O que Respondi Volume 08 (Parte 1)
O que respondi Volume 08
O que respondi…
aos que me perguntaram sobre a Bíblia
— Volume 8 —
por
Mario Persona
Publicado por:
Mario Persona no Smashwords e em outros meios.
Copyright © 2014 by Mario Persona
mariopersona.com.br
“Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. (1 Pe 3:15)
Ilustração de capa: Billy Frank Alexander
dreamstime.com/Billyruth03_portfolio_pg1
As citações são da Bíblia nas das versões ACF — Almeida Corrigida Fiel, ARC — Almeida Revista e Corrigida, ARA — Almeida Revista e Atualizada, JND — John Nelson Darby ou eventualmente uma tradução livre baseada nestas versões.
Trechos deste livro podem ser reproduzidos, copiados e distribuídos desde que o texto não seja alterado e seja feita a devida referência ao autor. Apreciamos seu apoio e respeito a esta propriedade intelectual.
Apresentação
Primeiramente agradeço a Deus por permitir que este material fosse produzido e disponibilizado para milhares de leitores no Brasil e no mundo. As ideias que você encontra aqui não são originalmente minhas, e sim fruto do que tenho aprendido da Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais com irmãos congregados ao nome do Senhor e também com autores de outras épocas que congregavam assim. Foram eles J. G. Bellett, C. H. Brown, J. N. Darby, E. Dennett, W. W. Fereday, J. L. Harris, W. Kelly, C. H. Mackintosh, A. Miller, F. G. Patterson, A. J. Pollock, H. L. Rossier, H. Smith, C. Stanley, W. Trotter, G. V. Wigram e muitos outros.
Para que você compreenda como este livro veio a existir, creio ser necessário voltar um pouco no tempo. Depois de um período trabalhando em São Paulo, em 1988 mudei-me com minha família de volta para Limeira, minha cidade natal, a fim de colaborar com a Editora Verdades Vivas, uma organização sem fins lucrativos que produz e distribui literatura cristã. A grande quantidade de folhetos evangelísticos, livros e calendários distribuídos no Brasil e em outros países de língua portuguesa gerava um volume considerável de correspondência, não só com pedidos de publicações, mas também com perguntas sobre a Bíblia. Todas as cartas eram devidamente respondidas.
Nessa época adquiri o hábito de manter uma cópia das respostas em formato digital. Assim ficava fácil responder perguntas semelhantes ou até mesmo mesclar trechos de diferentes respostas, além de preservar aquele conhecimento. A partir de 1996 passei a usar a Internet e aí as respostas já não precisavam ser impressas, envelopadas e enviadas por carta como era feito até então. O uso do e-mail agilizou o processo e permitiu atender mais correspondentes com maior agilidade.
Em 1998 deixei a editora para atuar como executivo de uma empresa de tecnologia da informação, porém mantendo nas horas vagas minha ocupação com o evangelismo e ministério da Palavra via Internet por meio de diferentes sites e blogs. Em 2001 passei a trabalhar por conta própria como consultor e palestrante empresarial, tendo mais tempo livre e uma agenda mais flexível para dedicar-me ao evangelho.
Em 2005 decidi lançar o blog “O que respondi” no endereço respondi.com.br para disponibilizar as respostas que tinha armazenado em formato digital desde 1988 e acrescentar as que fossem sendo criadas. Algo que muitos perguntam é a razão de o blog não permitir comentários, mas o volume de spam, debates e opiniões deixadas na área de comentários me obrigou a eliminar esta opção de contato para me concentrar no atendimento apenas por e-mail. É sempre bom lembrar que não existe uma “equipe” para responder a correspondência que chega, pois este é um exercício pessoal.
Em 2008 iniciei um trabalho chamado “O Evangelho em 3 minutos — Uma mensagem urgente para quem tem pressa” , com vídeos no Youtube e também em versões de texto e áudio no endereço 3minutos.net. Com a popularização do smartphone e da Internet móvel este formato mostrou-se excelente para alcançar pessoas a qualquer hora e em qualquer lugar com a mensagem da salvação e a sã doutrina. O site “O que respondi” passou a servir de complemento aos vídeos. Enquanto no “Evangelho em 3 minutos” a Palavra de Deus é pregada de forma rápida, no “O que respondi” ela é explicada em detalhes e com referências.
Estas e outras frentes de trabalho via Internet continuam gerando um número cada vez maior de contatos e perguntas. Em 2013 foram mais de três mil perguntas atendidas, porém graças ao blog “O que respondi” nem todas precisaram ser respondidas. Na maioria das vezes é suficiente enviar links para as mais de mil respostas existentes no blog, que já conta com cerca de quatro milhões de acessos desde sua criação.
Assim chegamos à razão deste livro que está sendo lançado nos formatos digital ( e-book ) e impresso ( on demand ). Ele atende aqueles que desejam ter acesso ao material do blog sem depender de uma conexão com a Internet. Este é um dos mais de dez volumes projetados para compor esta coleção, se considerarmos todo o conteúdo do blog “O que respondi”.
Ao ler este livro não se esqueça de que está lendo as opiniões do autor, e não a Palavra de Deus. Considere também que os textos são cartas e e-mails de minha correspondência pessoal, e não uma obra literária. A linguagem é informal e despretensiosa como acontece com uma correspondência entre duas pessoas, e é provável também que você às vezes venha a achar a linguagem meio irreverente, mas isso é apenas fruto de meu estilo literário, e não de tratar levianamente as coisas de Deus ou a pessoa a quem respondi. Lembre-se também de que, para a resposta fazer sentido, às vezes incluo o que escreveram meus interlocutores e alguns são incrédulos ou ateus com opiniões depreciativas a respeito de Deus e de sua Palavra.
Não espere encontrar aqui todas as respostas e nem sequer as trate como definitivas. Elas são fruto do meu exercício com o Senhor e do que continuo aprendendo todos os dias. Por isso leia, medite, busque referências na Bíblia e ore para que o Espírito Santo lhe dê o entendimento. Sem isto até a pessoa mais inteligente e versada nas Escrituras será incapaz de entender as coisas de Deus, pois elas se discernem espiritualmente.
É provável que você encontre erros em minhas opiniões. Pode ter certeza de que eu mesmo eventualmente sou obrigado a acessar o blog “O que respondi” para fazer correções após ter sido instruído ou alertado de alguma falha por algum irmão ou por algo que li na Palavra de Deus. Se, ao comparar uma resposta mais antiga com uma mais nova, você encontrar alguma discrepância, saiba que optei por não revisar todas as respostas, mas decidi mantê-las do modo como entendia as coisas quando as escrevi, e lembre-se de que você está lendo textos escritos ao longo de um período de cerca de trinta anos. Se encontrar algum erro de digitação ou de gramática, entre em contato para eu fazer as devidas correções, pois o desejo de disponibilizar este livro o mais rápido possível nas mãos dos leitores foi maior que o tempo que tive para revisá-lo.
Este livro está sendo distribuído gratuitamente, porém alguns sites de terceiros ou editoras irão cobrar algum valor para a versão e-book ou impressa sem que isto signifique algum ganho da parte do autor que optou por abrir mão dos ganhos com direitos autorais. Você poderá distribuir o conteúdo deste livro, desde que o faça gratuitamente, não altere o texto e mantenha a referência ao autor.
Peço que se lembre de incluir este trabalho em suas orações e de endereçar ao Senhor, e não a mim, qualquer sentimento de gratidão que porventura possa ter por esta leitura.
“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa” (Os 6:3).
Mario Persona
respondi.com.br
3minutos.net
Maio, 2014
O que a Bíblia diz sobre imposição de mãos?
Impor as mãos é demonstrar comunhão, concordância ou fazer-se participante de algo. Era assim que faziam os sacerdotes com os sacrifícios, quando os ofertantes se identificavam com as vítimas.
(Lv 8:14) “Então fez chegar o novilho da expiação do pecado; e Arão e seus filhos puseram as suas mãos sobre a cabeça do novilho da expiação do pecado;”.
(2 Cr 29:23) “Então trouxeram os bodes para sacrifício pelo pecado, perante o rei e a congregação, e lhes impuseram as suas mãos”.
A imposição de mãos podia significar a consagração de alguém para uma determinada função:
(Nm 27:22-23) “E fez Moisés como o Senhor lhe ordenara; porque tomou a Josué, e apresentou-o perante Eleazar, o sacerdote, e perante toda a congregação; E sobre ele impôs as suas mãos, e lhe deu ordens, como o Senhor falara por intermédio de Moisés”.
(Atos 6:6) “E os apresentaram ante os apóstolos, e estes, orando, lhes impuseram as mãos”.
Impor as mãos também significava identificar-se com alguém em sua obra para o Senhor:
(Nm 8:10) “Farás, pois, chegar os levitas perante o Senhor; e os filhos de Israel porão as suas mãos sobre os levitas”.
(Atos 13:2-3) “E, servindo eles ao Senhor, e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado. Então, jejuando e orando, e pondo sobre eles as mãos, os despediram”.
Esse ato de impor as mãos como reconhecimento ou identificação com a obra de alguém pode ser melhor entendido quando lemos a orientação dada a Timóteo para que não fosse precipitado em reconhecer alguém ou seu trabalho ou identificar-se com a pessoa em seu trabalho:
(1Tm 5:22) “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva-te a ti mesmo puro”.
Os apóstolos tinham o poder de impor as mãos e com isso alguém receber o Espírito Santo:
(Atos 8:17-18) “Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro,”.
(Atos 19:6) “E, impondo-lhes Paulo as mãos, veio sobre eles o Espírito Santo; e falavam línguas, e profetizavam”.
Os apóstolos tinham também o poder de conceder um dom à pessoa pela imposição de mãos:
(2Tm 1:6) “Por cujo motivo te lembro que despertes o dom de Deus que existe em ti pela imposição das minhas mãos”.
Os apóstolos também podiam eventualmente impor as mãos ao curar alguém:
(Atos 28:8) “E aconteceu estar de cama enfermo de febre e disenteria o pai de Públio, que Paulo foi ver, e, havendo orado, pós as mãos sobre ele, e o curou”.
O Senhor curava às vezes usando a imposição de mãos, mas como sabemos que ele também podia curar sem impor as mãos, certamente tal ato tinha algum outro significado, e não era feito no sentido de um passe de mágica ou “benzimento” como costumamos ver:
(Lc 13:13) “E pôs as mãos sobre ela, e logo se endireitou, e glorificava a Deus”.
Hoje existe muita confusão por causa desses versículos. Mas a confusão se dissipa quando entendemos que existiam poderes e prerrogativas que eram exclusivos dos apóstolos e eles hoje já não existem.
Em Atos vemos que em alguns casos a imposição de mãos era feita de forma visível, mas não encontramos nas epístolas (a doutrina dos apóstolos) instruções de quando, onde, como e por quem isso deve ser feito, apenas encontramos a exortação a Timóteo para não fazê-lo de forma precipitada.
Portanto, como não existe a ordenança creio que para nós basta entendermos o seu significado, que é o de reconhecer a obra de alguém ou se identificar com ela. Isso pode ser feito de forma prática pelo uso de palavras de encorajamento, oração pela pessoa e seu trabalho no Senhor ou a comunhão financeira para que tal obra siga adiante.
Normalmente o erro que encontramos na cristandade consiste em impor as mãos em situações nas quais só encontramos os apóstolos fazendo, o que hoje significaria querer usurpar um poder e autoridade que não nos foram dados. Até onde consegui identificar, o Senhor e os apóstolos impunham as mãos para curar, e os apóstolos para conceder o Espírito Santo ou consagrar alguém para um ofício, como vimos em Atos 6:6 com os sete homens designados para servir.
Como não somos apóstolos e nem temos tal autoridade e poder, a nós não cabe curar, conceder o Espírito Santo ou consagrar alguém para um serviço pela imposição de mãos. Mas resta a nós a possibilidade de nos identificarmos com alguém e seu trabalho, o que também tem o sentido de estender a destra à comunhão, neste caso uma ação claramente simbólica ou, no máximo, equivalente a um aperto de mãos segundo nosso costume moderno de selarmos um acordo.
(Gl 2:9) “E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão;”.
Mas uma coisa certamente a imposição de mãos não tem: algum tipo de poder mágico como vemos os homens tentarem fazer nas religiões pagãs ou em rituais de ocultismo. O cristão pode ser facilmente levado por atitudes e movimentos do corpo que deem a impressão a outros de que ele tenha em si algum poder ou esteja revestido por Deus disso. Alguns usam da imposição de mãos como se fosse uma varinha mágica que transfere algum tipo de virtude às coisas e pessoas com as quais é tocada.
Os afloramentos do Mar Morto são o cumprimento da profecia?
Você encontrou um relato dizendo que os afloramentos de água doce que têm surgido nas margens do Mar Morto e quer saber se é estes são o cumprimento da profecia de Ezequiel 47. Minha resposta é que o relato do pregador é o cumprimento de uma profecia bíblica, mas não de Ezequiel. Porém a água que brota das margens do Mar Morto não é o cumprimento de Ezequiel47.
O pregador exagera para tentar dar a um fenômeno natural o status de cumprimento da profecia bíblica. Esses afloramentos ou fontes de água existem não só nas margens, mas no leito do Mar Morto, como acontece também em diferentes lagos, mares e oceanos. Ao contrário do que diz o pregador, o Mar Morto não é totalmente estéril, mas abriga várias espécies de micro organismos, algumas delas vivendo justamente ao lado de afloramentos submarinos de água doce.
Que o Mar Morto está perdendo sua água por evaporação, isto é um fato. Que seu nível está baixando, também. Que Deus irá sanear as águas do Mar Morto isto também é uma profecia a se cumprir; suas águas ficarão cheias de peixes e os pecadores serão atraídos às suas margens. Agora será que os afloramentos de água seriam o cumprimento da profecia de Ezequiel? Não.
A razão lógica para isso é que ainda que toda a água do Mar Morto se evapore, que é o que está acontecendo, tudo o que restará ali será um imenso depósito de sal. Qualquer aluno do ensino básico sabe que o sal não se evapora junto com a água. Se esses afloramentos fossem suficientes para encher de água doce aquela monstruosa bacia de sal, não seria preciso ser muito inteligente para perceber que o Mar Morto seria outra vez um mar extremamente salgado e sem peixes.
A razão bíblica de Ezequiel47 não estar se cumprindo é que as profecias do Antigo Testamento não se cumprirão nos dias da Igreja, pois as profecias estão em suspense desde a morte e ressurreição do Messias de Israel. O período da Igreja não foi previsto por nenhum profeta do Antigo Testamento e era um mistério até ser revelado a Paulo e depois aos outros apóstolos. É só com o fim do período da Igreja na terra que o relógio profético voltará a bater. Portanto as profecias do Antigo Testamento sempre dizem respeito a Israel e ao mundo, nunca ao período da Igreja. Eu não estarei aqui para ver o cumprimento de Ezequiel47, apenas os que ficarem no mundo para a tribulação verão esta e outras profecias se cumprirem.
Se observar o contexto de Ezequiel47 verá que o profeta está falando de uma época futura, quando o Reino de Cristo será estabelecido numa terra completamente restaurada por meios sobrenaturais. Basta ler os capítulos anteriores para perceber isso: o assunto é a restauração da terra e culmina no capítulo 48 com Israel de volta à terra prometida. A volta atual dos judeus não é o cumprimento da profecia, pois eles estão ali à força do dinheiro e das armas, e mesmo assim são apenas os judeus da tribo de Judá e Benjamim que voltaram em total incredulidade e rebelião contra Deus. O atual Israel que conhecemos será destruído e dois terços de sua população morta antes que a profecia de Ezequiel se cumpra. Se você ler o capítulo 48 verá que está falando do estabelecimento de todas as tribos na terra, e não apenas de duas.
Mas vamos ao capítulo que o autor da mensagem tenta usar para justificar sua tese. Fica muito claro que as águas que irão sanear toda a terra, inclusive o Mar Morto, sairão de Jerusalém, e não das margens do Mar, e isso será um evento sobrenatural, causado por Deus e não por um fenômeno geológico natural.
(Ez 47:1-10) “Depois disto me fez voltar à porta da casa, e eis que saíam águas por debaixo do umbral da casa para o oriente; porque a face da casa dava para o oriente, e as águas desciam de debaixo, desde o lado direito da casa, ao sul do altar…. Então disse-me: Estas águas saem para a região oriental, e descem ao deserto, e entram no mar; e, sendo levadas ao mar, as águas tornar-se-ão saudáveis. E será que toda a criatura vivente que passar por onde quer que entrarem estes rios viverá; e haverá muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas águas , e serão saudáveis, e viverá tudo por onde quer que entrar este rio. Será também que os pescadores estarão em pé junto dele; desde Engedi até En-Eglaim haverá lugar para estender as redes; o seu peixe, segundo a sua espécie, será como o peixe do mar grande, em multidão excessiva”.
Zacarias 14 acrescenta detalhes à profecia:
(Zc 14:8) “Naquele dia também acontecerá que sairão de Jerusalém águas vivas , metade delas para o mar oriental, e metade delas para o mar ocidental; no verão e no inverno sucederá isto”.
E o Salmos 65 complementa:
(Sl 65:9-10) “Tu visitas a terra, e a refrescas; tu a enriqueces grandemente com o rio de Deus, que está cheio de água; tu lhe preparas o trigo, quando assim a tens preparada. Enches de água os seus sulcos; tu lhe aplanas as leivas; tu a amoleces com a muita chuva; abençoas as suas novidades”.
Portanto não existe qualquer evidência de que o que acontece hoje no Mar Morto seja o cumprimento das profecias, as quais se cumprirão quando a Igreja já não estiver na terra. Os pregadores atualmente vivem atrás de novidades para atrair fiéis. Uma hora é um que vê água brotar nas margens do Mar Morto e transforma isso numa grande coisa; outra hora é outro que sai procurando a arca de Noé e diz tê-la encontrado no monte Ararat. Se juntarmos todos os que dizem ter encontrado a Arca em diferentes lugares precisaremos crer que Noé comandou uma esquadra. Dos que encontraram a Arca da Aliança, então, nem se fala. Tem uma enterrada sob o monte do Calvário e outra guardada por sacerdotes na Etiópia. Deve ter mais algumas por aí esperando para estrear no próximo programa do Discovery Channel, Discovery History ou NatGeo.
Os pregadores que fomentam a religiosidade baseada em teorias sensacionalistas deviam levar as pessoas a se ocuparem com Cristo apenas, e não com superstições e lendas, criando novos polos de peregrinação como os católicos têm feito há séculos. Até há pouco tempo eles só traziam pedacinhos de madeira que diziam ser da cruz, água do rio Jordão e azeite do jardim das Oliveiras. Hoje já estão importando toneladas de pedras de Israel para construir uma réplica do Templo de Jerusalém. Não vai demorar para alguém importar o sal do Mar Morto e salgar o lago do Ibirapuera. Aí teremos um Mar Morto próximo ao Rio Morto, o Tietê.
Pode apostar que esse “milagre” do Mar Morto já deve estar incluído nos roteiros de “viagens à Terra Santa” que são anunciados na Internet. E logo vão surgir lembrancinhas, vidrinhos com água das margens do Mar Morto, DVDs, saleiros com versículos, etc. Não me surpreenderia se amanhã algum terrorista soltasse uma bomba em um grande cemitério de Israel e no dia seguinte já existisse algum pregador anunciando que aquilo era o cumprimento da profecia: Finalmente teria sido descoberto o vale cheio de ossos de Ezequiel 37!
Evidentemente, aqueles que não se contentam com a Pessoa de Cristo continuarão correndo atrás dessas novidades e dando munição para os céticos zombarem dos cristãos. Lamentavelmente já existem vídeos e blogs de ateus denunciando tais farsas, e é por isso que o nome de Cristo acaba sendo desonrado neste mundo. Boa parte da culpa recai sobre os cristãos e suas fábulas. Eu havia dito que os afloramentos de água às margens do Mar Morto não são o cumprimento da profecia de Ezequiel, mas que a mensagem do pregador que você ouviu, esta sim, é o cumprimento da profecia. Mas neste caso da profecia de Paulo revelada a Timóteo:
(2Tm 4:3-4) “Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas”.
Podemos confiar no Novo Testamento?
Nas próprias epístolas temos as evidências de que é nelas que encontramos a autoridade apostólica, portanto creio ser esta a evidência de que estamos em terreno seguro. As epístolas circulavam entre as assembleias levando nelas a autoridade dos apóstolos e é nelas que os próprios apóstolos indicam que devemos buscar a doutrina.
(2 Pe 3:15-16) “E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi dada; Falando disto, como em todas as suas epístolas , entre as quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e inconstantes torcem, e igualmente as outras Escrituras , para sua própria perdição”.
Pedro iguala os escritos de Paulo às “outras Escrituras” , ou seja, ao Antigo Testamento e às outras epístolas dos apóstolos que andaram com Jesus (e cujas epístolas foram pré-autenticadas por Jesus, como explicarei adiante).
(Cl 4:16) “E, quando esta epístola tiver sido lida entre vós, fazei que também o seja na igreja dos laodicenses, e a que veio de Laodiceia lede-a vós também”.
Confiar na tradição, como faz o catolicismo, nos deixaria à mercê de interpretações para justificá-las ou não à luz das epístolas. Para resolver tal dilema o catolicismo simplesmente determinou que em caso de discrepância entre as Escrituras e a tradição fica valendo a tradição. E deu no que deu…
Acima de tudo devemos ter em mente que é o próprio Deus quem tem interesse em preservar a doutrina que os apóstolos receberam do Espírito Santo, e isto Deus faz inclusive impedindo que tenhamos acesso a algumas epístolas que os apóstolos escreveram, mas cujo teor o Espírito Santo achou por bem não chegar até nós. Não temos hoje, por exemplo, a epístola a Laodiceia da qual o apóstolo Paulo fala no versículo acima. E também não temos a epístola de Paulo aos Coríntios escrita antes da que chamamos de “Primeira aos Coríntios”, a qual ele menciona em 1 Coríntios 5:9.
Mas não é apenas no testemunho dos apóstolos que podemos nos basear para entender a inspiração divina que têm seus escritos. Jesus pré-autenticou, por assim dizer, os ensinos que seriam dados através dos apóstolos depois de sua partida:
(Jo 14:26) “Mas aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará [aos apóstolos] todas as coisas, e vos fará lembrar [aos apóstolos] de tudo quanto vos tenho dito”.
Alguns alegam que esta passagem foi dita aos discípulos de Cristo de uma maneira geral, e portanto estaríamos incluídos nesta mesma promessa. Mas não é assim. Como poderíamos nós, que nascemos 2 mil anos depois, achar que o Espírito nos “lembraria” de tudo o que o Senhor disse se nem mesmo estávamos lá? A passagem abaixo também tem este caráter exclusivo, pois foi o Espírito quem disse aos apóstolos, palavra por palavra, aquilo que deviam escrever. Daí a inspiração verbal das Escrituras.
(Jo 16:13) “Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará [aos apóstolos] em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá [aos apóstolos] tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará [aos apóstolos] o que há de vir”.
(1 Co 2:13) “As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as [ palavras ] que o Espírito Santo ensina,”.
O Espírito Santo iria, não apenas lembrar os apóstolos das palavras de Jesus, mas iria ensinar a eles todas as coisas e guiá-los em toda a verdade, como canais vindos diretamente dos céus, revelando o ensino para o presente e para o porvir. Estas são “as coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do homem” , ou seja, não são tradições, costumes ou fábulas humanas, mas a expressa Palavra de Deus vinda dos céus.
(2 Pe 1:16) “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade“.
Tudo isso o Senhor prometeu que revelaria pelo Espírito aos apóstolos, portanto não cremos “na memória histórica” dos apóstolos ou na “tradição dos pais”, como chamam os católicos, mas na revelação da Palavra de Deus pelo Espírito Santo.
O argumento muito usado pelos católicos de que foi a igreja católica que decidiu o que faria ou não parte do cânon do Novo Testamento é ridículo.
Primeiro, porque não existia “igreja católica” na época. Naquela época só existia a igreja. Chamá-la de “igreja católica”, como se faz hoje para distinguir aquela que é comandada de Roma das milhares de denominações cristãs, faria tanto sentido quanto chamar a guerra de 1914-1918 de “Primeira Guerra Mundial”. Este título só foi usado após ocorrer outra guerra mundial (nos livros e jornais anteriores aos anos 40 ela é chamada simplesmente de Grande Guerra).
Segundo, porque a formação do cânon pelos cristãos dos primeiros séculos foi simplesmente atestar de uma maneira formal quais eram os textos que nos séculos anteriores circulavam pelas assembleias locais e eram reconhecidos como a Palavra de Deus. E por que os cristãos da época fizeram isso? Justamente para evitar que lendas e tradições fossem tomadas como sendo a Palavra de Deus, o que já estava acontecendo por alguns hereges. Portanto, as epístolas são a Palavra de Deus revelada aos apóstolos. A tradição é a interpretação que homens deram a essas epístolas à luz da época em que viveram. Devemos receber a primeira como a Palavra de Deus e refutar a segunda como tendo igual status.
Paulo explica como se cumpriu a promessa que o Senhor deu de que o Espírito revelaria a Palavra de Deus aos apóstolos em uma passagem que às vezes lemos sem identificar que Paulo está falando ali dos apóstolos, e não dos crentes em geral. Esta passagem deve ser lida como a concretização da promessa que o Senhor fez AOS APÓSTOLOS, os quais, pelo Espírito, seriam lembrados de todas as coisas que o Senhor lhes tinha dito, e vou inserir meus comentários para deixá-la mais clara:
(1 Co 2:9-11) “Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam. Mas Deus no-las revelou [a nós, os apóstolos] pelo seu Espírito ; porque o Espírito penetra todas as coisas, ainda as profundezas de Deus. Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”.
Em outra passagem Paulo autentica seus próprios escritos explicando que não são ensinos de homens, ou seja, não são tradições humanas. Mais uma vez entendemos o papel que tiveram os apóstolos como canais exclusivos da revelação de Deus vinda dos céus.
(Gl 1:11-12) “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo“.
Os cristãos daquela época recebiam seus escritos como a Palavra de Deus, e não como sabedoria humana ou meras tradições.
(1Ts 2:13) “Por isso também damos, sem cessar, graças a Deus, pois, havendo recebido de nós a palavra da pregação de Deus, a recebestes, não como palavra de homens, mas (segundo é, na verdade), como palavra de Deus , a qual também opera em vós, os que crestes”.
(1 Co 14:37) “Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor“.
Tudo isso não apenas nos autoriza a encarar o Novo Testamento como a Palavra de Deus revelada aos apóstolos, como deixa claro o erro dos teólogos moderninhos que insistem em refutar os escritos de Paulo como se fossem meras opiniões de um solteirão machista. Para esses fica valendo a descrição que Pedro lhes dá em sua segunda epístola 3:16:
“Indoutos e inconstantes” (ARF), ou como está em outras versões, “espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos” (Ave Maria), “homens sem instrução e vacilantes” (CNBB), “ignorantes e instáveis” (NVI). Quem quer que negue a autenticidade das epístolas de Paulo como a Palavra de Deus pode adotar para si qualquer um desses adjetivos.
Devemos ter tudo em comum como os primeiros cristãos?
É normal que alguns cristãos, principalmente recém-convertidos, se apaixonem pela ideia de venderem tudo e distribuírem entre os mais necessitados. Eu mesmo, quando vi o filme “Irmão Sol, Irmã Lua”, uma história romanceada da vida de São Francisco de Assis, acreditei que viver daquele jeito seria possível. Mas o próprio filme mostrava que o clero da época só acatou a ideia daqueles jovens despojados porque atraía mais fiéis para as missas, como faz o clero católico romano e também protestante em nossos dias ao fazerem vista grossa a padres, pastores e cantores “pop stars”.
A ideia de dar tudo para os pobres é muito bonita em tese, mas na prática devemos agir com sabedoria. Distribua todos os seus bens com os pobres e em um mês estarão todos pobres de novo, inclusive você. Quando escutar algum pregador constrangendo seus ouvintes a adotarem uma vida despojada, primeiro é bom verificar a vida que esse pregador leva para ver se ele pratica o que prega.
Mas, ainda que pratique, o argumento de que em Atos os cristãos vendiam tudo o que tinham e dividiam entre todos não procede e mostra um desconhecimento total do fato de o livro de Atos não ser um livro de doutrina, mas uma narrativa de uma época de transição entre o judaísmo e o cristianismo. Em Atos dos Apóstolos vemos exatamente isto, os Atos dos apóstolos (e dos primeiros cristãos) e às vezes ali são mostrados Atos errados também.
Analisando especificamente o ato de vender tudo e distribuir entre outras pessoas, primeiro vemos que era entre os irmãos que eles compartilhavam o que tinham, e não com o mundo pagão em geral. Segundo, aquilo era uma ação espontânea e não uma ordenança ou obrigação. O próprio apóstolo Pedro deixa bem claro que ninguém era obrigado a vender o que tinha para repartir com os irmãos. Ananias, que foi morto não por ter retido parte do lucro obtido com a venda de seu imóvel, mas por ter mentido ao Espírito Santo, poderia fazer o que quisesse com seus bens, inclusive conservá-los para si. É o que Pedro explica a ele:
(Atos 5:3-4) “Disse então Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo, e retivesses parte do preço da herdade? Guardando-a não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder?“ (Outra versão diz: “Acaso não o podias conservar sem vendê-lo? E depois de vendido, não podias livremente dispor dessa quantia?“).
A decisão dos primeiros cristãos de vender tudo e repartir com os irmãos acontecia em um momento em que a igreja vivia seu primeiro amor e desfrutava do poder de Deus agindo sem os impedimentos que hoje temos. Quais? O fato dos cristãos estarem divididos em milhares de seitas e o mal ter se infiltrado em seu meio. Hoje qualquer um se diz “irmão”, até o pregador da TV que só sabe pedir dinheiro. Você venderia tudo o que tem para dar ao pregador e ele comprar outro helicóptero ou reformar sua mansão?
Um olhar cuidadoso verá que mesmo no livro de Atos as condições iam mudando e se adaptando conforme o mal começava a se introduzir na igreja. Eles começam vivendo em comunidade, tendo tudo em comum e vendendo e distribuindo entre si seus bens:
(Atos 2:44-45) “E todos os que criam estavam juntos, e tinham tudo em comum. E vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo cada um havia de mister”.
Então vemos em Atos 4 que já não dividiam mais entre si, mas passaram a trazer o que tinham aos apóstolos, para estes fazerem a distribuição. Lembrando mais uma vez que tudo acontecia dentro do círculo dos irmãos, e não era uma campanha para dividir tudo com todos os pobres dentre os pagãos. Entregue hoje seus bens aos pobres necessitados do Taleban no Afeganistão e eles venderão tudo para comprar armas.
(Atos 4:32-35) “E era um o coração e a alma da multidão dos que criam, e ninguém dizia que coisa alguma do que possuía era sua própria, mas todas as coisas lhes eram comuns… Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha”.
Já no capítulo seguinte vemos o mal agindo e Ananias e Safira fazendo o que obviamente acontece com todo coração humano: querer parecer mais do que é ou que faz mais do que realmente fez. Acaso não foi assim que terminaram as boas intenções de algumas organizações beneficentes mais antigas? Há muitas que hoje promovem jantares para homenagear os que contribuem, e às vezes esses eventos custam mais caro do que aquilo que vai efetivamente chegar nas mãos dos necessitados. Algumas ONGs gastam mais dinheiro com funções administrativas e de propaganda do que com os necessitados.
Mas vamos ver o que ocorre após o conhecido episódio de Ananias e Safira, que foi resolvido de forma radical com a morte dos que mentiram ao Espírito Santo. Em um período de grande poder no início da igreja, com os apóstolos fazendo sinais e milagres, havia também uma grande responsabilidade e uma grande perda quando esta falhasse. Não é à toa que os de fora já estavam relutantes em querer fazer parte daquela comunidade onde as consequências da mentira e dissimulação eram tratadas de maneira tão severa: com a morte dos mentirosos. Já pensou se a igreja hoje vivesse nesse mesmo poder?
(Atos 5:11-13) “E houve um grande temor em toda a igreja, e em todos os que ouviram estas coisas. E muitos sinais e prodígios eram feitos entre o povo pelas mãos dos apóstolos…. Dos outros, porém, ninguém ousava ajuntar-se a eles ; mas o povo tinha-os em grande estima”.
A passagem seguinte deixa muito claro que tudo aquilo era um processo: primeiro eles dividam tudo entre si, depois passaram a entregar aos apóstolos para que estes determinassem como dividir, e agora vemos que homens idôneos são designados especialmente para a tarefa, deixando assim os apóstolos livres para se dedicarem à Palavra. Isto porque os cristãos já não estavam na mesma disposição do princípio e agora agiam de forma egoísta, como vemos na passagem a seguir:
(Atos 6:1) “Ora, naqueles dias, crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério cotidiano”.
Todos os que faziam parte da igreja eram judeus ou prosélitos convertidos a Cristo, mas alguns eram judeus helenistas, isto é, vindos de uma cultura grega. Estes estavam sendo prejudicados na distribuição dos recursos, o que fez os apóstolos tomarem a providência de escolher 7 homens íntegros para cuidarem disso.
(Atos 6:2-4) “E os doze, convocando a multidão dos discípulos, disseram: Não é razoável que nós deixemos a palavra de Deus e sirvamos às mesas. Escolhei, pois, irmãos, dentre vós, sete homens de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria, aos quais constituamos sobre este importante negócio. Mas nós perseveraremos na oração e no ministério da palavra”.
Se você reparar na continuação da passagem todos eles têm nomes gregos: Estêvão, Filipe, Prócoro, Nicanor, Timão, Parmenas e Nicolau. Mesmo em situações de falha do homem Deus age em graça.
Isso tudo deixa claro que no livro de Atos nem sempre encontramos as coisas já bem estabelecidas, mas ocorria ali um processo. Hoje, quando não temos mais apóstolos e nem as condições de poder e unidade que existiam no princípio, não podemos ser ingênuos achando ser possível repetir o modo de vida da igreja primitiva.
Fazer o bem e administrar para os mais necessitados é algo que todo cristão deve fazer individualmente em seu exercício com o Senhor, e não algo que devemos impor sobre as pessoas. É um erro também acreditar que pelo exercício do altruísmo os cristãos criarão um mundo melhor e mais justo, pois a Bíblia deixa bem claro que não será assim sem a intervenção direta do Senhor em sua vinda para reinar.
Algumas religiões fundamentalistas acreditam que será pelo esforço dos cristãos em transformarem as condições do mundo em mais propícias que Cristo virá reinar, mas isto é acreditar que o homem possa ter sucesso em seus empreendimentos e que os cristãos conquistar o mundo inteiro para Cristo. O “ide por todo o mundo” levando o evangelho é muito bom e louvável, mas isto não significa que todo o mundo irá se converter a Cristo.
Aliás, o “ide” foi ordenado aos apóstolos ainda em sua condição de judeus, e não de igreja de Deus. O remanescente judeu que se converterá após o arrebatamento da igreja continuará esse trabalho nos anos de tribulação que se seguirão, e até anjos estarão empenhados em levar o “evangelho eterno” aos quatro cantos do mundo.
O “ide por todo o mundo” não foi dado a Igreja?
Não, o “ide por todo o mundo” não foi uma ordem dada à igreja por uma razão bem simples: a igreja não existia antes de Atos 2. Portanto a ordem foi dada diretamente aos apóstolos em um tempo em que estavam na condição de discípulos judeus do Messias de Israel. Era uma ordem dada em um diferente contexto.
Existe muita confusão quando você aceita o que as denominações ensinam sem conferir no contexto do que cada coisa é ensinada na Palavra de Deus. A ênfase que muitas denominações dão ao evangelismo está fora de lugar se considerarmos que a igreja não é uma organização evangelística. Não é papel da igreja evangelizar, como se fosse uma organização missionária, e nem salvar o mundo da fome e da miséria, como se fosse uma ONG beneficente. A ocupação da igreja é com Cristo (não com incrédulos) em quatro atividades básicas, todas elas culminando na adoração:
(Atos 2:42) “E perseveravam na doutrina dos apóstolos , e na comunhão , e no partir do pão , e nas orações“.
E o evangelismo, não é importante? Sim, importantíssimo, mas a igreja é um corpo de adoradores, não de evangelistas. Os adoradores Deus procura, os evangelistas ele dá. A adoração é a ocupação com Deus, a evangelização é a ocupação com os incrédulos, no sentido de serem salvos para serem transformados em adoradores. Isso acontece “no mundo”, e não na igreja, que é uma corporação formada por salvos.
(Jo 4:21-24) “Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.
Assim, o dom de evangelista é dado por Cristo a indivíduos para que saiam pelo mundo trazendo “matéria prima” para a igreja, ou seja, salvos. Os outros dons são voltados para os que já estão salvos.
(Ef 4:11-12) “E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas , e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;”.
Quando Paulo escreve a Timóteo e o exorta a fazer a obra de um evangelista isto pode significar que ele não tinha necessariamente o dom. Mas, como acontece com todas as “segundas epístolas”, a segunda carta a Timóteo também representa um tempo de ruína e abandono, quando Paulo é abandonado por todos no final. Em tempos assim é necessário aceitarmos a exortação como sendo para nós também em nossos dias e, assim, nos empenharmos em fazer a obra de um evangelista.
(2Tm 4:5) “Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério”.
Porém, volto a repetir, esta continua sendo uma atividade individual e não corporativa da igreja. As denominações não compreendem o que é igreja, e o simples fato de serem denominações já demonstra isso (porque se compreendessem não teriam outro nome para identificá-las e nem agiriam como organismos independentes do corpo). Essa falta de compreensão também do que é adoração em assembleia faz com que fiquem quase sempre ocupadas com evangelismo, e isso pode chegar a um ponto tal que coloca um fardo sobre pessoas que não são evangelistas, isto é, não têm tal dom e são obrigadas a evangelizar. São traçadas metas, são feitos gráficos de crescimento, são feitos planos de alcance mundial e as pessoas são treinadas como uma tropa de choque. Tudo isso é planejamento humano, mas nada tem a ver com o dom que Cristo dá às pessoas.
A ordem de Jesus, “Ide por todo o mundo…” , foi dada aos apóstolos dentro de um contexto do judaísmo, e não da igreja que só seria fundada algum tempo mais tarde. Quer dizer que não devemos “ir” e evangelizar. É claro que devemos, porque tudo em Atos e nas epístolas nos mostra isso. Mas não podemos tirar um versículo do contexto para fazermos isso. Só entendemos corretamente as Escrituras quando as dividimos com a sabedoria que o Espírito nos dá. E é muito improvável que você entenda o caráter dos evangelhos se não entender corretamente as dispensações ou diferentes formas administrativas usadas por Deus ao longo da história.
