Mario Persona

O que Respondi Volume 03

O que respondi Volume 03

O que respondi…

aos que me perguntaram sobre a Bíblia

Volume 3 —

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Mario Persona


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“Santificai a Cristo, como Senhor, em vosso coração, estando sempre preparados para responder a todo aquele que vos pedir razão da esperança que há em vós”. (1 Pe 3:15)

Ilustração de capa: Billy Frank Alexander

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As citações são da Bíblia nas das versões ACF — Almeida Corrigida Fiel, ARC — Almeida Revista e Corrigida, ARA — Almeida Revista e Atualizada, JND — John Nelson Darby ou eventualmente uma tradução livre baseada nestas versões.

Trechos deste livro podem ser reproduzidos, copiados e distribuídos desde que o texto não seja alterado e seja feita a devida referência ao autor. Apreciamos seu apoio e respeito a esta propriedade intelectual.


Apresentação

Primeiramente agradeço a Deus por permitir que este material fosse produzido e disponibilizado para milhares de leitores no Brasil e no mundo. As ideias que você encontra aqui não são originalmente minhas, e sim fruto do que tenho aprendido da Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais com irmãos congregados ao nome do Senhor e também com autores de outras épocas que congregavam assim. Foram eles J. G. Bellett, C. H. Brown, J. N. Darby, E. Dennett, W. W. Fereday, J. L. Harris, W. Kelly, C. H. Mackintosh, A. Miller, F. G. Patterson, A. J. Pollock, H. L. Rossier, H. Smith, C. Stanley, W. Trotter, G. V. Wigram e muitos outros.

Para que você compreenda como este livro veio a existir, creio ser necessário voltar um pouco no tempo. Depois de um período trabalhando em São Paulo, em 1988 mudei-me com minha família de volta para Limeira, minha cidade natal, a fim de colaborar com a Editora Verdades Vivas, uma organização sem fins lucrativos que produz e distribui literatura cristã. A grande quantidade de folhetos evangelísticos, livros e calendários distribuídos no Brasil e em outros países de língua portuguesa gerava um volume considerável de correspondência, não só com pedidos de publicações, mas também com perguntas sobre a Bíblia. Todas as cartas eram devidamente respondidas.

Nessa época adquiri o hábito de manter uma cópia das respostas em formato digital. Assim ficava fácil responder perguntas semelhantes ou até mesmo mesclar trechos de diferentes respostas, além de preservar aquele conhecimento. A partir de 1996 passei a usar a Internet e aí as respostas já não precisavam ser impressas, envelopadas e enviadas por carta como era feito até então. O uso do e-mail agilizou o processo e permitiu atender mais correspondentes com maior agilidade.

Em 1998 deixei a editora para atuar como executivo de uma empresa de tecnologia da informação, porém mantendo nas horas vagas minha ocupação com o evangelismo e ministério da Palavra via Internet por meio de diferentes sites e blogs. Em 2001 passei a trabalhar por conta própria como consultor e palestrante empresarial, tendo mais tempo livre e uma agenda mais flexível para dedicar-me ao evangelho.

Em 2005 decidi lançar o blog “O que respondi” no endereço respondi.com.br para disponibilizar as respostas que tinha armazenado em formato digital desde 1988 e acrescentar as que fossem sendo criadas. Algo que muitos perguntam é a razão de o blog não permitir comentários, mas o volume de spam, debates e opiniões deixadas na área de comentários me obrigou a eliminar esta opção de contato para me concentrar no atendimento apenas por e-mail. É sempre bom lembrar que não existe uma “equipe” para responder a correspondência que chega, pois este é um exercício pessoal.

Em 2008 iniciei um trabalho chamado “O Evangelho em 3 minutos — Uma mensagem urgente para quem tem pressa”, com vídeos no Youtube e também em versões de texto e áudio no endereço 3minutos.net. Com a popularização do smartphone e da Internet móvel este formato mostrou-se excelente para alcançar pessoas a qualquer hora e em qualquer lugar com a mensagem da salvação e a sã doutrina. O site “O que respondi” passou a servir de complemento aos vídeos. Enquanto no “Evangelho em 3 minutos” a Palavra de Deus é pregada de forma rápida, no “O que respondi” ela é explicada em detalhes e com referências.

Estas e outras frentes de trabalho via Internet continuam gerando um número cada vez maior de contatos e perguntas. Em 2013 foram mais de três mil perguntas atendidas, porém graças ao blog “O que respondi” nem todas precisaram ser respondidas. Na maioria das vezes é suficiente enviar links para as mais de mil respostas existentes no blog, que já conta com cerca de quatro milhões de acessos desde sua criação.

Assim chegamos à razão deste livro que está sendo lançado nos formatos digital (e-book) e impresso (on demand). Ele atende aqueles que desejam ter acesso ao material do blog sem depender de uma conexão com a Internet. Este é um dos mais de dez volumes projetados para compor esta coleção, se considerarmos todo o conteúdo do blog “O que respondi”.

Ao ler este livro não se esqueça de que está lendo as opiniões do autor, e não a Palavra de Deus. Considere também que os textos são cartas e e-mails de minha correspondência pessoal, e não uma obra literária. A linguagem é informal e despretensiosa como acontece com uma correspondência entre duas pessoas, e é provável também que você às vezes venha a achar a linguagem meio irreverente, mas isso é apenas fruto de meu estilo literário, e não de tratar levianamente as coisas de Deus ou a pessoa a quem respondi. Lembre-se também de que, para a resposta fazer sentido, às vezes incluo o que escreveram meus interlocutores e alguns são incrédulos ou ateus com opiniões depreciativas a respeito de Deus e de sua Palavra.

Não espere encontrar aqui todas as respostas e nem sequer as trate como definitivas. Elas são fruto do meu exercício com o Senhor e do que continuo aprendendo todos os dias. Por isso leia, medite, busque referências na Bíblia e ore para que o Espírito Santo lhe dê o entendimento. Sem isto até a pessoa mais inteligente e versada nas Escrituras será incapaz de entender as coisas de Deus, pois elas se discernem espiritualmente.

É provável que você encontre erros em minhas opiniões. Pode ter certeza de que eu mesmo eventualmente sou obrigado a acessar o blog “O que respondi” para fazer correções após ter sido instruído ou alertado de alguma falha por algum irmão ou por algo que li na Palavra de Deus. Se, ao comparar uma resposta mais antiga com uma mais nova, você encontrar alguma discrepância, saiba que optei por não revisar todas as respostas, mas decidi mantê-las do modo como entendia as coisas quando as escrevi, e lembre-se de que você está lendo textos escritos ao longo de um período de cerca de trinta anos. Se encontrar algum erro de digitação ou de gramática, entre em contato para eu fazer as devidas correções, pois o desejo de disponibilizar este livro o mais rápido possível nas mãos dos leitores foi maior que o tempo que tive para revisá-lo.

Este livro está sendo distribuído gratuitamente, porém alguns sites de terceiros ou editoras irão cobrar algum valor para a versão e-book ou impressa sem que isto signifique algum ganho da parte do autor que optou por abrir mão dos ganhos com direitos autorais. Você poderá distribuir o conteúdo deste livro, desde que o faça gratuitamente, não altere o texto e mantenha a referência ao autor.

Peço que se lembre de incluir este trabalho em suas orações e de endereçar ao Senhor, e não a mim, qualquer sentimento de gratidão que porventura possa ter por esta leitura.

“Conheçamos e prossigamos em conhecer ao Senhor; como a alva, a sua vinda é certa” (Os 6:3).

Mario Persona

respondi.com.br

3minutos.net

Fevereiro, 2014


Viver com alguém é fornicação?

Sua dúvida é por não existir algo na Bíblia que diga “é proibido ter relações sexuais se não for casado”. Não sei se você é convertida a Cristo ou não, mas o cristianismo não é uma religião de leis do tipo “isso é proibido”, “aquilo é permitido”.

O judaísmo tinha suas leis, mas não o cristianismo. Há algumas ordenanças (como o batismo e a recordação da morte do Senhor na ceia), há costumes que o cristão deve adotar e há práticas que são consideradas pecado, mas tudo isso vem da forma como um pai amoroso falaria com seus filhos, e não do modo como um sargento trataria seus soldados. Aliás, na relação de um pai amoroso com seu filho às vezes nem palavras são necessárias, basta um olhar, para saber se aquilo agrada ou não ao pai.

E o sexo fora do casamento certamente não agrada ao Pai (e quando falo Pai estou me referindo àqueles que podem chamá-lo assim por terem nascido de novo). Portanto, não olhe para a Bíblia como um livro de regras.

O matrimônio é uma instituição divina. Em seu projeto original Deus criou um homem e uma mulher para se unirem e procriarem. Dentro desse relacionamento o sexo foi algo que Deus mesmo instituiu, e em Hebreus é considerado digno de honra o leito sem mácula, o casal que tem um ao outro exclusivamente. Os costumes do mundo atual estão bem diferentes disso, mas o que o cristão tem com os costumes? Não são eles a sua referência, mas fazer a vontade de Deus.

Se você entendeu que fornicação é o sexo fora do casamento, então sabe que isso inclui também o sexo antes do casamento, ou seja, mesmo entre duas pessoas que pretendam se casar. Como elas ainda não estão unidas em matrimônio, elas se encontram em situação de fornicação se mantiverem relações sexuais. Deus sempre sabe o que é melhor para nós.

Aí caímos na questão sobre o que é um casamento legítimo. Não sei o que dizem os costumes judaicos, pois o Antigo Testamento não traz qualquer menção de como deve ser celebrado um casamento judaico, mas não existe o tal “casamento no religioso” que costumamos falar. Na Bíblia não há qualquer referência de que alguém pudesse dizer “Perante Deus eu vos declaro marido e mulher”. O juiz de paz sim tem essa autoridade, pois ela lhe foi dada pelos homens, portanto perante a lei ele pode declarar marido e mulher. É o que chamamos de casamento civil.

Mas “casamento religioso” não existe biblicamente. É claro que os cristãos podem convidar alguém para falar algumas palavras, fazer uma oração ou algo assim, mas se alguém disser que tem o poder de declarar um casal, casados diante de Deus, isso será uma usurpação de um poder que não foi dado a ninguém (exceto, como disse, o poder civil que o juiz tem).

Essa questão que você mencionou, de duas pessoas vivendo juntas por vinte anos é muito relativa. Em algumas situações isso poderia ser considerado fornicação, em outras não. Como o cristão deve seguir as leis de seu país, se naquele país são consideradas casadas pessoas que têm uma certidão em cartório, então elas devem passar por isso para se considerarem casadas. Obviamente nos tempos bíblicos não havia cartórios, mas havia testemunhas e o casamento era um evento reconhecido como tal, como um contrato público. No minuto anterior àquela cerimônia todos sabiam que aquelas pessoas não eram casadas. No minuto seguinte, todos as tinham como casadas.

Há casos de cristãos que se converteram em países onde a poligamia é aceita (em algumas tribos da África) e ficaram em um impasse porque tinham meia dúzia de esposas. Sei de um caso em que o homem convertido a Cristo decidiu coabitar apenas com a primeira esposa e prover o sustento das outras, sem ter com elas relações sexuais. Deste modo ele cumpriu a vontade de Deus quanto a ter uma só mulher, e não expôs as outras mulheres ao escárnio e humilhação, que seria o caso se as abandonasse numa sociedade como aquela.

Portanto, você vê que não há uma lei ou uma regra, mas que é preciso discernimento para cada situação. No Brasil uma pessoa é considerada casada se tiver uma certidão de casamento, do mesmo modo que você precisa de um atestado de óbito para provar que morreu. Todavia, em boa parte do interior do país onde não existiam cartórios, são consideradas pela sociedade como casadas pessoas que tiveram um “casamento religioso”, pois no passado os livros das igrejas católicas eram considerados documentos válidos para certificar nascimento, casamento e óbito (não sei se ainda são). Mesmo assim, quando surge uma oportunidade elas costumam regularizar sua situação civil por várias razões.

Se você for cristã e estiver na situação que descreveu (20 anos juntos, filhos, etc.), cabe a você orar e buscar saber a vontade de Deus. Se estiver no Brasil eu creio que o correto seria passar em um cartório de registro civil e legalizar sua relação.


Espíritas são melhores que evangélicos?

Ao tentar justificar sua religião você a comparou com o que vê ao redor no mundo religioso e escreveu: “Nunca vendemos areia do monte Sinai, nunca vendemos rosa ungida…”. Os descalabros que pregadores ditos “evangélicos” fazem não invalidam a Bíblia, apenas confirmam as palavras de Jesus sobre os que pregariam, fariam milagres e expulsariam demônios em seu nome, sem ele nunca os ter conhecido (Mt 7). Tudo o que é verdadeiro tem milhares de cópias piratas, portanto não é por aí que devemos validar ou invalidar o cristianismo.

Também não é pelos espíritas que tento invalidar o espiritismo, porque você vai encontrar espíritas gente boa e espíritas bandidos, como em qualquer meio. Há ateus que são excelentes pessoas, mas isso não significa que estejam certos em sua fé (ou falta dela).

Você escreveu: “Hoje, após cento e cinquenta anos da codificação Espirita, já se soma no Brasil aproximadamente cinco milhões de espiritas declarados e aproximadamente quarenta milhões de simpatizantes.”.

É disso que estou falando. Se fôssemos atrás de números, sairíamos todas as manhãs em busca de esterco, porque trilhões de moscas fazem isso todos os dias. Pare com essa mania de perseguição, de achar que eu esteja perseguindo espíritas, falando mal de espíritas, etc. Deus ama os espíritas, mas abomina o espiritismo, e eu devo fazer o mesmo.

Você escreveu: “Será que somente os evangélicos e protestantes é que são inteligentes?”.

Não, evangélicos, protestantes, católicos, espíritas, ateus… Todos são igualmente ignorantes de pai e mãe, pecadores perdidos, a menos que parem de confiar em sua própria inteligência e creiam no Salvador para serem salvos. Uma criança e um deficiente mental estão mais perto da salvação do que um cientista, porque a salvação depende da fé no Salvador, não da razão e lógica. Pela mesma razão que publicanos e prostitutas estão mais perto do que religiosos e clérigos, porque é mais fácil aqueles se reconhecerem pecadores do que estes.

Você escreveu: “Agora eu te pergunto: Por que (…) as mensagens espíritas que (…) estimulam as pessoas a praticarem o amor do Cristo na sua verdadeira acepção, são coisas demoníacas?”

Porque nem tudo o que reluz é ouro. Se ler Atos 16 encontrará:

“E aconteceu que, indo nós à oração, nos saiu ao encontro uma jovem, que tinha espírito de adivinhação, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Esta, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens, que nos anunciam o caminho da salvação, são servos do Deus Altíssimo. E isto fez ela por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando que saias dela. E na mesma hora saiu”. (Atos 16:16-18).

Aparentemente ela estava fazendo um bom serviço, mas Paulo teve discernimento suficiente para perceber que ela estava:

​1. Exaltando Paulo e Silas, e nas coisas de Deus não há lugar para a exaltação de homens.

​2. Usando a expressão “Deus Altíssimo”, que embora fosse usada no Antigo Testamento, já não tinha lugar após a revelação de Deus manifestado em carne, Jesus Cristo. Deus não estava mais distante e inacessível como no passado.

Você escreveu: “Onde e em que mensagem espírita você pode assinalar que as mensagens de amor a DEUS são obras demoníacas?”.

Se eu proclamar que Einstein foi um grande especialista em tabuada, sem deixar de faltar à verdade (é claro que Einstein sabia tabuada), estarei colocando o gênio no nível de um garoto do ensino fundamental que também seja expert em tabuada.

Assim, ao negar que Jesus é Deus encarnado, ao negar seu nascimento virginal, ao negar seu sacrifício substitutivo, ao negar sua ressurreição, ao negar sua atual presença corpórea no céu, ao negar sua vinda como Juiz… E tantas outras coisas, o espiritismo o coloca no nível de um personagem de Jornada nas Estrelas, ou “administrador espiritual do planeta Terra”.

É isso, seria o mesmo que alguém prestar uma homenagem pública a você, anunciando: “Senhoras e senhores, vamos agora ouvir a palavra de nosso ilustre amigo aqui, que sabe ler e escrever”.

Você não iria gostar, iria?


Como provar os espíritos?

Você diz que em suas sessões espíritas identificam os “espíritos bons” por sua linguagem e maneira de falar. É ingenuidade acreditar-se capaz de julgar as intenções de “espíritos” com milhares de anos de experiência em enganar os seres humanos, “Porque são espíritos de demônios, que fazem prodígios” (Ap 16:14).

Qualquer vigarista iniciante sabe que, para ter sucesso em sua “profissão”, deverá andar sempre de terno e saber falar como uma pessoa de bem. Agentes infiltrados em países e organizações nunca parecem ser o que realmente são. Do mesmo modo, não espere que o diabo irá se apresentar com chifres soltando fumaça pelas ventas. Você irá encontrá-lo, e a seus anjos, como “ministros de justiça” ou anjos de luz.

Ao falar do espírito de pessoas (e não de supostos desencarnados) que se apresentavam como profetas (ou capazes de �proferir� mensagens de Deus), a Palavra de Deus é clara: “Não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (1 Jo 4:1).

Como saber? A fórmula é esta:

“Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo”. (1 João 4:2-3).

Evidentemente aqui o apóstolo não estava falando sobre acreditar ou não na existência real e corpórea de Jesus, já que isso era óbvio para ele. Afinal, tinham estado com ele um pouco antes. Aqui se trata do que significa essa “encarnação”.

É preciso recorrer ao evangelho de João 1: “E o Verbo se fez carne”. E o que era o Verbo? “O Verbo era Deus”.

“Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo”. (2 João 1:7). Será que eles não confessavam a existência real e histórica de Jesus? Não, eles não confessavam quem realmente havia encarnado.

“E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus se manifestou em carne”. (1Tm 3:16).

Ao confessar que Deus se manifestou em carne, é preciso incluir no pacote a razão disso, ou seja, levou sobre o seu corpo os nossos pecados na cruz, e o final da história: Jesus ressuscitou e subiu ao céu.


Por que o Deus do Antigo Testamento era cruel?

Deus nunca foi cruel, Deus sempre foi justo. Quando a polícia invade uma comunidade em busca de traficantes e criminosos, não vai jogando flores. Vai com armas e pronta para exercer o poder de polícia que a sociedade lhe delegou.

Agora imagine um mundo de traficantes e criminosos, e Deus precisando lidar com isso (o problema é que você não crê que o ser humano é intrinsicamente mau por natureza). Deus é santo, qualquer átomo de pecado é horrendo para ele. Ele estabeleceu governos e usou povos para colocar em prática esse juízo.

Os israelitas foram apenas um dos instrumentos que usou para isso. A questão é: Por que ele mandou destruir os povos que estavam na palestina? Por causa de suas abominações (crimes horrendos aos olhos de Deus). Quais?

“Quando entrares na terra que o Senhor teu Deus te der, não aprenderás a fazer conforme as abominações daquelas nações. Entre ti não se achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem feiticeiro; Nem encantador, nem quem consulte a um espírito adivinhador, nem mágico, nem quem consulte os mortos; Pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por estas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti.” (Dt 18:9-12).

Veja o que, para Deus, está no mesmo nível de queimar os filhos (coisa que aqueles povos faziam). Não se trata, porém de uma lista completa, mas o princípio de como Deus enxerga e lida com as abominações pode ser visto aqui.

Em outra ocasião Deus usou um instrumento gentio para exercer seu juízo sobre os povos e até para ajudar a reconstruir o Templo de Jerusalém, tal era o estado lastimável a que tinha chegado o povo de Israel. Veja isto:

“Eu sou o Senhor… que digo de Ciro: É meu pastor, e cumprirá tudo o que me apraz, dizendo também a Jerusalém: Tu serás edificada; e ao templo: Tu serás fundado. ASSIM diz o Senhor ao seu ungido, a Ciro, a quem tomo pela mão direita, para abater as nações diante de sua face, e descingir os lombos dos reis, para abrir diante dele as portas, e as portas não se fecharão. Eu irei adiante de ti, e endireitarei os caminhos tortuosos; quebrarei as portas de bronze, e despedaçarei os ferrolhos de ferro. Dar-te-ei os tesouros escondidos, e as riquezas encobertas, para que saibas que eu sou o Senhor, o Deus de Israel, que te chama pelo teu nome”. (Is 44:4-28;45:1-3).

Detalhe: O profeta Isaías, que escreveu isso, viveu entre 740 A.C. e 681 A.C. Ciro foi rei da Pérsia entre 559 e 530 A.C. e autorizou o retorno dos israelitas (que estavam no exílio) para reconstruírem Jerusalém e o Templo no ano 537 A.C. Ou seja, quase duzentos anos antes de Ciro nascer, Isaías profetizou que ele nasceria, disse qual seria o seu nome e o que ele faria em relação aos judeus.

Esta é mais uma evidência de que não estamos falando de um livro qualquer ou de fábulas inventadas pelos homens. Estamos falando da Palavra de Deus.


Fora da caridade não há salvação?

Você citou uma frase que é frequência constante na literatura espírita, de Allan Kardec a Chico Xavier, e quer saber se concordo. Discordo do espiritismo mas concordo com a frase. Exatamente. Fora da caridade não há salvação. Mas o que é caridade? Meu dicionário diz que é uma “disposição favorável em relação a alguém em situação de inferioridade”. Assim, o rico ajuda o pobre, o saudável ajuda o doente, o forte ajuda o fraco, o maior cuida do menor. E, num caso extremo, um dá a vida pelo outro.

E se subirmos na escala, quem é o maior, que mais pode, que mais faz, que mais cuida? Aquele que tem maior caridade. E “ninguém tem maior caridade do que esta, de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”. Mas a caridade vai a extremos, além de amigos e “Deus prova a sua caridade para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores”.

Mas, afinal, que caridade é essa que fora dela não há salvação? Simples. “Nisto está a caridade, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”. (1 João 4:10).

Fora DESSA caridade não há salvação. Mas há os que relutam em ser o objeto dessa caridade, o receptáculo desse amor. Somente alguém que se ache muita coisa, que não reconheça sua nulidade, ruína e imperfeição, terá a audácia de dizer a Deus: “A MINHA caridade é que me trará salvação”.


Em Marcos 2 Jesus errou o nome do sumo-sacerdote?

Marcos 2

Os críticos da Bíblia costumam usar a passagem em Marcos 2:26 para dizer que há um erro, ou de Jesus, ou do evangelista Marcos, ao mencionar que Abiatar era sacerdote no tempo em que Davi entrou na casa de Deus para comer os pães destinados à proposição. Vamos ver…

“Como entrou na casa de Deus, no tempo de Abiatar, sumo sacerdote, e comeu os pães da proposição” Almeida, Revista e Corrigida (1694).

“How he went into the house of God (at ‘Abiathar the chief priest’), and the loaves of the presentation did eat” Young�s Literal (1862) ou em tradução livre, “Como entrou na casa de Deus (em Abiatar sumo sacerdote), e os pães da proposição comeu”.

“How he entered into the house of God, in (the section of) Abiathar (the) high priest, and ate the shewbread” J.N.Darby Translation (1890) ou em tradução livre, “Como entrou na casa de Deus, a (seção de) Abiatar (o) sumo sacerdote, e comeu os pães da proposição”.

Repare que a expressão “no tempo de” da tradução em português aparece entre parênteses numa tradução literal e também na tradução de JN Darby porque não consta dos originais. Poderia ser lido “como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição” ou “como entrou na casa de Deus a Abiatar sumo sacerdote e comeu os pães da proposição”.

Ou seja, nos originais hebraicos não existe o “no tempo de”, portanto é perfeitamente possível que o Senhor se referisse a Abiatar por ter o seu sacerdócio marcado mais a Davi do que o de Aimeleque. Na literatura é comum termos épocas marcadas por alguns homens mais do que outros, e acabarmos nos referindo à época identificada por aquela personalidade.

Esse tipo de “caça ao tesouro” que os críticos fazem tem nome. Outro dia recebi um e-mail:

“Assista ao comercial do Tribunal Superior Eleitoral que está sendo veiculado pelas TVs abertas. Ao final do mesmo, aparece um título de eleitor e, qual não é a surpresa, o nome da pessoa que lá está é Carlos Henrique Fernandes, podendo abreviar teremos CFH ou se formos mais inteligentes, FHC.”

Ao amante de teorias conspiratórias que me escreveu alegando que aquilo era propaganda eleitoral proibida, respondi:

“Abra sua geladeira, pegue um ovo e examine com uma lente de aumento. Você verá um pelo.”

É o caso do suposto “erro” que os críticos apontam.


As pragas no Egito não mataram todos os animais?

Sua dúvida está no fato de que, após as pragas lançadas por Deus sobre o Egito para dizimar os animais, o exército de Faraó ainda tinha cavalos para perseguir os egípcios. Esta é uma suposta contradição que os céticos gostam de explorar. Os céticos dariam péssimos detetives ou investigadores, porque não trabalham com possibilidades. Que tal aguçar a visão periférica? Vamos lá:

(Êx 9:6-7) “E o Senhor fez isso no dia seguinte, e todo o gado dos egípcios morreu; porém do gado dos filhos de Israel não morreu nenhum. E Faraó enviou a ver, e eis que do gado de Israel não morrera nenhum”.

Se você fosse Faraó e descobrisse que ainda tinha gente cujos animais não tinham morrido, o que faria? Eu sei a resposta. Ele confiscaria o que o povo não conseguisse esconder. Primeira possibilidade.

Considerando que esta foi a primeira praga, e calcula-se que as pragas levaram no mínimo 50 dias (e não 50 minutos como nos filmes) para acontecer, se você fosse governante de um país onde seu gado e cavalos tivessem sido mortos, que providência tomaria no mesmo dia?

Dica: O Egito possuía um dos melhores sistemas de transporte terrestre, marítimo e fluvial da época. O Cairo está a 120 km do Golfo Pérsico, a 150 km do Mediterrâneo e havia ainda povos vizinhos. O Nilo também era uma verdadeira autoestrada, e a viagem para o Egito, vinda dos lados da nascente do Nilo, era obviamente mais rápida do que o caminho inverso, por aproveitar não apenas o vento como também a correnteza do rio.

Portanto, esta é uma segunda possibilidade: importação de animais, além dos que já estariam chegando no mesmo dia porque a cadeia de suprimentos dos egípcios continuava funcionando, com barcos e caravanas chegando todos os dias.

(Êx 9:20-21) “Quem dos servos de Faraó temia a palavra do Senhor, fez fugir os seus servos e o seu gado para as casas; mas aquele que não tinha considerado a palavra do Senhor deixou os seus servos e o seu gado no campo.”.

Ah, então além dos israelitas havia também egípcios que eram prudentes. Terceira possibilidade: a proteção dos animais pelo próprio povo egípcio.

(Êx 9:26) “Somente na terra de Gósen, onde estavam os filhos de Israel, não havia saraiva.”.

Quarta possibilidade: na praga da saraiva foi poupado não apenas o gado de um povo específico, mas de outros que morassem na terra de Gósen (devia ter muito egípcio morando lá) e também daqueles em outros lugares que temeram e protegeram seus animais.

Qualquer detetive inteligente e com bom senso teria investigado essas possibilidades para concluir que o Egito não ficava na Lua, portanto era bem possível receber suprimentos extras de outras terras, além de encontrar entre o próprio povo hebreu animais para confiscar.


Se Jesus não era filho de José, como era descendente de Davi?

Quanto à descendência de Davi, isso é incontestável, pois a genealogia no evangelho de Mateus é clara. Ele era descendente de Davi tanto por parte de José como de Maria. Legalmente ele era filho de José e devia ser essa a sua condição no censo que era feito na época e nos registros dos livros do Templo. Os judeus nunca contestaram isso nos evangelhos. Aliás, Herodes mandou matar um monte de meninos só de medo do Rei que tinha nascido em Belém.

Se os judeus hoje contestam a descendência de Jesus é porque existe uma lenda judaica que diz que Maria teria cometido adultério com um soldado chamado Panthera, por isso os judeus o chamam de Yeshu Ben-Panthera (Jesus Filho de Panthera).

A descendência legal sempre foi a considerada (ou você acha que é só com teste de DNA que se determina a paternidade?). Tenho um filho adotado por adoção plena, ou seja, ele é meu filho, tem meu sobrenome e em sua certidão de nascimento constam os nomes de meus pais e sogros como avós. Se sobrar alguma herança, ele terá seu quinhão. No processo de adoção existe uma linha escrita pelo juiz que diz que ninguém poderá contestar isso.

Os próprios judeus da época consideravam Jesus filho de José:

“Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?” (Mt 13:55).

Mesmo esta seria hoje considerada pelos judeus. Pergunte a qualquer judeu e saberá que hoje é considerado judeu quem o é por parte de mãe. Um povo em constante exílio não podia se dar ao luxo de agir diferente, já que eram constantemente escravizados por inimigos e suas mulheres violadas por estrangeiros. Quem me explicou isto foi um judeu.

Isto eu tirei do site jewfaq.org:

“Who Isaías a Jew? A Jew Isaías any person whose mother was a Jew or any person who has gone through the formal process of conversion to Judaism”. (“Quem é judeu? Um judeu é qualquer pessoa cuja mãe era judia ou qualquer pessoa que tenha passado pelo processo formal de conversão ao judaísmo”).

O texto que você indicou, escrito por um rabino que alega não haver base para Jesus ter sido o Messias, diz:

“Segundo a reivindicação cristã que Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai — e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno!”

Percebe as implicações do que ele diz? Esse rabino está baseando sua refutação na afirmação dos cristãos e, ao fazer isso, está assumindo que a afirmação dos cristãos estaria correta: Jesus é filho de Deus. Ao tentar refutar uma coisa ele acaba admitindo outra (não vai ficar bem diante de seus patrícios) que era justamente o que os judeus da época não queriam aceitar.

Mas, voltando ao “quem é judeu”, nem os judeus chegaram a uma conclusão, mas a linhagem materna é a oficial e adotada pelo Estado de Israel para definir quem pode ser cidadão:

“Já quanto à descendência judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha judaica, se matrilinearmente, patrilinearmente ou ambas as hipóteses. A primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e conservador. Essa tese tem força e raio de ação maiores por ser adotada pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do mundo. Porém, a patrilinealidade é defendida pelo judaísmo caraíta e os judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que remontam a vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica.” (Fonte: http://pt.wikibooks.org).


Como lidar com os altos e baixos da vida cristã?

Obrigado por seu texto me fazer sentir que não sou o único que também passa por altos e baixos (às vezes mais baixos do que altos). Se Paulo chegou a desesperar da própria vida, por que eu seria diferente? Ou o que você acha que eram os “temores por dentro” que ele sentia? “antes em tudo fomos atribulados: por fora combates, temores por dentro” (2 Co 7:5).

A questão é que o Senhor também entende o que fazemos, que temos esse tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder não seja de nós mesmos. Paulo dizia que quando estava fraco, aí sim é que estava forte, e se existe uma coisa que detesto são esses ‘super cristãos’, para os quais tudo é poder, milagres, visões, sem falar das riquezas e dos dez carros na garagem. Tudo conversa.

O cristão vive em um mundo que não é o seu lugar, habita um corpo que está arrebentado pelo pecado, caminha entre pessoas que ainda estão na condição de inimigas de Deus e, para piorar as coisas, é alvo constante do príncipe que no momento manipula este mundo: Satanás. Você certamente não poderia esperar que sua vida fosse um mar de rosas em um ambiente tão hostil, não é mesmo?

Mas a grande diferença é que o crente tem o Senhor, tem o Espírito Santo habitando em si, e se nem orar ele consegue, o Espírito Santo até nisso nos ajuda com gemidos inexprimíveis. Há alguns cuidados, porém, que devem ser tomados nesta jornada. O primeiro é procurar manter-se separado daquilo que pode nos prejudicar. Outro dia um irmão disse que o perigo não é o barco estar na água, mas a água entrar no barco.

Então todas as coisas que são deste mundo acabam nos atrapalhando, de um jeito ou de outro. Obviamente em nossa jornada pelo deserto, nossos pés acabam se sujando, seja pelas responsabilidades do trabalho, onde às vezes somos obrigados a engolir alguns sapos, seja pelo próprio ambiente cada vez mais degradante no qual estamos inseridos (daí o Senhor dizer que precisávamos, em figura, lavar os pés continuamente).

A separação é necessária, e apesar de existir muita coisa perniciosa neste mundo, nada é mais pernicioso do que as coisas espirituais quando são distorcidas. O Senhor nunca foi condescendente com o pecado, porém tratou com carinho publicanos e prostitutas. Mas na hora de tratar com os religiosos de seu tempo, não poupou o chicote e frases como “raça de víboras”, “sepulcros caiados”, etc. A pior forma de pecado é o religioso, pois não apenas causa danos a nós (como acontece com outras formas de pecado, como a prostituição, a mentira ou a avareza), mas desonra a Deus, denigre o que ele é e diminui a Pessoa de Cristo.

Se eu fosse você, a primeira coisa que faria seria fugir de toda sorte de livros e ideias que são claramente contrárias à Palavra de Deus, como os ensinos dos Testemunhas de Jeová, o Bahagavad-Gita, Corão, ou ainda de agnósticos. Nunca devemos ser tão ingênuos ao ponto de acreditar que as artimanhas de Satanás não sejam capazes de nos envolver. Ele é mais experiente do que nós. “Fugi”, “apartai-vos”, são palavras fortes encontradas em toda a Bíblia quando o assunto é pecado ou má doutrina.

