O que Respondi Volume 05 (Parte 2)
Eu e meu namorado podemos ter uma vida íntima?
Não sei se entendi direito, mas você parece ter dito que vocês são cristãos convertidos e há algum tempo eram bastante preocupados com a santidade prática, tanto no que se refere à pornografia, como em questões de intimidade e também do cuidado com o vestir. Certamente esse cuidado não é errado, a menos que se torne doentio.
Então você diz que chegaram à conclusão de que deviam iniciar uma “vida íntima” depois de lerem alguns autores evangélicos. Segundo você, a conclusão a que chegaram é que “fornicação” significa “ficar”, ou seja, fazer sexo sem compromisso, o que não seria o caso de vocês. Pelo que pude ver, todos os argumentos que escreveu são baseados no que você pensa, acha ou pesquisou de “autores evangélicos”.
Eu pergunto: onde está o Espírito Santo em tudo isso? Onde está a Palavra de Deus? Será que por “vida íntima” você quis dizer que começaram a ter relações sexuais? Se for isso então vocês estão sim vivendo em fornicação, ao menos segundo o conceito bíblico da palavra, pois não estão casados.
Meu conselho: busquem a Palavra de Deus e a direção do Espírito Santo em tudo. Fujam do pecado. A palavra de Deus diz que nossa luta não é contra a carne, portanto não tentem dominar a carne, simplesmente fujam do pecado e de tudo o que possa levá-los a pecar (vocês saberão discernir o que os leva a pecar).
Não é o equilíbrio que devem buscar, mas a santidade. Não o legalismo, que é tentar seguir regras de conduta, mas a direção do Espírito, lembrando que o Espírito nunca nos dirige em coisa alguma que seja contrária à sua Palavra.
Vou ser muito sincero e você certamente não irá gostar do que vou dizer. Os dois autores evangélicos cujos textos você enviou escrevem o que as pessoas querem ouvir. Baseio-me no que li dos artigos e da maneira como eles distorcem a Palavra de Deus e transformam a graça de Deus em dissolução.
(Jd 1:4) "Porque se introduziram furtivamente certos homens, que já desde há muito estavam destinados para este juízo, homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de nosso Deus, e negam o nosso único Soberano e Senhor, Jesus Cristo”.
Veja outras versões para o mesmo versículo:
(ARCA) "Porque se introduziram alguns, que já antes estavam ordenados para este mesmo juízo, homens ímpios, que convertem em luxúria a graça de Deus…”.
(CNBB) "É que se insinuaram certas pessoas, das quais desde há muito estava escrito o seguinte juízo: ímpios que abusam da graça do nosso Deus para a devassidão…”.
(NVI) "Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem…”.
(PAST) "De fato, infiltraram-se no meio de vocês alguns indivíduos que, desde há muito, estão inscritos para o julgamento. Eles são uns ímpios, que convertem a graça de nosso Deus em pretexto para a libertinagem…”.
Esse tipo de procedimento não é novidade e costumava ser adotado pelos falsos profetas do Antigo Testamento:
(2 Cr 18:12) "E o mensageiro, que foi chamar a Micaías, falou-lhe, dizendo: Eis que as palavras dos profetas, a uma voz, predizem coisas boas para o rei; seja, pois, também a tua palavra como a de um deles, e fala o que é bom”.
(Jr 23:16) "Assim diz o Senhor dos Exércitos: Não deis ouvidos às palavras dos profetas, que entre vós profetizam; fazem-vos desvanecer; falam da visão do seu coração, não da boca do Senhor".
Será que você busca o que diz a Palavra de Deus acerca do assunto ou quer apenas encontrar alguém que concorde? Você se justifica dizendo que “nunca nos traímos fisicamente falando”, mas isso não muda nada. Se eu pratico algo errado, as coisas certas que pratico dentro de um modo de vida errado não o transformam em certo.
Você diz que acredita estar casada, com base no relacionamento sexual que vocês mantêm, mas eu pergunto: Você pode realmente afirmar que está casada? O que torna o seu relacionamento diferente do de um casal que acaba de ir para a cama pela primeira vez? Em que momento desde a primeira vez de vocês você passou a acreditar que estava casada? No calor de sua paixão o casal troca juras de amor eterno, mas existe realmente um compromisso diante de Deus e dos homens? Um matrimônio é um compromisso público.
Quando você diz “não sinto acusação em minha consciência”, penso que isso só torna as coisas piores, pois o fato de você escrever para mim pedindo orientação demonstra que não está tudo tão bem assim. Por que você iria se dar ao trabalho de me escrever e expor como é seu relacionamento com o namorado se tem tanta certeza de estar fazendo a vontade de Deus. Ou será que apenas buscava mais um “autor evangélico” como os que citou para aumentar um pouco o número dos que são a favor de seu modo de pensar e sentir mais segurança? Nossas consciências podem ser cauterizadas quando teimamos em fazer a própria vontade.
Você alega que se tivessem condições financeiras e estivessem profissionalmente estáveis então cuidariam de regularizar sua situação para o status de casados. Mas 99% da população casada do planeta não tinha 100% de condições de se casar, e mesmo assim assumiu um compromisso público diante de Deus e dos homens.
O fato do casamento no cartório não ser citado na Bíblia não é um argumento válido. O Senhor esteve em Caná em um casamento, um evento público de comprometimento entre um casal, com testemunhas e tudo mais. Isso é entendido como um casamento na Bíblia e em qualquer cultura.
Achar que vivemos em uma época diferente e certas coisas podem ser feitas de modo diferente é um argumento perigoso para o cristão. Se nos deixarmos levar pelos costumes da época, então precisamos desconsiderar também o que a Bíblia diz sobre o aborto, o homossexualismo e o sexo descompromissado. Afinal, estas coisas já se tornaram bastante aceitas na sociedade moderna.
Você alega também que “seria muita maldade suprimir um amor erótico justamente na fase da vida quando este é mais intenso no ser humano”. O que a Bíblia diz sobre esta afirmação? (2Tm 2:22) "Foge também das paixões da mocidade”. Acho que não preciso explicar que paixões são essas.
Ao contrário do que você diz, os artigos desses “autores evangélicos” que enviou não são “embasados na Bíblia de forma crítica e sincera por estudiosos cristãos”. A verdade é que não passam de psicologia barata e cultura moderna, além de escreverem aquilo que é o desejo natural da carne. É um aval à libertinagem. Será que já falei sobre os falsos profetas da antiguidade que profetizavam aquilo que o povo queria ouvir? Sim, acho que já mencionei isso.
Se vocês se propõem a viver juntos para sempre e a assumir essa situação diante de Deus e dos homens, por que não passam em um cartório e regularizam esse compromisso? Não custa caro e há até casamentos gratuitos. "O novo código estabelece que todas as custas do casamento sejam gratuitas para as pessoas que se declararem pobres”.
Como lidar com a pornografia?
Sinto pelo transtorno que está passando com o vício de seu marido pela pornografia. Depois de tê-lo aconselhado, você nada pode fazer além de orar e entregar isso nas mãos do Senhor. A responsabilidade pelo modo de vida que ele escolheu é dele, não sua, e isso é ainda mais grave pelo fato de ele confessar o nome de Jesus.
Enquanto você não tem provas de adultério ou infidelidade, nada pode fazer no que diz respeito ao seu casamento, portanto deixe para o Senhor tratar com ele desse vício que ele tem por pornografia.
Uma grande dificuldade no casamento é que, apesar de serem uma só carne, nem sempre os dois têm um só pensamento, daí vermos tantas tristezas nessa área, tanto entre cristãos como incrédulos. Muitas vezes cabe à parte inocente apenas orar e esperar no Senhor, quando falharem todos os recursos normais, como o aconselhamento bíblico, por exemplo.
A pornografia pode se tornar um vício tão destrutivo quanto a bebida ou a droga, pois à semelhança destas ela não apenas causa danos ao viciado, mas também às pessoas ao seu redor. A primeira coisa que o viciado pensa — e inclua aí o vício da pornografia — é que ele está no controle, mas não está, e a prova disso é que não consegue se afastar de seu vício, vivendo escravo dele.
(2 Pe 2:19) "Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo [escravo]".
Como acontece com um viciado em drogas, o viciado em pornografia é insaciável e irá procurar doses cada vez maiores e mais perigosas. Aquilo que começa como uma aparente contemplação do designque Deus deu ao corpo feminino pode evoluir para as mais escabrosas formas de degradação humana, com perversões não encontradas nem mesmo entre os mais selvagens e irracionais dentre os animais.
Tudo isso vale também para o cristão que, apesar de salvo por crer em Cristo, ainda continua vivendo em um velho e corrupto corpo de carne enquanto estiver neste mundo. O cristão não deve se iludir achando-se imune à pornografia ou capaz de controlar seu contato com o pecado. Nenhum cristão está capacitado a resistir heroicamente aos apelos de sua carne, por isso a advertência que recebemos neste sentido é de fugir do pecado, não tentar lidar com ele.
A “concupiscência os olhos” é um dos três apelos que levaram o ser humano a cair em pecado e continuam fazendo.
(Gn 3:6) "E viu a mulher que aquela árvore era… agradável aos olhos…”.
(1 João 2:16) "Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo”.
Podemos muito bem incluir a pornografia entre as coisas que levam o homem a apresentar seus membros para servirem à imundícia, portanto algo de que um convertido a Cristo deve se fugir para viver voltado à santificação.
(Rm 6:19) "Falo como homem, pela fraqueza da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os vossos membros para servirem à justiça para santificação”.
A decoração de cidades romanas como Pompéia e Herculano, ou até mesmo antigos papiros egípcios, mostra que a pornografia sempre existiu. À medida que os costumes vão mudando, as formas mais antigas de pornografia passam a ser admiradas pelo homem moderno nas paredes dos museus apenas como uma forma de arte. Mas qualquer pessoa que entenda um pouco de arte sabe que muito do que hoje é visto nos museus não passa da versão antiga das atuais revistas masculinas ou sites eróticos.
Por isso o cristão não pode deixar-se levar pelo que a mídia propaga neste sentido, pois ela procura fazer da pornografia uma ferramenta para atrair audiência e lucrar. Provérbios 6 pode muito bem ser aplicado às modelos de “ensaios” pornográficos:
(Pv 6:25-28) "Não cobices no teu coração a sua formosura, nem te prendas aos seus olhos… Porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que suas vestes se queimem?… Ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?”.
Associe isto ao que o Senhor disse em Mateus 5:28 e você verá que a contemplação da sensualidade feminina não é algo para um cristão tratar como inofensivo: "Qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela”. Paulo alerta em 1 Coríntios 6:9 que coisas como a pornografia pertencem à vida que alguém tinha antes de sua conversão, e não à sua condição de salvo por Cristo.
Não cabe ao cristão lutar contra o pecado*, mas fugir dele. Muita gente não entende isso e tenta enfrentar o vício como um inimigo que deve ser vencido na base do enfrentamento. Não somos capazes de vencer nossa carne e nem somos chamados a lutar contra ela. Somos alertados a fugir, como José fugiu da mulher de Potifar.
[*Depois que escrevi isto fiquei em dúvida se estaria correto dizer que não devemos ‘lutar’ contra o pecado, pois há um versículo em Hebreus 12:4: "Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado”. Aparentemente aí diz que deveríamos sim lutar contra o pecado, mas ao consultar um dicionário grego percebi que o verbo “lutar” em Gálatas 5:17 é ‘epithumeo’, o que faz a passagem ter o sentido de “a carne deseja o contrário do Espírito”, enquanto em Efésios6:12 é ‘pale’ que tem o sentido de lutar mesmo, como em luta livre. Já em Hebreus 12:4 o verbo ‘combater’ é ‘antagonizomai’ e tem o sentido de antagonizar ou ser contrário a algo.]
O engraçado é que costumamos agir de modo contrário ao que Deus nos ordena, fugindo do diabo e lutando contra a carne para resistir aos seus apelos. Mas veja o que diz a Palavra de Deus:
(Ef 6:12) "Porque não temos que lutar contra a carne".
(1 Co 6:18) "fugi da prostituição". [lembrando que a pornografia é seu principal veículo de propaganda].
(Tg 4:7) "Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo, e ele fugirá de vós”.
(1 Pe 5:8) "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo”.
Portanto a ordem é: resistir ao diabo e fugir do pecado.
A pornografia é um mal que assola todo homem, mesmo cristão, porque o homem é mais estimulado pelo visual do que a mulher, daí existir um volume muito maior de pornografia direcionada ao homem do que à mulher. O homem pode também querer usar a pornografia como válvula de escape para a tensão do dia-a-dia, porém isso tem o mesmo efeito de se tentar fumar crack para relaxar: vicia.
Há também outro aspecto da razão da pornografia atrair o homem, e tem a ver com sua virilidade. Ele pode querer provar para si mesmo que é viril, que está funcional, como uma espécie de necessidade de autoafirmação. Então ele cai no laço da pornografia de uma maneira não muito diferente do laço armado pela mulher adúltera descrita em Provérbios 7, porque esta faz uso do apelo pornográfico para atrair sua presa para o seu leito. Leia o versículo abaixo pensando na “concupiscência dos olhos” da qual falei acima:
(Tg 1:15) "Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte”.
A diferença entre uma prostituta ou adúltera e uma modelo do mercado pornográfico está apenas no fato de esta última gerar em sua vítima a concupiscência que poderá levá-la a consumar a satisfação de seus desejos com outra. Portanto a pornografia pode muito bem ser encarada pelo cristão como a etapa sedutora do processo de infidelidade e adultério, e a mulher cristã deve ter isso em mente quando adota um comportamento histriônico sedutor.
O processo da mulher de Provérbios 7:7-27 não difere muito do apelo de um site pornográfico, tanto em sua causa como em suas consequências:
"Vi entre os simples, descobri entre os moços, um moço falto de juízo… No crepúsculo, à tarde do dia, na tenebrosa noite e na escuridão. E eis que uma mulher lhe saiu ao encontro com enfeites de prostituta, e astúcia de coração… Com face impudente lhe disse… Vem, saciemo-nos de amores até à manhã; alegremo-nos com amores…
Assim, o seduziu com palavras muito suaves e o persuadiu com as lisonjas dos seus lábios. E ele logo a segue, como o boi que vai para o matadouro, e como vai o insensato para o castigo das prisões; Até que a flecha lhe atravesse o fígado; ou como a ave que se apressa para o laço, e não sabe que está armado contra a sua vida.
Agora pois, filhos, dai-me ouvidos, e estai atentos às palavras da minha boca. Não se desvie para os caminhos dela o teu coração, e não te deixes perder nas suas veredas. Porque a muitos feridos derrubou; e são muitíssimos os que por causa dela foram mortos. A sua casa é caminho do inferno que desce para as câmaras da morte.”
Como também sou homem, portanto igualmente vulnerável aos apelos da pornografia, tenho na parede do local onde uso mais o computador e a Internet um versículo que me ajuda a lembrar de uma de minhas responsabilidades como cristão:
(1Tm 4:12) "Sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no trato, no amor, no espírito, na fé, na PUREZA”.
Portanto, o melhor remédio para um cristão manter-se puro e longe da pornografia é fugir dela. Para isso ele deve ser seletivo quanto àquilo que atrai seu olhar, fugindo de situações, revistas, livros, filmes e programas que explorem a sensualidade. Encontrei no site gotquestions.org algumas dicas práticas para quem caiu na rede da pornografia e está encontrando dificuldades para sair dela, ou até mesmo para qualquer um que não queira ser mais uma vítima:
1. Confesse seu pecado a Deus (1 Jo 1:9).
2. Peça a Deus para limpar, renovar e transformar sua mente (Rm 12:2).
3. Peça a Deus para encher sua mente com Filipenses 4:8.
4. Aprenda a manter seu próprio corpo em santidade (1 Tessalonicenses 4:3-4).
5. Procure entender o significado e a razão do sexo e limite-se ao seu cônjuge para atender às suas necessidades (1 Coríntios 7:1-5).
6. Entenda que se andar no Espírito você não atenderá às concupiscências da carne (Gl 5:16).
7. Adote ações práticas para reduzir seu contato com imagens sensuais, instalando bloqueadores de pornografia em seu computador, limitando seu uso da TV e vídeo e pedindo ajuda a outros cristãos para orarem por você e ajudarem a manter sua consciência de responsabilidade.
Acrescento aqui alguns versículos que também podem ajudar na busca de um melhor autocontrole. Qualquer coisa que nos domina estará impedindo a ação do Espírito Santo, que é quem deseja ter o controle sobre nós.
(Pv 25:27-28) "Comer mel demais não é bom… Como a cidade com seus muros derrubados, assim é quem não sabe dominar-se".
(1 Co 6:12) "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma".
(Gl 5:22) "Mas o fruto do Espírito é: amor, gozo, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança".
(Tt 2:11-12) "Porque a graça de Deus se manifestou, trazendo salvação a todos os homens, ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo SÓBRIA, e justa, e piamente,”.
(2 Pe 1:5-8) "Por isso mesmo, empenhem-se para acrescentar à sua fé a virtude; à virtude o conhecimento; ao conhecimento o domínio próprio…”.
(1 Pe 5:8) "Sede sóbrios, vigiai. O vosso adversário, o Diabo, anda em derredor, rugindo como leão, e procurando a quem possa tragar;”.
O cristão é chamado à liberdade, portanto ele é livre o suficiente para não ser presa, não apenas da prostituição, mas de quaisquer vícios, sejam eles a bebida, o tabaco, drogas, remédios, sexo, comida, ginástica, etc. Mas deve viver atento às ciladas do inimigo. É como viver com um detector Geiger, daqueles que medem a radiação atômica. Quando o ponteiro começar a subir o cristão deve imediatamente tomar o sentido contrário, pois se continuar naquela direção acabará contaminado.
O que você pensa do acelerador de partículas LHC?
Você perguntou sobre o que penso do acelerador de partículas LHC construído entre França e a Suíça. Na verdade eu não acho nada, porque sei muito pouco a respeito e não é absolutamente “a minha praia”. Tudo o que sei é que eles dizem que com um negócio assim será possível saber como surgiu o Universo. Bem, eu não precisei gastar tanto tempo e dinheiro para descobrir isso. Bastou ler o livro de Gênesis.
Mas aparentemente você perguntou tentando entender o que isso teria a ver com a profecia bíblica. Sei que tem gente que acredita que esse acelerador de partículas irá criar um buraco negro que desencadeará o fim do mundo, e há quem aposte que isso será em 2012, juntando Nostradamus, profecias Maias e interpretações erradas do Apocalipse. Enquanto isso, Hollywood vende ingressos para o evento.
Acreditar nessas coisas é duvidar da Bíblia, que menciona as catástrofes do fim como juízos que Deus derramará sobre a Terra, e não como consequência da inventividade humana. Os “verdes” seguem essa linha de pensamento. Não estou falando de ETs, mas de verde no sentido “green”, desses que veem qualquer atentado à natureza como o cumprimento das profecias bíblicas.
Mas quando lemos o livro de Apocalipse encontramos que a maior parte dos juízos virá do céu para a terra, isso é, de Deus para os homens, e são, também em sua grande maioria, juízos morais. Apocalipse é um livro de símbolos, no qual “mar” pode significar uma população, “sol, lua e estrelas” podem significar autoridades ou governantes, etc.
Não sou muito inclinado a tentar interpretar coisas específicas do mundo atual, com é o caso do tal acelerador de partículas, como estando relacionadas às profecias. Na década de 80 um irmão em Cristo costumava me dizer que a carestia e fome descritas em Apocalipse já estavam acontecendo, porque o Brasil passava por uma de suas muitas crises. Hoje, com a notícia de uma economia que cresceu 7,5% em 2010, ficaria difícil para aquele irmão me convencer disso.
Já li alguns textos que dizem que os escorpiões que aparecem em Apocalipse seriam helicópteros lançando mísseis (e vi até um livro que trazia uma ilustração de como seriam esses helicópteros apocalípticos!). Alguns interpretam a visão de Ezequiel 1 como aviões, porque fala de seres com quatro asas e a maioria dos aviões tem quatro asas, se contarmos os estabilizadores. Mas há quem discorde, dizendo que são helicópteros, porque Ezequiel diz que as asas se movem.
Existe um perigo em limitar assim a profecia, porque o dia em que os aviões ou helicópteros se tornarem obsoletos e os combatentes passarem a usar outras coisas, pode parecer que a Palavra de Deus estava errada, quando quem errou foram as pessoas que a interpretaram com base em sua própria época.
A verdade é que não estou muito preocupado com o fim do mundo, já que tenho certeza de meu destino pessoal. Que este mundo vai sofrer um bocado é um fato muito claro na Palavra de Deus. Mas é fato também que aqueles que creem em Jesus estão salvos eternamente e viverão nos “novos céus” (enquanto o povo terrenal de Deus viverá na “nova terra”). Além disso, tenho a bendita certeza dada pela Palavra de Deus:
O que os incrédulos podem esperar:
(Ap 6:16) "E diziam aos montes e aos rochedos: Caí sobre nós, e escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono, e da ira do Cordeiro;”.
O que Deus promete aos salvos:
(1Ts 1:10) "E esperar dos céus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a saber, Jesus, que nos livra da ira futura".
(1Ts 5:9) "Porque Deus não nos destinou para a ira, mas para a aquisição da salvação, por nosso Senhor Jesus Cristo,”.
(Ap 3:10) "Porque guardaste a palavra de minha paciência, também eu te guardarei da hora da provação, que está para sobrevir ao mundo inteiro, para provar os habitantes da terra”.
A questão não é saber se o fim virá através de um acelerador de partículas ou de qualquer tema apresentado no Discovery Channel, NatGeo, History Channel ou qualquer “channel” que mostra o que vender mais. A questão é ter a salvação assegurada pela fé em Jesus e em seu sacrifício na cruz.
Beber bebida alcoólica é pecado?
A bebida alcoólica, na forma de vinho, era consumida por Jesus e seus discípulos, não como forma de “droga” para embriagar, mas como parte integrante da refeição. Isso ainda é um costume muito comum em alguns países da Europa, onde até as crianças costumam levar um vinho mais fraco na lancheira da escola.
O uso do vinho chega a ser indicado na Bíblia em algumas situações, mas obviamente nunca em excesso ou visando a embriaguez:
(Ec 9:7) "Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe com coração contente o teu vinho, pois já Deus se agrada das tuas obras”.
(Sl 104:14-15) "[Deus] faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão, E o vinho que alegra o coração do homem, e o azeite que faz reluzir o seu rosto, e o pão que fortalece o coração do homem”.
(Am 9:14) "E trarei do cativeiro meu povo Israel, e eles reedificarão as cidades assoladas, e nelas habitarão, e plantarão vinhas, e beberão o seu vinho, e farão pomares, e lhes comerão o fruto”.
A Palavra de Deus também usa o vinho no sentido figurado como um símbolo de alegria espiritual (fazendo o mesmo com o leite ou o pão quando fala de alimento espiritual):
(Is 55:1) "O vós, todos os que tendes sede, vinde às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde, comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite”.
Paulo também indicou o vinho misturado com água para Timóteo curar seu problema de estômago:
(1Tm 5:23) "Não bebas mais água só, mas usa de um pouco de vinho, por causa do teu estômago e das tuas frequentes enfermidades”.
Muitos cristãos, na melhor das intenções de livrar as pessoas dos efeitos maléficos do excesso de álcool e da embriaguez, costumam fazer campanha pela erradicação completa da bebida alcoólica na vida do crente, mas isso é como aquela história do sitiante que, para acabar com o carrapato, matou sua vaca.
Quando perdemos de vista o lugar que o vinho ocupa na Bíblia, perdemos também de vista todo o significado espiritual que Deus quis nos passar quando usa o vinho, tanto de forma real como simbólica. Nunca devemos nos esquecer de que o primeiro milagre de Jesus foi justamente resolver o problema da falta de vinho em uma festa de casamento. O vinho que ele fez a partir da água foi elogiado como o melhor da festa.
(Jo 2:10) "E disse-lhe: Todo o homem põe primeiro o vinho bom e, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas tu guardaste até agora o bom vinho”.
Mas é inegável que a Bíblia condena a embriaguez ou qualquer tipo de excesso:
(Ef 5:18) "E não vos embriagueis com vinho, em que há contenda, mas enchei-vos do Espírito;”.
Os efeitos destrutivos da embriaguez (veja bem, da embriaguez e não do beber consciente como parte da refeição) são claramente mostrados em Provérbios:
(Pv 23:29-35) "Para quem são os ais? Para quem os pesares? Para quem as pelejas? Para quem as queixas? Para quem as feridas sem causa? E para quem os olhos vermelhos? Para os que se demoram perto do vinho, para os que andam buscando vinho misturado. Não olhes para o vinho quando se mostra vermelho, quando resplandece no copo e se escoa suavemente. No fim, picará como a cobra, e como o basilísco morderá. Os teus olhos olharão para as mulheres estranhas, e o teu coração falará perversidades. E serás como o que se deita no meio do mar, e como o que jaz no topo do mastro. E dirás: Espancaram-me e não me doeu; bateram-me e nem senti; quando despertarei? Aí então beberei outra vez”.
Eu me entristeço quando vejo hoje os jovens fazendo da bebida uma espécie de competição e troféu, como se fosse mais inteligente e capaz aquele que consegue beber mais. Ao contrário, dificilmente existe alguém mais estúpido do que aquele que deseja mostrar sua capacidade através do álcool. Quem precisa de álcool para tomar coragem não passa outra mensagem a não ser a da covardia.
O viciado é escravo do seu vício, não é livre, apesar de pensar que bebendo todas está demonstrando o quanto é dono do próprio nariz vermelho. Ele pensa ser capaz de dominar seu vício, mas não consegue. Qualquer coisa pode criar essa escravidão quando passa a nos dominar:
(2 Pe 2:19) "Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo”.
A embriaguez ou o excesso da bebida alcoólica é um pecado condenado pela Palavra de Deus, tanto quanto o excesso de comida. O engraçado é que tem muito cristão glutão e obeso que condena veementemente e de boca cheia a bebida alcoólica, mas nunca se deu conta de que comer demais é igualmente pecado!
Veja nas passagens abaixo que a bebedeira e a glutonaria estão lado a lado com a desonestidade, imoralidade, contenda, inveja, homicídio e idolatria:
(Rm 13:13) "Andemos honestamente, como de dia; não em glutonarias, nem em bebedeiras, nem em desonestidades, nem em dissoluções (imoralidade), nem em contendas e inveja”.
(Gl 5:21) "Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus”.
(1 Pe 4:3) "Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias;”.
Como saber quando parar de comer ou beber? Perguntando: “Será que o próximo prato ou o próximo copo é para a glória de Deus?”.
(1 Co 10:31-32) "Portanto, quer comais quer bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.
(1 Co 6:12) "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma".
O que você acha dos jargões cristãos?
Sua dificuldade está em se deve utilizar ou não certas frases que já se tornaram jargões evangélicos, como “a paz do Senhor”. Confesso a você que também tenho certa dificuldade neste sentido, não que seja errado saudar alguém com “a paz do Senhor”. O problema é que o mau uso disso pode ter destruído o seu significado.
Muitas palavras e frases que encontramos na Bíblia foram de tal modo deturpadas que às vezes nem sequer guardam mais seu sentido original quando usadas no mundo de hoje. É o caso da palavra “igreja”, que virou sinônimo de um prédio de pedras ou tijolos, e da palavra “pastor”, que no original significa um dom, mas virou um título honorífico dado a líderes eclesiásticos, alguns deles sem qualquer indício de terem recebido do Senhor o dom que leva o mesmo nome.
Um costume cristão, como é o ósculo ou beijo entre pessoas do mesmo sexo, também pode ser visto hoje tanto como imoral, por pessoas de pouca cultura, como moderno, por artistas e gente da alta sociedade. Como lidar com tudo isso para manter puros os significados do que dizemos e fazemos como cristãos? Sendo símplices como as pombas e astutos como as serpentes.
Vivemos em um mundo onde “ser crente” é logo identificado como ser seguidor de algum desses pregadores da prosperidade que pedem dinheiro na TV. Por isso, quando usamos certas frases que acabaram virando jargões cristãos, como “a paz do Senhor”, “irmãos”, “aleluia”, e outras, corremos esse risco, porque são expressões que foram deturpadas pelos próprios cristãos.
Muitos que se dizem cristãos hoje as utilizam mais no sentido de fincar bandeira no território inimigo do que em seu sentido puro. É o caso de falar “irmão fulano”, “irmão sicrano” na frente de incrédulos só para mostrar a eles que somos diferentes. Ou saudar um com “a paz do Senhor” e outro sem “a paz do Senhor” como forma de ferir o que tem uma conduta duvidosa.
Agir assim, isto é, com essa intenção distorcida, é fazer aquilo que era condenado em Êxodo 23:19: "não cozerás o cabrito no leite de sua mãe”. Isto é, usar o que Deus criou para dar vida, como forma de ferir e matar.
O homem religioso gosta de transformar as coisas de Deus em rótulos que os identifiquem como melhores do que as pessoas ao seu redor. Os judeus fizeram isso com a ordenança do Antigo Testamento de não costurar a barra dos vestidos. A franja assim formada pelo tecido desfiado era para que eles se lembrassem de cumprir os mandamentos de Deus.
(Nm 15:39) "E as franjas vos serão para que, vendo-as, vos lembreis de todos os mandamentos do Senhor, e os cumprais; e não seguireis o vosso coração, nem após os vossos olhos, pelos quais andais vos prostituindo”.
O que os judeus fizeram foi transformar algo que era para eles devia ser um lembrete de dependência de Deus em uma etiqueta de fidelidade para que outros vissem. Assim, muitos cristãos hoje fazem questão de usar esses jargões como forma de autoafirmação e também como um meio de exibicionismo, para serem vistos pelos homens.
(Mt 23:5) "E fazem todas as obras a fim de serem vistos pelos homens; pois trazem largos filactérios, e alargam as franjas das suas vestes,”.
Porém podemos cair no outro extremo e evitarmos tanto nos identificar com esses costumes e frases que acabamos adotando artificialmente uma aparência mundana, como se estivéssemos querendo dizer ao mundo: “Ei, vejam todos, somos iguaizinhos a vocês!”. É o caso dos evangélicos que inventam blocos carnavalescos, para se fazerem iguais aos foliões incrédulos, ou que promovem marchas para Jesus, para tentarem mostrar força diante de marchas do tipo “orgulho gay”.
É bom que as pessoas nos identifiquem com Cristo, que vejam que cremos no Salvador e na Palavra de Deus, e que vivemos separados do mundo, embora vivendo nele. Mas é péssimo que elas nos identifiquem como seguidores de uma religião ou das ilusões de prosperidade que são pregadas continuamente nos canais de rádio e TV.
Em Atos as autoridades que interrogavam os discípulos ficaram impressionadas com a desenvoltura deles, mas atribuíram isso por eles terem estado com Jesus, e não por pertencerem a alguma religião. Assim deve ser: devemos exalar o cheiro de Cristo por onde quer que andemos.
(Atos 4:13) "Então eles, vendo a intrepidez de Pedro e João, e tendo percebido que eram homens iletrados e indoutos, se admiravam; e reconheciam que haviam estado com Jesus”.
Se exalarmos o cheiro de uma religião isso só irá atrapalhar nosso testemunho e provavelmente será um empecilho para a salvação das pessoas com as quais entrarmos em contato.
Uma vez eu disse a uma jovem irmã em Cristo que não pertencia a nenhuma religião, mas que estava congregado com outros irmãos somente ao nome do Senhor, sem denominação, sem clero, sem templo, etc. Ela, tentando concordar, mas não concordando, disse que sempre que ia falar do evangelho para alguém, falava só de Jesus, e não mencionava que era presbiteriana.
Então eu perguntei por que ela não mencionava sua denominação e ela respondeu que isso poderia atrapalhar, pois a pessoa que estava sendo evangelizada poderia ter alguma coisa contra essas igrejas ou seus pastores e não querer aceitar a mensagem do evangelho.
Perguntei para ela por que ela ainda pertencia a algo que era obrigada a esconder das pessoas para evitar que atrapalhasse na salvação de uma alma. Ela não soube responder.
Por que João Batista é considerado menor?
De João Batista é dito que ele era o maior de todos os profetas, mas qualquer um no reino dos céus seria maior do que ele. Isso significa diferentes categorias de pessoas em diferentes épocas. Pessoas como João foram grandemente abençoadas, mas não tiveram os privilégios que têm hoje os salvos por Cristo.
(Mt 11:11) "Em verdade vos digo que, entre os nascidos de mulher, não surgiu outro maior do que João, o Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus é maior do que ele".
Existe uma distinção que é feita entre as diferentes classes de salvos. Por exemplo, fetos e crianças sem idade de entendimento estão salvos, mas não fazem parte da Igreja. Todos os que morreram na fé antes de Atos 2 também estão salvos, porém não fazem parte da Igreja porque não poderiam fazer parte de algo que ainda não existia. Em Mateus 16 o Senhor disse "edificarei a minha igreja”usando o verbo no futuro, ou seja, ela ainda não existia.
João Batista não fez parte da igreja. Ele e os outros que viveram antes da Igreja podem ser chamados de “amigos do noivo”, mas não de “noiva”, como são os cristãos do período da Igreja. A igreja é o conjunto dos salvos por Cristo que teve início no dia de Pentecostes descrito em Atos 2.
(Jo 3:27-29) "Respondeu João: O homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do céu. Vós mesmos me sois testemunhas de que eu disse: Não sou o Cristo, mas sou enviado adiante dele. Aquele que tem a noiva é o noivo; mas o amigo do noivo, que está presente e o ouve, regozija-se muito com a voz do noivo. Assim, pois, este meu gozo está completo”.
Depois do arrebatamento, quando Cristo vem à terra para estabelecer o seu reino de mil anos, você encontra também diferentes classes de pessoas descritas em Mateus 25: “bodes”, “ovelhas” e “pequeninos”. Começando pelos “pequeninos” ou “pequenos irmãos”, estes são os judeus que se converterão durante o período posterior ao arrebatamento. Muitos serão martirizados.
Ovelhas são as nações (lembre-se de que ali é um julgamento das nações ou povos) ou povos que receberam esses judeus, os protegeram, os esconderam, etc. durante as perseguições. É nessa época que o evangelho do reino (diferente do evangelho da graça) será pregado até os confins da terra
Finalmente os bodes são os que perseguiram os salvos desse período de tribulação. Os “bodes” são imediatamente julgados, mortos e condenados. Os “pequeninos” judeus e os gentios convertidos, ou “ovelhas”, é que habitarão no reino terreno de Cristo por mil anos. Enquanto isso, a igreja e as outras classes de salvos estão no céu.
A igreja tem começo, meio e fim. Ela começa em Pentecostes, é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas (do Novo Testamento), portanto não é algo do Antigo Testamento, e termina com o arrebatamento, que coincide com a “plenitude dos gentios” de que Paulo fala em Romanos 11:25 (existe uma diferença entre “plenitude dos gentios” e tempos dos gentios). Aí Deus encerra seu tratamento com a Igreja, que é tirada da terra, e volta a tratar com os judeus que, no seu aspecto de povo de Deus, no momento encontra-se, por assim dizer, “no gelo”:
(Rm 11:25-26) "Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades”.
Voltando ao que estava dizendo sobre João Batista, que era o menor no reino dos céus, é importante entender também que “reino dos céus” não é sinônimo de céu, já que inclui joio e trigo, ou falsos e verdadeiros, como aprendemos das parábolas.
Foi Deus quem falou?
Resumindo sua dúvida, você diz que escutou, no ônibus, a conversa entre duas mulheres, uma que dizia ter pensado em deixar a denominação onde estava, mas que Deus havia falado com ela para ela ficar lá que Deus tinha uma obra para ela naquele lugar. Sua dúvida só aumentou quando elas começaram a falar de suas experiências “espirituais”, como falar em línguas estranhas, dançar e pular nos cultos, etc.
Primeiro, sobre a tal revelação que a moça disse ter recebido, ela não tem base bíblica porque Deus não iria “revelar” a alguém que deve permanecer em algo que não seja da sua vontade. Se não encontramos na Palavra de Deus qualquer indicação de que devemos nos associar a uma denominação, então não devemos achar que Deus irá nos fazer uma revelação inédita neste sentido. Os apóstolos não pertenciam a denominações e devemos seguir seu exemplo.
E se entendermos que uma denominação, com seus templos, clero, listas de membros, etc., é algo contrário à sã doutrina, nossa responsabilidade é nos mantermos afastados disso. Deus, em sua Palavra, sempre ordena que nos apartemos da iniquidade, não o contrário. O certo não conserta o errado, mas o errado contamina o certo.
(Ag 2:12-13) "Se alguém levar carne consagrada na borda de suas vestes, e com ela tocar num pão, ou em algo cozido, ou em vinho, ou em azeite ou em qualquer comida, isso ficará consagrado? Os sacerdotes responderam: Não. Em seguida perguntou Ageu: Se alguém ficar impuro por tocar num cadáver e depois tocar em alguma dessas coisas, ela ficará impura? Sim, responderam os sacerdotes, ficará impura".
(Mt 16:6-12) "Disse-lhes Jesus: Estejam atentos e tenham cuidado com o fermento dos fariseus e dos saduceus… Então entenderam que não estava lhes dizendo que tomassem cuidado com o fermento de pão, mas com o ensino dos fariseus e dos saduceus”.
(1 Co 5:6) "Não é boa a vossa jactância. Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa? Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estais sem fermento”.
(2Tm 2:19) "Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade".
(Jr 15:19) "Portanto assim diz o Senhor… se apartares o precioso do vil, serás como a minha boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles".
Felizmente, para qualquer dúvida quanto ao que vem de Deus e o que não passa de pura carne, temos a Palavra de Deus e a obrigação de buscar nela as respostas. Pelo que você descreveu as duas mulheres parecem fazer parte de alguma religião pentecostal.
O movimento pentecostal tem sido um dos maiores inimigos do cristianismo bíblico, por dar mais ênfase e autoridade às sensações do que à própria Palavra de Deus. Quando você confronta a experiência mística ou sensações de um pentecostal com o que a Bíblia ensina, ele irá preferir ficar com a experiência. O catolicismo faz isso com a tradição dos patriarcas (papas), que sempre se sobrepõe à Bíblia quando ocorre alguma discrepância.
Para um pentecostal de nada adiantará você mostrar a Palavra de Deus, porque se ele teve alguma experiência mística irá acreditar no que sentiu e não no que Deus disse na sua Palavra. O problema é que isso lança muitos crentes sinceros, que pertencem a denominações pentecostais, em um terrível lamaçal de incertezas. Por serem sinceros, eles não conseguem ter essas mesmas experiências místicas ou associar alguma experiência emocional como se fosse uma experiência espiritual. Então são tachados de incrédulos ou fracos na fé, ou ainda de pessoas que ainda não têm o Espírito Santo por não terem falado em alguma língua estranha ou passado por alguma espécie de transe.
Quando você substitui o puro evangelho por sensações está substituindo Cristo pelas emoções da carne. Ou seja, se você sentiu emoções, então pode ter certeza de que se converteu; se não sentiu, então deve duvidar da legitimidade de sua conversão. Uma religião assim está mais para o Roberto do que para a Bíblia: “Se chorei ou se sorri, o importante é que emoções que vivi”.