(ACF) “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”.
(Darby) “Strive diligently to present thyself approved to God, a workman that has not to be ashamed, cutting in a straight line the word of truth”.
Esse “maneja” é no sentido de cortar corretamente ou repartir e colocar cada coisa no seu lugar. E o lugar dos evangelhos é o Antigo Testamento. Tudo ali é judaísmo, porque Jesus veio para os judeus ( “veio para o que era seu…” ). Exceto duas únicas menções da igreja (Mt 16 e Mateus 18), Jesus está tratando com judeus. Considerando que os judeus o rejeitariam: “…mas os seus não o receberam” (Jo 1:11), então se pode perceber que as instruções permanecem válidas para os judeus que irão se converter após o arrebatamento. Assim o “ide” é, em primeira instância, dirigido aos judeus convertidos que deverão pregar o “evangelho do reino” e não o “evangelho da graça de Deus”.
(Mc 16:15-20) “E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão. Ora, o Senhor, depois de lhes ter falado, foi recebido no céu, e assentou-se à direita de Deus. E eles, tendo partido, pregaram por todas as partes, cooperando com eles o Senhor, e confirmando a palavra com os sinais que se seguiram. Amém”.
Eles realmente “pregaram por todas as partes”, e sinais acompanharam sua pregação, o que aconteceu até nos primeiros tempos de Atos. Mas neste momento não foram pregar por todo o mundo. Para entendermos a Palavra é preciso discernir que também precisamos dividir a profecia referente ao mundo e a Israel. Por exemplo, quando você lê Daniel 9 precisará entender que existe uma divisão ali, um parêntese antes dos últimos sete anos “ou semana” da profecia, ou não terá como fechar a contagem de anos.
(Dn 9:24-27) “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo, e sobre a tua santa cidade, para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados, e para expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e para ungir o Santíssimo. Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém, até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo [romanos] do príncipe, que há de vir [esse príncipe é o anticristo], destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações. [ entra aqui o período da igreja ] E ele [o príncipe do versículo anterior, que é o anticristo futuro] firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
Quer ver outra profecia que o próprio Senhor mostrou que precisava ser dividida para fazer sentido?
(Lc 4:17) “E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”.
Repare que ele parou a profecia em um determinado ponto, porque o restante dela ainda se cumprirá no futuro. Se ler a profecia toda em Isaías 61:1 verá que Jesus parou em “Apregoar o ano aceitável do Senhor” , antes de dizer “… e o dia da vingança do nosso Deus”. Isto porque o dia da vingança ainda virá e entre uma coisa e outra entraria o período da Igreja.
Mais um exemplo? Pedro cita Joel em Atos como sendo aquilo que estava acontecendo naquele momento da fundação da Igreja:
(Atos 2:16-21) “Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: e nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne; e os vossos filhos e as vossas filhas profetizarão, os vossos jovens terão visões, e os vossos velhos terão sonhos; e também do meu Espírito derramarei sobre os meus servos e as minhas servas naqueles dias, e profetizarão; e farei aparecer prodígios em cima, no céu; e sinais em baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes de chegar o grande e glorioso dia do Senhor; e acontecerá que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”.
Será que vimos o Espírito ser derramado sobre TODA A CARNE? Será que vimos “prodígios em cima, no céu, e sinais em baixo, na terra, sangue, fogo e vapor de fumo”? Será que vimos o sol se converter em trevas e a lua em sangue? Não, porque Pedro mencionou a profecia porque apenas uma parte dela estava se cumprindo naquele momento. Se não tivermos discernimento podemos querer aplicar as coisas na época e situação erradas, causando grande confusão.
O que os apóstolos pregavam era confirmado com sinais, era bem semelhante ao que o Senhor pregava, era a mensagem do Reino e aqueles que eram curados os apóstolos certamente diriam para irem ao Templo oferecer os sacrifícios conforme exigia a Lei, pois era assim também que Jesus agia ao curar alguém.
(Mc 1:44) “E disse-lhe: Olha, não digas nada a ninguém; porém vai, mostra-te ao sacerdote, e oferece pela tua purificação o que Moisés determinou , para lhes servir de testemunho”.
(Lc 5:14) “E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse. Mas vai, disse, mostra-te ao sacerdote, e oferece, pela tua purificação, o que Moisés determinou , para que lhes sirva de testemunho”.
Essa primeira “evangelização” dos apóstolos obviamente foi interrompida pois tudo passou a ser diferente. Veja que a promessa do Senhor era de que eles não terminariam de percorrer toda a terra de Israel antes que o Senhor voltasse. Fica muito claro que isto ocorrerá no contexto da grande tribulação, ou seja, é uma ordem dada para um tempo que não tem nada a ver com a igreja:
(Mt 10:23) “Quando pois vos perseguirem nesta cidade, fugi para outra; porque em verdade vos digo que não acabareis de percorrer as cidades de Israel sem que venha o Filho do homem“.
Os apóstolos estavam em uma condição muito diferente da que nós hoje estamos como igreja. E eles não tinham o Espírito Santo habitando em si, e a partir de Pentecostes já tinham. A própria mensagem de ir por todo o mundo não fazia muito sentido para aqueles judeus e basta lermos Atos para percebermos que houve muita relutância em entender que a igreja era um corpo formado por judeus e gentios igualmente salvos e com iguais privilégios. Foi somente com a revelação dada a Paulo do que era o corpo de Cristo que os outros apóstolos também passaram a entender a igreja.
Antes disso um gentio convertido ao judaísmo não tinha todos os privilégios que tinha um judeu. Por exemplo, o eunuco que se converte a Cristo em Atos 8 era um gentio convertido, um prosélito, que ia a Jerusalém adorar mas não podia nem entrar no templo, pois era eunuco (castrado) e a Lei não permitia seu acesso.
(Dt 23:1) “Aquele a quem forem trilhados os testículos, ou cortado o membro viril, não entrará na congregação do Senhor”.
Hoje não pregamos como os apóstolos faziam nos evangelhos. Não anunciamos que o Reino de Deus é chegado porque o Reino já está aqui, não em sua forma manifesta porque o Rei foi rejeitado. Mas virá a ser instalado no mundo quando Cristo voltar para reinar. O evangelho que pregamos hoje é o da salvação pela fé em Cristo. No período da igreja que vemos em Atos quando um apóstolo curava alguém, ele já não dizia para a pessoa apresentar-se ao sacerdote em Jerusalém e fazer as ofertas exigidas pela Lei para sua purificação, como o Senhor fazia antes. Dá para perceber que estamos vivendo em outra dispensação?
Após o arrebatamento da igreja as coisas voltarão a ser bem parecidas com as condições dos tempos dos evangelhos. Haverá um governo que em muito se assemelhará ao império romano, porém com a introdução da democracia nele. É por isso que o último reino da estátua vista por Daniel tem os pés de ferro e barro.
(Dn 2:33) “As pernas de ferro; os seus pés em parte de ferro e em parte de barro”.
O ferro era o mesmo material das pernas e representa o Império Romano, enquanto o barro nos fala de humanidade, pois o homem veio do barro. Democracia e o poder colocado nas mãos do povo, ou seja, o ferro do governo misturado com o barro da humanidade.
Nesse tempo (após o arrebatamento) as atenções se voltarão ainda mais para a Europa e Israel. É disso que fala praticamente todo o Apocalipse, com exceção dos primeiros 3 capítulos e dos últimos. Portanto, encare muito do que você encontra nos evangelhos como instruções que foram suspensas até que o mundo esteja novamente configurado para elas serem colocadas em prática.
O “ide” foi dado nesse contexto. Mas será que isto significa que não devemos “ir”? É claro que devemos, mas não como igreja, e sim como indivíduos, pregando o evangelho da graça de Deus e encaminhando aqueles que se convertem para estarem congregados onde o Senhor está no meio. O caráter individual (e não como “igreja”) da evangelização fica muito evidente em passagens como estas:
(Atos 8:4-5) “Mas os que andavam dispersos iam por toda a parte, anunciando a palavra. E, descendo Filipe à cidade de Samaria lhes pregava a Cristo”.
(Atos 11:19-21) “E os que foram dispersos pela perseguição que sucedeu por causa de Estêvão caminharam até à Fenícia, Chipre e Antioquia, não anunciando a ninguém a palavra, senão somente aos judeus. E havia entre eles alguns homens cíprios e cirenenses, os quais entrando em Antioquia falaram aos gregos, anunciando o Senhor Jesus. E a mão do Senhor era com eles; e grande número creu e se converteu ao Senhor”.
Devo levantar as mãos para orar?
Você viu muitos cristãos que oram levantando as mãos para o alto e quer saber se isto é uma necessidade na oração. Certamente não existe uma posição específica para orar, já que encontramos na Bíblia pessoas orando em pé, deitadas, de joelhos, etc. Também não me lembro de existir alguma passagem que diga que a oração deva ser com os olhos fechados. Vemos o Senhor abençoando os pães de olhos abertos fitos nas alturas.
(Lc 9:16) “E, tomando os cinco pães e os dois peixes, e olhando para o céu , abençoou-os, e partiu-os, e deu-os aos seus discípulos para os porem diante da multidão”.
Daniel tinha o costume de orar três vezes ao dia com as janelas abertas para o lado de Jerusalém, e acredito que ele orasse olhando pelas janelas. Em Atos 16 vemos Paulo e Silas orando e cantando na prisão com os pés presos ao tronco, uma posição das mais desconfortáveis. No Antigo Testamento encontramos Jonas orando no ventre do grande peixe, e dificilmente imaginaríamos alguém de joelhos ou com as mãos literalmente levantadas em um lugar assim. Por isso creio que mais importante do que a posição do corpo na oração seja a condição de alma de quem ora. Vamos à passagem de sua dúvida:
(1Tm 2:8) “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar, levantando mãos santas, sem ira nem contenda”.
O verbo “levantar” no grego pode ser traduzido como literalmente erguendo as mãos ou simplesmente no sentido figurado de mostrá-las, que é o que entendo ser o significado aqui. Mesmo porque a questão não é de forma, mas de conteúdo. Não é o modo como posiciono minhas mãos aqui, mas a condição em que elas devem estar, ou seja, “santas”. A força da passagem não está na posição física das mãos mas na condição moral. Elas devem ser santas porque aqui o assunto é a oração e Deus não irá escutar a oração daquele que pratica a iniquidade.
(Sl 66:18) “Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá;”.
Porém o homem religioso é sempre pronto a imitar ou se posicionar fisicamente de modo a demonstrar piedade ou para que outros vejam. O Senhor advertiu que aqueles que oravam nas praças para serem vistos pelos homens já tinham recebido seu galardão, ou seja, aquilo que buscavam: serem vistos pelos homens.
Se olharmos com atenção a passagem vemos que a importância está, primeiro, na necessidade de orar: “Quero… que os homens orem”. Aqui está falando de varões, ou seja, não está incluindo mulheres, pois elas são tratadas mais adiante. Portanto fica bem claro que as mulheres não devem orar em todo lugar, ou seja, ao menos publicamente. A mulher pode evidentemente ter sua oração privativa ou orar com outras mulheres, mas há lugares e situações em que caberá ao varão orar.
Outro aspecto importante da passagem está na frequência e lugar, ou seja, “em todo o lugar” , o que significa também dizer que devemos viver em estado de oração, orando sempre, porque sempre estamos em algum lugar incluído nesse “todo lugar”. Então vem as condições das mãos, “santas” , obviamente não mãos que derramam sangue, que fazem o mal, que aceitam ou pagam suborno.
Finalmente, a condição de alma de quem ora deve ser sem ira nem contenda (algumas traduções trazem “sem ira e sem duvidar” ). Mas será que alguém iria orar com ira e contenda? Sim, e são muitas as ocasiões em que vemos pessoas orando, ou para descarregarem em Deus suas mágoas contra alguém, ou para passarem um recado a algum desafeto presente como se estivesse orando a Deus.
Neste sentido também não é correto transformar a oração, que deveria ser dirigida a Deus, em uma pregação ou exposição bíblica. Deus não precisa que expliquemos a ele as doutrinas de sua Palavra. Ele conhece todas elas. Se falarmos de seus feitos como forma de agradecimento, reconhecimento ou louvor, então tudo bem. Mas se transformarmos nossa oração em um tratado teológico ou, o que é pior, em uma forma de mandar recados para alguém presente na sala, dizendo com indiretas algo que não teríamos coragem de dizer pessoalmente, então certamente esta não é a oração com mãos santas e sem ira nem contenda.
Os primeiros cristãos congregavam em sinagogas?
Quando observamos o modo de agir dos primeiros cristãos devemos ter em mente que nem sempre isso serve de exemplo para nós. A igreja teve início em Atos 2 e era inicialmente composta por judeus convertidos a Cristo. A princípio eles não entenderam exatamente o que era a Igreja, pois em nenhum lugar do Antigo Testamento os profetas haviam previsto que Cristo teria um corpo na terra formado pelos salvos, de cujo corpo o próprio Jesus seria a Cabeça no céu.
Por isso logo no início de Atos ainda vemos os cristãos frequentando o Templo em Jerusalém, mas eles logo deixariam de fazer isso para se reunirem em casas. Uma das primeiras epístolas, a de Tiago, ainda chama de “sinagoga” (esta é a palavra que está no original grego) o lugar de reuniões, mas é preciso também entender duas coisas.
Devemos ter em mente que a epístola de Tiago é uma das mais antigas e foi escrita no ano 45 AD, ou seja, cerca de apenas 12 anos depois da morte e ressurreição de Cristo. Como Paulo se converteu entre 31 e 36 e só depois disso é que teve a revelação do que era a igreja, podemos considerar que Tiago estivesse escrevendo a judeus cristãos que ainda carregavam uma grande dose de judaísmo em seus costumes e nomenclaturas utilizadas. Isso seria corrigido depois pela epístola aos Hebreus, que foi escrita uns 20 anos depois da de Tiago.
Vemos Paulo visitando sinagogas em Atos mas elas eram de judeus e não de cristãos. Paulo e outros iam lá para pregar o evangelho aos judeus. Quando eles se convertiam a Cristo paravam de ir às sinagogas. As sinagogas tinham um caráter de escolas de judaísmo, onde o Antigo Testamento era lido e onde faziam orações. Não era um lugar de adoração, pois no judaísmo o único lugar de adoração era o templo em Jerusalém.
Não existe qualquer semelhança entre uma sinagoga e um salão de reuniões cristãs (isto quando os cristãos se reúnem em salões, porque muitos se reúnem em casas, escritórios, garagens, escolas, hotéis, etc.). O lugar de reuniões do cristão não tem significado algum, é apenas um endereço físico e é um erro chamá-lo de Templo. Infelizmente muitos cristãos cometem este erro ao emprestarem do judaísmo muitos elementos que são estranhos à fé cristã. Se entendessem a epístola aos Hebreus abandonariam de vez o “arraial” contaminado pelo judaísmo.
O que importa é a quem estamos reunidos, e não o endereço físico ou se existem ou não quatro paredes. Quando há muitos irmãos e existe esta facilidade, costuma-se alugar ou comprar um salão, mas este não tem qualquer paralelo com as sinagogas dos judeus. Comparar a igreja (que nunca na Bíblia é um edifício físico) a uma sinagoga (que é um edifício) é perder de vista o ensino no Novo Testamento e deixar de desfrutar as verdades que foram reveladas a Paulo acerca do corpo de Cristo e da assembleia que deve estar congregada ao seu Nome.
Posso orar por um animal de estimação?
Esta é uma pergunta difícil de responder, pois não encontro nenhum caso nas Escrituras de alguém orando por um animal. Mas não seria de todo estranho se pensássemos na relação e importância que o animal tem para o homem, no que o animal pode representar para alguém. Por exemplo, se eu tivesse um filho pequeno cujo cãozinho adoeceu, e isto estivesse fazendo meu filho sofrer, eu oraria ao Pai por meu filho e pela cura do cãozinho, que é a razão do sofrimento.
Mas certamente eu oraria não apenas no sentido de curar o cãozinho para deixar meu filho feliz, mas também no sentido de usar aquele sofrimento para ensinar a meu filho sobre as tristes consequências do pecado do homem que arruinou toda a Criação de Deus, inclusive os animais. Mas que fosse feita a vontade do Pai, e não a minha ou de meu filho, sempre tendo em mente que os animais foram criados para o bem-estar do homem que é a coroa da criação, e não o contrário.
(Rm 8:19-22) “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou , na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora“.
É importante fazer uma ressalva aqui: ao contrário dos seres humanos, que têm corpo, alma e espírito, os animais têm apenas corpo e alma (a alma é a parte dos sentimentos), mas não espírito (que é nossa parcela imortal e nos faz semelhantes a Deus). Então seria um absurdo orar pela salvação espiritual de um cão ou de um porco, pois eles deixam de existir quando seus corpos morrem, mas não tão absurdo orar por sua saúde naquilo que ela tem alguma relação com o bem estar humano.
Alguns podem achar uma ideia absurda preocupar-se com um animal, mas isto é talvez por pensarem naquele poodle que não tem uma função maior do que alegrar a família. Porém em muitos casos os animais são indispensáveis à própria sobrevivência humana. Um pastor de ovelhas nos tempos bíblicos poderia ter dificuldades caso viesse a perder seu cão que protegia as ovelhas contra os lobos. O cão era seu instrumento de trabalho. Nós hoje oramos para que o carro ou a moto que usamos para trabalhar e foi roubada seja encontrada. Por que um pastor de ovelhas daquela época não poderia fazer o mesmo com respeito ao seu cão?
Um fazendeiro hoje que dependa de seu gado para a subsistência de sua família certamente irá orar pelo rebanho caso este seja atingido por uma doença. Se ele perder suas vacas poderá perder as terras, ficar sem emprego e sua família passará fome. Por outro lado, ao orar pela cura das vacas ele estará orando a Deus para dizimar as bactérias ou vírus causadores da doença, o que não deixa de ser uma maldição sobre seres microscópicos que têm o mesmo direito de viver dos grandes mamíferos.
Portanto, antes de adotar uma atitude piegas de falsa humanidade e preocupação por seu cãozinho de estimação, entenda que a sobrevivência dele pode significar a morte de outros seres vivos que dependem dele, ou mesmo a fome dos vermes que porventura teriam alimento garantido caso seu cãozinho viesse a morrer.
Posso parecer um pouco malévolo nesta comparação, mas é a realidade e um cristão não pode fugir dela achando que vivemos num mundo perfeito. Não vivemos. Tudo aqui cheira a morte e todos os dias matamos milhões de seres vivos ao jogarmos desinfetante na privada. Mesmo que você seja vegetariano por questões de consciência religiosa, é melhor rever suas crenças antes de tomar um antibiótico. Você talvez tenha de decidir quem deve morrer: você ou as bactérias.
Mesmo assim é bom verificar o que Deus pensa dos animais para não cairmos no outro extremo, que é o de os tratarmos com sadismo e violência. Numa cultura como a dos tempos bíblicos, em que quase não se usava dinheiro, o cartão de crédito tinha quatro patas. Por isso era normal que Deus se preocupasse com os animais: eles eram o meio de subsistência dos humanos. Veja, por exemplo, a preocupação que Deus tinha, não só com os habitantes de Nínive, mas também com seus animais:
(Jo 4:11) “E não hei de eu ter compaixão da grande cidade de Nínive em que estão mais de cento e vinte mil homens que não sabem discernir entre a sua mão direita e a sua mão esquerda, e também muitos animais ?”.
Se Deus não se preocupasse com os animais teria mandado Noé fazer uma arca só para sua família. Seria um barco bem menor e teria dado muito menos trabalho. Por que Deus se preocupava com os animais? Porque eles faziam parte da sobrevivência humana. Na Bíblia vemos que os animais foram criados em função do homem, e não o contrário, e o homem foi colocado sobre cabeça de toda a Criação (e falhou nisto também).
(Gn 2:19-20) “Havendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe a Adão, para este ver como lhes chamaria; e tudo o que Adão chamou a toda a alma vivente, isso foi o seu nome. E Adão pós os nomes a todo o gado, e às aves dos céus, e a todo o animal do campo ;”.
(Gn 9:2-3) “E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues. Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde”.
Mas ainda que usemos os animais para alimento, carga, experimentos médicos, obtenção de órgãos, matéria prima industrial ou outra função, devemos sempre nos lembrar de agradecer a Deus sabendo que os animais pertencem a ele, não a nós, e é pelo cuidado que Deus tem por nós que nos é permitido utilizar daquilo que pertence a ele.
(Sl 50:10-11) “Porque meu é todo animal da selva, e o gado sobre milhares de montanhas. Conheço todas as aves dos montes; e minhas são todas as feras do campo“.
Portanto devemos sempre enxergar a questão dos animais em sua relação com o homem, ou perderemos de vista o padrão bíblico. Muitos movimentos de proteção aos animais tropeçam nisto e querem colocar os animais com os mesmos direitos que têm os seres humanos, ou às vezes acabam protegendo os animais em detrimento da vida humana. Mas não é assim que somos ensinados na Bíblia, portanto, ao orarmos pela saúde de um animal, de estimação ou rebanho, devemos entender que estamos na verdade orando por seu dono, pela solução para aquilo que o aflige, por sua fonte de subsistência. A razão é simples: o que vale mais para Deus, um pardal ou um ser humano? Um ser humano, evidentemente. O próprio Jesus afirmou isto:
(Mt 10:29-31) “Não se vendem dois passarinhos por um ceitil? E nenhum deles cairá em terra sem a vontade de vosso Pai. E até mesmo os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temais, pois; mais valeis vós do que muitos passarinhos“.
(Mt 6:26) “Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?“.
Mas isto não nos dá o direito de sermos cruéis com as criaturas das quais Deus cuida e alimenta.
(Pv 12:10) “O justo tem consideração pela vida dos seus animais , mas as afeições dos ímpios são cruéis”.
O que tenho pode ser um dom espiritual?
Quando o Senhor andou neste mundo, ele fez vários sinais, milagres e maravilhas, como multiplicar os pães, acalmar tempestades, curar enfermos e ressuscitar mortos. Mas cada sinal ou milagre tinha um objetivo claro, primeiro de apresentar suas credenciais de Messias ao povo de Israel e, segundo, de exercer misericórdia para com aqueles que sofriam das privações e provações trazidas pelo pecado.
Mas uma terceira razão de seus sinais e milagres poderia ser a de exibir seus poderes para ganhar notoriedade. Porém isso ele não fez e nem podia fazer, pois seria contrário à sua natureza divina. Prova disso é que nós o vemos curando e ao mesmo tempo alertando o ex-enfermo a não divulgar aquilo.
(Lc 5:13-14) “E ele, estendendo a mão, tocou-lhe, dizendo: Quero, sê limpo. E logo a lepra desapareceu dele. E ordenou-lhe que a ninguém o dissesse“.
Depois de morrer, ressuscitar e ascender aos céus, Jesus deu dons aos homens com o objetivo claro de edificar o corpo de Cristo, e não de fazer desses homens e mulheres super-heróis ou mágicos de Las Vegas.
(Ef 4:10-14) “Aquele que desceu é também o mesmo que subiu acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas. E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo, para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.
Veja bem:
— É Cristo que dá os dons diretamente de seu lugar no céu, portanto não são dons dados por ordenação humana ou faculdades de teologia;
— O objetivo é o aperfeiçoamento dos santos e não o enriquecimento ou a possibilidade de se exibir do que recebe o dom;
— É para a edificação do corpo como um todo, e não de uma denominação religiosa;
— Seu objetivo é levar as pessoas ao conhecimento de Cristo, e não torná-las dependentes da pessoa que tem o dom, livrando-as justamente do “engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente”.
Estes são os dons universais e quem os têm pode usá-los em todos os lugares. Um evangelista ou pastor ou mestre é evangelista, pastor ou mestre onde quer que esteja, e não apenas em sua assembleia local. Apóstolos e profetas são dons que ficaram restritos ao período de lançamento do fundamento ou alicerce da casa de Deus, portanto você já não os encontrará por aí. Os apóstolos tinham uma característica de terem estado com o Senhor e os profetas (às vezes um era também o outro) supriam a necessidade de comunicação de Deus para com os santos em uma época quando ainda não existia o Novo Testamento e as epístolas com a doutrina dos apóstolos para a igreja.
(Ef 2:19-22) “Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina ; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito“.
Portanto, para este tempo da igreja temos o Senhor Jesus como a pedra angular ou de esquina (a primeira que se coloca no alicerce de uma construção), os apóstolos e profetas como fundamento ou alicerce , determinando onde começam e terminam as paredes, e finalmente as paredes, que é a parte hoje em construção e na qual atuam os dons de evangelistas (os que trazem matéria prima, as pedras individuais - Atos 11:19-21), pastores (que colocam a argamassa para que as pedras permaneçam unidas ao Senhor - At 11:22-24) e mestres ou doutores (que mantêm as paredes alinhadas e no prumo doutrinário - Atos 11:25-26).
Mas há os outros dons, de aplicação mais local e eventual, sempre “para o que for útil” , portanto nunca para exibicionismo ou inflar o ego.
(1 Co 12:7-11) “Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria ; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência ; E a outro, pelo mesmo Espírito, a fé ; e a outro, pelo mesmo Espírito, os dons de curar ; E a outro a operação de maravilhas ; e a outro a profecia ; e a outro o dom de discernir os espíritos ; e a outro a variedade de línguas ; e a outro a interpretação das línguas. Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer”.
Aqui é o Espírito quem dá a cada um o dom “para o que for útil” , e ele reparte não segundo a nossa vontade ou a vontade dos homens, mas “particularmente a cada um como [ele, o Espírito] quer”. Isto nos ajuda a entender outra passagem geralmente mal compreendida:
(1 Co 12:31) “Portanto, procurai com zelo os melhores dons;”.
O apóstolo não está dizendo aí para nos esforçarmos para receber este ou aquele dom, mas para termos discernimento de buscarmos nos ocupar com os dons de outros irmãos que trazem maior benefício, os melhores dons. Se ler o capítulo 14, que é uma continuação do assunto, verá que ele está comparando o dom de falar em línguas estrangeiras ao dom de profecia (falar a Palavra de Deus), concluindo que o dom de profecia é muito superior ao dom de línguas, porque o primeiro edifica a todos e o segundo só ao que fala.
(1 Co 14:1-3) “Segui o amor, e procurai com zelo os dons espirituais, mas principalmente o de profetizar. Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios. Mas o que profetiza fala aos homens, para edificação, exortação e consolação“.
Repare que no caso de curar, não diz “o dom de curar” , mas “os dons de curar” , porque não é um poder permanente dado a alguém para usar quando bem entender, mas uma capacidade dada a diferentes pessoas conforme a necessidade do momento, para o benefício de diferentes pessoas em diferentes situações.
Mas sua pergunta foi mais específica. Você quis saber se essa intuição para detectar se uma pessoa tem más intenções, mesmo sem conhecê-la, é um dom. Podemos considerar que você poderia ter o dom de “discernir os espíritos” (1 Co 12:10), que é o que Pedro, por exemplo, usou para detectar que Simão era um impostor:
(Atos 8:18-23) “E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus. Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração; Pois vejo que estás em fel de amargura, e em laço de iniquidade”.
Em outro momento Paulo parece usar desse dom para detectar que a jovem que aparentemente queria ajudá-lo na propagação do evangelho escondia um espírito maligno por detrás daquelas palavras. Uma pessoa qualquer teria se surpreendido ao ver Paulo falar daquela maneira a alguém que parecia estar apenas querendo ajudar:
(Atos 16:16-18) “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”.
O discernimento de espíritos também pode ser usado, neste caso pelos varões (veja 1 Coríntios 14:34), nas reuniões da assembleia para detectar em que espírito um irmão está dizendo algo (porque às vezes alguém pode erroneamente usar da palavra para “mandar recados”) ou se existe má doutrina naquilo que fala.
É preciso entender que o que estou dizendo agora é no sentido de 1 Coríntios 14, numa reunião da assembleia (ou igreja) conforme os padrões bíblicos, quando o Espírito Santo tem a liberdade de escolher quem irá ministrar, e não no sentido denominacional, em que as reuniões são dirigidas por um homem à frente (o “pastor”, um modelo que não é bíblico).
Na reunião da assembleia falam os profetas, aqueles que têm algum dom de ministrar, como em 1 Coríntios 12:10 que diz “…e a outra profecia” , e não no sentido dos dons universais de Efésios 3 que já comentei. Veja um exemplo de profetas em ação:
(Atos 15:32) “Depois Judas e Silas, que também eram profetas, exortaram e confirmaram os irmãos com muitas palavras”.
Numa reunião da assembleia falam dois ou três profetas (e não há um “pastor” à frente dirigindo tudo e monopolizando o ministério da Palavra como fazem nas denominações) e os outros julgam. Esses que julgam podem estar exercendo o dom de discernimento dos espíritos.
(1 Co 14:29-33) “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem. Mas, se a outro, que estiver assentado, for revelada alguma coisa, cale-se o primeiro. Porque t odos podereis profetizar, uns depois dos outros ; para que todos aprendam, e todos sejam consolados. E os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz”.
É importante frisar que nesta passagem fala de um tempo quando ainda havia revelações (lembre-se de que eles não tinham ainda o Novo Testamento escrito), mas hoje uma reunião da assembleia funciona bem tendo a Palavra ou revelação escrita e o ministério dos profetas. E estes, como acontece também com os outros dons, têm seus espíritos sob controle , ou seja, ninguém entra em algum tipo de transe ou êxtase para ser usado pelo Espírito no exercício de seu dom. Uma reunião nos moldes de 1 Coríntios 14 é uma reunião de ordem e paz, e não de confusão e desordem.
Os Coríntios estavam sendo seriamente exortados pelo apóstolo, pois ao invés de usarem os dons “para o que for útil” como diz em 1 Coríntios 12:7, eles pareciam crianças que ganharam um brinquedo novo e assim só geravam desordem e escândalos no uso dos dons. Daí a advertência:
(1 Co 14:20) “Irmãos, não sejais meninos no entendimento, mas sede meninos na malícia, e adultos no entendimento”.
Mas talvez a aplicação mais direta e importante deste dom de discernir os espíritos possa ser a que é explicada nesta passagem:
(1 João 4:1-6) “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus , porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo , do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo… Nós somos de Deus; aquele que conhece a Deus ouve-nos; aquele que não é de Deus não nos ouve. Nisto conhecemos nós o espírito da verdade e o espírito do erro“.
É importante não confundir um dom espiritual com um talento, habilidade ou capacidade natural. Uma pessoa pode ser extremamente habilidosa em detectar más intenções em alguém, e as mulheres são campeãs neste sentido por terem uma intuição muito apurada. Há também pessoas que são treinadas em ler expressões faciais e linguagem corporal para detectarem se uma pessoa está mentindo. Policiais que trabalham em interrogatórios costumam passar por treinamentos assim. Pessoas que estudam psicologia, psiquiatria, neurolinguística e outras disciplinas adquirem habilidades semelhantes de leitura de comportamento e caráter. Há também os estelionatários e golpistas que são mestres na arte de escolher suas vítimas por uma série de indícios aparentes de comportamento. Nada disso, porém, tem a ver com o dom de discernir espíritos.
Talvez agora você tenha mais subsídios para detectar se aquilo que você tem é um dom espiritual ou uma intuição apurada para detectar as intenções das pessoas com base em indícios quase invisíveis de feições e comportamento. Se for o segundo caso, parabéns pela habilidade. Se for o primeiro, então toda a glória deve ser dada a Deus e você deve usar seu dom com parcimônia dentro daquilo “que for útil” para o corpo de Cristo.
O arrebatamento será na metade da última semana?
Sua dúvida é se o arrebatamento da igreja ocorrerá na metade da última semana de anos mencionada por Daniel no capítulo 9 de seu livro. A igreja nunca aparece na profecia porque a profecia fala de Israel e do mundo. Portanto em Daniel a prova da Igreja ser arrebatada antes dos 7 anos finais está justamente na falta de um número de anos suficiente para fechar a conta feita na profecia. Vejamos:
(Dn 9:23-24) “No princípio das tuas súplicas, saiu a ordem, e eu vim, para to declarar, porque és mui amado; considera, pois, a palavra, e entende a visão. Setenta semanas [490 anos] estão determinadas sobre o teu povo [Isaíasrael], e sobre a tua santa cidade [Jerusalém] ,”.
Considerando que os eventos descritos a seguir e culminando com a destruição de Jerusalém e do templo já ocorreram em um período de (490-7) anos, então podemos afirmar que aqui o termo “semana” refere-se a anos. Na verdade a palavra “semana” não aparece no original, que diz mais ou menos assim: “Setenta setes (ou setenta sétimos) estão determinados”.
(Dn 9:24) “…para cessar a transgressão, e para dar fim aos pecados,”.
O sentido aqui é de a transgressão chegar ao seu fim, ao seu ponto final, ou seja, depois da rejeição do Messias não haverá transgressão maior que esta. Na continuação Israel terá também seus pecados perdoados, o que pode ser o significado da segunda parte.
“… E para expiar a iniquidade,”.
Embora a obra da expiação tenha sido feita na cruz, os seus efeitos no que diz respeito a Israel (que é o assunto aqui) só serão levados a termo no futuro, quando um remanescente reconhecer o Messias e crer. Então a nação irá desfrutar da obra já consumada de Cristo na cruz.
“…E trazer a justiça eterna,”.
Aqui é o Milênio, com Israel vivendo sob um Rei justo, Jesus, cuja justiça é efetivamente eterna, ainda que o Milênio seja apenas um período de tempo.
“…E selar a visão e a profecia,”.
Toda a profecia culmina em Jesus e na sua obra perfeita, não apenas a que foi realizada na cruz, mas também todos os seus desdobramentos que incluem a sua vinda para estabelecer o seu Reino. Portanto, no fim dos 490 anos ou setenta semanas representa também o fim ou cumprimento desta profecia.
“…E para ungir o Santíssimo [lugar]”.
No início do Milênio o templo que Ezequiel descreve (cap. 40-44) será consagrado em Jerusalém e o Senhor será a sua glória como aconteceu na inauguração do templo de Salomão.
(Dn 9:25) “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém,”.
Esta ordem você encontra em Neemias 2:1-8 dada por Artaxerxes.
“…Até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas, e sessenta e duas semanas; as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos”.
Entre a ordem de restaurar e a morte de Cristo (devia ser sua coroação, mas lhe deram por trono uma cruz) passaram-se 7 semanas (49 anos) mais sessenta e duas semanas (434 anos). Isso já é história. Alguém calculou os anos descontando os erros de calendário e chegou à data da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, e não da cruz. Seja o que for, a diferença é de dias.
(Dn 9:26) “E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo;”.
O Messias cortado refere-se à morte de Cristo. Outra tradução diz: “…será cortado e não terá nada”.
“…E o povo do príncipe, que há de vir, destruirá a cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas as assolações”.
Aqui não é “o príncipe que há de vir”, mas o seu povo, pois se trata do povo romano que destruiu Jerusalém e o Templo no ano 70 DC. O “príncipe” virá depois, e ele é o anticristo, mas seu povo já estava lá atrás agindo conforme a profecia.
É aqui que existe uma lacuna que a profecia não revela porque a Igreja ainda era um mistério para os profetas, e só seria revelada muito depois ao apóstolo Paulo. Repare que é aqui que dá para encaixar os dois mil anos que já se passaram e que não entram na contagem dos (490-7) anos.
Se tentarmos encaixar o arrebatamento na metade da última semana de 7 anos que falta aqui ou no seu final, ou seja, quando Cristo vem para reinar, a conta simplesmente não fechará. Teríamos 69 semanas (483 anos), mais umas 287 semanas (2000 anos), mais 1 semana (7 anos). Ou a aritmética profética está dando um erro de 2 mil anos ou teremos de concluir que o relógio profético parou com a rejeição e morte de Jesus e só voltará a bater quando o anticristo firmar uma aliança com muitos no início da última semana. Este é o assunto do próximo versículo:
(Dn 9:27) “E ele firmará aliança com muitos por uma semana; e na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oblação; e sobre a asa das abominações virá o assolador, e isso até à consumação; e o que está determinado será derramado sobre o assolador”.
Portanto, vejo que a ordem dos acontecimentos é esta:
1. Sai a ordem para restaurar Jerusalém (ne).
2. O Messias vem e é tirado (morto).
3. O povo romano (do qual será o anticristo) destrói Jerusalém e o Templo.
4. O príncipe daquele povo que destruiu a cidade e o Templo faz uma aliança.
5. Na metade da semana ele rompe a aliança de forma hostil e idólatra.
6. Ele irá assolar os judeus fiéis até o fim (da semana de anos).
Para acompanhar melhor sugiro a leitura dos livros “Acontecimentos Proféticos” e “Questões Proféticas”.
O diabo pode influenciar crianças?
O mundo jaz no maligno e isso inclui as crianças. As crianças são pecadoras porque nascem assim (o pecado é uma herança). Ainda que o pecado que existe nelas não tenha produzido “pecados” enquanto elas são pequenos e indefesos bebês, logo começarão a aparecer as evidências de que elas pertencem a uma raça caída. Se não fosse assim, bebês não adoeceriam, pois a doença é uma das consequências do pecado.
(1 João 5:19) “Sabemos que somos de Deus, e que todo o mundo está no maligno“.
É sempre bom lembrar que Hitler, Sadam, Aníbal, Bin Laden, Nero, Gengis Khan e tantos outros facínoras da história devem ter sido bebezinhos adoráveis, que eu e você teríamos carregado no colo e achado que eles jamais seriam capazes de fazer mal a uma mosca. Pode ser que neste exato momento um bebezinho esteja sorrindo para seus pais encantados com ele e que esse mesmo bebê irá crescer e ser o anticristo.
Portanto, quando dizemos que tudo está arruinado pelo pecado, é tudo mesmo, inclusive as crianças. Você já pode detectar o espírito voluntarioso de uma criança quando tenta dar a mão a ela para atravessar a rua e ela quer fazer do jeito dela. O pecado foi isso: querer viver independente de alguém superior. Até os animais, que nunca pecaram, ficaram sob a mesma maldição do pecado e sofrem por causa de nós.
(Rm 8:19-23) “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou , na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação geme e está juntamente com dores de parto até agora. E não só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo”.