Acho que um dos problemas de sua angústia está no fato de ser filho de pastor. Quando alguém é colocado numa posição de destaque numa comunidade (o pastor e sua congregação, por exemplo), existe uma espécie de necessidade de corresponder às expectativas que as pessoas têm dessa pessoa e de sua família. Ou seja, todos precisam sempre se mostrar ‘super santos’, ‘super espirituais’, porque estão na berlinda. Não que queiram fazer isso, mas o sistema coloca esse fardo sobre a família toda, e nem todos aguentam fingir o tempo todo.

Então se cria uma espécie de máscara, de linguagem mansa, de aparência de piedade, uns deliberadamente, outros por pressão das responsabilidades. Mas um dia a casa cai e não são poucos aqueles, sejam pastores ou familiares, que entram em parafuso e começam a enxergar uma dicotomia entre o que são e o que se sentem na obrigação de parecer ser.

Até aqui eu tentei fazer um diagnóstico e dizer qual é a doença, mas a cura você já conhece: o Senhor Jesus. Não há fórmulas mágicas. É nele que você deve descansar, é a ele que você deve recorrer, é dele que deve esperar socorro. E, principalmente, saber que ele sabe exatamente o que você está passando melhor do que ninguém, e tem um propósito em tudo isso. Eu sei que isso pode parecer cliché, mas não é e você sabe disso.

“Vinde, e ouvi, todos os que temeis a Deus, e eu contarei o que ele tem feito à minha alma. A ele clamei com a minha boca, e ele foi exaltado pela minha língua. Se eu atender à iniquidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá; Mas, na verdade, Deus me ouviu; atendeu à voz da minha oração.” (Sl 66:16-19).

Fique ocupado com a miséria em seu coração e você jamais sairá dessa fossa. E esteja atento, porque nossa tendência é acalentar um estado assim, pois isso atrai certo sentimento de comiseração por parte das pessoas e de nós mesmos. O problema é que a autocomiseração, o sentimento de “ó dia, ó vida, eu sei que não vai dar certo”, ou “ninguém me ama, ninguém me quer” (só para citar duas frases populares) vicia e acabamos tendo certo prazer nisso. Aí, ao invés de realmente estarmos procurando por uma saída, queremos encontrar outros que estejam na mesma para fundarmos juntos o “Clube dos Miseráveis”. Nosso coração é enganoso demais.

Pare de olhar para dentro e olhe para fora, para Jesus. Ocupe-se com ele (com a Pessoa dele, não com a igreja, os irmãos, a religião, ou seja, lá o que for). Passe um repelente no corpo para evitar o mosquito da dengue e um repelente no coração para evitar o mosquito da auto piedade e da ocupação consigo mesmo. O que não entender, deixe na gaveta de assuntos a resolver e ocupe-se com o que entende (e tenho certeza de que encontrará muita ocupação) a respeito de Cristo, de sua Pessoa, de sua obra, de sua glória… E aproveite para cantar uns hinos de vez em quando.

Você não vai sair do atoleiro revirando-se na lama. Vai afundar cada vez mais. Por isso, meu conselho é que pare de lutar contra a sua carne (nossa luta não é contra a carne e o sangue) e ocupe-se com as coisas do Espírito.

Se eu tenho dúvidas, anseios, angústias, aflições? É claro que tenho, pois estou com uma vida nova, porém contida num corpo velho e uma cidadania celestial, mas vivendo no exílio.

“Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra” (Cl 3:2).


Como as pessoas podiam viver centenas de anos no princípio?

Se ler o Antigo Testamento vai descobrir que essa longevidade desaparece após o dilúvio. Por que será? Provavelmente porque nunca tinha chovido antes do dilúvio, mas “um vapor, porém, subia da terra, e regava toda a face da terra” (Gn 2:6). A primeira chuva foi o dilúvio (começou pra valer, não é mesmo?).

Como seria a vida humana em um mundo com menor incidência de raios ultravioleta, uma atmosfera menos sujeita a variações bruscas, um ar com uma composição diferente da atual? Sabemos que o sol envelhece as células, o oxigênio envelhece as células (é um oxidante que detona o corpo se inalado puro por muito tempo). Como seria um mundo com uma atmosfera diferente?

É difícil saber, porque seria preciso recriar essa atmosfera (mas como saber como?) em laboratório e colocar alguém para viver lá dentro. Portanto estamos falando de pessoas com uma constituição física diferente, vivendo em um planeta diferente do nosso. Qualquer filminho do Discovery Channel diz que se encontrassem seres vivos em outros planetas eles seriam diferentes. Pense na Terra de então como outro planeta.

Agora vamos à questão da antiguidade das coisas (você falou de Adão e dos fósseis com milhões de anos). Não é possível datar pedras pelo método do Carbono 14, apenas substâncias orgânicas ou materiais contendo Carbono 14 (diamante por ex.). O método mede a perda do C14 depois que o ser vivente para de obtê-lo da atmosfera (ou algo assim). Ou seja, ele mede a deterioração de algo em termos de perda da radiação do C14. Como é empírico, ele considera os volumes de C14 que um ser vivo obteria e perderia nas atuais condições de temperatura e pressão, mas isso seria diferente em outro planeta.

Portanto, considere o mundo antediluviano como outro planeta e muita coisa vai fazer sentido para você.


Quem foi o faraó do Êxodo?

Em Êxodo 1:8-11 diz que os hebreus “edificaram a Faraó cidades-armazéns, Pitom e Ramessés”. Por isso Hollywood adotou Ramsés II como o faraó do êxodo. Mas a cidade de Pi-Ramesses foi ocupada muito tempo antes de Ramsés II e o nome “Raamses” foi encontrado na parede do túmulo de Amenhotep III, que foi faraó 100 anos antes de Ramessés II.

Em 1 Reis 6:1 diz que Salomão começou a construir o Templo no quarto ano de seu reinado, 480 anos após o êxodo. O quarto ano do reinado de Salomão foi 967 a.C. Assim calcula-se que o êxodo tenha ocorrido em 1447 a.C. (967 + 480). Ramessés II começou a reinar em cerca de 1290 a.C., portanto não podia ser o faraó do êxodo.

Há dois outros candidatos: Amenhotep II (1450-1425 a.C.), filho de Tutmés III (1490-1450). Pode ser um dos dois. Quando Moisés nasceu (80 anos antes do êxodo) o faraó era Tutmés I. Sua filha casou-se com um filho adotivo que assumiu como Tutmés II (mas quem mandava era a patroa).

Tutmés II estava no trono quando Moisés fugiu do Egito aos 40 anos de idade. O historiador hebreu Josefo escreveu que o faraó de quando Moisés fugiu do Egito morreu e um novo faraó tomou seu lugar. Tutmés III reinou ao lado da esposa de seu pai (que não era sua mãe). Quando ela morreu, Tutmés III mandou raspar todas as referências a ela nos monumentos. A data da saída dos hebreus do Egito coincide com a data da morte de Tutmés III. Pode ter morrido no mar e o fato de sua múmia existir hoje pode ser explicado pelo seguinte:

“Assim o Senhor, naquele dia, salvou Israel da mão dos egípcios; e Israel viu os egípcios mortos na praia do mar.” (Êx 14:30).

Mas há também um estudo que diz que aquela múmia não é do faraó (substituíram para o enterro), pois não possui o DNA correto. Pode ser, pois seria uma desonra deixar de enterrar um faraó com todas as pompas. Alguns faraós não eram nem mesmo enterrados sozinhos. Em alguns casos todos os seus criados e até o arquiteto da tumba eram trancados lá para servi-lo no além.

Quando você olha para as descobertas científicas e arqueológicas, não deve enxergar tudo como estático, como se tudo já tivesse sido descoberto. Tente ler o Tesouro da Juventude edição 1955 (que é a que meu pai comprou para mim) e você vai ver quanta bobagem era mostrada lá como “ciência”.

O mesmo ocorre com a arqueologia. Todos os dias há descobertas novas. Os céticos não creem em Adão porque a arqueologia no estágio atual ainda não encontrou uma múmia sem umbigo.

A posição dos céticos me faz lembrar da velhinha no sertão do nordeste quando os netos a levaram para ver um helicóptero que tinha pousado no vilarejo. Quando ela viu o monstro e os netos explicaram que as pessoas iam entrar nele e aquilo ia subir voando, a velhinha não titubeou:

— E quem disse que essa coisa é capaz de subir?

Não deu outra. O helicóptero ligou, acelerou e subiu. A velhinha não abandonou mesmo assim seu ceticismo.

— E quem disse que essa coisa é capaz de descer?


É pecado substituir o ato sexual por masturbação?

Sua dúvida está no fato de você e sua esposa substituírem o ato sexual por masturbação, ou por causa da menstruação, ou por ela não estar disposta.

A Palavra de Deus diz: “Honrado seja entre todos o matrimônio e o leito sem mácula; pois aos devassos e adúlteros, Deus os julgará.” (Hb 13:4). O leito sem mácula é o leito matrimonial sem o que ele diz em seguida, “devassos e adúlteros”. O dicionário define devasso como “Dissoluto, libertino, vicioso, desenfreado, licencioso, imoral, pervertido, perverso”. Se o casal concorda com o que faz, então não creio que seja devassidão.

O assunto me faz lembrar uma passagem. Embora o modo de agir das pessoas na Bíblia não seja um aval para agirmos igual, pelo menos mostra algo que caracterizava um casal:

“Ora, depois que ele se demorara ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca, sua mulher. Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: E minha irmã?” (Gn 26:8-9).

Para Abimeleque desconfiar que Isaque e Rebeca eram marido e mulher, essa “brincadeira” devia ter caráter sexual.

A masturbação é um assunto controverso. A lascívia é pecado e dificilmente alguém consegue se masturbar sem que o ato tenha alguma ligação com a lascívia, mas não creio que seja também o caso no casamento. Ficaria até mesmo difícil julgar, por exemplo, casos de casais com problemas de saúde, como paraplégicos, que precisam substituir o ato sexual por algum outro tipo de carícia até por questões de fisiologia.

Há também situações onde a prática tem objetivos médico/cirúrgicos, como é o caso da coleta de material para exames de fertilidade e contagem de espermatozoides e também quando é feita vasectomia (após a cirurgia é preciso livrar-se do sêmen que ainda possa conter espermatozoides). Há também o caso da polução noturna, quando o próprio organismo se encarrega de expelir o líquido seminal que não interessa mais ao corpo, o que pode ocorrer como consequência de um sonho erótico ou não.

Ou, pense no caso de um coito interrompido por algum motivo, com a ejaculação ocorrendo fora do corpo, ou o contrário, no caso de ejaculação precoce, ela ocorrendo antes do coito. Tecnicamente nenhum dos dois seria uma relação sexual do tipo papai-mamãe, mas não creio que estivesse fora das práticas de um casal em seu leito.

O leito matrimonial, ao contrário do mundo libertino, é onde o casal tem seus momentos de intimidade, separado de tudo. Isso fica claro em Provérbios 5:

“Bebe a água da tua própria cisterna, e das correntes do teu poço. Derramar-se-iam as tuas fontes para fora, e pelas ruas os ribeiros de águas? Sejam para ti só, e não para os estranhos juntamente contigo. Seja bendito o teu manancial; e regozija-te na mulher da tua mocidade. Como corça amorosa, e graciosa cabra montesa saciem-te os seus seios em todo o tempo; e pelo seu amor sê encantado perpetuamente. E por que, filho meu, andarias atraído pela mulher licenciosa, e abraçarias o seio da adúltera?”

O livro de Cantares também carrega um forte apelo da intimidade entre um casal.

1 Coríntios 7 mostra que deve haver um consenso entre marido e mulher sobre sexo e que um não tem direito sobre o outro, nem de privá-lo e nem de forçá-lo:

“Ora, quanto às coisas de que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; mas, por causa da prostituição, tenha cada homem sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido. O marido pague à mulher o que lhe é devido, e do mesmo modo a mulher ao marido. A mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o marido; e também da mesma sorte o marido não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim a mulher. Não vos negueis um ao outro, senão de comum acordo por algum tempo, a fim de vos aplicardes à oração e depois vos ajuntardes outra vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência.” (1 Co 7:1-5).

Não há na Bíblia uma ordem direta contra a prática da masturbação, mas há obviamente ordem direta contra os pensamentos lascivos que podem acompanhar a prática. Às vezes a recusa da mulher pelo ato sexual pode ter uma origem física. Há casos de estreitamento da vagina ou de outros problemas anatômicos que são resolvidos com uma simples cirurgia local, devolvendo à mulher o prazer do ato.

Encontrei o texto em um de meus arquivos. Devo ter copiado de um livro, mas infelizmente não anotei de qual foi. Talvez possa ajudar. Obviamente o texto não trata da masturbação como um ato sexual de um casal, mas está se referindo ao homem ou mulher que a pratica sozinho. Alguns alegam que a prática individual possa ser consequência de características pessoais ou mesmo como válvula de escape para o estresse.

Ou seja, algumas pessoas, por questões hormonais, podem ser mais propensas a sentir essa necessidade do que outras (assim como há pessoas com temperamentos mais fortes ou mais calmos). De qualquer modo, seja neste caso ou no do temperamento, cabe ao cristão controlar seus impulsos, pois ao contrário da fome, sede, sono, respiração, etc., eles não afetam em nada a vida e saúde de quem se priva disso. O cristão está equipado tanto a se abster de práticas lascivas, como de mau temperamento.

Mas vamos ao texto que copiei de algum lugar:

Não há passagem na Escritura que fale diretamente sobre a questão da masturbação. Há quem chame a atenção para Gênesis 38:8-10 e 1 Coríntios 6:9-10, mas creio que estas passagens não falam de masturbação. Mesmo assim, a bíblia fornece orientações que lhe permitirão decidir se a masturbação é pecado ou não. Reflita sobre as seguintes observações:

​1. Voltemos à definição de lascívia e luxúria; “Gratificação dos sentidos ou indulgência para com o apetite; dedicado aos ou preocupado com os sentidos” e “desejo sexual intenso”. A masturbação encaixa-se definitivamente nestas condições (Gl 5:19). Pode se praticar a masturbação sem lascívia ou luxúria?

​2. O teste seguinte é de vida mental. Jesus disse: “Eu, porém, vos digo que todo aquele que olhar para uma mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” (Mt 5:28). Quando uma pessoa pratica a masturbação, o que passa em sua mente? Pode alguém se masturbar sem imaginar um ato sexual ou ao menos cenas sexuais? O que é que você acha? Se você pratica a masturbação, pode sua mente permanecer pura?

​3. Em seguida, reflita sobre a santidade e a intenção da relação sexual no casamento. Sem sombra de dúvida, a masturbação é uma tentativa de experimentar as mesmas sensações que são atribuídas ao casamento. É um substituto do ato verdadeiro, uma farsa, uma falsificação.

​4. A masturbação é também totalmente egocêntrica. Uma das características do egocentrismo é a autoindulgência. Paulo descreve o modo de vida de quem é controlado por Satanás, dizendo: “Todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos” (Ef 2:3).

​5. Finalmente a masturbação pode nos levar a escravidão. Quando uma pessoa é dominada por uma indulgência carnal, ela peca. “Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal, para obedecerdes às suas concupiscências” (Rom 6:12). Paulo também diz: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas” (1 Co 6:12).


O que é pecado?

O melhor é perguntar à Palavra de Deus: “O que é pecado?”. A passagem em 1 João 3:4 responde: “o pecado é iniquidade” (Almeida Corrigida), “o pecado é rebeldia” (Almeida Atualizada), “sin Isaías lawlessness” (Darby), “el pecado es transgresión de la ley” (Reina Valera).

A pior tradução é a Reina Valera, porque confunde “pecado” com “transgressão”. Para haver transgressão é preciso haver um mandamento a ser transgredido.

As palavras “rebeldia” ou “lawlessness” caem melhor para “pecado”, mesmo porque existe uma diferença entre a natureza e o fruto. Em sua natureza, o pecado é a ausência do princípio de sujeição, ou seja, pura rebeldia. Antes que houvesse a transgressão de Adão operou nele o pecado, ou seja, o domínio de sua própria vontade.

Portanto, o primeiro pecado foi e continua sendo fazer a própria vontade. Isso serve tanto para Lúcifer como para Adão.


Devo seguir minha consciência?

Deus nos deu uma consciência, e ela é útil em muitas ocasiões. Mas não se engane achando que sua consciência seja um norte seguro. Não é. Nossa consciência acaba ficando sob nosso comando e somos capazes de manipulá-la, na pior das hipóteses, ou de sermos iludidos por ela, na melhor das hipóteses.

Portanto, não podemos nos apegar à consciência para saber se algo é certo ou errado. Para isso temos a Palavra de Deus e o Espírito Santo que habita no crente. Porém se algo que eu penso ser do Espírito for contra o que diz a Palavra de Deus, então posso crer que já não é o Espírito me mostrando aquilo, mas minha mente ou meu coração enganoso, de onde procedem muitos males, como disse o Senhor.

Existe um problema com a consciência, porque ela pode ser pura, porém não justa. É o caso do apóstolo Paulo, que tinha uma consciência pura, porém não justa.

“Dou graças a Deus, a quem desde os meus antepassados sirvo com uma consciência pura” (2Tm 1:3).

Embora pura, era injusta, pois ele mandava matar os cristãos.

“E, havendo recebido autorização dos principais dos sacerdotes, encerrei muitos dos santos nas prisões; e quando os matava eu dava o meu voto contra eles”. (Atos 26:10).

Não podemos confiar em nossa consciência quando o assunto é o juízo. Paulo só podia dizer que tinha uma consciência pura (embora não fosse justa) enquanto não sabia o que estava fazendo. A partir do caminho de Damasco, se ele não aceitasse o Senhor Jesus como seu Salvador após aquela revelação, ele seguiria adiante com uma consciência, mas então ela já não seria nem pura, nem justa.

Por isso quando pregamos o evangelho a alguém e essa pessoa não aceita, não crê no Salvador, sua consciência já não é pura. Ela não pode alegar ignorância, mas se tornou responsável diante de Deus por haver rejeitado seu Filho.

De uma forma ou de outra, sempre acabamos tendo uma consciência que não é justa, porque nossa capacidade de julgar é falha e os parâmetros que adotamos nos são convenientes. Mas, mesmo assim pode existir uma consciência pura. O problema é quando ela não é nem pura, nem justa.


Preciso ler a Bíblia toda para ser salvo?

Não, você não precisa ler a Bíblia para ser salvo. Embora a leitura da Bíblia seja excelente, não é fazendo isso que alguém é salvo, mas crendo no Salvador que é Jesus.

Geralmente todas as religiões possuem algum livro e exige-se que as pessoas leiam e entendam direitinho tudo o que está ali, se quiserem algum benefício como a salvação. O espiritismo é cheio de livros, e geralmente você será convidado a ler ou, dirão, não será capaz de entender.

Como não existe uma salvação imediata, uma solução definitiva, obviamente uma religião assim irá exigir que você leia, leia, leia, mas nunca lhe dará certeza de coisa alguma. É mais ou menos como esses livros de autoajuda que enchem as prateleiras das livrarias.

Se realmente resolvessem alguma coisa, bastaria existir um. Todavia, você encontra dezenas de um mesmo autor, como se ele tivesse enganado você no primeiro livro que dizia algo como “A fórmula definitiva para ser feliz”.

Desconfio de toda religião que exija a leitura de um livro para ser compreendida. Pareço incoerente pelo fato de crer na Bíblia? Não. A salvação não depende da leitura de um livro. A salvação depende de ouvir e crer na mensagem:

“… Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (1 Co 15:3-4).

Ah, sim, “segundo as Escrituras”, mas isso se você quiser conferir no Antigo Testamento, porque eram as escrituras a que Paulo se referia, pois ainda não existia um Novo Testamento. Ele falava das profecias sobre o Cordeiro que havia de morrer.

Apenas se alguém quisesse conferir, já que não é a leitura da Bíblia ou seu conhecimento que salva, mas a simples fé em Jesus, que “morreu por nossos pecados… e que ressuscitou ao terceiro dia”. Isso é tudo o que alguém precisa saber para ser salvo.

Quando alguém diz, “Ah, você precisa ler o livro tal para entender”, já sei que no livro tal o autor vai tentar vender seu peixe. Sabe como leio livros quando o assunto é religião, filosofia, etc.? Vou direto ao final. Sim, porque eu escrevo e conheço a técnica.

Ninguém começa com a conclusão, porque ela causaria um impacto desagradável. É preciso ir preparando o leitor aos poucos. Então, se você vai direto ao final percebe melhor onde o autor quer chegar.

Outra coisa. Por ser gato escaldado em religiões antes de minha conversão a Cristo, sei que outra técnica desses autores é insinuar que eles sabem algo que você não sabe, portanto você precisará orbitar sempre em torno deles ou de suas ideias se quiser algum benefício.

Veja a diferença:

“Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? E eles disseram: Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo” (Atos 16).

“esta é a palavra da fé, que pregamos: Se com a tua boca confessares ao Senhor Jesus, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo” (Rm 10).


Por que os judeus não creem em Jesus?

Entendo que você esteja se referindo aos judeus como nação, pois individualmente milhares de judeus creram nele. Afinal, os apóstolos e discípulos de Jesus eram judeus, os três mil primeiros convertidos pela pregação de Pedro (Atos 2) eram judeus, Paulo era judeu e a Igreja teve início entre a comunidade de judeus e prosélitos (gentios convertidos ao judaísmo) espalhada pelo mundo de então.

Porém, após a formação da Igreja (que ocorreu com a descida do Espírito Santo em Atos 2), Deus passou a enxergar três classes de pessoas no mundo: gentios, judeus e igreja. “Não vos torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos (gentios), nem a igreja de Deus” (1 Co 10:32).

Quanto à incredulidade dos judeus como povo (lembre-se, porém, que é a fé individual que salva), isso não é uma contradição da Bíblia, mas do judeu, pois os profetas do Antigo Testamento deixaram claro que o Messias viria, seria rejeitado pelos seus, seria crucificado sem ter seus ossos quebrados, etc. (Salmo 22). Daniel chega a dizer quando isso aconteceria:

“Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar, e para edificar a Jerusalém (Ed 1:1-3), até ao Messias, o Príncipe, haverá sete semanas (de anos), e sessenta e duas semanas (483 anos); as ruas e o muro se reedificarão, mas em tempos angustiosos. E depois das sessenta e duas semanas será cortado o Messias, mas não para si mesmo; e o povo do príncipe (romanos), que há de vir, destruirá a cidade e o santuário (70 D.C.).” (Dn 9:25-26).

A ordem profética (e histórica) é:

​1. Jerusalém restaurada

​2. O Messias veio e foi tirado

​3. Jerusalém e o Templo destruídos

Se conhecer algum judeu, veja se ele consegue explicar a peça que falta nessa sequência (o Messias), que o judeu ainda está esperando. Portanto, a contradição não é da Bíblia, é dos judeus. Aliás, se eles manipulassem as Escrituras, já teriam sumido com essa passagem e com centenas de outras que só falam mal dos judeus no Antigo Testamento.


Existe uma contradição no Evangelho de Marcos 2:26?

Marcos 2:26

Você citou uma suposta contradição em Marcos 2:26 porque quando se examina a passagem do Antigo Testamento que Jesus está citando (1 Sm 21, 1-6) vê-se que Davi não teria feito aquilo quando Abiatar era o sumo sacerdote, mas, de fato, quando o sacerdote era Ahimelec, pai de Abiatar.

Vamos examinar o texto:

“Como entrou na casa de Deus, no tempo de Abiatar, sumo sacerdote, e comeu os pães da proposição” Almeida, Revista e Corrigida (1694).

“How he went into the house of God, (at ‘Abiathar the chief priest’) and the loaves of the presentation did eat” Young�s Literal (1862).

“How he entered into the house of God, in (the section of) Abiathar (the) high priest, and ate the shew-bread” J. N. Darby Translation (1890).

Repare que a expressão “no tempo de” da tradução em português aparece entre parênteses numa tradução literal e na de JN Darby porque não consta dos originais. Poderia ser lido “como entrou na casa de Deus e comeu os pães da proposição” ou “como entrou na casa de Deus a Abiatar sumo sacerdote e comeu os pães da proposição”.

Ou seja, nos originais não existe o “no tempo de”, portanto é perfeitamente possível que o Senhor se referisse a Abiatar por ter o seu sacerdócio marcado mais a Davi do que o de Aimeleque. Na literatura é comum termos épocas marcadas por alguns homens mais do que outros, e acabarmos nos referindo à época identificada por aquela personalidade.

Para entender a Bíblia é preciso levar em conta o porquê de seu texto ter sido escrito. A Bíblia não é um texto histórico, embora traga registros históricos, não é um texto científico, embora possa acertar alguma coisinha, não é um texto legal, embora algumas partes tenham essa característica. A Bíblia é a revelação de Deus que aponta para seu Filho. “O testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap 19:10).

Deus deu a Bíblia principalmente para falar de Cristo, desde Adão e Eva (Cristo e a Igreja), passando pelo animal inocente que morre para cobrir o pecado de Adão e Eva, por todos os sacrifícios do Antigo Testamento, até o coroamento das promessas, Jesus, e a explicação de tudo isso na doutrina dos apóstolos. Não é possível entender o Antigo Testamento sem os Evangelhos, e não é possível entender tudo isso sem as epístolas dos apóstolos.

Tudo o que foi escrito no Antigo Testamento teve sua função na época e tem sua função hoje para o cristão:

“Ora, tudo isto lhes sobreveio como figuras, e estão escritas para aviso nosso, para quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Co 10:11).

“De sorte que era bem necessário que as figuras das coisas que estão no céu assim se purificassem; mas as próprias coisas celestiais com sacrifícios melhores do que estes.” (Hb 9:23).

“Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, que são sombras das coisas futuras” (Cl 2:16-17).

Perca isso de vista e você não vai entender o Antigo Testamento e nem o objetivo de Deus em sua Palavra.

Por exemplo, “Não viu iniquidade em Israel, nem contemplou maldade em Jacó” (Nm 23:21) não quer dizer que Jacó não tivesse isso, mas que Deus não viu (não quis ver assim como lança no esquecimento os pecados dos que creem em Jesus).

Se ler os dois livros de Samuel e compará-los com os dois livros de Crônicas, verá vários episódios contados de maneira diferente e uma coisa chamará a atenção: em Samuel são detalhados muitos erros cometidos, em Crônicas esses detalhes não aparecem. O adultério de Davi, por exemplo, não aparece em Crônicas, que é um livro para a posteridade. Assim é o Deus que perdoa.

Em Juízes 4, Baraque é visto como um covarde que não quer cumprir sua missão se uma mulher, Débora, não acompanhá-lo. Em Hebreus 11 ele aparece como um dos heróis da fé. Este último é o registro que Deus quer que permaneça. Assim é o perdão de Deus, algo que não existe nas religiões que exigem que o pecador pague por seus próprios pecados, negando a eficácia do sacrifício de Cristo, como ocorre no espiritismo.


Como Jesus podia descender do Rei Davi se José não era seu pai?

A descendência legal sempre foi a considerada (ou você acha que é só com teste de DNA que se determina a paternidade?). Tenho um filho adotado por adoção plena, ou seja, ele é meu filho, tem meu sobrenome e em sua certidão de nascimento constam os nomes de meus pais e sogros como avós. Se sobrar alguma herança, ele terá seu quinhão. No processo de adoção existe uma linha escrita pelo juiz que diz que ninguém poderá contestar isso.

Portanto, mesmo sendo descendente de Maria (que também vinha da linhagem de Davi), esta descendência seria hoje considerada pelos judeus. Pergunte a qualquer judeu e saberá que hoje é considerado judeu quem o é por parte de mãe. Um povo em constante exílio não podia se dar ao luxo de agir diferente, já que eram constantemente escravizados por inimigos e suas mulheres violadas por estrangeiros. Quem me explicou isto foi um judeu.

Você diz que um rabino alega que, se Jesus era filho de uma virgem, não tinha pai, e dessa maneira não poderia ter cumprido o requerimento messiânico de ser descendente do Rei David pelo lado paterno.

Percebe as implicações do que esse rabino diz? Ele está baseando sua refutação na afirmação dos cristãos e, ao fazer isso, está assumindo que a afirmação dos cristãos estaria correta, a de que Jesus era filho de uma virgem e concebido pelo Espírito Santo, portanto, filho de Deus conforme é afirmado no Novo Testamento. Ao tentar refutar uma coisa esse rabino que mencionou acaba admitindo outra que era justamente o que os judeus da época não queriam aceitar:

“Não é este o filho do carpinteiro? e não se chama sua mãe Maria, e seus irmãos Tiago, e José, e Simão, e Judas?” (Mt 13:55).

Mas, voltando ao “quem é judeu”, nem os judeus chegaram a uma conclusão, mas a linhagem materna é a oficial e adotada pelo Estado de Israel para definir quem pode ser cidadão:

“Quanto à descendência judaica, a divergência aparece na definição de quem viria a linha judaica, se seria matrilinear, patrilinear ou ambas as hipóteses. A primeira é a majoritária, sendo apoiada pelo judaísmo rabínico ortodoxo e conservador. Essa tese tem força e raio de ação maiores por ser adotada pelo Estado de Israel, além de grande parte das comunidades ao redor do mundo. Porém, a linhagem patrilinear é defendida pelo judaísmo caraíta e os judeus Kaifeng da China, grupos separados dos grandes centros judaicos e que desenvolveram sob tradições diferentes com base em costumes que remontam a vários séculos passados. Por último, existe a tese que ambos os pais podem dar ao filho a condição de judeu que é defendida pelo judeus reformistas que em março de 1983 por três votos a um reconheceu a validade da descendência paterna mesmo que a mãe não seja judia desde que a criança seja criada como judeu e se identifique com a fé judaica”.


Os hebreus atravessaram mesmo o Mar Vermelho?

Sua dúvida é baseada nas várias suposições sobre a travessia, desde a que diz que eles teriam atravessado um pântano, até que não atravessaram coisa alguma. Os mais favoráveis tentam associar a abertura do mar a algum terremoto ou vendaval. No fundo, ninguém gosta de admitir que Deus tenha feito um milagre. Vamos fazer algumas considerações:

​1. Temos o relato bíblico de um mar aberto para os hebreus passarem e de um exército se afogando nessas águas quando fecharam.

​2. O que hoje chamamos de “Mar Vermelho” não era chamado assim na época, e o original bíblico diz que eles atravessaram o “yam suph”, literalmente “mar de juncos”.

​3. Ninguém sabe onde era esse “mar de juncos” na época, porque as coisas mudam de nome com o tempo. O termo pode ter sido usado na época para toda a extensão de água ou para um ponto apenas. Se você encontrasse alguém que dissesse ter nascido no Estado da Guanabara, não iria duvidar que ele tivesse nascido lá só porque não existe mais um Estado da Guanabara.

​4. Ao norte do que hoje chamamos de Mar Vermelho há grandes lagos e pântanos que os historiadores concordam que poderiam não ser como são hoje. Em quatro mil anos o sertão pode virar mar e o mar virar sertão. (Pergunte ao Antonio Conselheiro).

​5. Em 1 Reis 9:26 é usado o mesmo “yam suph” para apontar onde Salomão deixava seus navios: “Também o rei Salomão fez naus em Eziom-Geber, que está junto a Elate, à praia do mar de Sufe (“yam suph”), na terra de Edom”. Pelo seu raciocínio, Salomão devia estar falando de navios de brinquedo para brincar num pântano.

Juntando tudo, temos um relato de uma travessia de um povo por um mar, genericamente chamado de “Mar de Juncos”, mas não temos exatamente o ponto onde se deu essa travessia. Pode ter sido em qualquer ponto, raso ou fundo. Quando o detetive junta a isso outro relato, de um exército que se afogou nesse ponto, só pode concluir que foi num ponto fundo. O cético elimina aquilo que não cabe na sua cabeça. Seria um problema de profundidade?

Você acreditaria se eu dissesse que já pulei o Rio Tocantins de um salto? Se eu não disser o ponto exato você pode tirar duas conclusões: ou foi mentira, ou foi milagre. A terceira opção foi na nascente.

Nem eu nem você podemos dizer o ponto onde os hebreus cruzaram. Mentira, nascente ou milagre? Neste caso, milagre.

Uma teoria interessante eu vi em um documentário “Decodificando o Êxodo” no Discovery Channel. Embora em muitos pontos o autor viaje de Hellman�s Airlines, ele apresenta a teoria de que os Hicsos, povo semita que ficou 200 anos no norte do Egito, seria o mesmo povo de Israel, já que foram encontrados sinetes contendo o nome de José nas escavações de onde esse povo morava. Sua saída do Egito coincidiria com o Êxodo bíblico. Existem relatos dos autores gregos Maneton e Mnaseas de Patara de que os Hicsos e como seriam os hebreus.


Como Noé conseguiu colocar os animais na Arca?

Sua dúvida é a dúvida clássica dos céticos, que alegam ser impossível fazer caber num navio milhões de espécies de seres vivos. O ponto é que o cálculo não pode ser feito em área, mas em volume. Se você fosse Noé colocaria os pássaros no chão ou em poleiros? Colocaria o camundongo ao lado do elefante?