Talvez o maior problema do pentecostalismo esteja em pregar um misto de salvação por fé e obras: você é salva pela fé em Jesus, mas precisará perseverar, se esforçar muito (ou ter experiências místicas) para se manter salva até o final. O pentecostalismo interpreta erroneamente o "quem perseverar até o fim será salvo” do versículo de Mateus 24:13 como salvação da alma, quando ali o assunto todo é de salvação da vida, de se evitar a morte e entrar vivo no reino terrenal de Cristo. A passagem também se refere aos judeus e ao tempo da grande tribulação, uma época quando a Igreja já não estará na terra.
Obviamente, se você perguntar a um pentecostal se ele tem certeza absoluta de sua salvação, ele não poderá dizer que tem. A salvação para ele é uma loteria: se Cristo voltar justo na hora em que estiver fazendo algo de errado, não importa o quão fiel foi até ali: ele está perdido.
Mas, se o pentecostal responder que sim, que está certo de sua salvação eterna, é bem provável que você esteja diante de um hipócrita que se considera justo em todos os seus caminhos. Os fariseus eram bem assim. Considerando que, pela doutrina pentecostal que aprendeu, ele considera que a salvação só será dada a quem perseverar até o fim, sua certeza está em sua própria capacidade de perseverar. Sempre que alguém adota uma posição assim acaba levando uma vida de hipocrisia, querendo parecer ser o que na realidade não é. Podemos enganar os homens, mas Deus não se deixa enganar.
Felizmente a Palavra de Deus diz claramente que o crente já tem sua salvação assegurada no momento em que crê em Jesus, e que o Espírito Santo lhe é dado como a garantia dessa salvação. Se alguém não tem o Espírito, esse tal nem é de Cristo, portanto ainda é um incrédulo perdido. Mas a confusão que o pentecostalismo cria ao interpretar que o recebimento do Espírito se dá por meio de uma experiência mística e sensorial só deixa pessoas na dúvida.
(Jo 5:24) "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida".
(Ef 1:13) "Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa”.
(Rm 8:9) "Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele".
Outro grave problema do pentecostalismo é achar que Deus está hoje falando como falava com os profetas do Antigo e Novo Testamento, uma época quando ainda não havia a Palavra de Deus completa como fonte segura de referência para o crente. Então qualquer pentecostal hoje se acha no direito de chegar a você dizendo que “Deus lhe disse isso e aquilo”. Como contestar algo que alguém me diz se ele começa dizendo “Deus me disse para dizer a você isso e aquilo”? Sem qualquer temor, a pessoa usa o nome de Deus em vão para dar peso e autoridade aos seus próprios devaneios.
O problema é que “infelizmente” hoje já não se apedreja os falsos profetas como faziam os israelitas na Lei do Antigo Testamento. Uma vez ouvi o caso de uma “pastora-profetiza” que, durante o culto de sua denominação, apontou para uma moça e disse que o Espírito estava revelando que ela iria se casar com o rapaz na outra fileira (e apontou o dedo para um rapaz). Ao que a moça retrucou: "Mas, pastora, eu já sou casada!”. E a profetiza de araque consertou: "Se não fosse…”.
Quem vive dizendo “Deus me disse isso… Deus me falou aquilo… Deus mandou avisar você que…” não imagina a encrenca em que está se metendo por usar levianamente o nome de Deus e colocar na boca de Deus coisas que não passam de pensamentos e ideias da própria carne.
(Dt 18:20) "Porém o profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em meu nome, que eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses, esse profeta morrerá”.
Há quem fique reticente na hora de julgar ou duvidar da palavra dessas pessoas, geralmente por ser algum pregador famoso ou um “clérigo” de sua denominação, mas a própria Palavra de Deus nos dá a responsabilidade e autoridade para julgarmos tudo o que é falado em nome do Senhor.
(1 Co 14:29) "E falem dois ou três profetas, e os outros julguem" [o que foi falado].
(Dt 18:22) "Quando o profeta falar em nome do Senhor, e essa palavra não se cumprir, nem suceder assim; esta é palavra que o Senhor não falou; com soberba a falou aquele profeta; não tenhas temor dele".
As organizações religiosas não vêm de Deus?
Sim, realmente tudo o que você escreveu aconteceu: várias igrejas locais foram surgindo e todas elas tinham o aval divino para se organizarem. Mas existe uma diferença enorme entre aquela situação e o que vemos hoje. A igreja era uma só, apenas manifestada localmente pelas diferentes igrejas ou assembleias que, evidentemente, não eram independentes entre si e tinham plena comunhão umas com as outras.
Naquele tempo tudo era semelhante ao que é hoje o Exército Brasileiro. Existe um só exército, porém ele está representado localmente em todas as cidades através dos quartéis e “Tiros de Guerra”. Ninguém jamais ousaria fundar outro exército.
Porém o que vemos hoje não são manifestações locais da única e mesma igreja, mas diferentes igrejas independentes, fundadas sobre diferentes fundamentos, lideradas por diferentes homens e até mesmo identificando a si mesmas e aos seus membros diferentemente, cada uma com sua própria denominação. Nem precisamos nos debruçar muito sobre a questão para percebermos que um projeto assim não veio de Deus, mas do homem.
O que fazer numa situação assim? Sair desse “arraial” religioso para voltar aos princípios encontrados no Novo Testamento: estar congregado somente ao nome de Jesus (sem nenhum outro nome ou identidade); ter a ele no centro como motivo de nossa reunião (e não um pregador, uma banda, uma doutrina, etc.) e; livrarmo-nos de qualquer nome ou denominação que nos faça distintos de nossos irmãos salvos por Cristo e nos identifique por uma denominação que não possa ser usada por todos sem distinção.
Para isso primeiro é preciso reconhecer que as divisões criadas pelo homem na forma das diferentes denominações é um pecado do qual Deus não quer que tomemos parte. Mas, antes que nos venha qualquer ideia de “começar algo melhor”, é preciso reconhecer que existe uma igreja da qual todos os salvos fazem parte, mesmo aqueles que não estejam congregados conosco, e em qualquer lugar sempre encontraremos pessoas iguais.
Portanto não se trata de nos livrarmos de alguns erros, mas de abandonar todo o princípio denominacional e sectário que é contrário à Palavra de Deus. É errado cristãos serem deste ou daquele, e mais ainda alguns se acharem como os que são de Cristo, como se os outros não fossem.
(1 Co 1:11-13) "Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido?".
(1 Co 3:3-4) "Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?".
Considerando que todas essas denominações, em maior ou menor medida, têm suas próprias formas de governo e eleição de líderes, precisamos também entender como a liderança local era levantada na igreja no princípio e como deveria ser também hoje.
Se você buscar nas Escrituras sem qualquer preconceito implantado em sua mente pelo denominacionalismo, verá que não podemos ter hoje qualquer indício de uma classe sacerdotal como havia no Antigo Testamento. Hoje cada crente é um sacerdote apto para entrar na presença de Deus sem qualquer intermediário que não seja o próprio Jesus, nosso único e suficiente Sumo Sacerdote. Tendo isto em mente evitamos cair no erro do clericalismo, hoje tão difundido na cristandade, o qual separara os crentes em duas classes: clero (ou liderança) e leigos.
Então nos resta entender a figura do “pastor” evangélico ou “padre” católico, coisas que não encontramos na Palavra. Segundo a Palavra de Deus, pastor é um dom, não um posto de liderança. Por ser um dom, é concedido pelo próprio Senhor, não por uma junta de homens, o mesmo ocorrendo com os dons de mestre ou doutor e evangelista.
(Ef 4:11-12) "E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, Querendo o aperfeiçoamento dos santos, para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo;”.
Desnecessário é dizer que os outros dois dons destinados à edificação da igreja, que são apóstolose profetas, já não existem por terem sido responsáveis por formar o fundamento ou alicerce.
(Ef 2:19-20) "Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento (alicerce) dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina;”.
Hoje estamos na época das pedras que compõem as paredes, não o alicerce. Nestas sim há os dons de pastor, evangelista e mestre atuando, cada um na sua função e de modo universal.
(Ef 2:21-22) "No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”.
(1 Pe 2:5) "Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo”.
Nenhum destes dons (pastores, evangelistas e mestres) é limitado a uma assembleia local, por terem sido dados à igreja como um todo, portanto é errado limitar a atuação de qualquer um deles a uma assembleia local (não existe base bíblica para dizer algo como “o pastor da igreja tal” referindo-se ao dom de pastor). Eles tampouco ocupam um papel de liderança (exceto os anciãos que são chamados de “pastor” em algumas passagens, mas no sentido de presbíteros ou supervisores do rebanho).
Os evangelistaspregam o evangelho aos incrédulos, os pastoresapascentam ou cuidam do bem estar daqueles que se tornaram ovelhas de Cristo, e os mestres ou doutores as alimentam com a sã doutrina. Uma bela exposição disso você encontra em Atos 11:20 em diante.
Resta saber o papel dos presbíteros (anciãos) em tudo isso. Estes sim ocupam uma função ou ofício, independente dos dons que possuam, e são funções locais, não universais. Um ancião na assembleia de Corinto não era ancião da assembleia de Éfeso e vice-versa (embora obviamente fossem reconhecidos por seu trabalho local em sua assembleia de origem). É bom lembrar que não existia um único presbítero ou ancião numa localidade, mas a designação sempre aparece no plural: “anciãos”, “presbíteros”, “bispos” — neste caso são sinônimos.
Nas passagens onde você os encontra sendo chamados de “pastores” (Hb 13:7 e 17), também no plural, por sua função ter algumas características de cuidado e pastoreio. A palavra "presbítero” poderia ser traduzida em termos modernos como "supervisor”. Então encontramos "supervisores”, e não "diretores”, nas assembleias bíblicas. Supervisoré quem observa, vigia, acompanha, etc. Diretoré quem dirige, mas ninguém pode querer dirigir o que o Espírito Santo de Deus já faz por ser esta a sua função.
(1 Co 12:11) "Mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas, repartindo particularmente a cada um como [Ele, o Espírito, e não um homem] quer”.
(2 Co 3:17) "Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade”.
Alguém que se arvore na condição de “dirigente” dos santos quando estes estão reunidos, dizendo que fulano deve fazer isso, sicrano deve fazer aquilo, beltrano deve fazer aquilo outro, precisa pensar duas vezes no que está fazendo, pois pode estar usurpando uma posição que não lhe pertence. Alguns cristãos erroneamente interpretam a liberdade do Espírito nas reuniões como o líder ou “pastor” distribuir tarefas durante o culto, mas isso nada tem a ver com a liberdade e direção do Espírito. Trata-se de um homem fazendo um papel que não é dele.
Você encontra na Palavra de Deus três indicações para se chegar ao posto de presbítero, ancião ou bispo, o que é a mesma coisa e deve ser entendida como uma função de supervisão. Primeiro há o desejo por este trabalho:
(1Tm 3:1) "Esta é uma palavra fiel: se alguém deseja o episcopado, excelente obra deseja”.
A passagem continua falando dos atributos morais e pessoais de quem almeja essa posição: irrepreensível (idôneo), monogâmico, vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, apto para ensinar, não dado ao vinho, não espancador, não ganancioso, moderado, não contencioso, não avarento (que adora dinheiro), bom pai de família, não neófito e com bom testemunho entre os incrédulos também. Enfim, alguém de reputação sem mancha. Obviamente não é o caso dos muitos que se intitulam a si mesmos “bispos” que vemos hoje na cristandade.
Mas não bastava desejar tal posição e ter uma boa reputação: era preciso ser indicado para o cargo. Então aí entra a passagem de Tito que você citou, mas não a outra (1Tm 4:13-14) que não se trata de delegar tal ofício ao jovem Timóteo, mas sim de animá-lo a exercer o seu dom. Lembre-se, dom é uma coisa, ofício é outra. Ficamos, portanto, com Tito 1:5
"Por esta causa [eu, Paulo] te deixei em Creta, para que [tu, Tito] pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade [tu, Tito] estabelecesses presbíteros, como já [eu, Paulo] te mandei [a ti, Tito]”.
Não me lembro de outra passagem na Bíblia que fale de alguém estabelecendo presbíteros nas assembleias. Agora observe a passagem e responda a estas perguntas: Quem ordenou o estabelecimento dos presbíteros de cidade em cidade? A quem foi dada esta ordem? Se você respondeu “Paulo” e “Tito”, acertou. Trata-se de uma ordem direta de um apóstolo a uma pessoa de nome Tito, e não de uma instrução geral do tipo: “irmãos, estabeleçam presbíteros de cidade em cidade”.
Portanto, o que temos na passagem é uma autoridade apostólica (Paulo) delegando um poder ou autoridade a uma pessoa. Trata-se de uma procuraçãocom dois nomes nela, Paulo e Tito, mais ninguém. Acho que você já entendeu que qualquer outro que queira se apropriar deste poder está indo além do teor dessa procuração. Paulo não está mais entre nós, e tampouco estão os outros apóstolos, portanto ninguém mais tem tal "procuração” para sair por aí estabelecendo presbíteros.
Mas será que isto quer dizer que hoje não existem mais presbíteros? Ao contrário, eles continuam existindo sim, porque há outra forma de serem estabelecidos. É aí que entram as instruções de Paulo para um tempo que viria depois de sua partida, em Atos 20:17 em diante:
(Atos 20:28) "Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o espírito santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue… Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”.
Aqui você encontra que foi o Espírito Santo quem constituiu aqueles bispos (ou presbíteros ou anciãos, que é a mesma coisa), e que após sua partida Paulo não os encomendava a algum outro apóstolo para ocupar seu lugar, mas a Deus e à Palavra. Hoje não temos mais Paulo e os outros apóstolos, mas continuamos a ter o Espírito, Deus e a Palavra.
Resumindo o que escrevi até aqui, temos pessoas que almejam o ofício de presbítero, temos Paulo designando particularmente Tito para uma missão específica, e temos presbíteros constituídos diretamente pelo Espírito Santo. São estes os presbíteros que temos hoje, e não os designados por Tito por delegação de Paulo.
Alguém que é levantado pelo Espírito não é designado, eleito ou ordenado por um homem ou por uma junta de homens. Portanto, embora ele possa até sentir que a si cabe tal responsabilidade, mas não pode ser ordenado como tal porque ninguém hoje tem autoridade para tanto. Ele pode, porém, ser reconhecido pelos irmãos de sua localidade como alguém que demonstra responsabilidade pela supervisão(“presbitério”) do rebanho. Eu reconheço irmãos que fazem tal trabalho, mas não os chamo de “bispos”, “presbíteros” ou algum título, porque fazer isso seria até pretensão, e vou explicar a razão.
Você sabe que biblicamente as assembleias ou igrejas eram distribuídas por localidades geográficas (não por diferentes denominações). Então havia a igreja (a mesma igreja de Deus) que estava em Corinto, que estava em Éfeso e assim por diante. Hoje continua do mesmo jeito. Deus reconhece a sua igreja que está na cidade “A”, que está na cidade “B” e assim por diante. Nem preciso dizer que Deus não reconhece denominações, pois não há fundamento bíblico para tal. Muito bem: quem são os presbíteros da cidade “A”? Todos aqueles crentes na cidade “A” que o Espírito Santo constituiu para supervisionarem o rebanho de Deus que fazem parte da igreja de Deus que está na cidade “A”.
Quando você entende isto, acaba percebendo que seria muito orgulho e pretensão uma pequena parcela dos crentes da cidade “A” — constituídos como uma comunidade, denominação ou mesmo reunidos somente ao nome do Senhor — decidir eleger alguns de seu grupo como os presbíteros da cidade “A”. E os outros?
Espero que isto lhe dê uma visão clara de como é o governo estabelecido por Deus para a sua igreja, algo muito diferente daquilo que você encontra nos milhares de sistemas ou organizações religiosas que os homens criaram e denominaram segundo seus próprios caprichos.
O arrebatamento vem sem sinais?
Muitas pessoas estranham quando ouvem dizer que não há qualquer sinal ou evento precedente ao arrebatamento. A alegação de muitos é a mesma que você colocou: Se Jesus prometeu que os que cressem nele teriam sua fé acompanhada de sinais e maravilhas, por que estas coisas não fariam parte da vida daqueles que serão arrebatados?
O grande problema do modo como muitos cristãos encaram os sinais é que fazem isso de uma maneira egoísta. Isto é, a pessoa acha que ao crer em Cristo irá adquirir superpoderes como um personagem X-Men dos filmes e gibis. Isso é a carne querendo ser alguém nesta vida, ao invés de viver uma fé constante e focada em Jesus, para que seja ele o centro das atenções.
É claro também que esses cristãos obcecados por sinais não percebem que os sinais que vemos nos evangelhos ou em Atos não eram para benefício da pessoa que os praticava, mas para os outros. Jesus não precisava de milagres para si e nem os praticou quando passou fome no deserto quando foi tentado. O sussurro de Satanás ainda ecoa nos ouvidos de muitos crentes hoje: "… dize a esta pedra que se transforme em pão… dar-te-ei a ti todo este poder e sua glória… lança-te daqui abaixo…”Lucas 4.
A atual ocupação de cristãos com sinais e maravilhas nada tem a ver com o benefício de outros ou a glória de Deus, mas com a própria glória. Nada mais é do que sede de poder e influência sobre as pessoas. Se estivéssemos satisfeitos em ter a Jesus e nos ocupássemos mais com o Deus dos sinais, não ficaríamos tão obcecados pelos sinais de Deus. Mas vamos à passagem que citou:
(Mc 16:15-18) "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado. E estes sinais seguirão aos que crerem: Em meu nome expulsarão os demônios; falarão novas línguas; Pegarão nas serpentes; e, se beberem alguma coisa mortífera, não lhes fará dano algum; e porão as mãos sobre os enfermos, e os curarão”.
É importante entender quando e para quem uma ordem foi dada. É o caso aqui: o Senhor morreu e ressuscitou, reencontrando seus discípulos antes de subir ao céu. Naquele momento eles eram judeus que deviam pregar as boas novas a toda criatura, batizar as pessoas e provar que aquilo vinha de Deus por meio de sinais e milagres.
Querer fazer daquela capacidade algo para si mesmo seria fazer o que Tiago e João fizeram um tempo antes: (Lc 9:54-55) "E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois”.
Os apóstolos e discípulos ainda não eram membros do corpo de Cristo, a Igreja, algo que só seria criado mais tarde (Atos 2), portanto estavam ali no mesmo caráter em que estarão os judeus fiéis que se converterão após o arrebatamento e sairão pelo mundo pregando.
Mesmo quando a igreja foi criada, os primeiros discípulos do Senhor tinham uma mensagem muito específica aos judeus, que eram os primeiros que Deus queria alcançar. Então no início os vemos concentrados na pregação aos judeus e até mesmo colocando dúvidas e empecilhos quando alguns gentios passaram a fazer parte da igreja.
Havia uma distinção no modo como judeus e gentios receberiam a mensagem. Os judeus eram pragmáticos, deviam ver para crer. Os gentios, vindos de uma cultura influenciada pelos gregos, estavam mais interessados em sabedoria, todavia sabedoria humana. É disso que Paulo fala aqui:
(1 Co 1:22-23) "Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos”.
Está bastante claro para mim que os sinais que foram dados no início tinham por objetivo provar aos judeus que aquilo era uma obra de Deus. Esta foi a tônica do discurso de Pedro aos judeus de várias nações que estavam em Jerusalém, pois o próprio Jesus tinha entrado em cena acompanhado de sinais e maravilhas:
(Atos 2:22) "Homens israelitas, escutai estas palavras: A Jesus Nazareno, homem aprovado por Deus entre vós com maravilhas, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis;”.
Os sinais e milagres oferecidos aos judeus tinham também um respaldo profético, e tanto serviam para comprovar para eles que Deus estava fazendo uma obra, como para aumentar sua responsabilidade caso não cressem:
(1 Co 14:21) "Está escrito na lei: Por gente de outras línguas, e por outros lábios, falarei a este povo (os judeus); e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor”.
Mas sua dúvida foi mais específica, ou seja, por que o arrebatamento não depende de sinais prévios para acontecer, enquanto a vinda de Cristo para Israel será precedida de sinais e eventos catastróficos. Bem, creio que o que escrevi já responde a boa parte ou talvez a totalidade de sua dúvida.
Na vinda de Cristo o Senhor vem para Israel e isso trará também uma convulsão ao mundo e aos poderes estabelecidos, porque Israel é o seu povo terreno. Em sua vinda para a igreja, no arrebatamento, ele vem tirar do mundo os que não são do mundo e para os quais preparou um lugar no céu. Não há razão para mexer nas coisas daqui quando o objetivo é nos levar para lá. Em sua vinda para Israel ele vai estabelecer o seu Reino, portanto nada mais natural que tudo seja demolido antes de ser reconstruído.
É claro que podemos notar que o palco está sendo montado para a peça, com alguns cenários sendo construídos e os atores fazendo o aquecimento. Mas a peça mesmo só começa quando a Igreja sair do teatro. Se Paulo aguardasse por qualquer coisa para ocorrer antes de ser arrebatado, ele certamente não diria "nós, os vivos… seremos arrebatados”.
Paulo tinha discernimento espiritual suficiente para saber que afirmações como "este evangelho do reino será pregado em todo o mundo, em testemunho a todas as nações, e então virá o fim” (Mt 24:14) não podia se referir a um evento precedente ao arrebatamento, porque levaria anos até que todos escutassem a mensagem. Além disso, Paulo não tinha essa obsessão por sinais e maravilhas que muitos cristãos, principalmente pentecostais, hoje têm .
(Rm 8:24-25) "Porque em esperança fomos salvos. Ora a esperança que se vê não é esperança; porque o que alguém vê como o esperará? Mas, se esperamos o que não vemos, com paciência o esperamos”.
Quem precisa “ver para crer”, ou vive embasbacado de interesse por conspirações de sociedades secretas ou “illuminati” querendo dominar o planeta, datas do fim do mundo, invasões alienígenas, catástrofes atômicas e ambientais, ou profecias maias, precisa rever sua expectativa da vinda do Senhor. Afinal, o que essa pessoa espera: pela Pessoa de Jesus ou por um circo de atrações hollywoodianas?
O Dalai Lama será salvo?
Você viu meu vídeo “O caminho” e sua dúvida é se o Dalai Lama será salvo. Sim, o Dalai Lama será salvo, desde que creia em Jesus como seu Salvador. Embora apenas Deus conheça o coração do homem, ao que tudo indica o Dalai Lama ainda não creu no Salvador, e isto se deduz de sua permanência na religião budista tibetana (uma das muitas correntes do budismo).
Não é simples analisar o budismo, pois assim como aconteceu com o cristianismo, o budismo descambou em tantas crendices e diferentes formas de idolatria que hoje qualquer ocidental menos avisado poderá achar uma maravilha seguir sua versão diluída e adaptada ao gosto ocidental.
Além disso, hoje é "in” dizer que é budista, graças aos livros como “Comer, Rezar e Amar”, que servem uma salada de budismo, hinduísmo e outros ismos. Ai daquele que ousar dizer que as celebridades que adotam tais crenças estão erradas. Por outro lado, é "out” dizer que é cristão ou “crente”, graças aos mercadores da fé que vendem suas soluções milagrosas no rádio e TV.
Basicamente há duas correntes maiores no budismo, uma mais antiga e tradicional, e uma moderna e liberal. É preciso lembrar também que o budismo se misturou ao hinduísmo em alguns países.
Cristãos que “namoram” o budismo do Dalai Lama realmente não conhecem a Bíblia ou o cristianismo bíblico. Talvez você não saiba, mas nos anos 70 eu peregrinei pelas crenças espiritualistas. Antes de minha conversão a Cristo, quando andava metido em espiritualismo, o budismo estava em minha prateleira de energéticos religiosos. Ele ficava ao lado de outras drogas (no sentido medicinal) como hinduísmo, espiritismo, teosofia, xintoísmo, etc.
Sidarta Gautama (o Buda) estava entre os ídolos que eu prezava, um nível acima de John Lennon (“Imagine”) e ao lado de outros “espíritos elevados”, como Madame Blavatsky, Carlos Castañeda, Sri Aurobindo, Alan Kardec, Swami Prabhupada, Krishnamurti, Masaharu Taniguchi, George Ohsawa, Ellen G. White, Michel Quoist, Erich von Däniken, Pietro Ubaldi, Saint Germain, Huberto Rohden, Khalil Gibran, Hermógenes, Louis Pawels, Jaques Bergier, Lobsang Rampa, Tomio Kikuchi, J. J. Benitez, Lao-Tzu, Rudolf Steiner e outros. Nessa época eu tinha Jesus na mesma prateleira dos “espíritos elevados” ou “evoluídos”, antes de transferi-lo para seu lugar de Senhor em meu coração.
Na época eu lia religiosamente (é até gozado falar “religiosamente”) todos os exemplares da revista “Planeta”, comia só macrobiótica e me fantasiava de humilde, vestido num camisão feito de pano de saco de farinha, jeans surradas e sandálias monásticas. Uma bolsa de lona com um pão integral dentro completava minha santa, piedosa e desprendida aparência.
Quando me converti (em 1978) dei uma verdadeira cambalhota e entendi a grande diferença entre o verdadeiro cristianismo bíblico e aquela bobagem toda que me fez vagar no limbo da incerteza por alguns anos. Tinha uma biblioteca considerável desses autores, mas minha conversão não apenas me tornou uma nova criatura em Cristo Jesus, como também deu aos livros um novo destino. Como na época a reciclagem ainda não era moda, hoje eles ocupam um estrato profundo do solo de algum lixão no Guarujá, onde morava quando me converti.
Mas vamos aos fatos: o budismo é totalmente incompatível com o cristianismo por negar justamente sua essência: DEUS. Apesar de você encontrar similaridades, como o amor e respeito ao próximo, na essência as duas coisas não têm nada em comum. Não existe Deus no budismo. Alguém poderá contestar talvez por estar seguindo uma corrente moderninha da crença, mas se pesquisar a fundo irá ver que é isso mesmo.
Além disso, o budismo tradicional não inclui coisas como fé, adoração, oração, louvor, perdão de pecados e outras coisas tão comuns a uma civilização judaico-cristã. Obviamente, como eu já disse, o budismo original descambou em inúmeras crenças e hoje você encontra até divindades budistas e o próprio Sidarta Gautama sendo considerado um deus onisciente por alguns de seus seguidores.
Por outro lado, toda a fé cristã está concentrada na crença básica de que existe um Deus Criador e pessoal, isto é, capaz de interagir com os seres humanos. O budismo não tem nada a ver com Deus, portanto qualquer pessoa que diz crer em Deus não é budista, e vice-versa. Este é um grande problema nos países orientais, principalmente em momentos trágicos como o do tsunami no Japão.
Qualquer ocidental, criado numa cultura judaico-cristã, que se visse livre da tragédia poderia dizer “graças a Deus”; se tivesse perdido tudo e todos, poderia clamar “meu Deus, me ajude!”; se tivesse esperança de recomeçar, poderia dizer “Se Deus quiser… com a ajuda de Deus…”. É assim que fazemos, nem tanto por fé pessoal, mas até por bagagem cultural. Mas já é um conforto.
Agora pense em um japonês budista e no quanto ele está sozinho nessa hora. É claro que estou falando do budismo original, e não da versão tibetana do Dalai Lama ou “lamaísmo”, que é cheia de divindades, espíritos, ídolos e pequenos deuses. Basta ler um pouco sobre aqueles monastérios tibetanos para ver o quanto estão imersos em superstição e demonismo.
Há muitas outras diferenças. O budismo crê na reencarnação, a Bíblia diz que "aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo” (Hb 9:27).
O budismo acredita no carma, que mal traduzido seria uma ideia de pecados, e que é possível desfazer-se deles por meio de muitas reencarnações e pelo esforço individual. No cristianismo o homem é pecador e não há nada que ele próprio possa fazer para se livrar desse estigma. Assim como a justiça humana demanda uma pena ou juízo para o infrator, a justiça divina é mais que perfeita neste sentido. Ninguém escapa do juízo de Deus, a menos que o próprio Deus forneça um réu substituto, que foi exatamente o que fez ao enviar o seu Filho para pagar o preço devido pelo pecador. Jesus sofreu, na cruz, o juízo divino contra o pecado. Para entender melhor como Deus pode ser justo e misericordioso ao mesmo tempo, sugiro que leia o texto “Um Deus Justo e Salvador” por J. N. Darby.
(Rm 5:18-19) "Pois assim como por uma só ofensa veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também por um só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação de vida. Porque, como pela desobediência de um só homem, muitos foram feitos pecadores, assim pela obediência de um muitos serão feitos justos".
Porque Jesus morreu para cumprir as exigências da justiça divina, agora Deus oferece o perdão completo (tipo anistia ampla, geral e irrestrita), mas apenas àqueles que aceitam o Filho de Deus como Salvador e sua morte na cruz como a obra consumada ou acabada (ou suficiente) para atender as demandas de Deus. Isso inclui o Dalai Lama, se ele crer. Aquele que crê recebe o perdão completo, e aí vem um detalhe importante.
O cristianismo prega a graça, que é o favor imerecido (independente de nossas obras) que Deus disponibiliza para os que creem. Deus perdoa o pecador. No entanto, as crenças reencarnacionistas falam muito de perdoar o próximo, porém eliminam qualquer ideia de que Deus, o principal ofendido, possa perdoar alguém (isso quando creem na existência de Deus). Isso cria uma situação constrangedora para os reencarnacionistas, que transformam Deus em algo menor que os homens. O homem, apesar de todas as suas imperfeições, seria capaz de perdoar. Deus não.
A meta do budista é alcançar o Nirvana, que é mais um estado ou condição do que um lugar específico. Seria a condição ideal, quando o budista que fez a lição de casa durante uma infinidade de reencarnações se veria livre do ciclo de reencarnações para desfrutar de um estado de descanso completo.
A Bíblia ensina que depois da morte vem o juízo, a menos que se creia em Jesus para ser salvo. Antes que me pergunte se antes de Cristo também existiam pessoas que morreram crendo em Jesus, a resposta é sim. Elas morreram crendo que Deus iria prover um sacrifício eficaz para salvá-las, nós hoje cremos que Deus já proveu. Aqueles morreram crendo no Cordeiro de Deus, sem saber quem seria. Nós temos o privilégio de saber.
A Bíblia ensina que depois virá a ressurreição, indo os ressuscitados salvos para a presença de Deus eternamente, e os condenados para o fogo eterno, um lugar de terrível solidão em meio às trevas (esqueça aqueles infernos de gibi, com um monte de gente conversando e um diabo sentado num trono).
Outro detalhe importante é que no Nirvana não existe a individualidade, enquanto a Bíblia ensina que as pessoas que estiverem no novo céu, na nova terra ou no lago de fogo (os lugares do estado eterno segundo a Bíblia) continuarão existindo como indivíduos. E mesmo antes que esse estado eterno seja estabelecido, ninguém volta ao mundo com uma identidade diferente (como acreditam os reencarnacionistas). Embora não se trate de uma suposta reencarnação, no monte da transfiguração os discípulos viram Moisés e Elias, os mesmos do Antigo Testamento, com suas identidades preservadas séculos depois de terem partido deste mundo.
Creio que não precisaremos nos aprofundar mais no budismo para sabermos que nada tem a ver com o cristianismo. Eu não preciso beber um litro de vinagre para saber que é vinagre. Basta ler o rótulo, e o rótulo do budismo deixa claro que sua essência, ingredientes e objetivos são completamente diferentes do que a Bíblia ensina. Aliás, são completamente antagônicos.
Quando nos deparamos com versículos da Bíblia que falam da exclusividade da salvação em Cristo, isso parece dar uma bofetada em nossa mente politicamente correta, a qual prevê a inclusão e a aceitação de todas as crenças. Mas isso é o mesmo que alguém dizer que todos os resultados são válidos para o prêmio da loteria. Não são. Quando uma coisa é certa, a outra é errada.
Alegar que todas as religiões levam a Deus é, antes de tudo, uma alegação soberba. Quem pode dizer que conhece todas as religiões para alegar tal coisa? E se todas as religiões levassem a Deus, não seria este também um caminho exclusivista? Quero dizer, se a pessoa não estivesse em uma dessas “todas religiões” ela estaria excluída.
O que diz a Bíblia? Que só em Jesus há salvação, quer a gente goste, quer não. Se o Dalai Lama crer que é um pecador necessitado de salvação, e que não há nada que ele possa fazer para mudar isso, a menos que creia que Jesus veio pagar por seus pecados, então ele será salvo. Mas aí ele automaticamente irá refutar sua crença no budismo e precisará passar uma borracha em muito do que escreveu. E, o que é pior, ele precisará abrir mão de ser o Dalai Lama! O título é algo com um “Sumo Pontífice”, algo inconcebível no cristianismo que já tem o seu “Sumo Pastor” ou “Sumo Sacerdote”: Jesus.
Veja algumas passagens que falam do “exclusivismo” de Jesus como único Caminho:
(Mt 7:26-27) "E aquele que ouve estas minhas palavras, e não as cumpre, compara-lo-ei ao homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; E desceu a chuva, e correram rios, e assopraram ventos, e combateram aquela casa, e caiu, e foi grande a sua queda”.
(Jo 5:22-24) "E também o Pai a ninguém julga, mas deu ao Filho todo o juízo; Para que todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o Pai que o enviou. Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.
(Jo 8:12) "Falou-lhes, pois, Jesus outra vez, dizendo: Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará em trevas, mas terá a luz da vida”.
(Jo 14:6-7) "Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim. Se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai; e já desde agora o conheceis, e o tendes visto”.
(Atos 4:12) "E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos".
(1Tm 2:5-6) "Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem. O qual se deu a si mesmo em preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo”.
(1Tm 4:10) "Porque para isto trabalhamos e lutamos, pois esperamos no Deus vivo, que é o Salvador de todos os homens, principalmente dos fiéis".
(Cl 1:19-22) "Porque foi do agrado do Pai que toda a plenitude nele habitasse, E que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão nos céus. A vós também, que noutro tempo éreis estranhos, e inimigos no entendimento pelas vossas obras más, agora contudo vos reconciliou No corpo da sua carne, pela morte, para perante ele vos apresentar santos, e irrepreensíveis, e inculpáveis,”.
Se todos os caminhos levassem a Deus, não haveria necessidade de Paulo exortar as pessoas a se converterem ao Deus vivo, como fez nesta ocasião:
(Atos 14:15) "E dizendo: Senhores, por que fazeis essas coisas? Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões, e vos anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu, e a terra, o mar, e tudo quanto há neles;”.
Se não permanecer na fé perco a salvação?
Sua dúvida está em três versículos que aparentemente diriam que um crente em Jesus poderia perder sua salvação:Colossenses 1:1-23, Hebreus 6:4-6 e Hebreus 10:26-31. Não há como negar que são passagens que podem criar dúvidas, mas o que será que elas querem dizer:
(Cl 1:23) "… se é que permaneceis na fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que ouvistes, e que foi pregado a toda criatura que há debaixo do céu, e do qual eu, Paulo, fui constituído ministro”.
Outra passagem parecida com esta é:
(1 Co 15:1-2) "Ora, eu vos lembro, irmãos, o evangelho que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão".
Para entender esta passagem, primeiro precisamos lembrar que existem afirmações claras na Palavra, como a do Senhor em João 10:28-29 que não dependem de interpretação:
(Jo 10:28-29) "E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai”.
Neste “ninguém” inclua o próprio crente. Muitas vezes a Palavra de Deus nos dá uma promessa que é garantida, mas ao mesmo tempo revela o que aconteceria se estivéssemos fora dessa promessa, porque é algo realmente óbvio e necessário de sabermos.
Um alerta faz mais sentido ainda se considerarmos que entre os cristãos colossenses e de outras assembleias onde essas cartas eram lidas, poderiam existir pessoas que apenas professavam crer, porém que ainda não eram convertidas de verdade. Esta é uma realidade em todos os lugares.
Mas e quanto ao convertido de verdade? O convertido pode sim cair, mas a diferença é que ele não fica caído. (Pv 24:16) "Porque sete vezes cai o justo, e se levanta; mas os ímpios são derribados pela calamidade”.
Considerando a segurança que Deus nos dá em João 10 e outras passagens, eu entenderia a passagem de Colossenses mais ou menos assim, com se fosse o aviso do piloto durante o voo:
"Senhores passageiros, chegaremos ao nosso destino, se vocês permanecerem dentro do avião”.
Há duas coisas que precisam ser consideradas nesse aviso aí:
1. Quem for passageiro de verdade não vai querer de jeito nenhum sair do avião.
2. Mesmo que tentasse fazê-lo, o piloto e os comissários não permitiriam.
Sua salvação é o avião, não há mais como escapar disso. Você só conseguiu entrar porque o piloto deixou, e só pode sair se o piloto permitir, o que ele não pretende fazer. Mas não deixa de ser verdade que "se” você conseguisse escapar, então estaria perdido. A questão é que é impossível você escapar. Suponha que durante o voo você pergunte ao piloto em que ponto do voo você pode saltar. A resposta será “nunca!”.
Lembre-se de que no nosso caso o PILOTO é Jesus. Os versículos a seguir revelam onde está a segurança do crente. Não em si mesmo, óbvio, achando que irá se manter firme sempre, mas no Senhor, que é o Salvador e Pastor das ovelhas, e no Deus Pai, a quem pertence cada ovelha, até a mais fraquinha. Lembre-se de que Pedro tinha tudo para ter se perdido. Quer coisa pior do que mentir e negar o Senhor para se proteger?
(2Ts 3:3) "Mas fiel é o Senhor, o qual vos confirmará e guardará do maligno”.
(1 Co 1:8) "o qual também vos confirmará até o fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo”.
(2 Pe 1:10) "Portanto, irmãos, procurai mais diligentemente fazer firme a vossa vocação e eleição [estas coisas vêm de Deus, não de nós]; porque, fazendo isto, nunca jamais tropeçareis”.
Quanto às passagens em Hebreus 6:4-6 de Hebreus 10:26 que citou, você e eu conhecemos o nome de uma pessoa como a que é descrita ali. Alguém que teve todas as oportunidades, professou crer, desfrutou dos privilégios de alguém que conhece o Senhor, mas nunca o conheceu de fato. Judas! É desse tipo que o texto está falando. Não está falando de pessoas genuinamente convertidas, e a conclusão no versículo 39 deixa isso bem claro:
(Hb 10:39) "Nós, porém, não somos daqueles que recuam para a perdição, mas daqueles que creem para a conservação da alma".
A segurança da salvação depende de mim?
Recebi o link que você enviou para eu visitar o texto intitulado "Segurança da salvação”. Depois de ler, vi que você indica como fonte (não sei se em parte ou no todo) a "Bíblia de Estudo Pentecostal”, o que só confirma a opinião que tenho sobre as más doutrinas pregadas pelos pentecostais.
O texto já começa negando a própria Bíblia, ao citar o versículo de 1 João 5:13 para depois afirmar que João "não declara em parte alguma da carta que uma experiência de conversão vivida apenas no passado proporciona certeza ou garantia da salvação hoje”. (grifo meu). Ora, só podemos ter uma experiência de conversão, e ela é no momento em que o Espírito de Deus nos incutiu nova vida, convenceu-nos do pecado e nos levou a crer no Salvador. Se não for essa "experiência de conversão” que me tornou salvo, qual será então?! Em seguida o autor martela a sentença final: "Supor que possuímos a vida eterna, tendo por base única uma experiência passada, ou uma fé morta, é um erro grave”.