Mas sua dúvida é se Satanás pode influenciar ou até mesmo usar uma criança para seus propósitos. Leia esta passagem:
(2 Rs 2:23-24) “Então [Eliseu] subiu dali a Betel; e, subindo ele pelo caminho, uns meninos saíram da cidade, e zombavam dele, e diziam-lhe: Sobe, calvo; sobe, calvo! E, virando-se ele para trás, os viu, e os amaldiçoou no nome do Senhor; então duas ursas saíram do bosque, e despedaçaram quarenta e dois daqueles meninos“.
Certamente por detrás daqueles meninos que zombavam do profeta de Deus estava o inimigo de nossas almas. Aparentemente a frase “Sobe calvo!” Tem a ver com o profeta Elias, que subiu arrebatado aos céus, enquanto Eliseu ficou (veja o versículo 11). Isto poderia significar que Eliseu seria um profeta de menor capacidade que Elias e os meninos estariam zombando dele por esta razão. A passagem impressiona, mas creio que Deus quis mostrar que quem zomba de um servo dele está zombando do próprio Deus.
(Mt 25:45) “Então lhes responderá, dizendo: Em verdade vos digo que, quando a um destes pequeninos [aqui ele está falando dos judeus fiéis que o seguirão durante a tribulação) o não fizestes, não o fizestes a mim”.
Na passagem de Atos 16 não sabemos a idade da “jovem”, mas ela estava possessa de um espírito imundo. No grego a palavra é no sentido de “menina” e algumas traduções estão assim.
(Atos 16:16) “E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação , a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores”.
Estas passagens também falam de um menino e uma menina possessos de espíritos malignos:
(Mc 9:20-21) “E trouxeram-lho; e quando ele o viu, logo o espírito o agitou com violência, e, caindo o endemoninhado por terra, revolvia-se, escumando. E perguntou ao pai dele: Quanto tempo há que lhe sucede isto? E ele disse-lhe: Desde a infância“.
(Mc 7:26) “E esta mulher era grega, sirofenícia de nação, e rogava-lhe que expulsasse de sua filha o demônio“.
Talvez alguém diga que é cruel Deus permitir que essas coisas aconteçam com crianças, mas não podemos nos esquecer de que este mundo é aquele do qual os homens expulsaram o Filho de Deus. Se havia alguma dúvida quanto à inimizade dos homens contra Deus, e sua preferência em seguir o pecado e Satanás, isso ficou muito claro no Calvário.
O homem pecador é alguém que um dia foi uma criança aparentemente inocente, mas ninguém nasce inocente, pois inocência foi uma característica apenas de Adão antes da queda. Se alguém alegar que Deus é cruel ao permitir que o mal aconteça às crianças, não devemos nos esquecer do modo como a humanidade trata seus filhos.
(Ez 5:10) “Portanto os pais comerão a seus filhos no meio de ti, e os filhos comerão a seus pais ; e executarei em ti juízos, e tudo o que restar de ti, espalharei a todos os ventos”.
(2 Rs 6:28-29) “Disse-lhe mais o rei: Que tens? E disse ela: Esta mulher me disse: Dá cá o teu filho, para que hoje o comamos, e amanhã comeremos o meu filho. Cozemos, pois, o meu filho, e o comemos ; mas dizendo-lhe eu ao outro dia: Dá cá o teu filho, para que o comamos; escondeu o seu filho”.
É de surpreender que Deus tenha de agir com terríveis juízos, como fez com os meninos que zombavam de Eliseu, para com os terríveis seres humanos que preferiram viver em rebeldia? É sempre bom lembrar que se o pecado nunca tivesse entrado na criação, Deus nunca precisaria ter agido com seus terríveis juízos. Ou seja, nós somos os causadores do modo severo como Deus é obrigado a agir com sua criação.
O diabo tem suas maneiras de influenciar as crianças, e não precisa necessariamente enviar seus espíritos malignos para possuí-las. O método que mais usa é incutir a mentira em suas mentes para que elas cresçam “programadas” para gostar do ocultismo, e os pais têm uma grande parcela de responsabilidade nisso. Não é à toa que hoje livros e filmes de bruxos (Harry Potter) e vampiros (Crepúsculo) façam tanto sucesso entre crianças e adolescentes.
Se observar os desenhos animados para criancinhas procuram mostrar que o dragão é um ser camarada e não faz mal a ninguém. Como explicar para uma criança que vive assistindo vídeos e lendo livros e colorindo desenhos de dragões que Satanás na Bíblia é chamado de dragão? na cabeça dela, se o dragão é bom então o diabo não pode ser mau! Percebe a sutileza do ataque? Apenas no Apocalipse o diabo é chamado de “Dragão” 12 vezes.
(Ap 12:3) “E viu-se outro sinal no céu; e eis que era um grande dragão vermelho , que tinha sete cabeças e dez chifres, e sobre as suas cabeças sete diademas”.
(Ap 12:4) “E a sua cauda levou após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra; e o dragão parou diante da mulher que havia de dar à luz, para que, dando ela à luz, lhe tragasse o filho”.
(Ap 12:7) “E houve batalha no céu; Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão , e batalhavam o dragão e os seus anjos ;”.
(Ap 12:9) “E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, chamada o Diabo, e Satanás , que engana todo o mundo; ele foi precipitado na terra, e os seus anjos foram lançados com ele”.
(Ap 12:13) “E, quando o dragão viu que fora lançado na terra, perseguiu a mulher que dera à luz o filho homem”.
(Ap 12:16) “E a terra ajudou a mulher; e a terra abriu a sua boca, e tragou o rio que o dragão lançara da sua boca”.
(Ap 12:17) “E o dragão irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao remanescente da sua semente, os que guardam os mandamentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus Cristo”.
(Ap 13:2) “E a besta que vi era semelhante ao leopardo, e os seus pés como os de urso, e a sua boca como a de leão; e o dragão deu-lhe o seu poder, e o seu trono, e grande poderio”.
(Ap 13:4) “E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?”.
(Ap 13:11) “E vi subir da terra outra besta, e tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como o dragão“.
(Ap 16:13) “E da boca do dragão , e da boca da besta, e da boca do falso profeta vi sair três espíritos imundos, semelhantes a rãs”.
(Ap 20:2) “Ele prendeu o dragão , a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás, e amarrou-o por mil anos”.
Numa pesquisa no site da Amazon descobri que existem centenas de livros para crianças com histórias de dragões e na quase totalidade das histórias o dragão não é mau como as pessoas pensam, mas ele só quer ajudar as criancinhas. Então, respondendo mais uma vez sua pergunta se “O diabo pode influenciar as crianças?”, a resposta é sim, e aqueles que são pais facilitam o trabalho de Satanás quando não têm cuidado com aquilo que escolhem para seus filhos lerem ou assistirem.
O arcanjo Miguel é Jesus?
Quando alguém me pergunta sobre algum ensino do Adventismo do Sétimo Dia, deixo bem claro que o problema não está na coisa ensinada, que em alguns casos pode até ser verdade, mas na sua origem. O corpo de doutrinas dessa religião se originou dos ensinos de uma mulher, Hellen White, e a Bíblia afirma categoricamente que a mulher não deve ensinar:
(1Tm 2:12-14) “Não permito, porém, que a mulher ensine , nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão“.
Deus tomou este cuidado porque a mulher foi enganada lá no Éden, caindo em transgressão. Apesar de Adão ter acompanhado sua mulher em seu erro, ele não foi enganado pela serpente. Ele estava ciente do erro. Por esta razão a mulher é mais suscetível ao engano do inimigo, e mais ainda agora, pois depois da queda, Deus criou inimizade entre a serpente e a mulher, fazendo desta última o alvo preferido de Satanás.
(Gn 3:15) “E porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua semente e a sua semente; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar”.
Deus precisou fazer assim por causa da relação de confiança que havia iniciado entre a mulher e o diabo, quando ela foi na conversa dele. Deus pôs um fim àquela estranha amizade, criando um ódio especial de Satanás contra a mulher. Essa inimizade perdura até hoje e se estende à semente da mulher, o Salvador que havia sido prometido. É por esta razão que em várias ocasiões vemos Satanás atacando particularmente crianças na Bíblia, na tentativa de impedir o nascimento do Salvador anunciado no Éden, que esmagaria a cabeça da serpente.
Voltando à questão do Adventismo do Sétimo Dia, você nunca terá a garantia de que seus ensinos sejam corretos, já que sua origem está na desobediência a uma ordem clara dada por Deus: “Não permito que a mulher ensine” (1Tm 2:12).
Tratando agora de sua pergunta em particular, não existe qualquer fundamento na afirmação feita pelo Adventismo do Sétimo Dia (e também pelas Testemunhas de Jeová) de que o arcanjo Miguel seria Jesus. A epístola aos Hebreus deixa clara a diferença entre os anjos e Jesus:
(Hb 1:5-8) “Porque, a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, Hoje te gerei? Eu lhe serei por Pai, E ele me será por Filho? E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus o adorem. E, quanto aos anjos, diz: Faz dos seus anjos espíritos, e de seus ministros labareda de fogo. Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino“.
Os anjos adoram Jesus porque ele é Deus, e os anjos não são adorados em lugar algum da Bíblia.
(Ap 19:10) “E eu lancei-me a seus pés para o adorar; mas ele disse-me: Olha não faças tal; sou teu conservo, e de teus irmãos , que têm o testemunho de Jesus. Adora a Deus ; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.
(Ap 22:8-9) “E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus“.
Ao contrário dos anjos, Jesus é adorado por ser Deus e não recusa adoração:
(Mt 8:2) “E, eis que veio um leproso, e O adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo”.
(Mt 9:18) “Dizendo-lhes Ele estas coisas, eis que chegou um chefe, e O adorou , dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a Tua mão, e ela viverá”.
(Jo 9:38) “Ele disse: Creio, Senhor. E O adorou“.
(Hb 1:6) “E outra vez, quando introduz no mundo o primogênito, diz: E todos os anjos de Deus O adorem“.
O título arcanjo (arqui-anjo) dado a Miguel pode ser por ele estar numa posição elevada na hierarquia que Deus criou. Mesmo assim, ele ainda está abaixo do querubim Satanás, como é possível ver na epístola de Judas:
(Jd 1:9) “Mas o arcanjo Miguel, quando contendia com o diabo, e disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar juízo de maldição contra ele; mas disse: O Senhor te repreenda“.
O arcanjo Miguel não ousou repreender o diabo, mas Jesus o fez, em algumas ocasiões repreendeu demônios (ou espíritos imundos) e o próprio Satanás, quando este tentou influenciar os pensamentos de Pedro:
(Mt 17:18) “E, repreendeu Jesus o demônio , que saiu dele, e desde aquela hora o menino sarou”.
(Mc 1:25) “E repreendeu-o Jesus, dizendo: Cala-te, e sai dele”.
(Mc 8:33) “Mas ele, virando-se, e olhando para os seus discípulos, repreendeu a Pedro, dizendo: Retira-te de diante de mim, Satanás ; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas as que são dos homens”.
Mas sua pergunta podia também ter sido sobre alguma doutrina do Adventismo do Sétimo Dia que estivesse correta e mesmo assim eu iria sugerir que você nunca bebesse daquela fonte, justamente porque Deus afirma que não é confiável:
(1 Tm 2:12-14)“Não permito, porém, que a mulher ensine… Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.
Ainda que Hellen White, a fundadora do Adventismo, tenha costurado algumas verdades no tecido de sua doutrina, essas verdades podem estar ali apenas para servir de gancho para levar os incautos à mentira. Na tentação no deserto Satanás usou a Palavra de Deus, mas nem por isso ele estava certo. Procure sempre analisar a origem, mesmo de uma “verdade”, porque a verdade pode ser apenas o preâmbulo de uma mentira.
“É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade” , diz o comercial da Folha de São Paulo veiculado nos anos 1980:
“Este homem pegou uma nação destruída, recuperou sua economia e devolveu o orgulho ao seu povo. Em seus 4 primeiros anos de governo o número de desempregados caiu de 6 milhões para 900.000 pessoas. Este homem fez o produto interno bruto crescer 102% e a renda per capta dobrar. Aumentou o lucro das empresas de 175 milhões para 5 bilhões de marcos, e reduziu uma hiperinflação para no máximo 25% ao ano. Este homem adorava música e pintura, e quando jovem imaginava seguir a carreira artística. É possível contar um monte de mentiras dizendo só a verdade”.
No final do comercial, que tinha um rosto que ia ficando cada vez mais nítido, você acabava percebendo que o texto falava de Hitler
Além da ideia de que o arcanjo Miguel seria Jesus, Hellen White ensinou outros enganos, e alguns deles são:
— O sono da alma após a morte
(Lc 16:23) “E no inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio”.
— A aniquilação dos perdidos
(Mc 9:44) “Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga”.
— A guarda do sábado por cristãos
(Gl 3:11) “E é evidente que pela lei ninguém será justificado diante de Deus, porque o justo viverá da fé”.
— Satanás teria levado os pecados do crente
(1 Pe 2:24) “Levando ele mesmo [Jesus] em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro…”.
— O cristão deveria ser vegetariano
(Mt 15:36) “E, tomando os sete pães e os peixes, e dando graças, partiu-os, e deu-os aos seus discípulos, e os discípulos à multidão”.
Podemos analisar a inteligência de Cristo? ===========================================
Até hoje só li um livro de Augusto Cury, “Inteligência Multifocal”, e achei muito interessante. Mas é um livro que ele escreveu como médico, psiquiatra e psicoterapeuta, e não é um livro motivacional, como os que escreve atualmente, ou tratando de temas cristãos, como a série “Análise da Inteligência de Cristo” e “Os segredos do Pai Nosso”.
Não conheço o conteúdo dessa série e nem tive o interesse de ler quando foi lançada, porque o título me pareceu areia movediça para um escritor se aventurar a caminhar por ele. Quando vieram os outros livros e o autor firmou-se como escritor motivacional e de autoajuda, aí meu interesse desapareceu por completo, pois não gosto de livros assim.
É claro que minha percepção sobre os livros de Augusto Cury pode estar equivocada, principalmente porque sei que os títulos dos livros nem sempre são escolhidos pelo autor, mas pelo editor que busca por algo mais vendável. Mas minha percepção parece ser a mesma que você teve ao ler a série “Análise da Inteligência de Cristo”, pois você comentou:
“O livro se trata mais de uma visão humana de Cristo, sobre sua capacidade de lidar com seu meio, com os discípulos, os judeus e suas tradições… Enfim, está falando de Cristo como homem e não Filho de Deus. Quando digo homem, fala de Cristo fora da escala da fé, investigando ele apenas como homem mesmo, sem divindade, assim como Sócrates e Gandhi ou qualquer outro pensador Você acha isso saudável?”.
Prefiro comentar sua preocupação, não como uma crítica ao Augusto Cury ou aos seus livros que não li, pois seria injusto. Comento como minha opinião sobre livros de autoajuda em geral, e livros que tentam decifrar a Pessoa de Cristo em particular, aparte daquilo que podemos saber do Senhor que é revelado na Palavra de Deus. Mas não acredito que seja correto nos aprofundarmos ao ponto de tentarmos analisarmos a inteligência do Senhor Jesus e nem tampouco querermos usar dessas conclusões para melhorar a vida das pessoas, e digo isto baseado em alguns pontos.
Primeiro, porque Jesus é o Filho de Deus, portanto Deus e Homem perfeito. Sua natureza é um mistério ao qual psiquiatra nenhum pode ter acesso. Podemos analisar a inteligência e comportamento dos discípulos, e fazemos isso com frequência porque são seres humanos como nós. Mas colocar o Criador num divã é ousado demais em minha opinião. Veja isto:
(Mt 11:27) “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai, e ninguém conhece o Filho, senão o Pai ; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
Esta passagem revela que existe um mistério a respeito da Pessoa de Cristo que ninguém é capaz de compreender. E nem poderia, já que estamos falando de deidade e humanidade em uma Pessoa, sem pecado e sem a possibilidade de pecar. Repare que, apesar do texto dizer que só o Pai conhece o Filho, e só o Filho conhece o Pai, diz ainda que existe a possibilidade de o Filho revelar o Pai a quem ele quiser, mas nada é dito que o Pai revele o Filho. O que podemos saber do Filho é o que nos é revelado pela Palavra de Deus, e ainda assim nada entenderemos a não ser pela fé, e esta é um dom de Deus.
Quero dizer com isto que, ainda que alguém escreva um livro explicando tudo o que é possível explicar sobre Jesus, o homem em seu estado natural não irá entender. Continuará a enxergá-lo apenas como um homem mais inteligente, mais sábio, mais poderoso e palavras e obras, mas nunca como aquele que ele realmente é. E se alguém tentar compará-lo a outros homens comuns só estará criando uma situação que Deus não gostaria que criássemos.
Veja que quando Pedro, com boas intenções, tenta colocar Jesus no mesmo nível de Moisés e Elias, imediatamente estes dois desaparecem de vista. E quando Jesus pergunta aos discípulos sobre quem ele seria aos olhos dos homens, existe a resposta do que as pessoas em geral pensavam dele, um profeta, João Batista, etc., e existe a resposta da revelação do Espírito, o Filho de Deus.
William Kelly escreveu: “O Filho revela o Pai, mas a mente humana sempre fica aos pedaços quando tenta desvendar o insolúvel enigma da glória pessoal de Cristo”.
Tentar desvendar a “inteligência de Cristo” para com isso trazer algum benefício às pessoas em seu estado natural, como descendentes de Adão também apresenta algumas dificuldades. Primeiro, como eu poderia entender a inteligência do Criador sendo eu mera criatura?
(Rm 11:33-34) “Ó profundidade das riquezas, tanto da sabedoria, como da ciência de Deus! Quão insondáveis são os seus juízos , e quão inescrutáveis os seus caminhos! Porque quem compreendeu a mente do Senhor?“.
Ainda que alguém conseguisse extrair algumas gotas da inteligência divina para na melhor das intenções querer ajudar as pessoas a terem uma vida melhor, a questão é que as coisas de Deus jamais podem penetrar a mente e o coração do homem a menos que este venha a nascer de novo e essas coisas lhe sejam reveladas pelo Espírito de Deus.
(1 Co 2:14) “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente“.
O grande problema dos livros de autoajuda é que eles tentam dar aos seres humanos a falsa ideia de que podem ser felizes. Um médico pode ajudar seu paciente a ter uma vida melhor no sentido físico e emocional, mas não poderá dar a ele a certeza de vida eterna ou nem mesmo de uma vida plena aqui, já que o vazio que o ser humano sente é do tamanho de Deus. Nada menos que Deus poderia preenchê-lo e saciar sua sede. Frases motivacionais podem até dar uma sensação passageira de satisfação, mas são como gotas de água extraídas do poço de Samaria.
(Jo 4:13-14) “Jesus respondeu, e disse-lhe: Qualquer que beber desta água tornará a ter sede ; Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna”.
Quando alguém busca em livros motivacionais ou de autoajuda a solução para seus problemas espirituais está buscando no lugar errado. Não precisamos de autoajuda, mas da “ajuda do alto”: Cristo, como Salvador e Senhor. Nada menos que isso pode resolver o problema do homem, e não é pela imitação de Cristo que o problema é resolvido, mas pela fé em Cristo como o Cordeiro de Deus, que morreu em meu lugar levando meus pecados na cruz. Querer que um incrédulo siga o exemplo de Cristo é como ensinar papagaio a falar. Ele pode até aprender, mas não faz ideia do que seja aquilo e não terá qualquer utilidade.
Por eu ser um palestrante profissional e tratar de temas como carreira, comunicação, marketing pessoal, vendas, etc., alguns me chamam de “palestrante motivacional”. Em certo sentido eu realmente procuro motivar as pessoas, mas sempre no sentido profissional: motivar o vendedor a vender mais, motivar o profissional a aprimorar suas competências, o empresário a melhorar sua comunicação com sua equipe e coisas do tipo. Mas em momento nenhum eu digo às pessoas que essas coisas as tornarão felizes e realizadas.
Minhas palestras e livros são no sentido de resolver questões terrenas ligadas a esta vida e à carreira profissional. Porém ninguém irá sentir-se verdadeiramente realizado enquanto não resolver sua questão eterna, que inclui o perdão de seus pecados para apresentar-se a Deus, não mais como um réu para ser condenado ao fogo eterno, mas como um filho que volta à casa do Pai. Mas em minhas palestras e livros profissionais eu não abordo temas relacionados ao evangelho porque não é este o objetivo das pessoas que me contratam ou compram meus livros.
Alguém que se propusesse a analisar a inteligência de Cristo precisaria incluir também o comportamento dele no Antigo Testamento e também em Apocalipse, quando aparece como o ancião de dias com uma imagem tão terrível que faz João sentir-se como morto. Tente analisar a Pessoa descrita por João na passagem de Apocalipse, comparando-a com Buda ou Gandhi como costumam fazer os autores seculares, e verá como a ideia de se tentar decifrar a Pessoa de Cristo fica infinitamente mais complexa:
(Ap 1:12-18) “E virei-me para ver quem falava comigo. E, virando-me, vi… um semelhante ao Filho do homem, vestido até aos pés de uma roupa comprida, e cingido pelos peitos com um cinto de ouro. E a sua cabeça e cabelos eram brancos como lã branca, como a neve, e os seus olhos como chama de fogo; E os seus pés, semelhantes a latão reluzente, como se tivessem sido refinados numa fornalha, e a sua voz como a voz de muitas águas. E ele tinha na sua destra sete estrelas; e da sua boca saía uma aguda espada de dois fios; e o seu rosto era como o sol, quando na sua força resplandece. E eu, quando vi, caí a seus pés como morto; e ele pós sobre mim a sua destra, dizendo-me: Não temas; Eu sou o primeiro e o último; E o que vivo e fui morto, mas eis aqui estou vivo para todo o sempre. Amém. E tenho as chaves da morte e do inferno…”.
(Ap 19:11-16) “Ele… chama-se Fiel e Verdadeiro; e julga e peleja com justiça. E os seus olhos eram como chama de fogo; e sobre a sua cabeça havia muitos diademas; e tinha um nome escrito, que ninguém sabia senão ele mesmo… e o nome pelo qual se chama é a Palavra de Deus… E da sua boca saía uma aguda espada, para ferir com ela as nações; e ele as regerá com vara de ferro; e ele mesmo é o que pisa o lagar do vinho do furor e da ira do Deus Todo-Poderoso. E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.
As mulheres também têm dons?
Sim, as mulheres também têm dons, pois os dons foram dados para o Corpo de Cristo, do qual todos somos membros. Mas os dons devem ser usados no poder do Espírito e para o que for útil, e também de acordo com as instruções dadas pelo Senhor. Assim nenhum crente deveria esconder sua candeia, mas estar sempre encorajado a exercitar os dons para a glória de Deus.
Porém é preciso entender que existem diferentes esferas de atuação para o homem e a mulher exercerem seus dons. Por exemplo, um homem, ainda que tenha o dom de pastor, deve ser sábio ao usar esse dom quando for o caso de aconselhar mulheres jovens. Muitos irmãos caem em pecado ao tentarem ajudar uma irmã mais jovem e vulnerável por problemas que porventura esteja passando. Foi por isso que Paulo instruiu Tito a admoestar as mais jovens por intermédio das irmãs idosas, e não diretamente, como no caso dos velhos, das idosas e dos varões jovens.
(Tt 2:1-6) “Tu, porém, fala o que convém à sã doutrina. Os velhos, que sejam sóbrios, graves, prudentes, sãos na fé, no amor, e na paciência; As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem; Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos, A serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada. Exorta semelhantemente os jovens a que sejam moderados”.
A esfera de ação das mulheres no exercício de seus dons também difere do homem. Você não encontra na Palavra uma mulher pregando o evangelho em público para uma audiência. Mas nós as encontramos dando um testemunho individual da ressurreição de Cristo, como fez Maria Madalena para os outros irmãos. Embora este caso não estivesse ainda no âmbito da igreja, que ainda estava para ser fundada, o fato de o Senhor ordenar a Maria que ela levasse a notícia aos irmãos mostra que isso não estava fora de ordem.
(Jo 20:17-18) “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos que vira o Senhor, e que ele lhe dissera isto”.
Outro exemplo, também antes da existência da assembleia, mas igualmente dentro da ordem estabelecida por Deus, é o da serva israelita que indica à sua senhora onde estava a cura para seu patrão Naamã.
(2 Rs 5:2) “E saíram tropas da Síria, da terra de Israel, e levaram presa uma menina que ficou ao serviço da mulher de Naamã. E disse esta à sua senhora: Antes o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria; ele o restauraria da sua lepra. Então foi Naamã e notificou ao seu senhor, dizendo: Assim e assim falou a menina que é da terra de Israel”.
Encontramos, já na época da igreja, as filhas de Felipe que tinham o dom de profecia. Obviamente elas exercitavam seu dom na esfera que Deus lhes deu, provavelmente em casa ou entre as irmãs, mas nunca em público ou nas reuniões da assembleia, já que isto estaria em desobediência à ordem dada em 1 Coríntios 14. Mesmo sendo as quatro filhas de Filipe profetizas, não foram elas que Deus usou para profetizar a Paulo ali mesmo onde moravam, mas sim Ágabo, um profeta varão.
(Atos 21:8) “E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia; e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. E tinha este quatro filhas virgens, que profetizavam. E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judéia um profeta, por nome Ágabo ; E, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios”.
As mulheres são encontradas no Novo Testamento participando de reuniões de oração entre mulheres (Atos 16:13), ajudando os doentes e necessitados (Atos 9:36), ajudando em tarefas da assembleia (Rm 16:1), hospedando os santos (Rm 16:2), cooperando na obra do evangelho (Rm 16:3, 12, Fp 4:2-3), cedendo sua casa para as reuniões da assembleia (Rm 16:5, 1 Co 6:19), suprindo as necessidades dos que viajam na obra (1 Co 9:5), ensinando as crianças (2 Tm 1:5, 3:15), profetizando e orando (1 Co 11:5), etc.
Deus evidentemente reconhece não apenas o dom da mulher, como também seu estado espiritual, e um exemplo disso é o casal Áquila e Priscila. Quando o assunto em Atos 18 foi o trabalho que eles tiveram de esclarecer melhor a Apolo os caminhos do Senhor, é o nome de Priscila que vem primeiro, talvez por ela ser uma irmã mais capacitada espiritualmente que seu marido Áquila para detectar tal necessidade. Esse melhor discernimento pode ter também garantido a Priscila a oportunidade de ser mencionada primeiro quando o casal encontrou Apolo e detectou que ele precisaria ter algumas arestas aparadas quanto ao que pregava.
(Atos 18:26) “Ele começou a falar ousadamente na sinagoga; e, quando o ouviram Priscila e Áquila, o levaram consigo e lhe declararam mais precisamente o caminho de Deus“.
Mas quando os dois aparecem novamente como recebendo a assembleia para congregar em sua casa, é Áquila quem vem primeiro, pois ainda que ele estivesse em uma condição espiritual menos adequada que a de Priscila, ele era a cabeça em seu lar.
(1 Co 16:19) “As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa“.
O cuidado de Deus para com as irmãs também é demonstrado ao mencionar duas obreiras em Filipos, Evódia e Síntique, que deviam ser muito ativas junto com Paulo, Clemente e outros irmãos na obra do evangelho, mas que poderiam estar se desentendendo.
(Fp 4:2) “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que sintam o mesmo no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com Clemente, e com os outros cooperadores , cujos nomes estão no livro da vida”.
Porém, como aprendemos de 1 Coríntios 14, nas reuniões da assembleia, mesmo que tenham um dom, as irmãs devem permanecer caladas. Também em outras circunstâncias, fora da assembleia, devem se abster de ensinar (no caso de Priscila e Áquila certamente era o marido que encabeçava o auxílio que prestavam a Apolo, com Priscila em submissão ao seu marido).
(1 Co 14:33-37) “Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar ; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja. Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor“.
(1Tm 2:11) “A mulher aprenda em silêncio , com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine , nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.
Alguns tentam atropelar toda essa ordem que é chamada por Paulo de “mandamento do Senhor”, alegando que em Cristo não há “macho nem fêmea”.
(Gl 3:26-28) “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus“.
A passagem pode parecer a esses como um aval para se passar por cima das ordens dadas para as mulheres não falarem nas reuniões da assembleia ou até mesmo não se sujeitarem a seus próprios maridos. Mas se tentarmos aplicar a mesma passagem de Gálatas a outras situações envolvendo “macho e fêmea” logo veremos que não é bem assim. Por exemplo, acaso essa passagem, que alguns usam para afirmar que homem e mulher sejam a mesma coisa, permitiria a um homem casar-se com um homem e uma mulher casar-se com uma mulher? Certamente não, porque existem outras instâncias onde isso é claramente proibido.
Então o mesmo ocorre com relação ao ministério das mulheres. Em seu sentido amplo e na posição que desfrutamos em Cristo, todos somos iguais, independente de nossa condição ser de judeu ou gentio, servo ou livre, homem ou mulher. Mas em situações particulares, essas diferenças devem ser observadas quando assim a Palavra de Deus nos ensinar, e é por isso que as mulheres não devem falar nas reuniões da assembleia e os servos devem se sujeitar a seus senhores. Experimente dizer para seu chefe também cristão que as diferenças entre ele e você foram abolidas e você até tem um versículo para provar isso. Depois é melhor sair atrás de um novo emprego…
Um exercício interessante é ler 1 Timóteo e observar todas as vezes em que a mulher é mencionada ali. Sabemos que a primeira epístola é sobre a ordem que Deus estabeleceu para a casa de Deus, e assim os papéis de cada um ficam bem claros naquela epístola.
(1Tm 2:9) “Que do mesmo modo as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia , não com tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos,”.
(1Tm 2:10-11) “Mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras. A mulher aprenda em silêncio , com toda a sujeição”.
(1Tm 2:12) “Não permito, porém, que a mulher ensine , nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio”.
(1Tm 3:11) “Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo“.
(1Tm 5:2) “As mulheres idosas, como a mães, às moças, como a irmãs , em toda a pureza”.
(1Tm 5:9) “Nunca seja inscrita viúva com menos de sessenta anos, e só a que tenha sido mulher de um só marido ;”.
A segunda epístola a Timóteo, como todas as outras “segundas epístolas”, nos fala da ruína que se abateu sobre o testemunho de Deus, e nelas também encontramos mulheres, mas às vezes fora de seu lugar.
(2Tm 3:6) “Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências ;”.
Outra passagem importante de observar e que causa muita confusão é 1 Co 11, quando fala da necessidade da mulher que ora ou profetiza (profere a Palavra de Deus) cobrir a cabeça. Alguns tentam usar essa passagem como se fosse uma permissão para a mulher falar nas reuniões da igreja, mas se fizessem o mesmo no trânsito estariam sujeitos a multa.
Explico: Ao saber que a lei determina velocidade máxima de 120 km por hora nas estradas brasileiras, será que você pode andar para todo lado a 120? Não, porque essa é a velocidade máxima no geral. Em alguns lugares, em particular, você encontrará placas com 50km/h e nessas vias deve reduzir a velocidade. Portanto, leia 1 Co 11 como sendo a placa de 120km/h e 1 Coríntios 14 como sendo a placa de 50km/h. A primeira é no sentido geral, a segunda no sentido particular.
Jesus era sem pecado?
A ideia de que Cristo teria em si o pecado original, a mesma natureza que todo homem tem, porém que passou a vida toda sem pecar, faria de Jesus um pecador igualmente necessitado de um Salvador. O sacrifício de Cristo não foi apenas para levar os nossos pecados , mas para tirar o pecado do mundo. Alguém que tivesse em si mesmo o pecado não poderia ter feito nem uma coisa nem outra, pois não teria sido aceito por Deus como o Cordeiro perfeito.
O cordeiro do sacrifício, que era uma figura de Cristo no Antigo Testamento, devia ser sem mancha ou defeito. O pecado é um defeito com o qual nascemos e mesmo antes de pecarmos já somos pecadores por natureza. Se Jesus tivesse nascido pecador não poderia ser o sacrifício por nós. Seria preciso outro morrer pelo pecado dele.
A passagem em Hebreus mostra isso:
(Hb 4:15) “Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado“.
(Hb 4:15) “For we have not a high priest not able to sympathise with our infirmities, but tempted in all things in like manner, sin apart“.(Versão Darby).
Não diz sem pecar, mas sem pecado, ou “pecado à parte” numa tradução mais literal. Sem a natureza caída. É por isso que ele vem da mulher; Maria foi o receptáculo (a parte receptiva), mas o princípio ativo da concepção, ao invés de ter sido um homem trazendo o pecado em si, foi o Espírito Santo de Deus.
Se Cristo pudesse herdar o pecado pelo fato de ter nascido de mulher, como você argumenta, então para quê Deus iria deixar claro que não nasceu de uma relação normal entre homem e mulher? Daria no mesmo ele ter sido gerado por um homem, se de qualquer maneira tivesse nascido pecador. E assim Deus poderia ter escolhido João Batista ou qualquer outro para ser um sacrifício, se a natureza da pessoa não fosse importante. E pense mais longe: seria possível que Deus escolhesse para si um tabernáculo (corpo) arruinado, entrando no mundo na forma de um Deus-Pecador? A mera suposição de tal coisa deveria incomodar qualquer genuíno filho de Deus.
A fé cristã permanece ou cai em função do que pensamos de Cristo. A primeira coisa que o diabo procura atacar é sua divindade; depois irá tentar macular sua natureza santa e sem pecado, pois fazendo assim torna Cristo um sacrifício que precisaria de um sacrifício para si mesmo; faz dele um homem comum, talvez apenas mais perseverante em suas convicções, mas mesmo assim um homem pecador e necessitado de um Salvador.
O capítulo 9 de Hebreus mostra a diferença entre Cristo e um sacerdote humano, o qual oferecia sacrifícios que eram para memória dos pecados e não tinham o poder de tirar pecados. O contraste é apontado ao indicar que Cristo, se fosse um homem qualquer, precisaria ter se sacrificado muitas vezes, mas por ser quem ele é, bastou um sacrifício.
(Hb 9:6-28) “Ora, estando estas coisas assim preparadas, a todo o tempo entravam os sacerdotes no primeiro tabernáculo, cumprindo os serviços; Mas, no segundo, só o sumo sacerdote, uma vez no ano, não sem sangue, que oferecia por si mesmo e pelas culpas do povo; Dando nisto a entender o Espírito Santo que ainda o caminho do santuário não estava descoberto enquanto se conservava em pé o primeiro tabernáculo, Que é uma alegoria para o tempo presente, em que se oferecem dons e sacrifícios que, quanto à consciência, não podem aperfeiçoar aquele que faz o serviço [ou seja, o sacerdote humano, o que já descartaria a ideia de Cristo ter morrido por sua própria natureza pecadora se ele tivesse tal coisa] … Mas, vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo , não feito por mãos, isto é, não desta criação, Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção. Porque, se o sangue dos touros e bodes, e a cinza de uma novilha esparzida sobre os imundos, os santifica, quanto à purificação da carne, Quanto mais o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu a si mesmo imaculado a deus , purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo? E por isso é Mediador de um novo testamento…. E sem derramamento de sangue não há remissão. De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes. Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro, porém no mesmo céu, para agora comparecer por nós perante a face de Deus; Nem também para a si mesmo se oferecer muitas vezes, como o sumo sacerdote cada ano entra no santuário com sangue alheio; de outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes d esde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado [singular, a raiz do problema] pelo sacrifício de si mesmo. E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo, Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados [plural, os frutos do pecado-raiz] de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para salvação.”.
Se Cristo tivesse em si o pecado (a natureza arruinada de Adão) não poderia ter se oferecido a Deus “imaculado” , como diz o versículo 14. Além disso é preciso lembrar que Jesus é Deus e nunca deixou de ser Deus em sua natureza, e seria impossível sequer supor que Deus pudesse pecar, o que seria uma possibilidade se a sua teoria (de Jesus ter em si a natureza de Adão) estivesse certa. E considerando que ele tem hoje no céu a mesma natureza que teve enquanto andou na terra, então haveria um homem pecador no céu, já que não houve um cordeiro sem mancha que tivesse morrido por ele.
Às vezes o mal entendido vem da ideia de que só nos tornamos pecadores quando cometemos nosso primeiro pecado. Tal ideia é falsa. O sacrifício de Cristo atendeu até mesmo aqueles que nunca cometeram um pecado, como os abortos, natimortos ou pessoas que nascem e vivem em estado vegetativo. Todos eles trazem em si a natureza herdada de Adão, e por isso precisam igualmente do sangue de Cristo para torná-los aptos para a presença de Deus.
Quando você lê atentamente a Carta aos Romanos percebe que até certo ponto o assunto ali é o “pecado” (no singular) falando da natureza. Depois é que o assunto “pecados” (no plural) é tratado, falando dos frutos da natureza pecaminosa. Jesus não tinha o “pecado” , a natureza caída, e por isso não podia pecar (cometer “pecados” ).
(1 Pe 1:18-19) “Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos pais, Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado“.
Jesus não seria o Cordeiro imaculado e incontaminado se nele existisse qualquer mácula (mancha) ou contaminação da natureza caída herdada de Adão. Como poderia o sacrifício de alguém portador da natureza pecadora e arruinada de Adão ser eficaz para pessoas igualmente pecadoras? Não poderia. Mas o sacrifício de Cristo fez isso, pois o seu sangue tinha essa diferença infinita e podia resgatar o pecador, caso contrário ele precisaria também de alguém para resgatá-lo.
(Cl 1:20-22) “E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis ,”.
Jesus poderia ter se casado?
Não, Jesus não poderia ter se casado quando esteve no mundo, porque parte de sua missão aqui foi conseguir uma noiva. No Antigo Testamento há muitas figuras desse processo de preparação de uma esposa para Jesus, e a primeira está no que aconteceu com o primeiro homem, Adão. Ele foi colocado em um sono profundo, seu lado foi aberto, e dali saiu a costela da qual Deus criaria sua esposa.
A concretização desse tipo é o segundo Homem, Jesus, que também foi mergulhado no sono da morte, teve seu lado aberto pela lança do soldado, e dali saiu sangue e água para com isso comprar e purificar para si uma esposa, a Igreja. Para isso o Filho de Deus deixaria a casa do Pai. Veja que o matrimônio foi criado por Deus para ser uma figura de Cristo e a Igreja, e é por isso que coisas como adultério e casamento entre pessoas do mesmo sexo são tão abomináveis aos olhos de Deus. Um demonstra um comportamento que Cristo jamais teria para com sua esposa: a infidelidade. Outro ataca aquilo que é uma figura de algo tão sagrado quanto a união de Cristo com sua noiva, a Igreja.