Vamos lá: 462 mil metros cúbicos (volume da Arca) equivalem a 569 vagões de trem. De mais de um milhão de espécies catalogadas, Noé não precisou se preocupar com as que vivem na água ou nos intestinos (só de bichinhos aquáticos como camarões e pulgas d�água há 838 mil).

Quem calculou chegou ao número de 50 mil animais na Arca (lembre-se que a maioria é menor do que um cão e o cão é contado como uma só espécie, independente do número de variantes). Isso ocuparia 37% do volume da Arca. Sobraria espaço.

Você alega ainda que seria impossível construir um navio daquele tamanho de madeira na época de Noé. O maior navio de Zheng He em 1400 e alguma coisa chegava a 134 metros de comprimento. O maior dos navios de madeira mais modernos era de 1909 com 137 metros. A Arca de Noé tinha 137 metros também.

Sim, era possível e viável um navio de madeira daquelas dimensões. Outro detalhe: Noé levou 40 anos para construir a Arca e o projeto era do mesmo projetista dos mares e oceanos, portanto ele devia saber como um barco assim devia ser construído para aguentar o tranco.

“Assim fez Noé; conforme a tudo o que Deus lhe mandou, assim o fez”. (Gn 6:22).

Tudo bem que o projeto era de um especialista, mas a construção tenha ficado nas mãos de um “armador amador” (foi o primeiro navio construído por Noé). O Titanic foi construído pelos maiores especialistas de sua época e veja no que deu…


De onde vieram as águas do Dilúvio e para onde foram?

Sua dúvida é de onde teria vindo tanta água para o dilúvio e depois onde ela teria ido parar. A água está toda aí, cobrindo a terra, dispersa no ar e em bolsões subterrâneos. Por que você não perguntou onde está o mar cujo nível (faixas de conchas) é visível na Cordilheira dos Andes? Definitivamente a geografia da época não é a mesma de hoje (e os acidentes geográficos antediluvianos citados na Bíblia podem não estar no mesmo lugar).

Eu não sei responder onde a água foi parar (mas que ela chegou lá em cima, é um fato que os fósseis de conchas em altitudes elevadas estão aí para provar), mas a Bíblia diz de onde boa parte dela saiu.

Como nunca tinha chovido antes, boa parte dela veio da atmosfera, que devia ser supersaturada de umidade, um ambiente que hoje não conhecemos (provavelmente era isso que filtrava os raios UV impedindo o envelhecimento de seres vivos e também seja responsável pela diferença nas medições de carbono 14).

Boa parte da água veio de depósitos (abismos) sob a terra: “No ano seiscentos da vida de Noé, no mês segundo, aos dezessete dias do mês, naquele mesmo dia se romperam todas as fontes do grande abismo, e as janelas dos céus se abriram”.


Você é contra pesquisas com células-tronco?

Quando o assunto é ser contra ou a favor da pesquisa com células tronco obtidas de embriões, há uma pergunta que vem antes e que ninguém parece estar disposto a fazer. Sempre que quisermos descobrir o truque de um mágico, não adianta olhar para a mão que ele mostra, mas para a outra. É na outra mão que está o segredo de seu truque, mas ele irá mantê-la sempre escondida e procurará chamar a atenção das pessoas para a mão que não revela suas intenções.

Portanto, a questão não é se é correto fazer pesquisas com células embrionárias, porque isso é decorrência de outra pergunta:

Foi correto gerar essas vidas de onde sairão essas células embrionárias?

As células usadas nessas pesquisas vêm de embriões desenvolvidos in vitro, ou seja, do resto de embriões criados com o objetivo de serem transformados em bebês para pais que queriam ter filhos e não conseguiam.

Estamos falando de um refugo criado de propósito, porque alguém, para ter certeza de que iria conseguir engravidar, concordou em gerar meia dúzia de seres humanos para aproveitar apenas um.

Percebe que existe aí uma cadeia de efeitos causados por uma ação inicial?

Essa primeira ação foi, provavelmente, de um casal (ou de solteiros) que quiseram ter um filho. Considerando que filho é o que não falta no mundo, e os abrigos estão cheios de órfãos ou abandonados, o processo tem início em um ato de egoísmo e vontade própria: Eu quero um filho meu. As consequências disso não importam, porque as pessoas sempre acham que os fins justificam os meios.

Então a pessoa gera meia dúzia de embriões, escolhe o melhor e descarta o resto. Ou melhor, deixa congelado para se transformarem no pivô de outro problema, que é o da pesquisa com células-tronco.

É no interesse de quem que a pessoa age assim, da criança ou de si própria? Este é o caso de pais que querem filhos, não de filhos que precisam de pais, portanto é o interesse dos pais, e não dos filhos, que prevalece.

A consequência de uma escolha errada feita lá atrás na cadeia de eventos gerou esse refugo e, alegam alguns, para que jogar fora se podemos usar esses embriões para salvar vidas? Se você olhar apenas para este elo da cadeia, parece ser a escolha mais sensata.

Estaríamos entrando então no campo da doação de órgãos, no caso de um moribundo congelado cuja família aprova que seus órgãos (suas células) sejam aproveitados para salvar a vida de alguém. Não tenho nenhum problema com doação de órgãos.

Agora, o que eu faria se precisasse de um órgão e soubesse que ele estaria disponível graças a alguém que gerou um ser humano com a intenção de descartá-lo? Será que eu daria pulos de alegria? Pense nisto: os embriões que estão sendo discutidos foram gerados com a finalidade de serem manipulados a bel prazer por terceiros, os pais ou outros, e a maioria deles já estava deliberadamente destinada ao lixo. Parece soar até nobre quando alguém deseja usá-los para salvar vidas. Mas será que é?

Para entendermos um processo, eu sempre gosto de perguntar sobre o que vem antes, e você, como bióloga, deve fazer isso com frequência. Às vezes a gente não está olhando para o problema, mas para uma de suas consequências.

Você escreveu em seu blog: “A vida que começa na concepção, está longe de ser uma vida humana, enquanto não houver a nidação (implantação destas células no útero) jamais será um ser humano”.

Eu não tenho competência para julgar se o que disse está certo ou errado, pois não tenho formação científica. É preciso apenas ter cuidado, porque como disse alguém, “a ciência caminha de funeral em funeral”, ou seja, o que se sabe hoje não é o que se asseverava ontem e tampouco o que será descoberto amanhã.

Portanto, talvez fosse mais prudente dizer que “hoje se acredita que enquanto não houver a nidação…”. Amanhã? Eu não sei o que vão descobrir.

Mas, supondo que seja isso mesmo, voltamos à questão: “O que esses embriões estavam fazendo fora do útero, que era o lugar onde deviam estar?”. E se chamamos a “isso” de “embrião”, eu pergunto: “Embrião de quê?”. Embrião de um ser humano criado à imagem e semelhança de Deus. Esta é a resposta.

Então, respondendo, eu não concordaria em fazer pesquisas com um ser humano, ou embrião humano, se preferir, que foi criado com a intenção de ser transformado em refugo.

Talvez não fosse essa a resposta que você esperaria de alguém com um filho portador de deficiências, mas eu espero sinceramente que essa questão acabe resolvida, de preferência por meio de pesquisas e utilização de células-tronco do próprio paciente ou de pessoas que possam conscientemente doar seus tecidos, ou que, pelo menos, tiveram uma chance de viver.

Mas, como o homem é mau por natureza (não sou em quem diz, é a Palavra de Deus), não me surpreenderia se a prática se tornasse comum (como já se tornou comum a criação de embriões destinados ao lixo), e logo teríamos gente gerando e doando embriões com a mesma naturalidade que hoje se doa cabelo para fabricar perucas.

A alegação de que um embrião (humano) estará salvando uma vida cria um precedente para a velha questão da raça pura. Aquele embrião não teve chances porque era inferior ao seu irmão escolhido para continuar a gestação. Hoje existe um tráfico mundial de órgãos, o terceiro negócio mais lucrativo do mundo depois da venda de armas e drogas, baseado na mesma premissa. Pessoas pobres e indefesas são sequestradas e seus órgãos retirados para permitir que pessoas ricas e poderosas vivam.


Existe fundamento bíblico para a “Marcha para Jesus”?

Nossa única base segura para qualquer coisa é a Bíblia. A Palavra de Deus fala para os cristãos marcharem por algum motivo? Não encontrei. Portanto não há razão para fazê-lo. Além disso, a ideia de marchar normalmente está associada a demonstrações de poder.

Por isso os exércitos fazem aquelas grandes paradas com milhares de soldados e equipamentos. Há grupos que também querem mostrar que são influentes na sociedade, e fazem suas marchas, como ocorre com a Parada Gay. Há também as marchas de protesto e de reivindicação.

E o cristão, vai marchar para quê? Para mostrar poder no mundo cujo príncipe é Satanás e onde sua luta não é contra carne e sangue? Para mostrar que é influente numa sociedade que rejeitou seu Salvador? Para protestar contra perseguições ou reivindicar direitos em um lugar onde ele é estrangeiro? Isso faria tanto sentido quanto um brasileiro querer reivindicar direitos no Afeganistão.

A ideia de reunir muita gente para causar impacto ou influência pode funcionar em outras áreas, mas que resultado tem nas coisas de Deus? Muito bem, vamos imaginar que uma marcha dessas realmente impressione as pessoas e as autoridades e todos venham a achar que o cristianismo é uma coisa para ser levada a sério.

Aí temos um problema, porque o Senhor mesmo disse que no mundo sofreríamos perseguições, mas que não deveríamos temer isso porque não somos do mundo. Teria o Senhor se enganado ou se esquecido de contar que haveria um dia quando os cristãos ganhariam tapinhas nas costas por causa de sua fé?

Se o mundo, como uma instituição, aceitar o cristianismo, é porque há algo de muito errado com o evangelho que esse cristianismo está pregando ou com o próprio mundo. Sim, porque como alguém vai gostar de algo que prega que o homem é pecador, que há uma condenação esperando por ele, que precisa crer naquele que o próprio mundo rejeitou e que virá um dia quando este mundo e tudo o que nele há, que a humanidade mais preza, será destruído pelo fogo?

“Filhinhos, sois de Deus, e já os tendes vencido; porque maior é o que está em vós do que o que está no mundo. Do mundo são, por isso falam do mundo, e o mundo os ouve” (1 João 4:4).

O evangelho é algo para atingir indivíduos, não coletividades. Ainda que muitas pessoas possam se converter em um mesmo dia, não existe algo como uma conversão coletiva. Cada pessoa é alcançada individualmente, tocada individualmente pelo Espírito Santo, convencida individualmente de seu pecado. São pessoas que nascem de novo, não países, instituições, governos ou até mesmo religiões.

Qualquer resultado que uma marcha ou manifestação assim pode conseguir é um resultado político, cultural e exterior. Nada que interesse os propósitos de Deus. O Senhor não nos disse “Ide e marchai”, mas “Ide e pregai o evangelho”. E é isso que importa fazer. Ou será que os cristãos estão engajados em uma competição para ver se conseguem mobilizar mais gente do que a Parada Gay ou o desfile de 7 de setembro?


Depois de salvo eu perco meu livre arbítrio?

Você não pode perder algo que nunca teve. Todo mundo acha que tem livre arbítrio e muitos cristãos dizem isso, mas não é verdade.

“Porventura pode o etíope mudar a sua pele, ou o leopardo as suas manchas? Então podereis vós fazer o bem, sendo ensinados a fazer o mal” (Jr 13:23).

“Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo” (Rm 7:21).

Quando o pecado entrou na Criação, o homem perdeu a capacidade de escolher o bem, e esta é a razão de dependermos 100% de Deus para sermos salvos. Se um dia você creu em Cristo como seu Salvador, saiba que isso não foi uma escolha sua, mas de Deus. Não adianta discutir ou apelar para a doutrina “A” ou “B”, a Palavra de Deus é clara neste sentido. Somos eleitos e predestinados por Deus, não por nossa própria vontade ou escolha.

“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; Como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, Para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado” (Ef 1:3-6).

Quem não conhece a Deus obviamente irá questionar sua justiça ao fazer isso, mas este é um assunto para outra oportunidade. Você não tinha liberdade de escolha antes de se converter (só podia escolher o mal), mas depois de convertido você pode até querer escolher o mal (porque continua na carne), mas não tem esse direito. Por sermos salvos por graça somente, sem termos feito nada para merecermos isso, é Deus quem tem todos os direitos sobre nós, enquanto nós não temos qualquer direito. Somos devedores, do mesmo modo como você se torna devedor de alguém que lhe faz um grande favor, tão grande que você jamais consiga pagar. Depois de salvos, fazemos coisas que agradam a Deus simplesmente por gratidão, não para sermos salvos.

Eu sei que isso soa horrível para pessoas vivendo em uma sociedade onde o discurso padrão é de liberdade, livre arbítrio e direitos do cidadão. Porém a liberdade que o mundo oferece é falsa. Todas as pessoas são escravas de alguma coisa, seja da carreira, do trabalho, da família, do sexo, da comida, da bebida, dos medicamentos e assim por diante. Existe algo que seja sua meta de vida e razão de viver? Isso é o seu ídolo e você é idólatra, enquanto não for Cristo a meta e ocupação principal de todo o seu ser.

2 Pedro 2:19 diz: “Prometendo-lhes liberdade, sendo eles mesmos servos da corrupção. Porque de quem alguém é vencido, do tal faz-se também servo”.

Portanto, não se iluda. Antes você não tinha liberdade de escolha e estava à mercê do pecado e de Satanás. Depois de comprado por preço altíssimo (o sangue de Cristo) você passou a ter um dono, que é o Senhor. É por isso que você o chama de Senhor, não é mesmo? Senhor é alguém que detém os direitos e o controle sobre você. Não faria sentido agora querer fazer as coisas sem antes perguntar a ele.

“Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor”. (Rm 14:8).


Devo construir uma quadra de esportes para evangelizar?

Você disse ser um pastor de uma pequena congregação em uma comunidade pobre e tem planos de construir uma quadra de esportes para atrair e evangelizar crianças e jovens. Minha opinião?

Sou a pessoa menos indicada para esse tipo de conselho, pois não pertenço a qualquer denominação e não creio que Deus aprove que os cristãos se dividam sob diferentes nomes. Antigamente era “eu sou de Paulo, eu de Apolo”, hoje é “eu sou batista, eu presbiteriano”, etc. É provável que existam hoje mais denominações do que o número de crentes que existia nos primeiros dias da Igreja em Atos.

Por esta razão tenho minha opinião sobre a construção de uma infraestrutura que tenha o objetivo de evangelizar, como templos, quadras de esportes, piscinas, escolas, etc. O raciocínio é simples: para construir uma infraestrutura é preciso dinheiro, e quando o dinheiro entra na história acabamos cedendo em muitas coisas.

É por isso que você encontrará “igrejas” que aceitam contribuições de incrédulos (enquanto Abraão não queria nem o cadarço do sapato do rei de Sodoma), passam a inventar rifas e sorteios para angariar fundos e, o que é pior, fecham os olhos e vão colocando para dentro da comunhão incrédulos que apenas fazem uma “leve” profissão de fé (sem qualquer evidência de vida nova), desde que tenham um dízimo bem gordo.

Afinal, os custos de manutenção da infraestrutura (que hoje inclui estações de rádio e TV) são grandes, e acabam apelando para César quando faltam pessoas que deem a Deus o que é de Deus. A tentação é grande. Você certamente se lembra do que aconteceu com Balaão.

Não se iluda: somos homens, falhos e inclinados a errar. Quanto maior a infraestrutura que se constrói com a melhor das intenções, maior o risco de fazermos acordos com o mundo para mantê-la. Não digo que Deus não possa usar essas estruturas; ele pode e usa quando quer, mas a responsabilidade de como isso foi feito continua daqueles que se comprometeram para fazê-las. Se quiser evangelizar mesmo, tenho certeza de que saberá encontrar soluções criativas.

Todavia, meu último conselho é que não aceite meu conselho. Ore e peça a direção do Senhor, porque eu também sou um homem falho e quem poderia garantir que minha opinião seja a correta? É dele que deve vir o conselho. Talvez você esteja vendo algo que não estou enxergando, e por isso que precisamos depender dele para tudo. O homem pode fazer planos, mas a resposta você sabe de quem vem.


Investir em ações é jugo desigual?

O versículo que citou é 2 Coríntios 6:14: “Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas?”

A passagem fala de qualquer tipo de sociedade ou associação, incluindo casamento, negócios ou qualquer coisa que coloque um crente e um incrédulo atados por algum compromisso. O jugo é chamado de canga em algumas regiões do Brasil, e é aquele pedaço de pau arqueado que é colocado sobre o pescoço de dois bois que puxam um carro ou arado. O jugo mantém os dois animais unidos e, para que funcione, os animais precisam ter o mesmo passo.

É por isso que no Antigo Testamento não era permitido colocar um boi e um jumento para lavrarem juntos. “Com boi e com jumento não lavrarás juntamente” (Dt 22:10). Os animais têm alturas e passos diferentes, e acabam arrebentando os arreios. O crente e o incrédulo não devem entrar em uma sociedade, ou seja, caminhar lado a lado com um objetivo comum. Eles têm diferentes modos de caminhar. O que pode ocorrer, porém, é que o crente acabe adotando o andar do incrédulo, mas nunca o contrário.

Se pensar em dois sócios, o incrédulo provavelmente poderá querer agir de forma desonesta nos negócios, o que causará problemas se o crente quiser obedecer a Deus. O mesmo acontece no casamento, e principalmente quando vêm os filhos e cada um quer levá-los para um lado ou instruí-los de modo diferente em questões de fé.

Há ocasiões em que é preciso depender da graça de Deus e seguir vivendo, como é o caso de alguém se converter depois de casado. Essa pessoa não irá se separar porque se converteu com a alegação de estar em jugo desigual. Seria uma desobediência a Deus separar-se por esta razão. Deus diz o que fazer a respeito em sua Palavra.

Sua dúvida está mais relacionada às sociedades humanas e de negócios, como investir em ações, por exemplo. Há alguns anos, ao adquirir uma linha telefônica no Brasil você ficava sócio da operadora, ou seja, não comprava uma linha, mas sim ações da empresa. Ao aplicar seu dinheiro numa caderneta de poupança obviamente o Banco irá movimentá-lo em diferentes aplicações, o mesmo acontecendo com seu Fundo de Garantia e Plano de Previdência.

Há, portanto, associações inevitáveis, que eu particularmente não considero jugo desigual no sentido de uma sociedade deliberada, como abrir uma empresa junto com um incrédulo. Ao comprar ações de uma empresa você pode considerar que está associando-se aos resultados, não exatamente ao modo de operação, pois tem a opção de escolher entrar e sair do negócio conforme desejar.

Por exemplo, você pode optar por não investir em empresas cujas atividades ou produtos você considere inadequados para um cristão. Ou pode vender as ações quando perceber que a empresa não está agindo de forma idônea. Ao comprar ações você não assume uma responsabilidade conjunta como acontece quando você constitui uma empresa com um sócio.

Se a empresa da qual você comprar ações for acusada de corrupção ou de más práticas comerciais, você provavelmente perderá seu dinheiro, mas não terá qualquer parte nas decisões que levaram àquela prática. Já se você constituir uma sociedade, você é solidário na alegria e na tristeza.

Obviamente esta é uma opinião pessoal e você deve ter seu exercício com o Senhor a este respeito. Há diferentes opiniões entre diferentes cristãos, e sei de irmãos que não investem em ações, e conheço outros que investem de forma seletiva, escolhendo empresas que consideram idôneas. Outros nem sequer utilizam cartões de crédito, e houve uma época em que muitos cristãos se recusavam a comprar produtos que tivessem códigos de barra, algo impossível de ser feito hoje se quiser sobreviver, porque consideravam o código de barras uma etapa prévia do domínio do anticristo.

Como disse, cada um deve ter bem clara estas questões consigo mesmo e com Deus.


É possível fazer tudo o que a Bíblia diz?

Você mencionou o jornalista norte-americano (que é judeu de nascença, porém cético por opção) que tentou viver um ano seguindo uma lista de 700 regras que encontrou na Bíblia. O resultado é um livro irreverente que, obviamente, irá fazer sucesso entre os céticos.

Tentar seguir tim-tim por tim-tim cada mandamento da Bíblia é a verdadeira “Missão Impossível”. Se o autor fosse realmente sincero ele iria perceber logo que o “Não cobiçarás” diz respeito a praticar ou não praticar todas as coisas na esfera dos pensamentos. O Senhor disse que bastava pensar em adulterar ou matar para ser culpado de adultério e de homicídio. Já pensou em quantas barbaridades praticamos só de pensar?

No Antigo Testamento Deus deu a Lei como forma de provar o homem e ficou provado que ele é incapaz de seguir a Lei, que é santa. Paulo explica isso em Romanos. Quanto às admoestações do Novo Testamento (ou mesmo do Antigo Testamento) de como o cristão deve andar, elas se referem mais à expressão do novo homem do que à tentativa de refrear o velho homem.

O velho homem (velha natureza ou carne) jamais poderá ser aprimorado, melhorado ou ensinado a guardar os mandamentos de Deus. É uma natureza ruim, arruinada e propensa a pecar (em minha carne não habita bem algum). Por outro lado, a nova natureza que recebemos pelo novo nascimento é uma natureza divina. Esta também não pode ser melhorada por ser perfeita. Qualquer admoestação sobre o andar tem a ver com a livre expressão da velha natureza.

Não é lutando contra a carne (nossa luta não é contra a carne) que conseguimos andar do modo que Deus deseja, mas é vivendo no Espírito. Não é se ocupando com o pecado que deixamos de pecar, mas é pensando nas coisas lá do alto, onde Cristo está.

E acho que não preciso explicar que o homem não é salvo pelo seu andar ou por suas obras (e tampouco se mantém salvo por sua obediência e fidelidade), mas tudo provém da graça de Deus. Se fôssemos salvos por 700 ou mais regras cumpridas, depois de cumprirmos todas elas Deus seria nosso devedor, poderíamos cobrar algo dele.

Mas, ao sermos salvos por graça somente, somos nós os devedores. Deus pode pedir de nós o que quiser, porque seu favor será sempre impagável. É como quando alguém faz um favor imenso para você e, daí em diante, você fica constrangido a sempre atender o que aquela pessoa pedir.


Como interpretar as sensações?

Sua dúvida é sobre certas sensações que sua irmã tem experimentado, ora de prazer, ora de opressão, e se elas têm alguma relação com a expectativa da volta do Senhor Jesus para buscar os seus no arrebatamento.

O arrebatamento é uma certeza para todo aquele que crê, e devemos viver sempre com esta perspectiva. Porém o apóstolo Paulo, depois de escrever a primeira carta para os cristãos de Tessalônica falando do arrebatamento escreveu a segunda apontando alguns erros resultantes da má compreensão dessa verdade, como era o caso de alguns que aparentemente paravam de trabalhar por achar que o Senhor iria voltar em breve.

A visão do arrebatamento deve ter para nós o efeito que tem aguardar uma pessoa amada que está chegando de viagem (mas que não sabemos quando vem). É uma expectativa, mas também é uma preocupação maior em estar “bem vestido” porque ela pode chegar a qualquer hora. Esse sentimento é excelente.

Agora imagine que você esteja aguardando alguém chegar e começa a ter calafrios, sensações de alegria e tristeza alternadamente, ou outras coisas físicas. Eu diria que está fazendo da vinda daquela pessoa um transtorno para sua vida, e não um prazer. Como estamos falando da volta do Senhor para os seus (que pode acontecer antes de eu terminar de escrever ou daqui a cem anos), é muito comum as pessoas criarem ideias de mistério e superstição em torno disso.

Ou seja, temos a tendência de mistificar as coisas relacionadas a Deus (isso acontece muito entre cristãos pentecostais). Aí a vida vira um inferno, porque a pessoa fica procurando significado para tudo e, quando não encontra, entra em parafuso. É um perigo achar que cada calafrio, cada sensação de prazer ou tristeza, ou cada sonho e ocorrência do dia-a-dia precise ter algum significado espiritual.

É claro que podemos ser oprimidos espiritualmente por algo, ou Deus pode usar alguém para nos dizer algo, mas não é a regra. Quando estamos ocupados realmente com Cristo, vivemos em paz e tranquilidade com respeito às coisas que vêm dele. Quanto às coisas que vêm do mundo ou do inimigo, estas certamente irão nos atribular, mas nenhuma delas chega até nós antes de pegar um carimbo de permissão de Deus.

Portanto diga à sua irmã para analisar primeiro se está ocorrendo algum paralelo entre as coisas que ela sente e outras influências físicas (como sentir algo depois de comer, ou antes, depois de dormir demais, ou de menos, em determinados períodos do mês, etc.). Nosso corpo está sujeito a uma série de influências químicas de alimentos e remédios que afetam nossas sensações. O erro está em querer atribuir cada arrepio a algo espiritual, como fazem os supersticiosos.

Aí vamos começar a achar que a sensação de calor na orelha é porque alguém está falando mal da gente, que aquele arrepio na pele é porque um demônio está por perto ou que aquele vento nos cabelos foi causado pelas asas de um anjo. Não seremos muito diferentes de pessoas que evitam passar sob escadas, têm medo de gatos pretos atravessando na frente e não abrem guarda-chuva dentro de casa.


O que fazer quando não sinto a presença de Deus?

A salvação não está numa igreja, mas numa Pessoa: Jesus. Quanto à sua revolta com Deus, isso faz parte de nossa natureza, pois somos inimigos dele por natureza. Nascemos assim, e se não existir uma obra do Espírito Santo em nós nos convertendo a Cristo, continuaremos inimigos dele até sermos chamados para prestar contas de nossos pecados e receber a condenação no lago de fogo.

Mas não é isso que Deus quer. Ele quer que sejamos salvos, pois seu desejo é ter o céu cheio de pecadores perdoados. Quem tem filhos sabe que quando um filho se revolta contra os pais, a angústia dos pais é grande. Eles tentarão de todas as maneiras ganhar a simpatia daquele filho e sofrerão enquanto não conseguirem.

Eu sei que às vezes nos sentimos decepcionados com Deus, mesmo depois de convertidos. Agora, se nós, com todas as nossas falhas e pecados, ficamos decepcionados com aquele que é perfeito, quanto mais não está ele decepcionado conosco? O problema é que geralmente nossa decepção é por não enxergarmos nossa vontade ser realizada e o culpamos disso. Mas qual é o pai que faz tudo o que seu filho deseja? Nem sempre os filhos sabem o que é melhor para eles.

Agora, tudo isso eu estou dizendo de pessoas que se converteram a Cristo, que tiveram seus pecados perdoados e receberam de Deus uma vida nova. Mas como saber se alguém se converteu realmente? Você diz que não se sentia merecedora do perdão de Deus. Ora, e desde quando alguém perdoa quem merece? O simples fato de uma pessoa ofender outra já demonstra que ela não merece coisa alguma, muito menos perdão. Um bandido merece o perdão de um juiz? É claro que não, se o seu crime ficar comprovado.

A questão é que Deus só pode me perdoar porque Jesus merece que Deus assim o faça, porque ele veio morrer e pagar pelos meus pecados. Não é baseado em minha bondade ou no grau de arrependimento ou qualquer coisa vinda de mim que Deus está apto a me perdoar, mas baseado naquilo que Cristo fez. Se eu aceito que a morte de Jesus na cruz foi suficiente para pagar meus pecados, posso me candidatar ao perdão de Deus, pois foi essa a única condição que ele colocou.

Você disse que não sente mais a presença de Deus e por isso vive de forma apática, de um lado para o outro como uma folha ao vento. Mas o que faria se sentisse a presença de Deus a cada manhã? Será que aí sim você viveria jubilante e confiante nele? Os israelitas peregrinaram no deserto por 40 anos após sua libertação da escravidão do Egito. Durante aqueles quarenta anos, todos os dias, exceto nos sábados, caiu maná do céu para alimentá-los. Aquilo era um milagre diário de Deus, sem falar da nuvem que os acompanhava de dia e da coluna de fogo à noite. O poder de Deus era visível diariamente.

Agora pense nisto: 40 anos são aproximadamente 310 dias por ano (excluídos os sábados, quando o maná não caía), o que dá 12.400 dias em que o maná caiu. Por 12.400 vezes aquele povo viu Deus agir de forma milagrosa, e sabe o que aconteceu? Mesmo assim se desviaram de seus caminhos, mesmo assim duvidaram dele. Se ler a Bíblia verá que ver ou sentir a presença de Deus não tem um efeito duradouro nas pessoas, a menos que elas exerçam fé, e fé é justamente crer naquilo que não vemos ou sentimos. Fé é a certeza das coisas que não se veem e de fatos que se esperam.

Portanto, tudo o que você precisa é crer no que Deus diz em sua Palavra. Leia o evangelho de João e veja quantas promessas o Senhor Jesus faz a você.

“Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida… Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, salvar-se-á, e entrará, e sairá, e achará pastagens… Eu sou o bom Pastor; o bom Pastor dá a sua vida pelas ovelhas… As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um…”. (Jo 5:24; 10:9, 11, 27-30).

Você não precisa sentir essas coisas, basta crer no que ele disse. Se uma pessoa de sua confiança lhe der um cheque, você tem certeza de que pode contar com aquele dinheiro ou só vai ter certeza quando for ao banco descontá-lo? Vindo de alguém idôneo, o cheque é a promessa segura, e assim deve ser com a Palavra de Deus. Nossa incredulidade, impaciência ou o desconforto que achamos que é ter que ir ao banco é o que nos deixa aflitos.

Volto a lembrá-la. Igreja, lugar ou pessoa alguma podem lhe dar o que você só pode obter falando com Jesus, crendo nele e recebendo de Deus o que ele lhe dá por intermédio de Cristo. Você deve se lembrar do que ele disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11:28).


É errado tentar converter pessoas de outras religiões?

Ao ler a orientação que dei a um rapaz sobre o modo como um cristão deve se comportar uma vez dentro da família de Deus, você considerou que tenho “uma inabilidade impressionante de conviver com as diferenças”.

Segundo você, eu deveria respeitar todas as religiões e não querer que as pessoas aceitassem a minha como verdadeira. Como “minha” você estava se referindo, obviamente, a aceitar o que diz a Palavra de Deus e, particularmente, as cartas dos apóstolos para o comportamento do cristão.

Você não percebe que ao se indignar com meu modo de pensar está fazendo exatamente a mesma coisa? Você fica indignada porque minha percepção do que é correto é diferente de sua percepção do que é correto, o que a torna igualmente intransigente e discriminatória em relação os que possuem a minha percepção do que é correto.

Veja assim: A crença de João traça os limites “A” e a crença da Maria os limites “B”, aí vem sua crença que diz que ambos estão errados, porque os únicos limites válidos são os seus, que considera que não deveriam existir tais limites.

Existe um problema aí. Ao se colocar na posição de quem está apto a decidir que limites os outros devem estabelecer (ou não estabelecer de modo algum), você já está assumindo uma posição e quer que eu me converta a ela.

Colocando-se numa posição superior (de quem supostamente conhece as crenças de João e Maria), você considera a crença de João e de Maria erradas e acha que eles não deveriam sair por aí tentando converter outros a aceitar suas crenças ou posições, por considerar isso um desrespeito à liberdade individual que cada um tem de acreditar naquilo que quiser.

Você diz acreditar que “somos TODOS uma mesma família — todos são os eleitos, e não poucos… todos somos filhos de Deus, que é amoroso, sabe perdoar, não vai permitir que nenhum de seus filhos padeça no sofrimento eterno”.

Viu? Ao fazer isso você diz que “A” e “B” estão errados, porque o correto é a crença “C” (a sua). A partir do momento que você tem uma crença (ainda que seja a mais inclusiva e abrangente de todas) você passa a adotar uma posição, e toda posição é exclusiva por natureza. A partir do momento que você adota uma posição, seja ela qual for, boa ou ruim, exclui todos os que não têm a mesma posição. Isso é inevitável.


Religião boa é a que faz a pessoa sentir-se bem?

Você diz que dissemina mensagens que não são suas, mas de Kardec que, por sua vez, diz falar do evangelho que você nunca leu e nem conferiu. Desculpe a sinceridade, mas você está sendo enganada por um homem, como eu fui enganado por muitos homens antes de minha conversão. Até mesmo depois de convertido, quando a ir à missa assiduamente por achar que era onde Jesus devia estar (quem me evangelizou não falou de religião, só de Jesus). Mas comecei a ler a Bíblia e a doutrina católica para conferir e um ano depois eu já estava fora.

Você fala de religião como se fosse chocolate: algo para fazer a pessoa sentir-se bem. Eu, quando trato do assunto, falo da coisa mais importante para o ser humano: seu destino eterno. Se quiser sentir-se bem (por mais algum tempo apenas) fique no espiritismo, porque se realmente crer em Jesus e buscar o que Deus diz em sua palavra, você só vai arranjar inimigos, como parece que acabo de fazer em relação a você.

Ontem estava conversando com um dos gerentes da empresa que me contratou e ele disse que visitou meu site e seguiu um link até meu site Histórias de Verdade, mas não teve tempo de ver o que era. Quando eu disse a ele que era um site de histórias cristãs, de testemunhos de pessoas que se converteram a Jesus, o gogó do rapaz deu uma engolida e o rosto assumiu uma expressão marmórea. Seu olhar virou gelo.

Assim é: as pessoas são, por natureza, avessas ao Jesus da Bíblia. Gostam do outro, água com açúcar, diluído por Kardec e por tantos outros censores da Palavra de Deus, que se arvoram sábios o suficiente para escolher o que vale e o que não vale dos evangelhos.

