amigo do apóstolo; ele era rico, pois tinha escravos. Um deles, Onésimo, depois de fugir de sua casa, encontrou o apóstolo Paulo, prisioneiro em Roma, e se converteu.

Agora o apóstolo o envia de volta à casa de seu amo, levando consigo esta comovente mensagem.

Isto era agir contrário ao que a lei ordenava: “Não entregarás ao seu senhor o escravo que, tendo fugido dele, se acolher a ti. Contigo ficará…” (Deuteronômio 23:15-16). A lei, por um lado, levava em conta a dureza de coração do homem.

O próprio Senhor Jesus disse, ao falar da carta de divórcio: “Por causa da dureza do vosso coração, ele [Moisés] vos deixou escrito esse mandamento” (Marcos 10:5). Aqui, a graça na vida do apóstolo leva em conta essa mesma graça presente no coração de Filemom. Paulo conhece bem o amor de Filemom por todos os santos (v. 5), por meio das provas que deu dele (v. 7).

Onésimo significa “útil”. Outrora um escravo inútil, de agora em diante ele merecia seu nome (v. 11). Mais que isso, ele se havia tornado um amado e fiel irmão (v. 16; Colossenses 4:9).

Nenhum nome é mais precioso que o de irmão, e ele convém tanto ao amo como ao escravo cristão (final do v. 7; v. 20). Paulo, por sua parte, não se valia de nenhum outro título que os de “velho” e “prisioneiro de Cristo Jesus” (v. 9). Se ele tivesse pensado só em si mesmo, não se teria privado dos serviços de Onésimo. Mas desejava que fosse dada a oportunidade 1ª a Onésimo de dar testemunho na casa na qual se tinha conduzido mal noutros tempos; 2ª a Filemom de comprovar por si mesmo os frutos desta conversão e de confirmar o amor “para com ele” (2 Coríntios 2:8).

Esta história de Onésimo, em certo sentido, é a nossa própria história. Éramos como escravos rebeldes que seguíamos o caminho de nossa própria vontade, mas fomos achados e reconduzidos ao nosso Senhor, não mais para ser colocados sob servidão, mas com os que Ele chama de Seus irmãos amados (compare fm 16 e João 15:15). Paulo é aqui a imagem do Senhor, pagando a nossa dívida e intercedendo por nós (v. 17-19).

Que esta epístola nos ensine a introduzir em nossa vida diária o cristianismo prático: o esquecimento de nós mesmos, a delicadeza, a humildade, a graça… resumindo, todas as múltiplas evidências do amor.

A ILHA DE CRETA Creta é uma ilha montanhosa que fica no mar Mediterrâneo, ao sul do mar Egeu. Tem cerca de duzentos e cinquenta quilômetros de comprimento, variando em largura de onze a cinquenta e seis quilômetros. É provável que os quereteus, que faziam parte da guarda pessoal de Davi, fossem provenientes da ilha de Creta, embora a própria ilha nunca seja chamada por nome nas páginas do A. T. As referências a essa ilha, no N. T., ficam em Atos 27:7,12,13,21 e em tt 1:5. B dito, em Atos 2:11, que havia crentes presentes no dia de Pentecoste, quando houve o derramamento inicial do Espírito Santo. Paulo fez uma parada em Creta, durante a sua viagem a Roma, antes do seu primeiro período de encarceramento. (Ver Atos 27:7-13,21). Paulo também aconselhou aos marinheiros que passassem ali o inverno; mas, preferindo eles ignorar seus conselhos, mais tarde tiveram de sofrer naufrágio, segundo se vê no vigésimo sétimo capitulo do livro de Atos.

O que sabemos acerca da história dessa ilha se deriva principalmente das descobertas arqueológicas.

Desde a era neolítica já havia ali a ocupação humana (quarto milênio A.C.), e na idade do bronze já se tinha erguido uma poderosa civilização. O centro dessa civilização era Cnossos, um local escavado por Sir Arthur Evans. No período de 2600-2000 A.C. houve significativa expansão comercial. A escrita, em tabletes de argila e de cobre tem sobrevivido daquele período, onde uma partitiva escrita pictográfica era usada (2000-1650 A..C.). Posteriormente foi uma escrita chamada linear A, uma forma simplificada daquela (1750-1450 A.C.).