Não imagino quem seja o autor dos comentários da tal Bíblia de Estudo Pentecostal, mas certamente ele não crê na Palavra de Deus. Por quê? Ora, o próprio João está afirmando que escreveu sua epístola para dar a certeza da salvação aos que um dia foram salvos pela fé em Cristo e em seu sacrifício único na cruz. "Estas coisas vos escrevi, para que saibais que tendes a vida eterna e para que creiais no nome do Filho de Deus.”(1 João 5:13) Imagine alguém chegar para João e dizer: "Puxa, João! Que ótimo o que você escreveu! Agora sei que tenho a vida eterna!” Então João responderia: "Não, meu amigo, você entendeu mal: eu escrevi para você saber que tem a vida eterna, mas só quando você tiver alguma outra experiência que não seja sua experiência passada de conversão”.
Então vem o resto do texto onde o autor segue tentando desconstruir a certeza que João dá aos que creram em Jesus e isso só deixa claro que enquanto o cristianismo tiver o pentecostalismo como amigo, não irá precisar de inimigos. O texto mostra 9 maneiras de sabermos que estamos salvos, o que na verdade coloca 9 dúvidas para tornar miserável a vida de um crente sincero que acredite no que o autor escreve ali. Aliás, 8, porque a única declaração correta é a primeira, onde ele diz que temos a certeza da vida eterna quando cremos “no nome do Filho de Deus”.
Quem escreveu os comentários dessa Bíblia de Estudo Pentecostal teria feito um grande favor se tivesse parado de escrever neste ponto. Mas infelizmente ele continuou e destruiu aquilo que é justamente o que diferencia o cristianismo de todas as religiões: a salvação (e a certeza dela) unicamente pela fé na Pessoa e obra de Cristo. Vamos aos outros itens.
Em seu tópico número 2 ele diz: "Temos a certeza da vida eterna quando… guardarmos os seus mandamentos”. O autor não entendeu que a vida eterna é a vida que vem de Deus e concedida àquele que nasceu de novo, nasceu de Deus. Essa nova vida é perfeita aos olhos de Deus e não poderia fazer outra coisa, a não ser guardar os mandamentos. Mas o velho homem, ou a carne ou velha vida que temos em nós (que é chamada de morte na Bíblia) é incapaz de guardar qualquer mandamento que seja. Foi isso que a Lei mosaica provou.
O autor continua com o tópico 3: "Temos a certeza… quando amamos o Pai e o Filho, e não o mundo”. Mais uma vez o autor falha no entendimento do que é ser nova criatura. A velha natureza que permanece em nós depois da conversão continuará amando o mundo, infelizmente, e não há como mudar isso a não ser que andemos na nova vida. Não é deixar de andar na carne, mas andar no Espírito; não é tentar fazer o velho homem adotar novos padrões de vida, mas considerá-lo como ele é — morto — que não cumpriremos suas concupiscências!
(Gl 5:16-17) "Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne. Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei”.
Para não me alongar, nos outros tópicos, vou resumir. Ele continua dizendo que “temos a certeza da vida eterna quando… praticamos justiça, e não pecamos; quando amamos os irmãos; quando estamos conscientes da habitação do Espírito Santo; quando nos esforçamos para seguir o exemplo de Jesus e viver como ele viveu; quando permanecemos na Palavra; quando sentimos um desejo intenso e inabalável pela volta de Jesus”. A lista, com vários versículos, a maioria fora do contexto, termina com "Aquele que perseverar até o fim será salvo” (em seu contexto este versículo de Mt 24:13 está falando de salvação para entrar no Reino vivo, sem morrer durante a grande tribulação — é salvação do corpo, não eterna).
A lista do autor nada mais é do que uma Lei disfarçada: se fizer isto, aquilo e mais aquilo outro, então você pode ter a certeza da vida eterna. Ora, a menos que eu seja um grande hipócrita, nunca poderei ter certeza alguma, porque quem jamais poderia afirmar que pratica a justiça, não peca, ama os irmãos, vive como Jesus viveu e deseja a vinda do Senhor 24 horas? Se não entendermos que o novo homem, nascido de Deus, já vem com todos esses predicados, e seria impossível ser diferente (e João fala do novo homem em sua carta), vamos passar o resto da vida tentando ser salvos, algo que a Lei já mostrou ser impossível.
O texto é o típico caso do barqueiro que joga a âncora para dentro do barco, tentando encontrar em si alguma segurança e certeza. Não, a âncora precisa ser lançada fora do barco, é fora de nós que está a certeza e a segurança de vida eterna — é em Cristo que nossa âncora precisa estar. Tudo o que vemos é a corda, a fé que nos diz que lá no fundo estamos bem ancorados na Rocha, e não em nós mesmos. A âncora daquele que crê em Cristo está no céu, firme naquele que não pode falhar, e não em nós mesmos, sujeitos a tantas falhas.
(Hb 6:18-20) "Para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos a firme consolação, nós, os que pomos o nosso refúgio em reter a esperança proposta; A qual temos como âncora da alma, segura e firme, e que penetra até ao interior do véu, Onde Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente sumo sacerdote, segundo a ordem de Melquisedeque”.
Rogo que leia os excelentes "Segurança, Certeza e Gozo da Salvação Eterna”, "As 2 Naturezas no Crente” e também "Nunca!” que você encontra facilmente fazendo uma busca na Internet. Sem estes textos os meus comentários ficarão incompletos, já que não apresentei muitas bases bíblicas aqui para não me alongar demais. Os textos complementares falam por si.
Enquanto isso dê um fim nessa "Bíblia de Estudo Pentecostal” porque ela traz veneno misturado com alimento. Lembre-se de que veneno de rato é 99% milho e 1% estricnina, o suficiente para matar. É triste quando se usa uma Bíblia para insinuar doutrinas errôneas e malignas. Lembre-se também de parar de olhar para si na busca por algum sinal de que esteja salvo eternamente, a menos que goste de ser hipócrita e fazer pose de salvo por suas próprias obras. Você não vai encontrar essa segurança em si mesmo ou no seu modo de andar, mas só em Cristo e naquilo que ele já fez de uma vez por todas.
O pentecostalismo prega um evangelho de salvação por obras e perseverança, por isso fica até difícil você pregar esse tipo de evangelho para uma pessoa e dizer a ela que a salvação está em Cristo, e é pela fé nele e em sua obra que a pessoa será salva. O que você dirá se ela perguntar se você tem certeza da sua salvação? Baseado na lista que o autor deu, se afirmar que sim, estará sendo hipócrita e mentiroso, porque tenho certeza de que você não seria capaz de assinalar todos os itens como missão cumprida. Se disser que não tem certeza porque ainda está fazendo a lição de casa, o outro poderá argumentar: "Então volte a falar comigo quanto tiver essa certeza, porque como quer que eu acredite em algo que nem você está seguro se vai funcionar para você no final?”.
Os mortos estão dormindo?
Quando a Bíblia fala em “dormir” ou “sono” referindo-se a pessoas que morreram, existem duas situações: Algumas passagens tratam os salvos que faleceram como estando “dormindo”, enquanto para os incrédulos geralmente a expressão usada é que morreram.
Outra situação é quando o objetivo da passagem é demonstrar a relação do morto com esta vida, ou seja, para o observador que ainda está vivo neste mundo, o que morreu está dormindo, isto é, não está ativo e participante das coisas que ocorrem debaixo do sol como quando estava vivo. Na Bíblia é importante entender o ponto de vista de onde o observador vê a coisa. Por exemplo, dizemos que o sol se põe no horizonte, quando na verdade o sol continua no mesmo lugar, e foi a terra que girou.
Eu diria que suas afirmações, de que todos ficarão dormindo até a ressurreição, estão equivocadas. O fato alegado por você, de que a Bíblia não diz que Lázaro foi para o céu enquanto esteve morto, não significa que ele tenha estado dormindo esse tempo. A Bíblia não diz pois o assunto não era esse, e sempre que o assunto não é o ponto principal a Bíblia omite a informação. Por exemplo, onde Jesus esteve até começar seu ministério? A Bíblia não diz pois não interessa ao contexto do que Deus quer nos mostrar. Usando seu argumento alguém poderia dizer que ele esteve dormindo.
Quando Jesus fala do rico e de Lázaro, o rico está bem acordado e conversando, mesmo estando no hades (o lugar dos mortos). Não me parece que ele esteja dormindo ali. Veja se tem alguém dormindo nestas cenas do além-vida:
(Lc 16:22-24) "E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; e morreu também o rico, e foi sepultado. E no inferno [hades], ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe Abraão, e Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e manda a Lázaro, que molhe na água a ponta do seu dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama”.
Uma pessoa em estado de “sono da alma”, como dizem alguns, não seria capaz de erguer os olhos, sofrer, ver, clamar e dizer coisas. Nos versículos que se seguem vemos uma conversação rolar ali que somente alguém bem acordado e consciente seria capaz de ter. Semelhante caso você encontra na cena dos mortos de Apocalipse:
(Ap 6:9-10) "E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amor do testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?”
Quando o Senhor é transfigurado no monte, surgem ao lado dele dois homens do Antigo Testamento, Moisés, que morreu e cujo corpo Deus escondeu, e Elias, que não morreu, mas foi arrebatado ao céu. Os dois estão falando com Jesus e os discípulos os identificam como pessoas conscientes (eles provavelmente estavam em pé), e não como sonolentos. Os discípulos imediatamente sugerem fazer três tendas, uma para Jesus, uma para Moisés e outra para Elias, e não uma tenda para Jesus e duas camas, para Moisés e Elias.
(Mt 17:3) "E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele".
A partida de um salvo deste mundo é também a certeza de sua entrada na companhia de Cristo para desfrutar dessa companhia, o que obviamente não se faz dormindo. Paulo fala de sua morte como estar com Cristo, e não faria sentido toda essa excitação pela partida se estivesse pensando em dormir pelos dois mil anos que se seguiriam:
(Fp 1:23-24) "Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”.
A passagem que iniciou nosso diálogo em outro e-mail também fala desse estar com Cristo:
(Lc 23:43) "E disse-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no Paraíso”.
Sua afirmação de que "a bíblia afirma que o morto não tem consciência alguma do que acontece na terra ou no céu” é equivocada e distorcida, porque você introduziu “no céu” por conta própria. O versículo não fala de céu, mas de terra, por isso usa a expressão “debaixo do sol”:
(Ec 9:5-6) "Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco terão eles recompensa, mas a sua memória fica entregue ao esquecimento. Também o seu amor, o seu ódio, e a sua inveja já pereceram, e já não têm parte alguma para sempre, em coisa alguma do que se faz debaixo do sol".
Talvez você seja Adventista do Sétimo Dia, e se for, há muitos motivos para rever o que aprendeu nessa denominação. O Adventismo segue os ensinos de uma mulher, todavia a Palavra de Deus proíbe a mulher de ensinar justamente por ela estar sujeita ao erro e sob a ameaça constante de Satanás. Isso ficou estabelecido em Gênesis 3:15 — "E porei inimizade entre ti e a mulher” — e não mudou até hoje. Pela mesma razão a mulher é proibida de falar nas reuniões da assembleia.
(1Tm 2:11-14) "A mulher aprenda em silêncio, com toda a sujeição. Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio. Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão. Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos, se permanecer com modéstia na fé, no amor e na santificação”.
(1 Co 14:34-37) "Como em todas as igrejas dos santos as vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja. Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor".
Cristo devolverá o reino ao Pai?
Você ficou com dúvidas sobre o que escrevi no texto “O que significa o reino dos céus”, particularmente quando escrevo que “Quando o Reino do Filho do Homem terminar, o Filho do Homem entregará o Reino a seu Pai (1 Co 15:24), fazendo com que o Reino seja o Reino do Pai para toda a eternidade”.
Sua dúvida surgiu por que em Efésios 1:10 encontramos: "para a dispensação da plenitude dos tempos, de fazer convergir em Cristo todas as coisas, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra”. Se todas as coisas convergirão em Cristo na "dispensação da plenitude dos tempos”, como poderia ele devolver o reino ao Pai e esse reino passar a ser o "reino do Pai”.
Não me lembro de quando escrevi isso e provavelmente foi há muito tempo, e nem ao menos sei se foi algo original meu ou se traduzi de alguma coisa que estava lendo. É comum às vezes, ao responder um e-mail, eu introduzir trechos de leituras que ajudem a esclarecer a pessoa que me escreveu, sem me preocupar muito em anotar ou citar a fonte. Afinal, o que você encontra no “O que respondi…” são minhas correspondências, e não respondo e-mails com a mesma preocupação que teria um jornalista ou pesquisador ao escrever um artigo.
Voltando à sua dúvida, pesquisei alguma coisa que talvez ajude a responder. São comentários do século 19 feitos por J. N. Darby sobre o capítulo 15 de 1 Coríntios. Encontrei alguns livros de Darby traduzidos, mas não o comentário de 1 Coríntios, que é onde ele fala do assunto. Vou traduzir a seguir os trechos do comentário de Darby onde ele fala do assunto de nossa conversa. É importante lembrar que Darby escreve em um estilo nem sempre fácil de digerir, por causa do volume de informação que ele supõe que o leitor já tenha ao ler suas linhas.
"… Quando ele tiver colocado todos os seus inimigos debaixo de seus pés, e tiver devolvido o reino ao seu Pai (pois o reino nunca foi tirado dele, e nem dado a outro, como acontece com os reinos humanos), então o próprio Filho se sujeitará àquele que colocou todas as coisas sob seu controle, a fim de que Deus possa ser tudo em todos…”
"… Quando o Cristo Homem, o Filho de Deus, tiver consumado de fato essa subjugação, ele entregará de volta a Deus o poder universal que lhe foi confiado, e cessará o reino de intermediação, o qual ele esteve em suas mãos como Homem. Ele estará novamente em sujeição, como esteve em seus dias na terra. Ele não deixará de ser um com o Pai, do mesmo modo como o foi enquanto vivia em humilhação na terra e dizia, ao mesmo tempo, ‘antes que Abraão fosse, EU SOU’. Mas o governo de intermediação do homem cessará — será absorvido na supremacia de Deus, ao qual já não haverá oposição. Cristo assumirá seu lugar eterno, um homem, a cabeça de toda a família redimida, sendo ao mesmo tempo Deus bendito para sempre, um com o Pai. No Salmo 2 vemos o Filho de Deus, como tendo nascido na terra, apesar de Rei em Sião, ser rejeitado ao se apresentar na terra; no Salmo 8 vemos o resultado de sua rejeição, sendo exaltado como Filho do homem e cabeça de tudo o que Deus criou. Então nós o encontramos aqui [Neste capítulo] entregando a autoridade que lhe foi confiada, e reassumindo a posição normal de humanidade, a saber, aquela de sujeição àquele que colocou todas as coisas sob os seus pés; mas em meio a tudo isso, ele nunca mudou sua natureza divina, e nem tampouco sua natureza humana — exceto no aspecto da troca da humilhação pela glória. Mas Deus neste capítulo é agora tudo em todos, e o governo especial do homem na Pessoa de Jesus — um governo ao qual a assembleia está associada (veja Efésios 1:20-23, que é uma citação do mesmo Salmo) — está inserida na imutável supremacia de Deus, a relação final e normal de Deus com suas criaturas. Vemos que o Cordeiro é omitido no que é dito em Apocalipse 21:18, que fala do mesmo período…”
"… Encontramos assim nesta passagem a ressurreição pelo homem — havendo a morte entrado na Criação pelo homem; o relacionamento dos santos com Jesus, a fonte de todo o poder de vida, a consequência disso sendo a sua ressurreição, e também dos seus em sua vinda; o poder sobre todas as coisas entregue a Cristo, o homem ressuscitado; depois de tudo o reino sendo devolvido a Deus Pai, o tabernáculo de Deus com os homens, e o homem Cristo, o segundo Adão, eternamente homem e sujeito ao Supremo — esta última verdade algo de valor infinito para nós (a ressurreição dos ímpios, embora supostamente incluída na ressurreição que é introduzida por Cristo, não é o assunto direto do capítulo)…”
Também dos comentários de William MacDonald em “Believer’s Bible Commentary” traduzo o seguinte:
"Deus fez de Cristo legislador, administrador de todos os seus planos e conselhos. Toda a autoridade e poder são colocados em suas mãos. Haverá um tempo quando ele dará conta da administração que lhe foi confiada. Depois de ter trazido todas as coisas sob sua sujeição, ele entregará o reino de volta ao Pai. A criação será levada de volta a Deus em perfeitas condições. Havendo cumprido a obra de redenção e restauração para a qual ele se tornou homem, ele irá permanecer no lugar de subordinação que assumiu na sua encarnação. Se ele deixasse de ser homem depois de ter passado por tudo aquilo que Deus propôs para ele e lhe designou, o próprio vínculo de ligação do homem com Deus seria desfeito”.
Como os Salmos se aplicam ao cristão?
Os Salmos são uma excelente fonte de inspiração para qualquer cristão, e fazemos bem quando os lemos. Porém é preciso entender que eles têm dois aspectos importantes: Primeiro, que foram escritos para Israel, ou seja, em uma ordem de coisas totalmente diferente daquelas que são para a Igreja, e segundo, que em grande parte eles falam dos sentimentos de Cristo.
Por isso você encontra nos Salmos coisas como o salmista pedindo a Deus o sofrimento, morte e destruição de seus inimigos, coisa que um cristão jamais pediria. Sendo cristão, você não seria capaz de fazer a oração do salmista abaixo:
(Sl 71:13) "Sejam confundidos e consumidos os que são adversários da minha alma; cubram-se de opróbrio e de confusão aqueles que procuram o meu mal”.
(Sl 143:12) "E por tua misericórdia desarraiga os meus inimigos, e destrói a todos os que angustiam a minha alma; pois sou teu servo”.
(Sl 139:22) "Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos”.
Tudo isso podia fazer sentido para um povo que tinha por esperança habitar na terra e estava cercado de inimigos humanos, como faz sentido para muitos radicais muçulmanos explodirem seus inimigos, já que boa parte dos preceitos do islamismo foi tirado do Antigo Testamento. Mas não faz sentido para aqueles que creem em Jesus, que são cidadãos do céu, e foram ensinados de outra maneira pelo próprio Senhor:
(Mt 5:44) "Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus;”.
(Mt 5:40) "E, ao que quiser pleitear contigo, e tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa;”.
(Jo 16:33) "Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”.
(Ef 6:12) "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
Outro ponto é entender que os Salmos são muitas vezes a expressão dos sentimentos de Cristo. Você não poderia, honestamente, jamais afirmar o que diz o salmista nos versículos abaixo, porque você sabe muito bem que é falho e pecador:
(Sl 18:21) "Porque guardei os caminhos do Senhor, e não me apartei impiamente do meu Deus".
(Sl 18:23) "Também fui sincero perante ele, e me guardei da minha iniquidade".
(Sl 119:22) "Tira de sobre mim o opróbrio e o desprezo, pois guardei os teus testemunhos”.
(Sl 119:93) "Nunca me esquecerei dos teus preceitos; pois por eles me tens vivificado”.
(Sl 119:56) "Isto fiz eu, porque guardei os teus mandamentos".
Somente o Homem perfeito poderia ter dito tais coisas, e o único homem perfeito é Cristo. Se ler com atenção os Salmos 22, 23 e 24 (na Bíblia católica a numeração é outra) verá que todos eles falam de Cristo em sequência: primeiro o Cordeiro é morto, depois ele aparece identificado com as ovelhas do rebanho de Deus e é ao mesmo tempo Pastor, e por fim é Senhor de toda a terra, quando vier para reinar.
Nossa salvação depende dos frutos que produzimos?
Nas granjas que produzem galinhas poedeiras existem chocadeiras para essas galinhas nascerem. Você sabe o que fazem com os pintinhos machos? Eu sei. Eles não criam para vender como frangos, porque não é o negócio dessas granjas e nem têm estrutura para isso.
Eu vi uma vez uma Kombi chegar num aterro sanitário com latões desses grandes cheios de pintinhos. Os funcionários viravam os latões e despejavam milhares de pintinhos enquanto uma escavadeira vinha atrás cobrindo de terra. Obviamente os pintinhos que viajaram até ali em baixo dentro dos latões já estavam mortos, mas muitos de cima ainda estavam vivos e tentavam correr, mas a terra os alcançava.
Uma granja de produção de galinhas poedeiras não se pode dar ao luxo de criar os pintinhos, porque é antieconômico. Então, assim que eles estão de tamanho suficiente para serem identificados (acho que dois dias) separam as fêmeas e os machos são mortos.
Agora pense numa galinha que chegue à idade adulta e não consiga botar ovos. A granja não irá mantê-la porque isso custa dinheiro, então ela será sacrificada. Exteriormente ela tinha tudo para ser uma galinha poedeira, mas era tão inútil quanto um galo na hora de por ovos, portanto não servia. Ela foi julgada por sua incapacidade de produzir, mas o problema estava em sua natureza.
Quando você é salvo, é transformado em uma nova criatura para Deus. Se você for genuinamente salvo pela graça de Deus, será alguém criado em Cristo Jesus "para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10). Em outras palavras, você será uma galinha poedeira, não um galo incapaz de botar ovos. Você irá dar frutos, porque nem são seus, mas frutos que Deus preparou para você.
É disso que a passagem que você citou fala.
(Mt 7:19-20) "Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis”. Veja que os frutos são as evidências que demonstram a natureza da árvore, não são eles que fazem uma árvore boa ou má, mas é a árvore que, sendo boa ou má por natureza, irá dar frutos bons ou maus.
Se ler o contexto todo verá que não está falando de salvação baseada em obras, mas sim dos lobos e das ovelhas, dos falsos e dos genuínos, das árvores ruins e das boas. Como saber quem é quem? Por seus frutos. Usando meu exemplo, está falando dos galos e das galinhas. Pelos ovos, isto é, por seus frutos, eles serão conhecidos. Os que não forem capazes de botar ovos — dar frutos — tão somente estarão revelando que não têm a vida nova que vem de Deus, portanto estão eternamente perdidos continuando na condição de condenados da qual nunca saíram.
Entenda que a salvação não é uma dentre duas escolhas que temos. A salvação é a única escolha para quem já nasce perdido em seus delitos e pecados. E uma vez salvo, não tem caminho de volta.
Por que solteiros não podem ter relações sexuais?
Só temos um lugar para buscar as respostas às nossas dúvidas: A Bíblia, a Palavra de Deus. Se sairmos fora dela, acabamos perdidos em conjecturas e devaneios.
Você escreveu: "Deus criou o amor, nosso corpo com instintos animais que inclui atração física, ou seja, ingredientes para um relacionamento bom”.
Você pode olhar o sexo de duas formas: Sexo como expressão de um relacionamento, ou um relacionamento como expressão do sexo. Para o cristão o sexo é a expressão de um relacionamento que atingiu o mais alto grau de intimidade e de vulnerabilidade em relação à outra pessoa. Na sua concepção, o relacionamento aparece como consequência de instintos animais, ou seja, da atração e ato sexual.
O ato sexual e todas as carícias que o acompanham são uma expressão de total entrega, total confiança na outra pessoa; é quando duas pessoas se despem total e literalmente numa expressão de que não há mais segredos entre elas. É o ato mais íntimo que qualquer ser humano pode atingir em relação à outra pessoa, e é também a figura que o próprio Deus usa para expressar o relacionamento de Jesus com a Igreja, sua noiva, que culmina nas bodas do Cordeiro. A Igreja não se une a Cristo para só depois iniciar um relacionamento. Embora o livro de Cantares represente a relação de Deus (o amado) com Israel (a amada), ele expressa bem que a união que Cristo terá com sua noiva, a Igreja, tem os mesmos elementos de uma união entre marido e mulher.
Analise se você seria capaz de dizer a alguém algo assim:
"Quero me despir para você, me abrir completamente, me revelar sem segredos e sem reservas, deixar exposto cada centímetro de meu corpo e me unir com você a ponto de nos tornarmos um só corpo, compartilhando até mesmo nossas entranhas… porém não quero me casar com você, não quero ter um compromisso duradouro, não quero ter consequências dessa nossa união, não quero que isso dure".
É um absurdo, não acha? Dizer que está disposto a chegar a tal grau de intimidade e, mesmo assim, querer permanecer independente, é contraditório. É como o sapato dizer ao pé, "Ok, pode me calçar, mas não me amarre”, ou a calça ao cinto, "Ok, pode passar por minha cintura, mas não feche a fivela”.
Portanto, entenda que o sexo é a expressão de um relacionamento, o resultado de um relacionamento que já existe, não o contrário. É o ápice de um processo no qual tudo já é comum aos dois e faltava apenas a comunhão de corpos. Tentar criar um relacionamento a partir do sexo é o que fazemos com o gado, buscando obter resultados e dividendos a partir da cópula.
O problema de se considerar o sexo como o ponto de partida de um relacionamento é que quando este faltar — e um dia ele vai faltar — iremos imediatamente procurar por outra experiência sexual como forma de iniciar um novo relacionamento. O processo não tem fim, porque se o relacionamento começa a partir da experiência e satisfação física, com a idade essa satisfação irá desaparecer para um ou para outro, porque fisicamente um casal pode envelhecer a um ritmo diferente.
Você pergunta por que o cristão não pode ter relações sexuais antes do casamento, e eu pergunto por que o cristão não pode se casar antes de ter relações sexuais. Até hoje ninguém morreu por esperar. Mas vamos ao que diz a Palavra de Deus:
(Mt 19:4-6) "Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, no princípio, o Criador os fez macho e fêmea e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe e se unirá à sua mulher, e serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus ajuntou não separe o homem”.
Estamos tão acostumados a ler esta passagem pensando no contexto do divórcio, que nos esquecemos de que ele está reafirmando a ordem de um matrimônio segundo o projeto original (“no princípio”) de Deus. Se fôssemos chamar estes versículos de um “passo-a-passo” do casamento, teríamos:
1. Este é o projeto original de Deus. "No princípio".
2. Um casamento é feito de um homem e uma mulher. "o Criador os fez macho e fêmea".
3. O mesmo Criador estabeleceu como devia ser essa união. "E [Deus] disse…".
4. O homem deixa o pai e a mãe, ou seja, se desliga daquele casal ou célula familiar. "Portanto, deixará o homem pai e mãe”.
5. O homem se une à sua mulher, criando uma nova célula familiar como aquela de onde veio, isto é um homem + uma mulher = um filho. "e se unirá à sua mulher”.
6. A união chega ao extremo quando atinge o físico e dois corpos se transformam em um. "e serão dois numa só carne".
7. Essa aliança, que ajunta esse casal, não é algo que o homem criou, mas Deus. "o que Deus ajuntou não separe o homem”.
Esse é o passo-a-passo para quem crê na Palavra de Deus e a respeita.
Por que não consigo falar a língua dos anjos?
Pelo que entendi você se converteu e aderiu a alguma igreja pentecostal, e agora vive aflita porque vê seus irmãos e irmãs falando a língua dos anjos e você não consegue. Por que você não consegue falar a língua dos anjos? Simplesmente porque você é sincera e não sabe fingir, além de não se deixar levar por ataques de histeria coletiva.
A história da “língua dos anjos” é uma das histórias mais mal contadas da cristandade. Depois que Deus causou a confusão de línguas em Babel, para que o homem parasse de se gloriar de sua própria capacidade, o pentecostalismo acabou emprestando a glossolalia, um fenômeno também tratado pela psiquiatria. E acabaram se gloriando justamente daquilo que Deus fez para que não se gloriarem: falar em muitas línguas.
Como consequência, em alguns grupos cristãos aqueles que “não conseguem” falar “línguas estranhas” ou a “língua dos anjos” são vistos como cristãos de segunda categoria, pessoas que não têm o Espírito Santo. Ora, "se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse tal não é dele”!(Rm 8:9).
Para entender a questão de línguas, é preciso voltar ao Éden. Lá havia uma língua só, e com ela encontramos Adão e Eva se comunicando entre si, e falando com Deus e com Satanás na forma de serpente. Deus e Satanás também se comunicavam com Adão e Eva de um modo que eles se entendiam, portanto não havia ali necessidade de intérpretes.
Depois de Babel as pessoas precisariam aprender diferentes línguas se quisessem se comunicar entre si. Mesmo assim o homem continuou se comunicando com Deus sem precisar de intérpretes. E Deus e os anjos continuaram falando aos homens em diversas ocasiões sem tradução simultânea. Ou seja, as diferentes línguas são um problema para quem vive no mundo material, não no espiritual. São um problema de comunicação entre homens, não entre o homem e Deus ou anjos.
No dia de Pentecostes Deus inverteu o que fez em Babel para mostrar que agora queria novamente que seu povo pudesse se entender. Os discípulos, cheios do Espírito Santo, falaram em diferentes línguas, e judeus de várias nações os ouviram falar cada um em sua própria língua. Apesar de ter sido algo miraculoso, obviamente não há ali qualquer menção de um idioma angelical, pois fica claro tratar-se de idiomas humanos e há até uma lista das regiões onde esses idiomas eram falados (Atos 2).
De onde então o pentecostalismo tirou essa ideia, de que alguém poderia falar a língua dos anjos? De 1 Coríntios 13:1 "Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine”. O problema é que Paulo não está dizendo ser capaz de falar a língua dos anjos. Ele está usando uma figura de linguagem e fica fácil entender isso se lermos os “ainda que” usados por ele no texto:
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos…”;
"Ainda que tivesse o dom de profecia…”;
"Ainda que conhecesse todos os mistérios e toda a ciência…”;
"Ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse montes…”;
"Ainda que distribuísse toda a minha fortuna para o sustento dos pobres…”;
"Ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado…”.
O foco de Paulo não está nas coisas que ele supostamente seria capaz de fazer, mas no fato de que de nada adiantaria fazer tudo isso se não tivesse amor. Ao focar na “língua dos anjos” o pentecostalismo perde o foco totalmente, como a criança que ganha um brinquedo de aniversário e prefere brincar com a caixa.
Se adotarmos o mesmo princípio usado pelo pentecostalismo para a interpretação do texto, seremos obrigados a admitir que Paulo era um super-herói digno dos gibis: Além de falar a língua dos anjos, ele era capaz de falar todas as línguas dos homens (6.912 idiomas já foram identificados até hoje), tinha o dom da profecia, conhecia todos os mistérios e toda a ciência, tinha fé capaz de transportar montes, era bilionário e filantropo e pretendia ser cremado, talvez ainda vivo.
Absurdo, não é mesmo? Eu também acho. Mas alguém poderá correr a apontar outra passagem: (1 Co 14:2) "Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”. Bem, aqui não diz nada de língua dos anjos, mas de um idioma estrangeiro e desconhecido dos presentes.
Parafraseando o versículo, o sentido seria: "Porque o que fala chinês entre brasileiros, não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios”. É óbvio que eu não entenderia um irmão da China orando em chinês ao meu lado, e teria de admitir que aquilo tudo é um mistério para mim e ele não está conversando comigo, mas com Deus.
A passagem continua com Paulo explicando que "o que fala em língua desconhecida edifica-se a si mesmo, mas o que profetiza edifica a igreja”. O que Paulo quer dizer? Que falar em um idioma estrangeiro e desconhecido aos outros é algo maravilhoso? Não! Ele está dizendo exatamente o contrário. É algo que chega a ser egoísta quando é feito na congregação, pois não edifica a ninguém senão ao que fala. Ele segue mostrando que profetizar, isto é, falar das coisas de Deus e da sua Palavra em uma língua inteligível é algo muito melhor e superior ao balbuciar extático numa língua estrangeira.
"A não ser que também interprete para que a igreja receba edificação”, continua Paulo, mostrando a inutilidade de se falar em uma língua desconhecida entre irmãos sem um intérprete. Se você já participou de uma palestra em uma língua estrangeira que você não entende, vai reconhecer que foi pura perda de tempo. É por isso que Paulo continua falando da falta de proveito de se falar numa língua estrangeira que ninguém entende, chamando a isso até de um colóquio entre bárbaros! (1 Co 14:11). Você não iria querer ser um deles, não é mesmo? "Se eu ignorar o sentido da voz, serei bárbaro para aquele a quem falo, e o que fala será bárbaro para mim". Bárbaro aí tem o sentido de estrangeiro, não de selvagem.
Paulo termina com um golpe de misericórdia na questão, para deixar muito claro a bobagem daqueles que se gloriam em falar numa língua que ninguém entende: "Dou graças ao meu Deus, porque falo mais línguas do que vós todos [sim, Paulo era poliglota porque estudou muitas línguas]. Todavia eu antes quero falar na igreja cinco palavras na minha própria inteligência, para que possa também instruir os outros, do que dez mil palavras em língua desconhecida. Irmãos, não sejais meninos no entendimento” (1 Co 14:18-20). Esta última expressão de Paulo em linguagem de hoje ficaria assim: "Ô, gente! Deixem de agir como crianças!”.
Mas veja que em nenhum momento o assunto ali é alguma língua angelical, mas idiomas humanos. É preciso distorcer muito o texto para acreditar em outra coisa. Neste momento alguém irá querer correr para (2 Co 12:4) "Foi arrebatado ao paraíso; e ouviu palavras inefáveis, que ao homem não é lícito falar". Bem, se este versículo estiver falando de alguma língua angelical, então fica muito claro que o homem está proibido de falar palavras nessa tal língua: "ao homem não é lícito falar".
Será que deixei passar alguma passagem de uma suposta língua angelical? Talvez esta: (Rm 8:26) "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que examina os corações sabe qual é a intenção do Espírito; e é ele que segundo Deus intercede pelos santos”. Bem, entendo que aqui não fala de uma língua, mas de intenções do Espírito em nós. E esses gemidos não são nossos, mas do Espírito.
Diante de tudo isso, eu perguntaria: Que vantagem alguém teria por falar uma língua de anjos? Primeiro, em nenhum lugar somos encorajados a nos comunicarmos com anjos, mas diretamente ao Pai e ao Filho. Perceba que nem mesmo encontramos alguém na Bíblia falando ao Espírito Santo em oração, mas apenas a Deus, o Pai, e a Jesus, o Filho.
Portanto, se já tenho acesso a Deus Pai e a Deus Filho para minhas petições, porque iria querer falar com anjos em um idioma que nem eu entenderia? Que utilidade isso teria para o anjo, encontrar um ser humano falando coisas que nem sabe o que significam? Se alguém pretende se comunicar dizendo coisas que não sabe o que significam, isso não seria comunicação coisa nenhuma. Qual a utilidade de falar uma língua que nem eu e nem ninguém entende, senão de querer me exibir? E se falasse a pretexto de falar com Deus ou com anjos, por que eu precisaria de tal idioma se nunca encontramos Deus ou os anjos falando com humanos em outra língua que não seja a da pessoa envolvida na conversa?
Mesmo que se alegasse a possibilidade de se falar uma língua dos anjos nessas manifestações de histeria coletiva que vemos em algumas igrejas pentecostais, ainda assim essas pessoas não estariam cumprindo a ordem clara que é dada na Palavra de Deus:
(1 Co 14:27-35) "E, se alguém falar em língua desconhecida, faça-se isso por dois, ou quando muito três, e um depois do outro, e haja intérprete. Mas, se não houver intérprete, esteja calado na igreja, e fale consigo mesmo, e com Deus. … Porque Deus não é Deus de confusão, senão de paz, como em todas as igrejas dos santos. as vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja".
Agora ninguém poderá dar a desculpa de que não viu estas instruções claras na Palavra de Deus. Mesmo assim, aposto um doce como na igreja onde você congrega todas estas regras são desrespeitadas quando começam a falar em línguas estranhas.
Será que não creio no verdadeiro Jesus?
Se você quiser descobrir como o mágico faz seu truque, nunca olhe na mão que ele mostra a você, aquela que tem as cartas, as bolinhas ou a moeda. Olhe para a outra mão, porque é lá que as coisas estão acontecendo.
Na Segunda Guerra Mundial os aliados colocaram milhares de tanques e aviões feitos de papelão e madeira condensada no norte da Grã-Bretanha para os alemães pensarem que era lá que se daria a invasão da França. Vistos do alto, pareciam de verdade. Enquanto isso a outra mão do mágico montava a invasão da Normandia mais ao sul. Sadam Hussein também usou centenas de tanques infláveis para enganar os aliados durante a invasão do Iraque.
Quando você encontrar alguma “grande sacada” de alguém na Internet, com alguma teoria mirabolante sobre a fé cristã, procure olhar na outra mão. São vários os sites e vídeos que estão aparecendo com essas ideias que são até cativantes, como esta que dá ênfase ao nome hebraico de Jesus.
Mas vamos ao site que você mencionou, desse grupo de judaizantes que atrai toda a atenção para a necessidade de se pronunciar o nome de Jesus da maneira hebraica e corretamente. O que será que esses “mágicos” estão fazendo com a outra mão? Veja aqui o que eles dizem: "Como seres espirituais só são identificados pelos seus nomes, e como só há salvação para a raça humana num exclusivo e único Salvador e Messias, obviamente é necessário que se identifique adequadamente o Salvador pelo seu único e autêntico Nome… A única e verdadeira identificação escritural do verdadeiro Messias é o seu NOME.”
Resumindo, a menos que você creia no nome certo, não terá a salvação. Ele está dizendo também que todos aqueles que creram em Jesus no Brasil, Portugal e Estados Unidos, ou em Yesus na Indonésia, ou em Jesús na Espanha, ou Gesú na Itália ou em Jezus na Polônia, estão todos perdidos eternamente. Mas quem visitou o site dessa turma e aprendeu a pronunciar o nome correto poderá ser salvo.
A questão é: Quantas pessoas existem com o mesmo nome de Jesus, ou YAOHUSHUA, como preferem os autores judaizantes do site? na versão em português da Bíblia, Josué é o mesmo que Jesus, mas ninguém de sã consciência iria crer no Josué do Antigo Testamento esperando ser salvo por ele.
Então não basta identificar alguém pelo nome, porque esse alguém pode ser a pessoa errada. Será que esse pessoal nunca ouviu falar de homônimos? Quando alguém crê naquele que morreu na cruz e levou sobre si os nossos pecados, está crendo em alguém que é único, pois não existe outro Cordeiro de Deus. Tendo em mente em quem quero crer — no Salvador — certamente não fará diferença se eu o chamar com um sotaque sulino ou nordestino, falar seu nome em grego, hebraico ou japonês. Eu sei em quem tenho crido, esta é a questão. E meu Salvador não tem ouvidos moucos ao meu clamor e nem posso imaginá-lo dizendo que não me salvou porque eu não pronunciei seu nome corretamente.
(2 Co 6:2) "(porque diz: No tempo aceitável te escutei e no dia da salvação te socorri; eis aqui agora o tempo aceitável, eis aqui agora o dia da salvação)”.
Agora vem o grande engano da outra mão do mágico. Ao colocar tal ênfase na pronúncia correta de um nome para ser salvo, o autor do site transforma a salvação, que deveria ser por graça e pela fé somente na PESSOA do Salvador, em uma fé por obras. Será preciso o candidato à salvação aprender a pronunciar um nome hebraico para ser salvo. Então temos aí um erro: a salvação já não seria pela fé na PESSOA do Salvador, mas numa pronúncia correta, o que já excluiria os mudos do céu.
(Sl 51:17) "O sacrifício aceitável a Deus é o espírito quebrantado; ao coração quebrantado e contrito não desprezarás, ó Deus".