O texto que você me indicou é contraditório. Nele diz que você se revolta com a ideia da morte de quem não tem fé no futuro e na misericórdia de Deus que, “sendo Amor, não pode entregar seus filhos ao tormento eterno da separação irremediável, da dor sem cura, da culpa sem perdão”.

Ora, a tônica do que tenho dito é que Deus não quer condenar você e nem ninguém. Ele quer ser misericordioso, quer perdoar, quer salvar. E você diz “NÃO”, ou pelo menos não do modo como Deus determinou essa salvação. Ao querer salvar a si mesma, você se arvora redentora (como alguém pode redimir se não pagar um preço?), porém não tem meios para comprar sua liberdade, pois a justiça de Deus exige a morte do pecador e “sem derramamento de sangue não há remissão (retirada de pecados)”. (Hb 9:22).

Um “Deus de Amor, e de Perdão, e de Caridade, Misericórdia, Fraternidade, Tolerância, Infinita Bondade”, como você o descreveu, não esperaria que criaturas arruinadas, fracas e perdidas fizessem o impossível para se salvarem, como prega seu espiritismo.

Um Deus amoroso assim certamente providenciaria uma solução surpreendente,— entregar-se ao juízo na Pessoa de Jesus,— para cumprir a justiça e proporcionar a forma de escape que, aparentemente, você não deseja porque confia demais em si mesma, tanto que acredita poder salvar-se com suas boas obras e padecimentos ao longo de milhares de supostas reencarnações.

Caim ofereceu a Deus o fruto do seu trabalho; Abel ofereceu um cordeiro morto. Deus se agradou da oferta de Abel porque não era dele, era de Deus. Era um cordeiro inocente e seu sangue havia sido derramado em sacrifício a Deus. Faz lembrar algo?

Deus deu um banquete e você quer chegar lá com seu sanduíche de mortadela. Coloque-se no lugar dele para entender. A propósito, você está sendo ludibriada por um anjo que tem alguns milhares de anos de experiência em enganar. Experimente conferir na fonte se a água que deram a você não foi adulterada. Leia os evangelhos segundo Deus, não segundo o espiritismo.


Você acredita em novas revelações?

Visitei o site que indicou, li o texto que enviou e mais alguns lá e cheguei a algumas conclusões. Uma é do ponto de vista de marketing: Vassula Ryden, que diz receber revelações de Deus, é uma mulher, católica (igreja ortodoxa), casada com um ministro protestante, que teve um encontro com um anjo, recebe mensagens de uma “Santa Mãe” e faz uma costura de textos bíblicos com pensamentos motivacionais. Ou seja, como “produto” ela tem um potencial grande de atingir gregos e troianos com esse sincretismo todo.

Agora, será que é verdade? Só podemos saber indo conferir na Palavra de Deus, para deixarmos de lado o ‘achômetro’, que nem sempre é confiável (nas questões espirituais geralmente não é). Vamos começar pelo anjo.

Os anjos aparecem bastante ativos no Antigo Testamento, embora em várias situações não se tratassem de anjos, mas do próprio Senhor Jesus. Quando você lê “um anjo do Senhor” é porque é anjo. Quando lê “o anjo do Senhor” é porque é Jesus numa manifestação corpórea. Mas, a partir da criação da igreja (Atos 2), os anjos passam mais para uma posição de despenseiros, ajudando e protegendo os crentes, não de portadores de alguma revelação mais elevada do que aquelas que a própria igreja (os crentes) já tem.

“Para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus” (Ef 3:10).

“… Vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar.” (1 Pe 1:12).

Como pode ver, a situação é inversa: os anjos agora aprendem a sabedoria de Deus por meio da igreja. Os anjos só voltam a ser bastante ativos no livro de Apocalipse, que trata principalmente de Israel (a igreja nesse momento já está no céu, tendo sido arrebatada antes).

Outra coisa que me deixa com a pulga atrás da orelha são estas passagens de alerta da Palavra de Deus:

“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu [no original ‘visões’]; estando debalde inchado na sua carnal compreensão, E não ligado à cabeça, da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em aumento de Deus” (Cl 2:18-19).

“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas” (2Tm 4:3-4).

Uma característica dos últimos dias é o desejo das pessoas seguirem este ou aquele “doutor” ou “mestre”, porque cada um irá querer ouvir o que quer ouvir (sua própria concupiscência). Fábulas e gurus (mesmo falando em nome de Cristo) não faltam hoje e se prestar atenção essas pessoas acabam se tornando o centro das atenções, muito diferente do que João Batista disse: “É necessário que ele cresça e que eu diminua.” (Jo 3:3).

Se eu fosse você ficaria com a Palavra de Deus, sim, aquela que já foi mais que provada e é suficiente para levar alguém a Cristo e para ensiná-lo a andar nos seus passos. Eu não conhecia e nem li tudo o que diz aquela mulher, mas se espremer sua doutrina, tenho quase certeza de que se trata de uma salvação por boas obras e não pelo sacrifício suficiente de Cristo.

Há também a questão de Deus querer fazer uma nova revelação em doze volumes, o que deixa a pergunta: O Novo Testamento não foi suficiente? Fiz algumas pesquisas na Internet e alguns críticos católicos assinalam que suas primeiras “revelações” continham erros doutrinários acerca da Trindade, mas que esses erros acabaram desaparecendo nas “revelações” posteriores às críticas que ela recebeu. Teria Deus se equivocado da primeira vez?

O toque de misticismo envolvido na coisa toda me deixa arrepiado, só de pensar no tanto que fui enganado antes de minha conversão por aqueles que diziam ter uma revelação “fresquinha” de Deus, ou alguma novidade. Um deles, que segui, chamava-se Masaharu Taniguchi e criou uma religião-filosofia chamada Seicho-No-Iê. Ainda me lembro de que o primeiro livro que me mandaram ler dizia que o pecado não existe, pois se existisse nem Jesus seria capaz de nos tirar os pecados. E o livro, que se dizia uma revelação de um anjo a Taniguchi, terminava dizendo que depois que o anjo terminou de revelar aquelas palavras, pétalas de flores caíram do céu.

(Gl 1:8) “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema”.

Você escreveu que, depois de ler os doze livros que você disse terem sido escritos por Deus através dessa mulher, passou a ter uma vida mais tranquila. Entenda que Jesus não é alguém que buscamos para ter tranquilidade, mas para ter o perdão de nossos pecados e a salvação eterna (e geralmente acabamos vivendo o resto da vida até bem atribulados aqui).

Agora, falando sinceramente, você não acha estranho Deus surgir com uma nova revelação dois mil anos depois que seu Filho esteve aqui e milhões e milhões de pessoas viveram e morreram crendo na suficiência da Palavra de Deus revelada aos apóstolos e profetas do Novo Testamento? Qualquer nova revelação se torna imediatamente espúria quando nos lembramos do que o apóstolo Paulo escreveu aos Efésios: “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina.” (Ef 2:20). Efésios 2 mostra que os apóstolos e profetas construíram o alicerce da igreja, por seu ministério e pelas revelações que receberam de Deus, sendo que os que vieram depois são pedras acrescentadas à parede desse edifício espiritual. Poderia alguém agora surgir com mais pedras para o alicerce?

A passagem de Colossenses 1 também mostra que Paulo foi o último a receber revelações diretas:

“Regozijo-me agora no que padeço por vós, e na minha carne cumpro o resto das aflições de Cristo, pelo seu corpo, que é a igreja; da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para convosco, para cumprir (outra tradução: ‘completar’) a palavra de Deus; o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos” (Cl 1:24-26).


Se a salvação não depende de mim posso viver como quiser?

Sua dúvida é a mesma de muitas pessoas quando descobrem que nada do que fazemos ajuda em nossa salvação: boas obras, orações, penitências ou até o simples ato de se arrepender. Quando você entende que até o arrependimento é algo causado pelo Espírito Santo, a primeira dúvida que vem em mente é:

“Bem, se não depende de mim, se não preciso fazer nada para ser salvo e se também não perco a salvação, independente do que faça, será que posso viver fazendo o que quiser?”

A resposta é não. Ou melhor, não que você “não possa” fazer o que bem entender, porque a desobediência a Deus sempre estará ao seu alcance. Mas se você for realmente convertido a Cristo, não irá querer fazer sua própria vontade. E quando a fizer, se sentirá péssimo, porque terá o Espírito Santo de Deus habitando em você. Você já viveu numa mesma casa com uma pessoa descontente? Pois é, quando você anda do jeito que quer, o Espírito fica entristecido e isso vai influenciar o “templo” onde ele habita, isto é, você.

A coisa funciona assim: se alguém contrata você e manda fazer isso e aquilo, ao terminar de cumprir suas tarefas aquela pessoa deve para você. Você pode exigir o pagamento. Porém, quando alguém faz algum grande favor para você, daqueles que o livra de uma encrenca, você fica para sempre devedor dessa pessoa. Ela pode pedir o que quiser que você sente-se constrangido a fazer.

Pois é, se qualquer coisa vinda de nós estivesse envolvida na salvação, seja ela a guarda de mandamentos ou o mero arrependimento, Deus ficaria nosso devedor. Poderíamos exigir dele a salvação, tipo, “Ei, eu já me arrependi, cadê minha salvação?” ou “Eu já cumpri os mandamentos, pode me dar a salvação agora!”. Mas se entendo que nada veio de mim, que o favor foi só dele, e que se dependesse de mim eu jamais teria olhado para o seu lado, sou eu quem fica devedor.

Porque sou salvo por graça somente, ele pode pedir o que quiser de mim que fico constrangido a fazer.


Que mentiras podem me condenar ao inferno?

Sua dúvida é por causa de Apocalipse 21:8 onde diz que todos serão condenados.

A resposta para sua pergunta requer um pouco mais de elaboração, não podendo ser um simples “sim ou não”, ou mesmo uma lista de mentiras que são passíveis de condenação e outra de mentiras tidas como inocentes.

No versículo em 2 Timóteo 2:15 “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade”, a palavra maneja está no sentido de dividir ou delinear (na versão em inglês de King James encontramos “rightly dividing” e na versão de J.N. Darby “cutting in a straight line”). Paulo dá uma clara exortação ao jovem Timóteo para se apresentar a Deus aprovado e “dividindo” ou “delineando” a palavra.

Assim devemos, ao meditar na Palavra de Deus, dividir bem a que dispensação e a quem está se referindo. Em Apocalipse 1:19 vemos a divisão que o próprio Deus coloca neste livro: “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer” deixa bem claro que “as coisas que tens visto” são as que o apóstolo João escreveu no capítulo 1 versículos 2 e do 5 ao 8, que é o que ele testemunhou durante o tempo que conviveu, como discípulo e depois apóstolo, com o Senhor Jesus Cristo (Leia 1 João 1:1-4); “as que são” correspondem ao capítulo 2 de Apocalipse que é o período da igreja aqui na Terra caracterizado pelas 7 igrejas, cada uma correspondendo a um período do testemunho de Deus (o que seria outro estudo interessante de se fazer) e finalmente “as que hão de acontecer” começam no capítulo 4:1 (que o apóstolo menciona “Depois destas coisas, olhei,…”) até o final.

O versículo 8 de Apocalipse 21 fala da segunda morte, que é o juízo final dado a todos aqueles que morreram na incredulidade (sem ter aceitado a Jesus como Salvador) e ressuscitam para condenação (ver João 5:29) que é a segunda ressurreição. Nós, os que cremos, já estaremos ressuscitados e transformados tendo encontrado com Nosso Senhor Jesus nos ares para estar para sempre com ele. Esta é a primeira ressurreição (da qual o Senhor é as primícias) ou a ressurreição da vida. Portanto este versículo 8 de Apocalipse 21 não se aplica a cristãos, uma vez que “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” (Rm 8:1).

Todavia a Palavra nos exorta a não mentir e a falar a verdade uns com os outros (Ef 4:25 e Colossenses 3:9). Também sabemos pelas mesmas Escrituras que Satanás é mentiroso e o pai da mentira (Jo 8:44). A razão para não mentirmos é porque somos nascidos de novo e não mais andamos na carne, mas no espírito e não porque estaremos sujeitos a ser condenados para o inferno se o fizermos. Se você crê que Jesus Cristo morreu pelos seus pecados, tomando na cruz o juízo que você merecia, então já não há mais condenação para você, porque Deus lhe justificou em seu Filho Jesus. Agora, se pecarmos, confessamos os nossos pecados e Deus “… é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.” (1 João 1:9).

Bendito seja Deus que nos enviou um Salvador que é capaz de salvar o mais pobre pecador que se achega a ele! [respondido por Lineu Binotti]


Se 2:3 da humanidade crê na reencarnação, por que você não?

Obrigado por escrever e também por sua preocupação sincera a meu respeito. O fato é que boa parte das ideias, filosofias e religiões que você menciona foram meu ponto de partida há uns 35 anos, quando comecei a me preocupar com as coisas espirituais. Em stories.org.br/angels.html eu conto o que aconteceu depois da alguns anos de busca no esoterismo, espiritismo, filosofias orientais, etc.

A questão básica envolvendo a reencarnação não está apenas no fato de ser uma ideia estranha à Bíblia, mas de ser totalmente desnecessária diante da verdade do Evangelho da graça de Deus. A reencarnação pressupõe uma evolução espiritual fundamentada no esforço próprio, e a Bíblia, a Palavra de Deus, revela exatamente o oposto: a graça de Deus vindo até o homem incapaz de sair de seu estado arruinado.

Quando falamos em evolução no sentido da natureza, isso obviamente inclui a ideia da sobrevivência do mais forte e sua supremacia sobre o mais fraco ou menos capaz. Na teoria da evolução natural não há lugar para deficientes. O mais capaz come o menos capaz e garante sua sobrevivência e a continuidade da espécie. Na teoria da evolução espiritual igualmente não há lugar para deficientes espirituais. Apenas os mais capazes evoluem por meio daquilo que você chamou de “trabalho árduo da evolução”.

Mas quando vamos ao cerne do evangelho, encontramos que “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar pecadores”. E Paulo, em sua carta aos Coríntios, continua:

“Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; E Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; Para que nenhuma carne se glorie perante ele. Mas vós sois dele, em Jesus Cristo, o qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção; para que, como está escrito: aquele que se gloria glorie-se no Senhor”. (1 Co 1).

A ideia é simples. Se eu evoluo espiritualmente, então palmas para mim. Se for salvo por graça, por puro favor imerecido recebido de Deus, palmas para Deus. Se minha salvação ou “evolução” está baseada nas coisas que faço e em meu esforço, acabo transformando Deus em meu devedor, pois se existe um referencial divino e eu cumpro os passos exigidos nesse referencial, posso cobrar benesses de Deus. Afinal, fiz a lição de casa, estudei, fui bem nas provas, então ele me deve a melhor nota.

Mas se me coloquei diante dele como um desgraçado infeliz, incapaz de dar um passo em direção à minha salvação, iluminação, evolução, ou seja, qual for a ideia, dependendo unicamente da obra substitutiva de Cristo para me salvar, passo à condição de devedor de Deus por me salvar por pura graça. Se fui eu quem pagou o almoço, Deus me deve. Se foi ele, eu devo a ele. É nesta segunda condição que me encontro hoje, salvo por Jesus.

Existe outro aspecto da reencarnação: se Deus oferece a salvação imediata e incondicional para aquele que crê em Jesus, a encarnação de Deus, e na suficiência de sua obra na cruz assumindo a pena devida ao pecador, para que vou precisar de reencarnação? O evangelho oferece a passagem sem escalas para o céu, porque o preço foi pago por Jesus. A reencarnação oferece uma escada de infinitos degraus. O sincero vai perceber que até o primeiro degrau dessa escada é alto demais para sua capacidade.

A única forma pela qual o ser humano pode efetivamente se colocar numa posição humilde é aquela apresentada pelo evangelho. Qualquer ideia de reencarnação ou evolução espiritual traz em seu bojo a pretensão de capacidade, e a Bíblia ensina justamente o contrário no capítulo 3 da carta aos Romanos:

“…todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus… Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; Com as suas línguas tratam enganosamente; Peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; Cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; E não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos.”

É esse o ponto de vista de Deus a respeito do homem: uma ruína completa, e isso inclui eu e você. O título de “Salvador” que a Bíblia dá a Jesus não é por menos. Salvador, assim como temos o salva-vidas, é alguém que salva o incapaz de salvar-se a si mesmo. A menos que você compreenda esse seu estado e condição, não irá compreender a essência do evangelho. Achar-se capaz de qualquer coisa (evoluir ou cumprir alguma missão ao longo de “n” reencarnações) é não entender a distância que estamos do absoluto que é Deus. É, como dizemos na gíria, “se achar”.

É nisso que está a diferença entre o que o evangelho (as “boas novas”) ensina e o que todas as outras religiões ensinam. A grande maioria, como você mesmo disse, acredita em reencarnação, em evolução espiritual, salvação por meio de boas obras e coisas semelhantes. Mas o que Jesus ensinou? A passagem imediata de um estado para outro mediante a fé nele e na obra que consumou aqui. As últimas palavras de Buda foram: “Continuem se esforçando”. As últimas palavras de Jesus foram: “Está consumado”.

Observe os tempos dos verbos na afirmação abaixo feita por Jesus no evangelho de João capítulo 5:24 e tire suas conclusões:

“Na verdade, na verdade vos digo que quem OUVE a minha palavra, e CRÊ naquele que me enviou, TEM a vida eterna, e não ENTRARÁ em condenação, mas PASSOU da morte para a vida”.

Você pode afirmar que já passou da morte para a vida, que não entrará em condenação, que tem a vida eterna porque creu na Palavra de Deus? Entenda que “vida eterna” não é uma vida que nunca mais acabará, mas a mesma vida de Deus que não tem começo e nem fim, portanto eterna (a outra seria “vida perene”, “vida perpétua”, etc.).

Fica aí o que encontrei na Bíblia e na fé que professo desde minha conversão em junho de 1978. Tenho feito vídeos de três minutos falando de minha fé em 3minutos.net e você encontra muita coisa em respondi.com.br Certamente não irá concordar com tudo isso, como eu mesmo não concordei com a pessoa que da primeira vez me falou da graça de Deus há 30 anos. Foi só quando entendi que “graça” é um favor imerecido, algo que você não pode pagar ou dar qualquer coisa em troca, foi que percebi o que Jesus tinha feito por mim e o que Deus estava me oferecendo.

É compreensível que 2:3 da população do planeta acredite em reencarnação, na evolução espiritual ou na salvação por meio de boas obras e do mérito pessoal. A alternativa é a graça de Deus, mas isso é um soco no estômago do ego, porque para aceitá-la é preciso reconhecer-se pecador, incapaz e inapto para dar um passo sequer em direção a Deus.


A Bíblia é diferente dos originais?

Este costuma ser o argumento daqueles que não creem na Bíblia ou mais especificamente no Novo Testamento. Há dois mil anos os judeus já usavam o Antigo Testamento que temos hoje, mas obviamente o Novo Testamento ainda estava sendo escrito. Os que temos hoje são baseados nos manuscritos que chegaram até nós.

O argumento de que sejam diferentes dos originais só seria válido se alguém tivesse o original para comparar, caso contrário não passa de especulação. Ninguém tem os originais, portanto não há como comparar ou afirmar. O que existe são milhares de cópias manuais que podem diferir entre si em algumas pequenas porções, mas que de uma forma geral concordam. A menos que você conheça os originais, não poderá dizer que os manuscritos de onde saiu o Novo Testamento sejam diferentes.

Há também algumas evidências internas ao próprio texto que apontam para sua veracidade. Por exemplo, as primeiras testemunhas da ressurreição de Jesus foram mulheres, algo inconcebível na época. Uma invenção da história teria certamente colocado personagens homens como testemunhas, já que o testemunho de mulheres não era levado em conta na época. Ninguém imaginaria então inventar algo e colocar que quem viu isso foram mulheres.

A ideia de terem sido lendas (a concepção virginal de Cristo, os milagres, sua morte, ressurreição, etc.) foi descartada por um escritor que é considerado um dos maiores especialistas em lendas do mundo: J. R. R. Tolkien, autor de “Senhor dos Anéis”. Cristão convicto, Tolkien convenceu seu grande amigo ateu C. S. Lewis de que a narrativa do Novo Testamento não é uma lenda. Lewis se converteu a Cristo e escreveu vários livros, entre eles “As Crônicas de Nárnia”.

Você escreveu: “E se você tiver um tradutor de hebraico e ele te provar que tudo que está escrito lá foi adulterado pela igreja católica ao longo de mais de mil anos de completo domínio sobre as primeiras traduções para o grego e depois latim?”

O Novo Testamento foi todo escrito em grego, que era o “inglês” universal da época, exceto o evangelho de Mateus que foi escrito em aramaico, a língua falada na palestina na época. Apenas o Antigo Testamento é judaico. A igreja católica não possui todos os manuscritos, apenas alguns. Se pesquisar em http://pt.wikipedia.org por “Lista de manuscritos unciais do Novo Testamento Grego” você encontrará mais de 300 manuscritos com porções do Novo Testamento e os lugares onde estão guardados. Faça também uma pesquisa por “Lista dos papiros do Novo Testamento”.

Existem ainda os textos clássicos que são volumes mais completos, alguns contendo também o Antigo Testamento, como o Código Vaticano, o Código Sinaitico e o Código Alexandrino. Uma tradução também do século IV muito importante foi a de “São Jerônimo”. A maioria destas traduções é conservada na Biblioteca Vaticana. O Código Alexandrino, escrito no Egito, é conservado no Museu Britânico, em Londres. Com a profusão de outros manuscritos todos eles puderam ser comparados com textos mais antigos existentes em outros lugares do mundo (a descoberta de novos manuscritos continua).

Percebe como a expressão “grosseiramente adulterado pela igreja católica” não tem qualquer respaldo na história ou mesmo nas pesquisas mais modernas que continuam sendo feitas em cima dos manuscritos? Existe um exemplo interessante para mostrar como os copistas da antiguidade zelavam pela fidelidade das cópias. Na década de 1940 foram descobertos manuscritos do livro de Isaías numa caverna em Qumram que eram setecentos anos mais antigos do que os que foram usados para a tradução que temos hoje de Isaías. O texto era o mesmo.

Você escreveu: “Não acho que a sua seja uma visão ruim ou inferior, somente é limitada…”

Toda fé ou crença, por mais inclusiva e abrangente que possa parecer, é exclusiva e limitada. Se eu digo a você que o cristianismo é a única religião verdadeira, obviamente excluo todos os que pensam diferente. Se você diz que todas as religiões são verdadeiras, está excluindo aqueles que pensam como eu. Não há como escapar disso. Ao adotar uma visão ou opinião, qualquer que seja, você exclui todas as outras, mesmo que você deseje ter a mais inclusiva de todas as opiniões. Ela vai excluir os exclusivistas, portanto ela também será uma opinião exclusiva.

Você escreveu: “Essa visão da Bíblia cristã é a mesma que há dois mil anos permite que as igrejas cristãs mantenham sua hegemonia e poder opressor…”

O que os homens fizeram com o cristianismo não invalida seu valor original. São séculos de atrocidades e luta pelo poder usando o cristianismo como desculpa. Qualquer leitor sincero do Novo Testamento irá perceber logo que isso que vemos na história ou ao nosso redor não tem nada de cristianismo. Enquadra-se perfeitamente no que Jesus disse, dos muitos que o chamariam de “Senhor, Senhor” e que fariam milagres e pregariam em seu nome (Mt 7:21). Aliás, o simples fato de ser a religião mais falsificada do mundo já deveria chamar a atenção. Ninguém falsifica o que é falso, só o que é verdadeiro e tem valor.

Você escreveu: “Você coloca Deus longe do homem, que é pecador, sujo, etc..”

Sim, você sintetizou a mensagem básica da Bíblia e da natureza do homem, e a história (e o que acabo de escrever acima) demonstra claramente esse fato. O homem é pecador sim, mas eu inverteria suas palavras. Não é Deus quem está longe dos homens, é o homem quem está longe de Deus. Porque não existe proximidade maior do que Deus tomar a forma humana e Jesus morrer por suas criaturas. Mais empatia e proximidade do que isso é impossível, Deus encarnado.

“Cristo Jesus, Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até à morte, e morte de cruz. Por isso, também Deus o exaltou soberanamente, e lhe deu um nome que é sobre todo o nome; Para que ao nome de Jesus se dobre todo o joelho dos que estão nos céus, e na terra, e debaixo da terra, E toda a língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor, para glória de Deus Pai.” (Fp 3:5-11).

Se o homem continua longe de Deus é por sua própria escolha. “Vós, que naquele tempo estáveis sem Cristo… não tendo esperança, e sem Deus no mundo… agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto”. (Ef 2).

Você escreveu: “A salvação requer esforço sim, pois caso contrário que explicação teria alguém que nasce escravo ou com severas limitações físicas e mentais, por exemplo?”

Se isso for enxergado além dos limites do tempo e espaço, tem explicação sim. A explicação pode não estar ao alcance dos olhos (como acontece nos capítulos 1 e 2 de Jó e no capítulo 10 de Daniel), mas nos bastidores de Deus. A princípio todas as limitações são causa do pecado, consequência da queda do homem. Quer você creia em uma ou outra explicação para elas, o fato é que elas existem e Deus permite que nos aflijam.

Não é por algo ter uma explicação lógica que essa explicação é verdade. E não é por algo não ter uma explicação que isso signifique que uma explicação não exista em algum lugar e dada por alguém com maior conhecimento do assunto. Quando os discípulos perguntaram por que o homem nasceu cego, Jesus explicou que ele tinha nascido para que a glória de Deus fosse manifestada. Em seguida ele curou o homem.

Você escreveu: “A visão reencarnacionista em nada ‘briga’ com a Bíblia ou com o Evangelho”.

É óbvio que “briga”. Você não pode conciliar uma ideia de evolução espiritual com a afirmação bíblica da salvação instantânea proporcionada pela obra de Cristo na cruz. A ideia da reencarnação se baseia em um processo; o evangelho se baseia em um ato divino, em um decreto: Quem crer TEM a vida eterna.

“Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho; quem a Deus não crê mentiroso o fez, porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu. E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida. Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome do Filho de Deus.” (1 Jo 5:10-12).

Você escreveu: “A visão reencarnacionista é apenas uma ferramenta que nos mostra formas bem mais sofisticadas de entender o sofrimento humano e os caminhos para dele sair. Estude…”.

A ideia é essa, justamente livrar-se do “estude”, “formas bem mais sofisticadas”, “ferramentas”, etc. Percebe que tudo isso aponta para o esforço humano e que um inútil como eu é incapaz de qualquer coisa para chegar a Deus? É este o princípio básico do Evangelho, a inutilidade e nulidade do ser humano e sua dependência total de Deus para sair dessa condição. Em meus tempos de espiritualismo ouvia muito sobre negar-se a si mesmo, livrar-se do eu, desligar-me do corpo físico, atingir o vácuo mental e coisas do tipo.

Foi só no cristianismo que pude entender o que é isso realmente, porque é a única fé possível de ver acontecer na prática. Se eu precisar fazer qualquer coisa para negar, desligar, anular o eu, etc., já sou eu fazendo, o que implica em esforço desse mesmo eu. Ao me render, reconhecendo minha nulidade e incapacidade até de esvaziar-me a mim mesmo ou de fazer qualquer outro exercício espiritual, é Deus quem entra em cena para fazer absolutamente tudo. A fé cristã olha para fora, olha para Cristo. Todas as outras crenças olham para dentro, para si, o que não passa de ocupação com o próprio ego, por mais bonitos que sejam os termos usados para isso.

Em Romanos 7 Paulo diz: “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”. Como tirar alguma coisa que preste desta carne (estava se referindo ao homem em seu estado natural)? Não é por aí. Por isso Deus oferece a graça, e graça é o favor imerecido. Ele pode fazer isso porque tudo o que precisava ser feito para a salvação do homem foi consumado na cruz. Jesus morreu para pagar os nossos pecados e ressuscitou para nossa justificação. O evangelho é isso. Qualquer outra coisa é exaltação do homem, não de Deus.


Devemos obedecer a autoridade humana na igreja?

A autoridade que prevalece na assembleia onde dois ou três estão reunidos ao nome do Senhor não é a humana no sentido de liderança de homens, mas é uma autoridade delegada, como aquela que tem um policial. Aliás, toda autoridade humana é também delegada, porque por um lado é a sociedade quem delega poderes às autoridades, e por outro lado é Deus quem estabelece autoridades.

O Senhor prometeu que onde dois ou três estivessem reunidos para o seu nome ele estaria no meio, e que se dois ou três concordassem na terra a respeito de algo, aquilo seria estabelecido no céu. Portanto é essa a autoridade que deve existir na igreja, aquela que é a autoridade do Senhor delegada aos homens.

Você escreveu: “Mas 1 Timóteo 3:4-5, Paulo não diz que o candidato a presbítero (no singular) governe bem a sua casa, mostrando que deve governar bem a casa de Deus?”.

A casa é a esfera do governo, diferente de igreja no sentido do corpo que é a esfera do exercício dos dons. A casa de Deus de 1 Timóteo é a “grande casa” de 2 Timóteo, onde há todo tipo de vaso. Sim, cabe aos presbíteros (no plural) o governo com a autoridade que o Senhor lhes delega. No versículo que citou ele está falando da qualificação “do presbítero” e está no singular por se tratar da pessoa que irá exercer esse encargo.

Nas outras passagens, quando fala da relação da assembleia com os presbíteros a palavra aparece no plural. O governo é claramente no sentido de cuidado administrativo (pastoral) e doutrinal, não de liderança das reuniões. Aparece também como “anciãos”, mostrando sim que é um papel parecido com o do pai de família, um papel administrativo.

Você escreveu: “Em Tito 1:5-6, Paulo não ordena que Tito estabeleça presbíteros de cidade em cidade?”.

É aqui que a coisa toda fica mais clara. A ordem foi dada diretamente pelo apóstolo a Tito, portanto foi uma ordem pessoal. Aquela foi uma missão dada a Tito, o que parece indicar que os apóstolos faziam essa indicação ou delegavam a tarefa a alguém. E ainda que fosse uma prática mais comum entre os santos, o ponto importante aqui é este: “de cidade em cidade”. Os presbíteros tinham uma atuação “municipal”, por assim dizer, porque as assembleias dos santos eram identificadas por cidades ou regiões geográficas, nunca por diferentes nomes.

Portanto não existe qualquer autoridade hoje para “designar presbíteros de denominação em denominação”. Você seria capaz de citar os nomes dos presbíteros de sua cidade? Creio que é impossível. Seria capaz de designar presbíteros para sua cidade? Idem. A solução está no discurso de despedida de Paulo em Atos 20:17 ao final. Ele convoca os anciãos da igreja de Éfeso (não uma denominação, obviamente), e aponta de onde vinha a designação deles como anciãos ou presbíteros:

“Olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o ESPÍRITO SANTO VOS CONSTITUIU BISPOS, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.”

Sendo assim, embora hoje não seja mais possível designar bispos de cidade em cidade, o Espírito Santo não deixa de fazê-lo para que cuidem do povo de Deus. Podem não ser designados, mas podem ser reconhecidos como tais pelos santos que identificam seu trabalho como uma prova dessa “designação” do Espírito Santo.

Seria muita pretensão um grupo de cristãos de uma cidade eleger bispos como se eles fossem a única igreja verdadeira naquela cidade, desprezando todos os outros salvos que não se congregam com eles. Mas, se porventura existir entre eles alguns irmãos que espontaneamente fazem esse trabalho eles podem procurar detectar neles esse papel, muito embora não recebam um título ou tenham carteira assinada para tal. Lembre-se de que o testemunho da igreja está hoje em ruínas e é nesse estado de humilhação que devemos agir.

Você escreveu: “Em 1 Pe 5:1-3, o apóstolo, ao referir-se ao presbítero como aquele que deve apascentar o rebanho de Deus, não o distingue das ovelhas, implicando aí numa proeminência do presbítero sobre o rebanho?”.

Não no sentido que você está acostumado a enxergar nas denominações, e que atinge seu ápice no clero católico romano.

“Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também”. (Jo 13:14-15).

“Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas NÃO SEREIS VÓS ASSIM; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve. Pois qual é maior: quem está à mesa, ou quem serve? Porventura não é quem está à mesa? Eu, porém, entre vós sou como aquele que serve”. (Lc 22:25-27).

“Cada um considere os outros superiores a si mesmo”. (Fp 2:3).

Você escreveu: “Hb 13:17 nos ordena: “Obedecei a vossos pastores, e sujeitai-vos a eles; porque velam por vossas almas, como aqueles que hão de dar conta delas”. Não há aí um princípio bíblico claríssimo de autoridade?”.

Sim, dentro das premissas que indiquei:

​1. A autoridade é delegada (do Senhor);

​2. São mais de um esses pastores (aqui a palavra não fala no sentido do dom);

​3. Não há como indicá-los hoje, apenas reconhecê-los;

​4. Não são reis, mas servos do rebanho.

Você escreveu: “Em 1 Co 12:4-6, Paulo afirma que há diversidade de dons, ministérios e operações, concluindo no verso 28: ‘E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em segundo lugar profetas, em terceiro doutores’. Se nem todos têm os mesmos dons, e são chamados para os mesmos ministérios e para operarem a mesma obra, como uma igreja pode ser dirigida por todos ao mesmo tempo, como se todos possuíssem o mesmo dom, ministério e operação? Confirmado também por Efésios 4:11.”.