O clímax da civilização cretense foi atingido na primeira metade da idade do bronze (minoano posterior,1600-1400 A.C.). O linear B, uma forma arcaica do grego, era o idioma desse tempo, o qual foi decifrado em 1953 por M. Ventris. Mui provavelmente invasores gregos tinham modificado a linguagem para isso, ao passo que a escrita anterior provavelmente era de origem semita. Perto do fim da idade do bronze (minoano posterior 111,1400-1125 A.C.), gregos dórios chegaram à ilha, que, então, se tomou, essencialmente, uma colônia grega.

Já desde o inicio de sua história registrada havia muitas cidades na ilha, levando-se em conta seu tamanho minúsculo. Se pudermos crer na Odisséia de Homero tlib, xíx.v. 172-179), contava com noventa cidades naqueles tempos tão remotos, embora outras fontes informativas falem até em cem cidades. Nos dias do ap6stolo Paulo, o número de judeus ali habitando era grande, provavelmente devido à sua importância comercial. As localidades mencionadas nas páginas do N.T., pertencentes àquela ilha, são Bons Portos (um porto marítimo) e a cidade de Laséia, nas proximidades (ver Atos 27:8). A população atual dessa ilha é de cerca de quinhentos mil habitantes.

Creta também tem o nome de Candia.

Pelo que se lê na passagem de Tito 1:5, conclui-se que já havia um bom número de igrejas ali, quando Paulo enviou Tito para aquele lugar, porquanto o apóstolo dos gentios e outros já haviam evangelizado bastante aquela ilha. É provável que após ter sido solto de seu primeiro aprisionamento em Roma o apóstolo tenha visitado a ilha e feito algum trabalho ali. Porém, tendo a necessidade de dirigir-se a outros lugares, exortou a Tito que desse prosseguimento a seu trabalho, consagrando anciãos ou pastores qualificados nas igrejas. Esta carta a Tito nos dá a impressão que reflete esse período de liberdade de Paulo, antes de seu segundo encarceramento em Roma e seu martírio final; e isso significa que essa epistola foi escrita antes da segunda epistola a Timóteo.

Não dispomos da narrativa da quarta viagem missionária de Paulo ao Ocidente, mas especificamente, à Espanha, excetuando várias alusões à mesma nos escritos dos primeiros pais da igreja (ver as notas expositivas adicionadas ao trecho de Atos 28:31 no NVI), pelo que é impossível fazermos qualquer declaração dogmática sobre o tempo em que Paulo evangelizou a ilha de Creta, Todavia, a resposta comumente dada a essa indagação é que isso foi feito entre o primeiro e o segundo período de aprisionamento.

Na verdade, a narrativa do livro de Atos fornece-nos apenas um esboço, sendo possível que tal trabalho tenha sido efetuado rapidamente, antes de seu primeiro período de aprisionamento, mas acerca do que simplesmente não dispomos de qualquer registro histórico na Bíblia.

CRETENSES Os cretenses eram os habitantes da ilha de creta, localizada ao largo das costas gregas e da Ásia Menor, na parte centro-oriental do mar Mediterrâneo. Nessa ilha havia cerca de cem cidades. As mais importantes eram Cnossos, Cortina, Líctoso, Licastos, Holpixos, Paesto, Cidon, Manetusa e Dietina. Creta é uma ilha recoberta de montanhas, com cerca de duzentos e cinquenta e um quilômetros de comprimento, e uma largura que varia entre onze e cinquenta e seis quilômetros. Não é mencionada no A.T., embora provavelmente os cretenses sejam os mesmos quereteus, que formavam parte da guarda pessoal de Davi, eram originários da ilha de nome Caftor, o que provavelmente indicava a ilha e as terras costeiras adjacentes que caíram dentro de seu domínio, durante o segundo milênio A.C.

O apóstolo Paulo visitou a ilha de Creta pelo menos por duas vezes, em suas viagens missionárias (ver Atos 27:6-13,21), bem como houve uma terceira visita após o seu aprisionamento, quando ali deixou Tito, para dar continuidade ao trabalho de evangelização que fora por ele iniciado. A descrição nada lisonjeira dos cretenses, na passagem de Tito 1: 12, é uma citação do poeta Epimênides, de Creta. Esse autor é igualmente citado no trecho de Atos 17:28a. Sabe-se, pelas descobertas arqueológicas, que se falava uma forma de grego arcaico ali, pelo menos desde 1000 a 1500 A.C., sem dúvida devido aos invasores gregos da ilha.