Ora, alguém que já pediu para um gringo pronunciar “Pindamonhangaba” sabe que, por maior boa vontade que o gringo tenha, jamais conseguirá. Um exemplo divertido disso foram os noticiários sobre o vulcão Eyjafjallajökullque entrou em erupção na Islândia há algum tempo. Nenhum repórter das rádios e TVs do mundo, que não fosse islandês, conseguiu pronunciar o nome do vulcão e isso acabou virando motivo de piada na mídia. Alguns chegaram a noticiar “o vulcão de nome impronunciável”. Obviamente o “evangelho” (assim mesmo, entre aspas) que esses judaizantes tentam pregar não é o evangelho da graça de Deus, tão acessível ao pecador, mas algo que exige alguns estudos mirabolantes. Ao mencionar uma comunidade de interessados que criaram na Internet, os autores do site alertam: "Ressaltamos que nessa comunidade participam diversas pessoas que ainda estão em processo de entendimento, e que não podemos afirmar que realmente já sejam convertidos”. Imagine se o ladrão que se converteu na cruz precisasse passar por um "processo de entendimento” para ser salvo!
(Lc 11:46) "Ele, porém, respondeu: Ai de vós também, doutores da lei! porque carregais os homens com fardos difíceis de suportar, e vós mesmos nem ainda com um dos vossos dedos tocais nesses fardos”.
Você consegue imaginar um Deus que volta as costas a um moribundo, que suplica por salvação clamando pelo nome de Jesus, só porque o sujeito não pronunciou direito ou usou o sotaque errado? De uma coisa eu tenho certeza, se é de um salvador assim que esse site está falando, não é o mesmo Salvador que levou meus pecados sobre si na cruz. Não é a pessoa divina da Trindade, o Filho Eterno de Deus, que não tem começo e nem fim.
(Is 59:1) "Vejam! O braço do Senhor não está tão curto que não possa salvar, e o seu ouvido tão surdo que não possa ouvir".
Agora veja o absurdo dos absurdos: de repente esses indivíduos chegam para um cristão convertido há anos e dizem: “Você não está salvo porque não pronunciou direito o nome do Salvador”. Será possível imaginar algo mais cruel? Segundo esses, há mais de 30 anos eu creio em um nome “traduzido”, portanto não seria o nome do Salvador. Todo esse tempo eu li uma Bíblia deturpada, porque está em português, adorei um Deus falso, porque não o fiz usando os nomes originais em hebraico, e preguei que a salvação está em alguém que não é o mesmo Salvador que há dois mil anos morreu na cruz fora dos muros de Jerusalém.
(Tt 1:14) "Não dando ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se desviam da verdade”.
São muitos os erros sutis dessa heresia que já é discutida em muitos sites em inglês como “sacred name heresy”, mas vou citar apenas mais uma: ao enfatizar que a salvação só pode ser obtida pela pronúncia correta do nome do Salvador, esses judaizantes tiram de Deus a obra da salvação e a transferem ao homem. Qualquer crente sincero sabe que Deus começou uma obra em seu coração muito antes de seus lábios confessarem sua fé em Jesus. É este o significado do novo nascimento ou “nascimento do alto”.
Primeiro o Espírito Santo infere vida ao pecador morto em seus delitos e pecados, então ele está apto a crer em Cristo. De outra maneira, como poderia um inimigo de Deus mudar de ideia, quando a Palavra de Deus diz claramente que "não há quem busque a Deus”, ou um morto espiritualmente sentir em si o peso de seus pecados? Essa convicção de pecado também é obra do Espírito de Deus numa alma. E este conhecimento de Cristo como algo que tem origem no céu, por revelação de Deus, é claramente ensinado nesta passagem do evangelho:
(Mt 16:13-17) "Quem dizem os homens ser o Filho do homem? E eles disseram: Uns, João o Batista; outros, Elias; e outros, Jeremias, ou um dos profetas. Disse-lhes ele: E vós, quem dizeis que eu sou? E Simão Pedro, respondendo, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas, porque to não revelou a carne e o sangue, mas meu pai que está nos céus".
Se ainda restam dúvidas sobre a maneira correta de ser salvo ou em quem crer, Deus, na sua infinita bondade e misericórdia, deixou para nós um caminho que até os loucos seriam capazes de encontrar (Isaias 35:8). Somente quem não crê em um Deus de amor acreditaria numa salvação baseada em um quebra-cabeça linguístico como querem nos fazer crer esses judaizantes. Veja que:
A salvação é assegurada a quem crê no "Filho do homem”:
(Jo 3:14) "E, como Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o filho do homem seja levantado; Para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
A salvação é assegurada a quem crê no "Filho Unigênito”:
(Jo 3:16) "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”.
A salvação é assegurada a quem crê no "Filho de Deus”:
(Jo 3:17-18) "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito filho de deus".
(Jo 3:36) "Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece”.
Alguém tem dúvidas de que Filho de Deus estes trechos falam? Certamente é o mesmo que Paulo descreve em seu evangelho ou boa notícia:
(1 Co 15:1-4) "Ora, eu vos lembro, irmãos, o EVANGELHO (Boa Notícia) que já vos anunciei; o qual também recebestes, e no qual perseverais, pelo qual também sois salvos, se é que o conservais tal como vo-lo anunciei; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras; que foi sepultado; que foi ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras;”.
Certamente um evangelho que tenta anular a salvação de todos os que creram em Jesus nos últimos dois mil anos e insiste que somente a pronúncia correta do nome hebraico garante a salvação, não é o mesmo evangelho da graça que Paulo pregou, mas é um “outro evangelho” de obra linguística, que não tem nada de uma boa nova ou boa notícia. Ao contrário, é uma péssima notícia. O que fazer então com tipos assim?
(Gl 1:6) "Estou admirado de que tão depressa estejais desertando daquele que vos chamou na graça de Cristo, para outro evangelho, o qual não é outro; senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema [Amaldiçoado]. Como antes temos dito, assim agora novamente o digo: Se alguém vos pregar outro evangelho além do que já recebestes, seja anátema [Amaldiçoado]".
Depois de ler algumas das afirmações absurdas do site, fui à página “Quem somos”, que começa dizendo “Nosso objetivo primordial não é falar sobre nós mesmos…” Então vem um texto com exatas 1.335 palavras (sim, fui chato o suficiente para colar o texto no Word para ele contar), bem no estilo daquelas pessoas que começam um discurso dizendo “Não tenho palavras para expressar…” e aí fica duas horas falando.
Outra página importante para descobrir algo sobre o espírito por detrás de um site assim é a que descreve o autor. O autor, seja ele quem for, não se identifica, mas a insistência de seu longo texto para que você não julgue o que ler pela pessoa que escreveu me fez desconfiar que ele não seja digno de confiança. Todos os evangelhos e epístolas, exceto Hebreus, trazem a identificação do autor (além de muitos livros do Antigo Testamento), e ninguém precisa nos explicar que Deus usou homens cheios de falhas para nos transmitir a sua Palavra que é perfeita.
O fato de se criar um site anônimo tem alguns problemas. Uma vez vi um vídeo muito bom de um irmão na Internet que não trazia identificação. Como eu sabia quem era, escrevi perguntando por que não colocou seu nome, até para facilitar o contato. Sua resposta foi “para que toda a glória seja de Deus”. Aquela parecia uma posição humilde (e no caso dele sei que foi), mas fiz questão de perguntar: “Será que não seria pretensão VOCÊ achar que haverá alguma glória no que fez, para desejar endereçá-la a Deus?”.
Mas voltando ao “humilde” autor do site, veja a bobagem que ele escreve nas últimas linhas de sua biografia anônima:
"…principalmente pelo fato de que todas as palavras aqui foram concedidas ao autor pelo AUTOR, e quem merece toda a atenção é o AUTOR, e não o autor”.
Em suma, se por “AUTOR” em maiúsculas ele está se referindo a DEUS (por que não escreveu em hebraico?!), o que ele está querendo dizer é que você deve aceitar o site dele como uma revelação divina com a mesma autoridade da Bíblia, ou seja, inspirada textualmente ou palavra por palavra, como o Espírito fez com os apóstolos. (1 Co 2:13) "As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as [palavras] que o Espírito Santo ensina".
Enoque morreu ou não?
Entendo que Enoque não morreu, mas foi trasladado diretamente para a presença de Deus. Isto é revelado aqui: (Gn 5:24) "E andou Enoque com Deus; e não apareceu mais, porquanto Deus para si o tomou”.
Outras versões dizem: "… e desapareceu, porque Deus o levou”; “… desapareceu, pois Deus o havia arrebatado”; “… e já não foi encontrado, pois Deus o havia arrebatado”. Gosto de pensar no que um irmão disse certa vez, que Enoque andou tanto tempo com Deus que chegou uma hora em que Deus disse a ele: ‘Enoque, agora você está mais perto de minha casa do que da sua; por que não fica aqui?’.
Mas sua dúvida está em Hebreus 11, onde também fala que Enoque foi trasladado para não ver a morte, mas alguns versículos depois de citar outros santos do Antigo Testamento diz que todos eles teriam morrido. Enoque morreu ou não morreu?
(Hb 11:5) "Pela fé Enoque foi trasladado para não ver a morte, e não foi achado, porque Deus o trasladara; visto como antes da sua trasladação alcançou testemunho de que agradara a Deus”.
Para entender a Bíblia é preciso aceitar o que ela diz como sendo a inerrante Palavra de Deus. Quando alguma coisa parece não fazer sentido, não é que está errada, mas sim que nós não entendemos. Além disso, é preciso enxergar as passagens como complementares.
Por exemplo, em Hebreus 11:5 diz que Enoque não viu a morte, mas no versículo 13 do mesmo capítulo diz que "todos estes morreram na fé”. Evidentemente desse "todos” devemos excluir Enoque, pois um pouco antes foi dito que ele não viu a morte. Em Romanos 3:23 diz que "todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”, mas em Hebreus 4:15 fala de Cristo como sendo "sem pecado”, portanto devo concluir que todos pecaram exceto Jesus.
Na passagem de Mateus que fala de dois homens possessos que Jesus liberta na província dos gadarenos, mas em Marcos só fala de um. Afinal, um ou dois? A resposta é dois. Em Mateus está falando deles, enquanto em Marcos a história está concentrada em um dos dois.
Uma aparente contradição é o modo como Judas morreu. Em Mateus 27:5 diz que "retirou-se e foi-se enforcar”. Em Atos 1:18 diz que "precipitando-se, rompeu-se pelo meio, e todas as suas entranhas se derramaram”. Afinal, enforcou-se ou despencou de um precipício? As duas coisas.
Quando Barzan Ibrahim al-Tikriti, o meio-irmão de Sadam Hussein, foi enforcado, o impacto da corda estirada causou sua decapitação. Quem estivesse sobre o cadafalso diria que ele foi enforcado. Quem estava sob o cadafalso disse que ele morreu decapitado.
Judas provavelmente se enforcou em um lugar alto o suficiente para precipitar-se, com o rompimento da corda ou do que a prendia (galho, por exemplo). Depois de morto, seu corpo apresentava os ferimentos de uma queda de um lugar alto.
Algumas das chamadas contradições pelos céticos podem entrar facilmente na categoria das exceções. É o caso da proibição da confecção de imagens em Êxodo 20 e a ordem para fazer dois querubins de ouro para ficarem sobre a Arca da Aliança em Êxodo 25, ou o caso da serpente de bronze em Números 21 ou dos leões, bois e querubins que adornavam várias partes do templo em 1 Reis 7.
A primeira ordem tinha o objetivo claro da confecção de imagens com o objetivo de adorá-las, o que não se aplicava às exceções, que tinham a função de adorno. Se eu fosse um israelita na época teria facilmente interpretado que no geral imagens não deviam ser construídas, exceto naquelas condições particulares.
Qualquer contrato dos dias de hoje é escrito assim. “Cláusula tal: Haverá multa no caso do não cumprimento deste contrato, etc…”; “Cláusula tal: A multa da cláusula anterior não se aplicará em caso fortuito ou de força maior”. Simples assim.
Como a carta de Elias chegou ao rei depois de ser arrebatado?
Sua dúvida tem a ver com uma suposta discordância no texto bíblico. Sua pergunta foi: "Gostaria de entender como é que após 8 anos do pseudo-arrebatamento [de Elias] Jeorão, filho de Jeosafá, recebe uma carta do profeta Elias?”.
O texto da carta à qual você se referiu foi:
(2 Cr 21:12) “Então lhe veio um escrito da parte de Elias, o profeta, que dizia: Assim diz o Senhor Deus de Davi teu pai: Porquanto não andaste nos caminhos de Jeosafá, teu pai, e nos caminhos de Asa, rei de Judá, mas andaste no caminho dos reis de Israel, e fizeste prostituir a Judá e aos moradores de Jerusalém, segundo a prostituição da casa de Acabe, e também mataste a teus irmãos da casa de teu pai, melhores do que tu; eis que o Senhor ferirá com um grande flagelo ao teu povo, aos teus filhos, às tuas mulheres e a todas as tuas fazendas. Tu também terás grande enfermidade por causa de uma doença em tuas entranhas, até que elas saiam, de dia em dia, por causa do mal”.
Eu não chamaria de “pseudo-arrebatamento”, pois aí estaria colocando em dúvida a veracidade, não de minha interpretação, mas do texto bíblico. Que Elias foi arrebatado ao céu num redemoinho, não há como negar, pois a Bíblia é clara. O que pode ocorrer é uma dificuldade de compreensão ou de cronologia.
(2 Rs 2:11) "E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho".
Portanto, este ponto do arrebatamento de Elias ao céu num redemoinho é inegável, já que é textual. Como nenhuma passagem diz que ele tenha voltado do céu (exceto em sua aparição momentânea no monte da transfiguração), então é de supor que tenha ficado por lá.
Então temos o problema da cronologia que, esta sim, pode não estar na ordem. Por exemplo, sabemos que os evangelhos nem sempre trazem os assuntos numa cronologia exata, mas colocados no momento em que os fatos são importantes para o que Deus quer revelar. O mesmo pode se dar no Antigo Testamento. Lembre-se de que não podemos cobrar exatidão cronológica ou “jornalística” da Bíblia, porque seu objetivo é apontar para Cristo. Tudo o que for relevante neste sentido estará lá, mas o que não for será suprimido do relato. Por isso não nos é dito o nome da mulher de Caim, por exemplo.
Tentarmos negar o fato do arrebatamento de Elias por dificuldades de entendermos a cronologia dos eventos joga por terra a autoridade da Palavra de Deus (o fato textual) e coloca a autoridade em nossa capacidade de interpretar os eventos.
William MacDonald coloca assim a questão: "Elias foi levado ao céu em algum momento durante o reinado de Jeosafá (2 Rs 2:11). Considerando que Jeorão reinou com seu pai por cerca de cinco anos, Elias poderia estar vivo quando essa mensagem foi entregue. Ou o profeta poderia ter escrito a carta por divina instrução e a entregado a Eliseu para que a entregasse no momento apropriado”.
Portanto, partindo do princípio de que a Palavra de Deus declara com todas as letras que ocorreu a ascensão de Elias ao céu (um fato, portanto inquestionável), só posso deduzir que:
1. A ordem dos eventos nem sempre é cronológica nos livros de Reis e Crônicas (há vários estudos sobre isso na Internet, portanto não há necessidade de me deter nisso aqui). Portanto (conforme explica William MacDonald) Elias poderia estar por aqui quando a carta foi entregue.
2. Elias recebeu a revelação antes de ser arrebatado e deixou-a em carta para ser entregue apenas para a pessoa e no momento devido. Não me lembro de existir algum caso assim nas Escrituras, mas é perfeitamente normal pessoas deixarem testamentos com mensagens que só podem ser abertas em uma determinada data.
3. Os correios da época eram péssimos.
A profecia de Joel cumpriu-se em Pentecostes?
Sua dúvida é se Atos 2 é o cumprimento da profecia de Joel 2, considerando que Pedro diz: "Mas isto é o que foi dito pelo profeta Joel: e nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meu Espírito derramarei sobre toda a carne…”.
Na Bíblia nós encontramos profecias que já se cumpriram, outras que se cumprirão, e outras que se cumpriram parcialmente. A queda de Tiro é um exemplo de uma profecia que começou a se cumprir, depois teve um intervalo de séculos, e terminou seu cumprimento.
De acordo com a profecia em Ezequiel 26, a cidade de Tiro seria arrasada, lançada no mar e suas muralhas iriam se tornar um enxugadouro de redes para os pescadores. Anos depois, em 573 A.C., Nabucodonosor II cercou a cidade por 13 anos e depois a tomou, destruindo-a. Porém a cidade era, na verdade, dividida em duas: uma maior no continente, e outra fortificada numa ilha defronte à cidade continental. Nabucodonosor conseguiu tomar e destruir a cidade no continente, mas não a cidade fortificada na ilha. Até aí, a profecia havia sido cumprida somente em parte.
Em 332 A.C., Alexandre, o Grande, atacou a cidade fortificada e, para chegar até ela, fez com que os soldados lançassem ao mar as muralhas da cidade destruída por Nabucodonosor, fazendo, assim, um caminho ligando o continente à ilha. O que não era possível fazer com seus navios, Alexandre conseguiu construindo este istmo sobre o qual seu exército podia passar. Hoje esse caminho de pedras ainda existe e é usado pelos pescadores da região para enxugadouro de redes.
Há outras passagens na Bíblia como a de Joel, que são apresentadas, mas por terem um cumprimento ainda parcial. Um exemplo é quando o Senhor Jesus abre o livro de Isaías para ler na sinagoga:
(Lc 4:17-21) "E foi-lhe dado o livro do profeta Isaías; e, quando abriu o livro, achou o lugar em que estava escrito: O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres. Enviou-me a curar os quebrantados do coração, a pregar liberdade aos cativos, e restauração da vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano aceitável do Senhor. E, cerrando o livro, e tornando-o a dar ao ministro, assentou-se; e os olhos de todos na sinagoga estavam fitos nele. Então começou a dizer-lhes: Hoje se cumpriu esta Escritura em vossos ouvidos”.
Naquele momento ele vinha como o Servo humilde, mas a continuação da profecia fala de sua vinda como Juiz e Vingador para estabelecer o seu reino milenial, que é o assunto do restante da profecia.
Se reparar na profecia de Isaías verá que Jesus parou antes de completar o texto, pois a conclusão em Isaías é: ”… e o dia da vingança do nosso Deus; a consolar todos os tristes; a ordenar acerca dos tristes de Sião que se lhes dê glória em vez de cinza, óleo de gozo em vez de tristeza, vestes de louvor em vez de espírito angustiado; a fim de que se chamem árvores de justiça, plantações do Senhor, para que ele seja glorificado. E edificarão os lugares antigamente assolados, e restaurarão os anteriormente destruídos, e renovarão as cidades assoladas, destruídas de geração em geração”(Is 61:2-final).
Para entender a profecia de Joel mencionada na passagem de Atos 2 é preciso lembrar três coisas:
1. Deus tem dois povos: um terreno (Israel) e um celestial (Igreja). Cada um tem suas promessas específicas e cada um o seu lugar prometido. Para Israel é a terra (e no futuro a nova terra) e para a Igreja é o céu. Então precisamos sempre ter em mente o que é dito para Israel e o que é dito para a Igreja.
2. A Igreja não existia no Antigo Testamento. Mesmo nos dias dos Evangelhos ela ainda era algo futuro. Por isso o Senhor disse "Edificarei a minha igreja”(Mt 16:18), com o verbo no futuro.
3. A Igreja não só não existia no Antigo Testamento, como era um segredo guardado por Deus para revelar a Paulo.
(Ef 5:32) "Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja".
(Cl 1:24-26) "…que é a igreja; Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;".
Portanto você nunca encontrará profecias dirigidas especificamente à Igreja no Antigo Testamento, embora possa encontrar tipos e figuras, ou alguma profecia acerca de Israel que de algum modo afete a Igreja, o que parece ser o caso da profecia de Joel. Com base nestas coisas, Joel não podia estar profetizando especificamente a respeito da Igreja nos dias em que viveu, mas estava profetizando para judeus acerca de judeus e falando do futuro de Israel. Veja também que a profecia toda não se cumpre no dia de Pentecostes:
(Jl 2:28-32) "E há de ser que, depois derramarei o meu Espírito sobre toda a carne, e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos velhos terão sonhos, os vossos jovens terão visões. E também sobre os servos e sobre as servas naqueles dias derramarei o meu Espírito. E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”.
Considerando que eram todos judeus os que estavam ali vendo e ouvindo as coisas de Atos 2, fazia muito sentido para eles perceberem que Deus estava cumprindo em parte da profecia de Joel, a qual todos eles conheciam. Ou então, considerando que a profecia toda irá se cumprir ainda no futuro, podemos dizer que Deus ali no dia de Pentecostes abriu uma fresta no que Joel profetizou para que eles tivessem um aperitivo do que será servido para Israel no futuro. "Os judeus pedem sinal” (1 Co 1:22), portanto aquilo fazia parte dos sinais que os judeus pediam, e Deus lhes deu, para que atendessem ao que Pedro insiste que façam em seguida:
(Atos 3:19) "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor,”.
Pedro não precisaria dizer isso se a profecia de Joel tivesse se cumprido, pois com o Senhor descendo do céu na frente deles não haveria dúvidas. Mas Pedro diz acertadamente que o que Joel previu estava acontecendo, isto é, a parte do Espírito de Deus sendo derramado, embora houvesse muito mais por vir, pois a maioria dos eventos citados na profecia não ocorreu no dia de Pentecostes.
O Espírito foi derramado ali, mas não "sobre toda a carne”, como previa a profecia. A profecia toda se cumprirá no final do período da Grande Tribulação e antes da volta gloriosa de Cristo. Então sim haverá "prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça”, o que também foi previsto por Mateus:
(Mt 24:29-30) "E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória”.
Com a vinda do Senhor para reinar, aí sim o Espírito de Deus será derramado "sobre toda a carne”, tanto sobre os gentios como os judeus, todos os que entrarem vivos no reino milenial, e isso será uma constante durante o reino de Cristo no mundo. Enquanto isso a Igreja já está no céu desde o arrebatamento, reinando com Cristo sobre a terra. Portanto os "últimos dias” de que falam a profecia de Joel, são os últimos dias de Israel neste mundo, antes do milênio, e não os últimos dias da Igreja.
O que a Bíblia ensina sobre o Sheol ou Hades?
Para responder suas dúvidas, vou “pedir ajuda aos universitários”, traduzi um texto de irmãos que sabiam muito mais que eu, e foi publicado em 1912 no volume 9 do "The Bible Treasury”. Esta publicação costumava ter como seu editor William Kelly, porém nesta época ele já devia ter partido para o Senhor, portanto a resposta deve ter vindo de outro editor.
No Antigo Testamento a palavra Sheol ocorre sessenta e cinco vezes e é traduzida na versão inglesa da Bíblia trinta e uma vezes como “sepultura”, três vezes como “abismo” e trinta e uma vezes como “inferno”, o que significa que os excelentes tradutores da versão inglesa de 1611 não consideraram a palavra como tendo um significado uniforme. Ela aparece na versão grega sessenta e uma vezes como Hades, duas vezes (2 Sm 22:6 e Provérbios 23:14) como “morte” (thanatos), enquanto em duas passagens (Jó 24:19 e Ez 32:21) não exista uma contrapartida exata das referências hebraicas que esteja reproduzida na Septuaginta, e por isso não há uma representação dessa palavra nestes casos.
Já nas passagens que se seguem (existem outras), como Gênesis 37:35; Gênesis 42:38; Gênesis 44:29, 31: Números 16:30, 33; 1 Reis 2:6, 9; Salmos 49:15; Salmos 141:7, a palavra Sheol pode muito bem não significar nada além de “túmulo” ou “sepultura”, e é assim que aparece na Versão Autorizada (King James) (exceto em Números 16, onde aparece como “abismo”); enquanto nos demais lugares costuma ser feita uma referência genérica como o lugar para onde vão os espíritos que partiram. A sepultura recebe o corpo. Assim, no Antigo Testamento a palavra Sheol (ou Seol) é usada para ambos os receptáculos.
Todavia, quando vamos para o Novo Testamento essa indefinição desaparece, pois vida e incorrupção são coisas que agora são desvendadas ao longo do evangelho. O Hades, uma representação genérica da palavra Sheol (Seol) aparece no Novo Testamento restrito ao mundo invisível dos espíritos separados, ou como “morte”, ou como a sepultura, e aplica-se (Ap 20) apenas ao corpo, e não à alma ou ao espírito. É o corpo que morre; enquanto o espírito retorna para Deus que o deu. O espírito e a alma nunca deixam de existir, seja para o bem, seja para o mal. Além disso, o Hades recebe apenas os ímpios; enquanto o crente, quando chamado a morrer, não vai para o Hades, mas para o Paraíso.
Mesmo assim costuma-se pensar que tanto bons quanto maus poderiam ir para o Hades, apesar dessas duas classes de pessoas serem separadas por um grande abismo; mas em nenhum lugar as Escrituras falam dos bons no Hades, ao contrário, sempre aparecem bem longe dos que estão ali. É claro que, se considerarmos o Salmo 16:10 (que é duas vezes citado em Atos 2) como ensinando que nosso Senhor ao morrer foi para o Sheol (Seol), ou Hades, havendo sua alma não permanecido ali — como sabemos ele foi para o Paraíso (um jardim de delícias, não de trevas), onde também o ladrão que morreu foi recebido — então devem ter existido neste caso duas áreas, respectivamente para os maus e os bons. Mas este erro vem de uma tradução equivocada do Salmo na versão de 1611 (King James). O que o versículo realmente diz é, “Não deixarás” (abandonarás ou relegarás) minha alma para (e não “no”) Sheol (ver Revised Version), e esta forma é confirmada também pelo texto corrigido de Atos 2:27 (aceito pelos editores críticos Lachmann, Tischendorf, Tregelles, Westcott e Hort, e pelos revisores — isto se refere à mais recente edição na época do valioso trabalho de W. Kelly, “The Preaching to the Spirits in Prison”, 1910, págs. 125, 133-139).
O Hades volta a ser mencionado no Novo Testamento em um bom sentido. Se existisse no Hades uma parte boa e outra ruim, por que deveríamos ler do destino dos ímpios ser invariavelmente ali sem que houvesse qualquer indício de ser também o destino dos bons?
Perguntas e Respostas:
Entendemos “seio da terra” ou “partes mais baixas da terra” como a sepultura. O Senhor não apenas morreu, mas foi sepultado e ressuscitou no terceiro dia. Jonas era um sinal disso. O Salmo 139:15 pode nos ajudar a nos guardarmos de uma interpretação muito literal das palavras “partes mais baixas da terra” que poderiam parecer indicar como algo fora de vista ou um lugar escondido. O sepulcro existiu com certeza e foi fechado pela pedra (Mt 27:66). Assim nenhum olho humano poderia perscrutar esses santos domínios onde o corpo de Jesus ficou.
Antes da vinda do Salvador o seio de Abraão representava o ápice da bênção para o judeu piedoso, considerando que Abraão foi chamado de amigo de Deus! Estar “com Cristo” é a perspectiva de bênção que o cristão tem agora revelada para si. Isso ocorre no Paraíso de Deus, nas alturas. O Paraíso não é o Hades, e tampouco Abraão esteve no Hades, mas é visto “ao longe” das almas atormentadas que estão no Hades (Lc 16:23). É loucura alguém pensar que o Senhor desceu ao Hades e libertou qualquer um que estivesse ali. O Senhor não foi ao Hades, mas ao Paraíso. Tampouco as Escrituras dão qualquer ideia de que exista uma libertação do Hades. Juízes 5:12; Salmos 68:18, Efésios 4:8 falam, não de ter libertado prisioneiros, mas de ter levado cativo o cativeiro e os poderes opressores do mal, aqui chamados de “cativeiro”. Cristo derrotou as potestades e principados (maus) e os exibiu publicamente ao triunfar sobre eles (Cl 2:15). Ele levou cativo o próprio cativeiro; não existe qualquer menção de ter livrado cativos do inferno, como alguns querem entender.
Descer ao Sheol (Seol) é descer à sepultura ou ao abismo que está visualmente sob nós.
O abismo de Apocalipse 20 não é onde o homem está, mas onde Satanás será lançado por mil anos, antes de ser lançado no lago de fogo por toda a eternidade; enquanto Hades é o lugar que recebe os espíritos daqueles que morreram — os ímpios mortos, cujos espíritos habitaram antes um corpo mortal. A alma e o espírito vão para o Hades, enquanto o corpo que é feito de pó vai para a “sepultura” (seja ela o mar ou a terra), enquanto aguarda sua ressurreição para o juízo. Quando o homem for levantado da sepultura, considerando que a terra e os céus terão passado, ele será lançado, não no Hades (que já não terá um lugar para existir), mas no lago de fogo que foi preparado, não para o homem, mas para o diabo e seus anjos. O crente, se tiver sido colocado para dormir [não um sono literal, mas uma forma de mostrar a morte do ímpio e do justo como antagônicas — N. do T.], ressuscitará, não para o juízo, mas para a glória (Fp 3:20-21).
Sheol (Seol) ou Hades não pode ser aplicado ao céu, mas está em contraste com o céu por ser o oposto.
Você não deve desculpas aos pentecostais que ofendeu?
Minha intenção não é julgar ou criticar pessoas, mas sim doutrinas e práticas. Voltei ao meu texto “Por que não consigo falar a língua dos anjos” e onde poderia parecer que eu estava falando de pessoas troquei “pentecostais” por “pentecostalismo” para não deixar a conotação do juízo de pessoas.
O que estou analisando e julgando ali são as doutrinas e práticas, não as pessoas que as professam e praticam. A Palavra de Deus não nos permite julgar pessoas, suas razões e motivos (Mt 7:1; 1 Samuel 2:3; 1 Co 4:4-5), mas nos exorta sim a julgarmos as doutrinas de uma pessoa (1 Co 10:15; 14:29), suas ações (1 Co 5:12-13), e seus frutos (Mt 7:15-20).
Seria o mesmo que eu escrever algo sobre os católicos que usam imagens em seus cultos. Eu não estaria julgando seus motivos ou a sinceridade de quem faz isso, mas a doutrina (culto a imagens), suas ações de ajoelhar diante de um ídolo e seus frutos ou consequências disso, que é obviamente a idolatria. A Palavra de Deus é nossa régua em todas as situações.
Obviamente há no texto expressões mais carregadas, como "… nessas manifestações de histeria coletiva que vemos em algumas igrejas pentecostais”, mas obviamente somente deveriam sentir-se ofendidos aqueles que estejam em igrejas onde ocorrem manifestações de histeria coletiva. Se não for o seu caso, então a expressão não é para você.
O pentecostalismo tem muitos erros, e talvez essa questão das línguas seja o menor deles. O mais grave é pregar uma salvação que começa pela fé e termina pelas obras, ao ensinar que o crente perderá sua salvação se não perseverar até o final. Era esse o evangelho de obras de conduta que predominava entre os Gálatas.
(Gl 3:3) "Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela carne?”.
Outro erro está em diferenciar crentes com e sem o Espírito Santo, já que alguém sem o Espírito nem mesmo é um salvo, pois não tem o penhor de sua herança.
Se você fala em línguas estrangeiras (que é o que significa “estranhas”), obviamente este é um exercício seu que não posso proibir ou condenar. Porém se você, que é mulher, faz isso na reunião da igreja, então está desobedecendo a ordem do Espírito Santo em 1 Coríntios 14:34 "As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar”.
Portanto, espero que compreenda que o que escrevi ali não é para ofender pessoas, mas para esclarecer doutrinas. Se nos deixarmos levar pela ideia de que não podemos mostrar o que a Bíblia ensina sob o risco de alguém sentir-se ofendido, então restará muito pouco a dizer, já que sempre existirá alguém que pense diferente. Eu mesmo poderia me sentir ofendido com sua maneira de pensar, não é mesmo?
O que é preciso saber é: você conferiu com a Palavra de Deus o que eu escrevi ali? Se conferiu e encontrou algo que não tem fundamento na Palavra, então aí sim eu estaria pronto a considerar e mudar minha maneira de pensar. Mas se é apenas uma diferença de opinião e você se sente confortável e confiante da maneira como adora a Deus, então o texto não foi escrito para você.
O texto “Por que não consigo falar a língua dos anjos?” foi escrito para responder a uma pessoa que está aflita com sua incapacidade de falar uma língua diferente, enquanto as pessoas ao seu redor vivem fazendo isso. O texto será muito útil e esclarecedor para pessoas como as que enviaram os e-mails cujos trechos seguem abaixo:
"… onde congrego parece haver algumas coisas que estão em discordância, como por exemplo, orar naquelas línguas ininteligíveis a qualquer um e também tem pastoras".
"O bispo… diz que quando somos batizados no Espirito Santo temos que ter evidências disso e as evidências são o fruto do Espirito SOMADO às línguas estranhas ou línguas dos anjos que é um selo, uma confirmação, a garantia da salvação… [o bispo diz que] se, para buscar o batismo, você insiste em continuar usando a sua língua de origem, poderá orar até o Dia do Juízo que não falará em outra. Por isso, comece a louvar ao Senhor durante alguns minutos, até sentir o movimento do Espírito Santo em você. Pare então de falar na sua própria língua e comece, pela fé, a fazê-lo na língua desconhecida”.
"Em 2006 me converti, verdadeiramente meu coração e minhas intenções mudaram e venho servindo a Deus, mas sem o Espírito Santo realmente não dá! Desde que me converti minha luta tem sido esta, não consigo recebê-lo, não estou em pecado, reconheço que sou pecadora, tenho minhas falhas, como é receber? Nunca falei nas línguas dos anjos embora em algumas buscas já sentisse paz, alegria, algo diferente… Eu estou confusa quero receber o Espirito Santo, não aguento mais".
"Sinto-me vazio, seco, desprovido do Espirito do Senhor… Quero sentir a unção que sentia antes, mas não sinto… Parece que o Espírito de Deus se afastou de mim e não consigo me reconciliar verdadeiramente com ele… Não queria ter perdido o Espírito… Quero ser salvo, mas a salvação é estar com Deus e fazer a vontade de Deus. Sem o Espírito dele eu não consigo fazer nada… Será que existe reconciliação pra mim? Ou será que pequei contra o Espírito do Senhor…".
Lamentavelmente esse é o estado em que se encontra a cristandade hoje. E o pentecostalismo é um dos grandes responsáveis por isso, por pregar um evangelho com foco nas emoções, ensinar que é preciso passar por um “batismo do Espírito” para ser salvo e insistir na manutenção da salvação por obras, afirmando ser possível um crente genuíno perder sua salvação caso venha a se desviar.
Por que se faz violência ao reino dos céus para entrar nele?
Sua dúvida está relacionada ao que Jesus diz em Mateus 11:12 "E, desde os dias de João o Batista até agora, se faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele”. Outra versão diz "até agora, o reino dos céus é tomado à força, e os violentos o tomam de assalto”.
Primeiro é preciso entender que Jesus está falando do “reino dos céus” e não do céu propriamente dito. Lembre-se de que o reino dos céus contém joio e trigo misturados, portanto é um cenário que ocorre na terra e nesta vida.
Entendendo que o reino dos céus não é o céu e nem a salvação, mas o reino que tem origem nos céus e estava para ser implantado na terra (se os judeus tivessem crido no Messias), você há de concordar que, como acontece com qualquer mudança drástica, seria necessário esforço para participar desse reino. A expressão não tem nada a ver com violência no sentido de atacar os outros.
Qual a maneira correta de tratar Satanás?
É bom saber que você conhece o Senhor e também que as mensagens de “O Evangelho em 3 Minutos” têm sido de ajuda. Sim, você pode gravar, distribuir ou publicar em seu blog. Mas vamos ao que escreveu em seu e-mail:
Você escreveu algo que chamou minha atenção: "Tenho um ódio profundo a esse cão (satanás) e aos seus ajudantes (demônios) e quero assim desmascará-lo até que Deus me permita”.
Embora todo cristão sinta aversão por Satanás, será esta a maneira correta de falar dele? Vamos ver o que diz a Palavra de Deus:
(Jd 1:8) "Contudo, semelhantemente também estes falsos mestres, sonhando, contaminam a sua carne, rejeitam toda autoridade e blasfemam das dignidades".
A passagem fala dos falsos mestres (há muitos hoje na cristandade) que não apenas rejeitam toda autoridade, humana ou divina (isso inclui até mesmo a autoridade do Senhor e sua Palavra), mas também blasfemam das dignidades. E que dignidades seriam essas?
Obviamente pensaríamos logo nos anjos que permaneceram fiéis. Mas não é disso que o apóstolo está falando, pelo que podemos ver na continuação:
(Jd 1:9) "Mas quando o arcanjo Miguel, discutindo com o Diabo, disputava a respeito do corpo de Moisés, não ousou pronunciar contra ele juízo de maldição, mas disse: O Senhor te repreenda”.
Sem entrar na questão de quando pode ter ocorrido essa disputa entre Miguel e o Diabo pelo corpo de Moisés (que foi sepultado em lugar secreto), o ponto aqui é que Miguel não ousa maldizer Satanás. Apesar de Miguel ser o arcanjo que em Apocalipse 12 irá expulsar Satanás do céu e lançá-lo à terra (e o cristão tem autoridade do Senhor para também expulsar demônios e espíritos malignos em nome de Jesus), Miguel deixa todo juízo nas mãos do Senhor, por reconhecer que Satanás é uma dignidade ou autoridade sobre as hostes que se submeteram a ele quando da rebelião.
Veja que interessante esta passagem:
(Rm 13:1-2) "Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de deus; e as que existem foram ordenadas por deus. Por isso quem resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos a condenação”.
Quando nos indignamos contra um tirano qualquer, acreditando que Deus jamais teria algo a ver com sua posição de líder de um povo ou nação, precisamos pensar melhor. Nada do que acontece no Universo foge ao controle de Deus (ou ele não seria Deus, não é mesmo?). Ainda que o mal que existe no mundo seja consequência direta do pecado e da humanidade ter rejeitado a Deus, e também ao Filho de Deus, Deus pode permitir ou não que o mal se estabeleça, conforme seus propósitos que nem sempre entendemos.
O próprio apóstolo Paulo, mesmo sendo tratado indignamente, percebe que errou ao faltar com o respeito diante de uma autoridade.
(Atos 23:2-5) "Mas o sumo sacerdote, Ananias, mandou aos que estavam junto dele que o ferissem na boca. Então Paulo lhe disse: Deus te ferirá, parede branqueada; tu estás aqui assentado para julgar-me conforme a lei, e contra a lei me mandas ferir? E os que ali estavam disseram: Injurias o sumo sacerdote de Deus? E Paulo disse: Não sabia, irmãos, que era o sumo sacerdote; porque está escrito: Não dirás mal do príncipe do teu povo".
Por mais que as autoridades sejam cruéis e corruptas, elas são autoridades instituídas por Deus, e isso inclui os anjos, caídos ou não. Por mais injusto que seja o governante de um país, se visito aquele país devo me sujeitar a ele. O cristão pode até combater a maldade imposta por uma autoridade, mas não deve combater a autoridade. Basta vermos o exemplo do Senhor e dos primeiros cristãos, que em momento algum tentaram derrubar o corrupto governo da época, fosse ele o governo judeu ou romano, mas brilharam como luz em meio às trevas.