O assunto aqui é outro, completamente diferente. Presbíteros (anciãos) e diáconos são ofícios locais, da assembleia dos santos em determinada cidade. São ofícios geograficamente limitados. Pastores, mestres e evangelistas são dons, não “designados” como eram os presbíteros e diáconos, mas colocados por Deus para exercer os dons que o Senhor lhes deu depois de ressuscitar e subir aos céus.

Em Efésios fala de dons, não de ofícios, e esses dons não são locais, mas universais. Um pastor é pastor em qualquer lugar onde esteja, o mesmo servindo para o mestre e para o evangelista. É bom lembrar que pastor neste caso não tem nada a ver com o dirigente que encontramos em denominações, mas com a pessoa cujo dom é velar pelas almas, alimentar as ovelhas, curar as feridas, apascentá-las. Temo que a carga de “cultura cristã” que recebemos é tão grande que fica até difícil compreender isso, como fica difícil para alguns compreender que “igreja” não é um edifício.

Você escreveu: “Se Pedro nos diz que devemos nos sujeitar a toda autoridade humana (1 Pe 2:13), como é que a igreja não terá esse tipo de autoridade? (Sabemos que a autoridade de Deus não se manifesta apenas na Igreja, mas em todo o universo; portanto, tanto crentes como incrédulos estão sob a autoridade de Deus, ainda que esses últimos insistam em, inutilmente, se rebelarem contra ele).”.

Não entendi essa ideia da autoridade da igreja se manifestar em todo o universo. Não me lembro de ter visto algo assim na Palavra de Deus, a não ser no futuro, quando os salvos reinarão com Cristo a partir dos céus, julgarão os anjos, etc. Mas mesmo assim qualquer autoridade que venham a ter não será além daquela que é delegada pelo Senhor. Enquanto esse tempo não chega a autoridade que o Senhor deu a dois ou três reunidos ao seu nome limita-se à ordem na casa de Deus.

Você escreveu: “Paulo ao referir-se a Tiago, Pedro e João, não os chamou de colunas (Gl 2:9)? Mas colunas de quê? Não são colunas da igreja? E isso não os torna líderes?”.

“Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão”. Sim, eles eram reconhecidos como colunas porque eram apóstolos. Apóstolo é outra coisa, é também chamado de alicerce ou fundamento em Efésios, juntamente com os profetas do Novo Testamento:

“Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus; Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor” (Ef 2:19-21).

Agora não há mais pedras do alicerce, de sustentação das paredes, apenas as próprias pedras das paredes, como nós. Em [bibliaonline.com.br] (http://bibliaonline.com.br) não encontrei alguma menção a colunas aplicada a anciãos, embora a gente possa também considerá-los como esteios ou aqueles que ajudam a manter a casa firme. Isso, porém, não invalida as quatro premissas que indiquei.


Sexo antes do casamento me faz perder a salvação?

Suas perguntas vieram em sequência, mas pela última deu para entender o que você realmente queria saber:

​1. Depois de salvo, não perdemos mais a salvação mesmo que venhamos a pecar (adulterar, fornicar, matar, etc.) e, se assim for, podemos pecar à vontade?

​2. Uma pessoa que aceitou a Cristo e adulterou se esquecendo de Deus e sem se importar com sua salvação irá perdê-la?

3.Eu e minha namorada perderemos a salvação se tivermos relações sexuais antes do casamento?

Todas as suas dúvidas parecem se resumir na preocupação com a possibilidade de ter relações sexuais fora do casamento.

Uma pessoa que realmente creu em Jesus como Salvador recebeu uma nova vida que veio de Deus (nasceu de novo), portanto agora seu corpo é o templo do Espírito Santo que habita nessa pessoa. Ela já não pertence a si mesma, mas ao Senhor que morreu para salvá-la. Será que você é essa pessoa?

Se for, vai saber o quanto o Senhor sofreu para pagar por seus pecados, e vai saber que a partir do momento em que você se tornou uma ovelha dele, ninguém mais poderá arrebatar você das mãos do Pai, nem mesmo você, o pecado ou o diabo. O poder que salvou você é maior do que qualquer poder que você, o pecado ou o diabo tenham. Ao se tornar um membro do corpo de Cristo passou a fazer parte dele como seu braço ou perna fazem parte de seu corpo. Você não deixaria alguém arrancá-lo, não é mesmo?

Ao reconhecer tudo o que o Senhor fez por você, seu coração se encherá de tamanha gratidão que a pior coisa do mundo para você será desagradar aquele que morreu em seu lugar. Portanto nem iria passar pela sua cabeça que agora você está livre para fazer o que bem entender, porque se achar assim certamente ainda não entendeu o que Cristo fez por você e está achando que sua salvação depende de seus méritos.

A coisa funciona assim: imagine um médico que salvou sua vida e não cobrou nada por isso. Você pensaria em se aproveitar dele, de sua generosidade? De jeito nenhum. Se você realmente entendeu da situação crítica que ele tirou você ficaria eternamente grato e faria qualquer coisa que ele lhe pedisse.

A ideia de sermos salvos por nossas obras ou de nos mantermos salvos por elas nos dá direitos. Uma pessoa que fez tudo direitinho, obedeceu, , etc., poderia chegar a Deus e cobrar a salvação ou uma bênção, como faz o empregado no fim do mês. O patrão deve a ele o salário. Se a salvação fosse por cumprirmos as regras estabelecidas por Deus faríamos dele nosso devedor caso as cumpríssemos.

Mas como a salvação é por pura graça, sem qualquer participação nossa no processo, não podemos cobrar nada de Deus, mas Deus pode cobrar o que quiser de nós. Nós ficamos devedores dele como você ficaria do médico do exemplo acima.

Portanto, acho que a melhor pergunta não seria se você perde a salvação, mas se iria querer desagradar aquele que morreu por você. Você quer ir contra a vontade de seu Salvador? Você acredita que se sentirá bem depois disso ou que isso trará bênçãos e felicidade para você? Você sabe a resposta.


Deus não aprova a homo afetividade?

Em seu e-mail você tenta provar que não existe fundamento bíblico para condenar o que você chamou de homo afetividade. Você pode fazer sua própria vontade se quiser, porque é essa a raiz do mal que já vem embutido em nós quando nascemos, já que o pecado original é fazer a própria vontade.

Porém, ao tentar provar pela Bíblia que a sua vontade está certa aos olhos de Deus você só aumenta sua condenação. Aquele que não conheceu a vontade de seu senhor e não a fez sofrerá poucos açoites, mas aquele que conheceu e não a fez sofrerá muitos açoites, foi a analogia que Jesus fez.

Você começa usando o neologismo “homo afetividade” como se fosse algo diferente de homossexualismo, gay, sodomia, lesbianismo ou qualquer outra palavra usada para identificar relações sexuais entre pessoas do mesmo sexo. Será que entendi que usou o termo para dar a ele um termo mais amplo e não denotar interesse puramente sexual?

Seja o que for, o amor entre pessoas do mesmo sexo eu só encontro na Bíblia quando vejo o amor entre pai e filho ou mãe e filha, entre amigos (como Davi e Jonatas, mas sem essa conotação homossexual que alguns querem enxergar), entre o Senhor Jesus e eu, entre irmãos, etc. Em nenhum destes casos existe o impulso sexual ou a intenção de formarem um “casal”.

Seus argumentos são fracos. Ao afirmar que devemos nos despir de sentimentos discriminatórios você faz o mesmo que qualquer um com um sentimento discriminatório ‘antigay’ faria: querer convencer outros a aceitarem sua posição e ideias. Alguém que é a favor do homossexualismo é tão discriminatório quanto o que é contra, se discrimina os que pensam de modo diferente. Entenda que as pessoas podem acreditar o que quiserem, e enquanto isso fica no âmbito das ideias não há qualquer problema ou ofensa nisso.

Considerando ainda que escreveu para mim sem eu conhecê-lo e sem exatamente perguntar algo, entendo que seja esta uma iniciativa ativa e não passiva de tentar me convencer de suas ideias, já que devo ter o perfil das pessoas que você discrimina, ou seja, das que acreditam no que a Bíblia fala do homossexualismo. A maioria das pessoas que acreditam ser a prática homossexual contrária ao que Deus ensina em sua Palavra não sai por aí com um sentimento de caça às bruxas ou faz passeatas e carreatas para tentar afirmar sua posição heterossexual.

É bom entender que em momento algum Deus odeia o homossexual, assim como em momento algum Deus odeia o pecador (e todos nós somos pecadores). Deus abomina a prática homossexual, o contato entre corpos de pessoas do mesmo sexo. Embora eu saiba que muitos misturam as coisas e passam a discriminar os homossexuais (as pessoas) e não apenas o homossexualismo (a prática), o cristão que conhece a Palavra de Deus irá entender a diferença e não irá querer entrar no bloco da caça às bruxas, mas saberá tratar com amor qualquer pessoa, independente de sua religião, etnia, prática sexual, classe social, time que torce ou seja lá o que for.

Infelizmente, pelo mau jeito com que os homossexuais (pessoas) têm sido tratados por alguns que não entendem a diferença entre a prática e o ser humano, a caça às bruxas já começa a mudar de lado. Uma pessoa que hoje acredite naquilo que a Bíblia diz sobre a prática homossexual (mesmo que respeite as pessoas) está sujeita a ser discriminada como politicamente incorreta, como se a liberdade de pensamento só valesse para o caso de todos pensarem como a maioria pensa ou a última pesquisa do IBOPE indicou.

Para isso já existe o nome de discriminação reversa, que é quando aquele que era antes discriminado exige que todos pensem como ele. Sou contra qualquer tipo de discriminação, mas a favor do livre pensar. Posso respeitar uma pessoa sem concordar com suas práticas, e isso não se configura discriminação. Ninguém é obrigado a torcer pelo mesmo time ou gostar das mesmas cores.

Quando você argumenta que precisamos usar a sabedoria e a inteligência (que você tenta legitimar por terem sido dadas por Deus), você se esquece de que somos criaturas arruinadas pelo pecado, portanto uma triste caricatura daquilo que fomos no princípio.

Por isso nossa inteligência e sabedoria, puramente humanas, também estão igualmente arruinadas e distorcidas, e é por isso que Deus nos alerta a não confiarmos em nossa inteligência, sabedoria e discernimento. Você encontra bastante sobre isso em 1 Coríntios 1 e 2 e em outras passagens da Bíblia.

Se não podemos confiar em nossa sabedoria para discernir isso vamos ser obrigados a apelar para uma sabedoria superior, no caso a de Deus, que foi revelada na sua Palavra, a Bíblia. Se você a considera a Palavra de Deus, então terá de se sujeitar a ela. Se não, terá que rejeitá-la completamente, sob a pena de estar se considerando mais sábio do que Deus, a ponto de saber discernir o que nela está certo e o que nela está errado.

Hoje está na moda tentar apontar o que é genuíno na Bíblia e o que teria sido alterado, como se alguém tivesse os originais para comprovar essas supostas alterações. Você sempre irá encontrar alguém com opiniões diferentes e aí teremos tantas versões do certo e errado de Deus quantas são as pessoas neste mundo.

Mais uma vez você erra ao dizer que os sentimentos de amor, paixão, desejo, sensualidade e sexualidade são aceitáveis e perfeitos diante de Deus. Sim, ele nos deu essas coisas, mas elas foram também contaminadas pelo pecado e também são condicionais. Uma criança pode ter esses desejos, mas você certamente não gostaria que uma filha sua ainda pequena mantivesse relações sexuais com os meninos da escola só porque ela tem esses desejos e é anatomicamente capaz de usá-los.

Deus colocou em nós a sexualidade com um propósito e basta uma olhada em Gênesis para descobrir que propósito foi esse: “crescei e multiplicai-vos”. Você consegue fazer isso entre duas pessoas do mesmo sexo? Quando você dá um martelo ao seu filho, também explica que é para martelar o prego, não o dedo. Há condições para tudo e sem ler o manual não entenderemos como usar a ferramenta.

É claro que nem sempre um casal pratica sexo ou carícias de cunho sexual apenas com o objetivo de procriar. Há uma passagem quando um rei descobre que Rebeca não era exatamente irmã de Isaque ao espiá-los “brincando”:

“E aconteceu que, como ele esteve ali muito tempo, Abimeleque, rei dos filisteus, olhou por uma janela, e viu, e eis que Isaque estava brincando com Rebeca sua mulher. Então chamou Abimeleque a Isaque, e disse: Eis que na verdade é tua mulher; como pois disseste: É minha irmã? E disse-lhe Isaque: Porque eu dizia: Para que eu porventura não morra por causa dela.” (Gn 26:8-9).

Mesmo assim, me parece muito claro que as ferramentas que Deus colocou em nosso corpo, sejam elas anatômicas ou sensoriais, foram com a intenção de unir um homem e uma mulher em matrimônio para que se complementassem e também gerassem filhos e mantivessem um relacionamento como família. Ainda que não gerem filhos, o homem e a mulher fazem uso do sexo como forma de manterem um relacionamento íntimo. Não encontro na Palavra de Deus limitações exceto as impostas nas epístolas quanto ao sexo fora do casamento ou aquelas que dizem que os cônjuges não devem se privar um ao outro, desde que mantenham o leito “sem mácula”, ou seja, estejam em uma união lícita e não envolvidos em fornicação, prostituição ou adultério.

Negar as bases do relacionamento entre um casal conforme foi instituído por Deus no Éden é destruir todo o simbolismo existente também entre Jesus e sua noiva, a Igreja (ou entre o noivo e a noiva Israel em Cantares). Considerando que essas coisas já estavam nos desígnios de Deus muito antes da criação, acredito até que Deus tenha criado o relacionamento homem-mulher pensando já no relacionamento de Cristo com sua noiva. Não foi o caso de Deus apenas “emprestar” um conceito que surgiu no jardim do Éden, mas o contrário. Deus colocou Adão e Eva como figuras daquilo que já tinha planejado e iria fazer com Jesus e a Igreja.

Quando você diz estranhar cristãos que veem com maus olhos a união entre pessoas do mesmo sexo é porque não está levando em conta o que Deus pensa a respeito. Na Bíblia há muitas coisas que são chamadas de “pecado”, mas algumas são chamadas de “abominação”, e entre essas se inclui o homossexualismo. Levítico 18:22 diz:

“Com homem não te deitarás, como se fosse mulher; abominação é”.

Muito embora Deus ame todas as pessoas sem distinção, ele considera o ato homossexual abominável. É claro que se fizer uma pesquisa de opinião pública você irá descobrir que Deus não nem um pouco politicamente correto em algumas coisas que são aceitas pela sociedade em nossos dias.

Seus argumentos valem ser repetidos aqui, no que diz respeito ao contexto da ordenança do matrimônio:

“Numa leitura mais ampla e conhecedora desta passagem, considerando todo contexto deste capítulo, lembramos que naquele tempo era costume do povo de DEUS e tradição que as famílias tinham que ser numerosas, consideravam bênçãos de DEUS, o maior número possível de filhos, para assim garantir a continuidade da descendência, a segurança do clã, e o conforto dos anciãos, prática inviável nos dias atuais”.

Será que não percebeu que o matrimônio foi instituído no Jardim do Éden, antes da queda, quando só existiam Adão e Eva e nenhum perigo? De onde vem essa ideia de “garantir… a segurança do clã e o conforto dos anciãos” se o pecado ainda não tinha aparecido e se Adão e Eva nem sequer estavam sujeitos à morte?

Além disso, se eu fosse você não seria tão rápido em afirmar que “para DEUS, é um assunto muito pequeno e insignificante” o da união entre duas pessoas (e Deus falava de pessoas de sexos opostos). Esse é o assunto inicial da Bíblia — Adão se une a Eva — e o assunto final da Bíblia — Jesus se une à sua noiva, a Igreja — e você diz que é insignificante? É o tema de todo um livro, Cantares, e você acha que Deus não está prestando atenção a isso?

Às vezes fico na dúvida o que os homossexuais estão realmente reivindicando. Se é apenas uma questão de direitos, creio que qualquer país permite que duas pessoas façam um contrato de sociedade ou um acordo quanto aos seus bens e direitos mútuos sem que isso se configure um matrimônio. Se for uma questão de cunho moral, querer fazer isso de cima para baixo, ou seja, do governo para as consciências individuais é algo tão complicado quanto tentar manter um estado teocrático. Cada um tem o direito de considerar o que é certo e errado se isso não interferir na vida do vizinho.

Já se a questão é de querer imitar o matrimônio, uma instituição que não é humana, mas divina em sua origem, aí a coisa fica mais complicada.

Sua interpretação de que a condenação da prática homossexual encontrada na Bíblia era apenas para aquela época em razão dos costumes e da cultura também é furada. Se fosse assim, Deus não precisaria ter tratado do assunto quando deu a Lei aos hebreus no deserto e, quase dois mil anos depois, quando Paulo escreveu Romanos 1, onde há um repúdio claro contra a prática homossexual.

“Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si; pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro. E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm”.

Se fosse uma questão apenas cultural a Bíblia nem precisaria ter tocado no assunto e bastaria ter deixado a coisa como estava, considerando que tanto na antiguidade dos tempos de Moisés, como na cultura romana na qual os cristãos romanos estavam inseridos, o homossexualismo era uma prática aceita e até incentivada. Muitas pessoas ricas mantinham escravos e escravas só para esse fim e basta você pesquisar um pouco de história para aprender isso.

O Deus vivo e verdadeiro, porém, era contrário às práticas da cultura das épocas tanto de Moisés como de Paulo, e não creio que tenha mudado só porque hoje estamos alguns milhares de anos à frente. A ideia da história da humanidade culminar na história da união de um Noivo e uma Noiva, Cristo e sua Igreja, mostra muito bem a razão de Deus repudiar qualquer caricatura de uma união matrimonial envolvendo pessoas do mesmo sexo.

Seus argumentos enfraquecem ainda mais ao citar os erros cometidos pela humanidade e pelos cristãos que fizeram guerras, mataram, escravizaram, tudo em nome de Deus. Pois é, e agora você está tentando também colocar o aval de Deus sobre o homossexualismo, como fizeram os cristãos aos longos dos séculos para justificarem seus erros?

Fazendo uma retrospectiva, até aqui você tinha argumentado que o homossexualismo é aprovado por Deus porque nascemos com impulsos e afeições sexuais, que somos sábios para discernir o que Deus aprova, que você tem uma dúzia de traduções da Bíblia discordantes entre si, que o matrimônio foi instituído para proteger o clã dos perigos e que qualquer afirmação bíblica em contrário é apenas um costume da época. Agora você apela para a ciência para mostrar que há pessoas que nascem pendendo mais para um sexo ou outro, e até aponta uma porcentagem para isso, usando a expressão “é sabido”, algo que se utiliza quando se tenta transformar uma suposição em verdade absoluta:

“É sabido que cerca de 25% da humanidade é, de alguma forma de homo afetivos, divididos em diferentes aspectos da diversidade desta realidade. Nascer homossexual é tão perfeito e natural como nascer heterossexual, confirmando assim, que minimamente as influências externas contribuem para o surgimento da homossexualidade (…) Nascer heterossexual como homossexual é tão natural, que se observarmos o reino animal, outra obra perfeita de nosso DEUS, iremos encontrar a prática homossexual entre os animais, será que a natureza também é possessa por demônios? Ou será que sobre eles também caiu alguma maldição hereditária, será que também sofreram abusos sexuais e fatores externos para agirem assim?”

Sim, o mesmo você encontra entre os animais, mas não acredito que animais sirvam de exemplo para aqueles que foram criados à imagem e semelhança de Deus. Além do mais os animais também são vítimas da queda do homem, bem como toda a Criação:

“A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus. Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou, na esperança de que a própria criação será redimida do cativeiro da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus. Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora.” (Rm 8:20).

E não podemos nos esquecer de que o pecado, quando entrou na Criação, arruinou não só a nossa alma, mas também o nosso corpo, daí sermos imperfeitos em diferentes aspectos e sujeitos às doenças, degenerações e morte. Como saber o jeito que devíamos ser se o pecado não tivesse existido? Olhando para a criação original de Deus, da qual temos apenas dois espécimes, Adão e Eva, ou então, melhor ainda, para Jesus.

Se Deus estabeleceu um padrão do que seja a sua vontade em sua Palavra, então ainda que cem por cento da humanidade tenha nascido ou esteja vivendo diferente desse padrão, isso não significa nada para o cristão. Ele não é guiado pela natureza, por estatísticas ou por pesquisas de opinião pública, mas pela Palavra de Deus. Se um homem tem uma disfunção qualquer em seu sistema hormonal e ganha um excesso de hormônios femininos que o leva a se sentir atraído por outros homens, não significa que isso seja um aval para fazer o que bem entender, especialmente se for um cristão.

Mesmo porque há também homens que nascem com um excesso de hormônios masculinos, o que os torna extremamente agressivos e atraídos por qualquer mulher que passe na frente. Seria isso um aval para ele agir como seus instintos ordenam? Certamente alguém que se sujeita a ser guiado por Deus e pela sua Palavra não irá ser guiado por meros instintos, como fazem os animais.

Resumindo tudo, se você acredita no que acredita, se você acha que deve viver como homossexual e ninguém tem nada a ver com isso, esse é um problema seu e algo que deve tratar com Deus, não comigo. Se um dia eu vier a encontrá-lo pessoalmente irei respeitá-lo como qualquer ser humano deve ser respeitado, independente de suas crenças ou inclinações sexuais.

Só acho que ao dirigir a mim a cópia de um e-mail que enviou a outras pessoas fazendo afirmação de sua opção homossexual, só posso deduzir que esteja querendo me convencer de suas ideias ou que não esteja muito seguro delas, já que não me lembro de termos conversado ou tido algum contato anterior, pessoalmente ou por e-mail.

Como eu disse no início, a Bíblia mostra claramente que a prática que você defende é contrária à vontade de Deus e, ao querer colocar o aval de Deus sobre suas próprias interpretações da Bíblia isso só deixa você numa situação mais complicada perante ele. Não apenas terá de explicar sua forma de agir, mas também sua tentativa de distorcer sua Palavra para ela se encaixar naquilo que você pensa, que você chamou de “verdade que creio para mim”. Sim, é a sua verdade e você pode até acalentá-la, mas não passa nem perto de ser a verdade de Deus que ele expressou em sua Palavra.

“Porventura, a palavra de Deus se originou no meio de vós ou veio ela exclusivamente para vós outros?” (1 Co 14:36).


A Bíblia proíbe o ministério das mulheres?

O texto que enviou tenta provar que a ordem dada em 1 Coríntios 14:35, para as mulheres ficarem caladas nas igrejas, e em 1 Timóteo 2:11, 12, para as mulheres não ensinarem os homens ou exercer autoridade sobre os mesmos, têm validade apenas no contexto da cultura da época.

Na continuidade o texto apresenta os casos em Romanos 16 de Febe, que servia à igreja de Cencréia, de Priscila, que colaborava com Paulo, de Maria, que muito trabalhava entre os irmãos, e ainda cita 1 Coríntios 11:5 para tentar provar que as mulheres profetizavam na igreja.

Aparentemente há um impasse aqui, não é mesmo? na verdade não há impasse algum para aquele que crê na Palavra de Deus e não precisa apelar para o conhecimento humano para tentar explicá-la. Apenas um detalhe de 1 Coríntios 14:35 coloca a passagem toda na perspectiva correta:

“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação.” (1 Co 14:26).

O detalhe é este: Paulo está ensinando a ordem a ser seguida quando os irmãos se reúnem em Eklésia ou assembleia. Trata-se do ajuntamento solene dos irmãos. Qualquer empresário entenderia isso se você usasse a palavra “assembleia”. Quando uma empresa se reúne em assembleia trata-se de uma ocasião especial, com uma ordem estabelecida, uma agenda, uma ata, um presidente, um secretário para anotar tudo em ata, etc.

Quando você entende isso, todas as outras passagens ficam perfeitamente claras em cada contexto. A mulher que deve cobrir a cabeça em 1 Coríntios 11 quando ora e profetiza recebe aquela ordem em um sentido geral. Uma vez que a ordem dada em 1 Coríntios 14 especifica que ela deve permanecer calada nas reuniões da igreja, então uma mulher inteligente irá entender que 1 Coríntios 11 se refere a todas as ocasiões exceto à reunião em assembleia.

O mesmo se aplica a todo o trabalho feito pelas irmãs de Roma, pelas filhas de Filipe que profetizaram em sua casa, pelo empenho de Priscila ao lado de seu marido Áquila ou, se voltarmos no período ‘pré-igreja’, o ministério das mulheres que serviram o Senhor e daquelas que Deus escolheu para testemunhar da ressurreição. De repente tudo se encaixa perfeitamente e a harmonia das escrituras é mantida sem precisarmos apelar para a arqueologia, os costumes, as culturas ou as citações de algum teólogo.

O caso de 1 Timóteo também segue o mesmo caminho. Se a Palavra de Deus ensina que a mulher não deve ensinar e exercer autoridade sobre o marido, para mim está claro que esse ensino está relacionado às coisas de Deus, que é o que vem antes no versículo 10 que fala de “servir a Deus”. As mulheres têm um ministério de ensino, como faziam a mãe e a avó de Timóteo ou como elas são exortadas a fazerem em relação às mulheres mais jovens em Tito 2:4.

No mais você irá encontrar as mulheres atuantes em diversas áreas da sociedade, como Lídia, em Atos que era empresária, por exemplo. Basta você ler o que diz da “mulher virtuosa” em Provérbios 31 para ver que Deus coloca a mulher em uma posição muitíssimo mais elevada do que até mesmo algumas mulheres querem para si em nossa época de transformação da mulher em produto de consumo.

O versículo em 1 Coríntios 14 que encerra o assunto do lugar da mulher no momento das reuniões de assembleia parece prever que alguns não iriam querer dar ouvidos ao ensino do Espírito Santo:

“Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor. Mas, se alguém ignora isto, que ignore.” (1 Co 14:36-38).

Será que o autor do texto que você enviou se deu conta de que está tentando invalidar um “mandamento do Senhor”? Sim, porque o texto é claro e não diz “reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos culturais”.

Se adotarmos o argumento cultural para filtrarmos da Bíblia o que devemos ou não aceitar, então o mesmo raciocínio deverá ser utilizado para questões como o sexo antes do casamento ou o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nas culturas mais “avançadas” isso já está fora de discussão, e quem pensar diferente pode até ser processado.

Será que devemos desconsiderar também as passagens da Palavra de Deus que condenam essas coisas, interpretando-as como questões ligadas à cultura de um povo atrasado que viveu na Palestina há dois mil anos?


Podemos perder a salvação?

Você escreveu: “Minha dúvida está no versículo 11 de Apocalipse 3 que diz: ‘Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa.’ Eu fiquei realmente sem saber explicar. Como não se perde a Salvação se encontramos o Senhor dizendo para tomar cuidado para que ninguém roube nossa coroa?”.

A passagem é de uma mensagem dirigida a uma igreja, Filadélfia, não especificamente a uma pessoa. No que diz respeito ao indivíduo, embora não podemos perder a salvação podemos perder muitas coisas associadas a ela, como, por exemplo, o galardão ou prêmio. Além de salvos, seremos recompensados pelo Senhor no céu conforme aquilo que fizermos aqui em nome dele e para ele. É o que diz em 1 Coríntios 3:

(1 Co 3:12-15) — “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade, o Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia como pelo fogo”.

Você escreveu: “Como explicar esta passagem de Hebreus 6:4-6?”.

“Porque é impossível que os que já uma vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século futuro, E recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim, quanto a eles, de novo crucificam o Filho de Deus, e o expõem ao vitupério”.

A passagem refere-se aos judeus (lembre-se de que a carta é aos cristãos hebreus e trata principalmente da necessidade que tinham de abandonar as velhas práticas do judaísmo). Os judeus foram iluminados (a Luz andou com eles), provaram o dom celestial (foram privilegiados com milagres, pães multiplicados, etc.), se tornaram participantes do Espírito Santo (lembre-se de que até Judas fazia milagres com os outros discípulos), e provaram a boa palavra de Deus (o Verbo de Deus andou com eles), e as virtudes ou poder do século futuro e recaíram, isto é, rejeitaram o Filho de Deus. Não há arrependimento para quem passou por tudo aquilo e mesmo assim não creu. Repare que em nenhum momento diz que eles creram. Portanto não trata do crente em Jesus, mas dos judeus que tiveram todos esses privilégios e viraram as costas para Cristo.

Você escreveu: “1 João 3:4-10 fala que o crente não comete pecado. Como pode ser isso? Se pecar perde a salvação?”.

“Qualquer que comete pecado, também comete iniquidade; porque o pecado é iniquidade. E bem sabeis que ele se manifestou para tirar os nossos pecados; e nele não há pecado. Qualquer que permanece nele não peca; qualquer que peca não o viu nem o conheceu. Filhinhos, ninguém vos engane. Quem pratica justiça é justo, assim como ele é justo. Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo. Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não pode pecar, porque é nascido de Deus. Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama a seu irmão, não é de Deus”.

No capítulo 1 da mesma carta diz que quem disser que não tem pecado mente, portanto é preciso entender que devem se tratar de duas coisas diferentes, ou a Palavra de Deus estaria se contradizendo. A chave está aqui:

(1 João 3:9) “Todo o que é nascido de Deus não peca, porque o germe divino reside nele; e não pode pecar, porque nasceu de Deus”. (a tradução assim é mais fácil de entender). Quando você nasce de novo recebe de Deus uma nova natureza que é divina. É a vida eterna que agora você tem porque é nascido de Deus. Essa nova natureza não pode melhorar porque é perfeita, mas você continua com sua velha natureza, que às vezes é chamada de velho homem ou carne, a qual também não pode melhorar. Portanto você tem duas naturezas agora, uma que peca e outra que é impossível pecar. Quando for para o céu só vai com a segunda, porque a primeira já foi condenada na cruz em Cristo.


Você fala do evangelho em suas palestras?

Não, em minhas palestras profissionais falo de temas profissionais como marketing, vendas, carreira, administração do tempo, comunicação, etc. Nem mesmo menciono a Bíblia ou versículos. Aqueles minutos que passo em um cliente estão sendo pagos por ele e não seria correto eu levar um tema que não foi aquele que ele comprou.

Só falo do evangelho se for convidado pela empresa exclusivamente para isso (o que até hoje nunca aconteceu), só que neste caso eu não cobro, mas também não falo em igrejas ou eventos promovidos por denominações e organizações religiosas.

Fico contente por saber que você deseja ser palestrante e que também conhece o Senhor Jesus. A carreira de palestrante é interessante se você tem boas experiências para compartilhar. Só não tente fazer o que mencionou, que é usar as palestras para pregar o evangelho. Se tentar misturar sua fé com a mensagem para a qual foi contratado para falar em uma empresa isso poderá frustrar as expectativas do cliente ou até mesmo criar oposição se ele tiver uma crença diferente. Você não está sendo pago para isso.

Nesse segmento a única “espiritualidade” que o pessoal quer receber é do tipo espiritualismo motivacional. Se você citar Chico Xavier, o Dalai Lama do Tibete ou algum monge budista todo mundo vai achar bom, mas se falar do evangelho vai ter problemas por motivos óbvios: o evangelho puro mostra que o homem é pecador destinado ao inferno e precisa de um Salvador que morreu pregado numa cruz. Não é muito motivacional ouvir que somos pecadores, e que vamos ao inferno a menos que sejamos salvos por um perdedor segundo o conceito dos homens, não é mesmo?

A verdade não é bem-vinda neste mundo, e para fazê-la bem-vinda o jeito é diluir e açucarar a mensagem para apelar para as concupiscências da carne, como fazem alguns pastores que pregam prosperidade, saúde e sorte no amor. É claro que esses fazem sucesso porque todo mundo quer estas coisas, mas o próprio Senhor testificou que não confiava em quem ia atrás dele por causa do pão que ele multiplicava.


Jesus foi pregar no inferno?

Não, essa ideia decorre de uma interpretação errônea das passagens em 1 Pedro 3:19 e 4:6. Vou acrescentar comentários [entre chaves] para você entender melhor o significado do texto:

“Porque também Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus; mortificado, na verdade, na carne, mas vivificado pelo Espírito; No qual [Espírito] também foi, e pregou [por intermédio de Noé] aos espíritos [Agora] em prisão; Os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas (isto é, oito) almas se salvaram pela água… Porque por isto foi pregado o evangelho também aos [que hoje estão] mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito;”

Alguns acham que Jesus tenha descido ao Hades após sua morte para pregar aos condenados, mas não creio que seja assim. Que bem faria tal pregação? Para mim está bem claro quem pregou para aquelas pessoas: Noé.

Não quer dizer que o Senhor tenha ido pregar em algum lugar entre sua morte e ressurreição como acreditam alguns. O versículo diz que, no Espírito, Jesus pregou aos espíritos [Agora] em prisão, os quais foram rebeldes à pregação de Noé. Em outras palavras, Noé pregou no Espírito de Cristo às pessoas de seu tempo, mas elas não creram, o que significa dizer que, por meio de Noé, era o próprio Senhor que estava falando a eles.

Digamos que hoje você pregue o evangelho a uma pessoa, ela não aceite, morra e vá para o hades. Pode-se dizer que você pregou a ela no Espírito de Cristo, ou seja, como se fosse ele mesmo pregando a ela, não depois de morta, mas enquanto ainda vivia.