(Ef 5:25-32) “Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja”.
Outra figura de Cristo e sua noiva no Antigo Testamento é a de Abraão, que envia seu servo a uma terra distante para preparar uma noiva para seu filho Isaque. A ordem dos eventos é cheia de significado. No capítulo 22 de Gênesis, Isaque é sacrificado em figura, quando sobe o monte levando às costas a madeira do holocausto.
No capítulo 23 de Gênesis a esposa de Abraão, Sara, morre, numa alusão àquela que é chamada de esposa de Deus no Antigo Testamento, Israel, que está deixada de lado na atual dispensação enquanto a noiva de Cristo é preparada.
Então, no capítulo 24, vemos em figura, Deus enviando o Espírito Santo para buscar uma esposa para seu Filho Jesus, tipificados ali respectivamente pelo pai Abraão, pelo Servo e pelo filho Isaque.
Portanto, para a pergunta se “Jesus poderia ter se casado?”, a resposta é não. Mas para a pergunta “Jesus vai se casar?“ a resposta é sim. É que ainda não chegou sua hora e talvez seja por isso que ele tenha dito à sua mãe justamente em uma festa de casamento que ainda não era chegada a sua hora:
(Jo 2:4) “Disse-lhe Jesus: Mulher, que tenho eu contigo? Ainda não é chegada a minha hora”.
Mas logo participaremos como noiva de Cristo no casamento do Cordeiro de Deus:
(Ap 19:7) “Regozijemo-nos, e alegremo-nos, e demos-lhe glória; porque vindas são as bodas do Cordeiro, e já a sua esposa se aprontou”.
(Ap 19:9) “E disse-me: Escreve: Bem-aventurados aqueles que são chamados à ceia das bodas do Cordeiro. E disse-me: Estas são as verdadeiras palavras de Deus”.
Nem preciso dizer que todas essas teorias mostradas em filmes, livros e documentários de que Jesus teria tido um relacionamento matrimonial com Maria Madalena não passa de uma grande bobagem ou, como disse Pedro, de “fábulas artificialmente compostas” (2 Pe 1:16). Para entender melhor este assunto tão belo sugiro a leitura do texto de W. Potter, “Vem, mostrar-te-ei” no blog “Manjar Celestial”. Recomendo também a leitura de “Uma palavra sobre noivado”, de G. Hayhoe.
O crente é individualmente a noiva de Cristo?
Na Palavra de Deus encontramos referências a um relacionamento entre um Noivo e uma noiva tanto no Antigo Testamento, principalmente no livro de Cantares, como no Novo Testamento, com maior ênfase na epístola aos Efésios e no livro de Apocalipse. Nos dois casos o Noivo é Cristo.
Em Cantares vemos o relacionamento entre Israel, formado pelo remanescente judeu fiel que se converterá após o arrebatamento da Igreja, e seu Messias há tanto esperado. Obviamente muitos cristãos, principalmente de correntes fundamentalistas como católicos, ortodoxos, luteranos, anglicanos, episcopais, congregacionais, presbiterianos, menonitas e algumas correntes metodistas e batistas, perdem isso de vista, já que consideram que Deus não voltará a tratar com Israel em graça para restaurá-lo como seu povo terreno.
Portanto o livro de Cantares tem um caráter profético e é uma ode ao encontro entre o Noivo e sua noiva, no caso a nação redimida de Israel, que habitará na terra, e seu Messias e Rei. Não faltam no livro de Cantares descrições detalhadas de um genuíno relacionamento entre um homem e uma mulher, pois esse é o grau de intimidade que Cristo terá com o seu povo no futuro.
Já a Igreja, que era um mistério tanto para Salomão, que escreveu Cantares, como para todos os profetas do Antigo Testamento, só seria revelada muito tempo depois a Paulo. Mas esta é também vista como uma Noiva, a Noiva do Cordeiro, sendo preparada para as bodas que ainda estão para acontecer. Mas seria correto aplicar o grau de intimidade que Deus revela entre Cristo e sua noiva ao cristão como indivíduo? Não existe nada nas Escrituras que nos autorizem a fazê-lo.
A passagem em Efésios é muito clara ao indicar que a figura do relacionamento entre marido e mulher é aplicada a Cristo e à igreja no seu sentido coletivo, como o conjunto de todos os salvos, e não a Cristo e ao crente individualmente.
(Ef 5:23-32) “Porque o marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo , assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, Para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja“.
Posso dizer que Jesus é meu Pastor? Sim, e até mesmo o conhecido Salmos 23 nos ajuda a enxergar a figura de seu cuidado com cada um, individualmente, além, obviamente o seu cuidado com o rebanho no sentido coletivo. Também posso afirmar que Jesus é meu Senhor, meu Redentor, meu Salvador e até mesmo meu Deus. Mas não caberia eu chamá-lo de Pai, porque isto seria confundir as Pessoas da Trindade. Também não devo chamá-lo de meu Rei, porque ele é Rei para Israel, não para a Igreja. O mesmo vale para Messias. Mas em nenhuma circunstância posso chamar Jesus de meu Noivo ou meu Marido, ou tentar me imaginar em um relacionamento assim com ele.
Obviamente posso ter a mesma admiração que a noiva, no caso Israel, tem pelo Noivo em Cantares, contemplando da mesma forma a sua formosura. E também posso aprender que o relacionamento que devo ter no matrimônio deve se espelhar no relacionamento entre Cristo e sua igreja. Mas tal aplicação, de imaginar o crente individualmente relacionando com Cristo como um Noivo, e no futuro, como um Marido, não encontra respaldo nas Escrituras e pode trazer problemas sérios de desvio da sã doutrina.
Existe uma corrente mística na cristandade que não consegue discernir isso e acaba querendo provocar no crente uma paixão até de cunho erótico em seu relacionamento com Cristo, o que é um erro grave. Teresa de Ávila, que viveu entre 1515 e 1582, foi uma que registrou seus êxtases místicos com uma linguagem que pendia para o erotismo, chamando Jesus de “esposo”: “Sente-se um enorme deleite no corpo e grande satisfação na alma”, escreveu ela, em “O Caminho da Perfeição”, e “…é possível a alma enamorada pelo seu Esposo passar por todos esses prazeres e desmaios e mortes e aflições e deleites e gozos com ele…”, em suas Meditações, inspiradas no livro de Cantares.
Ao aplicar a si, individualmente, o que viu em Cantares e nas passagens sobre Cristo e sua noiva, ela incorreu em um erro grave e mais tarde foi seguida por muitos autores. Outros autores modernos têm adotado a mesma linha de pensamento, e isso atingiu seu clímax na demoníaca seita fundada por David Berg e conhecida por “Meninos de Deus” (hoje “The Family”), que chegou a produzir arte erótica para ilustrar essas ideias.
Usar drogas é pecado?
A vida do cristão não é uma vida que siga algum tipo de lista de regras. O cristão é guiado pelo Espírito, o qual obviamente nunca agirá em desacordo com a Palavra de Deus, mas nela você não irá encontrar coisas do tipo “não falarás ao celular” ou “não tomarás drogas”. Que as drogas são prejudiciais, todos sabemos, e que podem destruir o corpo que é o templo do Espírito, também. Mas tomamos drogas quando estamos doentes, algumas com maior ou menor poder de nos prejudicar em outras áreas de nosso organismo. Então, qual a diferença?
Bem, os medicamentos ou drogas que tomamos quando estamos doentes têm por objetivo preservar o corpo, que é o templo do Espírito, enquanto as drogas que têm o objetivo de diversão ou de levar à embriaguez e perda de noção da realidade acabam prejudicando esse templo ou nos tirando do controle de nossas faculdades mentais, o que é igualmente nocivo.
Então tudo é uma questão de princípios bíblicos (princípios são conceitos e não propriamente regulamentos) e também de discernimento e bom senso. Comer carne é pecado? Sim, se você comer de forma a escandalizar alguém, e aí entra a glutonaria, um pecado arrolado na lista das obras da carne junto com “adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices” (Ef 5:19-21). Todavia, não são poucos os cristãos que promovem enormes churrascos e ainda ficam se gabando do quanto comeram. Mas não é pecado se comer sem escandalizar. Então adote o mesmo para tudo o que fizer.
Por exemplo, sexo é pecado? Não se feito dentro dos limites estabelecidos por Deus, isto é, na relação matrimonial. Fora do casamento o sexo é pecado, e o versículo de Efésios aponta isso. Mas mesmo dentro do casamento o sexo pode se tornar um vício de um ou ambos os cônjuges e passar a dominar a vida do casal (ou a destruí-la). Então um cristão deve sempre estar atento se algo não o está tornando escravo daquilo, e pode ser sexo, comida, bebida, diversão, moda, hobby, etc. Qualquer coisa que assuma o controle de nós mesmos e não seja o Espírito de Deus é um pecado que deve ser rechaçado.
No caso das drogas, eu diria que é pecado sim porque, além de não trazerem qualquer benefício ao organismo ou à vida da pessoa, elas viciam, ou seja, o limite entre o experimentar e o ficar dependente é muito próximo, ao contrário da bebida alcoólica, que mesmo na Bíblia era usada como parte da alimentação. Mas, apesar de não condenar diretamente o vinho (a Bíblia condena a embriaguez), Deus nos alerta para o uso de estimulantes quando estes passam a nos dominar, sejam eles vinho ou azeite (veja que este é colocado na categoria do vinho quando se torna um vício).
(Pv 20:1; 21:17) “O vinho é escarnecedor, a bebida forte alvoroçadora; e todo aquele que neles errar nunca será sábio… O que ama os prazeres padecerá necessidade; o que ama o vinho e o azeite nunca enriquecerá… ”.
Os versículos abaixo também nos ensinam algo, mas cuidado para não colocá-los fora do contexto. Eles estão falando das coisas lícitasque podem ser lícitas para o cristão desde que não o dominem. Não tente aplicar estes versículos para tudo ou você cairá no erro de achar que pode matar alguém desde que não se torne um ‘ serial killer’.
(1 Co 6:12) “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.
(1 Co 10:23) “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam”.
Leia os capítulos 14 e 15 de rm para ver como coisas lícitas podem se tornar em pecados se forem praticadas perto de pessoas sensíveis, fazendo quem que se escandalizem ou caiam em pecado.
Crianças tem anjo da guarda?
A passagem de Mateus 18:10não necessariamente significa que cada criança (ou mesmo adulto) tenha um anjo da guarda protegendo-o do céu. Aparentemente neste caso o contexto fala mesmo de crianças, e não do remanescente judeu fiel que se converterá durante a tribulação, como aparece em Mateus 25. Veja o contexto das duas passagens:
(Mt 18:2-10) “E Jesus, chamando um menino , o pôs no meio deles… Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus”.
(Mt 25:39-40) “E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”.
De qualquer modo, seja referindo-se a crianças, seja ao remanescente de judeus fiéis ou “pequeninos irmãos”, é inegável que os anjos tenham um papel de ministros de Deus, e principalmente em relação a Israel.
(Hb 1:13-14) “E a qual dos anjos disse jamais: Assenta-te à minha destra, Até que ponha a teus inimigos por escabelo de teus pés? Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?“.
Um exemplo também é esta passagem do Antigo Testamento quando um exército de anjos se encarrega de afugentar os inimigos do povo de Deus:
(2 Rs 6:16-17) “E ele disse: Não temas; porque mais são os que estão conosco do que os que estão com eles. E orou Eliseu, e disse: Senhor, peço-te que lhe abras os olhos, para que veja. E o Senhor abriu os olhos do moço, e viu; e eis que o monte estava cheio de cavalos e carros de fogo, em redor de Eliseu“.
Uma nota do Editor em “Commentary on Books of the Bible” , por William Kelly, explica Mateus 18:10 assim:
“O que nosso Senhor chama aqui de “seus anjos” parece se referir aos espíritos das crianças que agora estão no céu, o espírito que representa a pessoa em sua condição atual até a ressurreição. Compare com Atos 12:15, Hebreus 12:23 e Ap 1:20, este último versículo representando a assembleia. Um “anjo da guarda”, como alguns chamam este “anjo” aqui, não parece justificar o aviso do Senhor e é algo que também não é mencionado em lugar nenhum das Escrituras”.
Veja algumas passagens em que a palavra “anjo” é usada como sinônimo de “espírito” da pessoa que morreu:
(Atos 12:14-15) “E, conhecendo a voz de Pedro, de gozo não abriu a porta, mas, correndo para dentro, anunciou que Pedro estava à porta. E disseram-lhe: Estás fora de ti. Mas ela afirmava que assim era. E diziam: É o seu anjo“.
(Hb 12:23) “A universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados ;”.
(Ap 1:20) “O mistério das sete estrelas, que viste na minha destra, e dos sete castiçais de ouro. As sete estrelas são os anjos das sete igrejas , e os sete castiçais, que viste, são as sete igrejas”.
Creio ser esta a interpretação correta para “Vede, não desprezeis algum destes pequeninos, porque eu vos digo que os seus anjos nos céus sempre veem a face de meu Pai que está nos céus“ seja a de que esteja se referindo aos espíritos das crianças. Estas estão neste exato momento nos céus diante de Deus.
Isto é de grande consolo para os pais que perderam seus filhos em tenra idade, pois mais uma vez dá a certeza de que aquele que disse “Deixai vir os meninos a mim, e não os impeçais; porque dos tais é o reino de Deus” está neste exato momento cercado de milhões e milhões de “anjos” no sentido dos espíritos de crianças e embriões, que foram abortados ou morreram numa idade em que ainda não tinham capacidade de entender.
Cristo morreu também por todos esses e o seu sangue foi suficiente para salvá-los. No final Satanás não terá a última palavra, pois será maior o número de salvos do que dos perdidos. Deus terá a sua casa cheia e Cristo terá a preeminência (o primeiro lugar) também neste aspecto.
(Lc 14:23) “E disse o senhor ao servo: Sai pelos caminhos e valados, e força-os a entrar, p ara que a minha casa se encha“.
(Cl 1:18) “E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência“.
Um cristão pode participar de greves?
Sua dúvida é se é pecado fazer greve ou participar de um movimento reivindicatório. A Palavra de Deus nos ensina a obedecermos às autoridades e as leis do país, desde que estas não entrem em conflito direto com a Palavra de Deus. Também diz que os servos (empregados) devem obedecer em tudo a seus senhores (patrões).
(Ef 6:5-8) “Vós, servos, obedecei a vossos senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo ; Não servindo à vista, como para agradar aos homens, mas como servos de Cristo , fazendo de coração a vontade de Deus ; Servindo de boa vontade como ao Senhor, e não como aos homens. Sabendo que cada um receberá do Senhor todo o bem que fizer, seja servo, seja livre”.
A relação senhor-servo nos tempos bíblicos era parecida a uma relação patrão-empregado nos tempos modernos. Muitos confundem a palavra “servo” ou “escravo” na Bíblia com a escravidão que existiu no Brasil colonial, mas são coisas completamente distintas. Um escravo ou servo dos tempos bíblicos podia comprar sua própria liberdade, e também podia ocupar cargos importantes. O tratamento que o Centurião de Lucas 7 dá ao seu servo mostra que era uma classe importante na sociedade da época. Portanto podemos muito bem aplicar a passagem de Efésios6 para os trabalhadores de hoje, e elas falam de servir como servindo a Cristo, e não a homens.
(1 Co 7:20-24) “Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? Não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens. Irmãos, cada um fique diante de Deus no estado em que foi chamado”.
Quando um cristão entra em uma relação de trabalho ele deve ter em mente que as condições que aceitar na contratação devem ser as que deve manter. É claro que existem dissídios, aumentos de salários e promoções ao longo da carreira, mas é importante que ele não tente se valer de seus direitos para prejudicar a empresa, mesmo que possa fazê-lo dentro da lei.
Dou um exemplo: uma vez trabalhei em uma empresa e na contratação avisaram que eu não receberia horas extras por causa da natureza do cargo (que exigia viagens constantes e eventuais fins de semana fora de casa). Mas que para compensar isso eu não teria horários rígidos de entrada e saída e ainda poderia compensar as horas trabalhadas a mais tirando um tempo livre sempre que precisasse. Alguns colegas, que igualmente concordaram com essas condições verbais, guardaram passagens e recibos de hotéis e processaram a empresa depois que saíram e ganharam uma indenização. Agiram dentro da legalidade? Sim. Foram honestos? Não.
Mas, voltando ao assunto da greve, se um trabalhador não está satisfeito com seu emprego ele tem a liberdade de procurar outro. Não é obrigado a ficar. Se não existe a certeza de encontrar outro trabalho e o trabalho atual estiver pagando abaixo de suas necessidades, deve orar para o Senhor prover uma coisa ou outra: um novo emprego ou um melhor salário. Ele deve sempre trabalhar como quem serve a Deus, portanto acima de seu patrão ou chefe está o Senhor. Eu pergunto: como ele faria se fosse um profissional autônomo? Rebelar-se-ia ou faria greve contra quem?
A admoestação da Palavra aos patrões é que igualmente tratem seus empregados como tratariam o Senhor. É o que significa o “fazei o mesmo para com eles” de Efésios6:9: “E vós, senhores, fazei o mesmo para com eles, deixando as ameaças, sabendo também que o Senhor deles e vosso está no céu, e que para com ele não há acepção de pessoas”. Certamente existem muitas injustiças praticadas por patrões e empresas, e isso já estava previsto na Palavra.
(Tg 5:1-6) “Eia, pois, agora vós, ricos, chorai e pranteai, por vossas misérias, que sobre vós hão de vir. As vossas riquezas estão apodrecidas, e as vossas vestes estão comidas de traça. O vosso ouro e a vossa prata se enferrujaram; e a sua ferrugem dará testemunho contra vós, e comerá como fogo a vossa carne. Entesourastes para os últimos dias. Eis que o jornal dos trabalhadores que ceifaram as vossas terras, e que por vós foi diminuído, clama; e os clamores dos que ceifaram entraram nos ouvidos do Senhor dos exércitos. Deliciosamente vivestes sobre a terra, e vos deleitastes; cevastes os vossos corações, como num dia de matança. Condenastes e matastes o justo; ele não vos resistiu”.
Na continuação da passagem que fala das injustiças que são cometidas pelos ricos e patrões, na qual é mostrada a punição que estes receberão, também é mostrado como os cristãos devem reagir a isso: com paciência, aguardando no Senhor, olhando para o que está além das dificuldades terrenas, ou seja, para a vinda do Senhor, e principalmente confiando que ele é misericordioso e piedoso.
(Tg 5:7-11) “Sede pois, irmãos, pacientes até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador espera o precioso fruto da terra, aguardando-o com paciência, até que receba a chuva temporã e seródia. Sede vós também pacientes , fortalecei os vossos corações; porque já a vinda do Senhor está próxima. Irmãos, não vos queixeis uns contra os outros , para que não sejais condenados. Eis que o juiz está à porta. Meus irmãos, tomai por exemplo de aflição e paciência os profetas que falaram em nome do Senhor. Eis que temos por bem-aventurados os que sofreram. Ouvistes qual foi a paciência de Jó , e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso“.
A resposta que João Batista dá aos soldados que vão até ele pode também servir para o cristão em sua relação de trabalho: (Lc 3:14) “E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal nem defraudeis, e contentai-vos com o vosso soldo“.
Muitas vezes o desejo de melhores salários é apenas para aumentar o padrão de vida e não necessariamente de suprimento das necessidades. O “homem de Deus” deve estar atento a isso pois a Palavra nos exorta de maneira clara sobre a meta que alguns colocam em seu coração de enriquecer.
(1Tm 6:6-11) “Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas , que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência , a mansidão”.
Eu sei que às vezes não é tão simples o cristão desejar trabalhar quando a empresa inteira está em greve. Se o seu desejo de trabalhar causar contenda e constrangimento, então é melhor que ele fique em casa. Já passei por situações de greve numa empresa onde trabalhei e quando não encontrava oposição física a entrar, eu entrava sem dar confiança ao que as pessoas poderiam pensar. Mas quando havia piquete na entrada, agindo de forma violenta contra os que se dispunham a trabalhar, eu simplesmente dava meia volta e voltava para casa. Não ficava ali engrossando a manifestação, mesmo que fosse contrário a ela.
Resumindo tudo: ore, ore e ore. E não participe de nada que seja contrário à Palavra de Deus (e a Palavra é clara quanto à sujeição do empregado ao seu patrão como quem trabalha para o Senhor). Uma boa maneira de trabalhar e enfrentar situações assim é mudar o modo de pensar e passar a enxergar seu trabalho como faria um profissional autônomo, enxergando a empresa que o contratou como seu cliente.
Jonas não queria salvar Nínive?
Você não entendeu a razão de Jonas ter ficado desapontado quando Deus decidiu não mais destruir Nínive. A princípio ele nem quis partir naquela missão, embarcando em um navio no porto de Jope e seguindo na direção oposta. Mas Deus tratou com ele e o colocou de volta no caminho.
(Jo 1:1-3) “E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença. Porém, Jonas se levantou para fugir da presença do Senhor para Tarsis. E descendo a Jope, achou um navio que ia para Tarsis; pagou, pois, a sua passagem, e desceu para dentro dele, para ir com eles para Tarsis, para longe da presença do Senhor”.
Jonas é uma figura do homem orgulhoso de sua religião e fidelidade. Para ele pregar a destruição de Nínive era fácil, como ocorre com muitos pregadores que vivem dizendo que todo mundo vai para o inferno porque não seguem a lista de regras que eles seguem. Mas quando Deus agiu em graça, Jonas não gostou nem um pouco, porque mexeu com o orgulho dele. Se Deus estava perdoando aquele povo tão ímpio só porque se arrependeram, de que adiantava viver em obediência a Deus?
(Jo 4:1-2) “Mas isso desagradou extremamente a Jonas, e ele ficou irado. E orou ao Senhor, e disse: Ah! Senhor! Não foi esta minha palavra, estando ainda na minha terra? Por isso é que me preveni, fugindo para Tarsis, pois sabia que és Deus compassivo e misericordioso, longânimo e grande em benignidade, e que te arrependes do mal”.
O mesmo raciocínio têm aqueles que não suportam o evangelho da graça de Deus e quando você diz que uma pessoa que matou, roubou, adulterou, etc., pode ser salva se tão somente crer em Cristo, eles retrucam: “Isso é injusto! Eu vivi a vida inteira indo na igreja e guardando os mandamentos e agora Deus salva quem viveu na gandaia só porque creu em Jesus?!”.
O homem não gosta de graça e misericórdia, e é por esta razão que quando Deus deu a Davi a escolha de ser castigado por Deus ou pelos homens Davi preferiu cair nas mãos de Deus do que dos homens.
(2 Sm 24:12-14) “Vai, e dize a Davi: Assim diz o Senhor: Três coisas te ofereço; escolhe uma delas, para que ta faça. Foi, pois, Gade a Davi, e fez-lho saber; e disse-lhe: Queres que sete anos de fome te venham à tua terra; ou que por três meses fujas de teus inimigos, e eles te persigam; ou que por três dias haja peste na tua terra? Delibera agora, e vê que resposta hei de dar ao que me enviou. Então disse Davi a Gade: Estou em grande angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu”.
Deus dá uma lição em Jonas no último capítulo de seu livro, mostrando o quanto o seu coração era mau por estar mais preocupado com a saúde de um pé de abóbora do que com a população inteira de Nínive, pessoas e animais.
O interessante é que séculos mais tarde outro homem também estava em Jope e era resistente à ideia de Deus salvar gentios (não judeus) por graça somente, colocando-os em pé de igualdade com os judeus. Esse homem era Pedro e foi em um terraço em Jope que Deus falou com ele e o preparou para a visita a Cornélio, o primeiro gentio a ser recebido na recém-criada Igreja. Esta história você encontra em Atos 10.
Os amalequitas ainda existem?
Você dificilmente entenderá a Bíblia se não entender as dispensações, ou seja, as diferentes maneiras de Deus tratar com os homens. No passado Deus parecia agir mais diretamente no juízo e correção dos seres humanos arruinados por causa do pecado. Encontramos Deus destruindo toda a raça humana por meio de um dilúvio, não sem antes usar Noé como pregador para avisar as pessoas do que iria acontecer. Ninguém deu ouvido e Deus começou de novo a partir de Noé e sua família.
(2 Pe2:5) “E não perdoou ao mundo antigo, mas guardou a Noé, pregoeiro da justiça, com mais sete pessoas, ao trazer o dilúvio sobre o mundo dos ímpios;”.
Um juízo coletivo também foi lançado sobre as cidades de Sodoma e Gomorra por sua impiedade e pecado.
(2 Pe2:6-7) “E condenou à destruição as cidades de Sodoma e Gomorra, reduzindo-as a cinza, e pondo-as para exemplo aos que vivessem impiamente; E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis”.
No livro do profeta Jonas nós o encontramos com a tarefa de avisar Nínive que a cidade e todos os seus habitantes seriam destruídos.
(Jo 1:1-2) “E veio a palavra do Senhor a Jonas, filho de Amitai, dizendo: Levanta-te, vai à grande cidade de Nínive, e clama contra ela, porque a sua malícia subiu até à minha presença”.
Felizmente os habitantes de Nínive se arrependeram e foram poupados por Deus, muito embora Jonas tenha ficado aborrecido com a misericórdia que Deus demonstrou para com aquele povo.
Todo o Antigo Testamento é repleto de exemplos assim, com Deus lançando juízos por meio de instrumentos como água e fogo ou por meio de guerras e exércitos. Em alguns momentos vemos Israel, o povo escolhido de Deus, sendo usado por ele para julgar nações ímpias. Há casos interessantes, como o dos Amorreus, um povo que ainda não tinha atingido o ápice da iniquidade e para o qual Deus avisa que seu juízo ainda dependia disso:
(Gn 15:16) “E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia”.
Se nesses momentos Deus ordenava que não poupassem nem mesmo mulheres e crianças era porque ele bem sabia em que se transformariam aquelas crianças no futuro, ou qual seria o papel das mulheres em servirem de tropeço ao povo de Deus. Lembre-se de que Hitler um dia foi um bebê e que não faltam exemplos de mulheres de povos pagãos que corromperam a fé dos israelitas. Mas não pense que esse tratamento dava aos israelitas a imunidade de serem também castigados por seus pecados. Encontramos em várias ocasiões Deus usando gentios, como Nabucodonosor, para julgar o povo de Deus. Portanto, em seu modo de tratar com os povos mergulhados em pecado na antiguidade, Deus lançava seus juízos de destruição. E inclua-se aí a ordem de Deus para que o seu povo destruísse os amalequitas, que é o povo a respeito do qual você perguntou.
Hoje Deus não está lançando juízos sobre os povos do mesmo modo como fazia no Antigo Testamento por estarmos em um período de graça. (Jo 1:17) “Porque a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo“. Até mesmo quando Cristo andou neste mundo ele foi misericordioso e não destruiu os ímpios, o que poderia muito bem fazer como o Juiz severo que vemos no livro de Apocalipse, quando vier para julgar as nações. (2 Co 5:19) “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados“.
Tendo explicado estes pontos, vamos às suas perguntas: “Quem eram os amalequitas? Por que Deus ordenou que fossem totalmente eliminados? Todos foram eliminados? na história moderna há descendentes deste povo condenado por Deus que possam fazer mal à Igreja de Cristo ou ao povo escolhido?”.
Acredito que uma pergunta melhor seria: “O que os amalequitas significam para nós?”. Saber a história deles como nação ou se existem descendentes hoje não tem muita importância a não ser para algum historiador, mas saber o que eles significam tem grande importância. Lembre-se de que “tudo o que dantes foi escrito, para nosso ensino foi escrito, para que pela paciência e consolação das Escrituras tenhamos esperança” e que “tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (Rm 15:4; 1 Co 10:11).
Os Amalequitas podem ser interpretados tanto como o povo de Amaleque, descendente de Esaú, como também com algum povo anterior que possa ter influenciado Esaú e seus descendentes, já que o nome Amaleque aparece alguns séculos antes de Esaú em Gênesis 14:7. Também poderia significar um título, como ocorre com Faraó ou César.
De qualquer modo podemos interpretá-lo como nosso “inimigo hereditário”, como foi Esaú para Jacó. Para nós existe uma figura interessante deste inimigo como sendo a carne. É o primeiro inimigo a enfrentar Israel tão logo este é liberto do Egito e passa pelo mar (figura de nossa salvação) entrando no deserto (uma figura do mundo). Era só enquanto tinha suas mãos levantadas ao céu, figura de dependência de Deus e do seu poder, que Moisés podia prevalecer contra Amaleque. Quando baixava as mãos os israelitas perdiam a batalha.
(Ex 17:8-14) “Então veio Amaleque, e pelejou contra Israel em Refidim. Por isso disse Moisés a Josué: Escolhe-nos homens, e sai, peleja contra Amaleque; amanhã eu estarei sobre o cume do outeiro, e a vara de Deus estará na minha mão. E fez Josué como Moisés lhe dissera, pelejando contra Amaleque; mas Moisés, Arão, e Hur subiram ao cume do outeiro E acontecia que, quando Moisés levantava a sua mão, Israel prevalecia; mas quando ele abaixava a sua mão, Amaleque prevalecia. Porém as mãos de Moisés eram pesadas, por isso tomaram uma pedra, e a puseram debaixo dele, para assentar-se sobre ela; e Arão e Hur sustentaram as suas mãos, um de um lado e o outro do outro; assim ficaram as suas mãos firmes até que o sol se pós. E assim Josué desfez a Amaleque e a seu povo, ao fio da espada. Então disse o Senhor a Moisés: Escreve isto para memória num livro, e relata-o aos ouvidos de Josué; que eu totalmente hei de riscar a memória de Amaleque de debaixo dos céus”.
(Hb 12:12) “Portanto, tornai a levantar as mãos cansadas, e os joelhos desconjuntados,”.
Balaão disse a respeito desse povo: “Amaleque é a primeira das nações; porém o seu fim será a destruição” (Nm 24:20). Depois que os espias foram repreendidos por retornarem da terra prometida incrédulos de sua capacidade de tomá-la segundo Deus tinha ordenado, eles decidem fazer isso na energia da carne e acabam derrotados pelos amalequitas e cananitas. Saul recebeu a ordem de Deus de destruí-los completamente, mas não obedeceu e manteve o rei dos amalequitas vivo e também seus rebanhos. Foi preciso Samuel matar Agague (1 Sm 14:48; 15:1-33). Davi atacou os amalequitas em 1 Samuel 27:8 e 30:1-3. No Salmos 83 os amalequitas reaparecem reunidos contra Israel no futuro. Assim Amaleque foi o primeiro a atacar Israel, sempre foi inimigo de Israel, e voltará no final para atacar o povo de Deus.
Que inimigo temos que seja tão feroz e constante em sua luta contra nós cristãos? A carne. Em Gálatas ela milita contra o Espírito e, à semelhança do que fez Moisés elevando suas mãos aos céus, não é nossa luta contra ela que garante a vitória, mesmo porque somos exortados que nossa luta não é contra a carne. É nossa dependência do céu que traz a vitória.
(Ex 17:16) “E disse: Porquanto jurou o Senhor, haverá guerra do Senhor contra Amaleque de geração em geração”.
Nossa libertação desse “Amaleque” virá com o arrebatamento, mas para Israel só haverá descanso mesmo quando o Senhor vier estabelecer o seu reino. Mesmo assim, será um reino de juízo a cada manhã, portanto ainda haverá pecado e morte como a paga pelo pecado, já que os que entrarem no reino terrenal (judeus e gentios convertidos durante a grande tribulação) entrarão ainda em sua condição natural, em um corpo de carne.
É por isso que o Senhor advertiu, em Mateus 24 que “se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria ; mas por causa dos escolhidos serão abreviados aqueles dias.” O reino de Cristo na terra será habitado por seres humanos convertidos exteriormente e vivendo em um mundo livre de tentações exteriores (Satanás está acorrentado). Mas tão logo o tentador for solto os inimigos de Cristo se manifestarão. Então mais uma vez haverá guerra, porém desta vez uma guerra direta contra o Senhor e seus exércitos.
Deus discrimina negros e deficientes?
Você pergunta se Deus é racista, pois leu em Levítico 21 a observação sobre pessoas com nariz chato, e você identificou esses como sendo negros. Baseado nessa sua observação você diz que prefere servir os deuses de “matriz africana e de Nova Era” e aconselha deficientes físicos a fazerem o mesmo. Segundo você Deus odeia negros e portadores de deficiência, por isso você conclui dizendo que odeia a Deus e ao seu Filho.
Sugiro que tenha cuidado ao decidir servir a deuses de “matriz africana” por causa de sua etnia, pois esta sim é uma posição discriminatória, já que Deus não discrimina pessoas pela cor da pele. Acaso você sabia que a esposa de Moisés era negra? Alguma vez leu o livro de Atos e percebeu que o primeiro gentio (não judeu) convertido a Cristo era, não apenas negro, mas castrado? E que a rainha de Sabá, que visitou Salomão e foi recebida com tanta pompa, também era negra? Talvez Simão, o cireneu, que ajudou Jesus a carregar a cruz fosse negro, pois Cirene ficava no norte da África. Em Atos 13 encontramos outro cireneu, chamado Lúcio, entre os irmãos responsáveis em ensinar na assembleia de Antioquia. E havia ali também um Simeão, que era conhecido como “Níger”, ou “Negro”.
Sua visão de mundo é tão estereotipada e discriminatória que ao ler a passagem de Levítico que fala de “nariz chato” imediatamente identificou isso como uma referência aos negros. Nem todos os negros têm nariz chato. Os que têm geralmente são descendentes de povos do oeste, sul e algumas partes da África Central. Mas os negros do leste, norte e de algumas regiões centrais do continente têm nariz fino. Você percebe isto também comparando os negros norte-americanos com os negros brasileiros. Como portugueses e ingleses compravam escravos de diferentes regiões (quem os escravizava eram os próprios negros de outras tribos para vendê-los aos europeus), hoje a população negra da América do Norte tem traços faciais característicos das regiões de onde vieram. É fácil observar isso nas cantoras negras norte-americanas que não fizeram qualquer plástica no nariz. Vamos à passagem que, nas suas próprias palavras, o levou a decidir seguir os “deuses de matriz africana”:
(Lv 21:17-23) “Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus. Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato , ou de membros demasiadamente compridos, Ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada, Ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículo mutilado. Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. Ele comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo. Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico”.
Uma pessoa que não tivesse lentes tão recalcadas e discriminatórias quanto as suas, logo perceberia que “nariz chato” na passagem de Levítico não está falando de etnia, mas de defeito físico. Veja que, além de “nariz chato”, a passagem fala também de cego, coxo, membros compridos, pé quebrado, mão quebrada, corcunda, anão, olho defeituoso, lesão na pele e castrado. Por que você foi enxergar logo no “nariz chato” um problema racial? Será que você julga a tudo e a todos do ponto de vista racial?
Se você não fosse tão apressado em julgar tudo do ponto de vista da cor da pele teria percebido o significado da passagem: Deus está falando daqueles que deveriam exercer o sacerdócio “oferecer o pão do seu Deus” ; os que executariam as tarefas sacerdotais no Tabernáculo (e depois no Templo), e seriam os únicos que poderiam entrar em algumas dependências do Tabernáculo ou do Templo. Esses deviam ser sem defeito porque representavam aqueles que só podem ter acesso a Deus se estiverem limpos de toda mancha e pecado. A passagem toda é uma figura da aceitação que Deus faz daqueles que são purificados pelo sangue de Cristo e assim limpos de toda mancha e defeito causados pelo pecado.
Evidentemente você não percebeu que Deus não só restringiu o acesso a essas partes do Templo a pessoas sem defeitos físicos (nada a ver com cor da pele), mas esse acesso era limitado aos descendentes de Arão (vers. 17) e a mais ninguém, mesmo que pertencesse ao povo de Israel. Quando Coré e seus seguidores quiseram usurpar essa posição receberam o justo castigo de Deus em Números 16. A questão não era de cor de pele, mas de uma determinação de Deus que devia ser cumprida pelo que ela significava, ou seja, que a adoração a Deus devia ter todos os requisitos da perfeição e era restrita aos descendentes de Arão, e a mais ninguém.
Se ler Mateus 27:51 verá que “o véu do templo se rasgou em dois, de alto a baixo” no momento em que Jesus entregou sua vida na cruz, mostrando assim que a separação que impedia o homem comum de entrar na presença de Deus tinha sido removida, “de alto a baixo”, ou seja, de Deus para o homem. Agora todo aquele que crê em Jesus é um sacerdote com pleno acesso à presença de Deus porque foi feito, aos olhos de Deus, sem mancha ou defeito do pecado.
(Hb 10:19-23) “Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne , E tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, Cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu”. (Para entender leia também Hebreus 9).
Portanto, sem se converter a Cristo e sem ter o Espírito Santo, que lhe dará o entendimento para compreender a Palavra de Deus como um todo, você não será capaz de enxergar o Deus de graça e misericórdia que deu seu Filho Unigênito para salvar você e qualquer um que se aproxime dele de coração contrito e arrependido. Enquanto não admitir que você é defeituoso aos olhos de Deus, e não estou falando de formato de nariz, mas do pecado com o qual eu e você viemos ao mundo, e que precisa do sangue de Cristo para torná-lo apto a entrar na presença de Deus, continuará a ser marionete de demônios como eu fui um dia. E continuará a odiar AQUELE que quer salvá-lo de seus pecados, o DEUS vivo e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o Salvador.
Espero sinceramente que você se arrependa dessa visão discriminatória, não só contra homens, mas principalmente contra o próprio Deus e seu Filho Eterno. Sua compreensão da Bíblia é equivocada e temo que seus sentimentos em relação às pessoas que são diferentes de você também sejam. Tenho um filho adotivo que é negro e deficiente físico e mental (o blog dele é querocontar.net) e não tenho qualquer dúvida de que irei encontrá-lo no céu, transformado à semelhança do corpo de Jesus ressuscitado. Será que você estará lá? Não, a menos que aceite o único meio de salvação dado por Deus: Jesus, o crucificado; Jesus, o ressuscitado. O mesmo que não faz discriminação e deseja lhe dar a salvação, tornando-o um filho de Deus pela fé em Cristo Jesus.
(Gl 3:26-28) ‘Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus“.
(Jo 14:6) “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim“.