Antes desse período, a história da ilha continua sob discussão, entre os estudiosos. Mas pelo menos se sabe que o idioma grego ali se tornou dominante desde cedo.

Fonte: R. N. Champlin - Enciclopédia de Bíblia Teologia e Filosofia – Volume 1, Pgs 953,954 – Editora Hagnos

John Nelson Darby nasceu como filho mais novo de uma família aristocrática irlandesa famosa em 18 de novembro de 1800 na cidade de Westminster (Londres). O seu pai, Lord John Darby of Leap Castle (Kings County) era descendente de uma antiga família normanda; a sua mãe, que ele já perdeu enquanto ainda bem novo, descendia da conhecida família Vaughan do País de Gales. O fato de que o famoso general-demarinha, Lord Nelson, foi padrinho do pequeno João a pedido dos pais, mostra como essa família era de renome. Á honra do Lord recebeu o segundo nome Nelson.

Enquanto rapaz, John Nelson Darby estudou em Westminster School e, a desejo de seu pai, a partir de 1815 fez faculdade em Trinity College, Dublin, Irlanda. A primeira parte de seus estudos terminou em 1819 com condecoração: Recebeu a "Classical Gold Medal". Em seguida fez faculdade de direito que terminou em 1822. Por causa da sua consciência, John Nelson Darby renunciou às perspectivas excelentes oferecidas nessa profissão. Já em 1820 entrou em profunda crise interna. Levou uma vida ascética, jejuando, fazendo exercícios religiosos e atendendo regularmente aos cultos na igreja, porém não chegou à clareza de fé. Em uma carta procedente do ano 1871 John Nelson Darby escreve: "Depois de ter me convertido pela graça do Senhor, ainda passei uns seis ou sete anos debaixo da vara disciplinadora da Lei. Senti que Cristo é o único Salvador, porém ainda pude afirmar de possuí-Lo ou de estar salvo por meio dEle. Estava orando, jejuando, dando esmolas — coisas que sempre são boas quando feitas numa maneira espiritual —, mas não possuí paz interior.

Ainda assim senti de que se o Filho de Deus Se deu a Si Mesmo por mim, então pertencia a Ele com corpo e alma, com posses e bens. Finalmente, Deus me deixou entender que estava em Cristo, unido com Ele pelo Espírito Santo".

Não sabemos nada certo referente aos seus estudos nos anos 1822 a 1825, senão que se ocupava com o pensamento de optar por uma carreira eclesiástica. O seu pai ficou tão indignado com isso ao ponto de deserdar o filho. Um tio, porém, lhe deixou de herança uma considerável fortuna de sorte que ele durante toda a sua vida era independente. No ano 1825 foi ordenado diácono ("deacon") e no ano seguinte sacerdote da Igreja Anglicana. A sua primeira paróquia foi Calary em County Wicklow na Irlanda. Enquanto ali, se esforçava bastante de cuidar com devoção dos membros da paróquia que moravam, na sua maioria, bem dispersos e eram pobres.

Durante esse tempo, a sua posição quanto a igreja do estado já foi abalada, como mostra o seu primeiro panfleto que data do ano 1827 ("Considerations addressed to the Archbishop of Dublin etc." — "Considerações dirigidas ao Arcebispo de Dublin etc."). Nesse panfleto, ele tomou posição contra a exigência do Arcebispo Magee, que queria que os católicos que naqueles dias passaram em massa para a Igreja Anglicana, jurassem lealdade ao rei britânico. A sua determinação e ação destemida teve por resultado uma repreensão oficial. Mais e mais foi desconcertado com respeito à igreja do estado.

Por ocasião de uma cavalgada pela paróquia, caiu do cavalo e foi ferido tanto na perna que havia de permanecer em Dublin durante todo o inverno de 1827/1828 para tratamento. Esse tempo utilizou para estudo intenso da Bíblia. Foi ali que encontrou, aparentemente, a verdadeira e profunda paz com Deus que há tantos anos lhe faltara, como a carta citada revela. Durante a sua permanência em Dublin, chegou a conhecer John Gifford Bellet, Dr. Edward Cronin, FrancisHutchinson e Mr. Brooke. Em seguida da sua volta à paróquia renunciou ao ofício de sacerdote, embora ainda não se desligasse da igreja oficial.