Não sei se fui claro. De qualquer modo, o Senhor não foi ao inferno ou ao hades pregar, mas as pessoas que estão lá já foram avisadas quando ainda viviam, seja por Noé ou por qualquer outro servo de Deus que tenha pregado no mesmo Espírito do Senhor. Isso tampouco dá qualquer ideia de purgatório, como querem alguns.


Pode Lúcifer ser a estrela da manhã?

O trecho que gerou sua dúvida está em Isaías 14:12-17: “Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações! E tu dizias no teu coração: Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo. E contudo levado serás ao inferno, ao mais profundo do abismo. Os que te virem te contemplarão, considerar-te-ão, e dirão: É este o homem que fazia estremecer a terra e que fazia tremer os reinos? Que punha o mundo como o deserto, e assolava as suas cidades? Que não abria a casa de seus cativos?”

O nome “Lúcifer” não aparece em todas as traduções da Bíblia, e significa portador de luz. Quanto à expressão “estrela da manhã”, os anjos são identificados como “estrelas da manhã” em Jó 38:7, portanto não há nada errado em se utilizar a expressão para anjos, sejam eles caídos ou não. Você não concorda que no trecho a expressão seja atribuída a Satanás, mas eu teria maior dificuldade em aplicar a um homem uma expressão que aparece ora aplicada a Jesus, ora a anjos, mas não a homens.

O fato de Jesus ser também chamado de Estrela da Manhã em Apocalipse 22:16 não desautoriza a aplicação da expressão aqui a Satanás, mas apenas confirma o papel de imitador do diabo. Repare que em Apocalipse você encontra uma trindade satânica, com o diabo, a besta e o anticristo.

É preciso ainda entender que muitas passagens proféticas são cheias de símbolos e nem sempre fazem sentido se tomadas ao pé da letra. Pegue, por exemplo, os Salmos, que tanto podem expressar os sentimentos dos salmistas (sim, há outros além de Davi), como também os sentimentos de Cristo.

Uma das formas de se encontrar o verdadeiro sentido na Bíblia é perguntar: “Onde posso ver Cristo nesta passagem?” Ao fazer isso as coisas ficam mais claras, já que entendemos que Jesus é o espírito da profecia, e a Bíblia toda foi escrita por causa dele e fala dele. Ele próprio disse isso aos dois discípulos no caminho de Emaús no final do evangelho de Lucas.

Na passagem de Isaías eu vejo Jesus inserido no contexto, pois encontro aqui aquele que é seu antagonista, aquele que deseja ter a preeminência que só pertence a Cristo, e isso não apenas na terra, mas nos céus (repare que a cena toda é transportada do rei de Babilônia na terra para as esferas celestiais). Seria estranho o rei de Babilônia dizer que subiria acima das nuvens e seria semelhante ao Altíssimo. O próprio Jesus faz referência ao episódio de Isaías 14 em Lucas 10:18: “Vi Satanás, como raio, cair do céu”.

Portanto, creio que este trecho seja um parêntese, pois parece se referir, não especificamente ao rei da Babilônia, mas àquele que movia o rei de Babilônia, ou seja, Satanás. No episódio em que Pedro nega que Jesus seria traído, julgado e morto, o Senhor repreende a Pedro como se estivesse falando com o diabo que estaria movendo Pedro a dizer aquilo.

Portanto, quer você acredite que o trecho fale literalmente de Satanás, ou ache que a “estrela da manhã” aqui esteja limitada a descrever o rei de Babilônia, creio que ambos concordamos que quem está por trás desses sentimentos é Satanás, a antiga serpente. O Senhor poderia dizer também aqui, ao rei de Babilônia o que disse a Pedro: “Para trás de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens” (Mt 16:23).


Você jogou fora seus livros quando se converteu?

Você deve ter lido a história de minha conversão. A resposta é sim, aconteceu exatamente como está escrito lá com minha biblioteca de livros esotéricos e afins. Mesmo sem saber na época, aquilo que fiz tinha fundamento bíblico:

(Atos 19:19) “Também muitos dos que seguiam artes mágicas trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos e, feita a conta do seu preço, acharam que montava a cinquenta mil peças de prata”.

Tem muita gente que escreve que também trilhou o caminho esotérico antes de encontrar o Senhor. O engraçado é que quando algum esotérico lê meu testemunho acha que está tudo bem, que tudo faz parte de meu processo “evolutivo”.

Quanto aos livros, há livros e livros. Os que joguei fora eram livros espiritualistas que tinham o claro objetivo de exaltar o homem e diminuir o Salvador e sua obra na cruz. É fácil descobrir se um livro é bom ou ruim do ponto de vista de Deus. Basta você perguntar: “exalta a Deus ou ao homem?” Os livros espiritualistas ou esotéricos exaltam o homem, pois dão a ele o mérito por sua “elevação”, “evolução espiritual” ou qualquer outro nome que deem a isso.

Um livro baseado na Bíblia irá exaltar a Deus e colocar o homem no seu devido lugar: um pecador perdido incapaz de se salvar e que depende da graça e misericórdia de Deus. O problema é que hoje você encontra muitos livros ditos “evangélicos” que nada mais são do que um espiritualismo com etiqueta protestante. Não passam de livros de autoajuda, que incentivam o cristão a fazer obras para obter ou manter sua salvação.

Depois de minha conversão cheguei a abrir uma pequena livraria evangélica numa sala na frente de meu escritório de arquitetura, mas era uma tarefa difícil que me dava prejuízo escolher o que vender, pois era obrigado a comprar e ler o livro antes de colocá-lo à venda, para ter a certeza de estar oferecendo algo de valor. Meu sustento vinha de minha profissão de arquiteto, portanto a livraria era uma espécie de hobby e também uma forma de evangelismo.

Nela continuei me livrando de livros que percebia serem veneno de rato: 99% milho e 1% estricnina, hábito que tenho até hoje, principalmente com livros que abordam temas espirituais. Acho que isto responde a sua outra pergunta que é do quanto de proveito há em se ler um livro deliberadamente contrário à Bíblia apenas para buscar nele alguma coisa positiva. Não me sinto a vontade em manter ou dar a alguém algum livro no qual encontro doutrinas claramente anticristãs, como negar a suficiência de Cristo ou até mesmo sua divindade, como já vi alguns fazerem. É claro que aqui estou me referindo aos livros descaradamente ‘antibíblicos’ ou ‘anti Cristo’, já que apenas a Bíblia é livre de erros.

Para falar a verdade, devo ter em minha estante uns dois ou três livros “espiritualistas”, mas que estão lá só porque me foram presenteados pelos autores e autografados por eles. Seria indelicado se eles descobrissem que me livrei de seus livros, não é mesmo?

Quanto aos livros de outras categorias, como científicos, de história, ficção, acadêmicos, etc., tenho vários, pois nada mais são do que a cultura normal deste mundo, a qual precisamos adquirir até para poder estudar e trabalhar. O cristão sabe que tudo o que há no mundo (inclusive sua cultura) não provém de Deus, mas do mundo (pois a Palavra assim o diz), bem como toda a tecnologia e tudo mais (até mesmo este computador no qual escrevo). São as coisas que o homem precisou inventar para amenizar o fato de ter decidido viver independente de Deus.


Existem erros no texto da Bíblia?

Sua dúvida está nas contradições que encontrou nos textos abaixo:

Qual a idade de Acazias?

(2 Rs 8:26) “Acazias tinha vinte e dois anos quando começou a reinar”.

ou

(2 Cr 22:2) “Tinha quarenta e dois anos quando começou a reinar [Acazias]”.

Quantos cavalos tinha Salomão?

(1 Rs 4:26) “Tinha Salomão quarenta mil cavalos em estrebarias para os seus carros”.

ou

(2 Cr 9:25) “Tinha Salomão quatro mil cavalos em estrebarias para os seus carros”.

É bem provável que estes sejam erros de transcrição que, obviamente, não comprometem o texto todo. É preciso lembrar que todos os textos que temos hoje são cópias de cópias, ou seja, nenhuma bíblia foi feita com base no manuscrito original. Por exemplo, ninguém tem os manuscritos de Moisés, ou de Davi, ou dos profetas, mas apenas cópias. As coisas se estragavam com o tempo e era preciso fazer novas cópias. Com isso é normal que alguns copistas se distraíssem e pode ser o caso aqui, embora geralmente a Bíblia seja feita com base em mais de uma cópia de manuscrito justamente para comparar e evitar coisas assim.

No caso da idade de Acazias existe um consenso de que o copista de 2 Crônicas errou e escreveu “quarenta” onde devia escrever “vinte”. Fazemos isso o tempo todo, quando fazemos um “7” que pode se parecer com “1” ou um “m” que pode ficar parecido com “n”. Lembre-se de que era tudo feito à mão.

No caso dos cavalos, os comentários que encontrei são que podem estar tratando de coisas diferentes ou podem ser também erro de cópia, já que “arbaim” (quarenta) e “arbah” (quatro) podem ser confundidos. Ou então em um caso está falando de quantos cavalos havia em todas as estrebarias (40 mil), e no segundo o número de cavalos em cada estrebaria (4 mil).

De qualquer modo estes são detalhes que não colocam em dúvida a totalidade da mensagem das Escrituras e podem ocorrer em qualquer cópia ou transcrição, já que são homens que fazem isso.


Devemos voltar ao cristianismo primitivo?

Fui ao site que mencionou (em inglês) e corri os olhos em alguma coisa, mas me pareceu que a ênfase é dada à forma, não ao cerne da questão. O importante não é como nos reunimos, mas sobre que base nos reunimos, e aí é que entra a questão. Há muitas reuniões em casas ou sem denominação por aí, mas isso é apenas adotar a forma de reunião. O fundamento é que há um só corpo e que todos os salvos fazem parte deste mesmo corpo, e que nesse corpo não há independência.

Portanto, qualquer reunião, mesmo sem denominação ou que tenha o objetivo de retornar ao cristianismo primitivo, não passará de mais uma forma exterior de se adotar algumas práticas e costumes se não reconhecer a unidade do corpo de Cristo, o Senhorio de Cristo e a unidade. Ou seja, a interdependência do corpo.

Outra coisa que me chamou a atenção no texto que li foi a questão dos apóstolos. Biblicamente falando apóstolos já não existem mais, assim como profetas no sentido da igreja do Novo Testamento. Se você ler Efésios 2 verá que eles fizeram parte do fundamento, juntamente com Cristo, a Pedra angular. Uma vez construído o fundamento, o que vem depois são os outros dons, mas não mais apóstolos e profetas (os outros são evangelistas, pastores e mestres).

Você escreveu: “Deixa eu lhe perguntar algo sobre a ceia. Todos os domingos vocês praticam este ato. A ceia é somente a ceia, não há uma mistura de reuniões no período em que ela está sendo realizada?”.

Sim, a ceia é celebrada todo primeiro dia da semana, pois é assim que encontramos na Palavra. Não é uma reunião de ministério ou de oração para pedir algo, mas de adoração. Então passamos o tempo cantando hinos, adorando e dando graças. Aí um irmão vai e dá graças pelo pão, que é partido e passado adiante, para que cada irmão em comunhão pegue um pedaço e coma. Depois o irmão dá graças pelo vinho, que todos bebem. Em seguida é feita uma coleta como vemos em Coríntios, onde cada um coloca secretamente o que tiver proposto em seu coração. Como não há pastores ou obreiros assalariados, aquele dinheiro vai servir para as necessidades dos santos e para despesas da obra do Senhor.

Você escreveu: “E se, por exemplo, um irmão (como eu) que fico um ou dois finais de semana fora de casa, como farei para participar dela se eu estiver só e não conhecer irmãos naquela localidade?”.

A ceia é celebrada onde há assembleias reunidas. Eventualmente uma assembleia pode autorizar um irmão, que viaje para visitar outro, que parta o pão com esse irmão lá. Pode ser o caso também de um casal se mudar para outra cidade ou país onde não há irmãos reunidos e seja longe demais para participar regularmente da ceia. Neste caso a assembleia de origem pode autorizá-los a celebrar a ceia, não como uma assembleia, mas como se estivessem em trânsito.

É preciso entender que para existir uma assembleia em uma localidade é preciso que existam dois ou três reunidos. Como a assembleia também irá exercer a autoridade delegada pelo Senhor, é preciso que pelo menos dois desses sejam homens, para poderem falar nas reuniões onde são tomadas decisões, já que 1 Coríntios 14 deixa claro que as mulheres não devem falar nas reuniões da igreja. Duas ou três mulheres podem até se reunir regularmente em um lugar para ler e orar (acho que em Belo Horizonte começou assim), mas não compõem uma assembleia, não se trata de uma reunião da igreja.

Você escreveu: “Em suas reuniões vocês deixam o Espírito Santo dirigir a reunião sem que haja uma escala para pregadores ou um dirigente de reunião?”.

Sim, é dada liberdade para o Espírito usar quem ele quiser. Obviamente essa “liberdade” não significa liberar geral, porque muitos irmãos podem não ter o dom de ministrar ou podem ser novos e não conhecer a Palavra. O “falem dois ou três e os outros julguem” de 1 Coríntios 14:29 é para valer. Se eu disser algo que esteja errado pelas Escrituras, estou sujeito a ser interrompido (se for algo grave) ou algum irmão vir conversar comigo depois para me corrigir, caso não seja algo muito sério.

Você escreveu: “As irmãs permanecem caladas ou há algum tipo de reunião em que elas possam falar? Sem ser escola dominical.”.

Sim, é isso que a Palavra de Deus ensina. As reuniões da assembleia são as de adoração (Ceia), oração e doutrina dos apóstolos (ministério). Veja Atos 2:42: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. A escola dominical não é uma reunião da assembleia. Há irmãs que ensinam as crianças, mas quando se trata de grupos de jovens ou adultos o correto é que seja um irmão para ensinar.

A pregação do evangelho também não é uma reunião da assembleia, já que é voltada para os de fora, os incrédulos e convidados. Aí é um irmão que vai à frente pregar. Em alguns lugares isso é deixado para o irmão que quiser, em outros é organizada uma escala pelos próprios irmãos que pregam o evangelho (não se trata de uma reunião de assembleia, portanto é uma iniciativa dos que pregam).

Você escreveu: “Suponhamos que eu os visite e o Senhor me direcione a se reunir com os irmãos, como eu faria se não há um grupo de irmãos aqui em minha cidade?”.

Você iria pedir seu lugar à comunhão e aguardar ser recebido à mesa do Senhor da localidade mais próxima de você, e seria lá que iria partir o pão se fosse possível se deslocar. Em casos quando esse deslocamento fosse impossível, a assembleia à qual você estaria ligado decidiria como fazer. Em alguns casos poderia ser decidido que você partisse o pão com sua esposa, se ela também estivesse em comunhão (essa é uma decisão individual), em outros casos não. Não existe uma regra, é preciso buscar a direção do Senhor caso a caso.

Você escreveu: “Penso que o Senhor tem me orientado a deixar a denominação, mas, como lhe perguntei anteriormente onde me reunir, e você disse para eu não fazer nada sem antes buscar a orientação do Senhor porque ele tem os seus meios de nos orientar para que tomemos uma direção, penso que o melhor é esperar.”.

Sim, eu nunca convido pessoas a se reunirem onde me reúno, porque não há base bíblica para um convite assim, do tipo “venha à minha igreja”, como se vê por aí. É cada um que deve perguntar ao Senhor aonde deve ir e decidir isso por si mesmo, em comunhão com ele. Eu prego o evangelho e insisto para que as pessoas creiam no Salvador, porque isso sim é um convite bíblico, mas não há qualquer fundamento em querer “pregar para conseguir membros” para alguma coisa.


Deus destinou os negros para serem escravos?

De modo nenhum. Sei que algumas correntes do cristianismo acreditam nisso, embora hoje não falem abertamente por se tratar de discriminação racial, mas um exame mais acurado dos textos bíblicos revela não existir qualquer discriminação de cor promovida ou aceita por Deus. Mesmo nos tempos bíblicos a ideia de escravidão baseada na cor da pele era algo desconhecido e que só veio a ser adotado muitos séculos mais tarde inicialmente pelo islamismo e depois pelos povos ocidentais.

Há várias teorias sobre a origem das diferentes raças e cores dos seres humanos. Uma das mais conhecidas é a que define os três filhos de Noé, Sem, Cão e Jafé, como a origem dos povos semitas (árabes, israelitas de pele morena), negros e brancos, respectivamente. O problema com essa interpretação é que foi ela serviu de pretexto para a escravidão dos tempos coloniais, pelo fato de acharem que Cão, o filho amaldiçoado por Noé, fosse negro ou que seu filho Canaã fosse ancestral dos povos negros. Vamos ver o trecho:

(Gn 9:18-27) “E os filhos de Noé, que da arca saíram, foram Sem, Cão e Jafé; e Cão é o pai de Canaã. Estes três foram os filhos de Noé; e destes se povoou toda a terra. E começou Noé a ser lavrador da terra, e plantou uma vinha. E bebeu do vinho, e embebedou-se; e descobriu-se no meio de sua tenda. E viu Cão, o pai de Canaã, a nudez do seu pai, e fê-lo saber a ambos seus irmãos no lado de fora. Então tomaram Sem e Jafé uma capa, e puseram-na sobre ambos os seus ombros, e indo virados para trás, cobriram a nudez do seu pai, e os seus rostos estavam virados, de maneira que não viram a nudez do seu pai. E despertou Noé do seu vinho, e soube o que seu filho menor lhe fizera. E disse: Maldito seja Canaã; servo dos servos seja aos seus irmãos. E disse: Bendito seja o Senhor Deus de Sem; e seja-lhe Canaã por servo. Alargue Deus a Jafé, e habite nas tendas de Sem; e seja-lhe Canaã por servo”.

Mas a Palavra de Deus não diz qual era a cor da pele dos filhos de Noé, portanto é pura especulação acreditar que a divisão das cores características das raças tenha se originado nesse episódio da Bíblia. O mais simples e honesto é admitir que diferentes povos originários desses primeiros habitantes do mundo pós-diluviano tenham se isolado em diferentes regiões e, como consequência desse isolamento, tenham realçado certas características e debilitado outras.

É muito fácil perceber isso quando vemos que todas as raças de cães vêm basicamente de um mesmo cão selvagem mais parecido com o lobo. Através do isolamento e do cruzamento seletivo foram conseguidas diferentes raças com características marcantes. Por exemplo, se você separar de uma ninhada apenas os cães com uma determinada cor e for cruzando esses e sempre selecionando cães com as mesmas características, no final você chegará a uma raça na qual todos os descendentes são praticamente iguais. Isso é feito com animais, peixe, insetos, vegetais, qualquer coisa viva. O mesmo pode ter acontecido com os seres humanos. Com os estudos atuais de genética muitos cientistas já admitem que não existe mais que uma raça, a humana.

O mais importante é perceber que, na Bíblia, Deus não faz distinção de pessoas pela cor da pele. Ele obviamente escolheu um determinado povo em Abraão, depois escolheu novamente as doze tribos e vez ou outra destacava este ou aquele povo, esta ou aquela nacionalidade, mas não encontro distinções baseadas na cor da pele.

Curiosamente, o primeiro gentio (não judeu) a se converter depois da formação da igreja em Atos foi um etíope, provavelmente negro, que era eunuco (castrado), ou seja, alguém que jamais poderia ser admitido no Templo de Jerusalém, não por ser negro, mas por ser gentio e castrado. Provavelmente as primeiras igrejas na África surgiram através do ministério desse eunuco, que era alguém proeminente na corte de uma rainha africana.


Posso me tatuar para a glória de Deus?

Sei que há muitos irmãos fiéis ao Senhor que usam tatuagem, portanto este é um assunto que não gostaria de transformar em polêmica. O cristão certamente não vive segundo uma lista de regras e mandamentos como viviam os israelitas, mas é sempre bom procurar saber o que o Senhor acha dos costumes que adotamos, e isso não se limita a tatuagem, mas a qualquer coisa que possa ser de auxílio ou empecilho para o testemunho de Deus neste mundo.

Sim, você tem razão ao observar que a palavra “tattoo” que aparece na versão King James se refere a marcas infligidas ao próprio corpo nos rituais pagãos, e não às tatuagens da moda. Mas me parece que esse argumento já é suficiente para o cristão não aderir à moda: sua origem. Dei uma olhada na Wikipedia e aprendi que é mesmo essa a origem da tatuagem: rituais das religiões pagãs. Será que devo adotar para a glória de Deus uma prática com uma origem assim e que não encontra qualquer paralelo nas Escrituras?

Você citou um versículo para, talvez, dar um pouco mais de peso ao argumento pró-tatuagem: “E no manto e na sua coxa tem escrito este nome: REI DOS REIS, e Senhor dos senhores.” (Ap 19:16).

Considerando que não se faz tatuagem em mantos de tecido, isso está mais para uma declaração do que para uma tatuagem. Além disso, é bom prestar atenção ao contexto:

“E seus olhos eram como chama de fogo… estava vestido de uma veste tingida em sangue… de sua boca saía uma espada aguda… ele as governará com vara de ferro, e pisa o lagar do vinho do furor e ira do Deus Todo-poderoso… E em sua veste e em sua coxa tinha escrito este nome, Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.

“Chama de fogo”, “tingida de sangue”, “de sua boca saía uma espada”, “com vara de ferro”, “pisa o lagar do vinho”… Certamente não podemos levar tudo isso no sentido literal, e o mesmo deve ser feito com o que traz no manto e na coxa.

Creio que em nenhum momento a intenção de Deus foi mostrar que fica bem escrever na coxa ou endossar a tatuagem. Ocupar-se com o veículo ou meio é perder de vista a mensagem. É como abrir a Bíblia para prestar atenção no papel, na encadernação… Neste caso, pensar em tatuagem é perder de vista o verdadeiro objetivo da passagem, que é deixar claro tudo aquilo que envolve Cristo e sua força, que ele é “Rei dos reis e Senhor dos senhores”. Deus não está nos dizendo: “Vejam que tatuagem bonita”, mas “Vejam quem é Jesus”.

O fato de não estarmos debaixo da Lei e, seguindo o seu raciocínio, não precisarmos mais obedecer a mandamentos como o da proibição de se aparar o cabelo e as extremidades da barba (Lv 19:27), não nos dá o aval para fazermos tudo o que quisermos. O cristão faz bem em buscar saber a origem dos costumes que adota e o quanto eles podem influenciá-lo em sua vida e testemunho.

Você argumenta que há muitos cristãos que fazem tatuagem para a glória de Deus, e eu acredito. Os motivos de cada um, Deus conhece, pois ele conhece o coração. Com base nisso você inclui a tatuagem no “qualquer outra coisa” de 1 Corintios 10:31: “Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer OUTRA COISA, fazei TUDO para glória de DEUS.”

Lembrei-me de outro versículo com “outras coisas”: “Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça” (Rm 14:21). Será que se eu fizer uma tatuagem isso poderá servir de tropeço ou escândalo aos meus irmãos?

Outra pergunta que deve ser feita, neste caso referindo-se a fazer tudo para a glória de Deus, é esta: será a tatuagem a forma como Deus quer que eu o glorifique? Os discípulos, quando foram celebrar a páscoa, não fizeram de qualquer jeito ou no lugar que acharam melhor. Eles perguntaram ao Senhor “Onde queres que a preparemos?”. Eis algo que cada um deve perguntar a Deus, ou seja, se um costume que teve início nos rituais pagãos é a melhor forma de glorificá-lo. Em minha opinião, não temos base bíblica para isso.

É sempre bom ficarmos alertas ao nosso coração, pois ele adora nos enganar. Quando adolescente tive aeromodelos. Depois de casado e com os filhos pequenos tive vontade de voltar ao aeromodelismo, mas tínhamos tantas outras prioridades que gastar dinheiro em um hobby naquela hora certamente não era o que o Senhor queria de mim.

Então comecei a maquinar um jeito de “santificar” a vontade própria e passei tentar convencer minha esposa que eu queria fazer aquilo para a glória de Deus, pois pretendia pintar “Cristo Salva” sob a asa do aeromodelo para evangelizar. Obviamente não comprei meu sonhado aeromodelo, mas hoje dou risada de minha artimanha infantil em querer usar o nome de Deus para justificar aquilo que não passava de minha própria vontade.

“Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer OUTRA COISA, fazei TUDO para glória de DEUS.” (1 Co 10:31).


Como evitar a masturbação?

Creio que o problema com a masturbação e com outras práticas está na nossa falha em entender a diferença de como agir quando somos assediados pelo diabo e quando somos assediados pelas tentações da carne e pelo pecado.

Tiago 4:7 diz: “Sujeitai-vos, pois, a Deus, RESISTI AO DIABO, e ele fugirá de vós”. Quando somos atacados pelo diabo, seja por circunstâncias adversas como aconteceu com Jó seja por insinuações doutrinárias, devemos resistir. Devemos lutar aquela luta que é travada nos lugares celestiais, contra as hostes e potestades do mal. Deus nos dá uma armadura para isso e estamos bem equipados.

Mas quando o assunto é o pecado e as tentações, não existe uma exortação para resistirmos a elas simplesmente porque não conseguimos. Só de pensar em uma tentação fica mais propenso a cair nela, porque ela encontra uma resposta em minha carne. Apesar de o crente ter hoje o Espírito Santo de Deus habitando em si, ele ainda tem também sua velha natureza ocupando o mesmo corpo, e não pode ser ingênuo ao ponto de querer controlá-la pela força de vontade. Não podemos.

Então a resposta de Deus para o pecado especificamente da carne é: “FUGI da prostituição.” (1 Co 6:18). Quando José, no Egito, foi assediado pela mulher de Potífar (Gn 39), ele não se sentou ao lado dela para discutir o assunto, mas correu, FUGIU. Não há como dialogar ou discutir com a tentação, mas há como evitar em boa medida os seus ataques. No caso da masturbação, é muito claro que situações insinuantes, filmes, novelas, revistas, fotos na Internet e um sem número de apelos podem despertar o desejo, por isso o crente deve fugir dessas coisas.

Mas é importante entender que, embora devamos evitar essas coisas, não é evitando elas que temos melhor comunhão com Deus, mas o caminho é inverso. Se estivermos em boa comunhão com Deus, vamos querer evitá-las. Neste caso o ato de fugir será uma consequência de andar perto de meu Senhor.

(Gl 5:16) “Digo, porém: Andai em Espírito, e não cumprireis a concupiscência da carne; Porque a carne cobiça contra o Espírito, e o Espírito contra a carne; e estes opõem-se um ao outro, para que não façais o que quereis. Mas, se sois guiados pelo Espírito, não estais debaixo da lei.”


Mulheres podem ser pastoras?

Sua pergunta precisa ser contextualizada antes de ser respondida. Normalmente, quando se pergunta se uma mulher pode ser pastora de uma igreja o que a pessoa está querendo dizer é se uma mulher pode dirigir uma congregação nos moldes daquilo que encontramos no protestantismo, que nada mais é do que uma herança do catolicismo. Neste contexto, nem homem nem mulher poderiam ser pastores, simplesmente porque esse modelo de alguém dirigindo uma congregação não existe na doutrina dada pelos apóstolos.

Porém a pergunta geralmente é uma reação ao que ensina 1 Coríntios 14, quando diz que as mulheres devem ficar caladas nas igrejas, pois não lhes é permitido falar. Então, seguindo o raciocínio do modelo de uma pessoa dirigindo uma congregação, como seria possível uma mulher fazer isso se ela estivesse impedida de falar na igreja? É particularmente difícil explicar tudo isso quando a cristandade se afastou tanto da simplicidade do texto bíblico, adotando a ideia de “igreja” como uma denominação ou instituição religiosa, e “pastor” como uma profissão, cargo ou função de liderança de uma congregação.

Antes de qualquer coisa, entenda que “igreja”, biblicamente falando, tem dois significados. Pode significar o corpo de Cristo, composto por todos os salvos, e pode significar também a assembleia dos cristãos quando estão reunidos ao nome de Jesus. O significado de instituição denominacional, de templo ou qualquer outra coisa semelhante é estranho às Escrituras.

Mas, voltando ao seu e-mail, você enviou o texto de um autor que tenta dar respaldo a um cargo de pastor para mulheres, obviamente não apenas pensando nelas como dirigentes de congregação, mas também como pregadoras nas reuniões da igreja (repito, duas ideias inventadas pelo homem). Vou comentar alguns trechos do texto que você enviou.

Você escreveu: “É fato que o Apóstolo Paulo em sua epístola, faz algumas restrições às manifestações das mulheres na igreja, mas, antes de generalizarmos estas recomendações Paulinas…”

Não é Paulo quem faz restrições, é o Senhor. (1 Co 14:35) “E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja. Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo SÃO MANDAMENTOS DO Senhor”.

Essa prática de jogar para Paulo a responsabilidade das coisas que Deus falou por intermédio dele abre um precedente para aberrações, como considerar que aquilo que Paulo fala do homossexualismo seja apenas opinião dele, portanto não deve ser levado em conta.

Você escreveu: “É preciso que façamos uma análise da situação feminina diante da cultura oriental.”.

Não. Se condicionarmos a Palavra de Deus à cultura, vamos ser obrigados a acatar o homossexualismo, o aborto, o sexo fora do casamento e tantas outras coisas que eram culturalmente aceitáveis entre os povos pagãos da antiguidade e hoje também o são.

Você escreveu: “Na Bíblia encontramos as mulheres exercendo uma série de atividades eclesiais, por exemplo: servindo na igreja (diaconisas), evangelistas, profetisas, pregadoras, obreiras, etc.”.

Sim, dentro de determinados contextos, como o da família, a casa do pai (as filhas de Filipe), entre mulheres (como as mais velhas que devem ensinar as mais novas), etc. Nunca nas reuniões da igreja.

Você escreveu: “Diante de tantos exemplos, é impossível negarmos o chamado e a unção de mulheres ao pastorado.”.

Só porque a premissa é verdadeira não nos dá a liberdade de chegar a conclusões falsas. Além disso, o autor aqui deve estar tomando a palavra “pastorado” dentro de seu significado denominacional, o qual não é bíblico. Refiro-me a um homem dirigindo uma congregação. Não há tal coisa no Novo Testamento.

Você escreveu: “Inclusive, o mover do Senhor é uma realidade em nossos dias, mesmo que não houvesse nenhuma citação na Bíblia endossando o chamado feminino, ainda assim seria aceitável, desde que revelado pelo Espírito Santo de Deus, o verdadeiro edificador da igreja.”.

Ah, então mesmo que não exista nenhuma citação na Bíblia endossando qualquer coisa, podemos fazer isso desde que chamemos de “mover do Senhor”. Para que usar a Bíblia então, se não precisamos mais de referências tiradas dela para nosso modo de agir?

Você escreveu: “Exponho a seguir uma série de atividades exercidas pelas mulheres, por exemplo, serviram ao Senhor e a sua igreja: ‘Então o anjo continuou: — Não tenha medo, Maria! Deus está contente com você. Você ficará grávida, dará à luz um filho e porá nele o nome de Jesus…’ (Lc 1:30-38)”.

O autor não compreende que a igreja só foi formada em Atos 2. Maria era uma judia que adorava no Templo de Jerusalém e oferecia animais sacrificados a Deus.

Você escreveu: “Recomendo-vos a nossa irmã Febe, que está servindo à igreja de Cencréia… Saudai Priscila e Áquila, meus cooperadores em Cristo Jesus, os quais pela minha vida arriscaram a sua própria cabeça… Saudai Maria, que muito trabalhou por vós” (Rm 16:1-6)..

“E a você, meu fiel companheiro de trabalho, peço que ajude essas duas irmãs. Pois elas, junto com Clemente e todos os outros meus companheiros, trabalharam muito para espalhar o evangelho.” (Fp 4:3)..

Essas serviram, mas não diz que ministravam a Palavra de Deus nas reuniões da igreja, o que era vedado segundo 1 Coríntios 14.

Você escreveu: “’Ela disse ao seu marido: —Tenho a certeza de que esse homem que vem sempre aqui é um santo homem de Deus. Vamos construir um quarto pequeno na parte de cima da casa e vamos pôr ali uma cama, uma mesa, uma cadeira e uma lamparina. E assim, quando ele vier nos visitar, poderá ficar lá’ (2 Rs 4:9-10)”.

Mais uma vez o autor não entende que no Antigo Testamento não existia a igreja e que as epístolas são dirigidas a uma nova ordem de coisas. No Antigo Testamento eles deviam guardar a Lei dada a Moisés.

Você escreveu: “O que ela fez foi perfumar o meu corpo para o meu sepultamento.” (Mt 26:12-13).

Idem. A igreja não existia nos Evangelhos. Jesus veio primeiramente para os seus, os judeus. Viveu como um judeu, cumpriu os rituais judaicos, etc. A igreja ainda era o mistério que seria revelado a Paulo (Efésios) até mesmo depois de seu início em Atos 2.

Você escreveu: “Miriam: ‘A profetisa Miriam, que era irmã de Arão…’ (Êx 15:20); Débora: ‘Débora, mulher de Lapidote, era profetisa…’ (Jz 4:4); Hulda: ‘Então, os sacerdotes… foram ter com a profetisa Hulda.’ (2 Rs 22:14); Noadia: ‘… profetisa Noadia e dos mais profetas …’ (Ne 6:14); Ana: ‘Havia uma profetisa, chamada Ana…’ (Lc 2:36)”.