(Atos 4:12) “E em nenhum outro há salvação , porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos“.
O ato sexual é o que une o casal?
Alguém disse a você que um homem que teve uma relação sexual com uma prostituta não pode mais se casar. A ideia é que a relação sexual tornaria aquele homem uma só carne com a prostituta, e se a Palavra de Deus diz que o marido e a mulher se unem para se tornarem uma só carne, aquele homem já teria feito isso com a prostituta, portanto, estaria casado com ela. Uau! Quando eu pensava que já tinha escutado de tudo surge mais essa interpretação completamente distorcida das Escrituras.
O apóstolo Paulo nos alertou contra os que tentam tirar conclusões equivocadas da Palavra de Deus utilizando a própria Palavra de Deus fora do contexto. Por exemplo, em Romanos 3:7-8:
“Mas, se pela minha mentira abundou mais a verdade de Deus para glória sua, por que sou eu ainda julgado também como pecador? E por que não dizemos (como somos blasfemados, e como alguns dizem que dizemos): Façamos males, para que venham bens? A condenação desses é justa”.
Esse tipo de raciocínio é perigosíssimo: “Se pelo pecado Deus trouxe bênção, então vamos pecar mais para Deus trazer mais bênçãos”. É basicamente a mesma linha de raciocínio que a pessoa tentou usar, pois se existe uma passagem que fala do matrimônio dizendo que o homem deixa seu pai e sua mãe e se une à esposa e os dois se tornam uma só carne, então por existir outra passagem que diz que aquele que se une a uma prostituta torna-se assim uma carne com ela, estaria consumando um matrimônio!
Porém, embora o ato conjugal possa ser considerado a consumação de um matrimônio, não é este que dá a um homem e uma mulher o status de casados; eles já estavam casados no momento em que se uniram em matrimônio, e qualquer pessoa sensata entenderá assim. Seria estranho alguém dizer que foi ao casamento de fulano querendo com isso insinuar que assistiu ao que ocorreu no quarto do casal na lua de mel.
Além disso, o contexto da passagem de 1 Coríntios 6 é diferente do contexto de Efésios 5. Em Efésios o assunto é sim a união conjugal entre um homem e uma mulher, isto é, o matrimônio, também mostrado como uma figura de Cristo e sua Igreja. Em 1 Coríntios o assunto é o corpo do cristão e de como este deve ser conservado puro e livre de contaminações e associações pecaminosas, já que o cristão é individualmente membro do corpo de Cristo. Em Efésios trata-se da relação entre o corpo de Cristo (formado por membros individuais) e a cabeça, que é Cristo, e em 1 Coríntios trata-se da relação entre o corpo do crente individualmente como membro do corpo de Cristo. Compare as passagens:
(Ef 5:24-32) “De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós, maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja; porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja”.
(1 Co 6:13-20) “Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros. Mas o corpo não é para a prostituição, senão para o Senhor, e o Senhor para o corpo. Ora, Deus, que também ressuscitou o Senhor, nos ressuscitará a nós pelo seu poder. Não sabeis vós que os vossos corpos são membros de Cristo? Tomarei, pois, os membros de Cristo, e fa-los-ei membros de uma meretriz? Não, por certo. Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz, faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne. Mas o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito. Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo. Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus”.
Quando duas pessoas decidem se unir em matrimônio na presença de duas testemunhas dentro das prerrogativas estabelecidas por Deus para a formação de um novo núcleo familiar, essa união é sancionada por Deus, isto é, Deus une. Se no país existirem leis exigindo alguma formalização civil dessa união, o casal apresenta-se a um juiz de paz e este, com a autoridade que lhe foi concedida pelo Estado, declara o homem e a mulher casados.
Se não existirem cartórios ou coisa semelhante, um matrimônio realizado na presença de duas testemunhas continua sendo um matrimônio, seja ele ministrado pelo pároco, pastor ou chefe da tribo. É a presença das testemunhas que determina um contrato matrimonial. A presença do oficiante ocorre quando a lei local assim exigir. Obviamente a união sexual de um homem e uma mulher fora do matrimônio, ainda que se constitua uma união física, não é um casamento pois dificilmente isso será feito na presença de duas testemunhas, como é exigido em qualquer contrato ou acordo, na Bíblia ou fora dela.
Se existir dúvida quanto a isso, podemos nos valer da declaração que o Senhor Jesus fez à mulher samaritana, que tinha mantido relações sexuais com seis homens diferentes e nenhum deles era seu marido aos olhos de Deus:
(Jo 4:16-18) “Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A mulher respondeu, e disse: não tenho marido. Disse-lhe Jesus: disseste bem: não tenho marido; porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste com verdade”.
Embora alguns possam interpretar isso como se ela tivesse sido legalmente casada cinco vezes, e tivesse ficado viúva ou sido abandonada por todos seus maridos, o fato de conviver sexualmente com seu atual companheiro não fazia dele seu marido de fato, demonstrando assim que não é o ato sexual que une um casal em matrimônio.
O batismo perdoa pecados?
Se estivermos falando do perdão de pecados para se obter a salvação eterna, então a resposta é não , o batismo não pode nos dar perdão. Se pudesse, quase toda a população ocidental estaria salva, já que a maioria das pessoas foi batizada e leva o nome de Cristo; são cristãos, não pagãos. Então como explicar as passagens que você apresentou?
(Mc 1:4) “Apareceu João batizando no deserto, e pregando o batismo de arrependimento, para remissão dos pecados “.
(Lc 3:3) “E percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados ;”.
(Atos 2:38) “E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo, para perdão dos pecados ; e recebereis o dom do Espírito Santo;”.
Considerando que as Escrituras não podem se contradizer, deve existir uma explicação que coloque essas expressões “remissão de pecados” e “perdão de pecados” em seu devido contexto. Temos inúmeras passagens na Palavra de Deus que ensinam que a salvação é pela fé, não por obras ou pelo cumprimento a ordenanças como o batismo ou a ceia do Senhor. É o caso de João1:12; 3:16; 3:36; 6:47; Atos 16:31; Romanos 10:9, só para citar algumas.
Se você considerar que o ladrão na cruz foi salvo sem passar pelo batismo, que o próprio Senhor não batizou ninguém e que o apóstolo Paulo afirma ter batizado alguns poucos, é de se estranhar que Jesus e Paulo não tenham se dedicado com maior afinco a essa prática se ela fosse realmente o meio de perdão e salvação. Por que Jesus não batizou a mulher adúltera antes de dizer a ela: “Nem eu também te condeno” (Jo 8:11). Por que não levou às águas o homem curado antes de dizer a ele: “Homem, os teus pecados te são perdoados” (Lc 5:20). E onde entrou o batismo, quando na casa do fariseu, Jesus disse à prostituta arrependida: “Os teus pecados te são perdoados” (Lc 7:48).
Talvez Atos 22:16 nos dê alguma luz sobre o assunto. Repare que a exigência de que fossem batizados foi feita somente a judeus. No caso de João Batista, o batismo não era um batismo cristão, tanto é que os discípulos de João seriam batizados outra vez em Atos com o batismo cristão. Então que batismo era esse para remissão ou perdão de pecados que receberam de João Batista e depois precisaram receber novamente dos apóstolos? Era a prova visível e a declaração pública de arrependimento por tudo o que aquele povo havia feito, primeiro com os profetas de Deus (no caso do batismo de João Batista) e depois com seu Messias (no caso do batismo em Atos 22:16).
Esse mesmo povo trazia sobre si a culpa de rebelião contra Deus e sua Palavra, entregue aos israelitas séculos antes, e demonstrava esse espírito ao rejeitarem o Messias: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mt 27:25). Aqueles judeus no batismo de João se arrependiam e declaravam publicamente que se colocavam em uma nova posição em relação a Deus, o que faziam mediante o batismo. Os judeus em Atos se arrependiam de terem crucificado o Messias e mostravam isso publicamente sujeitando-se ao batismo em nome de Jesus, que na prática era feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Tendo isto em mente fica mais fácil entender as passagens de Marcos 1:4, Lucas 3:3 e Atos 2:38: eles eram batizados “para o perdão [ou remissão] dos pecados” , entrando o batismo como o reconhecimento por terem sido já perdoados. Li um comentário de Ryrie que explica assim:
“Isto não significa que [eles fossem batizados] a fim de serem remidos, pois em todo o Novo Testamento vemos pecados sendo perdoados como resultado da fé em Cristo, não como resultado do batismo. Aqui significa que deviam ser batizados por causa da remissão dos pecados. A preposição grega ‘eis’ , traduzida como ‘para’ , tem também o significado ‘por causa da’ , não apenas aqui mas também em passagens como Mateus 12:41, onde o único significado possível é ‘porque se arrependeram [ou ‘por causa de terem se arrependido’] com a pregação de Jonas’. O arrependimento foi o que trouxe a remissão dos pecados para esta multidão no dia de Pentecostes, e por causa da remissão dos pecados lhes foi pedido que fossem batizados “.
É preciso entender que as diferentes classes de pessoas que se converteram em Atos receberam tratamentos distintos por causa das responsabilidades distintas em que estavam inseridas.
— Para os judeus convertidos a Cristo, a ordem foi (1) Arrependimento, (2) Batismo nas águas, (3) Recebimento do Espírito Santo.
— Para os samaritanos, em Atos 8:14-17, a ordem foi (1) Crer, (2) Batismo nas águas, (3) Intercessão dos apóstolos, (4) Imposição de mãos dos apóstolos e (5) Recebimento do Espírito Santo.
— na conversão dos gentios em Atos 10:44-48 a ordem foi (1) Crer, (2) Recebimento do Espírito Santo, (3) Batismo nas águas.
— Finalmente, para os discípulos de João Batista que se converteram a Jesus, a ordem foi (1) Crer, (2) Novo batismo nas águas, (3) Imposição de mãos do apóstolo, (4) Recebimento do Espírito Santo.
Portanto, entenda o batismo como uma expressão exterior e pública de algo já ocorrido (ele tem também outros significados, mas não vou comentá-los aqui). A prostituta que lavou os pés de Jesus com lágrimas, enxugou-os com seus cabelos e os ungiu com perfume fez aquilo como consequência do perdão que ela sabia poder contar. Repare que ela não foi batizada para receber tal perdão, e nem foi esse ato de bondade dela para com o Senhor que a fez merecedora do perdão. Ela recebeu o perdão antes disso, quando creu em Jesus.
(Lc 7:47-50) “Por isso te digo que os seus muitos pecados lhe são perdoados , [antes de entrar ali] porque [como consequência do perdão] muito amou; mas aquele a quem pouco é perdoado [por consequência] pouco ama. E disse-lhe a ela: Os teus pecados te são perdoados [confirmando aquilo que a levara a estar ali para adorar]. E os que estavam à mesa começaram a dizer entre si: Quem é este, que até perdoa pecados? E disse à mulher: A tua fé [e não o arrependimento ou o fato de ter regado os pés de Jesus com lágrimas] te salvou; vai-te em paz”.
Existe ainda outro aspecto do perdão, que é o perdão fraternal ou administrativo, que é praticado individualmente entre os crentes (Mt 11:25) e também pela assembleia (2 Co 2:10), mas este é um assunto para outra ocasião.
O crente está liberto do poder de Satanás?
Todos os poderes que há, sejam humanos ou angelicais, foram instituídos por Deus. O pecado arruinou tudo, começando pelos poderes angelicais quando Satanás liderou sua rebelião contra Deus (Is 14:12). Depois o pecado também arruinou o homem, que tinha sido criado para estar acima de toda a Criação e dominar sobre ela (Hb 2:7). Tanto as potestades (ou poderes) angelicais quanto as potestades humanas ficaram sujeitas às consequências do pecado, mas ainda assim permanece seu status de autoridade.
É por isso que Deus ensina que devemos obedecer às autoridades humanas que sobre nós foram constituídas, como governos, polícia, etc., ainda que sejam falhas (Rm 13:1-7). Naquilo que não for contrário à vontade de Deus expressa em sua Palavra, devemos ser submissos a elas. É por isso também que o arcanjo Miguel não ousou repreender Satanás, pois na hierarquia angelical Miguel, que é um arcanjo, ocupa uma posição de autoridade abaixo de Satanás, que é um querubim (Jd 1:9). Mas nada nos é dito no sentido de obedecermos a anjos, pois eles ocupam uma posição de “espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação” (Hb 1:14).
Encontramos o Senhor repreendendo os demônios e Satanás nos evangelhos (Mt 17:18; Marcos 8:33), mas não vemos os discípulos fazendo o mesmo, apesar de expulsarem os demônios, não repreendê-los. Mas em Efésios6 nos foi dito que devemos batalhar contra as hostes da maldade nos lugares celestiais, indicando assim que nossa luta não é contra carne e sangue mas contra os principados e potestades da maldade. Esses habitam as regiões celestiais além de passearem pela terra, como aprendemos do livro de Jó capítulos 1 e 2.
(Ef 6:11-12) “Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo. Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
Considerando que esses principados e potestades que se desviaram de Deus habitam no ar ou atmosfera (Ef 2:2), imagine a surpresa desses quando viram aquele que Satanás considerava ter vencido passar por ali ressuscitado rumo à glória.
Cristo já havia entrado na casa do valente e o amarrado enquanto andou aqui neste mundo, preparando o caminho para “furtar os seus bens… saqueando então a sua casa” (Mt 12:29). Então, com sua morte e ressurreição ele deu o golpe final na cabeça da antiga serpente, que é o diabo e Satanás, “despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15). Com essa mesma obra ele levou cativo o cativeiro e subiu triunfante sobre todas as hostes de Satanás. Assim elas foram expostas publicamente em sua derrota e hoje o crente pode ter a certeza de que está liberto.
“Deus nos tirou da potestade das trevas, e nos transportou para o reino do Filho do seu amor; em quem temos a redenção pelo seu sangue, a saber, a remissão dos pecados; o qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação; porque nele foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades. Tudo foi criado por ele e para ele” (Cl 1:13-17).
Era evidente que os principados e potestades que foram criados por Jesus e para Jesus não poderiam ser independentes dele, daí ser necessária essa intervenção para que as coisas fossem colocadas em seus devidos lugares. Às vezes nos ocupamos com a obra de Cristo em relação à nossa salvação e acabamos nos esquecendo de tudo o mais que está envolvido nela, principalmente da glória de Deus, que foi a primeira razão pela qual Cristo morreu. Ainda que ninguém fosse salvo, mesmo assim o Cordeiro teria tirado o pecado do mundo, ou seja, resolvido a questão pendente do pecado que manchou a Criação de Deus.
Tente imaginar um grande rei da antiguidade voltando vitorioso da batalha. Ele traz consigo todos os seus soldados que estavam nas mãos dos prisioneiros, como Abraão fez quando venceu aqueles que subjugaram seu sobrinho Ló (Gn 14). E não só isso, mas ele traz acorrentados todos os inimigos e desfila com eles ao entrar na cidade. É isto o que significa a frase “despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e deles triunfou em si mesmo” (Cl 2:15).
Que precioso para todo aquele que crê saber que já não precisa temer Satanás e seus anjos, ainda que reconheça que eles têm poder e continuam agindo nesta esfera até o tempo determinado. Se a morte era o máximo com que o diabo podia nos ameaçar, já não estamos mais sujeitos a essa servidão.
(Hb 2:14-16) “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo; E livrasse todos os que, com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão. Porque, na verdade, ele não tomou os anjos, mas tomou a descendência de Abraão”.
Hoje somos espetáculo para os anjos e estes observam a igreja, pois ao contrário deles, que nunca caíram em pecado ou que caíram e nunca conhecerão o perdão, somos seres arruinados que foram resgatados e hoje glorificam a Deus.
(1 Pe_1:12) “Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar”.
(Ef 3:10) “Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus,”.
Por que Jesus falava por parábolas?
Por que Jesus falava por parábolas, dificultando assim a compreensão das pessoas? Será que ele não queria que elas entendessem? Tudo indica que ele falava por parábolas, não para simplificar, mas para ver até onde ia o interesse dos ouvintes. Pessoas indiferentes não teriam interesse em entender, portanto para elas as parábolas não trariam qualquer benefício.
(Mt 13:13-15) “Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem. E neles se cumpre a profecia de Isaías, que diz: ouvindo, ouvireis, mas não compreendereis, e, vendo, vereis, mas não percebereis. Porque o coração deste povo está endurecido, e ouviram de mau grado com seus ouvidos, e fecharam seus olhos; para que não vejam com os olhos, e ouçam com os ouvidos, e compreendam com o coração, e se convertam, e eu os cure”.
Ao comentar a parábola do Semeador em Lucas 8, C. E. Stuart explica:
“O significado ele explicava aos discípulos quando eles perguntavam; pois a eles era dado conhecer os mistérios do reino de Deus (Lc 8:10). Ele falava por parábolas para testar as pessoas. Aqueles que desejavam entender podiam ir a ele e perguntar. E nesta ocasião Marcos (Mc 4:10) nos diz que os que perguntaram não foram apenas os doze. Aqueles que estavam com os doze e se interessavam nele pediram a ele a explicação” (C. E. Stuart, “From Advent to Advent”).
A medida de nossa compreensão da Palavra de Deus é diretamente proporcional à medida de nosso interesse e desejo de aprender do Senhor. Pessoas indiferentes ao Senhor e à sua Palavra passarão ao largo e continuarão caminhando rumo à condenação eterna.
Toda denominação é uma seita?
Sim, qualquer denominação é uma seita, apesar de nem toda seita ser uma denominação. Seita significa simplesmente uma divisão ou algo sectário, que divide, separa, etc. De acordo com o Concise Bible Dictionary, a palavra traduzida como “seita“ em algumas passagens da Bíblia é, no original grego, “hairesis“, e usada para as seitas entre os judeus, como era o caso dos Saduceus e Fariseus. Veja Atos 5:17; 15:5 e 26:5. Os judeus, por sua vez, empregavam a mesma palavra para os cristãos (Atos 24:5, 14; 28:22). As seitas ou heresias no cristianismo apareceram cedo e eram o resultado da vontade humana, não de Deus.
O Concise Bible Dictionary continua explicando: “A raiz da palavra grega significa ‘escolher’ e demonstra que uma heresia é algo peculiar. A doutrina professada [pelo herético] pode ser verdadeira em si mesma, mas pode ter sido exagerada ou colocada fora de seu contexto. A consequência evidente é a formação de um partido ou seita (1 Co 11:9; Gálatas 5:20; 2 Pe 2:1). Quem adere a uma heresia é um herético, e depois da primeira e segunda admoestação deve ser rejeitado (Tt 3:10). Havendo Deus dado em sua Palavra tudo o que era necessário para a igreja, não existe espaço para a escolha ou vontade humana. O homem deve ser um humilde receptor” (1 Co 4:7).
A leitura deste comentário de Bruce Anstey no livro “Um só corpo na prática” dá uma ideia melhor do assunto. O simples fato de uma denominação existir (qualquer que seja) é uma desonra para Deus que tinha em mente que a igreja não apenas fosse “um só corpo”, mas que expressasse isso na prática. A igreja nunca deixou de ser “um só corpo”, mas a expressão disso foi deturpada pelos homens. Em seu livro Bruce Anstey inclui o seguinte exemplo, tirado de outra publicação:
“Se pudéssemos voltar ao princípio, ao dia de Pentecostes, quando o Espírito de Deus desceu e uniu aquelas 120 pessoas em um só corpo, e todas elas estavam reunidas ao Nome do Senhor Jesus Cristo, suponha que Pedro tivesse um desentendimento com João e eles decidissem que iriam estabelecer comunhões separadas. A partir daí existiria uma comunhão seguindo a Pedro e outra a João. Será que poderíamos dizer que o Espírito iria guiar alguns a uma comunhão e outros à outra? Será que o Senhor aprovaria as duas igualmente? Não cremos que ele iria sancionar as duas comunhões com sua presença em seu meio, pois agindo assim ele estaria aprovando a divisão prática na igreja.Se o fizesse, ele seria autor de confusão”. (“Can Christians be Gathered in Only One Place?” - Notes of Ottawa General Meetings - April 1987 - p. 11-12).
Ele mostra também o processo que leva às divisões: começam com diferenças de opinião (1 Co 1:10) que levam a contendas (1 Co 1:11), as quais resultam em divisões (1 Co 1:12-13), tudo ainda no âmbito interno, ou seja, entre irmãos em uma mesma assembleia. Se não forem julgadas, essas divisões internas resultam em heresias ou seitas (1 Co 11:18-19), no sentido explicado aqui, e não no habitualmente usado pelos evangélicos. O autor conclui dizendo:
“Uma ‘seita’ ou ‘heresia’ (trata-se da mesma palavra em grego) é uma divisão consumada entre os santos, quando um partido se separa e passa a congregar de forma independente. O que começa como uma diferença de opinião, leva à contenda e acaba produzindo um cisma ou divisão interna entre os santos, a qual, se não for julgada, levará a uma heresia ou seita – uma divisão visível entre os santos”.
Ao contrário do que pensam os evangélicos, que chamam de “seita” apenas as religiões com aberrações doutrinárias, como Testemunhas de Jeová, Mórmons, Espiritismo, etc., a Bíblia chama de “seita” ou “heresia” qualquer coisa que divida os cristãos, portanto uma seita pode existir mesmo dentro de um grupo de cristãos que aparentemente andam juntos. Quando se entende isto se percebe que não apenas as denominações são seitas ou facções, mas até mesmo grupos independentes sem denominação que não estejam congregados sobre o princípio do “um só corpo” também se encaixam nessa descrição.
Sabe o que acontecerá com as denominações após o arrebatamento dos verdadeiros crentes (inclusive os que hoje estão nelas)? Essas organizações e as pessoas que nelas apenas professavam ser cristãs (mas não eram e não foram arrebatadas) formarão a “Grande Meretriz” de Apocalipse. Certamente você não iria defender essa “Grande Meretriz”, a cristandade apóstata, que na grande tribulação utilizará de seus sistemas, templos e instalações para perseguir, torturar e matar os “pequeninos irmãos”, que formarão o remanescente de judeus convertidos nessa época.
Nada disto, porém, implica em um julgamento das pessoas que hoje estão nessas seitas. Muitos são irmãos amados que conheceremos no dia do arrebatamento e encontraremos no céu, mas que infelizmente na terra estão divididos em compartimentos sectários por causa dos nomes e das organizações que criaram. A rigor, esses não deveriam dizer, como na oração do “Pai Nosso”, a frase “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” , já que na terra estão fazendo o contrário da vontade de Deus no céu, que é de não existir qualquer denominação que divida os salvos por Cristo. Se não existem denominações ou divisões entre irmãos no céu, por que iríamos promover tal coisa na terra?
A reação de um cristão sincero a isso não é tentar consertar o que está errado e nem mesmo frequentar as denominações para tentar convencer seus membros a mudarem de ideia. A reação bíblica é simplesmente apartar-se, separar-se de tudo aquilo que não tenha fundamento na Palavra. Apartar-se do mal é o que Moisés fez, quando viu o mal disseminado no arraial de Israel e tomou para si a tenda da congregação e a armou fora do arraial. Aí quem queria buscar o Senhor saía do arraial e se dirigia à tenda da congregação fora do arraial.
(Ex 33:7) “E tomou Moisés a tenda, e a estendeu para si fora do arraial, desviada longe do arraial, e chamou-lhe a tenda da congregação. E aconteceu que todo aquele que buscava o Senhor saía à tenda da congregação, que estava fora do arraial”.
Apartar-se do mal e dos vasos que estão contaminados com o mal é o que também nos ensina 2 Timóteo 2, que também nos alerta para não tentarmos julgar quem é e quem não é do Senhor, porque somente o Senhor conhece os que são seus:
(2Tm 2:19-22) “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
O ato de se apartar do mal não significa separar-se para ficar só, mas para congregar com aqueles que estão igualmente apartados, “os que, com um coração puro [ou purificado dessas coisas] invocam o Senhor”. Também não é um apartar-se para si mesmo e nem mesmo para algum grupo, mas para Cristo.
(Hb 13:13) “Saiamos, pois, a ele [a Cristo] fora do arraial [sistema humano], levando o seu vitupério”.
A oração de Tiago 5 serve para qualquer enfermidade?
Ao longo da Bíblia você encontra muitos casos de cura de doentes, tanto as feitas por Jesus como as que seus discípulos realizaram. Quando as pessoas levavam doentes ao Senhor ou aos discípulos, TODOS eram curados (Mt 8:16; Atos 5:16), e não apenas alguns. Aquelas curas tinham uma tripla finalidade: Deus, o testemunho e o doente.
A primeira finalidade da cura era obviamente exaltar e glorificar a Deus, conforme o Senhor explicou aos discípulos que perguntaram sobre o cego de nascença em João 9:3: “foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus”. O mesmo nós vemos no episódio da doença, morte e ressurreição de Lázaro: “E Jesus, ouvindo isto, disse: Esta enfermidade não é para morte, mas para glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela“ (Jo 11:4). Os sinais, milagres e maravilhas serviam para comprovar as credenciais do Filho de Deus, pois assim tinha sido a promessa de sua vinda. “Eis-me aqui, com os filhos que me deu o Senhor, por sinais e por maravilhas em Israel, da parte do Senhor dos Exércitos, que habita no monte de Sião” (Is 8:18). “Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais , que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis” (Atos 2:22).
A segunda finalidade geralmente tinha a ver com o testemunho de Deus no mundo. Sempre que Deus começava algo importante ou uma “nova etapa” no modo de tratar o homem, aquilo era cercado de sinais e milagres. Foi assim quando o Senhor veio ao mundo e andou aqui, e foi assim quando o Espírito Santo veio habitar neste mundo na igreja. Além disso, os sinais e milagres tinham uma aplicação especial para os judeus: “Porque os judeus pedem sinal , e os gregos buscam sabedoria” (1 Co 1:22). “Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo ; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor” (1 Co 14:21). Por isso encontramos citações como estas em Atos que serviam para mostrar que aquela obra, a saber, a igreja, tinha a chancela de Deus:
(Atos 2:43) “E em toda a alma havia temor, e muitas maravilhas e sinais se faziam pelos apóstolos“.
(Atos 8:13) “E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado, ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam , estava atônito”.
(Atos 19:11) “E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias“.
A terceira finalidade era resolver o problema do ser humano, mas pelas duas outras finalidades acima já dá para perceber que esta não era a prioridade. Se fosse, Jesus e seus discípulos teriam simplesmente erradicado a doença do mundo como num passe de mágica. O Senhor tinha poder para tanto? Certamente, ele podia fazer isso mas não devia fazer isso, pois a doença era consequência do pecado que entrou na Criação, portanto de nada adiantaria erradicar a consequência sem arrancar a raiz. Foi para tirar o pecado do mundo que veio o Cordeiro de Deus, e não para servir de médico da humanidade arruinada. A solução completa, quando serão manifestos todos os benefícios da morte e ressurreição de Cristo, só veremos no final da história.
Tanto é verdade que a finalidade principal das curas não era o bem estar da humanidade, que depois de um tempo da habitação do Espírito Santo na igreja neste mundo você já não encontra tantos sinais e milagres como no princípio. Paulo tinha uma doença, que ele chamava de “espinho na carne” (2 Co 12:7), permitida por Deus para ele não se ensoberbecer; o mesmo apóstolo deixou Trófimo doente em Mileto (2Tm 4:20 - por que não o curou?!) Em uma de suas viagens, e também deu uma receita de um medicamento caseiro para Timóteo aplacar seus frequentes problemas estomacais (1Tm 5:23). Por que não enviar a Timóteo um lenço como os que vemos em Atos 19?
“E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles , e os espíritos malignos saíam” (Atos 19:11-12).
Paulo não curava a si mesmo de seu espinho na carne, não curou Trófimo em Mileto e nem enviou um lenço para curar Timóteo porque isso não estava nos planos de Deus e nem serviria para glorificar a Deus como das outras vezes, ou para confirmar que Deus estava fazendo uma grande obra com a fundação da igreja. A igreja já estava bem fundada e agora devia seguir em simplicidade de fé e dependência do Senhor, concentrada na adoração a Cristo, e não na dependência e exaltação de homens com poderes miraculosos.
A oração para cura descrita em Tiago 5 parece ter outro propósito. Por ela envolver a igreja (os presbíteros e anciãos são chamados) a enfermidade pela qual eles oram deve estar afetando a igreja de alguma forma. Creio que esta passagem seja a única que inclua o óleo ou azeite no processo, portanto deve existir aqui algum particular que deve ser levado em consideração e o leitor atento irá logo descobrir o que é. Vamos ao trecho:
(Tg 5:14-20) “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e orem sobre ele, ungindo-o com azeite em nome do Senhor; E a oração da fé salvará o doente, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados. Confessai as vossas culpas uns aos outros, e orai uns pelos outros, para que sareis. A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos. Elias era homem sujeito às mesmas paixões que nós e, orando, pediu que não chovesse e, por três anos e seis meses, não choveu sobre a terra. E orou outra vez, e o céu deu chuva, e a terra produziu o seu fruto. Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados“.
Você reparou que esta oração com a unção de azeite feita pelos presbíteros ou anciãos está associada não apenas à doença, mas a pecados ? E Tiago menciona ainda uma oração feita por Elias que é no mínimo estranha: Elias orou para não chover por três anos e meio e não choveu. Aquela não foi uma oração para resolver um problema, mas uma oração para juízo porque o povo de Israel estava em pecado.
A passagem fala também de perdão de pecados e de cobrir uma porção de pecados, o que obviamente não se trata do perdão divino ou judicial de pecados, mas de um perdão administrativo , já que é ministrado por homens. Por isso a oração de cura mencionada neste contexto não deve ser para qualquer enfermidade, mas para aquela que está associada a pecado ou a um juízo ou perdão administrativo.
Portanto temos aqui alguém que pode estar envolvido em um pecado que afeta o testemunho da igreja, como encontramos em 1 Coríntios 5 no caso do homem que estava se deitando com a madrasta. A doença aqui pode ser o juízo de Deus para levá-lo ao arrependimento, como foi o caso do juízo de excomunhão que a assembleia em Corinto foi obrigada a aplicar no homem do capítulo 5 daquela epístola, o qual parece ter sido restaurado à comunhão em 2 Coríntios 2:7 e 7:10. É uma oração necessária para resolver um problema que afeta não apenas o doente, mas os irmãos.
A presença dos anciãos denota algo que envolve a assembleia e a promessa de cura é tanto para a restauração física do enfermo, quanto moral, para perdoá-lo de algo que também esteja afetando os irmãos. O versículo 16 fala de confissão , algo necessário para o recebimento de perdão, como também ensina a passagem de 1 João 1:9, e está claro aqui que é uma confissão não somente a Deus, mas “uns aos outros” , ou seja, uma confissão que envolve toda a assembleia. Daí podermos ter a certeza de que o contexto esteja falando de doença como consequência de um pecado que tem um impacto sobre o testemunho público da igreja.
A unção feita pelos presbíteros ou anciãos (plural) “com azeite em nome do Senhor” denota que a autoridade que Cristo deu à assembleia está sendo invocada aqui. Não se trata de uma oração individual em nome do Senhor, mas de uma ação coletiva como foi ensinado pelo Senhor, para quando a assembleia deveria “ligar” e “desligar” , isto é, tomar decisões, em seu Nome.
(Mt 18:18-20) “Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles“.
Por isso não se trata de uma mera oração feita a pedido de um enfermo qualquer, mas os anciãos que oram devem também discernir se devem ou não orar. Como já vimos com o exemplo de Elias, a situação toda pode envolver uma enfermidade que poderia ser uma disciplina vinda do Senhor, equivalente aos anos de seca impostos sobre o povo, os quais só cessaram pela intervenção do profeta em oração.
(Hb 12:6) “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho“.
(Sl 32:3-6) “Quando eu guardei silêncio, envelheceram os meus ossos pelo meu bramido em todo o dia. Porque de dia e de noite a tua mão pesava sobre mim ; o meu humor se tornou em sequidão de estio. Confessei-te o meu pecado, e a minha maldade não encobri. Dizia eu: Confessarei ao Senhor as minhas transgressões; e tu perdoaste a maldade do meu pecado. Por isso, todo aquele que é santo orará a ti , a tempo de te poder achar;”.
O processo aqui poderia ser ilustrado por um caso de pecado na assembleia. Imagine alguém que tenha pecado e sentido sobre si o peso da mão do Senhor por ter comprometido o testemunho público daqueles congregados ao seu Nome. Esse “açoite” ou “peso da mão de Deus” poderia tanto ser uma aflição de consciência, uma dificuldade na vida ou uma doença física. Sabemos que o Pai disciplina aquele que ama. Arrependido de seu pecado esse irmão confessaria sua falta aos outros e os presbíteros ou anciãos da assembleia iriam orar por ele. Ao se submeter a isso o enfermo demonstraria arrependimento e contrição. Os anciãos orariam sobre o enfermo ungindo-o com azeite (símbolo do Espírito Santo) e ele poderia receber um duplo benefício: a cura e o perdão de pecados, neste caso, como já disse, não o perdão judicial (já que este foi garantido na cruz e somente Deus dá), mas o perdão administrativo aqui neste mundo.
Seria isto válido para os dias de hoje? Vamos ver o que F. B. Hole responde:
“Cremos que sim. Por que então é algo tão pouco praticado? Por ao menos duas razões. A primeira é que não se trata de tarefa fácil encontrar os anciãos DA IGREJA , apesar de ser fácil encontrar os anciãos de certos agrupamentos religiosos. A igreja de Deus está em ruínas quanto à sua manifestação exterior de unidade, e pagamos o preço por isso. Segundo, supondo que os anciãos da igreja fossem encontrados, e que atendessem ao chamado, dificilmente eles teriam o discernimento e a fé exigidos para oferecerem a oração de fé que é mencionada aqui. A fé, observe bem, é da parte dos que oram, isto é, dos anciãos. Nada é dito da fé do enfermo, apesar de podermos inferir que ele tivesse alguma fé, ao menos para se colocar aos cuidados dos anciãos conforme esta passagem de Tiago 5:16”.
Jesus vai descer do modo como subiu?
Sua dúvida é sobre a volta de Jesus e é sempre bom verificar o caráter em que a Palavra de Deus fala em cada ocasião para não ficar confuso quanto a que vinda ela está se referindo. Na passagem que citou (Atos 1:9-11) os anjos falam aos discípulos de Jesus no caráter de um remanescente judeu na terra. Veja que em muitas ocasiões Deus usou anjos para levar mensagens a Israel.
Neste momento da ascensão de Jesus os discípulos ainda não têm o Espírito Santo e não são igreja, já que esta só seria criada mais tarde. Eles estão no mesmo caráter em que nós os encontramos nos evangelhos, isto é, são judeus, estão na terra de Israel, têm um Templo, se reúnem nas sinagogas e cumprem suas obrigações do judaísmo.
(Atos 1:9-12) “E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu, enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir. Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado das Oliveiras , o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um sábado”.
Portanto, o remanescente judeu que se converter após o arrebatamento da Igreja (representado aqui pelos discípulos ainda como judeus) verá Jesus descer do céu à terra, assim como subiu da terra ao céu. Repare que Jesus estava no Monte das Oliveiras quando subiu e a profecia de Zacarias diz que é no mesmo monte que ele colocará seus pés quando voltar.
(Zc 14:4) “E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras , que está defronte de Jerusalém para o oriente;”.
Porém, em sua vinda para arrebatar a Igreja Jesus não chega à terra: é a Igreja que sobe a ele entre nuvens para um encontro com o Senhor que se dará nos ares.
(1Ts 4:17) “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares , e assim estaremos sempre com o Senhor”.
Sua outra dúvida a respeito da passagem em Atos 9:5. Ali não significa que Jesus estivesse na terra sendo perseguido depois de ter ascendido ao céu, mas que ao perseguir a Igreja Saulo estava perseguindo o próprio Senhor, já que a Igreja é o seu corpo. A passagem revela o vínculo e a intimidade que Jesus tem com a Igreja.
(Atos 9:4-5) “E, caindo em terra, ouviu uma voz que lhe dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? E ele disse: Quem és, Senhor? E disse o Senhor: Eu sou Jesus, a quem tu persegues“.
A outra passagem que incluiu em suas dúvidas não fala do Senhor Jesus especificamente, mas do Espírito Santo, às vezes chamado alternadamente de Espírito de Deus e Espírito de Cristo, como em Romanos 8:9: “Vós, porém, não estais na carne, mas no Espírito , se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo , esse tal não é dele”. Em Filipenses 1:9 ele é chamado de “Espírito de Jesus Cristo” e na passagem que mencionou é chamado de “Espírito de Jesus” (Atos 16:7), apesar de algumas traduções omitirem o nome “Jesus” e colocarem apenas “Espírito”.
Resumindo, Jesus subiu ao céu diante da vista de seus discípulos que representavam naquele momento o remanescente judeu fiel que o recebeu nos evangelhos e que o receberá no final da grande tribulação, tendo como ponto de partida e chegada o Monte das Oliveiras. Entre sua subida e sua volta para o mesmo monte ocorrerá o arrebatamento da Igreja, no qual os salvos de todas as eras irão ressuscitar, e os vivos serão transformados, para subirem ao encontro do Senhor nos ares.
Devo subir ao monte para orar?
Existem muitos enganos ensinados nas denominações cristãs e “orar no monte” é um deles. Os argumentos costumam ser que foi no monte que Moisés teve um encontro com Deus e que Jesus costumava subir ao monte para orar. Outros argumentos são que se subirmos ao monte de madrugada para orar, além de estarmos imitando Jesus, ficaremos livres das distrações e ruídos da civilização. É claro que sempre que alguém cria uma ordenança qualquer irá encontrar na Bíblia versículos para comprovar sua doutrina, como é o caso do “orar no monte”:
(Sl 24:3-5) “Quem subirá ao monte do Senhor, ou quem estará no seu lugar santo? Aquele que é limpo de mãos e puro de coração, que não entrega a sua alma à vaidade, nem jura enganosamente. Este receberá a bênção do Senhor e a justiça do Deus da sua salvação”.
(Ex 24:13) “E levantou-se Moisés com Josué seu servidor; e subiu Moisés ao monte de Deus”.
(Ex 34:29) “E aconteceu que, descendo Moisés do monte Sinai trazia as duas tábuas do testemunho em suas mãos, sim, quando desceu do monte, Moisés não sabia que a pele do seu rosto resplandecia, depois que falara com ele”.
(Mc 1:35) “E, levantando-se de manhã, muito cedo, fazendo ainda escuro, saiu, e foi para um lugar deserto, e ali orava”.