Assumiu um cargo na "Missão Interna" (uma instituição apoiada pela Igreja Anglicana destinada à obra missionária dentro do país) e anunciou até 1832 o evangelho aos católicos da Irlanda de maneira muito abençoada. De várias fontes apreendemos que ele se reuniu com os novos amigos por diversas vezes desde o inverno 1827 / 1828 para o partir do pão.

Um desses amigos era Anthony Norris Grove.

Tornaram-se cada vez mais claros para os amigos os pensamentos de Deus referente à Igreja (eclésia) do Deus vivo, à volta de Cristo, à ação do Espírito Santo bem como aos dons e ofícios na Igreja.

Nesse tempo, entre 1827 e 1832, aconteciam também as reuniões conhecidas por conferências de "Powerscourt". Essas ajudaram para esclarecer o ponto de vista bíblico dos assuntos em questão, e finalmente John Nelson Darby se desligou oficialmente da Igreja Anglicana.

Os conhecimentos adquiridos por ele e seus amigos eram resultado de estudos bíblicos feitos com diligência e sobriedade. Eles conservaram firmemente todas as bases da fé cristã. O seu alvo foi anunciar novamente o evangelho em sua simplicidade, pureza e plenitude originais. Além das grandes verdades da Reformação — parcialmente já perdidas outra vez naqueles dias — John Nelson Darby e seus irmãos proclamaram verdades esquecidas ou obscurecidas desde os dias dos apóstolos, a saber: 1 — a Igreja (eclésia) de Deus, o Corpo de Cristo engloba todos os verdadeiros crentes que, desde o dia de Pentecostes em Atos 2 estão ligados a Cristo, sua Cabeça no céu por meio do Espírito Santo (Ef 4:4).

2 — Essa unidade encontra a sua expressão na Ceia do Senhor à Sua Mesa (1Co10:17).

3 — A volta do Senhor para arrebatamento dos crentes antes dos juízos finais é o próximo grande evento esperado pelos cristãos (1Co15:51-54; 1 Ts 4:16; 5:2).

4 — Todos os crentes são sacerdotes e têm livre acesso a Deus, o Pai (1Pe2:5). O Senhor, porém, deu à Sua Igreja dons especiais para a sua edificação (Ef 4:11-12) — dons esses que devem ser distinguidos dos ofícios (anciãos / presbíteros e diáconos, cuja denominação oficial hoje não é mais possível devido à ausência dos apóstolos, embora a sua função, o seu ministério, ainda é exercido por irmãos reconhecíveis como tais — a partir de "devido" é acréscimo do tradutor).

São essas apenas algumas poucas das importantes verdades das Sagradas Escrituras novamente reconhecidas e realizadas naqueles dias.

Para isso, após o seu desligamento da igreja oficial, se abriu um campo amplo de trabalho para John Nelson Darby. Já em 1830 a obra se estendeu de Dublin a Limerick e outras cidades irlandesas. Também em Cambridge, Oxford e Plymouth (nome esse que, em parte, até hoje ainda está sendo mencionado em íntima ligação com os "irmãos") bem como em Londres surgiram maiores ou menores testemunhos da Igreja.

John Nelson Darby viajou por todo o país no serviço do Senhor.

No ano 1837, John Nelson Darby iniciou as suas atividades na Suíça, onde trabalhou abençoadamente em Genebra e Lausanne. Nos anos 1840 a 1845 viajou outra vez pela Suíça e França. Ali a obra, de uma maneira semelhante, se espalhou.

Nos anos 1847 a 1853 diversas viagens o levaram a esses países, onde serviu às congregações e reuniu os irmãos nas conferências para o estudo da Palavra de Deus.

No início do ano 1853 ouviu de um grupo de crentes da região Renânia na Alemanha. Em seguida houve uma troca de cartas com Carl Brockhaus resultando em uma visita de John Nelson Darby a Elberfeld em 1854. Durante a viagem, John Nelson Darby ficou por alguns dias nos Países Baixos, fazendo a primeira visita aos irmãos em Haarlem, Amsterdam e Winterswijk. Esses irmãos também estavam se reunindo em separação das denominações eclesiásticas existentes. Na primavera de 1855, novamente foi a Elberfeld, para iniciar a tradução do Novo Testamento para o alemão. Em conjunto com Carl Brockhaus e Julius Anton von Poseck traduziu inicialmente o Novo Testamento. Nos anos 1869 a 1870 também traduziram o Velho Testamento para o alemão. Nessa ocasião, Hermanus Cornelius Voorhoeve (da Holanda) ocupou o lugar de Julius Anton von Poseck.