Outra vez. Profetas e profetizas do Antigo Testamento não tinham nada a ver com a igreja e nem imaginavam o que seria isso. Eles nem mesmo entendiam o que profetizavam. “E todos estes, tendo tido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa, Provendo Deus alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles sem nós não fossem aperfeiçoados” (Hb 11:39).

Você escreveu: “As filhas de Felipe: ‘Ele tinha quatro filhas solteiras que profetizavam’ (Atos 21:9)”.

Sim, na casa de Felipe, não nas reuniões da igreja.

Você escreveu: “Débora: ‘… Era também juíza dos israelitas naquele tempo.’ (Jz 4:4)”

Outra vez Antigo Testamento e Israel.

Você escreveu: “Priscila: ‘Ele começou a falar com coragem na sinagoga. Priscila e o seu marido Áquila o ouviram falar; então o levaram para a casa deles e lhe explicaram melhor o Caminho de Deus’ (Atos 18:26). ‘Mando saudações a Priscila e ao seu marido Áquila, meus companheiros no serviço de Cristo Jesus’ (Rm 16:3). ; Febe: ‘Eu recomendo a vocês a nossa irmã Febe, que é diaconisa da igreja de Cencréia’ (Rm 16:1-2)”

Sim, as mulheres têm um trabalho grande a fazer para o Senhor e a sua igreja, e isso não muda em nada a proibição de 1 Coríntios 14 que é específica para o ministério da Palavra nas reuniões da igreja. (“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina…” — 1 Co 14:26)

Você escreveu: “Havia mulheres evangelistas: ‘Naquele momento chegaram os seus discípulos e ficaram admirados, pois ele estava conversando com uma mulher… Em seguida, a mulher deixou ali o seu pote, voltou até a cidade e disse a todas as pessoas: — Venham ver o homem que disse tudo o que eu tenho feito. Será que ele é o Messias?’ (Jo 4:27-29)”

Esta não podia ter sido uma evangelista porque o dom de evangelista só foi dado depois que Cristo subiu ao céu (“Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, E deu dons aos homens” Ef 4:8). Considerando apenas o papel de falar de Cristo aos outros, isso não invalida 1 Co 14 (embora devemos voltar a lembrar que isso é anterior à igreja, e a ordem dada em 1 Coríntios 14 não é retroativa).

Você escreveu: “‘E a você, meu fiel companheiro de trabalho, peço que ajude essas duas irmãs. Pois elas, junto com Clemente e todos os outros meus companheiros, trabalharam muito para espalhar o evangelho’ (Fp 4:3)”.

Sim, devem ter falado do evangelho às pessoas que encontravam, não nas reuniões da igreja, mesmo porque as reuniões da igreja não são pregações do evangelho. As reuniões da igreja não são para incrédulos, mas para crentes, e são voltadas ao aprendizado da doutrina dos apóstolos e à comunhão dos santos, ao partir do pão (ceia do Senhor) e orações. (Atos 2:42) “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.

Você escreveu: “Vemos mulheres pregando aos judeus no templo, como Ana: ‘e que era viúva de oitenta e quatro anos. Esta não deixava o templo, mas adorava noite e dia em jejuns e orações. E, chegando naquela hora, dava graças a Deus e falava a respeito do menino a todos os que esperavam a redenção de Jerusalém’ (Lc 2:37-38)”.

Outra vez Israel, não igreja.

Você escreveu: “Mulheres estavam presentes na primeira reunião de oração: ‘Eles sempre se reuniam todos juntos para orar com as mulheres, a mãe de Jesus e os irmãos dele’ (Atos 1:14”).

Sim, 1 Coríntios 14 não proíbe as mulheres de estarem presentes nas reuniões de oração, apenas diz que elas não devem falar.


Você lê qualquer livro cristão ou evangélico?

Não, eu procuro selecionar e julgar o que leio, pois hoje existe muito lixo impresso com o nome de “cristão” ou “evangélico”, principalmente coisas que exaltam o homem, autoajuda, etc. Mesmo quando leio autores cristãos procuro julgar tudo e reter o que é bom. Esse julgar tudo inclui me lembrar de que provavelmente o autor seja alguém ligado a algum sistema religioso com alguma denominação que diferencia seus membros de outros cristãos por um nome que não é o de Jesus. Reconheço que Deus pode usar pessoas conforme a sua vontade, e ele usou Elias e Eliseu que estavam, por assim dizer, no lugar errado. Enquanto o único centro estabelecido por Deus para adorar era em Jerusalém, Elias e Eliseu foram profetas de Israel, as dez tribos divididas cujo rei ficava em Samaria.

Portanto, procuro não me esquecer de que, mesmo que se trate de um bom autor cristão, provavelmente seja alguém sob o governo de uma instituição religiosa, que se deixa chamar de “Reverendo” (um título que só cabe a Deus) ou “Doutor em Divindade” (você teria coragem de se achar tal?). Alguns desses autores tratam muito bem das questões da vida do cristão individualmente, porém pisam na bola quando falam do andar coletivo cristão, já que seu pensamento irá contemplar o conceito de “igreja” como uma denominação ou sistema religioso. Ao falar da cristandade como um todo ele provavelmente irá sugerir fazer algo com aquilo que a Palavra de Deus chama de campo de joio e trigo, massa levedada, grande casa onde há vasos de honra e desonra, ou grande árvore onde há aves de toda espécie. Quem está dentro dos sistemas religiosos criados pelo homem dificilmente conseguem enxergar seus erros. Quem está dentro da garrafa não consegue ver o rótulo.

Aconselho que leia atentamente 2 Timóteo e não se esqueça de que a Palavra de Deus nos alerta para os últimos dias, para o tempo quando você encontra de tudo na grande casa da profissão cristã. É preciso ser criterioso, “porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias concupiscências.” (2Tm 4:3). Esse tempo de 2 Timóteo 4 é hoje. Se existe uma sã doutrina, em contraste com aqueles que procuram mestres segundo suas concupiscências, é responsabilidade minha descobrir qual é essa sã doutrina e me apegar a ela.


Devo vender tudo e dividir com outros cristãos?

Sua pergunta está relacionada com o que faziam os primeiros cristãos em Atos dos Apóstolos 4:34-35:

“Não havia, pois, entre eles necessitado algum; porque todos os que possuíam herdades ou casas, vendendo-as, traziam o preço do que fora vendido, e o depositavam aos pés dos apóstolos. E repartia-se a cada um, segundo a necessidade que cada um tinha”.

Não sei se vendiam tudo, pois diz apenas que os que tinham posses faziam isso, mas não era algo compulsório dar o produto da venda, como Pedro vai explicar no capítulo 5 a Ananias e Safira.

Tentar se relacionar hoje com a cristandade ou aqueles que se dizem cristãos nos mesmos moldes de Atos dos Apóstolos (por isso se chama “atos dos apóstolos” e não “doutrina dos apóstolos”) não é mais possível. Aquela era uma época quando o pecado de um cristão era julgado até com a morte (como Ananias e Safira) e com o poder, pelos apóstolos, de entregar alguém a Satanás para a destruição do corpo.

Se tentarmos viver hoje como viviam os primeiros cristãos, especialmente numa sociedade ocidental onde todo mundo se diz cristão, seremos obrigados a fechar os olhos para os alertas da Palavra de Deus sobre a progressão do mal no reino dos céus descrita nos evangelhos (joio x trigo, massa toda levedada, grande árvore com pássaros de todas as espécies em seus galhos, etc.). Não é possível julgar as coisas hoje sem levar em conta que estamos nos últimos dias descritos por Paulo em 2 Timóteo que foi também sua última carta antes de morrer.

A cristandade entre a qual vivemos hoje é aquela descrita em 2 Timóteo 3:

“Sabe, porém, isto: que nos últimos dias sobrevirão tempos trabalhosos. Porque haverá homens amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos, desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural, irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos de Deus, tendo aparência de piedade, mas negando a eficácia dela. Destes afasta-te. Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias concupiscências; que aprendem sempre, e nunca podem chegar ao conhecimento da verdade. E, como Janes e Jambres resistiram a Moisés, assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento e réprobos quanto à fé”.

Paulo escreve isso em continuidade ao que escreveu no capítulo 2, quando exortou Timóteo a se apartar daqueles que tinham alguma má doutrina ou de vasos de desonra. Em uma época quando há tantos enganadores se dizendo cristãos, não posso ser ingênuo ao ponto de acreditar que estamos vivendo nos dias do princípio da Igreja, ou que tudo continua lindo e maravilhoso como numa época em que os sinais e maravilhas eram abundantes, antes que o fermento do pecado viesse a levedar toda a massa, a cristandade se tornasse numa grande árvore com aves de rapina aninhadas em seus galhos e não faltasse joio plantado no meio do trigo.


O que fazer se meu marido é homossexual?

Desculpe-me pela demora em responder, mas não se trata de um assunto fácil. Depois de pensar muito conclui que é preciso entender os dois lados da questão de modos distintos. Do lado dele, essa é uma questão que ele deverá tratar com o Senhor. Neste caso vale para ele o que escrevi sobre o homossexualismo neste e nos outros volumes de “O que respondi”.

Mas esse não é um problema seu. O seu problema é que seu marido está tendo relações extraconjugais, independente do tipo de relações. Que ele está pecando pelo tipo de relações que está tendo, a Palavra de Deus não deixa dúvidas quanto a isso, e que está pecando também por traí-la qualquer um irá concordar com isso. Mas no que diz respeito a você, continuar nessa relação torna você impura. O divórcio é algo que não agrada a Deus, e Malaquias 2:16 diz “Pois eu detesto o divórcio, diz o Senhor Deus de Israel”, portanto trata-se de uma decisão extrema.

Vamos ver o que a Palavra de Deus diz a respeito:

(Mt 5:32) — “Eu, porém, vos digo que qualquer que repudiar sua mulher, a não ser por causa de prostituição, faz que ela cometa adultério, e qualquer que casar com a repudiada comete adultério”.

(Mt 19:9) — “Eu vos digo, porém, que qualquer que repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra, comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério”.

Obs.: Li um comentário que a palavra original para “prostituição” ou “fornicação” nestas passagens abrange qualquer tipo de imoralidade sexual. Por essas passagens entendo que a infidelidade que envolve imoralidade sexual é motivo suficiente para o divórcio. Há outra situação em Coríntios:

(1 Co 7:10-15) “Todavia, aos casados mando, não eu mas o Senhor, que a mulher não se aparte do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com o marido; e que o marido não deixe a mulher. Mas aos outros digo eu, não o Senhor: Se algum irmão tem mulher descrente, e ela consente em habitar com ele, não a deixe. E se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela, não o deixe…. Mas, se o descrente se apartar, aparte-se; porque neste caso o irmão, ou irmã, não esta sujeito à servidão; mas Deus chamou-nos para a paz.”

Isso mostra que devemos a todo custo evitar qualquer separação, entendendo que não existe aqui fornicação envolvida, mas mesmo assim a separação pode acontecer por algum outro motivo e, se acontecer, não deve ocorrer um novo casamento. Há também o caso do cônjuge descrente que se separa, o que não é uma decisão do cônjuge crente, já que não há como segurar alguém que não quer ficar.

Mas em qualquer caso, seja ele envolvendo imoralidade ou não, devemos entender que nosso Deus é um Deus de reconciliação e, quando existem arrependimento e abandono do pecado, deve existir a possibilidade de reconciliação.

Efésios 4:32 diz: “Antes sede uns para com os outros benignos, misericordiosos, perdoando-vos uns aos outros, como também Deus vos perdoou em Cristo”. Isso envolve adultério ou qualquer forma de pecado ou imoralidade, pois não houve pecado grande ou pequeno que Deus não fosse capaz de nos perdoar em Cristo. Todos nós fomos a Cristo com algum tipo de pecado e ele nos salvou. Todos nós estamos sujeitos a cair, mas ele está pronto a operar em nós o arrependimento e nos restaurar:

(1 Co 6:10-11) “Não erreis: nem os devassos, nem os idólatras, nem os adúlteros, nem os efeminados, nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus. E é o que alguns têm sido; mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”.

Apenas isso já bastaria para você ter uma visão bíblica do caminho a seguir, mas existe também algo mais, que é a questão da contaminação. No Antigo Testamento há várias figuras, em especial sobre a lepra, animais mortos, alimentos impuros, etc., que mostram o princípio da contaminação e da separação do mal. Alguém que entrasse em contato com coisas impuras se tornaria impuro, porém um impuro que tivesse contato com coisas santas não ficaria com isso santo. É sempre a degradação que ocorre.

(Ag 2:11-13) “Assim diz o Senhor dos Exércitos: Pergunta agora aos sacerdotes, acerca da lei, dizendo: Se alguém leva carne santa na orla das suas vestes, e com ela tocar no pão, ou no guisado, ou no vinho, ou no azeite, ou em outro qualquer mantimento, porventura ficará isto santificado? E os sacerdotes responderam: Não. E disse Ageu: Se alguém que for contaminado pelo contato com o corpo morto, tocar nalguma destas coisas, ficará ela imunda? E os sacerdotes responderam, dizendo: Ficará imunda”.

Este é o mesmo princípio do qual Paulo fala em 1 Coríntios, quando é descoberto que havia um irmão em comunhão na igreja de Corinto, o qual praticava imoralidade. A sentença é que ele seja colocado fora da comunhão com os irmãos e com ele evite-se até mesmo comer junto.

(1 Co 5) “Geralmente se ouve que há entre vós fornicação, e fornicação tal, que nem ainda entre os gentios se nomeia, como é haver quem abuse da mulher de seu pai… Não sabeis que um pouco de fermento faz levedar toda a massa?… Já por carta vos tenho escrito, que não vos associeis com os que se prostituem… Isto não quer dizer absolutamente com os devassos deste mundo, ou com os avarentos, ou com os roubadores, ou com os idólatras; porque então vos seria necessário sair do mundo. Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”.

Em 2 Coríntios 7 nos dá a entender que, apesar da dureza do tratamento exigido pela primeira carta, isso foi de bênção para os cristãos daquele lugar. É provável que o homem tenha se arrependido e novamente recebido à comunhão, porque é esse o objetivo de qualquer medida disciplinar: a restauração.

Veja que a associação com alguém que se diz irmão e vive em pecado se torna mais grave, pois de uma situação assim é exigido um cuidado que não é exigido nem mesmo no convívio com incrédulos. Porém, como já disse, Deus abomina o pecado e ama o pecador, e devemos fazer o mesmo. O primeiro passo é evitar qualquer contato físico com a pessoa que está vivendo em imoralidade sexual. Depois é preciso que haja uma separação de convívio ou comunhão, para que você não acabe cúmplice ou conivente com o pecado.

Quando a pessoa que está pecando confessa ser cristão e está em comunhão com outros irmãos, é preciso fazer algo a respeito disso porque aí o testemunho de Deus é denegrido. Um incrédulo que saiba da vida imoral que uma pessoa que se diz crente leva, certamente acreditará que isso é natural entre os cristãos, já que essa pessoa continua sendo bem recebida pelos irmãos.

Finalmente, nada disse se faz sem oração e humilhação na presença do Senhor.


O dilúvio da Bíblia foi copiado de lendas de outros povos?

Os fatos apresentados nesse tipo de explicação podem ser vistos de dois ângulos. Você pode, por exemplo, dizer que o dilúvio foi copiado de antigas lendas pagãs (há muitas sobre o dilúvio), ou acreditar que não eram lendas, mas um conhecimento do dilúvio que acabou misturado com sua cultura. O mesmo sobre o Sol e a menção que a Bíblia faz dele em relação a Cristo, como o “Sol de Justiça”, por exemplo. Será que o cristianismo copiou do paganismo a noção de Jesus/Sol ou esse era um conhecimento real e dado por Deus que acabou se mesclando com sua cultura?

O mesmo você pode dizer da ressurreição, do sacrifício vicário, da santa ceia e de tantos outros aspectos do cristianismo que possuem um correspondente no paganismo. O fato de algo ter um correspondente no paganismo não quer dizer necessariamente que o correspondente pagão tenha sido o que surgiu primeiro. Como no caso do dilúvio, primeiro veio o conhecimento divino dado a Noé, e depois as lendas pagãs. O mesmo se pode dizer do monoteísmo. Há religiões pagãs monoteístas, como uma que dominou o Egito em um determinado tempo, ou outra instituída por um rei Inca em sua época. Teria o judaísmo ou cristianismo monoteísta ido buscar a ideia nesses povos ou seria o contrário?

Vários povos antigos tinham a noção de um salvador que viria do céu, e alguns alegam que os Maias tenham se deixado dominar pelos espanhóis por considerarem aqueles homens enormes (nos primeiros encontros eles não entendiam que o cavalo não fazia parte do homem) como o salvador anunciado. Será que o messianismo judaico-cristão emprestou desses povos antigos a ideia de um Messias ou foi o contrário, isto é, esses povos em algum momento do passado tiveram contato com a revelação divina de um Messias e acabaram incorporando isso em suas culturas?

Um excelente livro sobre o assunto é “O Fator Melquisedeque” (“Eternity in Their Hearts”), de Don Richardson, um missionário que encontrou vários exemplos de paralelos cristãos em povos indígenas de todo o mundo. Sua tese é que Deus preparou os homens para as suas verdades e que esse preparo acabou incorporado às suas culturas, de forma que não achassem estranho quando alguém lhes falasse de um dilúvio universal, de um Messias, um Salvador, um sacrifício substitutivo, etc.

O próprio Don Richardson viveu em uma tribo da Nova Guiné onde a porta para a aceitação do evangelho foi o conceito que tinham do “Totem da Paz”, ou seja, quando uma tribo queria ter paz com outra, entregava um de seus filhos, uma criança, que precisava ser criada pela outra tribo. Enquanto a criança vivesse, elas não poderiam guerrear. Quando o missionário disse aos indígenas que Deus entregou o seu filho para fazer a paz conosco, e como o Filho está hoje ressuscitado e não morre mais, é possível ter paz com Deus eternamente, tiveram início as conversões.

Veja um trecho de uma apresentação do livro “Totem da Paz”:

Deus preparou o mundo para o Evangelho.

Uma vez por ano, os artesãos de uma tribo da Indonésia constroem um barco de madeira em miniatura e o levam à beira do rio. O chefe religioso da tribo amarra uma galinha num lado do barquinho e coloca uma lanterna acesa no outro lado. Logo em seguida, cada membro da tribo passa perto do barquinho e coloca um objeto invisível entre a galinha e a lanterna.

Quando se pergunta às pessoas o que deixaram no barquinho, elas respondem: meu pecado. Depois, o chefe deixa o barquinho ser levado pela correnteza do rio, enquanto os expectadores gritam: Estamos salvos! Embora esta cerimônia religiosa não salve ninguém do seu pecado, Don Richardson a vê como exemplo de uma ponte para o conhecimento do Evangelho.

Neste livro, Richardson conta mais 25 histórias fascinantes, que mostram a semente do Evangelho deixada por Deus em cada cultura do mundo. Ele chama este tipo de Revelação Geral de Deus “O Fator Melquisedeque”, usando o nome do sacerdote a quem Abraão prestou homenagem no Livro de Gênesis.

Este livro mudará as ideias de muitos cristãos sobre os povos pagãos e sobre a soberania de Deus.


Israel na terra prometida é a figueira com brotos e folhas?

Israel ainda não voltou oficialmente para a terra, digo, no sentido oficial de Deus. Hoje eles estão lá em uma condição de rebeldia e se mantêm graças à sua teimosia e esforço próprio, mas é claro que Deus continua operando e zelando por seu povo escolhido, mesmo que faça isso dos bastidores. Eu creio que essa manifestação inicial, sem frutos para Deus, seja justamente a figueira com folhas, pois a figueira é símbolo de Israel como nação.

A figueira aparece algumas vezes nas Escrituras. Ela já estava no jardim do Éden em Gênesis 3:7 e foi de suas folhas que Adão e Eva fizeram aventais inúteis para cobrir sua nudez (já que Deus precisou fazer roupas de peles).

O diálogo de Jesus com Natanael parece ter duplo sentido, obviamente referindo-se a Israel: (Jo 1:47-49) “Jesus viu Natanael vir ter com ele, e disse dele: Eis aqui um verdadeiro israelita, em quem não há dolo. Disse-lhe Natanael: De onde me conheces tu? Jesus respondeu, e disse-lhe: Antes que Filipe te chamasse, te vi eu, estando tu debaixo da figueira. Natanael respondeu, e disse-lhe: Rabi, tu és o Filho de Deus; tu és o Rei de Israel”.

Oséias compara os patriarcas de Israel como a fruta temporã da figueira em Oséias 9:10: “Achei a Israel como uvas no deserto, vi a vossos pais como a fruta temporã da figueira no seu princípio”.

A referência que Jesus faz à figueira, além da ocasião em que ele faz a figueira secar, também é clara: Lucas 13:6 “E dizia esta parábola: Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nesta figueira, e não o acho. Corta-a; por que ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; E, se der fruto, ficará e, se não, depois a mandarás cortar.”

A vinha também aparece representando Israel, tanto frutífero, como com seus ramos passando por cima dos muros para alcançar o exterior. (Isaias 5:1-10 e Salmos 80). A Palavra de Deus também usa a figura de uma oliveira para representar Israel em seu aspecto espiritual.


Qual a diferença entre tribulação e grande tribulação?

Nos vídeos “O Evangelho em 3 Minutos” chamei de tribulação o período todo dos sete anos, porque os primeiros três anos e meio também serão difíceis para os que se converterem, e para eles cabe também a admoestação do Senhor “No mundo tereis tribulação”. A primeira metade dos sete anos é chamada de “princípio das dores” (Mt 24:8).

A Bíblia chama de “grande tribulação” a segunda metade desses sete anos (será que podemos chamar de “pequena tribulação” a primeira metade?). Mateus 24:21 fala principalmente dos judeus e da situação na Judeia: “porque nesse tempo haverá GRANDE TRIBULAÇÃO, como desde o princípio do mundo até agora não tem havido e nem haverá jamais”. Simultaneamente as coisas estão acontecendo também no resto do mundo, e Apocalipse 7:14 fala dos gentios desse período: “Respondi-lhe: meu Senhor, tu o sabes. Ele, então, me disse: São estes os que vêm da GRANDE TRIBULAÇÃO, lavaram suas vestiduras e as alvejaram no sangue do Cordeiro”.

Os títulos que uso para as mensagens são apenas para facilitar a divisão dos assuntos, mas nem todos fazem obrigatoriamente parte da nomenclatura usada na Bíblia. Até mesmo nas traduções que temos da Bíblia, os subtítulos em negrito que dividem as diferentes seções foram adicionados depois, portanto não são inspirados e estão sujeitos a erros (já encontrei alguns). Meus títulos também podem estar sujeitos a erros.


Existe perdão para o meu pecado?

Sua aflição parece ser fruto daquilo que acreditam as pessoas com as quais você se congregava, ou seja, que o seu pecado é grave demais para voltar a desfrutar da comunhão com Deus.

A única condição para sermos salvos é reconhecer que somos pecadores, pois “Fiel é a palavra e digna de toda aceitação: que Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores…” E, se continuarmos o versículo, por pior que você se considere, saiba que Paulo era pior “… dos quais eu sou o principal.” Ele entregou à morte muitos dos primeiros cristãos, ou consentia com apedrejamentos como o de Estêvão.

Você certamente já leu esta passagem:

(Jo 8:1-11) “Jesus, entretanto, foi para o monte das Oliveiras. De madrugada voltou novamente para o templo, e todo o povo ia ter com ele; e, assentado, os ensinava. Os escribas e fariseus trouxeram à sua presença uma mulher surpreendida em adultério e, fazendo-a ficar de pé no meio de todos, disseram a Jesus: Mestre, esta mulher foi apanhada em flagrante adultério. E na lei nos mandou Moisés que tais mulheres sejam apedrejadas; tu, pois, que dizes? Isto diziam eles tentando-o, para terem de que o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, escrevia na terra com o dedo. Como insistissem na pergunta, Jesus se levantou e lhes disse: Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra. E, tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão. Mas, ouvindo eles esta resposta e acusados pela própria consciência, foram-se retirando um por um, a começar pelos mais velhos até aos últimos, ficando só Jesus e a mulher no meio onde estava. Erguendo-se Jesus e não vendo a ninguém mais além da mulher, perguntou-lhe: Mulher, onde estão aqueles teus acusadores? Ninguém te condenou? Respondeu ela: Ninguém, Senhor! Então, lhe disse Jesus: Nem eu tampouco te condeno; vai e não peques mais”.

O curioso é que os fariseus afirmam que aquela mulher havia sido surpreendida em adultério, o que significa que havia também um homem com ela. Cadê o homem? Seria ele um fariseu também que estava sendo poupado por seus amigos? Provavelmente. O fato é que a Lei de Moisés mandava apedrejar os dois que fossem pegos em flagrante adultério, mas apenas a mulher é levada a Jesus.

No final, todos eles se afastam porque suas consciências também eram culpadas. Apenas uma pessoa permanece na presença de Jesus, o único que podia atirar a primeira pedra por ser sem pecado. Mas ele não faz isso. Ao contrário, Jesus não condena a mulher. É quando nos colocamos diante do Senhor, confessando e reconhecendo nosso pecado, que podemos ouvir suas palavras de perdão. O companheiro dela ou os outros fariseus não tiveram o mesmo privilégio que a mulher teve. Apesar de terem sido acusados pela consciência de que não estavam livres de pecado, afastaram-se daquele que era o único capaz de perdoá-los e limpar suas consciências.

Se aquela mulher saísse dali e alguém lhe perguntasse: “Então, como fica essa situação de adúltera?”, o que ela poderia dizer? “Não sei não, Jesus disse que não me condena, mas não tenho lá essa certeza…” Ou será que ela podia dizer alegre: “Fui perdoada!”.

Todos os nossos pecados foram julgados em Jesus lá na cruz e nenhum ficou para trás ou para ser resolvido depois. O sangue dele nos purifica de todos os nossos pecados. Obviamente isso não é uma permissão para pecarmos (o Senhor diz à mulher “vai e não peques mais”), mas se pecarmos, temos um advogado diante do Pai intercedendo por nós. O perdão é garantido graças à obra na cruz, e não a nós mesmos ou até à intensidade de nosso arrependimento, mesmo porque o verdadeiro arrependimento é o Espírito Santo que opera em nosso coração.

Não sei quando você se converteu a Jesus, se foi antes ou depois do que contou, mas de qualquer modo é bom entender que quando nos convertemos a Jesus todas as nossas iniquidades são perdoadas e recebemos o Espírito Santo que vem habitar em nós. Se pecarmos depois de convertidos, não perdemos a salvação ou o Espírito Santo, mas perdemos a comunhão com o Pai, como um filho que é colocado de castigo trancado no quarto. Mas, se a casa pegar fogo, adivinhe qual filho o Pai irá correndo salvar?

Portanto, de uma forma ou outra, você pode se considerar liberta pelo sangue de Jesus. Não é por obras que somos salvos, e não é por obras de fidelidade que nos mantemos salvos, e também não é por obras que aplacamos nossa consciência, muito embora tentemos fazer isso. Por isso, a primeira reação nossa quando pecamos é querer fazer alguma coisa para compensar. Nada do que fazemos pode cobrir o pecado e a ocupação com as coisas de Deus também não aplaca a consciência.

A solução? Uma confissão sincera e a confiança de que “… o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado. Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (1 João 1:8-10).

O Salmo 103 pode trazer grande consolo a esse respeito:

(Sl 103:8-14) “O Senhor é misericordioso e compassivo; longânimo e assaz benigno. Não repreende perpetuamente, nem conserva para sempre a sua ira. Não nos trata segundo os nossos pecados, nem nos retribui consoante as nossas iniquidades. Pois quanto o céu se alteia acima da terra, assim é grande a sua misericórdia para com os que o temem. Quanto dista o Oriente do Ocidente, assim afasta de nós as nossas transgressões. Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se compadece dos que o temem. Pois ele conhece a nossa estrutura e sabe que somos pó”.


O cristão deve ser vegetariano?

Essa dúvida costuma surgir naqueles que entram em contato com religiões como o Adventismo do Sétimo Dia, cuja profetisa-mor disse ter recebido uma revelação nesse sentido. Mas não existe base bíblica para isso. Pelo contrário, quando o Senhor apareceu a Abrão, foi recebido com um churrasco, que foi apreciado pelo Senhor e pelos anjos:

(Gn 18:7-8) “Depois correu ao rebanho e escolheu o melhor novilho, e o deu a um servo, que se apressou em prepará-lo. Trouxe então coalhada, leite e o novilho que havia sido preparado, e os serviu. Enquanto comiam, ele ficou perto deles em pé, debaixo da árvore”.

Algumas correntes do cristianismo tentam usar a Bíblia para endossar a alimentação vegetariana, mas isso cai por terra quando examinamos o texto. Um dos argumentos é que no princípio Deus deu as plantas e as sementes como alimento para Adão e Eva, mas basta virar algumas páginas da Bíblia para descobrir que, após o dilúvio, Deus deu também os animais como alimento. O texto diz também que Deus colocou medo nos animais para fugirem do homem.

“E abençoou Deus a Noé e a seus filhos, e disse-lhes: Frutificai e multiplicai-vos e enchei a terra. E o temor de vós e o pavor de vós virão sobre todo o animal da terra, e sobre toda a ave dos céus; tudo o que se move sobre a terra, e todos os peixes do mar, nas vossas mãos são entregues. Tudo quanto se move, que é vivente, será para vosso mantimento; tudo vos tenho dado como a erva verde. A carne, porém, com sua vida, isto é, com seu sangue, não comereis.” (Gn 9:1-4).

Embora existissem restrições para determinados tipos de animais na lei dada através de Moisés, hoje entendemos que eram restrições cerimoniais e também figuras das coisas que eram reveladas. No início da Igreja os apóstolos concluíram, em Atos 15:20, que os que se convertiam deviam se abster de comer carne de animais sufocados (que não foram sangrados) e sangue.

Quanto à dúvida de se comer algum animal que pudesse ter sido oferecido a algum ídolo, Paulo responde em 1 Coríntios 10:27 e também no capítulo 8 que deviam comer de tudo o que fosse servido quando visitassem a casa de algum incrédulo, porém se fossem informados de que se tratava de sacrifício a algum ídolo, então deviam evitar, não por causa de si mesmo, do que estariam comendo, mas por causa de outros que os vissem fazer aquilo e pudessem ser confundidos. As epístolas dos apóstolos trazem várias passagens que tratam de alimentos e, exceto no caso da glutonaria e embriagues, Deus não colocou restrições aos cristãos.

Outro argumento para se evitar carne é relacionado à saúde, e quanto a isso não há muito que discutir. Ao adotar uma dieta vegetariana, a pessoa acostumada a uma dieta rica em carne e gordura animal percebe uma sensível melhora em sua saúde. Isso porque não somos totalmente carnívoros como o leão e o crocodilo, mas onívoros por natureza, como o porco e o urso, que comem de tudo.

Nossa arcada dentária possui dentes caninos, que não são tão desenvolvidos quanto os dos animais exclusivamente carnívoros, e incisivos e molares que também são menos complexos do os dos animais exclusivamente herbívoros. Os dentes já nos dão uma pista do tipo de alimentação que é adequada aos seres humanos, e em que porcentagem. É mais ou menos como a sabedoria de meu tio, que dizia que se Deus quisesse que o homem fumasse teria feito suas narinas viradas para cima, como chaminé.


Devemos comer apenas alimentos crus, como Adão e Eva?

Existe um “reverendo” norte-americano que prega a dieta “Hallelujah Diet” alegando que a alimentação que Deus planejou para o homem é vegetariana e crua. Ele se baseia em Gênesis, porém parece ignorar que aquele tipo de alimento foi dado para quem vivia antes da queda, quando o corpo humano foi radicalmente corrompido pelo pecado e a morte entrou em cena.

A verdade é que a solução para a vida eterna não é está em uma dieta, mas em crer em Jesus como Salvador, e no poder purificador de seu sangue. Quem crê na vida eterna não tem falsas esperanças quanto a este corpo, mas espera a transformação que ocorrerá no arrebatamento ou ressurreição, caso seja pego pela morte antes disso.

Geralmente você encontra dietas vegetarianas e naturistas associadas a alguma filosofia ou doutrina religiosa, e é aí que mora o perigo. Sei disso porque fui vítima de uma dessas dietas doutrinárias. Quando fazia faculdade na década de 1970, tinha sempre problemas de estômago, por isso decidi procurar uma alternativa aos pratos comerciais, tipo dobradinha, feijoada e rabada, que comia em bares e restaurantes de Santos, onde estudava. Passei a comer num restaurante macrobiótico e também numa associação macrobiótica que havia na cidade e logo minha saúde melhorou consideravelmente. As dores de estômago e azia passaram e o cabelo parou de gostar mais do pente do que do couro cabeludo.

Porém, na macrobiótica e em outras dietas fundamentadas em uma filosofia, você acaba sendo atraído para os livros que “explicam” a filosofia por trás daquilo e no pacote vem o engano. Virei um macrobiótico fanático que não comia nada que não fosse integral e dentro dos princípios de equilíbrio yin-yang. Queria atingir o equilíbrio com o Universo, e não conseguia perceber o quanto de engano havia nas aulas que eu costumava frequentar em um restaurante macrobiótico que havia no bairro da Liberdade, em São Paulo. Foi na mesma época que a cantora Tuca morreu, além de outro rapaz, ambos de desnutrição.