(Mt 14:23) “E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só”.
Para quem lê a Bíblia como se fosse um manual de instruções certamente achará que alguns versículos são suficientes para confirmar que devemos agir da mesma maneira. Mas na Bíblia também existem versículos que mandam apedrejar pessoas, expulsar os leprosos da cidade, sacrificar animais e não comer peixe sem escamas. Certamente não basta existir um versículo na Bíblia, pois é preciso saber quando aquilo foi dito, para quem, em que circunstâncias, com qual objetivo, etc.
O primeiro erro está em não se compreender o que é Israel e o que é Igreja, dois povos distintos com promessas distintas e um futuro peculiar a cada um. Sem este entendimento iremos buscar no Antigo Testamento aquilo que nos agrada e transformar em doutrina, quando a única doutrina dada à igreja foi a “doutrina dos apóstolos” (Atos 2:42).
O Antigo Testamento, que inclui os evangelhos no que diz respeito às ordenanças e sacrifícios, eram figuras ou sombras de coisas ainda futuras, com as quais hoje podemos nos ocupar. Quem espera a chegada de uma visita se alegra quando vê a sombra da pessoa que está chegando, mas não vai servir café para a sombra; vai se ocupar com a pessoa real. (Rm 15:4; Colossenses 2:17; 1 Co 10:11; Hebreus 9:23).
Então vamos à doutrina dos apóstolos: Onde na doutrina dos apóstolos (ou em Atos que é um livro de transição) é dito que os cristãos devem subir a um monte para orar? Ou que a oração de madrugada tem maior eficácia? Em lugar nenhum. Encontramos os cristãos orando nos mais diferentes lugares (a maioria deles nas cidades), desde um calabouço até um cenáculo (andar superior), passando por casas térreas, beiras de rios e terraços.
À beira rio:
(Atos 16:13) “E no dia de sábado saímos fora das portas, para a beira do rio, onde se costumava fazer oração ; e, assentando-nos, falamos às mulheres que ali se ajuntaram”.
Calabouço:
(Atos 16:25) “E, perto da meia-noite, Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, e os outros presos os escutavam”.
Casa:
(Atos 12:12) “E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria , mãe de João, que tinha por sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam“.
No cenáculo (andar de cima):
(Atos 1:13-14) “E, entrando, subiram ao cenáculo , onde habitavam Pedro e Tiago, João e André, Filipe e Tomé, Bartolomeu e Mateus, Tiago, filho de Alfeu, Simão, o Zelote, e Judas, irmão de Tiago. Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas“.
Terraço:
(Atos 10:9) “E no dia seguinte, indo eles seu caminho, e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, quase à hora sexta”.
Todo lugar:
(1Tm 2:8) “Quero, pois, que os homens orem em todo o lugar , levantando mãos santas, sem ira nem contenda”.
De dia e de noite:
(1Ts 3:10) “Orando abundantemente dia e noite , para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta à vossa fé?”.
Mas por que inventaram tal coisa como esse costume de “orar no monte” e de preferência “de madrugada”? Porque o homem religioso gosta de coisas difíceis, de fazer sacrifícios e penitências, porque isso lhe dá a impressão de ter se esforçado para cumprir uma ordenança e ter algum mérito. Você se lembra do que disse o servo de Naamã, o qual achou absurda a ideia de que um simples banho no rio Jordão iria curá-lo da lepra?
(2 Rs 5:13) “Meu pai, se o profeta te dissesse alguma grande coisa , porventura não a farias?”.
Os homens religiosos estão sempre em busca de grandes coisas, coisas difíceis, fardos pesados, porque isso dá a sensação de algum tipo de participação no que Deus faz. Então esses líderes religiosos de hoje insistem em colocar esses desafios aos que se submetem a eles, fazendo com que subam a uma montanha de madrugada com a promessa de que Deus lhes dará o que pedirem.
(Mt 23:4-5) “Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; eles, porém, nem com o dedo querem movê-los; E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens”.
A ideia de que seja preciso sair da cidade para orar é justamente o contrário do que faziam os primeiros cristãos: eles oravam onde quer que estivessem, principalmente nas cidades.
Você já deve ter ouvido pessoas se gabando de terem “ido ao monte orar”, não é mesmo? A carne religiosa é assim mesmo. Porém o que seria dos portadores de deficiência, dos cadeirantes, dos idosos, daqueles com crianças pequenas e dos presidiários se Deus esperasse que subissem a algum monte no sereno da noite para orar?
Qualquer membro dessas religiões que “sobem ao monte” certamente terá um caso para contar de problemas que aconteceram nessas noites de oração no monte. Eu já ouvi de um rapaz morto por um raio, pessoas assaltadas, mulheres violentadas e até atacadas por animais. Isso sem falar dos casais de namorados que se afastaram do grupo e foram pegos fazendo algo que não tinha nada a ver com oração.
Jesus é uma das manifestações de Deus?
Não, Jesus não é apenas uma manifestação de Deus, como ensina a heresia conhecida por “unicismo”, que também ensina outros erros, como a salvação pelo batismo. Jesus é uma das três Pessoas da Trindade, o Filho Eterno de Deus, que sempre existiu como Filho na companhia, se podemos dizer assim, do Pai e do Espírito Santo. São três Pessoas, co-iguais e co-eternas em um único Deus. Poderíamos resumir uma refutação a essa falsa ideia de que Jesus seria apenas uma das manifestações de Deus da seguinte maneira:
-
Existe um só Deus (Dt 4:35, 39; 6:4; 32:39; Isaías 43:10–11; Tiago 2:19)
-
As três Pessoas subsistem na mesma Essência:
— Deus Pai (Mt 6:9, 10:32, 23:9)
— Deus Filho (Jo 1:1, 20:28-29; Hebreus 1:1-9)
— Deus Espírito Santo (Atos 5:3-4)
- O Filho não é uma manifestação temporária do Pai
— O Filho é eterno (Jo 1:1, 8:58; Colossenses 1:17; 1 Jo 1:1)
— Todas as coisas foram criadas por meio do Filho (Jo 1:3; 1 Co 8:6; Colossenses 1:16; Hebreus 1:1-3)
— A salvação vem somente em função da graça de Deus pela fé em Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e não do batismo (Atos 4:12; Romanos 10:9-10; Ef 2:8-10; 2 Timóteo 2:5)
Uma cena na qual é inegável a presença simultânea da Trindade é o batismo de Jesus:
(Mc 1:10-11) “E, logo que [Jesus] saiu da água, viu os céus abertos, e o Espírito que como pomba descia sobre ele. E ouviu-se uma voz dos céus [do Pai] , que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo”.
O Salmos 102 traz um diálogo entre as três Pessoas da Trindade e para entender isso é preciso perceber a mudança que ocorre nas Pessoas que falam. O comentário de W. Macdonald em “Believer’s Bible Commentary” detalha isto assim:
Nos versículos 1 a 11 vemos o Senhor Jesus pendurado na cruz falando com Deus.
“Oração do aflito, vendo-se desfalecido , e derramando a sua queixa perante a face do Senhor: Senhor, ouve a minha oração, e chegue a ti o meu clamor. Não escondas de mim o teu rosto no dia da minha angústia, inclina para mim os teus ouvidos; no dia em que eu clamar, ouve-me depressa. Porque os meus dias se consomem como a fumaça, e os meus ossos ardem como lenha. O meu coração está ferido e seco como a erva, por isso me esqueço de comer o meu pão. Por causa da voz do meu gemido os meus ossos se apegam à minha pele. Sou semelhante ao pelicano no deserto; sou como um mocho nas solidões. Vigio, sou como o pardal solitário no telhado. Os meus inimigos me afrontam todo o dia; os que se enfurecem contra mim têm jurado contra mim. Pois tenho comido cinza como pão, e misturado com lágrimas a minha bebida, Por causa da tua ira e da tua indignação, pois tu me levantaste e me arremessaste. Os meus dias são como a sombra que declina, e como a erva me vou secando.”
Nos versículos 12 ao 15 vemos o Pai responder ao seu Filho amado, e sabemos que é assim ao compararmos o versículo 12 com Hebreus 1:8 que diz: “Mas, do Filho, diz: O Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos; Cetro de equidade é o cetro do teu reino”.
“Mas tu, Senhor, permanecerás para sempre, a tua memória de geração em geração. Tu te levantarás e terás piedade de Sião; pois o tempo de te compadeceres dela, o tempo determinado, já chegou. Porque os teus servos têm prazer nas suas pedras, e se compadecem do seu pó. Então os gentios temerão o nome do Senhor, e todos os reis da terra a tua glória”.
Nos versículos 16 a 22 aquele que fala não se identifica, mas estamos seguros em afirmar que seja o Espírito Santo descrevendo a futura restauração de Israel sob o reinado do Messias.
“Quando o Senhor edificar a Sião, aparecerá na sua glória. Ele atenderá à oração do desamparado, e não desprezará a sua oração. Isto se escreverá para a geração futura; e o povo que se criar louvará ao Senhor. Pois olhou desde o alto do seu santuário, desde os céus o Senhor contemplou a terra, para ouvir o gemido dos presos, para soltar os sentenciados à morte; para anunciarem o nome do Senhor em Sião, e o seu louvor em Jerusalém, quando os povos se ajuntarem, e os reinos, para servirem ao Senhor”.
Nos versículos 23 a 24a o Salvador é visto mais uma vez sofrendo nas mãos de Deus por nossos pecados.
“Abateu a minha força no caminho; abreviou os meus dias. Dizia eu: meu Deus, não me leves no meio dos meus dias”.
Mais uma vez, ao compararmos os versículos 24b ao 28 com Hebreus 1:10-12 sabemos que é o Pai que está falando com seu Filho.
“Os teus anos são por todas as gerações. Desde a antiguidade fundaste a terra, e os céus são obra das tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; todos eles se envelhecerão como um vestido; como roupa os mudarás, e ficarão mudados. Porém tu és o mesmo, e os teus anos nunca terão fim. Os filhos dos teus servos continuarão, e a sua semente ficará firmada perante ti”.
(Hb 1:10-12) “E: Tu, Senhor, no princípio fundaste a terra, e os céus são obra de tuas mãos. Eles perecerão, mas tu permanecerás; e todos eles, como roupa, envelhecerão, e como um manto os enrolarás, e serão mudados. Mas tu és o mesmo, e os teus anos não acabarão”.
Nem todos são chamados para serem santos?
Sua dúvida é se Deus teria outros, que estariam em Cristo, mas que não teriam sido chamados para serem santos, em razão do que leu em 1 Coríntios 1:1-2, onde diz, “Paulo, chamado pela vontade de Deus para ser apóstolo de Jesus Cristo, e o irmão Sóstenes, à igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos, com todos os que em todo lugar invocam o nome de nosso Senhor Jesus Cristo, Senhor deles e nosso”. No seu entender, se existem os “chamados para ser santos” , poderiam existir cristãos que não foram “chamados para ser santos”.
O problema aí é de tradução. A versão que você utiliza diz “chamados para serem santos” , mas a expressão “para serem” não faz parte do original. Compare com estas outras versões:
“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados para ser santos“ - Almeida Revista Atualizada
“À igreja de Deus que está em Corinto, aos santificados em Cristo Jesus, chamados santos“ - Almeida Corrigida Fiel
Portanto uma tradução mais correta seria simplesmente “chamados santos” , isto é, pessoas que já desfrutam desse título porque Deus as santificou. Aproveito para lembrar que existe uma santificação que é absoluta e feita uma vez no momento em que cremos em Cristo. A palavra “SANTO” significa separado, portanto Deus nos separou para si quando cremos em Cristo, passamos a ser propriedade sua.
Porém existe também a santificação prática, que é a manifestação dessa santificação que já temos em Cristo. Por isso há passagens que exortam “sede santos…”. Portanto, a santidade posicional e absoluta, o crente recebe quando crê, e sem ela ninguém verá a Deus. Isso Paulo explica em Coríntios. A santidade prática é a expressão dessa santidade que já recebemos. Em seu livro “Vida Através da Morte” , Charles Stanley comenta a expressão comparando-a ao que é visto também no primeiro capítulo de Romanos:
“A simples introdução, pelos tradutores, de duas palavras em algumas versões, ‘chamados para serdes santos’, muda completamente o significado desta importante passagem, e tem sido a causa de sérios enganos no que se refere à santidade. O significado aqui é o mesmo da palavra que é usada no primeiro versículo: ‘chamado (para ser) apóstolo’; ou, ‘um apóstolo por chamado’. Assim como a palavra ‘santo’ significa ‘santificado’, também a expressão significa ‘santificado por chamado’. Não ‘chamados’ para procurar alcançar santidade – o que é um engano comum – mas, da mesma forma como Paulo foi constituído um apóstolo pelo Senhor que o chamou, assim também todos os crentes em Roma foram feitos santos por chamado. Foi essa a base sobre a qual eles foram exortados a caminhar: em conformidade com aquilo que já eram”.
“Todo crente é santo por chamado, santificado por chamado. É nascido de Deus, participante da natureza divina, a qual é santa. O cristão é santo pelo novo nascimento. Ele está morto com Cristo, ressuscitado em Cristo. Sim, Cristo, que passou através da morte, e que é a ressurreição e a vida, é a vida do cristão. ‘Quem tem o Filho tem a vida’ (1 Jo 5:12) E se tem a vida do Santo de Deus, esta vida, da qual o crente é agora participante, é uma vida tão santa quanto eterna. Todos os crentes têm a vida eterna e, por conseguinte, todos têm uma vida santa. Tentar alcançar, por quaisquer meios, uma ou outra coisa por merecimento é não compreender em sua totalidade a nossa vocação e nossos elevados privilégios”.
“Toda a Escritura proclama esta verdade. A exortação quanto a ser santo está baseada neste princípio: ‘ Como filhos obedientes… como é Santo aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: sede santos, porque eu sou Santo’ (1 Pe 1.14-16). Sim, é por terem sido introduzidos em uma viva esperança, mantidos pelo poder de Deus por serem nascidos de Deus, que os crentes, como filhos, têm purificado suas almas em obediência à verdade. Em suma, já que eles eram santos por chamado e por natureza, e possuíam o Espírito Santo, deviam procurar ser santos em suas vidas e em seu proceder”.
“João revela a santidade da nova natureza como nascida de Deus. ‘Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado’ (1 Jo 3:9). Em cada epístola será encontrado, em primeiro lugar, a vocação santa, vindo depois o andar santo como resultado (compare 1 Tessalonicenses 1:1 com 5:23). É importante notar o lugar que a palavra ocupa, aplicada pelo Espírito Santo, tanto no novo nascimento como na santidade prática. ‘Segundo a sua vontade, ele nos gerou pela palavra da verdade’ (Tg 1:18). ‘Santifica-os na verdade: a tua palavra é a verdade’ (Jo 17:17). Quão triste é vermos tudo isso colocado de lado em nossos dias, e os homens, aos milhares, tentando se tornar santos por meio de sacramentos e cerimônias. E não somente eles, mas muitos dos que escrevem e ensinam sobre santidade ignoram totalmente aquilo que todo cristão é feito por vocação e novo nascimento, e por ser feito habitação do Espírito Santo. Não há dúvida de que seja isso a causa de grande fraqueza, engano e de um andar que deixa muito a desejar”. (“Vida Através da Morte”, Charles Stanley).
O que você acha desse pregador?
Não conhecia o pregador filipino que você mencionou e precisei pesquisar para saber quem era. Embora a Palavra de Deus deixe claro que não cabe a nós julgar pessoas, ela também ensina que devemos julgar o que as pessoas falam e suas doutrinas. E é o que pretendo fazer aqui. Homem nenhum deve ser, aos nossos olhos, infalível em seu modo de viver e pregar.
O cristão não segue a homens, mas a Cristo. Minhas observações aqui sobre a doutrina que ele professa ajudarão você a identificar o erro, não apenas em seu ensino, mas também no ensino de muitos outros pregadores que professam algo semelhante. Os versículos a seguir mostram nossa responsabilidade em julgar tudo o que vemos, lemos e ouvimos:
“Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo”. 1 Coríntios 10:15
“Examinai tudo. Retende o bem”. 1 Tessalonicenses 5:21
“E falem dois ou três profetas, e os outros julguem“. 1 Coríntios 14:29
(Mt 7:15-23) “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas , que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?… Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.
(2 Co 11:13) “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo”.
Se esse homem exerce tal influência sobre você (como parece exercer, pelo modo como você o exalta), então é preciso cuidado. Paulo deixou muito claro em sua primeira epístola aos Coríntios do perigo que é seguir homens, mesmo aqueles que podem nos ensinar verdades preciosas (não é o caso desse pregador, pelo que já vi). Devemos julgar tudo o que as pessoas falam e rejeitar aquilo que não estiver de acordo com a Palavra de Deus.
Aparentemente você foi seduzido pelo fato de ele não pedir dinheiro aos seguidores, ao contrário do que fazem muitos pregadores atuais. Mas isso não o isenta da responsabilidade pelas heresias que ensina e que vou explicar em resumo.
O site em português não diz em quê eles creem, por isso fui ao site em inglês e logo de cara constatei tratar-se de uma seita fundamentada em mentiras. Posso dizer com todas as letras e sem medo de errar: não é de Deus. (Observação: A fim de não fazer propaganda do pregador e da igreja que fundou, porque alguns adoram ser criticados porque isso também atrai curiosos para sua denominação que podem virar adeptos, esta versão pública da resposta omite tal informação.).
Na declaração de fé de sua “igreja” fica claro que ele não crê na Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, mas em um Deus Pai, negando a divindade de Cristo e sua igualdade com o Pai ao dizer “a true and Mighty God” que significa dizer que Jesus é“um” Deus verdadeiro e poderoso, e não“o” Deus. Ele também não inclui o Espírito Santo na deidade, mostrando que não crê na Pessoa do Espírito Santo. Talvez ele creia numa influência ou poder, como fazem os Testemunhas de Jeová.
Em seguida ele diz crer que Deus Pai enviou o seu filho Jesus Cristo… como Salvador do mundo? Não! Ele diz que Cristo foi enviado (agora vou traduzir ao pé da letra) para “o estabelecimento da IGREJA [nome da denominação], a congregação dos Apóstolos, Profetas, Mestres e outros; primeiro fundada na cidade de Jerusalém, e mais tarde disseminada e pregada pelos Apóstolos em diferentes lugares da Ásia Menor”.
É inacreditável que alguém possa seguir um homem que prega tamanha bobagem. Ele está dizendo que a denominação que criou foi fundada em Jerusalém há dois mil anos e pregada pelos apóstolos! Isso obviamente exclui todos os cristãos que não sejam seguidores dele. Essa declaração é parecida com o que prega o catolicismo.
Em seguida ele diz que as nações dos gentios (os não judeus) são participantes da promessa de vida eterna pela fé em Cristo Jesus e no evangelho… (agora vem a melhor parte, que ele faz questão de colocar em letras garrafais) “e não estão autorizadas por Deus a estabelecerem sua própria igreja“. Considerando o que ele afirmou no parágrafo anterior sobre a denominação que fundou, e que essa é a igreja verdadeira, o que ele está dizendo agora é que ninguém pode estabelecer outra igreja além daquela que ele estabeleceu e que (em seus devaneios iguais aos de qualquer guru) seria a verdadeira igreja.
Ele acrescenta que a obrigação mais importante dos membros da denominação que fundou é propagar o evangelho… “pois somente a igreja pode ensinar a sabedoria de Deus para a salvação da humanidade”. Obviamente por “igreja” devemos entender que ele está falando de sua própria denominação. Nada diferente do que ensinam muitas seitas heréticas. A propósito, em nenhum lugar nas Escrituras vemos que a igreja ensina. A igreja nunca ensina, a igreja só aprende.
Quer um conselho? Fuja disso se você ainda não foi hipnotizado por esse falso profeta. Se já foi, então certamente irá dizer que tudo o que escrevi aqui é “jogo de intriga”, “dor de cotovelo”, etc.
Por que Simão não recebeu o Espírito?
Simão, o mago, de Atos 8 é o caso de uma pessoa que entrou na “grande casa” mas não entrou na igreja, o corpo de Cristo. Ele creu exteriormente, mas não foi salvo. Não tinha o Espírito, e quem não tem o Espírito de Cristo não é dele (Rm 8:9). A conversão de Simão, o mago, não foi real. Era apenas um professo, como são muitos que hoje aceitam o cristianismo, sem nunca terem se convertido.
(Atos 8:9-11) “E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria , dizendo que era uma grande personagem; ao qual todos atendiam, desde o menor até ao maior, dizendo: este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas”.
Simão foi batizado, entrando assim na esfera do reino de Deus, como muitos são batizados hoje a Cristo, sem terem crido de verdade. São cristãos? Sim. São salvos? Não, a menos que venham a nascer de novo. Se aplicarmos a parábola do joio e do trigo, Simão era joio no meio do trigo.
(Atos 8:12-19) “Mas, como cressem em Filipe, que lhes pregava acerca do reino de Deus, e do nome de Jesus Cristo, se batizavam, tanto homens como mulheres. E creu até o próprio Simão; e, sendo batizado , ficou de contínuo com Filipe; e, vendo os sinais e as grandes maravilhas que se faziam, estava atônito. Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (Porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, Dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo“.
Existem três casos em Atos de pessoas batizadas, porém que revelam intenções espúrias quando colocadas à prova. O primeiro foi o de Ananias e Safira (Atos 5), que acabaram mortos por terem mentido ao Espírito. Eu particularmente acredito que eles eram realmente salvos, daí terem recebido uma disciplina tão severa de Deus. É o que a Bíblia chama de “pecado para a morte”, algo que um crente faz que o torna inidôneo para continuar no mundo como testemunha de Cristo.
O segundo caso foi o dos gentios que murmuravam contra os hebreus convertidos porque as viúvas dos que eram gentios estavam sendo negligenciadas no recebimento de recursos (Atos 6). Embora a murmuração deles possa parecer legítima, nunca vemos ser esta uma atitude que é segundo a piedade que encontramos em Cristo. O terceiro caso foi o de Simão, o mago. O que há de comum nos três casos? Dinheiro.
Simão quis pagar pelo poder de conceder o Espírito a quem ele bem entendesse, obviamente cobrando por isso como costumava fazer com sua prática de mago. Enquanto o pecado de Ananias e Safira envolviam o orgulho, por desejarem parecer mais generosos do que eram, o de Simão foi a primeira tentativa de transformar o cristianismo em um negócio lucrativo.
Em poucos séculos esse negócio estaria arraigado no cristianismo por meio do catolicismo, depois pelo protestantismo e mais recentemente pelas religiões neopentecostais. O elemento comum em todos os casos é o desejo do homem em transformar em algo pago, seja por dinheiro, boas obras ou penitências, aquilo que Deus concede de graça. Para os mercadores da fé da atualidade continua valendo a forte repreensão feita a Simão:
(Atos 8:20-21) “O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus”.
Perceba que Simão nem chegou a agir para ser considerado iníquo aos olhos de Deus. Aqui foram as suas intenções que foram detectadas por Pedro.
(Atos 8:22) “Arrepende-te, pois, dessa tua iniquidade, e ora a Deus, para que porventura te seja perdoado o pensamento do teu coração ;”.
Mesmo assim as palavras de Pedro mostram que ainda havia chance de Simão se arrepender e crer de verdade no evangelho, o que aparentemente ele não faz, preferindo manter-se fora de qualquer confissão de pecado e arrependimento diante de Deus. Por isso ele não roga a Deus por perdão, mas pede a Pedro que faça isso. Simão é um típico caso de alguém que tenta “terceirizar” sua salvação esperando que algum homem (como Pedro) interceda por ele para ser salvo.
(Atos 8:24) “Respondendo, porém, Simão, disse: Orai vós por mim ao Senhor , para que nada do que dissestes venha sobre mim”.
Desde então muitos têm apelado a intercessores humanos, como Pedro, Maria, etc., ao invés de irem diretamente a Deus por intermédio de Cristo, o único Mediador entre Deus e os homens.
(1Tm 2:5) “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem“.
A recepção do Espírito, que começou em Pentecostes com judeus de muitas nações, foi depois administrada aos samaritanos (como era Simão) e gentios. Essa administração tinha a ver com as chaves que o Senhor entregou a Pedro.
Romanos 8:1 foi adulterado?
Sim, o versículo em Romanos 8:1 aparece adulterado em algumas versões da Bíblia. Nos melhores manuscritos a passagem não contém o que coloco aqui entre colchetes: “Portanto agora nenhuma condenação [há] para os [que estão] em Cristo Jesus ,[que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito]”. Aparentemente a segunda parte é uma glosa acrescentada por algum copista, a qual acabou inserida nos manuscritos derivados.
Se o capítulo 7 inteiro fala do “eu” , isto é, da tentativa de um homem que agora tem vida encontrando o conflito entre esta vida e a carne, o capítulo 8 deixa de falar do eu e é provavelmente o capítulo que mais vezes menciona o Espírito Santo. A tentativa de viver segundo a Lei no capítulo 7 encontrou outra lei, a dos membros da carne, que impossibilitava qualquer sucesso do homem natural em andar segundo a Lei de Deus.
O capítulo 7 termina com um brado desesperado: “Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?” (Vers. 24) e em seguida dá a resposta: “Dou graças a Deus por Jesus Cristo, nosso Senhor” (vers. 25), iniciando o capítulo 7 com a declaração cabal de libertação, tanto da condenação do juízo de Deus que cairá contra o pecador, como da condenação própria que este homem (provavelmente Paulo falando de sua experiência) trazia em sua consciência no capítulo 7 por não conseguir viver segundo a Lei.
O Espírito Santo é mostrado no capítulo 8 como o poder para o cristão viver agora sua nova vida em Cristo, mesmo estando por um tempo em um invólucro de carne e aguardando ser transformado (no arrebatamento da igreja) ou ressuscitado (na mesma ocasião). Um bom exemplo para entender este capítulo é pensar na Lei da Gravidade. Ela exerce sua força sobre qualquer corpo terrestre, mas é anulada quando este corpo possui asas. Se você jogar um rato para o alto ele cairá, mas se jogar um pássaro ele sairá voando. Ambos estão sujeitos à Lei da Gravidade, mas as asas do pássaro anulam essa lei. Existe nele uma lei mais forte que o faz voar.
O versículo 2 diz que essa “Lei do Espírito de vida” (corrija sua Bíblia se estiver com “espírito” em minúsculo porque aqui fala do Espírito Santo) “me livrou da lei do pecado e da morte”. Isto é a completa libertação. O versículo 11 diz que esse mesmo Espírito “vivificará os vossos corpos mortais” , dando ao crente a capacidade de viver em novidade de vida ainda em seu corpo arruinado pelo pecado.
O versículo 13 diz que “se pelo Espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis” , mostrando que não é a melhoria do corpo que é buscada, mas o considerá-lo morto para aquilo que usualmente gostaria de fazer. Mais uma vez corrija sua Bíblia caso a versão traga “espírito” com minúscula, pois aí está falando do Espírito Santo. A rigor, o texto todo foi escrito em maiúsculas, pois no grego antigo era assim que se escrevia, mas para esclarecer o entendimento é bom fazer esta anotação.
No versículo 14 aprendemos que agora não estamos perdidos indo de um lado para o outro, mas temos uma direção. E de onde vem tal direção? “Todos os que são guiados pelo Espírito de Deus esses são filhos de Deus”. O versículo 16 mostra que é o Espírito Santo quem “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” , para não existir dúvida quanto ao que éramos antes de crermos, ou seja, filhos da ira, guiados pela vontade da carne e dos pensamentos (Ef 2), e em que nos tornamos após crermos em Cristo: filhos de Deus.
Finalmente o versículo 26 nos mostra o Espírito nos guiando em oração. Libertação (vers. 2), capacidade(11), vitória sobre o pecado (13), direção (14), testemunho de filiação (16) e suporte na oração (26). Tudo isso só temos por causa do Espírito Santo que habita em nós e porque “agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Nada disso vem pelo esforço próprio, mas por graça e pela habitação do Espírito em nós.
Mas como chegamos a isso, se a Lei não pode fazer isso por nós e muito menos nossa capacidade própria? O versículo 3 mostra que era impossível à Lei nos ajudar de qualquer maneira, pois ela “estava enferma pela carne”. É como se você tivesse um carro cuja direção emperrada só permitisse virar à esquerda em uma rua onde todas as placas indicavam ser proibido virar à esquerda. Cristo assumiu um corpo de carne, porém apenas em “semelhança da carne do pecado” , e isto é importante entender.
Deus precisava condenar o pecado na carne, mas seria impossível fazer isso caso essa carne fosse de um pecador, porque aí ele seria condenado por si mesmo e sem salvação. Afinal, é o que irá acontecer no final com os perdidos: todos serão condenados. Então Deus enviou o Seu Filho “em semelhança da carne do pecado” , para poder, “pelo pecado” condenar “o pecado na carne”.
Observe que Cristo não veio “em carne do pecado” mas “em semelhança da carne do pecado”. Seria impossível o Filho de Deus, que é Deus, vir em “carne do pecado”, e daí a razão de ele ter nascido de uma virgem e não ser um descendente direto de Adão mas, em sua humanidade, ter sido gerado pelo Espírito Santo. Jesus não pecou, não conheceu pecado e não tinha pecado.
(1 Pe 2:22) “O qual não cometeu pecado”.
(1 Co 5:21) “Aquele que não conheceu pecado”.
(1 João 3:5) “Nele não há pecado”.
Assim, ao tomar sobre si os nossos pecados e morrer, Jesus “condenou o pecado na carne”. A carne morreu ali na cruz e aqueles que creem em Cristo viram sua velha natureza, a carne, morrer com ele ali. Deus não perdoa nossa carne ou velha natureza; Deus perdoa os nossos pecados quando cremos em Jesus. Quanto à carne ou velha natureza, Deus já a condenou. Não existe perdão para um descendente de Adão, a cabeça da velha Criação. O que é nascido de Deus é agora uma nova criação, da qual Cristo ressuscitado é o primeiro exemplar, ou “primícias da nova criação”.
(1 Co 15:20) “Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, e foi feito as primícias dos que dormem”.
Espero que agora você entenda por que é impossível que o velho homem se regenere ou melhore. Em Cristo Deus condenou a carne na cruz, eliminando de vez qualquer esperança de melhoria. Se você ainda está em Adão, a condenação paira sobre sua cabeça. Se você já está em Cristo, “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”. Manter a glosa condicional acrescentada ao versículo 1, que diz “que não andam segundo a carne, mas segundo o espírito” é colocar uma condição para um livramento que só recebemos por graça, e não pelo andar.
A maioria das religiões insiste na melhoria do homem e no esforço próprio para seguir a Lei de Moisés ou alguma outra lei de preceitos e mandamentos, mantendo seus fiéis empacados no capítulo 7, sem nunca permitir que experimentem a libertação do capítulo 8 de Romanos. Algumas aparentemente “vendem” uma libertação, mas baseada na soberba e hipocrisia de estarem cumprindo a Lei ou andando na novidade de vida do capítulo 8, porém pelo esforço próprio. Infelizmente é o caso da maioria dos cristãos hoje, que vivem atribulados em suas consciências por estarem tentando voar sem confiarem nas asas que Deus lhes deu. São como passarinhos saltando que ainda não perceberam que têm asas.
Satanás pode assumir a forma humana?
A primeira aparição de Satanás que encontramos na Bíblia é na forma material de uma serpente, portanto não vejo impedimento para ele se manifestar na forma que desejar. Os anjos são vistos com frequência na Bíblia assumindo a forma humana, e Satanás é um anjo, portanto esta é também uma possibilidade para ele.
Em Gênesis 6 vemos anjos assumindo a forma humana com o intuito de corromper a raça humana e impedir que o descendente da mulher viesse a esmagar a cabeça da serpente, conforme havia sido prometido no Jardim do Éden. Mas não me lembro de alguma passagem que fale de demônios assumindo a forma humana.
Os demônios, também chamados de espíritos imundos, aparecem entrando e possuindo corpos de pessoas, mas não aparecendo em um corpo próprio. Isso é o que chamamos de possessão demoníaca (de demônios), mas não me lembro de ter visto nas Escrituras alguma ocorrência de possessão diabólica (Satanás é o único chamado de diabo), mas apenas de influência, como ocorreu com Pedro quando foi repreendido por Jesus em Mt 16:23.
Mas eu não me preocuparia tanto com a possibilidade de Satanás, seus anjos e demônios aparecerem na forma humana a fim de enganar os seres humanos. O diabo não precisa disso para realizar seu intento, pois ele conta com uma ampla gama de possibilidades para agir como um “agente secreto”, e não existe uma maneira mais eficaz para isso do que infiltrar-se na religião. Se você vive preocupado com as manifestações que ocorrem em religiões declaradamente satânicas é porque é ingênuo o suficiente para achar que o diabo tenha rabo, chifres e ande por aí com um tridente na mão.
A Palavra de Deus não nos exorta a fugirmos do diabo num formato tão previsível assim. A Palavra de Deus nos alerta para suas aparições como alguém “do bem”.
(2 Co 11:14-15) “E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça ; o fim dos quais será conforme as suas obras”.
Quantas religiões por aí juram de pés juntos que receberam suas doutrinas de um anjo de luz ? E quantos ministros do evangelho se apresentam hoje em igrejas e programas de rádio e TV como ministros de justiça ? Contra o que você acha que o apóstolo Paulo estava alertando os cristãos em Corinto? Contra religiões que adoram Satanás fantasiado de um anjo das trevas e de ministros seus vestidos de vampiros e lobisomens? É claro que não. Ele está falando de um anjo, não de trevas, com chifres e asas de morcego; ele está falando de um belíssimo anjo de luz. E ele está falando de ministros, não ministrando palavras de ódio e aversão a Deus, mas ministrando justiça.
Lembre-se de que não existe uma maneira mais satânica de Satanás se manifestar do que com uma Bíblia na mão. É desse tipo de “aparição” que você deve se guardar, e isto você só conseguirá em dependência ao Espírito Santo de Deus e em obediência à Palavra. Todas as vezes que vemos o diabo tentando enganar alguém nas Escrituras é em oposição à Palavra de Deus ou tentando introduzir nela alguma forma de distorção.
Por que Deus aceitava a poligamia?
Deus nunca criou a poligamia. Isso foi invenção dos descendentes de Caim, começando por Lameque: (Gn 4:19) “E tomou Lameque para si duas mulheres; o nome de uma era Ada, e o nome da outra, Zilá”. O que vemos é Deus pacientemente suportando a poligamia entre os reis de Israel tendo em vista cumprir os seus desígnios, assim como antes de Jesus o repúdio do cônjuge foi suportado por Deus, porém por causa da dureza do coração dos homens e não como algo aceitável a Deus.
Você encontra a poligamia entre os reis de Israel numa época quando o povo andava em desobediência. Em nenhuma situação a poligamia foi motivo de bênção, mas sempre de problemas para eles, inclusive seus reis. Experimente ler o Antigo Testamento com a pergunta: Quem ali foi feliz pelo fato de ter mais de uma esposa?
Certamente a poligamia era e continua sendo um pecado, porém Deus na sua soberania podia ao mesmo tempo disciplinar essas pessoas que a praticavam e tirar bênção disso. Se verificar a genealogia de Jesus verá que ali há uma prostituta (Raab), uma mulher que praticou incesto (Tamar) e um rei adúltero e homicida (Davi). Percebe como a graça de Deus brilhou com maior fulgor mesmo onde abundava o pecado?
Quando lemos o Antigo Testamento devemos entender que apesar das falhas humanas Deus tem algo a nos mostrar que está muito além disso.
Mas a ordem de Deus para o matrimônio está claramente definida nas palavras de Jesus.
(Mt 19:4-6) “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, [1] no princípio, o Criador os fez [2] macho e fêmea e [3] disse: Portanto, [4] deixará o homem pai e mãe e [5] se unirá à sua mulher, e [6] serão dois numa só carne? Assim [7] não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, [8] o que Deus ajuntou não separe o homem”.
Estamos tão acostumados a ler esta passagem pensando no contexto do divórcio, que nos esquecemos de que ele está reafirmando a ordem de um matrimônio segundo o projeto original (“no princípio”) de Deus. Se fôssemos chamar estes versículos de um “passo-a-passo” do casamento, teríamos:
1. Este é o projeto original de Deus. “No princípio”.
2. Um casamento é feito de um homem e uma mulher. “O Criador os fez macho e fêmea”.
3. O mesmo Criador estabeleceu como devia ser essa união. “E [Deus] disse…”.
4. O homem deixa o pai e a mãe, ou seja, se desliga daquele casal ou célula familiar. “Portanto, deixará o homem pai e mãe”.
5. O homem se une à sua mulher, criando uma nova célula familiar como aquela de onde veio, isto é um homem + uma mulher = um filho. “E se unirá à sua mulher”.
6. A união chega ao extremo quando atinge o físico e dois corpos se transformam em um. “E serão dois numa só carne”.
7. Do ponto de vista físico já não são dois corpos, mas só um, o que elimina a possibilidade de ser polígamo.
8. Essa aliança, que ajunta esse casal, não é algo que o homem criou, mas Deus. “O que Deus ajuntou não separe o homem”.
Ao invés de tentarmos entender as razões de Deus ter permitido a poligamia em alguns momentos da história antiga, ficará mais fácil (e seremos mais felizes) se tão somente procurarmos saber o que agrada a Deus hoje para os cristãos, e isto nós encontramos na doutrina dos apóstolos dada à igreja (as epístolas). A Palavra mostra claramente que a Deus agrada que o homem seja marido de uma mulher (não de muitas), e isto foi dito àqueles que deviam cuidar das coisas de Deus na igreja.
(1Tm 3:2) “Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher [singular], vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar;”.
(1Tm 3:12) “Os diáconos sejam maridos de uma só mulher [singular], e governem bem a seus filhos e suas próprias casas”.
(Tt 1:6) “Aquele que for irrepreensível, marido de uma mulher [singular], que tenha filhos fiéis, que não possam ser acusados de dissolução nem são desobedientes”.
(Ef 5:23-24) “Porque o marido é a cabeça da mulher [singular], como também Cristo é a cabeça da igreja [singular], sendo ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos”.
(Ef 5:28) “Assim devem os maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem ama a sua mulher [singular], ama-se a si mesmo”.
(Ef 5:31-33) “Por isso deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher [singular]; e serão dois numa carne. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher [singular] como a si mesmo, e a mulher [singular] reverencie o marido”.
Quem serão os mortos de Zacarias 13?