Obviamente um cristão sob uma autoridade cruel não deverá praticar crueldades, como fizeram muitos alemães sob o comando de Hitler. Paulo não perseguia mais os cristãos, como as autoridades de seu tempo mandavam fazer, mas ainda assim estava sujeito a elas — tanto as autoridades religiosas como as seculares — por ser judeu e romano. A ideia de que Jesus ou seus discípulos eram revolucionários tentando mudar a sociedade por caminhos políticos não tem qualquer sustentação bíblica.
Dou outro exemplo: não existe no Novo Testamento a figura do padre católico ou do pastor protestante, isto é, um homem que dirige uma congregação. Isso existiu no judaísmo na figura do Sumo Sacerdote, mas no cristianismo todo cristão é um sacerdote com igual acesso à presença de Deus. O cuidado da assembleia ou igreja está sempre sob a responsabilidade plural de mais de um irmão, chamados na Palavra de Deus de bispos, presbíteros ou anciãos e reconhecidos pelo mesmo critério com que eram reconhecidas as igrejas, ou seja, pela cidade onde estavam (e não por diferentes denominações criadas para identificá-las).
Porém, mesmo entendendo que o “pastor” singular não é autoridade sobre mim por seu posto singular não existir nas Escrituras (não confundir com o dom de pastor que não tem a ver com governo da assembleia), se eu fosse à reunião de alguma denominação seria obrigado a respeitar aquele homem à frente, porque ali ele é uma autoridade reconhecida pelos membros daquela organização. Eu não poderia querer contestá-lo ou falar mal dele naquele ambiente. O correto seria eu não estar ali, ou sequer ir até lá para atacar uma autoridade diante daqueles que a reconhecem como tal (por esta razão não aceito convites para falar em denominações).
Voltando ao texto do apóstolo Judas, fica muito claro que a descrição que ele dá ali desses homens réprobos quanto à fé cabe como uma luva nesses pregadores que vemos por aí desafiando Satanás ou até lançando maldições contra ele.
(Jd 1:10-11) "Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, naquilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais se corrompem. Ai deles! porque entraram pelo caminho de Caim, e foram levados pelo engano do prêmio de Balaão, e pereceram na contradição de Coré”.
Existe um Homem de carne e ossos no céu?
Sim, neste exato momento existe um HOMEM de carne e ossos no céu, Jesus ressuscitado e assentado à destra de Deus. Poucos se dão conta de que esta é uma verdade fundamental do cristianismo e acabam imaginando uma espécie de “ressurreição espiritual”, como se Cristo tivesse subido ao céu em um corpo etéreo.
Se assim fosse, a ressurreição seria uma farsa, mas não é. O corpo não estava mais no túmulo, porque voltou a viver, então num formato incorruptível e imortal, o mesmo tipo de corpo que cada ressuscitado terá no céu.
(Lc 24:39) "Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho".
Em Efésios Paulo fala da condição atual de Cristo e menciona carne e ossos:
(Ef 5:30) "Porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos".
A ideia de um Jesus ressuscitado numa espécie de corpo etéreo vem das religiões orientais e chegou até nós pelo espiritismo, mas é um engano grave. O fato de Jesus ter um corpo de carne e ossos não significa que seja um corpo corruptível, mas sua carne e seus ossos estão numa condição diferente, pois seu corpo é capaz de atravessar paredes (como atravessou ao entrar no cômodo onde estavam os discípulos com as portas fechadas) e também é capaz de comer. Ao mesmo tempo, é um corpo apto a viver no céu e na Nova Criação, composta pelos Novos Céus e Nova Terra.
(Jo 20:19-20) "Chegada, pois, a tarde daquele dia, o primeiro da semana, e cerradas as portas onde os discípulos, com medo dos judeus, se tinham ajuntado, chegou Jesus, e pôs-se no meio, e disse-lhes: Paz seja convosco. E, dizendo isto, mostrou-lhes as suas mãos e o lado. De sorte que os discípulos se alegraram, vendo o Senhor”.
Luc 24:41-43 E, não o crendo eles ainda por causa da alegria, e estando maravilhados, disse-lhes: Tendes aqui alguma coisa que comer? Então eles apresentaram-lhe parte de um peixe assado, e um favo de mel; O que ele tomou, e comeu diante deles.
Às vezes ficamos confusos por causa da afirmação: (1 Co 15:50) "O que afirmo, irmãos, é que nem a carne nem o sangue podem participar do Reino de Deus; e que a corrupção não participará da incorruptibilidade”.
Aqui ele está falando de nosso corpo natural, atual e mortal (por isso fala em seguida da transformação). Mas depois de ressuscitado teremos um corpo semelhante ao do Senhor Jesus, uma matéria diferente daquela que temos hoje, mas ainda assim carne e ossos, porque foi assim que se apresentou aos discípulos depois de ressuscitado:
(Lc 24:39) "Vede minhas mãos e meus pés, sou eu mesmo; apalpai e vede: um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que tenho".
Não é possível falar em espiritual sem dar uma imagem física, porque vivemos num mundo físico. Mesmo assim é importante lembrar que Deus não tem nada contra a matéria. Quando criou a matéria, Deus disse que era tudo bom. O problema está na matéria arruinada pelo pecado, mas se considerar que Jesus veio ao mundo em um corpo material (porém sem pecado) e ressuscitou em um corpo material e subiu num corpo assim ao céu, dá para entender que existe um tipo de matéria que foge à nossa compreensão neste momento. Uma matéria para a qual tempo e espaço são irrelevantes (Jesus entrou numa sala com portas fechadas e entrou em outra dimensão com esse corpo).
Como evitar sonhos homossexuais?
Você perguntou como se libertar do homossexualismo, e também se é pecado sonhar que tem relações sexuais com pessoas do mesmo sexo. Fiquei na dúvida se você pratica ou apenas sofre tentações. Se estiver sendo tentado, alguém disse que não podemos evitar que os pássaros voem sobre nossa cabeça, mas podemos impedi-los de fazer ninho em nossos cabelos.
Se você está vivendo na prática de qualquer pecado, deve confessar isso. Não somente a Deus, mas também aos irmãos com os quais mantém comunhão, pois a Bíblia é clara em ensinar que uma pessoa em pecado deve ser excluída da comunhão (leia 1 Coríntios 5), ou os outros serão contaminados pelo seu pecado do mesmo modo como o fermento leveda toda a massa.
Apesar de a sociedade hoje considerar o homossexualismo apenas um estilo de vida, a Palavra de Deus continua condenando a prática, considerando-a pecado. Como já disse em outras ocasiões, Deus ama o pecador, mas abomina o pecado. Do mesmo modo Deus ama a pessoa, mas abomina a prática do homossexualismo. É por isso que quando alguém aponta o que a Bíblia diz sobre o homossexualismo não pode ser acusado de homofobia ou discriminação, pela mesma razão que alguém que critique o ato de fumar não poderá ser acusado de estar discriminando o fumante.
Também não pode ser considerado discriminação o fato de não existir lugar na comunhão dos cristãos para pessoas na prática de qualquer pecado condenado pela Palavra de Deus, e isso não se limita ao homossexualismo, mas inclui o sexo fora do casamento, roubo, avareza, etc. Se fosse discriminação, ninguém poderia me impedir de ingressar na seleção feminina de vôlei. Porém, por mais que eu insista, não serei aceito por não ser mulher e também por não saber jogar vôlei, duas condições básicas para participar daquela “comunhão”.
A palavra “comunhão” significa um grupo de pessoas que têm certas coisas em comum. Um ateu não poderia participar da comunhão dos cristãos, por lhe faltar uma condição básica para isso: crer em Deus, e do mesmo modo alguém na prática do homossexualismo não seria aceito por não comungar daquilo que a Palavra de Deus ensina sobre o assunto nas passagens que tratam do homossexualismo:
(Lv 18:22) "Não te deitarás com varão, como se fosse mulher; é abominação".
(1 Co 6:9) "Não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas,”.
(Rm 1:26) "Pelo que Deus os entregou a paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural no que é contrário à natureza; semelhantemente, também os varões, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para como os outros, varão com varão, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a devida recompensa do seu erro”.
Sobre sua outra dúvida, que são as tentações, todos nós as sofremos, e estamos todos sujeitos a cair nelas se andarmos descuidados e fora de uma comunhão íntima com o Senhor. Mas temos um recurso poderoso que é o Espírito Santo em nós para nos ajudar nessas horas. É claro que eu preciso deixar o Espírito Santo, e não a minha carne, agir, porque se der qualquer chance à carne ela irá tomar conta da situação e me levará ao pecado.
Eu sempre me lembro do exemplo de José, quando foi tentado pela esposa de Potifar. Ele não ficou ali conversando com ela ou argumentando ou pensando consigo que só um beijo não seria um problema. O que ele fez? Fugiu! Saiu correndo.
Geralmente invertemos a ordem, quando fugimos do diabo e lutamos contra o pecado. Deveríamos fazer o contrário: fugir do pecado e lutar contra o diabo em oração. Sempre que tentamos lutar contra o pecado* em nossa carne acabamos sucumbindo, porque não cabe a nós lutar contra a carne. Esse é um trabalho para o Espírito Santo que habita em nós.
(Gl_5:17) "Porque a carne luta contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes se opõem um ao outro, para que não façais o que quereis”.
(Ef 6:12) "Porque não temos que lutar contra carne e sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
[*Depois que escrevi isto fiquei em dúvida se estaria correto dizer que não devemos ‘lutar’ contra o pecado, pois há um versículo em Hebreus 12:4: “Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado”. Aparentemente aí diz que deveríamos sim lutar contra o pecado, mas ao consultar um dicionário grego percebi que o verbo “lutar” em Gálatas 5:17 é ‘epithumeo’, o que faz a passagem ter o sentido de “a carne deseja o contrário do Espírito”, enquanto em Efésios 6:12 é ‘pale’ que tem o sentido de lutar mesmo, como em luta livre. Já em Hebreus 12:4 o verbo ‘combater’ é ‘antagonizomai e tem o sentido de antagonizar ou ser contrário a algo.]
Você perguntou sobre os sonhos, porém não há como controlá-los quando eles invadem nossa mente. Sonhos são involuntários, mas muitos ocorrem com base em experiências vividas no dia-a-dia ou em cenas que vimos. Podemos fazer muito para evitarmos chegar ao ponto de sermos tentados em sonhos, mesmo que involuntariamente. O segredo está em evitar alimentar nossa mente com a matéria prima desses sonhos.
Falo da companhia de pessoas e conversas que possam estimular pensamentos pecaminosos e, consequentemente, sonhos cheios de erotismo. Você sabe que basta alguém bocejar na nossa presença que já ficamos com vontade de bocejar, ou então sentimos um cheiro de comida e isso abre nosso apetite. Enquanto as reações às coisas que vêm a nós pela visão, olfato, audição ou tato sejam involuntárias, cabe a mim filtrar a “matéria prima” que causa essas reações.
Procure evitar pessoas, coisas e informações que abram esse tipo de “apetite” em sua mente. Evite filmes, sites, fotos, revistas e todo tipo de fonte de informação carregada de erotismo. Quanto menos matéria prima sua mente tiver para construir seus sonhos eróticos, melhor será. Proteger a mente é usar o capacete da salvação. Se tiver que encher sua mente de matéria prima, que seja com a melhor que existe: a Palavra de Deus.
(Cl 3:16) "A palavra de Cristo habite em vós abundantemente".
(1 Jo_2:14) "Eu vos escrevi, jovens, porque sois fortes, e a palavra de Deus está em vós, e já vencestes o maligno".
(Ef 6:17) "Tomai também o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus,”.
O que você pensa dos sonhos e visões?
Lendo Hebreus 1 entendemos que Deus mudou sua maneira de se comunicar com o homem ao longo das eras. (Hb 1:1) "Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho”.Na atual dispensação, quando temos TODA a Palavra de Deus revelada ao nosso alcance, a questão dos sonhos e visões muda de figura. Exceto em Atos 2:17, que aponta para um tempo ainda futuro e para o remanescente judeu que irá se converter após o arrebatamento, não encontro qualquer referência a sonhos nas epístolas da doutrina dada pelos apóstolos à igreja.
O mesmo pode-se dizer de visões (exceto as que Paulo menciona em 2 Coríntios 12:1, mas que fazem parte da revelação que ele recebeu). Aliás, a única vez onde as visões aparecem nas epístolas é com uma conotação negativa em Colossenses 2:18. Compare estas diferentes versões ou traduções:
(ACF) "Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão,”.
(Bíblia) "Ninguém vos roube a seu bel-prazer a palma da corrida, sob pretexto de humildade e culto dos anjos. Desencaminham-se estas pessoas em suas próprias visões e, cheias do vão orgulho de seu espírito materialista,”.
(BRASIL) "Ninguém à sua vontade vos tire o vosso prêmio com humildade e culto aos anjos, firmando-se nas coisas que tem visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal,” .
(CNBB) "Que ninguém, a pretexto de humildade e culto aos anjos, vos impeça de alcançar a vitória. Tais pessoas baseiam-se em pretensas visões, deixando-se ingenuamente inchar de orgulho por sua mente carnal;”.
(NVI) "Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa".
(PAST) "Que ninguém, com humildade afetada ou culto aos anjos, impeça vocês de conseguir a vitória; essas pessoas se fecham em suas visões e se incham de orgulho com o seu modo de pensar".
(PJFA) "Ninguém atue como árbitro contra vós, afetando humildade ou culto aos anjos, firmando-se em coisas que tenha visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal,”.
O texto parece insinuar que as visões dessas pessoas foram geradas por sua mente carnal, e não de uma fonte espiritual. A maioria das religiões se apoia em visões, e dentro do cristianismo católico e protestante você encontra correntes renovadas ou pentecostais que dão uma grande importância a sonhos e visões (apesar de não haver nada sobre o assunto nas instruções ou doutrina dos apóstolos para a igreja).
Não raro o que se vê nesses meios pentecostais são pessoas orgulhosas de seus sonhos e visões, que se acham mais que seus irmãos, simples mortais que não conseguem ter um acesso tão fácil ao mundo espiritual como elas têm. De um lado isso cria orgulho (nos que dizem ter tais sonhos e visões) e desespero (nos que não conseguem tê-las, achando que ainda não atingiram um grau de santificação suficiente).
Ou seja, nada que traga edificação aos santos, como traz a Palavra de Deus que temos em mãos, na qual Deus nos revelou tudo o que precisávamos à vida e piedade.
(2 Pe 1:3) "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito (ou de que precisamos) à vida e piedade, pelo conhecimento daquele que nos chamou pela sua glória e virtude;”.
(Cl 1:25-26) "Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir a palavra de Deus; O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos;”.
A palavra “cumprir” tem o sentido de completar, ou seja, dar por encerrada a revelação, conforme a versão de J. N. Darby, que diz: "… of which I became minister, according to the dispensation of God which is given me towards you to complete the word of God” (“… para completar a palavra de Deus”).
Será que precisamos mesmo de sonhos e visões agora que somos habitados pelo Espírito Santo (antes de Pentecostes ninguém era) e tendo a Cristo e o acesso à completa Palavra de Deus?
Eu particularmente considero todo esse interesse por sonhos e visões como insatisfação com o que Deus revela em sua Palavra. Quando nos falta comunhão com Deus e com sua Palavra saímos procurando por informação em outras fontes, como sonhos, visões, fábulas (histórias inventadas, existe muito disso por aí). A pergunta correta seria: Acaso a Palavra de Deus já está em nós (Jo 15:7) o suficiente para conhecermos toda a vontade de Deus? Se assim for, não precisaremos recorrer a outros meios.
Se vivemos insatisfeitos com as revelações que o Senhor já nos deu em sua Palavra, quando menos esperamos acabamos caindo num estado de ruína e vazio parecido ao de Saul, quando Deus já não lhe respondia pelos meios que havia na época. Aí sim, os israelitas dependiam de sonhos, visões e profecias por não terem ainda toda a Palavra de Deus completa como temos. Quando Saul não encontrou nos meios autorizados por Deus o que queria ouvir (porque o próprio Deus havia desistido de falar com Saul por esses meios, dada a sua rebelião), ele foi procurar respostas no espiritismo da época, consultando quem dizia ter comunicação com o além.
(2Tm 4:2-4) "Que pregues a palavra, instes a tempo e fora de tempo, redarguas, repreendas, exortes, com toda a longanimidade e doutrina. Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas".
(1Tm 4:1-2) "Mas o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência;”.
Devemos falar mal das autoridades?
Existem alguns sites e vídeos que se dizem cristãos que promovem a crítica às autoridades, alegando que elas estão sujeitas a demônios ou fazem parte de alguma sociedade secreta tipo Illuminati. Seria correto o cristão entrar nessa onda de críticas às autoridades ou mesmo passar adiante essas mensagens conspiratórias? Não.
Você alega que o autor dos livros de teorias conspiratórias que mencionou foi preso nos EUA sob alegações falsas, mas a realidade é que qualquer pessoa que incite a desobediência civil pode ser presa em qualquer lugar do mundo e sob qualquer governo. Se o governo não tiver provas vai inventar alguma. Não acredite nem nos autores de teorias conspiratórias, nem nos governos pois, como costuma dizer o Dr. House, “todo homem mente”.
(Jr 17:5) "Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem".
Portanto, não confie em homem algum, porque todos podem decepcionar. Acreditar ou confiar é uma coisa, obedecer é outra. A Bíblia manda você obedecer as autoridades, portanto com essas o cristão tem algo a ver, que é obediência e oração, Mas o cristão não tem nada a ver com conspiradores e suas teorias, principalmente com esses que incitam o ódio, a desobediência e a violência.
Eu não acredito nas autoridades, mas devo respeitá-las porque foram instituídas por Deus e como cristão não tenho nada que sair por aí denegrindo a pessoa do presidente ou seu governo. Devo, isto sim, orar por todos os governantes, inclusive os corruptos, e até os que adoram demônios ou estejam sendo influenciados por eles, para que sejam libertos e creiam no Salvador. Lembre-se de que até entre os discípulos escolhidos a dedo pelo Senhor havia um influenciado pelo diabo (obviamente o Senhor sabia de antemão quem era Judas e não foi nem uma surpresa e nem um acidente a traição).
Se os governantes criam alguma lei que seja claramente contrária à Palavra de Deus, minha função é orar para que isso não traga problemas aos cristãos e obviamente neste caso vou ser obrigado a desobedecer a lei. É o caso de leis a favor do aborto, ou aquelas que estão sendo adotadas em muitos países relacionadas ao casamento de pessoas do mesmo sexo ou de endosso e amparo ao homossexualismo.
Embora seja correto proteger a integridade das pessoas e coibir qualquer tipo de violência e segregação, independentemente de sua opção religiosa ou sexual, não cabe ao cristão sair por aí criticando essas leis por elas serem contrárias aos costumes ensinados na Bíblia. Posso mostrar a discrepância de uma lei em relação à Bíblia, mas não cabe a mim promover uma revolta contra a dita lei.
Afinal, o que o cristão tem a ver com o mundo e seus costumes? Nada. Somos estrangeiros aqui, e seremos abelhudos se quisermos nos meter no andar da carruagem de um mundo que está apenas acumulando combustível imoral, já que está reservado para o fogo. Não cabe ao cristão legislar neste mundo e muito menos fazer pressão contra a legislação, porque tudo o que acontece aqui está dentro dos planos do príncipe deste mundo, que é o diabo. O cristão não é do mundo e não deve se envolver em questões que não lhe dizem respeito. O que o cristão deve fazer é orar. Nem passeatas, nem abaixo-assinados ou protestos, mas orações.
(1Tm 2:1-3) "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência, para que tenhamos uma vida quieta e sossegada, em toda a piedade e honestidade; porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador,”.
Você viu algum desses sites conspiratórios (mesmo os que se dizem cristãos) exortando os leitores a orarem pelas autoridades? Não. Eles tentam nos mostrar que elas estão submissas a demônios para nós as considerarmos inimigas. Mas a questão é que a Palavra nos exorta a não lutar contra seres humanos — mesmo os submissos a demônios — e sim seres angelicais, ou seja, não de armas nas mãos, mas de mãos postas. Pedro foi repreendido pelo Senhor ao cortar a orelha de um dos guardas que prenderam Jesus, e o Senhor até mesmo curou a orelha do homem! Tampouco vemos os onze discípulos dando uma surra em Judas por sua traição.
(Lc 22:50-51) "E um deles feriu o servo do sumo sacerdote, e cortou-lhe a orelha direita. E, respondendo Jesus, disse: Deixai-os; basta. E, tocando-lhe a orelha, o curou”.
(Ef 6:12) "Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais”.
Devemos buscar a libertação (espiritual) dos humanos que estão sujeitos aos demônios ou sob o controle deles, como o Senhor fez com o gadareno possesso ou Paulo com a jovem possuída por um espírito de adivinhação. Aliás, este é um país onde a consulta a demônios faz parte da crença de grande parte da população.
Se você acha um absurdo as autoridades terem uma agenda dupla, ou seja, falarem de Deus com um lado da boca e adorarem o diabo em oculto, o que você acha que as autoridades dos tempos de Atos faziam, não em oculto, mas publicamente? E ainda jogavam aos leões os cristãos que se recusavam a adorar seus deuses. Mesmo assim os cristãos lhes eram sujeitos naquilo que não entrasse em conflito com a Palavra de Deus. E o que entrasse em conflito eles não iriam obedecer mesmo, mas isso não significa que promoviam levantes sociais. Isso eles aprenderam com o próprio Senhor.
(Lc 23:34) "E dizia Jesus: Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”.
Não se engane: por mais corruptas que sejam as autoridades e por mais perniciosas que sejam as leis, Deus está no controle de tudo. Este mundo jaz no maligno e vai continuar assim por um bom tempo, então até mesmo a malignidade que encontramos nos governantes e nas leis tem a permissão temporária de Deus para prevalecer, pois nada escapa aos seus propósitos. Ele quer inclusive que os próprios governantes malignos se convertam. Não é coincidência que este seu desejo venha logo depois da passagem que fala para orarmos pelas autoridades:
(1Tm 2:1-4) "Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; pelos reis, e por todos os que estão em eminência… Porque isto é bom e agradável diante de Deus nosso Salvador, Que quer que todos os homens se salvem, e venham ao conhecimento da verdade".
A questão é que Deus usa governos injustos e leis ímpias como forma de castigo dos ímpios e aprendizado dos crentes. Se no Brasil o governo atual vai além da mera proteção ao cidadão homossexual e passa a fazer apologia à homossexualidade, não deveríamos nos espantar com isso. Afinal, este é o país do carnaval, das pornochanchadas e das novelas que estouram em audiência quando existe algum apelo erótico e principalmente homossexual. É o que o povo incrédulo quer, e Deus permite isso para que a medida de injustiça do povo fique cheia e Deus não seja considerado injusto quando castigar os ímpios.
(Gn 15:16) "E a quarta geração tornará para cá; porque a medida da injustiça dos amorreus não está ainda cheia".
(Dt 9:4) "Quando, pois, o Senhor teu Deus os lançar fora de diante de ti, não fales no teu coração, dizendo: Por causa da minha justiça é que o Senhor me trouxe a esta terra para a possuir; porque pela impiedade destas nações é que o Senhor as lança fora de diante de ti”.
Apesar de toda a idolatria e impiedade dos povos do Antigo Testamento, você encontra várias vezes Deus usando autoridades pagãs para ajudar seu povo de Israel (Faraó, Nabucodonosor, Ciro, Dario). Você acha que esses reis não faziam sacrifícios aos demônios?
(1 Co 10:20) "Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios, e não a Deus”.
Comece hoje a orar pelos governantes e lembre-se de pedir a Deus que perdoe e converta os que estão errados. Aí você estará fazendo a obra de Deus. Mas se continuar incitando o ódio das pessoas contra os poderes estabelecidos, estará fazendo a obra do diabo, o qual, inclusive, é uma autoridade contra a qual não devemos blasfemar. Veja que Judas diz que aqueles que rejeitam as autoridades são comparados a “animais irracionais”.
(Jd 1:8) "Da mesma forma, estes sonhadores contaminam seus próprios corpos, rejeitam as autoridades e difamam os seres celestiais… Todavia, esses tais difamam tudo o que não entendem; e as coisas que entendem por instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem”.
O que você acha dos vídeos sobre os Illuminati?
Com a facilidade de se publicar vídeos na Internet as pessoas ganharam acesso a tudo o que existe de bem e mal. É claro que o mal sempre dá mais audiência do que o bem. Os telejornais sensacionalistas estão aí para provar isso.
Eu particularmente não gosto de “especialistas no mal”, ou seja, ministérios de cristãos que se ocupam com o mal ao invés de exaltarem a Cristo. De uma forma indireta acabam promovendo o mal e levando mais pessoas a se interessarem por suas práticas.
Evidentemente temos obrigação de condenar as obras das trevas, mas a maneira correta de expor as trevas é por meio da luz e não pela explicação detalhada do que são as trevas. Eu não preciso beber um litro de vinagre para avisar as pessoas que aquilo é vinagre. Basta eu ler o rótulo.
(Ef 5:11-13) "E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as. Porque o que eles fazem em oculto até dizê-lo é torpe. Mas todas estas coisas se manifestam, sendo condenadas pela luz, porque a luz tudo manifesta".
Quando você acende a luz de sua cozinha no meio da noite, a barata se vê exposta e foge. É disso que precisamos: derramar a LUZ sobre as pessoas para que o mal acabe exposto pela luz, e não pela dissecação detalhada da barata.
Um exemplo simples: alguém que pregue contra a prostituição detalhando como ocorre o ato sexual com uma prostituta irá deixar seus ouvintes excitados. Quem vê pode até alegar que ele está pregando contra a prostituição, mas os efeitos que está gerando nas pessoas é justamente o desejo de se prostituírem.
É muito comum vermos isso nas igrejas com os tais “testemunhos”. Ora é a prostituta que conta em detalhes sua vida sexual antes de se converter, excitando a plateia, ora é o traficante que descreve o submundo do crime como se fosse um filme de ação, eletrizando a plateia, ora é o estelionatário que ensina em detalhes todos os golpes que dava, despertando na audiência o desejo do ganho fácil.
Muitos pastores que proíbem os membros de suas igrejas de irem ao cinema acabam trazendo o cinema até eles por meio dos “testemunhadores profissionais”. Sim, muitos são profissionais e cobram cachê para falar nas igrejas. É comum eu receber e-mails de pastores perguntando qual é meu cachê para falar em suas igrejas (o que obviamente não faço, com ou sem cachê).
Qual o efeito criado pelos pregadores de teorias conspiratórias? Será que levam seus ouvintes a se interessarem mais pela Palavra de Deus ou pela palavra dos ocultistas? Antes de minha conversão estive envolvido com ocultismo e esoterismo, mas não é disso que falo em minhas pregações. Não tenho qualquer interesse em levar os ouvintes a se interessarem por minhas práticas dos tempos de incrédulo, gastando seu tempo correndo atrás do esoterismo ao invés de se ocuparem com Deus e com sua Palavra.
Nunca devemos nos esquecer que o ocultismo e o esoterismo são instrumentos de Satanás, e é ilusão acharmos que não seremos influenciados pelo diabo quando nos debruçamos sobre esses temas para estudá-los em detalhes. Não se esqueça que o inimigo tem milhares de anos de experiência em enganar os inexperientes seres humanos!
Esse “ministério do erro” que você encontra em muitas igrejas não é novo. Há muito tempo alguns pregadores profissionais ganham a vida se especializando em filmes da Disney, desenhos do He-Man ou músicas da Xuxa. O que fazem em suas pregações é colocar uma lente de aumento em detalhes (satânicos? eróticos? conspiratórios?) que teriam passado despercebidos pela audiência se não fosse com a “ajuda” do pregador. O resultado? Gente que nem se interessava pelos filmes, desenhos e músicas são capazes até de comprar todos eles, só para passarem horas procurando pelo em ovo, como se esta fosse a ocupação principal de um cristão.
Entendo que aquilo que o apóstolo diz sobre os que "só pensam nas coisas” terrenas pode ser aplicado tanto aos que as promovem como aos que se ocupam delas em detalhes para denunciá-las.
(Fp 3:18-19) "Porque muitos há, dos quais muitas vezes vos disse, e agora também digo, chorando, que são inimigos da cruz de Cristo, Cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas".
Uma das características do remanescente fiel que havia em Tiatira era não ter se aprofundado nas coisas de Satanás. Assim devemos ser. Devemos nos aprofundar nas coisas de Deus, sermos “especialistas” no bem, não no mal. A antiga música que dizia "Falem bem ou mal, mas falem de mim…” deve ser a predileta do diabo.
(Ap 2:24) “Digo-vos, porém, a vós os demais que estão em Tiatira, a todos quantos não têm esta doutrina, e não conhecem as chamadas profundezas de Satanás, que outra carga vos não porei;”.
Do mesmo modo que a maioria das pessoas adora assistir telejornais sensacionalistas, que só mostram crimes, criminosos, traficantes, cadáveres, etc., os vídeos e sites especializados em denunciar o mal também atraem multidões. O que a maioria das pessoas não enxerga é que o apresentador do telejornal sensacionalista, que vive xingando bandidos e fazendo pose de prestar um serviço à sociedade, não ganharia um centavo se os bandidos não praticassem seus crimes.
O serviço de “informar a sociedade” que prestam especificamente nesses telejornais também não traz proveito algum. Acaso não sabemos que existem bandidos e que eles vivem praticando crimes? Que aprendizado alguém tem ao ver um telejornal sensacionalista? Você pode aprender muito sobre economia, política, geografia, cultura, etc. vendo um telejornal normal, mas que bagagem lhe dá assistir perseguições a bandidos? Do mesmo modo, o que você ganha por conhecer "as profundezas de Satanás”? Os pregadores especializados em teorias conspiratórias não teriam audiência se falassem “apenas” de Cristo.
Não quero dizer com isso que devemos fechar os olhos para o erro ou sermos indiferentes a ele. Devemos saber identificar a mentira, não por conhecê-la em detalhes, mas por conhecermos em detalhes a Verdade. Precisamos ficar centrados em Cristo, não no erro. É Jesus quem deve caracterizar qualquer ministério e é a Cristo que a pregação deve levar o ouvinte, e não deixá-lo de costas para a Verdade e entretido com a mentira.
Quer um exemplo da atração que o erro exerce nas pessoas? Tenho uns 250 vídeos falando de Cristo, da salvação e das coisas que o Senhor fez nos evangelhos, e no entanto um dos mais vistos é justamente aquele em que falo dos falsos profetas. Parece existir um prazer secreto em nós que nos leva a preferir um vídeo que fale do erro, a 249 que falam do acerto.
Respondendo mais diretamente sua pergunta, o autor dos vídeos sobre os Illuminati que mencionou (assisti um pela metade e para mim bastou) tem uma visão equivocada da ceia do Senhor, e um leitor escreveu perguntando se aquela interpretação dele teria fundamento bíblico (acho que este foi o único outro vídeo que vi do mesmo autor).
Quando o mágico faz a mágica, não fique prestando atenção na mão para a qual ele insiste em chamar sua atenção, mas para a outra. É lá que ocorre o truque. É por isso que a primeira coisa a perguntar quando nos é apresentada qualquer “mágica” interessante (como as teorias conspiratórias) deve ser o que essa pessoa pensa das verdades fundamentais da Palavra de Deus. Não sei tudo o que aquele autor acredita, e nem me interessa saber, mas ao interpretar a ceia do Senhor ele se equivocou tremendamente. Para mim isso foi suficiente.
Hoje há muitos que chamam a atenção para as profecias, o fim do mundo e essas coisas, porém negam verdades fundamentais, como a divindade de Jesus, sua natureza incapaz de pecar, sua permanência hoje no céu em um corpo ressuscitado, etc. Sem falar nos que concentram sua doutrina na guarda do sábado, quando o apóstolo Paulo foi claro ao advertir disso os gálatas em Colossenses 2:16: "Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados".
Há também grupos que propagam aos quatro ventos o fato de não terem denominação, quando negam a salvação pela fé (pregando salvação por batismo, por exemplo, o que exigiria termos dois “salvadores” — Jesus e o homem que batiza) ou afirmando que o pecado ou Satanás são mais fortes e poderosos que o sangue de Cristo e sua obra na cruz, ao insistirem em uma lista de regras para o pecador conseguir se salvar e permanecer salvo.
Evitar filhos é pecado?
Eu entendo que a vida humana só existe quando é concebida, e isso é bíblico. Antes de ser concebida, o sémen masculino e o óvulo feminino ainda não são um ser humano enquanto estiverem separados, e o corpo se incumbe de descartá-los regularmente.
Ao contrário dos animais, que procuram o sexo oposto quando estão no cio, não me lembro de outro ser vivo que tenha a característica do ser humano, ou seja, a disposição constante de fazer sexo, dentro e fora do período de fertilidade da mulher.
A Bíblia fala de Isaque e Rebeca “brincando” como marido e mulher, portanto em algum tipo de atividade íntima que não devia ser necessariamente um ato de procriação, mas de prazer mútuo.
"Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã?” (Gn 26:8-9).
Para Abimeleque desconfiar que Isaque e Rebeca eram marido e mulher, essa “brincadeira” devia ter caráter sexual. Com tudo isso concluo que pode existir entre o casal um relacionamento de cunho sexual, porém sem função de procriação.
Existem diferentes métodos contraceptivos, e alguns realmente são abortivos, ou seja, agem após a concepção.
Entendo que os métodos abortivos e o aborto sejam sim condenados pela Palavra de Deus, porém não o evitar a concepção. Até um casal que evita relações sexuais no período fértil (tabelinha) estaria evitando a concepção, o que não tem muita diferença de se usar a camisinha, por exemplo.
No entanto, esta é uma questão pessoal já que não vamos encontrar na Palavra uma ordem do tipo “façam sexo sempre” ou “não evitem a relação” ou “façam sexo apenas nos períodos férteis”. Então se um casal se entende e acredita que deve evitar filhos, então isso é um direito do casal e não devemos criticá-lo por isso.
O que fazer se minha esposa não pensa igual?
Sinto pelas dificuldades que tem passado com sua esposa, depois que você decidiu deixar a denominação por não encontrar fundamento bíblico para permanecer lá. A cristandade afastou-se de tal maneira do modelo que encontramos no Novo Testamento que quando procuramos nos reunir do modo como a Palavra ensina somos vistos como “estranhos”. Isso é normal, pois as pessoas sentem uma certa segurança no modelo inventado pelos homens, pois já se acostumaram a ele.
Eu me lembro de quando decidi sair da denominação onde estava para congregar somente em nome do Senhor com irmãos que já faziam isso antes de mim, em comunhão com irmãos em todo o mundo que congregam dessa maneira. Embora eu já fosse casado e independente, meus pais ficaram muito preocupados e chegaram a sugerir que eu procurasse uma “igreja” dentro dos moldes convencionais, pois achavam aquelas reuniões muito estranhas. Que história era aquela de congregar sem um templo, sem um padre ou pastor, sem uma estrutura institucional?
O tempo passou, meus pais se converteram e acabaram congregados também somente em nome de Jesus por vários anos, até o Senhor chamá-los para o céu (meu pai em 1998 e minha mãe em 2005). Eles entenderam de tal forma que aquele era o modelo bíblico para os cristãos se reunirem que até construíram o salão de reuniões que você conheceu.
Portanto fique tranquilo. Não vá destruir seu casamento por causa disso. Aguarde, pois o tempo é um ótimo remédio para tudo, inclusive para você poder começar a congregar se desejar. Enquanto isso trate bem sua esposa e permaneça naquilo que você já conquistou, isto é, separado das denominações e aprendendo cada vez mais do Senhor e de sua Palavra. Ninguém poderá obrigá-lo a voltar a uma denominação se o Senhor já tiver lhe mostrado o erro que isso significa. Este será um exercício que você mesmo precisará ter com o Senhor, de permanecer fiel à vontade dele e lendo a Palavra sozinho em casa, se isso mantiver um clima de paz. Ele certamente mostrará a você quando e como agir, bem como é poderoso para abrir os olhos de sua esposa. Além disso, sua perseverança poderá ser premiada por outros que o Senhor possa querer ajuntar aí em sua cidade.
É claro que numa situação assim devemos entender de onde vem o atrito todo e quem está realmente descontente com essa situação. Por isso entenda que sua luta não deve ser contra a carne, ou seja, contra seres humanos (no caso sua esposa), mas contra anjos, as potestades nos lugares celestiais, portanto uma batalha que travamos de joelhos. A mulher, como a parte mais frágil, é sempre o alvo mais vulnerável ao ataque do inimigo e ele pode fazer um grande estrago no casamento quando consegue tocar naquela que ele conseguiu enganar no princípio (1Tm 2:14 “Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”). A sentença "porei inimizade entre ti e a mulher” continua valendo ainda hoje.
Recentemente um irmão que se separou da denominação onde congregava enfrentou o mesmo problema, quando o tempo fechou em sua casa com sua esposa que quis continuar na denominação. Ele decidiu simplesmente esperar e orar, e logo sua esposa viu que não poderia interferir na fé do marido. Ela continua indo em sua denominação, enquanto ele já está em contato com outros irmãos que também acabaram de conhecer a verdade de como devem se reunir em sua cidade e já planejam se encontrar regularmente para estudar a Palavra.
O primeiro passo é a separação dos sistemas criados pelo homem, e aí o Senhor dará luz para o passo seguinte. Mas é importante manter-se purificado dessas coisas (2Tm 2) para sermos vaso útil nas mãos do Senhor para coisas para as quais ele não poderia nos usar se continuássemos comprometidos com os sistemas. A fé é individual e a convicção deve vir do Senhor. Você não pode convencer sua esposa e ela não pode convencer você, pois qualquer convicção que vier de homens (inclusive de mim) não é de Deus. Nosso recurso está em Deus, no Espírito Santo que habita em nós, e na Palavra de Deus. Quando Paulo se despediu dos anciãos de Éfeso, foi a esse recurso que ele os encaminhou.
(Atos 20:32) "Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”.
Fiquei contente também por saber que pode testemunhar de sua fé simplesmente baseando-se no que a Bíblia diz, e não nos dogmas de alguma denominação. É um privilégio imenso poder pregar o evangelho puro, sem amarras. Sempre me lembro de uma irmã em Cristo que era de uma determinada denominação e quando soube o modo como eu congregava ela disse que sempre que pregava o evangelho para alguém evitava falar que era daquela denominação. Eu perguntei a razão e ela disse que era para evitar qualquer barreira caso a pessoa tivesse algo contra a igreja que frequentava. Perguntei a ela por que ela não se livrava de algo que podia servir de empecilho para pregar o evangelho e ficava só com Cristo.
Quando vejo irmãos fazendo das tripas coração para defenderem algum pastor, alguma igreja, alguma organização, sinto um alívio por poder testemunhar de Cristo fora disso tudo.
O que você acha deste artigo da revista “Contato”?
Nem precisei ler o artigo que você indicou no site da revista “Contato”. Bastou ler o nome do autor — David Brandt Berg — para ter certeza de que coisa boa não é. A menos que seja uma daquelas coincidências improváveis de homônimos, o David Brandt Berg que encontro numa simples busca no Google foi fundador da seita conhecida por “Meninos de Deus”.