Os anos 1855 a 1857, John Nelson Darby passou primordialmente no continente europeu, principalmente estava na França, na Alemanha (nos anos 1855 e 1857), nos Países Baixos e na Suíça. Nos anos seguintes,1858 a 1859, permaneceu em Londres, onde trabalhou na tradução do Novo Testamento para o francês impresso finalmente em 1859 em Vevey. A Bíblia completa em francês foi completada em 1881 com a colaboração de alguns irmãos. Enquanto isso, traduziu e publicou, em 1870, uma tradução para o inglês do Novo Testamento (o Velho Testamento, mais tarde, foi completado seguindo as suas instruções deixadas para trás).

No ano 1861 escreveu a um amigo: "Você sabe que sonhei de um novo campo de trabalho — algo onde ainda não estive e aonde o evangelho, tal como eu o entendo, ainda não tem sido levado. Não me alegro em ir a um campo onde já trabalhei. Se tornou para mim algo velho. Amo anunciar o Nome do Senhor a pessoas que ainda não O conhecem." Esse desejo se cumpriu no final do ano 1862.

Nos anos 1862-63, 1866 a 1868,1870,1872-73 e finalmente em 1874 a 1877 visitou os Estados unidos e o Canadá. Durante a última viagem também chegou a visitar a Nova Zelândia.

Depois de sua última viagem para além-mar, John Nelson Darby visitou mais uma vez a Alemanha (1878), a Suíça, a Itália e a França. Na avançada idade de 79 anos voltou à Inglaterra, onde ainda trabalhou como escritor até o seu falecimento em 1882.

As suas obras completas (editados por seu amigo William Kelly) englobam 34 volumes ("Collected Writings of J. N. Darby").

Acrescentam-se ainda 7 volumes de notas e comentários ("Notes and Comments"),3 volumes de miscelânias ("Miscellaneous Writings") e 3 volumes de cartas ("Letters").

A sua obra mais conhecida e talvez a mais preciosa é a "Sinopsis dos livros da Bíblia" ("Sinopsis of the Books of the Bible"), na qual John Nelson Darby dá uma panorâmica de toda a Bíblia.

Ele igualmente é conhecido como poeta. Conhecido são os seus "Spiritual Songs" ("Hinos Espirituais") e os muitos hinos no hinário inglês dos irmãos.

Nos últimos meses do ano 1880 John Nelson Darby sofreu muito. Teve problemas de respiração bem como de coração. Em dezembro houve uma leve melhora da forma que pôde escrever a um conhecido: "Pela bondade de Deus estou indo muito melhor. Na verdade nem entendo que estive tão perto da morte. Embora não com muita frequência, ainda assim posso ir às reuniões. Também posso fazer o meu trabalho costumeiro. É certo que nos meses que seguirão haverá uma mudança acontecendo comigo frente a minha iminente despedida desse mundo, porém não há mudança com vistas à doutrina e os meus pontos de vista. Isso não mudou; tudo encontrei confirmado. É um doce e lindo pensamento, que tudo aquilo que ensinei o fiz em Deus. No meu interior tenho certeza de que pertenço a um outro mundo… por quanto tempo ainda pertencerá a mim não sei. Para a saída, a palavra do amado Senhor é importante: "Não são do mundo, como eu do mundo não sou" (Jo 17:16). — Nesse sentido a mudança é perceptível e estou a esperando." No ano 1881, John Nelson darby ainda estava trabalhando na edição de seu hinário inglês. No dia 15 de dezembro de 1881, escreveu o prefácio para a Bíblia francesa que foi publicada em 1882. No final de janeiro, a sua constituição física lhe permitiu cumprir apenas a metade de suas tarefas diárias. Nas últimas semanas foi recebido e cuidado na casa do irmão Hammond em Bournemouth. Foi ali que ele faleceu no dia 29 de abril de 1882. Numa lápide simples e branca do cemitério de Bournemouth se lê as palavras: John Nelson Darby Como um desconhecido e bem-conhecido.

faleceu no Senhor em 29 de abril de 1882 81 anos 2 Coríntios 5:21 “Senhor, me deixa esperar em Ti, a minha vida seja consagrada a Ti, desconhecido aqui na terra, servo Teu, então herdar a felicidade do céu.” J. N. D.

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