“Ó espada, desperta-te contra o meu pastor, e contra o homem que é o meu companheiro, diz o Senhor dos Exércitos. Fere ao pastor, e espalhar-se-ão as ovelhas ; mas volverei a minha mão sobre os pequenos. E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar esta terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro. Ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: é meu povo; e ela dirá: o Senhor é o meu Deus”. (Zc 13:7-9).
A profecia no Antigo Testamento deve ser vista como uma cadeia de montanhas. Vemos os cumes, mas não os extensos vales existentes entre elas. Por exemplo, você nunca encontrará nas profecias do Antigo Testamento o período atual da igreja, pois os profetas jamais tiveram tal revelação. Todas as profecias ali têm a ver com Israel e com o mundo em sua relação com o povo terreno de Deus. Portanto, um “cume” nessa cordilheira profética é a passagem na qual o pastor é ferido, e isto aconteceu há dois mil anos.
O outro “pico” é a invasão de Israel pelas nações inimigas durante a grande tribulação, que é a segunda parte da passagem. Nesse ataque, dois terços da população de Israel morrerá, o que significa que o pior lugar para um judeu estar nessa época será justamente na terra de Israel. Alguns movimentos cristãos hoje ingenuamente aconselham os judeus a voltarem à sua terra (uma vez li Wim Malgo dizendo isto em um de seus livros), quando deveriam simplesmente pregar o evangelho da graça a eles para que passem a ser uma diferente categoria: nem judeus, nem gentios, mas igreja.
O povo judeu será provado por Deus e dele só restará um remanescente fiel, que será reconhecido por Deus como seu povo terreno e representante de Deus na terra. É desse remanescente que é dito em Mateus 24 que deve perseverar para ser salvo, uma salvação que não diz ser da alma, mas do corpo, já que no mesmo capítulo diz que se aqueles dias de tribulação não fossem abreviados nenhuma carne se salvaria. Os que saírem assim “salvos” da grande tribulação, isto é, no sentido de não terem sido mortos, entrarão no reino milenial de Cristo na terra. Enquanto isso a igreja já estará habitando no céu desde o dia do arrebatamento, que terá ocorrido cerca de 7 anos antes.
Portanto, o primeiro “pico” da profecia aconteceu há 2 mil anos e o segundo “pico” (a morte de 2:3 da população de Israel) está para acontecer. Entre uma coisa e outra existe o tempo da igreja que nunca foi conhecido dos profetas por ser um segredo que só seria revelado a Paulo.
Que Bíblia devo ler com meus filhos?
Sua dúvida é que versão da Bíblia em português utilizar para ler com seus filhos, considerando a linguagem arcaica da tradicional Versão João Ferreira de Almeida. Muitos pais sentem essa dificuldade, preocupados que seus filhos não venham a entender a leitura ou que precisem recorrer constantemente ao dicionário para entender algumas palavras. Você ainda demonstrou preocupação pelo fato de alguns utilizarem a versão arcaica em suas falas como forma de imprimir pompa e se orgulharem de usarem um vocabulário rebuscado.
Na verdade o português usado nas modernas versões da Bíblia de João Ferreira de Almeida é bem diferente da primeira edição, esta sim difícil de entender por trazer um português arcaico. Veja um exemplo do último capítulo de Lucas:
“Entonces lhes abrio o fentido, pera que entendeffem as efcrituras. E diffelhes: Affi eftá efcrito, e affi foi neceffario que o Chrifto padeceffe, e a o terceiro dia dos mortos refufcitaffe. E que em feu nome arrependimento e remifiaó de peccados em todas as naçoésfe prégaffe; começando defde Hierufalem. E deftas coufas fois vosoutros teftemunhas. E vedes aqui, a o prometido de meo pae fobre vosoutros mando: [ilegível] ficaevos na cidade de Hirufalem, até que do alto com potencia [ilegível] reveftidos” (Lc 24:45-49).
Como pode ver, muita coisa já mudou no idioma das versões atuais, embora as versões Almeida Revista e Corrigida e Almeida Fiel sejam as que mais permanecem fiéis à tradução original do século 15. Meus filhos foram criados lendo desde a infância a Almeida Revista e Corrigida, e ao invés de isso impedir sua compreensão da Palavra, foi justamente o que os ajudou a desenvolver um vocabulário que está além do que é usualmente encontrado nos jovens da mesma idade (hoje estão com mais de 30 anos).
Portanto, não se preocupe com a questão da dificuldade da linguagem porque isso é perfeitamente contornado, pois a essência do que eles precisam saber para serem salvos e conhecerem o Senhor é perfeitamente compreensível em qualquer versão. E se precisarem de um dicionário isso será ótimo, pois dicionários são feitos para aumentarmos nosso vocabulário.
É claro que quando ainda forem muito pequenos você poderá escolher para eles livros bíblicos para crianças com versículos simplificados, mas é bom ter cuidado pois muitos escritores para crianças não são convertidos e cometem erros grosseiros nesses livros. Mas a leitura de livros infantis e paráfrases não substitui a leitura da Palavra de Deus. Procure também ler com eles a Bíblia, se possível diariamente, ajudando-os na compreensão das palavras difíceis.
Em casa, tínhamos o costume de ler diariamente dois capítulos da Bíblia (um do Antigo e um do Novo Testamento), mas isso também podia variar para um capítulo ou parte dele, dependendo da época e da disponibilidade de todos. Enquanto a agenda diária da família permitiu fazer isso de manhã, foi o que fizemos, mas depois acabamos adotando a noite como o momento da leitura. Era algo sagrado: terminávamos de jantar e nos sentávamos todos na sala, primeiro cantando um hino e depois lendo dois ou três versículos cada um, inclusive as crianças quando se tornaram capazes de ler. Quando eu viajava a trabalho, minha esposa mantinha a leitura funcionando sem interrupção. Depois da leitura eles podiam retomar seus afazeres, como os estudos ou o entretenimento. Os frutos daquelas leituras “compulsórias” meus filhos colhem até hoje.
É triste ver quantos pais dão pouca prioridade para a leitura bíblica em família, sempre com o argumento de não terem tempo, ou que as crianças não gostam disso, não abandonam o videogame ou o computador, etc. Eu contesto tais argumentos. Se em minha família funcionou, deve funcionar em outras também. Se os membros de uma família têm tempo suficiente para assistirem juntos um jogo inteiro de futebol, um episódio da novela ou um filme com quase duas horas de duração, como dizer que não há tempo para ler a Bíblia em família?
E quem disse que crianças não gostam da leitura da Bíblia? Enquanto ainda não sabem ler os pais podem ler para elas e explicar o que leram como quem conta uma história. Crianças adoram quando adultos contam histórias para elas. E quando elas aprendem as primeiras letras, são as mais motivadas a mostrar que sabem ler e os pais devem incentivá-las a isso. Meu filho, ainda pequeno, costumava copiar e imprimir versículos que depois cortava e grampeava como um pequeno caderno, ao qual chamava de “Mini Bíblia”. Quando recebíamos visitas ele fazia questão de ler sua “Mini Bíblia” para as visitas.
A questão toda está na formação do hábito. Ajudamos nossos filhos a criarem hábitos, como o tipo de alimento que comem no café da manhã ou nas outras refeições, os horários para escola, diversão, lição, escovar dos dentes, dormir, etc. A leitura bíblica diária em família deve ser incluída como um hábito na agenda familiar.
Portanto, sugiro que continue usando a Bíblia na versão João Ferreira de Almeida Revista e Corrigida, ou a Almeida Fiel como a leitura de base em sua família. Alternativamente pode usar a Almeida Atualizada, que tem um vocabulário um pouco mais simplificado, mas se mantém quase igual às outras. Há versões mais modernas, como a Nova Versão Internacional (NVI) que costumo usar quando gravo meus vídeos do Evangelho em 3 Minutos, mas isto só por ela trocar “tu” por “você” ou “vós” por “vocês”. Como os vídeos e áudios ficariam muito carregados de pompa na linguagem mais arcaica, optei pela simplificação. Mas sempre confiro antes comparando a NVI com a Almeida Corrigida, pois a NVI distorce algumas passagens. Quando isso ocorre, crio uma versão híbrida para facilitar o entendimento sem perder o significado original.
Esta passagem fala de quem mata um crente?
Não, por mais sério que seja alguém matar qualquer pessoa, seja ela crente em Cristo ou não, este não é o assunto da passagem de 1 Coríntios 3:17, e isto fica claro pela expressão “que sois vós” no final, indicando um sentido coletivo, não individual: “Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”.
Para entender é preciso lembrar que a Palavra de Deus chama de “templo” não apenas o corpo físico do cristão individualmente, mas a Igreja como um todo, cuja expressão local é a assembleia onde dois ou três estão congregados ao nome do Senhor.
Às vezes esta passagem não é compreendida porque em 1 Coríntios 6:10 o assunto é o corpo do crente, individualmente, e do cuidado que devemos ter de não contaminarmos este corpo unindo-o a uma meretriz: “Ou não sabeis que o vosso corpo é o templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?”. Embora ele fale no plural, “vosso corpo” , o assunto é claramente individual por tratar-se de relação sexual ilícita.
Já em 2 Coríntios6:16 creio podermos aplicar o que Paulo diz tanto no sentido individual como coletivo: “E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo”. A contaminação por idolatria (e entenda como idolatria qualquer coisa à qual é dada mais importância do que Deus, seja isso dinheiro, família, diversões, etc.) pode ser tanto individual como coletiva.
Mas na passagem que você mencionou de 1 Coríntios 3:17 o sentido é coletivo e também congregacional, pois está falando da “casa de Deus” , que é o aspecto administrativo da morada de Deus em Espírito, o mesmo aspecto tratado em 1 Timóteo e 2 Timóteo, em que cada um individualmente é um vaso e tem sua responsabilidade na construção. Infelizmente a “casa de Deus” de 1 Timóteo haveria de se transformar na “grande casa” de 2 Timóteo (este é o tempo em que vivemos), onde há vasos (indivíduos) de todos os tipos, uns para honra e outros para desonra:
“Mas, se tardar, para que saibas como convém andar na casa de Deus, que é a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza da verdade… Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra” (1 Tm 3:15; 2 Timóteo 2:20-21).
Vamos ao contexto da passagem que você citou:
(1 Co 3:9-17) “Porque nós somos cooperadores de Deus; vós sois lavoura de Deus e edifício de Deus. Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele. Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo. Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós? Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo“.
Observe que tudo aqui fala da responsabilidade individual na edificação do aspecto prático do templo de Deus, isto é, da assembleia local (devemos nos lembrar de que Paulo está inicialmente falando da experiência dele em Corinto). O templo é de Deus e por isso todos os crentes são responsáveis por trabalhar em prol de sua construção, nunca contra, e devem trabalhar juntos neste sentido. Deus dá a cada um a habilidade de trabalhar neste sentido, e ao se referir à assembleia em Corinto, Paulo diz:
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele“ (1 Co 3:10).
Foi Paulo quem pregou aos coríntios Cristo, e este crucificado. Este é o único fundamento, e foi colocado apenas uma vez no início da construção, como acontece com qualquer alicerce numa obra. A partir dos que foram salvos pela fé, teve início a assembleia naquela localidade, a qual continuou a ser construída pelos outros que edificavam sobre o fundamento lançado por Paulo. Mas o apóstolo deixa clara a responsabilidade de cada um na construção na forma de um alerta: “Mas veja cada um como edifica sobre ele”. Isto é solene. Cada crente tem uma enorme responsabilidade nas consequências de seus Atos e no impacto que estes causam na assembleia.
Nos versículos seguintes ele ensina que nem tudo o que é trazido pelos crentes individualmente para essa construção é material utilizável. Muita coisa não passa de madeira, feno e palha, coisas que no final serão provadas como inúteis pelo fogo, do mesmo modo como os trabalhadores em uma construção costumam no final queimar o lixo, restos de embalagem, madeira inútil, etc. Mesmo assim, em relação à casa de Deus os que nada trouxeram de valor para a construção serão salvos, “todavia como pelo fogo”.
Portanto a responsabilidade do crente é buscar sempre agregar valor à vida em assembleia, edificando com coisas preciosas e condizentes com o caráter de Deus, representadas aqui por “ouro, prata e pedras preciosas”. “A obra de cada um se manifestará… e o fogo provará qual seja a obra de cada um”. A pergunta sempre deve ser: O que estou trazendo de útil para a casa de Deus? Estou sendo um auxílio ou um empecilho? Edifico a fé de meus irmãos ou coloco tropeços?
Resumindo, o apóstolo aqui detalha os três aspectos dessa obra. Primeiro, no versículo 14, ele fala do serviço que é útil para a edificação (“ouro, prata, pedras preciosas”) e pelo qual o crente receberá galardão ou recompensa. Depois ele fala do serviço que é INÚTIL e irrelevante (“madeira, feno, palha”), para o qual não haverá recompensa, muito embora o crente individualmente será salvo no final, mas de mãos vazias. É bom lembrar que essa prova de fogo nada tem a ver com a salvação do crente. São as suas obras, e não ele próprio, que são provadas.
Finalmente o apóstolo fala do terceiro tipo de trabalho na casa de Deus, o trabalho que não é nem edificante, nem irrelevante, mas destrutivo. Pessoas que levam seus irmãos a pecar estão fazendo este tipo de trabalho. Os que ensinam más doutrinas também. Aqueles que se esforçam em atrapalhar o testemunho da assembleia são igualmente destruidores. Mas o enfoque principal aqui está nos que nem mesmo creem em Cristo, mas apenas aparentam ser cristãos e se infiltram com segundas intenções, buscando de todas as maneiras atrapalhar o testemunho. São os “lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho” (Atos 20:29). A sentença dada aqui é solene:
“Se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá ; porque o templo de Deus, que sois vós, é santo”.
Como aqueles empenhados nessa vil tarefa costumam acreditar que estão certos, por se acharem mais sábios que todos os outros ali, esse aviso é seguido de outro alerta: “Ninguém se engane a si mesmo. Se alguém dentre vós se tem por sábio neste mundo, faça-se louco para ser sábio. Porque a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus; pois está escrito: ele apanha os sábios na sua própria astúcia” (1 Co 3:18-19).
Devo parar de jogar futebol?
Nos evangelhos não vemos o Senhor criticando ladrões e prostitutas por roubarem ou se prostituírem: qualquer um sabe que roubar e prostituir é errado e ele nem precisava falar no assunto. Mas nós o vemos falando duro com os fariseus porque nem todo mundo percebe que a coisa mais perversa que existe aos olhos de Deus é o sentimento religioso de justiça própria.
Em nenhum lugar na Bíblia está escrito “Não jogarás futebol”, “Não assistirás TV” ou “Não beberás cerveja”. Mas temos passagens que falam contra mentir, agredir o próximo, falar palavras torpes, embriagar-se, etc. Não é preciso estar num jogo de futebol para fazer essas coisas, portanto o problema não é o futebol, mas o modo como as pessoas se comportam ali. Já vi muito esporte sendo praticado por grupos de irmãos de forma limpa e sadia, sem agressões ou palavrões. Parar de praticar o esporte porque ali alguém falou palavrão é como a piada do sujeito que pegou a mulher no sofá com outro e decidiu vender o sofá para resolver o problema.
Quando o Senhor conta a história do fariseu e do publicano no templo, dá para ver bem que o fariseu inventou uma prática (jejuar 2 X por semana) para se achar mais justo que o publicano. Somos propensos a inventar coisas para nos sentirmos superiores a outros que não fazem o mesmo. Repare que o que ele está fazendo não é uma oração ou adoração a Deus, mas um louvor a si mesmo: “…graças te dou porque EU não sou como os demais homens…” :
(Lc 18:10-14) “Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. Ó fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: O Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana , e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: O Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado”.
Então o cristão que não bebe álcool vai olhar com aquele ar de superioridade religiosa para aquele que bebe (sem se dar conta de que o primeiro milagre de Jesus foi transformar água em vinho). O que usa terno para adorar a Deus aos domingos vai se considerar mais santo do que aquele que vai de jeans e camiseta, etc. O que não vê TV ou não vai ao cinema vai se considerar mais puro do que o que faz essas coisas. Muitos passam a fazer disso sua plataforma e acabam pregando leis, condutas e práticas ao invés do evangelho, o que não é diferente do que os fariseus faziam e o apóstolo Paulo condena em sua carta aos Gálatas. Nossa carne adora parecer religiosa.
Por outro lado, para essas coisas (como jogar futebol, tomar cerveja, usar roupa da moda, assistir TV, etc.) o crente deve ter sempre em mente que elas podem se tornar um tropeço quando ele próprio não souber controlar isso e ser moderado na forma como usa dessas coisas. Trata-se, portanto, de uma questão do exercício pessoal de cada um para com o seu Senhor, e não de se preocupar com uma lista do que “pode” e “não pode”.
Um cristão que pratique um esporte com amigos por diversão e saúde é bem diferente de um que esteja dominado pelo esporte, tornando-se fanático e negligenciando sua comunhão com Deus por causa do esporte. A todo o momento vemos torcedores brigando e matando uns aos outros. Obviamente essa idolatria pelo esporte deve ficar longe do cristão.
Um cristão que eventualmente tome um cálice de vinho ou um copo de cerveja durante a refeição não é a mesma coisa de um que esteja viciado em álcool e vive se encharcando de destilados nas festas, competindo com amigos para ver quem bebe mais ou se gabando da quantidade de latas e garrafas vazias em fotos nas redes sociais. A mesma passagem que condena a embriaguez também condena a glutonaria. Comer demais até a obesidade é tão pecado quanto beber demais até a embriaguez.
(Gl 5:19-21) “Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias, invejas, homicídios, bebedices, glutonarias , e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.
Uma mulher cristã (e aqui falo de mulher porque geralmente é onde a questão do vestir fala mais alto) que esteja usando roupas sensuais que possam servir de tropeço para os homens deve reavaliar seu modo de vestir diante do Senhor. Do mesmo modo aquela que se veste notoriamente para chamar atenção para seu modo “religioso” de vestir deve atentar para o que isso causa em si mesma. Se quiser ser vista como religiosa ela não será muito diferente daqueles que o Senhor critica nos evangelhos, os que fazem suas orações para serem vistos pelos homens.
(Mt 6:5) “E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão”.
A passagem que exorta a que “o enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de joias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus” não está proibindo o frisado dos cabelos ou o uso de joias e vestidos chamativos, mas está dizendo que não sejam estas coisas o enfeite da mulher cristã ( “O enfeite delas não seja o exterior… ” ).
Para entender o que estou dizendo vou exemplificar parafraseando a passagem: “O enfeite delas não seja o exterior, na falta de maquiagem e adereços, no cabelo até os joelhos, na saia até o tornozelo; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus”. Acho que deu para entender que se uma mulher cristã quiser chamar atenção para o seu exterior ela vai conseguir, seja vestindo-se na moda atual ou como no século 19. Nos dois casos ela estará errando por querer chamar a atenção para seu exterior, e não para o que ela é interiormente como mulher cristã. Geralmente tentamos compensar a falta de uma coisa com outra, e isto vale também para a aparência.
Um cristão que saiba usar a TV para manter-se informado ou como lazer sadio é diferente daquele que fica grudado em programas de cunho sexual, jornais sensacionalistas e lutas de tirar sangue. No caso da TV é preciso ter em mente hoje que muitos programas religiosos são extremamente perniciosos para a fé, e também que a programação já não está mais restrita àquele aparelho da sala, como era no passado. Hoje tudo funciona como TV, desde o computador até o celular. Se nos dias atuais alguém argumentar que o cristão não deve ter TV em razão de conteúdo impróprio precisará também deixar de usar computador, tablet e celular.
Até aqui vimos o lado do próprio cristão, de como ele deve se cuidar para não descambar para o pecado a partir de coisas que, a princípio, são lícitas, ou partir para o farisaísmo na tentativa de querer mostrar para os outros que é mais santo.
(1 Co 6:12) “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma”.
(1 Co 10:23) “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam”.
Mas há também o lado do testemunho. Se algo que você faz (seja praticar esporte, beber vinho, usar uma determinada roupa, etc.) serve de escândalo para algum irmão mais fraco e pode fazê-lo tropeçar, é melhor deixar de fazer essas coisas ou agir com moderação para não ser causa de tropeço. O amor é que nos motiva a agir assim, e não uma regra ou lei.
(Rm 14:1-8) “Ora, quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas. Porque um crê que de tudo se pode comer, e outro, que é fraco, come legumes. O que come não despreze o que não come; e o que não come, não julgue o que come ; porque Deus o recebeu por seu. Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus. Porque nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor”.
(Rm 14:21-23) “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado“.
(Rm 15:1-3) “Mas nós, que somos fortes, devemos suportar as fraquezas dos fracos, e não agradar a nós mesmos. Portanto cada um de nós agrade ao seu próximo no que é bom para edificação. Porque também Cristo não agradou a si mesmo“.
Resumindo: se você sente-se mal praticando um esporte, bebendo cerveja, vestindo-se de uma determinada maneira, assistindo TV ou fazendo qualquer coisa por isso estar interferindo em sua comunhão com Deus, pare de praticar tal coisa. “Portanto, se a tua mão ou o teu pé te escandalizar, corta-o, e atira-o para longe de ti… se o teu olho te escandalizar, arranca-o, e atira-o para longe de ti” (Mt 18:8-9). Se for o caso de isso estar levando alguém a se escandalizar, evite fazê-lo completamente ou ao menos quando essa pessoa estiver por perto. Se você já evitou tomar sorvete perto de uma criança que estava com gripe entendeu o que estou falando. Peça ao Senhor direção a respeito das coisas nas quais tem dúvida se deve ou não fazer.
Mas se essa abstinência criar em você um sentimento de superioridade em relação a outros cristãos, então você simplesmente trocou algo ruim por algo pior, que é a jactância, orgulho religioso ou farisaísmo.
Devemos orar pela paz de Jerusalém?
Você tem razão ao dizer que orar pela paz de Jerusalém soa estranho, principalmente sabendo do que hoje ocorre ali e das guerras e tribulações ainda reservadas para aquela cidade e para o povo judeu até que o reino de Cristo seja estabelecido na terra. Nossa oração deve ser inteligente e devemos aprender com o Senhor, que não orava pelo mundo, mas pelos que eram seus. “Eu rogo por eles [Os discípulos]; não rogo pelo mundo , mas por aqueles que me deste, porque são teus” (Jo 17:9).
Portanto entendo que devamos orar para que os que hoje vivem em Jerusalém se convertam a Cristo, e os cristãos que estão ali sejam guardados do mal. Depois do arrebatamento da Igreja cerca de dois terços da população de judeus existentes naquela terra serão dizimados, portanto o pior lugar para um judeu estar hoje é justamente na terra de Israel. “E acontecerá em toda a terra, diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas, e expirarão; mas a terceira parte restará nela” (Zc 13:7-9).
Os Salmos não são cristãos, isto é, não foram escritos por cristãos e para cristãos, muito embora nós possamos ser edificados, consolados e exortados por eles. Por isso os cristãos não oram pela paz de Jerusalém, mas pela paz da Igreja, que é o corpo de Cristo e ao qual estão ligados todos os salvos. “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz. Há um só corpo e um só Espírito, como também fostes chamados em uma só esperança da vossa vocação” (Ef 4:1-4).
Os Salmos são judaicos em sua essência e sua visão é de um povo terreno de Deus vivendo na terra. Todo o Salmos 122, e a passagem que mencionou no versículo 6, “Orai pela paz em Jerusalém” , pertence ao futuro. Ali é o remanescente de judeus fiéis que é exortado a orar pela paz de Jerusalém, porque afinal eles estão morando nela. Veja todo o contexto:
(Sl 122:1-9) “Cântico dos degraus, de Davi” Alegrei-me quando me disseram: Vamos á casa do Senhor [Isaíasto significa que o Templo terá sido reconstruído]. Os nossos pés estão dentro das tuas portas, ó Jerusalém [o remanescente judeu fiel que irá se converter após o arrebatamento é visto aqui fisicamente dentro de Jerusalém]. Jerusalém está edificada como uma cidade que é compacta. Onde sobem as tribos, as tribos do Senhor, até ao testemunho de Israel, para darem graças ao nome do Senhor. Pois ali estão os tronos do juízo, os tronos da casa de Davi. Orai pela paz de Jerusalém; prosperarão aqueles que te amam. Haja paz dentro de teus muros, e prosperidade dentro dos teus palácios. Por causa dos meus irmãos e amigos, direi: Paz esteja em ti. Por causa da casa do Senhor nosso Deus, buscarei o teu bem”.
Observe que eles dizem estar com seus pés dentro de Jerusalém. Trata-se ali do remanescente de judeus fiéis que irão se converter após o arrebatamento, sofrerão os horrores da perseguição na grande tribulação, até colocarem seus pés na cidade que Deus escolheu para eles, Jerusalém.
Devo me submeter ao ritual da crisma?
Por ser jovem e ainda viver na casa de seus pais, esta é uma questão que aflige muitos convertidos a Cristo: seguir ou não as tradições religiosas da família para evitar o enfrentamento e transtornos? Eu mesmo já passei por isso no início de minha conversão e acredito hoje sinceramente que a posição que tomei, apesar de radical demais segundo meu entendimento atual, mostrou a meus pais e irmãs que eu era coerente na fé que tinha abraçado. Eventualmente meus pais e minhas irmãs acabariam abraçando a mesma fé, apesar da tradição católica que todos haviam seguido desde o nascimento.
Quando cremos em Jesus e decidimos obedecer a Palavra de Deus certamente iremos encontrar muitas práticas religiosas familiares que não têm fundamento na Palavra. Se, por um lado, o batismo é uma ordenança bíblica que devemos respeitar, independente de quem nos tenha batizado ou em que religião, desde que tenha sido com água e para o nome de Jesus, a crisma, que é a razão de sua dúvida, não tem qualquer fundamento bíblico.
Segundo a doutrina católica “só com a crisma teremos no céu a proximidade de Deus e a intensidade de amor que ele quer nos dar. Além disso, só com a crisma teremos as forças necessárias para vencer as tentações e caminharmos firmemente no caminho da perfeição” (citação obtida em um site de doutrinas católicas). Não é preciso conhecer muito a Bíblia para perceber que tal afirmação não tem qualquer fundamento e torna o homem dependente de um ritual para receber aquilo que Deus dá a todo crente por pura graça e independente da intervenção humana.
Além disso, o fato de esse ritual precisar ser ministrado por um bispo católico (em caso de urgência serve um padre) mostra que seu objetivo é criar dependência do clero. Isso não acontece apenas no catolicismo, mas também no protestantismo, onde muitas atividades são prerrogativa dos membros do clero protestante. Tal costume foi importado do judaísmo, uma religião que, apesar de ter sido instituída por Deus, foi totalmente deixada de lado, como nos ensina a carta aos Hebreus e outras passagens da doutrina dos apóstolos.
O site católico de onde obtive informações sobre o chamado “sacramento da crisma” ensina que “o ministro do sacramento da crisma é o bispo, pois é o pai de todos os fiéis, aquele que lhes confere maturidade da vida da graça” , o qual no ritual dá um leve tapa no rosto da pessoa crismada. Segundo a doutrina católica, isto serve “para significar que ela é soldado de Cristo, tendo o dever de suportar pacientemente, em nome de Jesus, toda sorte de sofrimentos e de injúrias, defender a Fé quando atacada e conhecer a doutrina”. Obviamente está se referindo à doutrina católica, que é baseada, não na Bíblia, mas na tradição dos papas que o catolicismo considera como estando acima da Palavra de Deus.
As pessoas que ministram esse ritual, e as pessoas que são crismadas, têm a melhor das intenções, mas ignoram ou preferem ignorar o que ensina a Bíblia. De acordo com o catolicismo, a crisma seria baseada em Atos 8:14-17, que diz:
“Os apóstolos, pois, que estavam em Jerusalém, ouvindo que Samaria recebera a palavra de Deus, enviaram para lá Pedro e João. Os quais, tendo descido, oraram por eles para que recebessem o Espírito Santo (porque sobre nenhum deles tinha ainda descido; mas somente eram batizados em nome do Senhor Jesus). Então lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo”.
Tirada de seu contexto a passagem pode fazer sentido sob a ótica católica, mas quando analisada à luz de toda a Palavra de Deus fica claro que aqui se trata de um tempo de transição (como é todo o livro de Atos). Quando o Espírito Santo foi dado, primeiro isso aconteceu em Atos 2, na formação da igreja e exclusivamente aos judeus, que primeiro receberam o Espírito Santo e depois foram batizados em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Mas a igreja não iria ser formada apenas por judeus, por isso encontramos em Atos 8 o Espírito ser dado também aos samaritanos que haviam sido batizados. Os samaritanos eram gentios que haviam sido convertidos compulsoriamente ao judaísmo durante o tempo em que a terra de Israel ficou invadida pelo inimigo e esvaziada de verdadeiros israelitas. Eles acabaram criando sua própria versão do judaísmo e por isso não eram bem vistos pelo judeu, como vemos no caso da mulher samaritana em João 4.
Mas em Atos 8 vemos que não foi a todos que o Espírito Santo foi ali dado por meio da imposição das mãos dos apóstolos. Simão, em Atos 8:18-24, não teve tal privilégio. Ele não passava de um cristão professo, não nascido de novo e nem salvo, mas apenas revestido de um nome pelo batismo, como encontramos hoje aos milhares.
Depois de judeus e samaritanos, em Atos 10 vemos a terceira classe de pessoas que viria a receber o Espírito Santo e a fazer parte da recém-criada igreja: os gentios, representados ali pelo centurião romano Cornélio e os que o acompanhavam. “E, dizendo Pedro ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre os gentios” (Atos 10:44-45). É importante notar as diferenças na ordem em que essas pessoas são introduzidas:
1. JUDEUS - Atos 2:38: os judeus são introduzidos seguindo este processo:
a. Arrependimento (os judeus eram primariamente culpados da rejeição e morte de seu Messias, portanto tinham muito de que se arrepender).
b. Batismo nas águas.
c. Recebimento ou selo do Espírito Santo.
2. SAMARITANOS - Atos 8:14-17: os samaritanos são introduzidos; eles eram gentios convertidos ao judaísmo levados para a terra prometida para substituir os judeus durante o exílio:
a. Fé (crer).
b. Batismo nas águas.
c. Recebimento do Espírito pela oração e imposição de mãos dos apóstolos.
3. GENTIOS - Atos 10:44-48: todos aqueles que não eram judeus ou samaritanos:
a. Fé (crer).
b. Recebimento do Espírito Santo.
c. Batismo nas águas.
Finalmente podemos mencionar também uma classe especial ali que são os discípulos de João Batista - Atos 19:1-7, um subgrupo de judeus que eram os discípulos de João, que já haviam se apartado dos judeus e suas culpas:
a. Fé (crer)
b. Rebatismo nas águas (tinham sido antes batizados “em” João Batista como os israelitas tinham sido batizados “em” Moisés, pois quando você é batizado, você é batizado “a” alguém, compare as passagens 1 Co 1:15; 10:2; Gálatas 3:27).
c. Recebimento do Espírito Santo pela imposição das mãos do apóstolo.
Veja que estes não são processos para a salvação, a qual recebemos apenas pela fé em Jesus, mas apenas a ordem em que as coisas aconteceram em um período de transição, quando foram usadas as chaves recebidas por Pedro (Mt 16:19) para abrir o Reino dos céus (que não é o céu, mas a esfera da profissão cristã onde existe tanto joio quanto trigo) a judeus, samaritanos e gentios.
Uma vez formada a igreja não vemos mais as pessoas receberem o Espírito Santo na forma como ocorreu em Atos esse período de transição e inauguração da igreja. Encontramos em Efésios o claro ensino de que o Espírito Santo é recebido agora como decorrência da fé em Cristo, sem intervenção humana, e é o Espírito a garantia ou penhor de que seremos levados para o céu. Nenhum homem ou ritual pode nos dar tal garantia.
“Cristo… em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade , o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” (Ef 1:13-14).
Portanto nenhuma pessoa poderá afirmar que a crisma tem fundamento bíblico se tentar usar a passagem de Atos 8 ou qualquer outra do Novo Testamento. Os próprios católicos reconhecem isso, tanto é que apelam para a tradição católica recorrendo a uma frase de São Cipriano que no ano 258 teria escrito: “Os batizados serão conduzidos aos Bispos, a fim de, por sua oração e imposição das mãos, receberem o Espírito Santo, e pelo selo do Senhor, serem perfeitos”. Faria todo sentido se nossa responsabilidade fosse a de seguir tradições humanas e não a Palavra de Deus.
Como proceder então quando a família exige sermos crismados no catolicismo? É claro que decisões assim dependem de cada crente no Senhor Jesus e de buscar a direção do Espírito Santo. Mas posso afirmar sem sombra de dúvida que a crisma não é uma ordenança bíblica e sequer tem fundamento na Palavra de Deus, portanto não há razão para algum salvo por Cristo, que deseja obedecer à Palavra de Deus, se sujeitar a ela.
Quando cremos em Cristo devemos traçar uma linha divisória clara entre o que éramos e o que agora somos, e isto inclui religião, tradição, mundanismo, etc. Trata-se de uma questão de coerência: se estou determinado a seguir o que diz a Palavra, seria correto continuar praticando os rituais da religião na qual nasci, os quais são claramente fundamentados na tradição dos Papas e não na Palavra de Deus? A santificação prática, e a palavra “santificação” significa “separação”, inclui também tradições e costumes religiosos. Devemos nos separar dos costumes que sejam uma desonra ao Senhor e à sua graça, mesmo que agir assim possa trazer consequências desagradáveis para nosso relacionamento com amigos e parentes.
Eu entendo a crisma como uma desonra a Deus e à sua graça, por incluir condições para a recepção do Espírito Santo de Deus ou dos dons do Espírito. A própria doutrina católica ensina que é pela crisma que o cristão receberia os “7 dons” , que seriam “Temor de Deus, Piedade, Fortaleza, Conselho, Ciência, Inteligência e Sabedoria”. Que desonra a Cristo é tal ideia! Pela Palavra de Deus aprendemos que todo dom é dado por Cristo, e isso não depende da intervenção de homens, muito menos de um autointitulado clero.
As pessoas que praticam a crisma podem ter até boa intenção achando com isso estarem agradando a Deus, mas se alguém quiser lhe dar um presente e você impuser condições para recebê-lo, algo do tipo, “Ok, aceito seu presente desde que eu possa fazer isso e aquilo em troca…”, isso será visto como desonra por quem lhe quer presentear de graça e sem condições.
Não duvido que ao assumir uma posição firme e coerente com sua obediência à Palavra de Deus você irá sofrer a repreensão e talvez até a perseguição de amigos e familiares. Sempre foi assim e o próprio Senhor havia previsto que na própria família o crente encontraria problemas. Quando queremos fugir dos problemas e agradar a todos deixamos de agradar ao Senhor. Foi o que o apóstolo Paulo fez quando insistiu em ir a Jerusalém e até a adotar rituais judaicos que ele próprio ensinava terem sido abolidos por Deus.
Mesmo depois de ter sido alertado pelo Espírito Santo ele seguiu seu próprio coração e o grande amor que tinha para com o povo judeu e sofreu as terríveis consequências de ter feito a sua própria vontade e não a vontade de Deus. Obviamente Deus acabou usando tudo aquilo para sua glória, fazendo com que Paulo chegasse a Roma para pregar aos gentios, que era a intenção inicial do Espírito Santo de Deus. Mas não foi sem sofrimento para Paulo por se deixar levar pelas afeições do coração e não pela clara direção do Espírito Santo de Deus. Para conhecer melhor a história sugiro a leitura de Atos a partir do capítulo 19, que vou resumir aqui:
(Atos 19:21) “E, cumpridas estas coisas, Paulo propôs, em espírito [seu próprio espírito humano], ir a Jerusalém , passando pela Macedônia e pela Acaia, dizendo: Depois que houver estado ali, importa-me ver também Roma…”.
(Atos 21:2-4) “E, achando um navio, que ia para a Fenícia, embarcamos nele… navegamos para a Síria e chegamos a Tiro; porque o navio havia de ser descarregado ali. E, achando discípulos, ficamos ali sete dias; e eles pelo Espírito diziam a Paulo que não subisse a Jerusalém“.
(Atos 21:7-23) “E nós, concluída a navegação de Tiro, viemos a Ptolemaida… E no dia seguinte, partindo dali Paulo, e nós que com ele estávamos, chegamos a Cesaréia e, entrando em casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele… E, demorando-nos ali por muitos dias, chegou da Judeia um profeta, por nome Ágabo; E, vindo ter conosco, tomou a cinta de Paulo, e ligando-se os seus próprios pés e mãos, disse: Isto diz o Espírito Santo: Assim ligarão os judeus em Jerusalém o homem de quem é esta cinta, e o entregarão nas mãos dos gentios. E, ouvindo nós isto, rogamos-lhe, tanto nós como os que eram daquele lugar, que não subisse a Jerusalém. Mas Paulo respondeu: Que fazeis vós, chorando e magoando-me o coração? Porque eu estou pronto não só a ser ligado, mas ainda a morrer em Jerusalém pelo nome do Senhor Jesus”.
(Atos 21:17-24) “E, logo que chegamos a Jerusalém… no dia seguinte, Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali… e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que creem, e todos são zeladores da lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus que estão entre os gentios a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei. Que faremos pois?… Faze, pois, isto que te dizemos: Temos quatro homens que fizeram voto. Toma estes contigo, e santifica-te com eles, e faze por eles os gastos para que rapem a cabeça, e todos ficarão sabendo que nada há daquilo de que foram informados acerca de ti, mas que também tu mesmo andas guardando a lei“.
(Atos 21:26-33) “Então Paulo, tomando consigo aqueles homens, entrou no dia seguinte no templo, já santificado com eles, anunciando serem já cumpridos os dias da purificação; e ficou ali até se oferecer por cada um deles a oferta. E quando os sete dias estavam quase a terminar, os judeus da Ásia, vendo-o no templo, alvoroçaram todo o povo e lançaram mão dele, Clamando: Homens israelitas, acudi; este é o homem que por todas as partes ensina a todos contra o povo e contra a lei, e contra este lugar; e, demais disto, introduziu também no templo os gregos, e profanou este santo lugar… e, pegando Paulo, o arrastaram para fora do templo, e logo as portas se fecharam. E, procurando eles matá-lo, chegou ao tribuno da coorte o aviso de que Jerusalém estava toda em confusão; O qual, tomando logo consigo soldados e centuriões, correu para eles. E, quando viram o tribuno e os soldados, cessaram de ferir a Paulo. Então, aproximando-se o tribuno, o prendeu e o mandou atar com duas cadeias, e lhe perguntou quem era e o que tinha feito”.