Outro dia um irmão me procurou com a mesma dúvida a respeito da revista “Contato”, que ele recebeu de uma pessoa que se identificou como não tendo denominação. Embora não seja uma denominação no sentido católico ou protestante da palavra, trata-se de uma seita que se diz cristã, mas não é. Suas doutrinas, e principalmente sua história, a denunciam como tendo a marca de Satanás, o pai da mentira.
A seita foi muito ativa nas décadas de 60, 70 e 80, mas acabou se escondendo atrás de outros nomes quando veio à tona que o método que usavam para “evangelizar” era prostituindo suas garotas para conquistar novos membros. Hoje são conhecidos como “A Família Internacional”. Não posso afirmar que utilizem hoje as mesmas práticas, mas o fato de darem honra ao seu fundador no site da organização obviamente tornam seus membros cúmplices dos Atos escabrosos que eram praticados no passado.
Eu não me preocuparia em falar desta seita, considerando que há milhares delas por aí, e tampouco gosto de me ocupar com o mal ou descrever suas práticas, como você já deve ter lido em outra mensagem de meu blog. Porém, o fato de ter tido contato com esse grupo no início de minha conversão em 1978, quando ainda era neófito no conhecimento da Palavra, e quase ter sido uma de suas vítimas, deixou uma impressão forte em mim. Deus me guardou de ser engodado por suas mentiras, pois eles são realmente sedutores e falavam de temas que realmente me interessavam.
Publico este texto como um relato de minha experiência pessoal e também para servir de alerta, principalmente aos pais, pois adolescentes são os principais alvos da seita. O endereço na Web http://memorial.riseinternationalcic.org/tfi/ é de um site criado como um memorial às crianças, adolescentes e jovens que morreram na seita, muitos deles por suicídio, negligência por falta de cuidados médicos ou overdose.
Por ocasião de minha conversão iniciei uma amizade com alguns de seus membros, que adoravam repetir “nós amamos você” e me convidaram para visitar a “casa da família” que eles mantinham em Santos, onde eu fazia faculdade. Eles chamaram minha atenção pela alegria exagerada, que chegava a ser artificial, pelo olhar quase hipnótico e pelos rapazes da “casa” quase engolirem minha namorada com os olhos, a qual me acompanhou naquela visita. Saí dali com a certeza de que não devia voltar.
Eu gostava da música deles e cheguei a comprar algumas fitas K7, pois havia jovens bem talentosos entre os membros da seita. Um de seus “hits” da época era tocado até nas igrejas católicas e evangélicas, e você já deve ter escutado a versão dos “Meninos de Deus” de “Senhor fazei de mim um instrumento de tua paz”, cuja letra é baseada em uma oração atribuída a São Francisco. Suas músicas faziam parte do repertório que eu tocava no violão achando que eram “hinos”. Hoje vejo que estavam longe de louvar o Senhor que me salvou.
No início de minha amizade com alguns deles eu nem imaginava o que havia por trás daquela fachada de amor e alegria. Costumava almoçar com alguns deles no restaurante macrobiótico que eu frequentava em Santos e eles sempre me davam umas revistinhas em quadrinhos falando de Jesus. Às vezes eu estranhava algum casal com filhos pequenos mandarem as crianças pedir dinheiro em troca de suas revistinhas às pessoas na rua ou em lanchonetes. Apesar de minha pouca experiência de recém-convertido a Cristo, eu tinha certeza de que evangelizar não era pedir esmola, e muito menos usar crianças para fazê-lo.
Por ter formação artística e ser desenhista, na época eu percebi logo que as revistinhas eram graficamente muito parecidas com as “revistinhas de sacanagem” que circulavam no banheiro de minha escola nos tempos de ginásio. Em minha cidade no interior de São Paulo os garotos apelidavam aquelas revistinhas de “catecismo”.
Um dia, um dos membros da seita que eu sempre encontrava no restaurante macrobiótico deve ter sentido firmeza na amizade, ou talvez estivesse tentando me conquistar com outra forma de “isca”. Digo isto porque ele me presenteou com uma revistinha de circulação interna, exclusiva dos membros da seita, e aí vi que era pura sacanagem mesmo, e pode ter certeza de que não estou exagerando. Era uma revistinha de sacanagem da pior espécie. Tudo girava em torno de sexo e o tal David, apelidado de Moses-David ou “MO”, era o centro de tudo.
Um artigo na Wikipedia descreve David Berg como pervertido sexual e pedófilo. Quando você sabe disso, a insistência que existe no site da seita em querer provar que tratam bem suas crianças acaba soando como um “mea culpa”. É da Wikipedia esta afirmação:
"Pelo menos seis mulheres, inclusive suas duas filhas e duas de suas netas, alegaram publicamente terem sido sexualmente abusados por Berg quando crianças. A filha mais velha de Berg, Deborah Davis, escreveu um livro no qual ela acusa o pai de molestar sexualmente tanto dela, quanto sua irmã, quando eram crianças, e de ter tentado fazer sexo com ela quando adulta”.
O site da organização e a revista “Contato” são hoje veículos de comunicação dos “Meninos de Deus”, rebatizados de “A Família Internacional”. Fuja deles. A organização é hoje comandada internacionalmente por Karen Zerby, considerada pelo grupo sua profetiza e também chamada de Maria Zerby, Mamãe Rainha Maria. Ela é a segunda esposa oficial de David Berg, que já morreu. Se quiser saber mais, hoje existe até uma associação de ex-integrantes da seita e também de filhos bastardos gerados por mães que se prostituíam para conquistar membros e donativos. O endereços é xfamily.org Se decidir visitar qualquer um destes sites prepare-se para entrar nos tenebrosos bastidores da seita. Algumas páginas chegam a trazer um alerta de material impróprio: "AVISO: As publicações da Família estão arquivadas aqui com propósitos educacionais. Nós as relacionamos aqui para documentar sua existência, mas algumas destas imagens podem ser consideradas perturbadoras ou pornográficas. Esta página não é adequada para ser vista por menores de idade.”
Qual pecado é mais grave?
Sua dúvida é se homossexualismo é pior que adultério. Entendo que os pecados podem ser mais ou menos graves aos olhos de Deus. Estacionar em local proibido não é tão grave quanto matar alguém, e assim também é aos olhos de Deus. Porém lembre-se de que Adão e Eva foram expulsos da presença de Deus apenas por um pecado, que foi a desobediência. Deus falou para não comerem de um determinado fruto e eles comeram (esqueça a historinha da maçã ou de que o pecado original tenha sido o sexo, porque isso é falso). Assim basta a pessoa ter um pecado não perdoado para não poder entrar no céu.
Quando você pergunta se homossexualismo é um pecado mais grave que adultério, eu responderia com outra pergunta: Beber veneno é mais grave que levar um tiro? A pergunta fica estranha, não é mesmo? Ambas as coisas trarão danos para minha vida e o melhor é que eu não me envolva em nenhuma dessas situações. No caso de sua pergunta, a Bíblia diz claramente que homossexualismo e adultério são igualmente pecado, apesar de hoje a mídia achar coisas banais, tanto é que dificilmente você encontra alguma novela que não tenha um adultério.
Ambos, tanto o adultério quanto o homossexualismo, destroem a ordem que Deus deu em relação ao sexo:
(Gn 2:24) "Portanto deixará o homem o seu pai e a sua mãe, e apegar-se-á à sua mulher, e serão ambos uma carne”.
Esta é a única relação sexual que Deus admite, um homem e uma mulher em um relacionamento permanente que chamamos de matrimônio, o qual é também uma figura de Cristo e a Igreja, sua esposa. Qualquer outra união é considerada uma abominação na Palavra de Deus e está em direta desobediência à ordem de Deus, se é que você está interessado em saber o que a Bíblia diz sobre o assunto. Nem homem com homem, mulher com mulher, homens ou mulheres com animais, ou homem e mulher fora do matrimônio.
(Lv 18:22) "Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é”.
(Ex 20:14) "Não adulterarás".
(Lv 18:23) "Nem te deitarás com um animal, para te contaminares com ele; nem a mulher se porá perante um animal, para ajuntar-se com ele; confusão é”.
(Rm 1:26-27) "Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”.
(1 Co 6:10) "Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus”.
Quando você diz que é tentado e que não consegue se controlar, desculpe a franqueza, mas isso é “conversa pra boi dormir”. Se estivesse falando que não consegue controlar seu gênio na hora que dá um tapa em alguém durante uma discussão, ou quando solta um palavrão ao ser fechado no trânsito, eu até acreditaria. Um acesso de raiva é tão imediato que chega a ser incontrolável. É o velho homem nos pegando de surpresa e colocando as asinhas de fora. Coisas assim também acontecem com um convertido, mas sempre seguidas de remorso e arrependimento. Mas não me venha dizer que não consegue se controlar ao praticar um ato sexual condenado por Deus, ainda por cima dizendo-se uma pessoa convertida a Cristo.
Se o seu argumento de não ser capaz de se controlar fosse válido, então qualquer homem poderia pular em cima de uma mulher na rua para satisfazer seus desejos sexuais com a mesma rapidez que dá um tapa ou diz um palavrão num acesso de raiva. Mas não é assim que acontece. Qualquer pecado de cunho sexual, seja ele fornicação, adultério ou homossexualismo, exige uma certa premeditação, exige que se encontre um parceiro, que se gaste um tempo de sedução mútua, até chegar à consumação do ato sexual. Ser tentado é uma coisa, e às vezes nossa mente é pega de surpresa por uma tentação. Mas entre ser tentado a matar alguém e cometer um crime existe uma certa distância.
A menos que estejamos falando de animais brutos e irracionais, que não podem ser contidos a menos que estejam enjaulados ou presos a uma coleira, a primeira coisa que se exige de uma pessoa educada e civilizada é que tenha autocontrole, seja ela convertida a Cristo ou não. Imagine que confusão seria nossa sociedade se não conseguíssemos nos controlar! Atropelaríamos quem atravessasse na frente de nosso carro porque não conseguimos nos controlar, mataríamos o chefe a pancadas porque não conseguimos nos controlar depois da bronca, ou comeríamos e beberíamos até morrer porque não conseguimos nos controlar em uma festa do tipo boca-livre!
Se você crê em Jesus como seu Salvador, você tem em si agora mesmo tudo o que é necessário para viver uma vida de devoção a Cristo e longe do pecado.
(2 Pe1:3) "Visto como o seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade".
Quando o crente cai em pecado é porque quis cair em pecado, e não porque não conseguiu se controlar. José, no Egito, foi seduzido pela mulher de Potifar e, conhecendo sua fraqueza, nem deu tempo para decidir o que devia fazer. Fugiu!
(1 Co 6:18) "Fugi da prostituição. Todo o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas o que se prostitui peca contra o seu próprio corpo”.
(1 Pe 4:1-5) "Ora, pois, já que Cristo padeceu por nós na carne, armai-vos também vós com este pensamento, que aquele que padeceu na carne já cessou do pecado; Para que, no tempo que vos resta na carne, não vivais mais segundo as concupiscências dos homens, mas segundo a vontade de Deus. Porque é bastante que no tempo passado da vida fizéssemos a vontade dos gentios, andando em dissoluções, concupiscências, borrachices, glutonarias, bebedices e abomináveis idolatrias; E acham estranho não correrdes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução, blasfemando de vós. Os quais hão de dar conta ao que está preparado para julgar os vivos e os mortos”.
Comece a olhar para o pecado como se olhasse para uma cascavel à porta de sua casa. Esta é uma visão bíblica do assunto e foi Deus quem pôs a questão deste modo para Caim:
(Gn 4:7) "Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar”.
O que você faz quando sabe que há uma cascavel deitada à porta de sua casa? Você brinca com ela? Vai tentar pegá-la pelo rabo? Tenta começar um diálogo com ela? Abre a porta para ela entrar? De maneira nenhuma! Você procura passar o mais longe possível dela, para evitá-la a todo custo. Se for preciso nunca mais usará aquela porta e sairá de casa pela janela.
Distância do pecado é o que você precisa. Distância de pessoas, coisas, imagens, filmes, sites, novelas… tudo o que de algum modo possa tentar picá-lo e injetar em você o veneno do desejo e do erotismo. Se realmente quiser fazer a vontade do Pai, e não a sua, Deus lhe dará poder para isso. Agora, se quiser mesmo fazer a sua própria vontade, então não tenho mais nada para lhe dizer.
Posso servir a Deus em minha denominação?
É claro que pode, mas é claro também que não deve. O fato de não existir fundamento bíblico para você congregar em um sistema criado por homens não significa que Deus o abandonará ali ou que você ficará inativo na obra de Deus. O Senhor continua cuidando de suas ovelhas onde quer que estejam e também usa os dons que deu aos homens, não importa onde estejam.
Se você tem o dom de evangelista, continuará saindo a pregar o evangelho e pessoas poderão ser salvas pelo poder da Palavra de Deus. Se tem o dom de pastor, poderá continuar visitando as ovelhas, consolando e curando suas almas com a Palavra de Deus aplicada segundo o dom que Deus deu a você. Se tiver o dom de doutor ou mestre, Deus continuará usando você onde estiver, inclusive em sua denominação, e os irmãos continuarão sendo beneficiados por seu dom.
Mas vamos ver o que diz a Palavra de Deus quando se trata de separar-se do erro dentro da “grande casa” em que se transformou a cristandade:
(2Tm 2:19-22) "Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para TODA a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor”.
Você pode ser útil ao Senhor e à sua obra em qualquer lugar, inclusive nas denominações. Porém, dentro de um sistema, apesar de ser útil para muitas “obras” de Deus, você não poderá ser útil para toda a boa obra.
O Bruce Anstey, autor de “A ordem de Deus”, dá um exemplo relacionado a ser um vaso útil. Em casa temos diferentes tipos de vasos úteis. Um recipiente meio velho e manchado talvez você não utilize para beber água ou guardar algum alimento nele, mas pode usá-lo para trocar o óleo do carro (não deixa de ser uma tarefa útil), guardar terra para plantar algo, dar ração para o cachorro, etc. Já um recipiente limpo você pode usar para estas e toda obra. Prefira ser este vaso, separado, limpo e idôneo para ser usado pelo Senhor sem restrições.
Existe uma organização central?
Depois de ler meu texto “Como devemos nos congregar” você ficou com algumas dúvidas sobre a necessidade de congregar em comunhão com uma assembleia mais próxima que já estivesse se congregando em nome de Jesus.
O que gerou sua dúvida foi eu ter explicado ao destinatário daquele texto, que tinha saído de uma denominação com outros irmãos, que as reuniões que fizessem entre eles para leitura da Palavra seriam reuniões informais, pelo menos até que estivessem congregados em nome de Jesus como ensina em Mateus 18:20. O caminho correto para isso seria entrarem em comunhão com uma assembleia mais próxima que já estivesse congregada assim. Daí sua dúvida, se existiria uma “organização central” para autorizar isso. Não existe. Mas vamos ver o que diz a Palavra de Deus:
(Mt 18:15-20) "Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será feito por meu Pai, que está nos céus. Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles”.
Perceba que aqui o Senhor conecta o reunir-se ao seu nome com sua autoridade dada à assembleia para julgar as coisas, ou “ligar e desligar” pessoas (não do corpo de Cristo ou da salvação, mas tão somente da comunhão). Isso é o que chamamos de governo praticado com a autoridade delegada pelo Senhor. O Senhor dá um exemplo de pecado entre irmãos que, se não puder ser resolvido entre eles, deve ser levado ao conhecimento de dois ou três irmãos e, se mesmo assim não for resolvido, deve ser levado à assembleia que tem poder de ligar ou desligar questões e pessoas (da comunhão à mesa do Senhor, não da salvação). Em 1 Coríntios 5 há um caso de desligamento da comunhão à mesa do Senhor de uma pessoa em pecado moral.
Portanto, respondendo sua dúvida, não existe uma organização central, mas também não existe independência entre as assembleias, porque é assim que vemos na Bíblia. No início todas as assembleias estavam ligadas entre si, e quando alguém começava a congregar isso era feito em perfeita comunhão com os irmãos que já estavam congregados em nome de Jesus em outros lugares. Porém hoje, a pergunta que devemos fazer quando despertados para o fato de que Deus não autorizou dividir os crentes por denominações, ou mesmo por grupos sem denominação, deve ser: “Onde devo congregar? Onde o Senhor colocou o seu nome? Onde ele é reconhecido no meio de dois ou três congregados?”.
Ao sair de uma denominação você olha ao redor e vê milhares de grupos cristãos, muitos deles com doutrinas e práticas completamente fora da Palavra, outros com doutrinas e práticas exatamente iguais ao que você encontra na Palavra de Deus. Para encontrar o verdadeiro terreno de reunião você precisará depender da direção do Espírito Santo, não de seguir a homens ou seu próprio coração.
Quando o Senhor disse aos discípulos para prepararem a ceia, eles perguntaram: "Onde queres que a preparemos?” (Lc 22). Eles teriam de seguir um homem carregando um cântaro até encontrarem um cenáculo mobilado. Dos muitos lugares em Jerusalém onde havia pessoas celebrando a Páscoa naquela noite, só havia um lugar aonde o Senhor iria se apresentar pessoalmente no meio dos fiéis: o lugar que ele havia apontado. Que lugar é esse? O Senhor mesmo terá de mostrar a você, não eu.
Mas existem princípios bíblicos que podem nos ajudar a enxergar isso. Primeiro, Deus colocou o seu nome em apenas um lugar em Israel, e esse lugar foi Jerusalém.
(Dt 12:11-14) "Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer habitar o seu nome; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos dízimos, e a oferta alçada da vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao Senhor. E vos alegrareis perante o Senhor vosso Deus, vós, e vossos filhos, e vossas filhas, e os vossos servos, e as vossas servas, e o levita que está dentro das vossas portas; pois convosco não tem parte nem herança. Guarda-te, que não ofereças os teus holocaustos em todo o lugar que vires; Mas no lugar que o Senhor escolher numa das tuas tribos ali oferecerás os teus holocaustos, e ali farás tudo o que te ordeno”.
Deus daria por encerrada a dispensação em que tratou com Israel e começaria algo novo com a Igreja, e para esta não haveria um lugar físico, como um templo em uma cidade, mas continuaria valendo que seria o lugar onde o Senhor colocasse o seu nome, "Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles".
Veja o que o Senhor disse à mulher samaritana: (Jo 4:21-24) "Disse-lhe Jesus: Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade".
Então já temos que Deus tem um lugar, que esse lugar é identificado pelo nome de Jesus, que nesse lugar é exercida a autoridade do Senhor para julgar (ligar e desligar), e que a adoração aí é em espírito e em verdade. Israel adorava em verdade porque sua adoração estava dentro dos preceitos ditados pelo Antigo Testamento, mas não em espírito, pois sequer reconheceram o Messias. Um sistema religioso cristão pode adorar em espírito, porque reúne salvos ali que reconhecem o Salvador, mas não está adorando em verdade se sua adoração não estiver de acordo com a doutrina dos apóstolos para a Igreja encontrada nas epístolas.
Agora o que isso tem a ver com a necessidade de se procurar uma assembleia mais próxima para comunhão quando um grupo de cristãos se desliga de um sistema e quer congregar somente ao nome do Senhor? A razão é que não existe na Palavra de Deus a ideia de independência entre assembleias. Qualquer pessoa que deseje a comunhão precisará buscar aqueles que já estão em comunhão à mesa do Senhor para guardar a unidade na prática.
— Em Atos 9:26-29 Paulo quis se juntar aos irmãos, mas estes temiam que ele não fosse realmente convertido. Foi preciso Barnabé apresentá-lo.
— Atos 16 mostra que quando Paulo chegou a Derbe encontrou Timóteo, que tinha bom testemunho entre os irmãos das assembleias de Listra e Icônio.
— Em Atos 18:27 os irmãos da assembleia que estava em Éfeso escreveram aos da assembleia em Acaia para que recebessem Apolo.
— Em Romanos 16 o próprio Paulo recomenda à assembleia em Roma a irmã Febe que congregava na assembleia em Cencréia.
Percebe como estava tudo interconectado e que não existia independência entre as assembleias? Nunca era o caso de alguém simplesmente chegar, sentar e participar da comunhão à mesa na ceia do Senhor com base apenas em seu próprio testemunho de que havia se convertido. E veja que naquela época o simples fato de se declarar cristão já transformava a pessoa em alvo dos leões, ou seja, dificilmente alguém iria querer se declarar cristão se realmente não o fosse. E hoje, quando ser cristão virou algo banal e todo mundo diz ser? O cuidado deve ser ainda maior.
Ao deixar uma denominação ou até mesmo um grupo sem denominação, você precisará verificar em que terreno está pisando, pois encontrará uma centena ou mais de grupos declarando estar reunido somente em nome de Jesus. Como identificar o que é real ou não? Falei aqui de alguns princípios: o nome de Jesus, sua autoridade reconhecida, o apego à doutrina dos apóstolos para a Igreja, em especial as epístolas paulinas, já que a verdade do “um só corpo” foi revelada diretamente a Paulo. Resta investigar a genealogia, um princípio que encontramos no Antigo Testamento e tem a ver com o fato dos cristãos encomendarem alguém de uma assembleia a outra em Atos.
(Ed 2:62) "Estes procuraram o seu registro entre os que estavam arrolados nas genealogias, mas não se acharam nelas; assim, por imundos, foram excluídos do sacerdócio”.
(Ne 7:64-65) "Estes buscaram o seu registro nos livros genealógicos, porém não se achou; então, como imundos, foram excluídos do sacerdócio. E o governador lhes disse que não comessem das coisas sagradas, até que se apresentasse o sacerdote com Urim e Tumim”.
Numa época de ruína (Esdras e Neemias) os judeus precisavam ter o cuidado de verificar na genealogia quem era ou não real para participar das coisas santas. O mesmo cuidado deve ser tomado hoje, tanto por uma assembleia no recebimento de alguém à comunhão, como da própria pessoa que está em busca do lugar onde o Senhor colocou o seu nome.
Começando pela identificação de onde não é este lugar, podemos enumerar algumas características (depois de verificada a sanidade da doutrina que esse grupo professa). Não é o lugar se:
Mesmo assim ainda restarão alguns grupos praticamente idênticos. Qual será então? É aí que você deve apelar para a “genealogia” e saber a história de cada um, pois hoje há muitos grupos reunidos sem denominação que são fruto de pecado cometido no passado. Alguém que foi colocado fora de comunhão por pecado pode ter sido recebido em outra localidade que desconsiderou a decisão da assembleia que julgou o pecado em nome de Jesus. Muitos grupos foram gerados assim, de insubordinação, e são hoje divisões que atravessaram gerações, até seus descendentes atuais desconhecerem o fato gerador, ou seja, a rebelião à autoridade do Senhor.
Quanto à questão de vocês procurarem uma assembleia “mais próxima” (dentro dos critérios que já demonstrei) é tanto uma questão de facilidade de acesso como também com base em um princípio dado por Deus no Antigo Testamento para Israel, de que as questões entre o povo de Deus deviam ser resolvidas pelos anciãos da cidade mais próxima (Js 20 e outras passagens). Li em algum lugar que as cidades de refúgio eram distribuídas de tal forma que um homicida involuntário conseguisse chegar à cidade mais próxima sem transgredir o mandamento da jornada do sábado.
Só para deixar claro, não existe na Palavra a ideia de um governo central, e nem de assembleias independentes, mas a autoridade do Senhor é dada a uma assembleia e deve ser reconhecida por todas. Alguém que deseje congregar somente ao nome do Senhor desconsiderando que já existem assembleias congregadas assim estará adotando um espírito independente, o que não é correto pela Palavra de Deus pelas razões que já apresentei. O que fazer então? Ore e examine na Palavra para ver se as coisas são de fato assim. E o Senhor lhe mostrará o “homem com um cântaro” e o “cenáculo mobilado”. É aí que você deverá encontrar o Senhor no meio dos seus.
Antes de eu crer Deus já cuidava de minhas necessidades?
Você contou em seu e-mail que era espírita antes de se converter e que “em 90% ou mais das dificuldades, sempre vinha uma solução”, e pergunta: “Aquilo que parecia impossível acontecia. Mas se não aceitava Jesus, Deus e o Espírito Santo estas soluções eram apenas coincidências?”.
Se você realmente se converteu a Cristo, então sua conversão já estava nos planos de Deus. Ainda que 100% de seus problemas desta vida fossem sempre resolvidos de forma providencial, isso não teria valor algum se o juízo e o lago de fogo estivessem diante de você como sua porção eterna.
Considerando sua linha de raciocínio, talvez seja interessante você indagar de si mesmo se realmente se converteu ao Salvador ou ao Provedor. O que quero dizer é que hoje há muitas igrejas que falam de um Jesus provedor, aquele que multiplica os pães, não do Salvador que foi sacrificado por Deus na cruz em nosso lugar. A salvação da qual falam esses pregadores que são abundantes no rádio e na TV é uma salvação de dívidas, problemas amorosos, doenças, etc., mas não da salvação eterna e perdão dos pecados.
Esses pregadores de prosperidade costumam pregar um “Jesus talismã”, o que não é muito diferente do que pregam as religiões pagãs, sempre com o foco em benefícios nesta vida. O Senhor Jesus não veio ao mundo para nos dar uma vida fácil e confortável, muito pelo contrário.
(1Tm 6:8) "tendo, porém, alimento e vestuário, estaremos com isso contentes”.
O fato de Deus ter cuidado de suas necessidades antes de sua conversão é apenas prova da misericórdia de Deus, porque ele "faz que o seu sol se levante sobre maus e bons, e a chuva desça sobre justos e injustos" (Mt 5:45). Prosperidade nesta vida não é indício de que alguém será salvo ou esteja salvo, mas é simplesmente porque Deus quis assim.
Antes de qualquer coisa você deve crer em Jesus para ter todos os seus pecados perdoados e receber gratuitamente a vida eterna. É esta a mensagem do evangelho, e não uma mensagem de sorte no amor, nas finanças, no trabalho, etc. Não estou colocando em dúvida a sinceridade de sua conversão, mas apenas sugerindo que faça essas indagações, considerando o volume de mistura que existe hoje na mensagem pregada pela cristandade.
Todavia, se realmente creu em Jesus como aquele que levou seus pecados na cruz e pagou por cada um deles ali para garantir seu perdão eterno, então isso aconteceu porque um dia, quando você nem existia, Deus decidiu que iria salvá-lo. Então, surpreenda-se com o fato de que Deus cuida de nós muito mais do que imaginamos, isto é, até quando nós nem existíamos!
Existe um propósito para minha vida?
Pense assim: se uma pessoa que já creu em Jesus tem todos os seus pecados perdoados e está pronto para entrar no céu, por que Deus a deixa aqui? Porque existe um propósito (ou mais de um). O mais humilde e desconhecido servo de Deus tem um papel importante na obra de Deus neste mundo.
Pense na menina escrava da mulher de Naamã e o impacto que teve a sugestão que deu à sua patroa sobre quem Naamã devia procurar para ser curado da lepra. A princípio ela não deve ter entendido por que Deus permitiu que o inimigo de Israel a capturasse para servir de escrava (2 Rs 5:2-3). Ou pense no rapaz anônimo que um dia saiu de casa com cinco pães de cevada e dois peixinhos na sacola e parou para ouvir o que Jesus dizia (Jo 6:9).
Gosto de uma historinha das árvores da floresta, uma que queria ser usada para construir o bercinho de um grande príncipe, outra que desejava ser transformada em um grande e luxuoso barco para levar um soberano, e outra que não queria ser menos do que o trono dessa pessoa ilustre. Elas ficaram frustradas quando, depois de cortadas, foram transformadas respectivamente em uma manjedoura, em um barquinho de pesca e em uma cruz para a execução de um malfeitor. Nem preciso dizer que mais tarde elas entenderam o propósito de existirem.
Deus pode me deixar aqui porque há coisas que ele quer que eu aprenda que não poderia aprender no céu, como a sua fidelidade em cuidar de mim em um ambiente hostil, por exemplo. Ele também me deixa aqui para testemunhar dele aos outros, porque não foi a anjos que designou para pregar o evangelho, mas a homens.
Posso ficar aqui também para que minha vida dê testemunho do poder transformador de Deus. Posso ficar para servir de exemplos a outros, e isso inclui ficar aqui com alguma doença incurável, por exemplo. Como as pessoas ficariam cientes de Deus consolar o aflito se não existisse nenhum aflito crente por perto? Imagine que você é a tela, as circunstâncias são as tintas e Deus é o pintor. O próprio Senhor explicou isso ao falar do propósito da deficiência do cego de nascença.
(Jo 9:2-3) "E os seus discípulos lhe perguntaram, dizendo: Rabi, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego? Jesus respondeu: Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus".
Do mesmo modo como Deus tem um propósito para a vida do crente, ele tem um propósito para a morte. Deus pode me tirar do mundo por diferentes razões. A pior seria por não servir mais como um testemunho e só ficar atrapalhando aqui. Creio ter sido o caso de Ananias e Safira. É este o “pecado para a morte” de que a Bíblia fala, para a morte do corpo, não da alma. Seria também a “destruição do corpo” de que fala 1 Coríntios 5, caso o homem imoral não se arrependesse, como parece que se arrependeu em 2 Coríntios.
Posso ser tirado do mundo porque minha partida servirá de testemunho a muitos, como aconteceu com Abel. Lembro-me do caso daquela jovem na escola americana (Columbine) cujo testemunho de fé diante de seu assassino, depois contado pelas colegas, acabou levando muitos a crerem em Cristo.
Ou posso ser levado do mundo simplesmente porque "combati o bom combate, completei a carreira, guardei a fé”(2Tm 4:7), que foi o caso de Paulo. O importante é termos sempre em mente que não devemos desperdiçar nem a vida nem a morte. Minha primeira reação a qualquer situação é: Deus tem um propósito nisto também. E isso inclui todos os problemas que passamos, pois cada um tem um propósito muito definido nos planos de Deus.
(Lc 12:22) "E disse aos seus discípulos: Portanto vos digo: Não estejais apreensivos pela vossa vida”.
(Jr 29:11) "Porque eu bem sei os pensamentos que tenho a vosso respeito, diz o Senhor; pensamentos de paz, e não de mal, para vos dar o fim que esperais”.
Fumar é pecado?
Esta é uma pergunta interessante porque gostamos de fazer uma lista de pecados e nos regozijar de cumpri-la, deixando fora da lista coisas que apreciamos mas não achamos prejudiciais. As religiões mais rigorosas e legalistas são as que mais inflam o ego das pessoas, porque as colocam na condição de juízes de quem não segue sua lista do que pode e não pode.
Não existe um versículo na Bíblia que condene o fumo, mesmo porque na época em que foi escrita o tabaco só existia nas Américas, onde era utilizado por praticamente todos os povos indígenas. Mas é bem provável que os povos, principalmente do Oriente, já praticassem algum tipo de inalação de fumaça ou vapores de substâncias estimulantes ou alucinógenas.
Embora prejudicial para a saúde, a Bíblia não condena diretamente o ato de fumar como condena a glutonaria, que dificilmente fará parte da lista de pecados da maioria das religiões, católicas ou evangélicas. Comer demais certamente é um pecado denunciado com todas as letras na Palavra de Deus. A glutonaria aparece ao lado de "invejas, homicídios e bebedices” em Gálatas 5:21, é companheira das "dissoluções, concupiscências, borrachices e bebedices e abomináveis idolatrias” em 1 Pedro 4:3 e Romanos 13:13, além de ter sido particularmente denunciada pelo próprio Senhor em Lucas 21:34.
Mesmo assim você já deve ter visto muito crente obeso soltar o verbo contra um irmão fumante, esquecido do que o Senhor disse em (Mt 7:4) "Como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão”.
O mesmo acontece com outro pecado que a sociedade moderna incentiva, e é comum nas igrejas que pregam a prosperidade. Falo da cobiça e particularmente do amor ao dinheiro. Hoje o ganancioso e ambicioso é louvado pela sociedade, e até por homens que se dizem cristãos. Este é o assunto de (2 Tm 3:2) "Pois os homens serão amantes de si mesmos, gananciosos, presunçosos, soberbos… atrevidos, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando-lhe o poder”.
(Lc 16:13-14) "Nenhum servo pode servir dois senhores; porque ou há de odiar a um e amar ao outro, o há de odiar a um e amar ao outro, o há de dedicar-se a um e desprezar o outro. Não podeis servir a Deus e às riquezas. Os fariseus, que eram gananciosos, ouviam todas essas coisas e zombavam dele”.
Não me entenda mal. Não estou justificando o cigarro ou dizendo que seja inofensivo ou menos prejudicial que outros costumes largamente aceitos na cristandade, como a glutonaria e a ganância. O fumo prejudica sim o corpo do cristão, que é o templo do Espírito e deve ser tratado com cuidado. Eu mesmo, em minha atividade profissional, não faço palestras ou treinamentos para a indústria do tabaco por não me sentir motivado a motivar sua equipe de vendas a vender mais.
Mas o cigarro não era considerado um mal pelos cristãos há algumas décadas. O fumo começou a ser considerado um pecado grave pelos protestantes na metade do século 20, quando também começaram a descobrir os malefícios da nicotina. Mas no passado era comum cristãos fumarem cachimbos e charutos, como faziam C. H. Spurgeon e C. S. Lewis. Obviamente isso não justifica o fumo, mas a falta de informação na época fazia o fumo ser considerado inócuo para o organismo. Nos anos 50 havia até propaganda de cigarro com a frase “Este os médicos recomendam”.
Visto do ponto de vista dos prejuízos que traz à saúde do corpo, que é o templo do Espírito, o fumo é um pecado, como é também a droga ou qualquer vício, até mesmo os mais inocentes, como ser viciado em chocolate. Do ponto de vista do vício, (1 Co 6:12) "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas”.
Outra questão que pode transformar o fumo ou qualquer coisa em pecado é se isso trouxer escândalo ou fizer desviar um irmão mais fraco. Se ele vê você fumando e isso o escandaliza, então evite fazer isso na presença dele, e isto vale também para comer ou beber certos alimentos e bebidas.
(Rm 14:21-23) "Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado, porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado".
Se você achar que está pecando pelo fato de fumar, então procure parar. Eu sei que não devo beber vinho perto de alguns cristãos, mas fora disso não vejo problema em beber um cálice de vinho ou um copo de cerveja, o que não é suficiente para embebedar (a Bíblia condena a embriaguez com vinho, não o vinho, ou o Senhor não teria transformado água em vinho na festa de casamento).
A nicotina pode viciar, e aí você se torna escravo dela, o que não é da vontade do Senhor. Mas nem sempre é o caso. Eu tinha um professor no ginásio que fumava um cigarro por dia apenas. Depois das aulas, ele chegava em casa à noite, sentava em sua cadeira de balanço preferida, colocava um disco de música clássica, e fumava um cigarro. Aquilo não era vício, era terapia. Certamente devia fazer menos mal do que tomar um calmante após um dia estressante de aulas para alunos como eu, que não estavam muito interessados em aprender.
De qualquer forma, se puder livrar-se do vício, você só ganhará com isso. Hoje temos informação suficiente para saber que o cigarro causa câncer, e não creio que devemos submeter nosso corpo a esse dano. O mesmo vale para medicamentos desnecessários e outras coisas. Talvez daqui a cem anos os cristãos perceberão que beber refrigerante ou consumir adoçante químico é até pior que fumar… Então essas coisas entrarão na lista dos pecados.
Devo estudar as religiões para conhecer seus erros?
Um barqueiro que trabalhava atravessando seus clientes por um rio perigoso e cheio de rochas escarpadas escondidas sob a água, foi indagado de um passageiro se ele conhecia cada rocha perigosa do rio. Ele respondeu que não. Bastava ele conhecer onde ficava o canal para ficar seguro.
Assim é com respeito às religiões. Se você começar a estudar as religiões vai virar uma expert na mentira, não na verdade. Mas se dedicar seu tempo ao conhecimento da verdade, poderá muito bem identificar imediatamente o que se esconde sob as águas dessas religiões.
Você já entendeu que não existe na Bíblia qualquer igreja no sentido denominacional, mas as igrejas eram tão somente os cristãos localizados em um determinado lugar (geralmente identificados pelo nome da cidade onde moravam). Assim havia os cristãos em Corinto, em Éfeso, em Roma, etc. Portanto qualquer grupo de cristãos que adote um nome qualquer já está em desacordo com a Palavra de Deus, independente de quantas verdades bíblicas eles confessem.
Geralmente no meio deles você encontrará muitos salvos por Cristo, que estão ali por ignorar a importância que Deus dá ao nome de Jesus, tanto é que acrescentaram um outro nome para se identificarem como “diferentes” de outros cristãos.
Por que os cristãos falam tanto em visão?
A palavra “visão” é traduzida em algumas versões da Bíblia como "coisas que não viu”, ou seja, imaginárias. Deus deu visões aos seus servos e apóstolos, mas hoje que temos a Palavra de Deus completa em nossas mãos não precisamos nos ocupar com visões que podem muito bem ser fruto da imaginação, manipulação de falsos cristãos ou até insinuações do inimigo.
(Cl 2:18) "Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando debalde inchado na sua carnal compreensão”.
Veja agora o mesmo versículo em outras traduções:
"Ninguém vos roube a seu bel-prazer a palma da corrida, sob pretexto de humildade e culto dos anjos. Desencaminham-se estas pessoas em suas próprias visões e, cheias do vão orgulho de seu espírito materialista”.
"Ninguém à sua vontade vos tire o vosso prêmio com humildade e culto aos anjos, firmando-se nas coisas que tem visto, inchado vãmente pelo seu entendimento carnal”.
"Que ninguém, a pretexto de humildade e culto aos anjos, vos impeça de alcançar a vitória. Tais pessoas baseiam-se em pretensas visões, deixando-se ingenuamente inchar de orgulho por sua mente carnal”.
"Não permitam que ninguém que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhos”.
Pegue a maioria das religiões, principalmente as pentecostais, e você encontrará que são fruto de uma “visão” que seu líder teve, de que deveria fundar aquela denominação e coisa e tal. A questão é que Deus jamais iria mandar alguém fundar uma denominação porque isso vai contra o ensino claro da Palavra de Deus:
(Jo 5:43) "Eu vim em nome de meu Pai, e não me aceitais; se outro vier em seu próprio nome, a esse aceitareis".
(Jd 1:19) "Estes são os que causam divisões, sensuais, que não têm o Espírito”.
Alguém poderá alegar que as visões foram prometidas na profecia de Joel 2:28 repetida por Pedro em Atos 2:17. Sim, mas nenhuma delas iria contradizer o ensino claro da Palavra de Deus, como é o caso do nome de Jesus como sendo o único nome a identificar os que pertencem a ele, além de outras contradições claramente encontradas nas muitas seitas da cristandade.
Além disso, o que Pedro estava mostrando era que a profecia de Joel estava se cumprindo em parte naquele exato momento. Muita coisa dela ainda não aconteceu e só acontecerá na vinda do Senhor para estabelecer o seu reino. Se prestar atenção verá que seu cumprimento está mais associado ao remanescente judeu que se converterá após o arrebatamento da Igreja do que aos cristãos desta dispensação:
(Jl 2:30-32) "E mostrarei prodígios no céu, e na terra, sangue e fogo, e colunas de fumaça. O sol se converterá em trevas, e a lua em sangue, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor. E há de ser que todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo; porque no monte Sião e em Jerusalém haverá livramento, assim como disse o Senhor, e entre os sobreviventes, aqueles que o Senhor chamar”.
Entender quando uma profecia do Antigo Testamento se cumpre no Novo Testamento é importante para não cairmos em erro. Por exemplo, quando em Mateus 8:17 diz "Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: Ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e levou as nossas doenças”, o evangelho está dizendo exatamente isso: O que Isaías previu estava se cumprindo naquele exato momento. Ao curar alguém quando estava no mundo, Jesus estava tomando para si a enfermidade daquela pessoa.
Quando lemos Mateus entendemos o que Isaías estava querendo dizer. Ele não queria dizer que Cristo levaria, na sua morte na cruz, todas as nossas enfermidades, mas que faria isso em vida, enquanto andasse aqui. Esta interpretação é confirmada justamente pela declaração de Mateus, de que a profecia se cumpria naquele momento em que Cristo curava as pessoas, antes mesmo de morrer na cruz.
Se a mulher não pode ensinar é porque ela é incapaz de aprender?
Evite ampliar ou complicar o que Deus não complicou. A proibição na doutrina dos apóstolos é que a mulher ensine o homem: (1Tm 2:12) "Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o marido, mas que esteja em silêncio”.
Aliado a isso, a ela também não é permitido, não apenas ensinar, mas até mesmo falar na reunião da igreja ou assembleia:
(1 Co 14:34) "As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei”.
Então é simples como 1+1=2. As mulheres não devem ensinar o homem em geral, e devem permanecer caladas nas reuniões da assembleia, neste caso em particular.
Porém as mulheres podem falar da Palavra de Deus em outras ocasiões, desde que mantenham a cabeça coberta como ensina em (1 Co 11:5) “Mas toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria cabeça, porque é como se estivesse rapada”.
A palavra “profetizar” é ampla o suficiente para incluir falar das coisas de Deus. A mulher também pode anunciar coisas relativas a Jesus, como fez a samaritana em João 4 ou as mulheres que foram testemunhas da ressurreição e anunciaram isso aos discípulos. A mulher também ensina crianças, como fizeram a mãe e avó de Timóteo, e outras mulheres: (Tt_2:4) "Para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos, a amarem seus filhos,”.
O que você não pode deduzir, como parece ter deduzido, é que a mulher seja incapaz de aprender diretamente do Espírito de Deus e que dependa do homem para isso. Não é verdade. A mulher tem sua comunhão com Deus como tem o homem, e pode aprender muitas coisas diretamente de Deus. Não queira transformar o mandamento “não ensine” em “não aprenda”, porque esta é justamente uma das razões pelas quais Deus não permite que a mulher ensine, e o problema começou no Éden.
Veja a ordem que Deus deu:
(Gn 2:16-17) "E ordenou o Senhor Deus ao homem, dizendo: De toda a árvore do jardim comerás livremente, Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás”.
Agora veja a versão feminina da ordem de Deus:
(Gn 3:2-3) "E disse a mulher à serpente: Do fruto das árvores do jardim comeremos, Mas do fruto da árvore que está no meio do jardim, disse Deus: Não comereis dele, nem nele tocareis para que não morrais”.
Deu para perceber que a mulher cumpriu a risca o ditado que diz que “quem conta um conto aumenta um ponto”? Pois é, ela aumentou a ordem de Deus acrescentando “nem nele tocareis”, algo que Deus nunca disse. Por não se apegar simplesmente ao que Deus disse, e ir além, ela ficou vulnerável ao erro. Ao acreditar na sua própria versão a mulher deu a Satanás o sinal de que seria capaz de acreditar na versão dele também. É aí que ele entra com uma declaração totalmente contrária à que Deus tinha feito:
(Gn 3:4) "Então a serpente disse à mulher: Certamente não morrereis".
Dê um dedinho ao diabo e ele pegará o braço. Adão não foi enganado, mas seguiu a mulher no erro, consciente do que estava fazendo.
(1Tm 2:14) "E Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão”.
Desde então, e também por causa da declaração de Deus de que haveria inimizade entre o diabo e a mulher para sempre (Gn 3:15), a mulher ficou impedida de ensinar. Aquelas que o fazem correm o risco de “acrescentar um ponto ao conto” e ainda ficarem vulneráveis a doutrinas “sopradas” pelo inimigo.
Mas nada disso significa que uma mulher não possa aprender, e muitas aprendem bem da Palavra de Deus e são sábias em permanecer no lugar que Deus determinou para elas.
Sobre sua outra pergunta, se um líder em uma denominação é ou não inspirado pelo Espírito Santo quando prega, respondo que pode ser sim, se ele for um verdadeiro crente. Obviamente Deus continua usando os dons que deu aos homens para alimentar seu rebanho, porém quando esse dom é limitado pelos dogmas e doutrinas impostos por uma denominação ele poderá alimentar até certo ponto o rebanho.
Ao falar de apartar-se do erro em 2 Timóteo 2 Paulo explicou que alguém apartado do erro e dos vasos de desonra pode ser vaso útil para “toda boa obra”, indicando que há vasos úteis para muitas obras, mas não “toda boa obra” se estiverem sujos com erros de doutrina ou associação com o mal.
Deus castiga?
Sim, Deus castiga os seres humanos e disciplina seus filhos. No passado Deus usava Israel para castigar as nações idólatras, e usava as nações idólatras para castigar Israel quando aquele povo caía no erro:
(Is 10:5-6) "Ai da Assíria, a vara da minha ira, porque a minha indignação é como bordão nas suas mãos. Envia-la-ei contra uma nação hipócrita, e contra o povo do meu furor lhe darei ordem, para que lhe roube a presa, e lhe tome o despojo, e o ponha para ser pisado aos pés, como a lama das ruas”.
(Gl 6:7) "Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará".
Isto se refere a esta vida. Assim, mesmo um cristão que é perdoado pelo seu erro poderá sofrer as consequências disso, naturalmente ou pela mão de Deus. Um ex-viciado, por exemplo, pode sofrer danos de saúde por causa de seu vício mesmo após convertido a Cristo, e continuará sujeito à disciplina de Deus enquanto andar aqui, pois é filho do Pai.
O que podemos ter certeza é de que quando Deus disciplina um filho é por amor, muito embora a psicologia moderna, ao querer ser mais sábia do que Deus, condena a disciplina física colocando os filhos numa condição que Deus chama de “bastardos”. Deus, por sua vez, mostra que filhos que são disciplinados têm reverência pelos pais, algo que vemos cada vez menos nas famílias modernas:
(Pv 23:13) "Não retires a disciplina da criança; pois se a fustigares com a vara, nem por isso morrerá”.
(Hb 12:5-11) "E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama, E açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem, e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas este, para nosso proveito, para sermos participantes da sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela".
Uma vez ouvi de uma mãe cristã:
“Se o governo diz que posso ser presa por bater em meus filhos, então prefiro ir presa a deixá-los sem disciplina para acabarem presos como marginais quando adultos”.
Nunca devemos nos esquecer de que o maior castigo que Deus já aplicou foi contra o seu próprio Filho, e não por alguma desobediência dele, mas nossa.
(Is 53:5) "Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados”.
Ainda existe perseguição a cristãos?
Realmente há muitos cristãos sendo perseguidos hoje em todo o mundo e por alguma razão o Senhor permite que seja assim. Quando a perseguição acabou na Rússia o cristianismo caiu naquilo que é visto em todo o mundo, ou seja, na mornidão.
Tenho comunhão com irmãos que congregam somente ao nome do Senhor no Butão, onde o cristianismo é proibido, e eles são obrigados a cruzar a fronteira com a Índia para fazerem suas reuniões. Mesmo na Índia há regiões onde eles são perseguidos por sua fé, tanto por hindus como por muçulmanos.
Mas não se iluda: perseguição existe no mundo todo. Nos Estados Unidos já ouvi de pelo menos dois salões de reuniões de irmãos congregados somente em nome do Senhor que foram incendiados por vândalos. E em alguns lugares os pastores alertam suas ovelhas para ficarem longe desses crentes sem denominação.
Irmãos que congregam no Egito são proibidos de pregar o evangelho a muçulmanos e podem ser presos se tentarem fazê-lo. Também só podem se reunir em locais autorizados para cultos cristãos antes do país ganhar essas leis mais rigorosas. Os irmãos que congregam somente ao nome de Jesus lá são obrigados a alugar salas no porão de algum templo cristão antigo para poderem congregar, ou às vezes fazem reuniões em hotéis existentes na margem do Sinai do Mar Vermelho, pois são hotéis abertos a turistas ocidentais onde as leis da proibição não se aplicam.
É preciso ter discernimento, porém, porque você sempre encontrará gente usando fotos e vídeos de cristãos perseguidos para angariar donativos, e nem sempre o material representa perseguições a cristãos verdadeiros. Por exemplo, no Egito tem acontecido lutas entre “cristãos” e muçulmanos e recentemente vários cristãos foram mortos dentro de uma igreja.
Acontece que lá muitos desses cristãos são coptas, uma denominação que prevalece no Egito, e são simplesmente religiosos como são muitos católicos que vemos no mundo ocidental, e a luta deles no Egito é mais política do que por questões de fé. Estão querendo espaço, como no Brasil fazem os deputados da tal da “bancada evangélica” no Congresso. Os cristãos coptas no Egito chegam a perseguir outros cristãos minoritários ou aqueles que pregam o evangelho da salvação baseada na fé apenas.
Existe uma assembleia de irmãos reunidos ao nome do Senhor no Cairo e muitas crianças coptas frequentavam a escola dominical, até o líder deles descobrir isso e visitar suas famílias para dizer que aquilo era do diabo e que deviam proibir os filhos de frequentar tal coisa. As crianças pararam de ir à escola dominical ouvir o evangelho da graça, porque a igreja copta prega um evangelho de obras.
É sempre bom perguntar a si mesmo: será que os cristãos são sempre perseguidos por causa de sua fé e do nome de Jesus, ou será que alguns são perseguidos por questões políticas? Cristãos que tentam deter o poder neste mundo podem acabar odiados por outras religiões, mas o que estão fazendo também está errado. Não cabe ao cristão se intrometer nas questões de poder deste mundo. O país mais influente do mundo hoje, os EUA, caíram nesse engano e hoje é odiado de muitas nações por acreditar que deve levar o domínio cristão para todos os países. Foi o mesmo erro de Roma no passado. Isso é chamado também de Teologia do Domínio.
Quando os cristãos foram perseguidos no início da igreja o Senhor sabia bem o que acontecia com eles e dava a eles forças para continuarem firmes na fé. Era uma época quando o diabo agia de forma violenta e feroz, como leão (e continua agindo assim em alguns lugares do mundo). Mas devemos ficar atentos para a forma como Satanás mais age hoje em dia, e não é como leão, mas como anjo de luz, ou seja, no mundo religioso e com sutilezas e aparência de piedade. O estrago que ele consegue fazer no mundo ocidental destruindo almas com mentiras pregadas nas igrejas chamadas “cristãs” é maior do que ele faz matando corpos nos países onde há perseguição.
No início da Igreja Satanás mostrava suas garras como leão:
(1 Pe 5:8) "Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar;”.
(2Tm 4:17) "Mas o Senhor assistiu-me e fortaleceu-me, para que por mim fosse cumprida a pregação, e todos os gentios a ouvissem; e fiquei livre da boca do leão".
(Ap 2:10) "Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida”.
Hoje Satanás engana usando o mundo religioso para isso:
(2 Co 11:13-15) "Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.
(2Tm 3:5) "Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te”.
Jesus poderia ter desobedecido ao Pai?
Nunca. A desobediência é fruto do pecado e Jesus não veio da descendência de Adão e seu pai não foi um homem, mas na sua forma humana ele foi gerado pelo Espírito Santo, portanto sem pecado. Além disso, como ele poderia fazer algo contrário à vontade do Pai, sendo tão Deus quanto o Pai, ou seja, um com ele?
Quando andou aqui Jesus fez questão de mostrar que tudo o que fazia não era de sua própria vontade, mas era a vontade do Pai que, obviamente, seria coincidente com sua própria vontade se ele quisesse agir por si mesmo. Sua natureza era totalmente divina e ele não tinha a velha natureza caída que herdamos de Adão. Se ele tivesse em si o pecado com que todos nascemos, e que nos leva a pecar, não serviria para ser o sacrifício sem mancha que Deus exigia.
Quando o Espírito o levou para ser tentado no deserto por Satanás, não foi para ver se ele resistiria à tentação, mas apenas para provar que Jesus era quem o Pai afirmava ser: o Filho de Deus, sem mancha, o Cordeiro que tiraria o pecado do mundo. Poderíamos dizer que ele foi “testado” no sentido de provar que era perfeito, como se testa o ouro ou a prata, e não “tentado” no sentido em que somos.
(Hb 4:15) "Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado".
Ao contrário do que dizem algumas traduções que trazem “sem pecar”, aí não se trata do “pecar”, que é o fruto do “pecado”, mas do pecado mesmo, como o gerador dos pecados, com o qual todos os seres humanos nascem por descenderem de Adão. No original este versículo termina assim: “em tudo foi tentado, pecado à parte”. Veja outras traduções:
"Porque não temos nele um pontífice incapaz de compadecer-se das nossas fraquezas. Ao contrário, passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado”.
(Darby) "For we have not a high priest not able to sympathize with our infirmities, but tempted in all things in like manner, sin apart”.
Devo ser discípulo de um apóstolo?
Ao refutar o que eu disse sobre as premissas para alguém ser apóstolo você escreveu: "Isso é interessante, mas perigoso para a teologia. Cuidado sempre é bom.” Suas palavras têm um tom bastante clerical.
Geralmente frases assim são usadas por clérigos para alertar leigos a não mexerem com certas questões reservadas a teólogos, padres, pastores, etc. É uma velha técnica de intimidação, como a que os antigos aqui do interior de SP costumavam usar, quando diziam que criança que brinca com fósforos faz xixi na cama.
O fato é que hoje existe uma busca desenfreada por títulos clericais e “apóstolo” está entre os mais valorizados. É sempre a velha busca humana por poder e domínio. Porém não foi assim que aprendemos do Senhor.
(Lc 9:46-48) "E suscitou-se entre eles uma discussão sobre qual deles seria o maior. Mas Jesus, vendo o pensamento de seus corações, tomou um menino, pô-lo junto a si, E disse-lhes: Qualquer que receber este menino em meu nome, recebe-me a mim; e qualquer que me receber a mim, recebe o que me enviou; porque aquele que entre vós todos for o menor, esse mesmo é grande".
Você escreveu: "Quem são os verdadeiros e os falsos quem os julgará ou quem pode discernir?”
Cada crente tem a Palavra de Deus e o Espírito Santo, portanto está apto a discernir e julgar. Não devemos julgar as intenções do coração, pois este julgamento cabe a Deus, mas devemos sim julgar as doutrinas e as práticas das pessoas, principalmente aquelas que revelam uma “queda” por atrair discípulos.
A Palavra de Deus não nos permite julgar pessoas, suas razões e motivos, estes versículos mostram isso:
(Mt 7:1) "Não julgueis, para que não sejais julgados”.
(1 Co 4:4-5) "Porque em nada me sinto culpado; mas nem por isso me considero justificado, pois quem me julga é o Senhor. Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor”.
Porém a mesma Palavra de Deus nos exorta a julgarmos as doutrinas de alguém:
(1 Co 10:15) "Falo como a entendidos; julgai vós mesmos o que digo”.
(1 Co 14:29) "E falem dois ou três profetas, e os outros julguem".
A Palavra de Deus nos manda ainda julgarmos as AÇÕES das pessoas:
(1 Co 5:12-13) "Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo”.
Também nos manda julgar os FRUTOS ou resultados produzidos por alguém, e aqui estão incluídos os falsos apóstolos e profetas, sujeitos ao juízo também de Deus, e aqui não fala de ateus, espíritas ou pagãos, mas de cristãos nominais que falam e fazem coisas em nome de Jesus:
(Mt 7:15-23) "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? … Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniquidade”.
Como você mencionou, existem os falsos apóstolos, e autopromoção, autoconsagrarão e auto exaltação são algumas de suas características. Um falso apóstolo é aquele que deseja ser o que não é e extrapola o que a Palavra diz, adotando suas próprias ideias e conceitos:
(2 Co 11:13) "Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo".
O simples fato de alguém se denominar apóstolo hoje já o coloca na categoria de falso, ao menos quanto à sua identidade. Isto porque os apóstolos e profetas do Novo Testamento existiram até os fundamentos da Igreja terem sido lançados e a Palavra de Deus estar disponível na forma de suas cartas.
A Palavra de Deus nos dá uma dica para identificarmos dois tipos de perigo na cristandade, a saber, os lobos destruidores e os homens arrebanhadores de discípulos para si mesmos:
(Mt 7:15) "Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores”.
(Atos 20:29-30) "Porque eu sei isto que, depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas [pervertidas ou distorcidas], para atraírem os discípulos após si".
O antídoto para nos precavermos contra isso Paulo dá no versículo 32: Deus e sua Palavra:
(Atos 20:32) “Agora, pois, irmãos, encomendo-vos a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados.”
É só ficarmos com o que está na Palavra e não extrapolarmos para ideias novas, principalmente aquelas que incitam os cristãos a se tornarem discípulos de homens. Foi justamente isto que o apóstolo Paulo chamou de carnalidade em 1 Coríntios:
(1 Co 1:12-13) "Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?”.
(1 Co 3:3-5) "Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais? Pois, quem é Paulo, e quem é Apolo, senão ministros pelos quais crestes, e conforme o que o Senhor deu a cada um?”.
Além do erro cometido por aqueles que se identificam por nomes de homens que admiram, existem os que gostam de serem paparicados e até estimulam um discipulado humano. Como cristão tenho a obrigação de julgar isso, porque o único discipulado que a Bíblia ensina é de discípulos de Cristo, nem mesmo dos próprios apóstolos.
(Mt 28:19-20) "Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém”.
Obviamente o Senhor falava de discípulos para si [Jesus], como se pode comprovar do restante do Novo Testamento, onde “discípulo” tem a mesma conotação de “cristão” ou seguidor de Jesus. Uma busca pela palavra “discípulo” irá indicar que a expressão refere-se ao discípulo de Jesus, não dos apóstolos ou de homem algum. Buscando no plural “discípulos” é possível encontrar, além dos discípulos de Jesus, discípulos de João Batista, mas isto faz parte de outra dispensação anterior à da igreja.
Depois da formação da igreja, além do nome “discípulos” usado para identificar os próprios crentes ou seguidores de Jesus, a palavra aparece referindo-se a discípulos de homens com um sentido negativo na seguinte passagem:
(Atos 20:30) "E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si".
Indiretamente falando, o sentido pode ser aplicado também em:
(1 Co 1:12) "Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo”.
(1 Co 3:4) "Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?”.
Há uma passagem em Atos 9:25 que aparece traduzida como “seguidores de Saulo”, “seus discípulos” ou “discípulos dele”, referindo-se aos irmãos que desceram Paulo por um cesto para evitar que fosse morto pelos judeus. Mas essa tradução é péssima e basta comparar com as melhores versões ou até com o texto grego para perceber isso.
Além do mais basta um pouco de bom senso para perceber que não faria qualquer sentido Paulo já ter discípulos, considerando que era recém-convertido e ainda estava em Damasco, para onde tinha ido prender cristãos.
Até onde eu conheça não existe qualquer menção de algum sistema de discipulado do tipo “eu sou discípulo de fulano, que é discípulo de sicrano”. Portanto a ordem de Jesus só pode ter sido no sentido de fazer discípulos de Jesus por meio, não só da pregação do evangelho, mas do ensino.
Discípulo é aquele que aprende de seu mestre, e não acredito que passe pelo coração de um cristão sincero desejar ter um seguidor, mas sim fazer com que as pessoas sigam a Cristo. Até Maria, a mais bem-aventurada dentre as mulheres, que teria tudo para ser uma discipuladora, e da qual muitos hoje se dizem discípulos, exortou os servos a escutarem, não a ela, mas a Jesus: "Fazei tudo quanto ele vos disser”(Jo 2:5).
Portanto nenhum cristão é exortado a se tornar discípulo de homens, a menos que queira ou se considere como tal, contrariando assim o que ensina a Palavra de Deus. Mas aí ele ficará vulnerável a cair no colo de um desses falsos apóstolos, abundantes hoje na cristandade.
Eles são descritos como "inimigos da cruz de Cristo, cujo fim é a perdição; cujo Deus é o ventre, e cuja glória é para confusão deles, que só pensam nas coisas terrenas”(Fp 3:19). Traduzindo para a linguagem de hoje, são amantes do próprio umbigo e que adoram se ocupar com prosperidade de coisas materiais.
É claro que não faltarão seguidores para esses falsos apóstolos. Sempre há pessoas que se impressionam com afirmações fortes, declarações de visões e revelações, ou almejam também uma posição aqui neste mundo. Afinal, os falsos apóstolos sempre irão encontrar gente assustadiça, com medo de fazer xixi na cama.
Devo mudar de emprego?
Esta é uma questão e um exercício entre você e o Senhor. O importante é estarmos no lugar e na hora em que o Senhor quer que estejamos. Lembre-se de que José de Arimateia e Nicodemos podiam se considerar em um lugar pouco útil, já que não estavam envolvidos diretamente na pregação do evangelho como os outros discípulos, mas sim ocupados com suas responsabilidades no sinédrio ou senado.
No entanto foram eles que tiraram o corpo de Jesus da cruz e o sepultaram, colocando em risco suas carreiras e reputação quando nenhum outro discípulo queria chegar perto. Eles eram as pessoas certas para serem usadas pelo Senhor na hora designada. Quem dentre aqueles pescadores iletrados, que eram os apóstolos, teria tal acesso a Pilatos ao ponto de ser recebido pelo governador e ter seu pedido para remover o corpo aprovado?
Qualquer pessoa em qualquer profissão pode ter comunhão com o Senhor, até fazendo parte da “família de César”. Sim, existiam membros da família do imperador (o cruel imperador) que eram convertidas e enviam saudações por intermédio de Paulo. O importante é fazer a obra de Deus onde quer que estejamos.
(Fp 4:22) "Todos os santos vos saúdam, mas principalmente os que são da casa [família] de César”.
Em todos os lugares onde trabalhei acredito que Deus tenha me usado de uma maneira ou de outra para fazer a sua obra, mesmo que fazer a sua obra significasse simplesmente orar por meus colegas de trabalho. Muita coisa eu só irei saber e entender no céu. Na maioria das vezes eu nem imagino como ele me usou, mas sei que de algum modo a sua Palavra foi testemunhada ali e orações subiram ao céu.
Posso dizer também que Deus usou todos esses lugares e pessoas para meu aprendizado. Às vezes somos muito prontos a buscar a posição de professor, sem nos lembrarmos de que Deus pode muito bem nos querer numa posição de alunos. É muito bom pregar às pessoas sobre a paciência ou sobre esperar no Senhor, mas quando nós mesmos precisamos exercitar isso, aí a coisa muda de figura, não é mesmo?
Em Apocalipse 10 encontramos João recebendo um livrinho que coloca na boca e acha doce, mas que fica amargo quando engole. Foi só depois de engolir e sentir o amargor daquela mensagem é que ele estava pronto para testemunhar. Assim é conosco: Deus permite diferentes empregos e trabalhos aqui para aprendermos e ficarmos aptos a testemunhar.
(Ap 10:9-11) “E fui ao anjo, dizendo-lhe: Dá-me o livrinho. E ele disse-me: Toma-o, e come-o, e ele fará amargo o teu ventre, mas na tua boca será doce como mel. E tomei o livrinho da mão do anjo, e comi-o; e na minha boca era doce como mel; e, havendo-o comido, o meu ventre ficou amargo. E ele disse-me: Importa que profetizes outra vez a muitos povos, e nações, e línguas e reis”.
Os empregos ou lugares mais amargos costumam ser os que mais nos ensinam, pois estarão bem no espírito daquilo que aconteceu com o Senhor aqui. Quer lugar menos propício para ele do que o tempo que passou neste mundo? Mesmo assim hoje sabemos como foi importante ele ter vindo e sofrer o que sofreu.
Guardadas as devidas proporções, todos os lugares por onde passamos e as profissões e experiências que temos aqui nesta vida servirão de algum modo se as colocarmos para a glória de Deus. Até mesmo as maiores dificuldades podem ser de grande utilidade quando nas mãos daquele que não irá desperdiçar nossa vida aqui.
(2 Co 1:4) "Que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também possamos consolar os que estiverem em alguma tribulação, com a consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”.
Lembre-se de que nossa vida aqui só será desperdiçada se vivermos para nós mesmos, como fez Ló, que perdeu tudo por ter sido atraído pelas campinas verdes de Sodoma e buscar uma posição de destaque neste mundo, o que não era a vontade de Deus para ele.
Pouco a pouco ele foi armando sua tenda, cada vez mais perto da cidade iníqua de Sodoma, até que acabamos encontrando aquele servo de Deus sentado na porta da cidade, um lugar e posição que era dada aos juízes das cidades naquele tempo. O que Ló estava fazendo metido na política de Sodoma?! Ló é o tipo do cristão que tem sua alma salva, mas sua vida perdida. Ao contrário de Abraão, que foi peregrino o tempo todo neste mundo e mantinha comunhão com Deus.
Ore e coloque suas dificuldades e anseios para o Senhor e espere nele. O melhor lugar é aquele onde o Senhor nos coloca.
(1 Co 7:21-22) "Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo”.
Alguém liberto pode ser possuído por outros espíritos?
Depois de ler o texto "Satanás pode influenciar um crente?”, no qual eu digo que o diabo pode influenciar os pensamentos de um salvo, porém não pode possui-lo ou entrar nele, você ficou em dúvidas por causa de uma passagem onde um homem é liberto de um espírito maligno só para ser depois possuído por outros piores.
Um crente não pode ser possuído por demônios, pois ele já é habitado pelo Espírito Santo de Deus, que não sai do crente e nem dá lugar para que algum demônio venha possuí-lo. O crente possui a nova vida que vem de Deus, que é imune a um ataque direto de Satanás: (1 Jo 5:18) "Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca". Um crente pode ser influenciado ou enganado pelo Diabo, mas não possuído.
A passagem que gerou a dúvida em você está em Mateus 12:43, porém se prestar atenção verá que ela fala de Israel (“esta geração” no texto), cujo estado ficou pior do que estava com a rejeição de Jesus. Veja no último versículo que Jesus não está falando de uma pessoa, mas é uma parábola falando da geração de judeus incrédulos que um pouco antes afirmou que ele fazia os milagres pelo poder de Belzebu. Lembre-se de que o Senhor falou por parábolas muitas vezes.
(Mt 12:41-45) "Os ninivitas ressurgirão no juízo com esta geração, e a condenarão, porque se arrependeram com a pregação de Jonas. E eis que está aqui quem é mais do que Jonas. A rainha do meio-dia se levantará no dia do juízo com esta geração, e a condenará; porque veio dos confins da terra para ouvir a sabedoria de Salomão. E eis que está aqui quem é maior do que Salomão. E, quando o espírito imundo tem saído do homem, anda por lugares áridos, buscando repouso, e não o encontra. Então diz: Voltarei para a minha casa, de onde saí. E, voltando, acha-a desocupada, varrida e adornada. Então vai, e leva consigo outros sete espíritos piores do que ele e, entrando, habitam ali; e são os últimos Atos desse homem piores do que os primeiros. Assim acontecerá também a esta geração má".
Quando os judeus mergulharam na idolatria, Deus enviou um remédio na forma da invasão babilônica. Eles foram levados cativos e depois um remanescente fiel voltou à terra, curado de sua idolatria. Era como se o espírito mau tivesse saído do homem. Mas a partir daí eles se tornaram uma casa vazia, limpa e arrumada, que não quis receber o Senhor, ficando assim vulneráveis para que aquele espírito desterrado levasse consigo "sete espíritos piores que ele”, e o estado daquele povo ficaria pior do que no início.
Quando lemos a parábola do Senhor da vinha, percebemos que aquela geração que viveu na época de Jesus sabia exatamente que estava rejeitando seu Messias e o entregando à morte. Pelo menos é o que dá a entender quando os trabalhadores da parábola dizem: (Lc 20:14) "Este é o herdeiro; vinde, matemo-lo, para que a herança seja nossa”.As palavras do Senhor na cruz, "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” em (Lc 23:34) podem tanto se referir aos soldados romanos que executaram a pena, como também aos judeus que ignoravam as consequências de seu ato.
1 Pedro 5:8-9 diz que "o diabo anda em redor buscando tragar”, mas não diz que consegue mais do que matar o corpo (como o Senhor ensinou nos evangelhos). Quanto a Judas, em quem o evangelho diz que o diabo entrou, ele nunca foi salvo. Era apenas um seguidor, apenas um professo como muitos que hoje enchem as igrejas com a Bíblia debaixo do braço, porém estão ali com outros interesses, alguns muito parecidos com o interesse de Judas: dinheiro.
Estamos vivendo o apogeu da cristandade?
Não, a cristandade nunca esteve numa situação tão ruim quanto hoje. Você menciona que “temos templos, conquistas, influência, etc.” e completa que é bom vivermos neste tempo. Se buscar na Palavra de Deus, ele nunca pediu que construíssemos templos, conquistássemos espaço no mundo ou tivéssemos influência política aqui. Pelo contrário, não vivemos um apogeu mas o fundo do poço, o ponto em que o Senhor está prestes a vomitar o testemunho cristão de sua boca (Laodiceia — Ap 3), a época que precede a apostasia completa.
O lugar do cristão neste mundo é de peregrino, como foi Abraão em terra alheia, pois sua morada é no céu. O próprio Senhor deu o exemplo, não se intrometendo nas questões deste mundo, mas morrendo e ressuscitando para tirar um povo daqui. Ele não nos disse para construirmos catedrais ou grandes e poderosas organizações aqui. Gabar-se das “conquistas” da cristandade soa muito como Nabucodonosor gabando-se da Babilônia que construiu (sabia que a cristandade é chamada de Babilônia no Apocalipse?):
(Dn 4:30) "Falou o rei, dizendo: Não é esta a grande Babilônia que eu edifiquei para a casa real, com a força do meu poder, e para glória da minha magnificência?”.
(Ap 18:2) "E clamou fortemente com grande voz, dizendo: Caiu, caiu a grande Babilônia, e se tornou morada de demônios, e covil de todo espírito imundo, e esconderijo de toda ave imunda e odiável”.
Você fala dos líderes que existem por aí, mas os líderes que encontramos na Palavra de Deus eram os que tinham responsabilidade sobre uma assembleia local (anciãos, bispos ou presbíteros), conforme é ensinado nas epístolas. Considerando que o ensino das epístolas (a doutrina dos apóstolos) é de um corpo múltiplo de anciãos para cuidarem de uma congregação local, e também que Apocalipse não é um livro de doutrina, mas de símbolos proféticos, só posso enxergar no “anjo” (singular) de cada uma das sete igrejas ali como o papel desses mesmos anciãos, porém em unanimidade quanto à sua responsabilidade.
Quando você menciona Pedro tomando a dianteira, devo lembrá-lo que ele era um dentre os apóstolos. Eles, juntamente com os profetas do Novo Testamento, formaram o alicerce da casa de Deus, porém depois que partiram não deixaram os cristãos nas mãos de outros apóstolos. Após sua partida os cristãos ficaram entregues "a Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”.(Atos 20:32).
Apóstolo é uma coisa, líder é outra. Como já expliquei, biblicamente os apóstolos e profetas do Novo Testamento tiveram o seu papel no estabelecimento do alicerce da igreja, da qual Jesus é a Pedra angular. O que existe agora são pedras, todas iguais, que fazem parte das paredes da casa de Deus.
(Ef 2:20-22) "Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; No qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor. No qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em Espírito”.
Para entender o papel bíblico dos apóstolos e profetas, basta fazer a pergunta “De que apóstolos e profetas ele está falando sobre os quais somos edificados?” Certamente não é de alguém vivo em nossos dias, pois como poderíamos estar sendo edificados sobre um fundamento que não existia, digamos, há 100 anos ou mais?
Portanto os “líderes” (se gosta de chamar assim) que encontro no Novo Testamento são os anciãos, presbíteros ou bispos (dependendo da passagem ou tradução) ou ainda pastores (não no sentido de dom, mas de zeladores do rebanho). Porém isso nada tem a ver com o modelo adotado pela religião, que é de um homem à frente de uma congregação. Você não encontra um modelo assim na igreja em Atos ou na doutrina dos apóstolos, mas sempre são vários os responsáveis por uma assembleia local (não confundir com o dom de pastor que, assim como o evangelista e o mestre são dons universais, não locais). Um homem (singular) à frente de uma congregação simplesmente não tem fundamento bíblico.
Você mencionou que vivemos em um tempo diferente, pois se vivêssemos nos primeiros dias do cristianismo sofreríamos perseguição. A questão é que a perseguição hoje tem um aspecto totalmente diferente. A apostasia é o que faz hoje o papel do antigo leão do Coliseu. Esta noite perdi o sono e, praticando “tiro ao canal”, caí em um onde um pregador oferecia um plano de TV a cabo para os fiéis. Segundo ele, “se você não tem este plano você não ama sua família”, porque deixa os filhos assistirem programas nocivos. Dá para imaginar a que ponto chegamos?!
(2 Co 11:13-15) "Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.
(2Tm 3:1-7) "Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, Sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, Traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, Tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; Que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade”.
(Ap 18:10-13) "Estando de longe pelo temor do seu tormento, dizendo: Ai! ai daquela grande Babilônia, aquela forte cidade! pois numa hora veio o seu juízo. E sobre ela choram e lamentam os mercadores da terra; porque ninguém mais compra as suas mercadorias: Mercadorias de ouro, e de prata, e de pedras preciosas, e de pérolas, e de linho fino, e de púrpura, e de seda, e de escarlata; e toda a madeira odorífera, e todo o vaso de marfim, e todo o vaso de madeira preciosíssima, de bronze e de ferro, e de mármore; E canela, e perfume, e mirra, e incenso, e vinho, e azeite, e flor de farinha, e trigo, e gado, e ovelhas; e cavalos, e carros, e corpos e almas de homens".(Quando o Apocalipse foi escrito ainda não se vendia planos de TV a cabo).
Desculpe se pareceu que estou criticando homens, não estou. O problema são as doutrinas e práticas, e devemos sim ficar alertas contra elas como o Senhor advertiu que seus discípulos ficassem alertas contra “o fermento dos fariseus”. Se temos a Palavra de Deus como guia não devemos nos afastar dela ou erraremos. Quando olhamos todas as coisas que a cristandade construiu não podemos deixar de pensar no que o Senhor disse, quando seus discípulos se gabaram da maravilha que era o Templo (e olha que era um templo que Deus tinha mandado construir!).
A igreja de Deus neste mundo são todos os salvos por Cristo, e isto inclui você e eu. Quando você diz que só pode conhecer e desfrutar da igreja quem está no meio dela parece que só quem está numa organização criada por homens é igreja, e não é assim. Não é o serviço que Deus busca, mas adoradores "que o adorem em espírito e em verdade”. Deus está procurando mais Marias do que Martas, mas nós temos a tendência de ser como Caim e querer apresentar a Deus o trabalho de nossas mãos. Ele quer ver Cristo engrandecido em nosso meio, não cristãos engrandecidos e falando de suas obras.
Faça um exercício: busque na Palavra de Deus se o que vê em redor está lá e descobrirá que muito não está. Sugiro a leitura do livro que estou traduzindo em aordemdedeus.blogspot.com para ajudar nessa pesquisa. Se você realmente tiver um coração para o Senhor irá considerar a Palavra de Deus como seu guia, e não o que a cristandade adotou por tradição. O catolicismo romano diz se fundamentar na Palavra e na tradição dos santos padres, porém o protestantismo faz o mesmo: examine o quanto há de tradição no protestantismo (templos, clero, corais, dízimos, etc.) e verá que não é muito diferente do catolicismo.
A grande meretriz, Babilônia, de Apocalipse nada mais é do que a versão prostituta daquela que deveria ser noiva, e engloba toda a profissão cristã apóstata, não apenas uma ou outra denominação. Ela tem dinheiro, ela tem influência até sobre governos (Roma e bancada evangélica lembram algo?), mas Deus irá destruí-la, como fez com a Babilônia que era o orgulho de Nabucodonosor. É fora desse “arraial” que o cristão deve estar, não recebendo tapinhas nas costas dados pelo mundo, mas compartilhando da rejeição que Cristo sofreu aqui. Se você colocar-se fora do arraial religioso verá o quanto de rejeição existe hoje, até mesmo vinda de cristãos.
Eu não estaria aqui gastando tempo para responder se não o considerasse como irmão. Lembre-se de que esta correspondência só começou porque você perguntou.
(1 Pe_3:15) "Antes, santificai ao Senhor Deus em vossos corações; e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que há em vós”.
Qual a diferença entre palavra da sabedoria e ciência?
Sua dúvida é a respeito da diferença dos dons "palavra da sabedoria”e "palavra da ciência” ou "conhecimento” que aparecem em 1 Coríntios 12:7-8 "Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um, para o que for útil. Porque a um pelo Espírito é dada a palavra da sabedoria; e a outro, pelo mesmo Espírito, a palavra da ciência".
Vou traduzir o que diz William MacDonald em seu livro “Believer’s Bible Commentary”, pois tenho certeza de que eu não conseguiria explicar tão bem:
"Palavra da sabedoria: Poder sobrenatural para falar com entendimento divino, seja na solução de problemas difíceis, na defesa da fé, na resolução de conflitos, no aconselhamento prático, ou na defesa de alguém perante autoridades hostis. Estêvão demonstrou a palavra de sabedoria de tal maneira que seus adversários ‘não podiam resistir à sabedoria, e ao Espírito com que falava’ (Atos 6:10)”.
"Palavra da ciência ou conhecimento: Poder de comunicar informação que foi divinamente revelada. Um exemplo está na forma como Paulo usa expressões como ‘vos digo um mistério’ (1 Co 15:51) e ‘dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor’ (1Ts 4:15). Em seu sentido primário, que é o de apresentar uma nova verdade, a palavra de ciência cessou, pois a fé cristã já foi ‘de uma vez para sempre entregue aos santos’ (Jd 1:3). O corpo da doutrina cristã está completo.
Em um sentido secundário, porém, a palavra de ciência pode ainda estar conosco. Ainda existe uma comunicação misteriosa de conhecimento divino àqueles que vivem em estreita comunhão com o Senhor (veja o Salmos 25:14 — ‘O segredo do Senhor é com aqueles que o temem; e ele lhes mostrará a sua aliança’). A ação de compartilhar esse conhecimento com outros é a palavra de ciência ou conhecimento”.
Quem foi responsável pela morte de Jesus?
Toda a humanidade foi responsável pela condenação e execução do Filho de Deus, embora os judeus tenham uma parcela maior de responsabilidade pelo conhecimento que tinham das promessas de Deus quanto ao Messias.
Israel era uma nação invadida, embora tivesse seu próprio rei (Herodes — judeu, mas não de linhagem judaica) e governadores locais, tanto judeus como do inimigo (por ex. Pilatos) que eram instituídos pelos romanos. Era esse o sistema romano quando invadiam um país: colocavam um rei de seu próprio povo, porém comprado pelo invasor, para fazer a ponte cultural com o povo, permitindo que mantivessem seus costumes e religião.