Apesar de Deus ter intercedido por meio do oficial romano para salvar a vida de Paulo, e no final ter usado o apóstolo como pretendia fazer enviando-o a Roma, todo esse sofrimento poderia ter sido evitado se Paulo deixasse de ouvir o seu próprio coração para ouvir a voz do Espírito, claramente manifestada pelos avisos dos irmãos de Tiro e pelo profeta Ágabo. Ao deixar-se enredar pelos conselhos dos cristãos judaizantes de Jerusalém ele não só comprometeu a própria doutrina que havia recebido de Cristo, a qual pregava com tanta veemência, mas também acabou sofrendo na própria carne as consequências dessa atitude. Como é possível ler nos capítulos seguintes de Atos, o apóstolo dos gentios ficou preso por não ter seguido logo de início a missão de “apóstolo dos gentios” que lhe tinha sido designada e decidiu dar uma passadinha em Jerusalém para agradar aqueles com quem mantinha laços de sangue e afeição, os judeus que ele tanto amava.
O Espirito Santo foi dado antes de Pentecostes?
Sua dúvida é se no capítulo 20 do Evangelho de João o Espírito Santo teria sido dado aos discípulos antes de Atos 2, quando lemos da fundação da igreja. A verdade é que o Espírito Santo é visto enchendo e influenciando os santos e até incrédulos (por exemplo, Balaão) em todas as eras anteriores a Pentecostes, como é possível ver em algumas passagens do Antigo Testamento:
(Ex 31:1-5) “Depois falou o Senhor a Moisés, dizendo: Eis que eu tenho chamado por nome a Bezalel, o filho de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, E o enchi do Espírito de Deus , de sabedoria, e de entendimento, e de ciência, em todo o lavor, Para elaborar projetos, e trabalhar em ouro, em prata, e em cobre, E em lapidar pedras para engastar, e em entalhes de madeira, para trabalhar em todo o lavor”.
(Nm 24:2) “E, levantando Balaão os seus olhos, e vendo a Israel, que estava acampado segundo as suas tribos, veio sobre ele o Espírito de Deus“.
(1 Sm 10:6-10) “[Samuel dizendo a Saul]: E o Espírito do Senhor se apoderará de ti , e profetizarás com eles, e tornar-te-ás um outro homem… E, chegando eles ao outeiro, eis que um grupo de profetas lhes saiu ao encontro; e o Espírito de Deus se apoderou dele , e profetizou no meio deles”.
(Sl 51:11) “Não me lances fora da tua presença, e não retires de mim o teu Espírito Santo“.
(2 Cr 15:1) “Então veio o Espírito de Deus sobre Azarias , filho de Odede”.
(2 Cr 24:20) “E o Espírito de Deus revestiu a Zacarias , filho do sacerdote Joiada”.
Em João20 o versículo 22 deve ser lido no contexto do que vem antes e depois, pois o assunto ali não é a descida do Espírito Santo que o Senhor havia prometido aos discípulos nas passagens abaixo:
“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; Mas aquele Consolador, o Espírito Santo , que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito. Mas, quando vier o Consolador , que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim. Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas, quando eu for, vo-lo enviarei“ (Jo 14:16, 26; 15:26; 16:7).
Da passagem acima fica muito claro que o Espírito Santo só seria dado depois que Cristo morresse, ressuscitasse e ascendesse aos céus para rogar ao Pai que enviasse o Espírito. Para entender Jo 20:22 é preciso ler os versículos 21 e 23, pois só então será possível entender que esse “assoprar” o Espírito nos discípulos não fala de eles receberem como ocorreu em no dia de Pentecostes ou como ocorre com cada crente em Jesus. O assunto ali em Jo 20 é o comissionamento dos discípulos para que saíssem por Cristo neste mundo para pregar, representando Aquele que estaria ausente a partir de então:
(Jo 20:21) “Disse-lhes, pois, Jesus outra vez: Paz seja convosco; assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós“.
No versículo 21 está comissionando seus discípulos e os enviando a pregar as boas novas neste mundo como Seus representantes.
(Jo 20:22) “E, havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei [o] Espírito Santo“.
Para capacitá-los nessa tarefa o Senhor assopra neles Espírito Santo. No original está “Recebei Espírito Santo” e não “Recebei o Espírito Santo”. Quando Deus soprou em Adão feito de barro Adão não recebeu o Espírito de Deus, mas recebeu fôlego da vida vinda de Deus, capacitando-o a viver como um ser à imagem e semelhança de Deus:
(Gn 2:7) “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra, e soprou em suas narinas o fôlego da vida ; e o homem foi feito alma vivente”.
Acredito que o versículo 22 tenha também este sentido, não de receber “O” Espírito, como viria a ocorrer em Atos 2 e depois com todo aquele que viesse a crer em Cristo, individualmente, e com a igreja coletivamente, mas de receber a capacitação necessária (vinda do Espírito de Deus) para serem enviados. O versículo seguinte é o de sua próxima dúvida:
(Jo 20:23) “Àqueles a quem perdoardes os pecados lhes são perdoados; e àqueles a quem os retiverdes lhes são retidos”.
Uma vez enviados e capacitados, eles recebem também autoridade para perdoar pecados, porém o perdão aqui é obviamente declaratório, e não o perdão eterno que é uma prerrogativa de Deus. Como assim? Bem, se eu prego o evangelho a alguém prometendo que pela fé no Salvador essa pessoa terá todos os seus pecados perdoados, se essa pessoa crer eu posso declarar que seus pecados foram todos perdoados, pois a garantia disso tenho na Palavra de Deus. Mas se a pessoa recusar-se a crer eu posso declarar que seus pecados são retidos, pelo menos até que ela decida crer.
Mas não podemos nos esquecer de que aos apóstolos foi dada também uma autoridade que vai além dessa que é comum a todo crente. Eles tinham autoridade para entregar alguém a Satanás para a destruição da carne (1 Co 5:3-5; 12-13) como parece ter sido o caso na morte de Ananias e Safira em Atos 5:1-11. Ou seja, aos apóstolos havia sido dado o poder de vida e morte sobre os cristãos no sentido administrativo e punitivo, obviamente não implicando com isso qualquer alteração no estado eterno da alma do que era assim disciplinado. É este o caso do “pecado para morte” de 1 João, ou seja, morte física, do corpo:
(1 João 5:16) “Se alguém vir pecar seu irmão, pecado que não é para morte, orará, e Deus dará a vida àqueles que não pecarem para morte. Há pecado para morte , e por esse não digo que ore”.
Em 1 Coríntios5 e também em Mateus 18 o assunto é a autoridade dada à igreja para “ligar” e “desligar”, isto é, tomar decisões relativas à assembleia no sentido de perdoar ou não pecados na esfera administrativa ou governamental.
(Mt 18:15-20) “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
O malfeitor de 1 Coríntios5 parece ter sido restaurado em 2 Coríntios 2:4-8 por sugestão do apóstolo aos irmãos de Corinto, o que teria sido o “desligar” ou a anulação do “ligar” executado em 1 Coríntios 5.
Fica mais claro entender o que é um perdão administrativo ou governamental quando transferimos isto para a esfera da justiça humana. No Brasil um criminoso pode ir para a cadeia por 35 anos e sair antes por bom comportamento. Quando sair a justiça o declarará livre e perdoado do que fez, pois cumpriu sua pena. Mas, por mais que Deus reconheça a justiça humana que ele próprio estabeleceu, não significa que aquele criminoso está perdoado pela justiça divina. A menos que ele creia no Salvador, seus pecados continuarão nele e sujeitos à sentença e condenação eterna no lago de fogo.
Um cristão pode processar outro?
O crente vive em duas esferas: a igreja e o mundo. Na igreja a ordem é clara quanto a apelar para a justiça do mundo no caso de algum litígio entre irmãos: a parte lesada deve estar pronta a sofrer o dano e a abrir mão de revanche. “Ousa algum de vós, tendo algum negócio contra outro, ir a juízo perante os injustos, e não perante os santos?… Na verdade é já realmente uma falta entre vós, terdes demandas uns contra os outros. Por que não sofreis antes a injustiça? Por que não sofreis antes o dano?“ (1 Co 6:1-9).
Mas o contexto mostra que mesmo assim o cristão pode levar a questão a julgamento, porém limitando-se a fazer isso entre os irmãos: “Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida? Então, se tiverdes negócios em juízo, pertencentes a esta vida, pondes para julgá-los os que são de menos estima na igreja? Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um, que possa julgar entre seus irmãos?“ (1 Co 6:1-9).
em Mateus 18 aprendemos que qualquer desavença entre irmãos deve inicialmente ser tratada entre as partes. Caso não se chegue a um acordo, recorre-se a uma ou duas testemunhas e, apenas em caso extremo, isso é levado ao juízo da assembleia congregada ao nome do Senhor, a qual irá deliberar segundo a autoridade que o Senhor deu a dois ou três congregados ao seu N ome. Neste caso as partes envolvidas deverão se sujeitar à decisão da assembleia, que tem o poder de “ligar“ (decidir) e “desligar“ (reverter uma decisão), o que é sancionado no céu.
(Mt 18:15-20) “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só ; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois , para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja ; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles“.
Deve ser entendido que a situação particular apresentada em Mateus 18, de um litígio entre irmãos, é diferente da situação de 1 Coríntios 5, que engloba alguém envolvido em pecado moral. No caso de 1 Coríntios 5 não existe esse litígio entre irmãos, mas existe contaminação da assembleia por pecado. Aí a assembleia entra em cena diretamente, sem passar pelo processo de tentativa de conciliação entre as partes envolvidas, como era o exemplo dado em Mateus 18. Mas a assembleia possui a mesma autoridade delegada em Mateus 18 para tomar decisões relativas a julgamento de pecado e disciplina. No caso de 1 Coríntios 5 era um caso de pecado moral, mas ali há também uma lista incompleta de possibilidades: “… devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador” (1 Co 5:11).
A lista de pecados com os quais a assembleia poderia lidar em julgamento e disciplina não está limitada às coisas que normalmente consideramos faltas graves, mas pode incluir mentirosos (Ananias e Safira, Atos 5), pessoas que pregam má doutrina (Himeneu e Fileto, 1 Timóteo 2), aqueles que almejam uma posição clerical entre os irmãos (Diótrefes, 3 Jo 1), “amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus”, “Destes afasta-te” (2Tm 3), vagabundos que não querem trabalhar e que insistem em desobedecer à Palavra “Não vos mistureis com ele” (2Ts 3:11-14), fofoqueiras (1Tm 5:13), hereges (a palavra significa causadores de divisão ou que buscam discípulos para si, Tito 3:10), etc.
Outra lista em 1 Coríntios6:10 (onde o assunto é justamente as demandas entre irmãos) inclui devassos, idólatras, adúlteros, efeminados, sodomitas, ladrões, avarentos, bêbados, maldizentes e roubadores. Mas a continuação do texto demonstra que até coisas lícitas podem se tornar pecado quando o crente se deixa dominar por elas. Poderíamos incluir aí pessoas que acabam negligenciando suas obrigações familiares e com a assembleia por estarem envolvidas demais com trabalho ou diversão. “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma” (1 Co 6:12).
E quando o problema não é entre irmãos, mas entre o crente e o incrédulo ou entre o crente e uma empresa ou governo? Deus instituiu as autoridades neste mundo, e isso inclui os tribunais para julgarem os negócios desta vida.
(Rm 13:1-7) “Toda a alma esteja sujeita às potestades superiores; porque não há potestade que não venha de Deus; e as potestades que há foram ordenadas por Deus. Por isso quem resiste à potestade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação. Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque ela é ministro de Deus para teu bem”.
Em mais de uma ocasião vemos o apóstolo Paulo apelando para a justiça e a lei romana ao sentir-se injustiçado.
(Atos 16:37-39) “Mas Paulo replicou: Açoitaram-nos publicamente e, sem sermos condenados, sendo homens romanos, nos lançaram na prisão, e agora encobertamente nos lançam fora? Não será assim ; mas venham eles mesmos e tirem-nos para fora. E os quadrilheiros foram dizer aos magistrados estas palavras; e eles temeram, ouvindo que eram romanos. E, vindo, lhes dirigiram súplicas; e, tirando-os para fora, lhes pediram que saíssem da cidade”.
(Atos 22:25-29) “E, quando o estavam atando com correias, disse Paulo ao centurião que ali estava: É-vos lícito açoitar um romano, sem ser condenado? E, ouvindo isto, o centurião foi, e anunciou ao tribuno, dizendo: Vê o que vais fazer, porque este homem é romano. E, vindo o tribuno, disse-lhe: Dize-me, és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de dinheiro alcancei este direito de cidadão. Paulo disse: Mas eu o sou de nascimento. E logo dele se apartaram os que o haviam de examinar; e até o tribuno teve temor, quando soube que era romano, visto que o tinha ligado“.
(Atos 25:10-12) “Mas Paulo disse: Estou perante o tribunal de César, onde convém que seja julgado ; não fiz agravo algum aos judeus, como tu muito bem sabes. Se fiz algum agravo, ou cometi alguma coisa digna de morte, não recuso morrer; mas, se nada há das coisas de que estes me acusam, ninguém me pode entregar a eles; apelo para César. Então Festo, tendo falado com o conselho, respondeu: Apelaste para César? Para César irás“.
Mas é importante notar que a decisão de Paulo não causava dano a ninguém, e apenas procurava resguardar seus direitos e sua integridade física. Pode acontecer também de o cristão ter sido prejudicado pela empresa para a qual trabalha, pelo banco no qual tem conta ou pela loja na qual fez uma compra. Existem dispositivos legais para tratar de cada caso, mas o cristão não deve agir no piloto automático só porque as leis lhe dão proteção. O cristão deve orar sempre e buscar sabedoria de Deus. Em todos os casos é abominável que o cristão procure provocar situações e oportunidades legais, como pessoas que causam acidentes ou facilitam o roubo do carro para receberem indenização da seguradora.
Cada caso é um caso e o cristão deve orar a respeito, lembrando que uma ação legal pode ter desdobramentos que às vezes custam caro em termos de saúde, finanças e relacionamentos. Mas o prejuízo maior é sempre da impressão que ele, como cristão, causará nos incrédulos. Os desdobramentos de uma ação penal podem fazer com que o cristão deixe de ser visto como luz do mundo para ser considerado trevas, ou apreciado como sal, para ser sentido como fel no paladar dos incrédulos. Considerando que sermos testemunhas de Cristo neste mundo é a razão de termos sido deixados aqui, vale a pena ponderar cada caso para ver em quanto isso poderá danificar esse testemunho.
Portanto, volto a dizer, é preciso buscar sabedoria da parte do Senhor porque cada caso é um caso. Digamos que uma mulher cristã tenha sido violentada por um maníaco. Deveria ela manter-se em silêncio ou procurar as autoridades para evitar que outras mulheres sejam atacadas? Ou o cristão que é enganado por um estelionatário? Deve ele ir à polícia para impedir que o mesmo faça outras vítimas? Nestes casos nem seria um caso de reparação pelo crime sofrido, mas de consideração para com o próximo. Há situações em que o cristão é obrigado a envolver-se em questões legais, não por querer defender seus próprios direitos, mas os daquele a quem representa. É o caso de um procurador ou representante legal, guardião de menores, etc.
A questão de um crente buscar ou não dispositivos legais não é algo simples, daí não existir uma resposta do tipo “sim” ou “não”. A própria condição da cristandade atualmente faz com que um cristão genuíno nem sempre tenha a certeza de estar tratando com um irmão genuíno ou apenas com um mero professo. Por isso o melhor é fazer o trabalho prévio, isto é, orar sempre para não precisar ser envolvido em questões legais. Mas, quando isso acontecer, orar também por sabedoria de como agir, lembrando sempre que nossa função neste mundo é glorificar a Deus e testemunhar do nome de Cristo. E como é que o Senhor agiu quando passou por aqui? Temos boas pistas na própria Palavra de Deus para perceber que ele sempre foi o perdedor em todas as situações, e assim ensinava também seus discípulos.
“Ouvistes que foi dito: Olho por olho, e dente por dente. Eu, porém, vos digo que não resistais ao mal; mas, se qualquer te bater na face direita, oferece-lhe também a outra; e, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; e, se qualquer te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas”. (Mt 5:38-41).
“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos , para levar-nos a Deus”. (1 Pe 3:18).
“Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente. Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se, fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga justamente“ (1 Pe 2:18).
“De sorte que haja em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus“ (Fp 2:5).
Por que Jesus disse para os mortos sepultarem os mortos?
Para entender a resposta que o Senhor dá ao homem que queria sepultar o próprio pai antes de seguir a Jesus é preciso ler o contexto no qual aparecem três classes de candidatos a discípulo de Jesus: o autoconfiante, cujo coração o Senhor sabe estar preocupado com o conforto material; o dedicado às tarefas e responsabilidades lícitas, porém que coloca o Senhor em segundo plano, e aquele cuja senda da fé acaba sendo comprometida pelos laços familiares e por sua preocupação em não desapontar parentes e amigos.
(Lc 9:57-58) “E aconteceu que, indo eles pelo caminho, lhe disse um: Senhor, seguir-te-ei para onde quer que fores. E disse-lhe Jesus: As raposas têm covis, e as aves do céu, ninhos, mas o Filho do homem não tem onde reclinar a cabeça“.
O primeiro não está perguntando se deve seguir ou se o Senhor quer ser seguido por ele, mas simplesmente afirma que irá a qualquer lugar com Jesus. Ao contrário do segundo homem no versículo 59, ao qual Jesus chama, este não recebeu o chamado. Mas pela resposta de Jesus, que conhece os corações, dá para perceber que o homem não imagina o que é seguir aquele que não tem morada certa e que, neste mundo, sequer podia contar com o mínimo conforto e segurança que até aves e animais têm. Muitos hoje são atraídos pelas promessas de prosperidade de falsos pregadores e se mostram dispostos a “seguir” a Jesus, mas certamente não é o mesmo Jesus dos evangelhos que eles pretendem seguir.
(Lc 9:59-60) “E disse a outro: Segue-me. Mas ele respondeu: Senhor, deixa que primeiro eu vá a enterrar meu pai. Mas Jesus lhe observou: Deixa aos mortos o enterrar os seus mortos ; porém tu vais e anuncia o reino de Deus”.
Ao contrário do primeiro, que não foi chamado, o Senhor chama a este para segui-lo, mas ele tem algo para resolver antes: o sepultamento do próprio pai. Ele diz: “Deixa que primeiro eu vá enterrar meu pai”. A resposta dá uma clara indicação de suas prioridades. Seguir a Jesus era a segunda coisa em sua vida. É claro que Deus quer que cada um cumpra com suas responsabilidades, mas neste contexto em que aparecem três perfis de candidatos a seguidores devemos ter em mente que Jesus quer trazer para fora de cada um o que está no coração. É sempre assim quando a Palavra de Deus atinge uma alma. “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração“ (Hb 4:12).
A repreensão de Jesus mostra que os espiritualmente mortos devem se ocupar de sepultar os que estão fisicamente mortos, já que não são capacitados a pregar o reino de Deus. Muitas vezes os cristãos perdem seu tempo fazendo tarefas que, se fossem relegadas aos incrédulos, permitiria que tivessem mais tempo para se ocuparem com aquilo que realmente importa nesta vida: os assuntos de Deus.
(Lc 9:61-62) “Disse também outro: Senhor, eu te seguirei, mas deixa-me despedir primeiro dos que estão em minha casa. E Jesus lhe disse: Ninguém, que lança mão do arado e olha para trás , é apto para o reino de Deus”.
O terceiro candidato a discípulo é semelhante ao primeiro, já que não é chamado a seguir, mas se apresenta voluntariamente. Porém, como o segundo, ele tem algo que vem primeiro : sua família. Muitas vezes a família pode se transformar em tropeço para o crente, principalmente quando familiares incrédulos usam de chantagem emocional para impedir que o crente tenha comunhão com Deus, dedique-se à adoração, à oração, à comunhão com seus irmãos ou, como é o caso da prioridade colocada aqui, a anunciar o reino. Quem já arou a terra com um arado puxado a animais de tração sabe o quanto de atenção é exigida para manter o alinhamento. Qualquer olhada para trás faz o arado perder a direção e comprometer o plantio e a colheita. Quem está empenhado em seguir a Jesus não pode se deixar levar por distrações.
Filhos devem pagar pelos pecados dos pais?
As pessoas que acreditam que um cristão hoje pode ser punido pelos pecados de seus pais ou antepassados (o que alguns chamam de “maldição familiar”) interpretam erroneamente textos do Antigo Testamento como Êxodo 20:4-5:
“Não farás para ti imagem de escultura… Não te encurvarás a elas nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”.
Primeiro é bom explicar que a imagem de que fala o versículo não é uma fotografia ou um desenho qualquer, mas uma representação de Deus ou da Divindade. O texto está se referindo à idolatria, que é a substituição da adoração a Deus pela adoração de qualquer imagem ou objeto que seja uma representação da Divindade.
Agora vamos à segunda parte do versículo, que traz uma ameaça: “sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”.
Fica muito evidente aí que Deus está se referindo ao pecado da idolatria, ou seja, substituir Deus por algo que seja uma representação visível da Divindade. O grande problema da idolatria é que ela permeia as culturas humanas e é transmitida de geração em geração. Neste sentido os filhos serão propensos a repetir o mesmo pecado da idolatria de seus pais e, portanto, estarão sob a maldição ou ameaça que Deus faz nesta passagem.
A passagem, por ser integrante da Lei dada por intermédio de Moisés aos israelitas, pode ser também considerada como conectada a Israel como nação, e aí também seria válida a aplicação de uma sentença no caso de idolatria dos pais. Israel era uma Teocracia, ou seja, tudo o que dizia respeito à religião judaica tinha influência direta sobre o povo. Assim, se o judaísmo que eles praticavam estivesse contaminado por idolatria (que foi exatamente o que aconteceu ao longo da história) todo o povo e seus descendentes sofreriam por isso. Neste sentido a ameaça também aparece em Êxodo 34:7; Números 14:18 e Deuteronômio 5:9.
(Ex 34:7) “[O Senhor] Que guarda a beneficência em milhares; que perdoa a iniquidade, e a transgressão e o pecado; que ao culpado não tem por inocente; que visita a iniquidade dos pais sobre os filhos e sobre os filhos dos filhos até à terceira e quarta geração”.
(Nm 14:18) “O Senhor é longânimo, e grande em misericórdia, que perdoa a iniquidade e a transgressão, que o culpado não tem por inocente, e visita a iniquidade dos pais sobre os filhos até à terceira e quarta geração”.
(Dt 5:9) “Não te encurvarás a elas [imagens], nem as servirás; porque eu, o Senhor teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, até à terceira e quarta geração daqueles que me odeiam”.
Tentar aplicar a passagem aos cristãos é tirá-la completamente do contexto e torcer seu significado. A Bíblia é clara em mostrar que cada um é responsável pelo seu próprio pecado, como explica Ezequiel 18:20-21. Deve-se entender que aqui o profeta está falando de morte física, no sentido de pena de morte pelos pecados ou crimes descritos nos versículos anteriores, como extorsão, usura, opressão, idolatria, adultério, etc.:
(Ez 18:20-21) “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai levará a iniquidade do filho. A justiça do justo ficará sobre ele e a impiedade do ímpio cairá sobre ele. Mas se o ímpio se converter de todos os pecados que cometeu, e guardar todos os meus estatutos, e proceder com retidão e justiça, certamente viverá; não morrerá”.
Na carta aos Romanos, Paulo fala da responsabilidade individual por nossos atos: (Rm 14:12) “De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus”. Apesar de isso valer para todos, salvos e perdidos, no caso do cristão a referência é ao Tribunal de Cristo, quando os salvos comparecerão diante do Senhor para serem recompensados pelo bem ou mal que tiverem praticado em vida. Trata-se, no caso do salvo, de um julgamento das obras e não da pessoa do cristão, já que este não entrará em juízo (Jo 5:24). O incrédulo, este sim, só pode aguardar o juízo após a morte, pois “aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9:27).
Mas tentar ameaçar um cristão salvo por Cristo com bobagens como “maldição familiar”, como fazem os mercadores da fé, é não entender o evangelho da graça de Deus e desprezar a eficácia do sangue de Cristo que nos purifica de todo pecado. O cristão não passará pelo juízo final porque os seus pecados foram todos pagos por Jesus, o “Justo” que morreu pelos injustos, como afirmam repetidamente os versículos abaixo:
(Rm 8:1 ) “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus“.
(1 Pe 3:18) “Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus“.
(Rm 4:25) “O qual por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para nossa justificação“.
(1 Co 15:3) “Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados , segundo as Escrituras,”.
(Gl 1:4) “O qual se deu a si mesmo por nossos pecados , para nos livrar do presente século mau, segundo a vontade de Deus nosso Pai,”.
(Hb 1:3) “O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados , assentou-se à destra da majestade nas alturas;”.
(1 Pe_2:24) “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro , para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”.
(1 João 1:9) “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça“.
(1 João 2:2) “E ele é a propiciação pelos nossos pecados , e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo”.
(1 João 3:5) “E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados ; e nele não há pecado”.
(1 João 4:10) “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados“.
(Ap 1:5) “E da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dentre os mortos e o príncipe dos reis da terra. Aquele que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados ,”.
(2 Co 5:17) “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo“.
Por que Jesus não deixa Maria Madalena tocá-lo?
Sua dúvida é: Por que Jesus ressuscitado não permite que Maria Madalena o toque por ainda não ter sido glorificado, se em Mateus ele tem seus pés abraçados pelas duas Marias e em João, pouco depois, ele próprio pede a Tomé que o toque para conferir se é ele mesmo? Vamos comparar as passagens:
(Jo 20:17) “Disse-lhe Jesus: Não me detenhas [toques] , porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.
(Mt 28:9) “E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés , e o adoraram”.
(Jo 20:27) “Depois disse a Tomé: Põe aqui o teu dedo , e vê as minhas mãos; e chega a tua mão, e põe-na no meu lado ; e não sejas incrédulo, mas crente”.
Creio que o sentido da palavra em algumas traduções (“não me detenhas”) pode ajudar a entender a passagem de João 20:17, mas é preciso também levar em consideração duas coisas: o aspecto profético de cada evangelho e também o estado de Maria Madalena em seu encontro pessoal com o Ressuscitado no evangelho de João. Quando ler os evangelhos evite fazer isso como se lesse um simples relato cronológico de acontecimentos. Por exemplo, Lucas não é sempre cronológico, mas a sequência dos acontecimentos aparece numa ordem moral.
Procure perguntar o que Deus quis dizer em cada um deles dentro daquilo que é característico de cada evangelho. Ao contar um mesmo fato para uma criança e para um adulto costumamos adotar formas diferentes de comunicação, enfatizando o que pode ser interessante para cada um. Se eu contar de minha ida ao zoológico a uma criança, irei me concentrar nos animais, mas talvez ao falar da visita a um consultor em administração de empresas eu me concentre nos aspectos administrativos do zoológico, no atendimento ao cliente, etc.
Assim são os evangelhos. Um mesmo episódio pode ser relatado de maneiras diferentes ou até mesmo ser omitido, por não ter importância no contexto que Deus está tratando ali. Por esta razão em um evangelho você encontra dois gadarenos sendo libertos de demônios, e em outro evangelho apenas um, ou vê duas Marias na cena da ressurreição e em outro apenas Maria Madalena. Vamos ver o texto todo da passagem em Mateus:
(Mt 28:5-10) “Mas o anjo, respondendo, disse às mulheres : Não tenhais medo; pois eu sei que buscais a Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui, porque já ressuscitou , como havia dito. Vinde, vede o lugar onde o Senhor jazia. Ide pois, imediatamente, e dizei aos seus discípulos que já ressuscitou dentre os mortos. E eis que ele vai adiante de vós para a Galileia; ali o vereis. Eis que eu vo-lo tenho dito. E, saindo elas pressurosamente do sepulcro, com temor e grande alegria, correram a anunciá-lo aos seus discípulos. E, indo elas a dar as novas aos seus discípulos, eis que Jesus lhes sai ao encontro, dizendo: Eu vos saúdo. E elas, chegando, abraçaram os seus pés, e o adoraram. Então Jesus disse-lhes: Não temais; ide dizer a meus irmãos que vão à Galileia, e lá me verão”.
Do ponto de vista profético, Mateus é o único evangelho escrito em aramaico, a língua falada pelos judeus da época, e é também o que tem o maior número de citações do Antigo Testamento. Nele Jesus é apresentado como o Rei dos Judeus (em Marcos é o Servo, em Lucas é o Filho do Homem e em João o Filho de Deus). Esse caráter distinto de Mateus tem um objetivo: neste evangelho Jesus é apresentado ao remanescente judeu fiel que se converterá após o arrebatamento da igreja, durante a tribulação e antes de inaugurar o reino milenial na terra. As duas Marias que caem aos seus pés e os abraçam estão bem no espírito de servas na presença do Rei.
No evangelho de Mateus o anúncio da ressurreição é dado pelos anjos às duas Marias, o que é bem próprio da relação de Deus com Israel. Esse encontro é também coletivo e não individual, como é característico da relação do crente que faz parte do corpo de Cristo, a igreja, na atual dispensação da graça de Deus: o cristão tem uma intimidade com o Senhor (afinal, ele faz parte da Noiva de Cristo) que não será igual ao relacionamento de que desfrutarão os judeus durante o reino na terra. O remanescente judeu que se converterá na tribulação e participará do reino de mil anos Cristo, ainda em seus corpos naturais vivendo na terra, irá recebê-lo como Rei. Jesus não é o Rei dos cristãos; para nós ele é o Senhor.
O fato de em Mateus serem os anjos que anunciam a ressurreição também pode indicar essa relação mais característica de Deus com Israel no Antigo Testamento, onde os anjos aparecem com frequência, tendo sido inclusive instrumentos na entrega da Lei àquele povo.
(Hb 1:14) “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?”.
(Atos 7:53) “Vós, que recebestes a lei por ordenação dos anjos, e não a guardastes”.
Em João vemos Jesus em um caráter distinto dos outros evangelhos: ele ali é apresentado como o Verbo, o Criador, o Filho de Deus. Neste evangelho é o próprio Senhor quem se dá a conhecer a Maria, porém agora em uma nova relação com seus discípulos. Nunca antes ele os havia chamado de “meus irmãos”. Essa nova relação ele já havia previsto quando mostrou que estaria rompendo até mesmo com seus vínculos de parentesco natural: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe” (Mt 12:48-50).
Acredito que o que Jesus quis impedir foi que Maria Madalena pensasse estar ainda no mesmo tipo de relacionamento que os discípulos haviam tido com Jesus antes de sua morte, quando o tocavam naquela condição. “…o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida” (1 Jo 1:1). O relacionamento que os discípulos haviam tido com Jesus até então tinha sido “segundo a carne” , mas a partir daquele momento eles teriam um novo tipo de relacionamento com um Jesus ressuscitado e glorificado nos céus.
(2 Co 5:16) “Assim que daqui por diante a ninguém conhecemos segundo a carne, e, ainda que também tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos deste modo“.
Agora, como ressuscitado, ele seria cabeça de uma nova criação (na primeira criação Adão havia sido cabeça e falhou). Os discípulos estariam a partir deste momento em um relacionamento espiritual e celestial com o Filho de Deus, ainda que mantendo uma certa distinção. Ele diz: “meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”. Repare que ele não diz “…nosso Pai”, mas “meu Pai e vosso Pai”. A filiação da qual Jesus desfruta é singular, pois ele é o Filho Eterno de Deus, e nós não. Fomos feitos filhos em algum momento no tempo e não temos a natureza divina como Jesus a tem, a qual é eternamente uma característica intrínseca de sua Pessoa divina.
Se Maria Madalena podia antes se relacionar com Jesus na terra e na sua condição de Filho do Homem caminhando aqui à semelhança de suas criaturas (mas sem pecado), e desfrutar de sua companhia terrena, agora ela precisaria aprender que iria se relacionar com um Homem na glória, na própria presença do Pai. Se as esperanças e bênçãos que enchiam o coração dela tinham sido, até ali, terrenas como eram todas a bênçãos e esperanças de uma israelita, a partir de então elas passariam a ser celestiais, como são as bênçãos e esperanças do cristão (mas não do remanescente judeu que irá se converter depois do arrebatamento da igreja para habitar no reino milenial). Daí a expressão “não me toques” ou “não me detenhas”. Talvez ele estivesse querendo dizer: “Não me toques, ao menos da mesma maneira como você me conhecia antes de minha morte, ressurreição e ascensão aos céus para ser glorificado à destra da Majestade nas alturas”.
(Jo 20:15-17) “Disse-lhe Jesus: Mulher, por que choras? Quem buscas? Ela, cuidando que era o hortelão, disse-lhe: Senhor, se tu o levaste, dize-me onde o puseste, e eu o levarei. Disse-lhe Jesus: Maria! Ela, voltando-se, disse-lhe: Raboni (que quer dizer, Mestre). Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.
Fui eleito por Deus saber que eu iria crer?
Sua dúvida é se Deus teria elegido (ou predestinado) os salvos com base na sua presciência. Ou seja, por Deus saber de antemão aqueles que um dia iriam crer em Jesus, decidiu elegê-los e predestiná-los para a salvação. Por mais inacreditável que possa parecer, esta é a ideia que a grande maioria de cristãos, católicos e protestantes, têm a respeito da eleição.
Isto seria mais ou menos como dizer que o presidente foi eleito porque os que votaram nele sabiam que ele seria presidente porque ele, de sua própria e espontânea vontade, assumiria o cargo no palácio presidencial. O problema com tal ideia é que foi a escolha ou eleição dos eleitores que deu àquele presidente o cargo, e não foi a decisão que ele tomou de ser presidente que lhe assegurou isso. Numa democracia o povo elege o presidente por vontade soberana do povo, ou não é uma eleição. A única expressão de vontade do candidato a presidente está em se candidatar ao cargo.
A coisa fica ainda mais absurda se imaginássemos alguém que nem mesmo fosse candidato, mas fosse totalmente avesso à ideia de ocupar tal cargo e quisesse manter distância dele a qualquer custo.
A questão é que os que foram salvos não queriam ser salvos e jamais teriam feito tal escolha. Aqueles que acreditam na teoria da mera presciência (e não da eleição ou predestinação divina) alegam que se Deus tivesse escolhido de antemão os que seriam salvos isso iria contra o livre arbítrio do ser humano.
Bem, o homem pode ter livre arbítrio quando se trata de escolher entre comer pão com ou sem manteiga, mas quando a escolha fosse entre ter a Deus ou não ter a Deus, o que ele escolheria? “Não queremos que este reine sobre nós!” (Lc 19:14). Se Deus dissesse “Quem ME quer, levante a mão” será que veríamos alguma mão levantada na classe humana? Os versículos abaixo respondem:
(Rm 3:10-12) “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”.
(Jr 13:23) “Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal”.
Se eu entender que de mim mesmo não tenho capacidade ou vontade de buscar a Deus, só me resta esperar que Deus me salve por graça, não por escolha minha, mas por ELE QUERER ME SALVAR. E ele certamente quis me buscar e salvar [1], e foi por isso que me escolheu quando eu nem existia [2], e isso não foi por ele saber que eu viria a crer em Jesus, pois a presciência de Deus é boa o suficiente para também saber que antes de eu crer em Jesus, ele fez com que a Palavra chegasse a mim [3], o Espírito Santo operasse em mim o novo nascimento [4] me dando vida para poder sentir o peso de meu pecado [5], e me dando fé [6] para crer em Cristo como meu Salvador. E, afinal de contas, sua presciência também apontaria que ele me escolheu antes da fundação do mundo [7].
1 “Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido”.
[2] (Ef 1:4) “Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo”.
[3] (1 Pe 1:23) “Sendo de novo gerados , não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela palavra de Deus ,”.
(Ef 5:26) “Para a santificar, purificando-a com a lavagem da água, pela palavra“.
[4] (Jo 3:5) “Jesus respondeu: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água [Palavra de Deus] e do Espírito , não pode entrar no reino de Deus”.
5 “E, quando ele [Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado , e da justiça e do juízo”.
[6] (Ef 2:8) “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus“.
(Fp 1:29) “Porque a vós vos foi concedido , em relação a Cristo, não somente crer nele“.
(Rm 12:3) “Conforme a medida da fé que Deus repartiu a cada um“.
(1 Co 4:7) “E que tens tu que não tenhas recebido ? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?”.
[7] (Jo 15:16)“Não me escolhestes vós a mim, mas eu vos escolhi a vós,“.
A ideia de que poderia existir algo de bom em nós que nos levasse a fazer a escolha correta entra em conflito com a completa perdição do homem pecador. Tal ideia dá margem a pensar que exista algum bem no ser humano; que não ficou tão arruinado assim. O melhor capítulo para esclarecer este assunto é Romanos 9. Ali Paulo deixa muito claro que a eleição é um ato soberano de Deus, e isso serviu tanto para os patriarcas, como para Israel e agora para a Igreja.
Os versículos abaixo são suficientes para aquele que reconhece a enormidade de seu próprio pecado e tem a certeza de que se não fosse por intervenção divina jamais teria crido em Jesus.
(Rm 9:11) “Porque, não tendo eles [Jacó e Esaú] ainda nascido, nem tendo feito bem ou mal (para que o propósito de Deus, segundo a eleição, ficasse firme, não por causa das obras, mas por aquele que chama ), Foi-lhe dito a ela: O maior servirá o menor. Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? Que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece“.
(Jo 6:37-44) “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora… E a vontade do Pai que me enviou é esta: Que nenhum de todos aqueles que me deu se perca, mas que o ressuscite no último dia. Porquanto a vontade daquele que me enviou é esta: Que todo aquele que vê o Filho, e crê nele, tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia… N inguém pode vir a mim, se o Pai que me enviou não o trouxer ; e eu o ressuscitarei no último dia”.
(Ef 1:3-11) “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual… também nos elegeu nele antes da fundação do mundo , para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade , Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no amado , Em quem temos a redenção pelo seu sangue , a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça ,… Nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados , conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade;”.
(Rm 8:28-31) “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que…”.
-
PREDESTINOU a estes também…
-
CHAMOU; e aos que chamou a estes também…
-
JUSTIFICOU; e aos que justificou a estes também…
-
GLORIFICOU. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?