Os judeus foram culpados por rejeitar a Jesus, o Messias deles, não os gentios, que nunca tiveram a promessa de um Messias. Mas, por ser um país invadido, os judeus não tinham autonomia para entregar alguém à morte, que no sistema dos judeus seria o apedrejamento. Por isso foram obrigados a levar o caso à corte romana, que acabou culpada pela responsabilidade de condenar um homem inocente, como o próprio Pilatos declarou não ver crime algum nele. Assim cumpriram-se também as profecias que descreviam a morte do Messias por crucificação, e não apedrejamento (ex. Salmo 22).
Se você ler o relato da crucificação em Lucas 23 e nos outros evangelhos verá que ali estão judeus (a maioria do povo, porque era em Jerusalém), sacerdotes (o clero), soldados romanos (poder militar e gentios), marginais (os ladrões), ou seja, todas as classes de pessoas são representadas ali. Sobre a cruz a placa escrita com sarcasmo pelas autoridades como “Este é o Rei dos Judeus” estava em três línguas: hebraico (língua da religião monoteísta universal), latim (língua do poder secular universal) e grego (língua da sabedoria universal).
Paulo não tinha certeza da ressurreição?
Paulo não tinha dúvidas quanto à sua salvação e também participação na ressurreição dentre os mortos. Sempre que encontramos uma dificuldade na interpretação de um versículo devemos levar em conta não apenas o contexto, mas TODO o ensino das Escrituras. Vamos à passagem que você mencionou:
(Fp 3:11) "Para ver se de alguma maneira posso chegar à ressurreição dentre os mortos”.
Aqui poderíamos pensar em três possibilidades:
1. Paulo não tinha certeza se iria ou não chegar à ressurreição, por isso procurava trabalhar neste sentido.
2. Paulo não estava falando da ressurreição física, mas de viver aqui e agora já como alguém ressuscitado.
3. Paulo estava falando da ressurreição, mas não estava colocando em dúvida que iria alcançá-la, mas que até lá ainda passaria por dificuldades. Uma tradução mambembe seria assim: “Para que, não importa como, eu chegue à ressurreição dentre os mortos”.
A opção 1 seria contrária a todo o ensino que encontramos nos outros lugares, portanto pode ser descartada. Paulo tinha certeza de chegar à ressurreição, ele só não sabia por que meios isso ocorreria. A opção 2 não parece ser correta, embora talvez possa ser o sentido do versículo 12. O mais provável é a opção 3, que ele esteja falando de desconhecer o que teria de passar (ou a maneira como) até chegar á ressurreição.
Repare também que ele está falando da “ressurreição DENTRE os mortos”, e não da “ressurreição dos mortos”. A ressurreição DENTRE os mortos acontece no arrebatamento, quando alguns que estão entre os mortos serão ressuscitados. A ressurreição dos mortos (que restaram) ocorre no juízo final, no Grande Trono Branco de Apocalipse, mas aí não é uma ressurreição para salvação, mas apenas para condenação, para Deus lavrar a sentença daqueles que não foram salvos em vida.
(Fp 3:12) "Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas prossigo para alcançar aquilo para o que fui também preso por Cristo Jesus”.
Entendo que aqui ele esteja falando da perfeição prática, da semelhança de Cristo que deve ser o alvo de todo cristão. Existem duas coisas em relação ao cristão: sua posição e sua condição. Posicionalmente falando, o crente já está completamente salvo, ressuscitado com Cristo e nos lugares celestiais em Cristo Jesus. É o que você encontra em Efésios 1. Condicionalmente falando, ele ainda está neste mundo em um corpo cheio de imperfeições e lutando todos os dias contra as dificuldades. Ele procura, de fé em fé, tornar visível em sua condição aquilo que ele já é e possui em sua posição.
Uma ilustração disso é um rei no exílio, que receba notícias de que seus súditos conseguiram vencer o inimigo que usurpou seu trono lá em sua terra natal. A partir daquele momento, o rei vive uma situação semelhante. Ele já é rei, entronizado e com todos os direitos e privilégios que o rei teria em sua terra natal. Mas, por enquanto, ele ainda está vivendo em um país onde ele não manda nada, ninguém o reconhece como autoridade e ele precisa se sujeitar a andar de transporte coletivo e pegar fila no banco. O que separa essa condição de sua posição é só a viagem que terá de fazer ao país de origem. Assim que ele chegar lá tomará posse de tudo o que já era seu de direito.
Isso tem algo a ver com a santidade prática e absoluta. Um crente já é santo, santificado por Cristo Jesus, mas no dia a dia ele é exortado a ser santo, isto é, a expressar na prática aquela santidade que já possui por ser nova criatura em Cristo Jesus. Por isso é importante entender estas coisas quando lemos as epístolas, para sabermos discernir quando elas falam de nossa condição transitória aqui neste mundo e quando falam de nossa posição absoluta e eterna, já garantida no céu para aqueles que nasceram de novo e foram feitos novas criaturas pela fé em Jesus.
Não sei se já indiquei a você o stories.org.br/chaday que é um estudo bem simples sobre a Bíblia, escrito por um irmão do Canadá (que partiu para o Senhor em 2001).
O Sudário de Turim pode converter alguém?
O fato de sua irmã ter crido em Jesus como Salvador graças ao Sudário de Turim, por ter entendido por meio da imagem ali os sofrimentos e ressurreição de Cristo, não torna o Sudário verdadeiro ou faz dele um instrumento de salvação.
Você pergunta o que o diabo ganharia inventando algo assim para enganar, se haveria a possibilidade de pessoas serem salvas justamente pela instrumentalidade de um objeto como o Sudário. Talvez o diabo faça as contas e veja que o número de pessoas que possam ser tocadas de forma legítima pela mensagem da cruz seja irrisório, se comparado às multidões que ele irá levar à idolatria.
A legitimidade do Sudário de Turim é controversa, e se você pesquisar verá que vários estudos independentes concluíram que o material é, no máximo, da Idade Média. Há até mesmo teorias de que teria sido criado por Leonardo da Vinci usando uma forma primitiva de fotografia que hoje sabemos ser possível com materiais disponíveis em sua época.
Em minha opinião é falso simplesmente porque a Bíblia diz que havia um lenço sobre o rosto de Jesus, o qual aparentemente teria sido o tecido marcado com a imagem da face, se isso acontecesse:
(Jo 20:6-7) "Chegou, pois, Simão Pedro, que o seguia, e entrou no sepulcro, e viu no chão os lençóis, E que o lenço, que tinha estado sobre a sua cabeça, não estava com os lençóis, mas enrolado num lugar à parte".
Ainda que o Sudário de Turim fosse legítimo, não deveria jamais ser transformado em objeto de culto, e deveria ser destruído se isso acontecesse. Este é um princípio bíblico aplicado para qualquer objeto de culto. Quando Deus mandou Moisés fazer uma serpente de bronze no deserto, aquilo era para apontar para Jesus, que seria levantado na cruz como a serpente de bronze foi levantada na haste para curar aqueles que olhassem para ela.
(Nm 21:8) "E disse o Senhor a Moisés: Faze-te uma serpente ardente, e põe-na sobre uma haste; e será que viverá todo o que, tendo sido picado, olhar para ela”.
Uns 700 anos mais tarde aquela serpente de bronze (“ardente” = bronze) é mencionada na Bíblia, pois tinha se transformado em um objeto de culto e até mesmo em um ídolo, e precisou ser destruída pelo Rei Ezequias, pois os judeus a adoravam tendo dado ao objeto o nome de um ídolo, Neustã.
(2 Rs 18:4) "Ele tirou os altos, quebrou as estátuas, deitou abaixo os bosques, e fez em pedaços a serpente de metal que Moisés fizera; porquanto até àquele dia os filhos de Israel lhe queimavam incenso, e lhe chamaram Neustã”.
O mesmo objeto que Deus usou para curar os israelitas no deserto e tinha o objetivo de apontar para Cristo foi transformado em um ídolo, algo abominável a Deus. É importante entender que Deus pode usar qualquer coisa para levar uma pessoa a Cristo, mas isso não torna aquela coisa importante em si mesma.
Há relatos de conversões de pessoas que viram “A Paixão de Cristo” de Mel Gibson no cinema ou TV, mas isso não torna o filme um objeto de culto ou faz de Mel Gibson um evangelista idôneo. Eu mesmo evito filmes “bíblicos” pois geralmente são feitos por incrédulos e cheios de fantasias e erros. Conheci um irmão em Cristo que se converteu em uma boate, mas eu não poderia indicar às pessoas que fossem a uma boate ouvir o evangelho.
Também conheci um irmão que antes de se converter era motorista de táxi e ganhou uma Bíblia de uma Testemunha de Jeová. Foi lendo aquela Bíblia nas horas de folga que ele se converteu a Jesus. Mesmo assim, eu não poderia indicar que as pessoas lessem a Bíblia das Testemunhas de Jeová, que não passa de uma cópia mal feita da versão inglesa King James adicionada de passagens contendo heresias, na tentativa de comprovar as crenças daquela religião.
Judas, que traiu Jesus, pregou o evangelho e muita gente deve ter se convertido por intermédio de sua pregação, mas será que isso torna Judas um exemplo para nós? Deus pode usar qualquer coisa para levar alguém a ouvir sua Palavra. No Antigo Testamento usou até mesmo uma jumenta para alertar Balaão do perigo que corria.
(Nm 22:27-30) "E, vendo a jumenta o anjo do Senhor, deitou-se debaixo de Balaão; e a ira de Balaão acendeu-se, e espancou a jumenta com o bordão. Então o Senhor abriu a boca da jumenta, a qual disse a Balaão: Que te fiz eu, que me espancaste estas três vezes? E Balaão disse à jumenta: Por que zombaste de mim; quem dera tivesse eu uma espada na mão, porque agora te mataria. E a jumenta disse a Balaão: Porventura não sou a tua jumenta, em que cavalgaste desde o tempo em que me tornei tua até hoje? Acaso tem sido o meu costume fazer assim contigo? E ele respondeu: Não”.
Evidentemente o fato de Deus ter usado uma jumenta falante é algo que está no direito dele. Isso não nos autoriza a fazer imagens da jumenta, construir um templo em sua honra, buscá-la em oração na esperança de obter algum milagre, ou nos reunirmos em torno de uma jumenta esperando que saia alguma profecia da boca do animal.
Quando algo ou alguém servir para indicar a Cristo, esse algo ou alguém deve desaparecer de vista tão logo encontremos o Salvador. João Batista ensinou isso quando disse: (Jo 3:30) "É necessário que ele cresça e que eu diminua. Seria uma tolice o viajante continuar olhando para a seta de indicação depois de ter chegado ao destino”.
(Sl 73:25) "Quem tenho eu no céu senão a ti? e na terra não há quem eu deseje além de ti".
De que geração Mateus 24:34 está falando?
Sua dúvida é sobre Mateus 24:34 e de que “geração” Jesus estaria falando ao dizer "Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que todas estas coisas aconteçam”.
Acredito que a chave esteja no versículo 32, quando Jesus fala da figueira referindo-se a Israel. Portanto "esta geração” não poderia significar as pessoas vivas naquele momento, já que todos morreram.
Alguns acreditam que "esta geração” poderia indicar as pessoas que presenciaram a criação do estado de Israel em 1948 e ainda estariam vivas por ocasião da vinda de Cristo, ou seja, a geração atual. Apesar de aguardar o Senhor para qualquer momento no arrebatamento, não acredito nessa interpretação, pois o retorno dos judeus à terra de Israel em 1948 não foi um cumprimento da profecia, mas uma articulação de homens que permitiu que o povo voltasse à sua terra em completa incredulidade e inimizade contra Deus.
Tenta-se aplicar Ezequiel 37 e a visão dos ossos ressequidos que voltam à vida, mas o próprio texto deixa bem claro que aquilo é resultado de um arrependimento e reconhecimento do povo quanto ao seu estado:
(Ez 37:11-12) "Então me disse: Filho do homem, estes ossos são toda a casa de Israel. Eis que dizem: Os nossos ossos se secaram, e pereceu a nossa esperança; nós mesmos estamos cortados. Portanto profetiza, e dize-lhes: Assim diz o Senhor Deus: Eis que eu abrirei os vossos sepulcros, e vos farei subir das vossas sepulturas, ó povo meu, e vos trarei à terra de Israel”.
A ordem é sempre esta: primeiro o arrependimento, depois a bênção. Foi assim quando o remanescente na Babilônia decidiu voltar para Israel e Deus abençoou aquela empreitada, pois era algo que vinha de Deus e o remanescente voltou em humilhação e arrependimento, reconhecendo o pecado e o justo juízo que tinham recebido por sua desobediência. Se você analisar as promessas de restauração de Israel, elas sempre são precedidas de arrependimento e confissão de pecado:
(Dt 30:2-3) "E te converteres ao Senhor teu Deus… Então o Senhor teu Deus te fará voltar do teu cativeiro, e se compadecerá de ti, e tornará a ajuntar-te dentre todas as nações entre as quais te espalhou o Senhor teu Deus”.
(Dt 30:9) "E o Senhor teu Deus te fará prosperar… Quando deres ouvidos à voz do Senhor teu Deus, guardando os seus mandamentos e os seus estatutos, escritos neste livro da lei, quando te converteres ao Senhor teu Deus com todo o teu coração, e com toda a tua alma".
(Jr 29:13) "E buscar-me-eis, e me achareis, quando me buscardes com todo o vosso coração. E serei achado de vós, diz o Senhor, e farei voltar os vossos cativos e congregar-vos-ei de todas as nações, e de todos os lugares para onde vos lancei, diz o Senhor, e tornarei a trazer-vos ao lugar de onde vos transportei”.
(Ez 36:33) "Assim diz o Senhor Deus: No dia em que eu vos purificar de todas as vossas iniquidades, então farei com que sejam habitadas as cidades e sejam edificados os lugares devastados".
"Há liberdade para que os cristãos ministrem o Evangelho dentro de suas próprias comunidades, com exceção feita aos cristãos de origem judaica. Também há liberdade para evangelizar, apesar de existir uma clara reprovação. O governo tem exercido pressão sobre a evangelização, mas até o momento não obteve êxito. Uma importante legislação “anti-missionária” foi proposta no final de década de 90, porém não foi aprovada”.
No atual estado de incredulidade em que os judeus se encontram, o pior lugar para eles estarem hoje é justamente na terra de Israel, pois é ali que todos os juízos descritos em Mateus 24 irão cair em breve. Então 2:3 da população que estiver ali perecerá, antes que uma pequena parte se converta:
(Zc 13:8-9) "E acontecerá em toda a terra [está falando da terra de Israel], diz o Senhor, que as duas partes dela serão extirpadas e expirarão; mas a terceira parte restará nela. E farei passar essa terceira parte pelo fogo, e a purificarei, como se purifica a prata, e a provarei, como se prova o ouro; ela invocará o meu nome, e eu a ouvirei; direi: É meu povo; e ela dirá: O Senhor é meu Deus’.
Outra possibilidade para se interpretar "geração” em Mateus 24 é que Jesus estivesse se referindo à geração que observasse todas as coisas descritas neste capítulo, que fala diretamente do tempo da grande tribulação. Então seriam as próprias pessoas que passariam pela grande tribulação, ou seja, os mesmos, entre mortos e sobreviventes, que Zacarias descreve no versículo acima.
Existe também a possibilidade de estar se referindo ao povo judeu, que não deveria desaparecer, já que no grego a palavra "geração” ali é "genea” que pode ter também o sentido de família, raça ou nação. Então a ideia seria que essa mesma raça ou geração de judeus incrédulos existiria quando caíssem esses juízos sobre o mundo durante a grande tribulação que precede a vinda de Cristo para reinar.
Talvez esta seja a interpretação mais correta, pois é provável que não exista no planeta um povo mais persistente em rejeitar a Cristo do que os judeus, que tiveram todas as chances de recebê-lo como Messias e mesmo assim o crucificaram. Também é difícil encontrar um povo com uma identidade tão marcante e que esteja todos os dias nas páginas dos jornais, como é o judeu. É como se Deus estivesse o tempo todo nos lembrando: “Eu não disse que eles seriam assim até o fim?”.
Os versículos abaixo confirmam isso:
(Dt 32:5) "Corromperam-se contra ele; não são seus filhos, mas a sua mancha; geração perversa e distorcida… deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação. Com deuses estranhos o provocaram a zelos; com abominações o irritaram. Sacrifícios ofereceram aos demônios, não a Deus; aos deuses que não conheceram, novos deuses que vieram há pouco, aos quais não temeram vossos pais. Esqueceste-te da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou; O que vendo o Senhor, os desprezou, por ter sido provocado à ira contra seus filhos e suas filhas; E disse: Esconderei o meu rosto deles, verei qual será o seu fim; porque são geração perversa, filhos em quem não há lealdade”.
Devo sair de casa para não me contaminar?
Você está em dúvida pelo fato de seus familiares serem incrédulos e zombarem de sua fé. Deus nos coloca em lugares, famílias, empregos, escolas, etc. com o propósito de sermos um testemunho para ele ali mesmo. Em algumas situações você deve se separar de amizades e pessoas que negam a fé cristã, principalmente no caso de pessoas que se dizem irmãs em Cristo (é o que o apóstolo fala em 1 Coríntios 5). Mas no mesmo capítulo ele fala que está se referindo àqueles que se dizem irmãos, e não especificamente aos incrédulos pois se assim fosse teríamos que sair do planeta.
(1 Co 5:9-11) "Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem; Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”.
Então se você trabalha numa empresa, irá evitar amizades que possam levá-la ao pecado ou a colocar em dúvida sua fé, mas não deixará de trabalhar ali ou conviver com essas pessoas. Somente não irá cair na farra com elas. Mas sua presença é importante, porque de que outro modo aquelas pessoas poderiam conhecer o Salvador? Jesus andou com pecadores sem participar de seus pecados. Quanto a ser ridicularizada por sua família, isso é ótimo, pois foi o que o Senhor prometeu para aqueles que o seguissem. Portanto tudo está correndo de acordo com o plano, o que significa que você está cumprindo seu papel como um testemunho.
(Mt 10:34-36) “Não cuideis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada; Porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua mãe, e a nora contra sua sogra; E assim os inimigos do homem serão os seus familiares”.
Pelo que entendi você ainda depende de sua família e tem vínculos com ela, ou seja, não é uma pessoa independente. Sua família nem sabe, mas a presença de uma pessoa convertida em seu meio cria uma esfera separada para Deus, e os que estão nessa esfera acabam de algum modo sendo abençoados ou, como diz a Palavra, “santificados”, isto é, separados (mesmo que ainda não sejam salvos). Eles terão um contato mais direto com a Palavra de Deus e inconscientemente começarão a agir diferente na sua presença, pois não estarão muito tranquilos de ter alguém que é sal e luz no meio deles. A luz denuncia as manchas.
(1 Co 7:13) "E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam imundos; mas agora são santos”.
Nas empresas onde trabalhei, no primeiro dia eu sempre chegava em minha mesa, tirava uma Bíblia de minha pasta e a colocava sobre a mesa com outros pertences, deixando tudo ali algum tempo antes de guardar na gaveta. Minha intenção era que os colegas logo ficassem sabendo que eu era crente e com isso quem não gostava logo se afastava. Era até engraçado eu entrar no banheiro e os colegas pararem a conversa suja só porque eu tinha entrado! Eles ficavam constrangidos e eu até me divertia com a situação. É claro que também tinham as gozações às vezes, mas isso só ajuda a fortalecer nossa fé. O ferro não fica resistente a menos que seja malhado com marreta e fogo.
(Mt 5:14-16) "Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus".
O lugar mais fácil para ser cristão é fugir para uma caverna numa montanha ou um mosteiro no deserto, longe de tudo e de todos. O problema é que aí a função do cristão no mundo deixa de fazer sentido. Raciocine assim: ao crer em Jesus você foi perdoada de todos os seus pecados e ficou 100% pronta para ir morar no céu. Por que Deus a deixou aqui? Para testemunhar de Cristo no mundo. Neste momento Jesus está por você no céu na presença do Pai e intercedendo por você, e você está por Jesus no mundo, na presença dos incrédulos e intercedendo por eles. Ser perseguido e injuriado é considerado pelo Senhor como uma bem-aventurança!
(Mt 5:11-12) "Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós”.
(1 Pe 4:12-16) "Amados, não estranheis a ardente prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos acontecesse; Mas alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós repousa o Espírito da glória e de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado, mas quanto a vós, é glorificado. Que nenhum de vós padeça como homicida, ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se entremete em negócios alheios; Mas, se padece como cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte".
Portanto continue onde Deus colocou você e procure ser um testemunho fiel de Cristo neste mundo. Muita gente que sai de casa, da escola ou do emprego com o pretexto de servir ao Senhor nem sempre está com essa intenção, e sim fazendo isso como uma fuga dos problemas. Aí a pessoa se interna num mosteiro ou seminário e passa a conviver só com gente que fala a mesma língua, pensando ter resolvido seus problemas. Mas se não foi isso que Deus preparou para ela, então estará agindo errado.
Separar-se do pecado é um princípio de Deus. Fugir de pecadores não. Nossa função neste mundo é testemunhar a eles da graça de Deus, porque essa missão Deus não confiou a anjos, mas a seres humanos, com todas as falhas e fraquezas que volta e meia nos abatem. Se a sua família consente em tê-la vivendo sob o mesmo teto e isso não significa algum tipo de risco para você, coloque tudo diante do Senhor e espere nele por uma solução para as dificuldades. Sua presença ali pode até ser o instrumento que Deus quer usar para convertê-los.
Uma vez comentei com um irmão em Cristo: “Quão bom seria se o Senhor viesse hoje nos buscar!”. Ele, sabendo que eu estava passando por dificuldades na época, perguntou: “Você está dizendo isso porque deseja estar com o Senhor ou porque quer fugir dos problemas?”.
Éfeso, Corinto ou Tiatira não eram denominações?
Os nomes das igrejas no Novo Testamento, que você chamou de “denominações”, não eram denominações como são as organizações eclesiásticas de hoje. Os nomes que encontra na Bíblia são apenas identificações geográficas das regiões, cidades ou lugares específicos onde a igreja (o corpo de Cristo) estava reunida. Em algumas situações é a casa de alguém que é usada para identificar a igreja:
(Rm_16:5) "Saudai também a igreja que está em sua casa. Saudai a Epêneto, meu amado, que é as primícias da Acaia em Cristo”.
(1 Co_16:19) "As igrejas da Ásia vos saúdam. Saúdam-vos afetuosamente no Senhor Áquila e Priscila, com a igreja que está em sua casa".
(Cl_4:15) "Saudai aos irmãos que estão em Laodiceia e a Ninfa e à igreja que está em sua casa".
Obviamente isso já elimina a ideia de que os cristãos usavam os nomes das cidades como diferentes denominações eclesiásticas. As igrejas que encontramos no Novo Testamento nunca eram independentes umas das outras, mas eram interdependentes. Um irmão que estivesse em comunhão em Éfeso podia viajar a Corinto levando uma carta de recomendação e era recebido à comunhão ali.
Não existia uma igreja que não estivesse dentro dessa esfera de comunhão, e quando vemos um embrião de divisões surgir em Corinto, isso é logo chamado de “carnalidade” por Paulo. Em Corinto eram pessoas se colocando de vontade própria sob a direção de homens conforme suas preferências, e em 3 joão era um homem se colocando como líder máximo para aceitar ou recusar pessoas à comunhão.
(1 Co 1:11-13) "Porque a respeito de vós, irmãos meus, me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre vós. Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?”.
(1 Co 3:3-4) "Porque ainda sois carnais; pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?"
(3 João 1:9-10) "Tenho escrito à igreja; mas Diótrefes, que procura ter entre eles o primado, não nos recebe. Por isso, se eu for, trarei à memória as obras que ele faz, proferindo contra nós palavras maliciosas; e, não contente com isto, não recebe os irmãos, e impede os que querem recebê-los, e os lança fora da igreja".
O mundo religioso cauterizou de tal maneira a mente das pessoas que é difícil alguém enxergar cristianismo hoje sem pensar logo em diferentes denominações, com seus papas, presidentes, bispos, padres, pastores (no sentido de cargo), missionários, etc. como organizações estanques. No entanto isso NUNCA é encontrado nas Escrituras.
Para entender a igreja, pense no exército brasileiro. Quantos exércitos há no país? Um apenas. Mas e aquele quartel ou Tiro de Guerra que há em sua cidade? Ele não é outro exército, mas apenas a expressão local do único exército. Aquele quartel está sob a mesma direção geral, seus soldados compartilham da mesma doutrina militar de todos os outros quartéis do país e ninguém jamais ousaria dar àquele quartel o status de um exército independente, ou seria preso por isso.
As questões culturais que você mencionou obviamente existem, mas não são motivo para divisões. Estou em comunhão com irmãos em todo o mundo que estão congregados somente em nome de Jesus, sem denominação, sem templo, sem clero, sem dízimos, sem “pastores” (no sentido de um líder local), e mesmo assim falamos as mesmas coisas.
As diferenças culturais ficam por conta de detalhes, como de irmãs no Brasil que cobrem a cabeça com um véu ou um lenço, e irmãs em aldeias nas montanhas da Bolívia que usam chapéu de coco, segundo a tradição indígena. Mas para o olho simples, isso são costumes locais e não diferenças doutrinárias. Os irmãos no Japão tiram os sapatos ao entrarem na reunião, e em Butão eles são obrigados a cruzar a fronteira com a Índia para poderem se reunir sem serem presos. Os indianos têm seu próprio modo de vestir, assim como os do continente africano. Mas todas as assembleias estão em comunhão.
Fico contente que esteja gostando do livro “A ordem de Deus” de Bruce Anstey, mas saiba que a grande maioria dos irmãos congregados em nome do Senhor no mundo provavelmente nunca ouviu falar desse livro ou de seu autor. Ele é apenas um irmão do Canadá que trabalha como representante comercial e nas horas vagas se propõe a ensinar, usando o dom que o Senhor lhe deu. Como eu disse, a influência da cristandade denominacional é tão grande que você logo achou que o autor do livro fosse algum tipo de guru ou líder seguido pelos irmãos que congregam da forma como ele descreve em seu livro.
Sugiro que passe uma borracha em tudo o que aprende ou vê nos sistemas que os homens inventaram e volte a ler o Novo Testamento em oração, em especial a doutrina dos apóstolos que encontra nas epístolas. Depois compare com o que vê ao seu redor e verá o quanto de invenções os homens introduziram na cristandade, afastando-se mais e mais do propósito da igreja na terra. Não deixe de comparar com a Bíblia também o livro que citou, pois como todo escrito de homens pode ter seus erros. Seja como os irmãos de Bereia, que queriam conferir se as coisas que lhes falavam eram de fato assim. Onde conferiam? Nas Escrituras.
Finalmente, vou comentar apenas uma frase de seu e-mail: "Se ficarmos a nos ater a esses detalhes, não haverá assim um desvio do foco que é a salvação por meio de nosso Senhor Jesus Cristo?”.
Primeiro, nunca considere um mero “detalhe” alguma doutrina dada à igreja. Não temos autoridade para decidir o que devemos seguir e o que não devemos seguir dos ensinamentos que o Senhor nos deu por intermédio dos apóstolos. Foi por considerarem esses ensinos meros “detalhes” que a cristandade adotou suas próprias maneiras que em muitos casos contrariam completamente o ensino da Palavra.
Além disso, o foco dos crentes quando congregados como igreja ou assembleia não é a salvação, pois isso eles já receberam de graça quando creram em Cristo. O propósito da igreja não é pregar o evangelho, mas adorar a Deus. Deus busca adoradores, mas evangelistas é o Senhor quem os dá. São os evangelistas que têm o propósito e a responsabilidade de saírem pelo mundo buscando pecadores perdidos e eles não precisam ser enviados por homens para cumprirem essa missão. O autor da “grande comissão” é o próprio Senhor da seara, e não uma “junta de missões”, “pastor” ou “igreja”. Quando os pecadores se convertem eles passam a fazer parte da igreja, que é o corpo de Cristo, e aí cumprem o que Deus queria que eles fossem: adoradores.
(Jo 4:23-24) "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem".
(Ef 4:11) "E ele mesmo deu uns para… evangelistas,”.
Este é outro erro no qual a cristandade caiu. Na maioria das denominações cristãs raramente você encontra uma reunião para adoração. Geralmente são pregações do evangelho invariavelmente terminando com um convite para que os pecadores se arrependam e creiam no Senhor. Obviamente isso é muito bom, pois o evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, mas e os adoradores que Deus busca? Quando eles se reúnem para adorar? Alguém poderá dizer que é quando a denominação contrata a cantora fulana ou a banda sicrana para o "culto de louvor e adoração”, mas neste caso nem vale a pena comentar…
Existe alguma verdade oculta?
Eu não perderia o meu tempo escrevendo sobre este assunto se não visse tanta gente sendo enganada por essa série de vídeos no Youtube, produzidos com a intenção de minar verdades fundamentais da doutrina cristã, porém com uma roupagem de paladino da verdade. Lembre-se do que disse o Senhor Jesus: "Nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se”(Mt 10:26).
Quando entendemos que os sistemas denominacionais criados pelo homem estão errados quando comparados com as Escrituras, precisamos entender também que há muitos cristãos salvos e sinceros dentro desses mesmos sistemas. O fato de não entenderem isso é geralmente a razão de continuarem lá. Mas isso não significa que TUDO o que professam está errado. Se você pegar o Credo católico apostólico, verá que ele tem fundamentação bíblica e muitas doutrinas protestantes também são bem fundamentadas na Bíblia.
O perigo que existe quando entendemos os erros da cristandade está em cairmos vítimas de enganadores que tentam se promover atacando, não apenas os erros inventados pela cristandade, mas as próprias doutrinas fundamentais do cristianismo. É o caso dos vídeos para os quais você pediu minha opinião.
Eu já tinha visto um vídeo desse mesmo autor uma vez e só vi este porque você pediu. Eu não perderia meu tempo com ele. O autor dos vídeos é hábil em misturar verdade com mentira para distorcer os fatos. Seus vídeos começaram a fazer sucesso quando falavam de temas como o dos “Illuminati” e teorias conspiratórias. Qualquer teoria conspiratória faz sucesso, basta ver o caso do livro e filme “O Código Da Vinci”.
O problema está quando as pessoas veem esses vídeos (cujo autor ultimamente, como você mesmo escreveu, “tem insistido em atacar a ceia do Senhor”) e acabam confundindo as coisas. O fato de eu apontar falhas nos sistemas denominacionais criados pelos homens não significa criticar as PESSOAS que são irmãos amados e fazem parte desses sistemas. Por outro lado, também qualquer pessoa que critique esses sistemas não está necessariamente defendendo a verdade, mas pode ter uma agenda própria apenas para causar impacto.
Isso que o autor desses vídeos faz não tem nada a ver com a verdade de estar congregado somente ao nome do Senhor e fora das denominações, e não endosso de maneira nenhuma o que ele ensina nos vídeos. Sou obrigado a dizer isto porque muitos têm escrito achando que eu e ele estaríamos falando as mesmas coisas. De maneira nenhuma.
O vídeo que você indicou, no qual ele procura atacar o catolicismo (ao falar do feriado de Corpus Christi misturando mitologia com catolicismo) e o protestantismo e a Bíblia (ao insinuar que o texto da Bíblia protestante seria falso por ter vindo do catolicismo), é um exemplo de sua tentativa de confundir as pessoas. Dá para perceber que falta a ele conhecimento da Bíblia, das traduções e versões, e de idiomas. Por isso tira conclusões equivocadas e tenta passar a ideia de que a Bíblia que hoje os cristãos não católicos utilizam foi adulterada com inserções que falam da ceia do Senhor.
Eu teria ignorado o assunto todo como uma grande bobagem, não fosse o número de cristãos sinceros que me escrevem com dúvidas geradas por esses vídeos.
No vídeo em que critica a ceia e diz que é uma invenção do catolicismo, ele encerra passando um vídeo satânico com uma música satânica em latim tentando fazer o espectador acreditar que aquilo teria sido produzido pelo catolicismo romano. Sua conversa pode parecer convincente, já que todos irão associar o latim com as antigas missas do catolicismo e concluir que a música que toca no vídeo, com a letra que ele traduz na legenda, seria uma música católica.
Mentira deslavada. A música em latim é "Ave Satani”, de autoria de Jerry Goldsmith, e faz parte da trilha do filme de 1976 "The Omen” (no Brasil "A Profecia”, que teve um “remake” em 2006). Jerry Goldsmith ganhou o Oscar pela trilha sonora. A banda metaleira "Fantomas” regravou isso em 2001 e é uma faixa do álbum "The Director’s cut”. Tem tudo a ver com satanismo, mesmo porque esse é o tema do filme, e não algo vindo do catolicismo.
Separar a música do filme e tentar apresentá-la como algo com conexão com o catolicismo (por estar em latim) e associá-la à ceia do Senhor (que o autor dos vídeos diz ser uma adulteração dos textos originais) é claramente uma manipulação enganosa, para a qual não vejo outro objetivo senão confundir cristãos sinceros sob o pretexto de estar mostrando uma “verdade oculta”. Antes de me converter estive envolvido com ocultismo e fiquei vacinado contra qualquer um que hoje queira me apresentar alguma “verdade oculta”.
Não perca o seu tempo com esses vídeos. Eles negam muita coisa que é bíblica por pura ignorância. Se você disse que estava com um pé atrás, coloque agora os dois pés atrás. Essa conversa de que a passagem da ceia teria sido inserida na Bíblia é pura balela de quem não conhece a Bíblia e mal conhece a língua portuguesa.
Portanto muito cuidado com quem fala mal das denominações e busca fundamentar suas afirmações em outras coisas que não sejam a Bíblia. Não perca tempo com esses vídeos. Seu objetivo é causar impacto sem se preocupar em usar de manipulações e engano para atingir seus objetivos. Para entendermos a Palavra de Deus e detectarmos erros dos ensinos humanos é preciso comparar coisas espirituais com coisas espirituais, e não tentar buscar na mitologia grega ou seja lá onde for alguma fundamentação para nossas alegações.
(1 Co 2:13) "As quais também falamos, não com palavras de sabedoria humana, mas com as que o Espírito Santo ensina, comparando as coisas espirituais com as espirituais".
A conversa de que a Bíblia foi adulterada causa muito sucesso entre céticos, porém para poder se afirmar algo assim é preciso apresentar o texto original não manipulado. Como alguém pode dizer que algo foi adulterado se não tem o original para comparar?
O que responder aos professores?
Você está preocupado em como responder a professores que são seus colegas, que confrontaram sua fé com um filme que “revela” que Jesus não teria existido de verdade, sendo apenas uma lenda baseada numa divindade do antigo Egito. Seus colegas são professores, mas será que são inteligentes? Será que eles têm uma mentalidade investigativa e são capazes de desconstruir um pensamento para chegar à sua origem?
Uma vez comecei a assistir ao filme que mencionou e parei porque logo vi de que se tratava. Quando você trabalha com comunicação aprende a identificar técnicas de construção de pensamento e argumentação, e isso ajuda muito a detectar quando alguém está querendo criar impacto pela distorção ou omissão de fatos. É o caso do filme. Basta passar a ideia em reverso para ver como é fácil criar um argumento assim. Se o assunto tiver uma pitada de teoria conspiratória, melhor ainda.
Este não é primeiro e nem será o último filme a colocar em dúvida Cristo e o cristianismo. Neste caso ele associa a figura de Cristo à divindade Hórus da mitologia egípcia. Você nem precisa usar Hórus, que é o deus que ele usa, para construir o raciocínio de que Jesus seria baseado em um mito. Pode também usar outra divindade da antiguidade que encontrará semelhanças.
Um bom livro para entender por que isso acontece é "O fator Melquisedeque” de Don Richardson. O autor Don Richardson demonstra como as várias divindades e mitos da antiguidade se basearam nas revelações divinas feitas aos primeiros habitantes do planeta, as quais foram passando de um para outro e ganhando cores mitológicas.
Começando pelo Jardim do Éden, quando Deus já revelou que um nascido de mulher seria ferido pela serpente e que esmagaria sua cabeça, muitas outras revelações foram feitas por Deus, não apenas ao seu povo de Israel, mas antes disso. O livro de Jó é o mais antigo da Bíblia e por ele você pode ver o quanto de revelações Deus já fazia na antiguidade.
Não foram apenas as revelações de Deus da antiguidade que viraram lendas, mas fatos históricos também, como a própria história da Criação, de Adão e Eva, do dilúvio, etc. podem ser encontradas em versões distorcidas nas mais diversas culturas, muitas delas nas Américas.A semelhança, portanto, não é porque a divindade foi baseada no Jesus que viveu há dois mil anos, mas por ter sido baseada em fragmentos do que Deus já havia revelado a respeito dele há seis mil anos.
Então, quando um filme assim compara Cristo com uma divindade egípcia, não é difícil suspeitar que essa divindade possa ter sido construída de fragmentos da revelação que Deus fez no princípio, ou ser apenas uma coincidência forçada. Digo forçada porque se você adotar todos os aspectos da dita divindade verá que não tem nada a ver.
Vou dar um exemplo tosco do que estou dizendo. Sabia que eu não existo? Pois é, eu próprio não passo de um mito. Na verdade a minha existência toda foi baseada no deus Zurumbundum da mitologia da tribo dos pinguins da Antártica. Assim como eu, aquela divindade tinha dois olhos, um nariz, duas pernas e dois braços. Gostava de comer bananada e ouvir jazz. Viu só? Está provado que sou uma lenda.
Mario Persona é palestrante, professor e consultor de estratégias de comunicação e marketing e autor dos livros "O Evangelho em 3 Minutos Mateus”, “Quero um refil!”, “Crônicas para ler depois do fim do mundo”, "Dia de Mudança”(também em inglês como "Moving ON”), "Marketing de Gente”, “Marketing Tutti-Frutti”, "Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades”, "Receitas de Grandes Negócios”e "Crônicas de uma Internet de verão”.
Nas horas livres o autor dedica-se a escrever e traduzir textos e livros sobre a Palavra de Deus. Estes são publicados em:
3minutos.net O evangelho em 3 minutos (texto, vídeo e MP3)
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Mario Persona participou também como autor convidado das coletâneas "Os 30+ em Atendimento e Vendas no Brasil”, "Gigantes do Marketing”, "Gigantes das Vendas”, "Educação 2007”, "Professor S.A.”e "Coleção Aprendiz Legal”, além de ter sido citado como "Case Mario Persona”no livro "Os 8 Pês do Marketing Digital”. Traduziu obras como "Marketing Internacional”, de Cateora e Graham, "Administração”, de Schermerhorn, "Liberte a Intuição”, de Roy Williams, além de diversos livros de comentários sobre a Bíblia.
É convidado com frequência para palestras, workshops e treinamentos de temas ligados a negócios, marketing, comunicação, vendas e desenvolvimento pessoal e profissional. Alguns temas são:
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Gestão do Conhecimento, Comunicação, Marketing e Vendas, Satisfação do Cliente, Oratória, Marketing Pessoal, Qualidade Vida-Trabalho, Administração do Tempo, Segurança no Trabalho, Controle do Stress e Meio-Ambiente
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Crônicas de uma Internet de Verão
Receitas de Grandes Negócios
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