Numa das aulas nesse restaurante alguém comentou o caso de um rapaz, macrobiótico ferrenho e frequentador do mesmo local, que estava internado por ter sido atropelado em cima da calçada. A dúvida era o que fazer em casos assim, quando um macrobiótico fosse obrigado a receber transfusões de sangue impuro de algum doador não macrobiótico. A resposta do “mestre” foi que o rapaz devia ter comido algum alimento errado, pois se estivesse realmente seguindo à risca a dieta estaria em harmonia com o Universo e não teria sido atropelado. Naquela época eu não acreditava em Papai Noel, mas acreditava nisso.

Agora que sou cachorro mordido de cobra que tem medo de linguiça, mesmo que seja feita com carne de soja, desenvolvi uma espécie de faro para esse tipo de coisa. Outro dia encontrei um site de um ex-vegetariano que assinala os principais elementos que levam você a identificar um adepto de qualquer doutrina-dieta existente por aí. Ele trata da ortorexia nervosa, que é definida como a obsessão por alimentação saudável. Sim, uma dieta saudável pode virar doença como é a ortorexia nervosa Vou traduzir um trecho onde ele fala da dieta crudívora, mas que pode ser aplicado para identificar as afirmações dos gurus de dietas filosófico-religiosas:

— A alimentação vegetariana crua (raw vegan) é “a mais natural”, “ideal”, “perfeita”, etc.

— Os seres humanos foram criados ou evoluíram para ter uma dieta crua vegetariana.

— Alimentos cozidos são venenosos e/ou alimentos proteicos são tóxicos porque os subprodutos do metabolismo da proteína são prejudiciais ao organismo.

— A alimentação vegetariana crua é capaz de curar qualquer doença ou seu potencial de cura só é limitado pela disciplina do adepto em aplicar seus preceitos.

— A dieta vegetariana crua irá garantir uma saúde perfeita ou tornará você “perfeito” em qualquer sentido, ou “superior” aos demais que comem outras coisas. (Geralmente essa última afirmação de superioridade é mais implícita do que explícita, evidentemente).

— A dieta vegetariana crua fará do mundo um lugar melhor; se todos seguissem a dieta vegetariana crua não haveria problemas sociais no mundo, e atingiríamos um mundo de paz e viveríamos em um paraíso natural. Aqui as expectativas têm dois lados: (1) por fazer a conexão entre corpo e mente a dieta é poderosa e um elemento crítico para a paz e saúde mental; e (2) o estilo de vida que acompanha uma dieta vegetariana crua eliminará comportamentos e Atos de pessoas orientadas para o dinheiro, os quais são a principal raiz dos problemas sociais.

O artigo traz também uma lista das razões pelas quais a dieta vegetariana crua seduz seus adeptos:

— É rica em idealismo e nos faz pensar que o mundo é fácil de ser compreendido.

— É tão boa para ser verdade que o adepto acredita que só pode ser verdade (meu palpite: A doutrina da propaganda de Hitler estava em contar uma mentira tão grande que as pessoas acabariam duvidando que alguém seria capaz de contar tamanha mentira e acreditariam).

— Cria uma falsa sensação de segurança quando você acredita no dogma de que aquela é a dieta “melhor”, “mais natural” e “perfeita”.

— O aspecto social da dieta faz de você uma pessoa singular que acaba conquistando a atenção das pessoas (muito apropriado para pessoas egocêntricas)

— Ao adicionar uma falsa moral à dieta, você acaba acreditando ser moralmente superior àqueles que comem outros alimentos (bom para o ego).

— Para aqueles que sofrem de baixa autoestima a dieta pode proporcionar um movimento com o qual você pode se identificar; pode lhe dar um tipo de identidade própria.

— Alguns aspectos do vegetarianismo-crudismo podem ser comparados à experiência de se filiar a alguma seita religiosa quando você passa a seguir os gurus da dieta.

Evidentemente muitos desses tópicos se aplicam também a algumas religiões pentecostais que pregam que o cristão não fica doente ou, quando fica, é porque não tem fé, pecou ou não ofereceu algum tipo de sacrifício pessoal, físico ou monetário a Deus (em outras palavras, não seguiu a “dieta”). O desapontamento e desilusão que sofrem as vítimas dessas seitas pentecostais não é diferente da sensação de culpa dos adeptos de dietas quando caem enfermos. O ponto é que, convertidos a Cristo ou não, comendo alimentos vegetarianos e crus ou não, este corpo continuará tão arruinado pelo pecado quanto sempre esteve, e seu destino é a degradação e a morte. Uma dieta equilibrada pode dar uma melhor qualidade de vida, evitar algumas doenças e até prolongar a vida do corpo, mas não evitará a doença e a morte que entraram na criação através do pecado. Animais que vivem em seu habitat natural, comendo alimentos naturais e adequados ao seu organismo, também adoecem e morrem.

Recentemente comprei um livro sobre dieta vegetariana crua, escrito por um médico. Por ser escrito por um profissional de saúde eu esperava encontrar nele apenas os aspectos científicos e práticos, nunca filosóficos, para entender tal dieta. Minha decepção foi enorme. Seu autor alega que os fundamentos para sua dieta vêm não apenas de artigos científicos, mas dos antigos essênios, uma das seitas do judaísmo, valendo-se para isso de um dos vários evangelhos apócrifos.

Como acontece com o espiritismo, é comum essas novas filosofias buscarem em Jesus algum tipo de endosso para tornar sua doutrina palatável para uma civilização ocidental cristianizada. Na falta de subsídios bíblicos, apela-se para supostos manuscritos antigos ou revelações feitas por anjos ou espíritos. Basta uma citação do dito livro para você entender o espírito por trás de suas ideias:

“Novos elos se encontrarão na cadeia evolutiva, no caminho da humanidade em direção à paz, quando deixarmos de aguardar que Jesus nos salve e procurarmos fazer aquilo que Jesus nos trouxe”.

Em outras partes ele explica o que quer dizer com “aquilo que Jesus nos trouxe”, usando trechos de um evangelho apócrifo que ensina (acredite se quiser!!!) técnicas de lavagem intestinal como meio de se obter o perdão dos pecados.

É isso que dá não conhecer a Palavra de Deus e nem a Pessoa de Cristo…


Quem pode batizar uma pessoa?

Sua dúvida é se apenas um pastor, bispo ou apóstolo pode batizar alguém, ou se isso pode ser feito por qualquer pessoa.

Primeiro vamos esclarecer alguns equívocos, pois acredito que você esteja falando de “pastor”, “bispo” e “apóstolo” como geralmente esses títulos são usados dentro das denominações religiosas. Vamos tentar esquecer esses cargos que os homens inventaram e buscar na Palavra de Deus a explicação para esses dons e ofícios.

Apóstolos não existem mais. Eles, juntamente com os profetas do Novo Testamento, nos legaram os fundamentos que podem ser encontrados em seus escritos.

Bispos eram os anciãos responsáveis pelos cristãos em uma cidade, não em uma denominação. Eram sempre mais de um.

Pastor é um dom, não um dirigente de congregação ou alguém que fez uma faculdade de teologia.

Respondendo a sua pergunta, sim, qualquer pessoa pode batizar outra, porque não é quem batiza ou quem é batizado que importa, mas o batismo em si e em nome de quem, com que autoridade, isso é feito. O Senhor deu essa ordenança aos doze apóstolos e isso incluiu até mesmo Judas, aquele que era falso.

Em Atos 2 diz “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas”. Se considerarmos que a igreja estava começando e eram nesse tempo apenas 12 apóstolos (Matias estava agora no lugar de Judas), se os apóstolos conseguissem batizar uma pessoa a cada 5 minutos seriam necessárias 21 horas para batizarem todas essas pessoas. O mais provável é que muitos irmãos tenham feito isso.

A ideia de que apenas alguém que ocupe algum “cargo” ou tenha uma determinada formação é que pode batizar não passa de invenção humana, provavelmente para concentrar o poder nas mãos de poucos líderes.

O argumento de que quem batiza precisa ter certo preparo para o batismo ser válido também cai por terra ao considerarmos que boa parte dos escândalos que vemos hoje na cristandade vem justamente de líderes religiosos. Se considerássemos inválidos os batismos praticados por aqueles que caem em contradição ou escândalos, ou que depois se revelam até mesmo incrédulos ou lobos em pele de ovelhas, seria preciso rebatizar os cristãos o tempo todo. Mas a Palavra de Deus ensina que há um só batismo.

Quando uma pessoa batiza usando a fórmula “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, ou “em nome de Jesus” no sentido da autoridade recebida daquele que instituiu o batismo, ela está se valendo de uma autoridade delegada, como ocorre com um embaixador durante a vigência de sua embaixada. Se o embaixador depois morre, encerra seu tempo de serviço ou até mesmo nega sua cidadania, os Atos que praticou enquanto estava investido daquela autoridade continuam valendo.


Fiquei vulnerável a demônios por ter sido abusada sexualmente?

Você escreveu de sua aflição por ter sido abusada sexualmente na infância e adolescência, achando que agora, mesmo depois de convertida a Jesus, poderia estar sujeita a ser invadida por demônios por causa do que aconteceu no passado. Pior do que as pessoas que cometem abusos sexuais são as pessoas que cometem abusos espirituais. Quem disse ou insinuou a você que por ter sofrido abuso sexual você ficou aberta a demônios devia ser preso por abuso psicológico. Isso não existe!

Você foi a vítima, a culpa não é sua. O abuso sexual deixa sequelas, inclusive as que descreveu, de querer desaparecer da presença das pessoas. É natural que você até hoje tenha sonhos horríveis com o que aconteceu no passado. Isso também acontece em vítimas de assaltos, sequestros, cirurgias, morte na família… A lista é interminável. Todas as pessoas que passaram por experiências assim saíram aterrorizadas disso, têm pesadelos, criam manias, tiques nervosos, vivem inquietas, etc. Não por terem alguma culpa, mas simplesmente porque ficaram traumatizadas. Nos EUA há muitos veteranos de guerra que são incapazes até de trabalhar, tamanho o trauma pelo qual passaram no Iraque e Afeganistão.

Esqueça essa história de demônios. Concentre-se no Senhor e no perdão que ele dá a todos os que creem nele. Lembre-se de que ao ser salva por Cristo, o Espírito Santo veio habitar em você, e certamente o Espírito Santo não irá dividir a casa com algum espírito maligno. Portanto, pode descansar no fato de que você está em boas mãos, nas mãos de Jesus, o Salvador.

Faça sua a promessa de Romanos:

(Rm 8:28-39) “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito. Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou. Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem é que condena? Pois é Cristo quem morreu, ou antes quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia; Somos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor”.

Quanto a perdoar o autor do abuso, dê tempo ao tempo. Peça que o Senhor ajude você a fazer isso, porque você mesma não será capaz de suas próprias forças. E se achar que as lembranças do passado continuam a atormentá-la e a prejudicar sua vida e seu trabalho, uma boa ideia é buscar a ajuda profissional de uma psicóloga que tenha experiência nisso. Não é só nosso corpo que precisa de médico, nossa mente também precisa e o melhor é buscar ajuda profissional quando precisamos. Se for uma psicóloga cristã, melhor ainda, pois ela irá compreender também sua fé.


Se uma denominação prospera, como pode estar errada?

Percebo que a ideia de se congregar fora dessa multidão de denominações que existem hoje no mundo “cristianizado” é algo que lhe incomoda. A simplicidade de estar reunido somente ao nome do Senhor parece incomodar você que defende com tanta garra a existência de denominações dividindo os cristãos por nomes, líderes, dogmas, etc.

Você está enganado. Números e quantidade não são coisas que representam a vontade de Deus. A maioria votou pela soltura de Barrabás e pela condenação de Jesus. Não vá atrás da maioria, porque a maioria busca as coisas que a carne deseja, como emoções, curas, dinheiro, etc. Era por isso que as multidões seguiam a Jesus quando esteve aqui, e por isso ele não confiava nessas pessoas:

(Jo 2:23-25) “E, estando ele em Jerusalém pela páscoa, durante a festa, muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles, porque a todos conhecia; e não necessitava de que alguém testificasse do homem, porque ele bem sabia o que havia no homem”..

Prosperidade não é sinal de aprovação de Deus. Bancos prosperam, clubes prosperam, e nada prospera mais do que o Carnaval em nosso país, e os tais de “blocos evangélicos” também vão prosperar cada vez mais sambando na avenida. O tráfico e o crime também prosperam em nosso país, o que não quer dizer que sejam coisas aprovadas por Deus.

O Senhor prometeu que estaria entre dois ou três que estivessem reunidos ao seu nome. Veja que ele previu o mínimo, não o máximo. Não é o número de pessoas que importa, mas ele no meio, como o centro das atenções e o motivo de se estar congregado. Ele quer que estejamos congregados a ele, não a uma banda, um pregador eloquente ou uma organização próspera e com milhares de membros.

Se você não encontra qualquer sinal de denominações na Palavra de Deus isso significa que Deus não planejou esse tipo de coisa. É invenção humana. Portanto, minha sugestão é que procure na Bíblia (não em mim ou em qualquer organização) como Deus deseja que você se congregue e faça aquilo que Deus mostrar a você através da sua Palavra.

Sugiro que leia atentamente os capítulos 1, 2 e 3 de 1 Coríntios, porque ali você irá descobrir que não são pessoas prósperas ou em grande número que realmente seguem a Palavra de Deus. Você verá também no capítulo 3 o que Deus diz de pessoas que se intitulam isso ou aquilo.


Devo me opor à idolatria em meu trabalho?

Quanto à sua dúvida se deve se opor e combater a colocação das imagens ou ídolos na empresa onde você trabalha, denunciando para os donos e colegas a idolatria que está sendo cometida ali, não vou escrever um tratado contra a idolatria porque a Bíblia está cheia de exemplos de como Deus abomina isso.

Mas é importante sempre saber o nosso objetivo neste mundo, e eu creio que nossa missão é de testemunhar de Cristo. Às vezes o combate contra o mal costuma nos afastar também do bem e acabamos não percebendo que ficamos tão ocupados com idolatria, demônios, macumbas, e tantas outras coisas que sobra pouco tempo para nos ocuparmos com Cristo. Alguns pregadores costumam falar só de idolatria, de discos da Xuxa tocados ao contrário, de desenhos da Disney, etc., e eu me pergunto se é isso o que Deus quer de nós no tempo em que estamos aqui.

É evidente que a idolatria é um pecado contra Deus, e quanto a isso não tenho dúvidas. O problema é que normalmente a abordagem do “não faça isso” costuma dar errado. Deus deu a Lei no Antigo Testamento e nem por isso os israelitas a obedeceram. Muito pelo contrário, fizeram tudo errado. Quando Jesus vem no Novo Testamento o vemos acenar com coisas melhores e aí as pessoas acabavam largando suas práticas porque tinham agora algo irresistível.

Fale de Cristo para as pessoas e não esquente a cabeça com os ídolos, porque mesmo que alguém abandone a idolatria isso não significa que tenha sido salvo. A salvação é pela fé em Jesus e não por abandonar ídolos de barro. Há milhões de ídolos no mundo e apenas um Jesus para você anunciar. São muitos os ídolos para você gastar minutos preciosos falando deles. Fale de Jesus.

A coisa funciona mais ou menos assim: se você vê um cachorro roendo um osso você pode tentar duas coisas: tirar o osso do cachorro ou acenar para ele com um filé fresquinho. A primeira ideia vai dar errado porque o cachorro vai morder você. A segunda pode dar certo porque ele mesmo vai perceber que existe algo melhor e vai largar o osso.

Leia em João capítulo 4 a abordagem de Jesus com a mulher que tinha um monte de homens. Ele não chega falando disso, jogando na cara dela sua devassidão. Primeiro ele ganha a confiança dela oferecendo algo que ela não tinha. Só depois, pouco a pouco, os pecados da mulher vão sendo percebidos por ela mesma ao ponto de ela dizer que aquele homem tinha falado de tudo o que ela tinha feito. É assim que nos sentimos quando colocados frente a frente com a Luz do mundo que é Jesus.

Veja também a abordagem de Paulo na cidade idólatra e como ele começa conversando, não falando mal das dúzias de ídolos, mas falando bem do Deus verdadeiro. “Porque, passando eu e vendo os vossos santuários, achei também um altar em que estava escrito: AO DEUS DESCONHECIDO. Esse, pois, que vós honrais, não o conhecendo, é o que eu vos anuncio” (Atos 17:23).


O que você acha da teoria do intervalo?

Eu realmente creio que exista um intervalo de tempo não conhecido entre os versículos 1 e 2 de Gênesis. “No princípio criou Deus os céus e a terra. E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo”. (Gn 1:1-2).

O versículo 1 é a criação original. Entre o versículo 1 de Gênesis e o 2 você pode imaginar zilhões de anos atuais e não temos ideia do que aconteceu nesse período. Qualquer descrição desse período, como ideias de uma terra governada por Satanás, como creem alguns, é pura especulação.

Provavelmente foi nesse intervalo que ocorreu a queda de Lúcifer e seus anjos, o que acabou transformando a criação original de Deus em um verdadeiro caos. Daí “sem forma e vazia”, “trevas” e “abismo”, coisas estranhas à Criação, já que “Deus é luz, e não há nele trevas nenhumas”. (1 João 1:5). Considerando que antes das coisas virem à existência só existia Deus, fica fácil concluir que não havia trevas.

Além disso, há outra referência de que Deus não teria criado a terra “vazia” em Isaías 45:18: “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada”.

Algumas referências a Lúcifer e aos anjos de um modo geral existentes na Bíblia apontam para uma época anterior ao estado caótico e às etapas de criação, que poderíamos chamar de restauração da criação, descritas a partir de Gênesis 4.

O artigo que sugeriu supõe muitas coisas que não encontramos na Bíblia, portanto não posso concordar com o autor quanto aos detalhes, embora concorde quanto ao fato do intervalo de tempo não conhecido entre os dois versículos. Neste sentido a criação em seis dias descrita nos versículos seguintes de Gênesis não é uma criação original, mas uma restauração do planeta Terra.


O que você acha do pensamento filosófico cristão?

A essência da diferença entre todo o pensamento filosófico “cristão” e o cristianismo bíblico está na obra expiatória e substitutiva de Cristo. Renegar isso é renegar Cristo e fazer do cristianismo algo parecido com qualquer outra religião, uma lista de preceitos e belas palavras. Mas o sacrifício de Cristo na cruz e seu sangue derramado são a base de tudo, e não pode ser entendida por quem busca sabedoria ou se baseia na sabedoria humana. Veja 1 Coríntios:

(1 Co 1:18-19) “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus. Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, E aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus como gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, e sabedoria de Deus. Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Porque, vede, irmãos, a vossa vocação, que não são muitos os sábios segundo a carne, nem muitos os poderosos, nem muitos os nobres que são chamados. Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são; para que nenhuma carne se glorie perante ele”.

Ou seja, o evangelho da cruz é algo tão simples que qualquer criança pode entender. A filosofia humana é algo tão complexo e intrincado que apenas os sábios podem compreender. E é aí que entra o versículo 29, pois gostamos da sapiência porque ela nos faz sentir mais elevados do que os outros.

Uma vez, no interior de Goiás, eu falava do evangelho (da cruz) ao dono de uma farmácia que seguia um movimento chamado gnose. Ele, por sua vez, me falava de todos os degraus de sabedoria que sua crença ensinava. Aí entrou o Sebastião, um lavrador de lá que era crente e semianalfabeto (só sabia ler porque aprendeu a ler a Bíblia, mas não sabia escrever) e, quando percebeu que eu falava do evangelho, entrou na conversa. Depois de um tempo eu perguntei ao farmacêutico:

— Se Deus quisesse realmente indicar um caminho de salvação, será que ele faria isso de forma a ficar acessível apenas a mim e a você que temos curso superior, ou ele daria algo que fosse acessível a qualquer pessoa? Tudo isso que sua gnose ensina pode ser muito interessante, mas é preciso estudar, desenvolver, etc. e tal. O evangelho, por sua vez, é algo tão simples que estamos eu e o Sebastião falando a mesma coisa, apesar da diferença em nossa formação.

Prezado, você diz que sua intenção com o livro de filosofia cristã que pretende escrever é convencer os ateus e agnósticos da fé cristã, mas não estamos falando da mesma fé. Você está falando de uma fé que também foi minha antes de minha conversão, mas era no fundo uma fé em mim mesmo, em minha capacidade de aprender, desenvolver, reencarnar, subir, etc. Eu estou falando da fé no sangue redentor, no sacrifício de um único substituto, naquele que foi prenunciado no Éden, quando Deus matou um animal para fazer roupas de peles para Adão e Eva; daquele que foi prefigurado nos milhares de sacrifícios de animais ao longo do Antigo Testamento, e finalmente foi consumado quando entrou no mundo identificado por João Batista como “o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Para qualquer judeu de então fazia todo o sentido chamar de Cordeiro aquele que devia morrer no lugar do pecador.

Você questiona o valor do Sangue de Cristo, dizendo (suas palavras): “Como poderiam cinco litros de hemoglobina, criminosamente derramados por homens pecadores, constituir a base da redenção do gênero humano? E como poderia o ato de um terceiro purificar as impurezas de milhões de homens, a maior parte dos quais ignoravam, e continuam a ignorar, até a simples existência desse redentor”.

Há ateus, há crentes (em qualquer tipo de deus), há cristãos (porque se denominam assim) e há salvos pelo sangue de Cristo. É dessa última classe que estou falando. Não existe cristianismo e não existe evangelho sem sangue. Quando Paulo resume o evangelho que pregava, ele não fala de sermão da montanha ou de práticas ou virtudes cristãs. Ele fala da cruz, da morte e ressurreição de Cristo:

(1 Co 15:1-4) “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”.

Quanto à questão que levantou, de sua preocupação em convencer ateus, sugiro a leitura de um ex-filósofo-ateu que se converteu depois de ouvir o evangelho de J. R. R. Tolkien, autor de “O Senhor dos Anéis”. Refiro-me a C. S. Lewis, que escreveu “As crônicas de Nárnia” e outros livros (Nárnia é uma alegoria a Cristo, o leão da história, e seu sacrifício substitutivo). Mas sugiro mesmo que leia “Cristianismo Puro e Simples”, no qual ele relata como chegar a Deus sem falar em Deus. A segunda parte do livro eu não sugiro porque é mesclada de crenças e práticas anglicanas, que foi a religião à qual ele se uniu após sua conversão a Cristo. Mas a primeira parte é simplesmente ótima e faz um ateu pensar duas vezes.


Devo ser conivente com a desonestidade na empresa?

Você contou de sua dificuldade em lidar com os jeitinhos e práticas desonestas nas quais acaba envolvida na empresa onde trabalha, sem concordar com isso. Sua dúvida é se deve deixar o emprego, mesmo sabendo da dificuldade que terá para encontrar outro em sua idade e nas condições atuais do mercado.

Sua dúvida é a mesma de muitos cristãos que desejam obedecer ao Senhor. Não existe uma fórmula para a resposta, pois cada caso é um caso e cada um deve ter o seu próprio exercício para com o Senhor. Eu, confortavelmente sentado aqui, posso achar um absurdo um cristão matar alguém numa guerra, mas não sei qual é o exercício desse soldado para com Deus. Essas dúvidas foram também de muitos cristãos alemães durante a 2ª.. Guerra Mundial: deviam obedecer ao governo de Hitler ou não?

Eu acredito que o cristão deva obedecer àquilo que estiver de acordo com a Palavra de Deus, mas nem sempre temos todas as informações para julgar isso com precisão. Muitos cristãos alemães nem sabiam das atrocidades que eram cometidas por seu governo, porque a propaganda positiva era muito forte.

Se meu patrão me mandar matar ou roubar, eu devo me opor a isso. Se me mandar mentir, a Palavra de Deus é clara também neste sentido. Se me mandar idolatrar, idem. Agora vem o outro lado da moeda:

Você deve ter lido a história de Naamã em 2 Reis 5. Depois de curado da lepra, ele coloca a Eliseu uma dificuldade semelhante:

“Nisto perdoe o Senhor a teu servo; quando meu senhor entrar na casa de Rimom para ali adorar, e ele se encostar na minha mão, e eu também tenha de me encurvar na casa de Rimom; quando assim me encurvar na casa de Rimom, nisto perdoe o Senhor a teu servo.”

Como oficial do rei da Síria, Naamã não podia deixar de acompanhar o rei e nem de se encurvar no templo do ídolo, ou seria morto caso se recusasse a fazê-lo. A resposta de Eliseu aparentemente não resolve sua dúvida, não aprova e nem desaprova tal proceder, mas diz apenas:

“E ele (Eliseu) lhe disse: Vai em paz”.

Não sabemos se Naamã precisou se encurvar ao ídolo alguma vez depois de sua cura. Deus, que exerceu tamanho poder ao curá-lo de sua lepra, poderia muito bem conseguir para ele uma aposentadoria ou transferência de seu cargo, não sabemos.

O que sabemos é apenas que ali estava um homem realmente convertido que não conseguiria seguir tranquilamente nas mesmas práticas de antigamente, pois agora conhecia o Deus vivo. Creio que Deus tenha deixado a questão em aberto para que cada um tenha seu próprio exercício em situações assim.

A condição de Naamã parece ser igual àquela descrita por Paulo em 1 Coríntios 7:20:

“Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado [sendo] servo? Não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, [sendo] servo, é liberto do Senhor; e, da mesma maneira, também o que é chamado, [sendo] livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens”.

Naamã foi chamado sendo servo do rei da Síria, o que incluía frequentar o templo do ídolo. Se ele não tivesse sido chamado por Deus nessa condição, então seria apenas uma decisão de não entrar em tal relacionamento ou não buscar essa posição elevada próxima do rei. Mas como já estava assim quando foi salvo, o jeito era esperar por uma oportunidade para poder ser livre, como Paulo explica.

Se não tenho a resposta do que você deva fazer, pois isso depende de você orar e colocar diante de Deus, ao menos posso lhe contar uma experiência em um de meus primeiros empregos no qual meu chefe pedia que eu mentisse nas negociações. Eu disse a ele que não mentiria, mas que traria resultados.

Assim desenvolvi algumas técnicas de negociação que pelo menos me mantinham afastado da mentira pura e simples. Por exemplo, quando alguém me perguntava sobre algo que eu não podia revelar (informação confidencial e estratégica na negociação), ao invés de responder que não sabia (o que seria uma mentira), eu respondia com outra pergunta. Tipo assim:

Pergunta: “Você está autorizado por sua empresa a pagar mais?”

Resposta: “Por que você acha que eu deveria pagar mais?”. E aí a conversa tomava outro rumo.

Com o tempo e os bons resultados que consegui nas negociações acabei ganhando a confiança e o respeito de meu chefe, de tal modo que quando alguém ligava em meu ramal pedindo para falar com ele, que ficava numa mesa em frente à minha, ele sabia que eu não iria mentir dizendo que ele não estava.

Então, só pela minha conversa ao telefone e pelo nome do interlocutor que eu repetia em voz alta, ele já decidia o que fazer. Quando não queria atender, saía imediatamente da sala e eu dizia para a pessoa que meu chefe não estava na sala, o que tecnicamente era verdade. Era só eu desligar o telefone e ele voltava. Isso acabou virando motivo de diversão entre nós.

É isso, ore, peça a direção de Deus, veja se existe espaço para trabalhar de forma criativa sem desobedecer a Deus ou afligir sua consciência, e se possível testemunhe de sua fé e de sua preocupação em agir de forma desonesta. Há empresas que preferem ter funcionários honestos porque sabem que se contratarem mentirosos, desonestos e ladrões correm o risco de também serem vítimas de seus próprios funcionários.

Outra coisa que você precisa analisar é se os problemas que mencionou estão ligados diretamente ao seu trabalho ou são atividades que não dependem de você. Por exemplo, uma empresa pode ter um caixa dois e eu, que trabalho na linha de produção, não tenho qualquer poder em mudar isso por ser algo que nem passa pelas minhas mãos. Então não vou me afligir tanto quanto se eu fosse o contador da empresa.

Se você fizer uma busca minuciosa, praticamente todas as empresas terão em alguma de suas atividades algo questionável, nem que seja nos impostos que deixa de pagar, na matéria prima de qualidade inferior que usam em seus produtos, ou qualquer outra coisa. E mesmo os funcionários, cristãos ou não, uma vez ou outra também chegam tarde, saem cedo, fingem que trabalham ou usam para si mesmos recursos, materiais e insumos que pertencem à empresa.

Não quero com isso dizer que o erro é algo cabível, ou que um erro justifique o outro, mas apenas mostrar que quando olhamos para os erros da empresa ou dos colegas não podemos deixar também de fazer uma autoanálise. Aí sim, talvez seja a hora de pedir a direção de Deus para resolver tanto as minhas falhas, como também encontrar uma resposta de como não me envolver, ser conivente ou cúmplice nas falhas da empresa onde trabalho ou dos colegas com os quais convivo.


Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21 já aconteceram?

Mateus 24, Marcos 13, Lucas 21

Alguns cristãos acreditam que esses capítulos seriam proféticos apenas até a destruição de Jerusalém, que ocorreu no ano 70. Alegam, por exemplo, que os judeus já foram espalhados pelas nações, como fala Lucas 21:24 e que Marcos 13:9 também já se cumpriu no livro de Atos, nos discípulos que eram açoitados nas sinagogas.

O apóstolo Paulo exortou Timóteo em 2 Timóteo 2:15 a dividir corretamente a Palavra. Como seria dividir corretamente (ou manejar corretamente, conforme outras traduções) estas passagens de Mateus 24, Marcos 13 e Lucas 21? Vamos ver.

Lucas 21 até o vers. 24é apenas a primeira parte da descrição de Mateus 24, só que Lucas dá mais detalhes. Em alguns aspectos o cerco de Jerusalém no ano 70 é semelhante ao que irá acontecer no futuro.

Se você quiser entender corretamente as passagens vai precisar levar em conta que os discípulos perguntaram 3 coisas em Mateus 24:3:

​1. Quando aconteceria a destruição do Templo

​2. Qual seria o sinal da vinda de Cristo

​3. Qual seria o sinal do fim dos tempos (em algumas versões “fim do mundo” ou “fim da era”)

Mateus 24 e Marcos 13 tratam das respostas às perguntas 2 e 3. Lucas é o único que inclui a resposta à pergunta 1, e faz isso no capítulo 21:12-24. A partir do versículo 25 ele volta a falar do futuro.

O fato de cristãos terem sido açoitados nas sinagogas não serve como referência de época, porque isso aconteceu em todas as épocas. É como falar que os cristãos seriam perseguidos, algo que nunca parou nos últimos dois mil anos. Mas há coisas que são impossíveis de você conciliar com a história que já aconteceu.

Por exemplo:

(Mt 24:21) “porque haverá então uma tribulação tão grande, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá”.

(Mc 13:19) porque naqueles dias haverá uma tribulação tal, qual nunca houve desde o princípio da criação, que Deus criou, até agora, nem jamais haverá.

(Mc 13:24-26) “Mas NAQUELES DIAS, DEPOIS DAQUELA TRIBULAÇÃO, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz; as estrelas cairão do céu, e os poderes que estão nos céus, serão abalados. Então verão vir o Filho do homem nas nuvens, com grande poder e glória”.

(Lc 21:25-18) “E haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas; e sobre a terra haverá angústia das nações em perplexidade pelo bramido do mar e das ondas. Os homens desfalecerão de terror, e pela expectação das coisas que sobrevirão ao mundo; porquanto os poderes do céu serão abalados. Então verão vir o Filho do homem em uma nuvem, com poder e grande glória. Ora, QUANDO ESSAS COISAS COMEÇAREM A ACONTECER, exultai e levantai as vossas cabeças, porque a vossa redenção se aproxima”.

Como pode ver, ainda não vimos essa tribulação sem paralelo acontecer, algo mais terrível do que o dilúvio ou as duas guerras mundiais. Também não vimos ainda o sol se escurecer e a lua não dar sua luz, e nem as estrelas caindo e os poderes do céu sendo abalados. Também não vimos os homens desfalecendo de terror. Portanto, tudo isso ainda é futuro. É preciso saber dividir a Palavra de Deus.

(2Tm 2:15) “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade.”


O arrebatamento e a volta de Jesus não são a mesma coisa?

Você escreveu: “O que você diz ser o arrebatamento da igreja não é a mesma coisa que a vinda de Jesus, quando todo olho o verá? Parece-me que as palavras usadas no grego não fazem distinção ou apontam para algum outro tipo de ‘vinda’”.

A maior dificuldade que eu vejo quanto à ordem dos eventos proféticos não é do ponto de vista das palavras usadas para falar da vinda do Senhor, mas de como encaixar tudo o que é falado de um remanescente de Israel nas profecias do Antigo Testamento e também em Apocalipse em claro contraste com o que é dito a respeito da Igreja. Esta foi fundada no dia de Pentecostes (Atos 2), portanto não é mostrada no Antigo Testamento (era um mistério que só foi depois revelado a Paulo). Sobre a Igreja é feita menção a ela como algo ainda futuro do ponto de vista daquele momento em que o Senhor estava na terra (“edificarei”) em Mateus 16:18. No mais, os evangelhos, em suas partes proféticas, mostram basicamente a relação entre o Rei e seu povo de Israel.

Se considerarmos, como você sugeriu, que não exista um arrebatamento, então precisamos considerar que não existe uma distinção entre o que é Igreja e o que é o remanescente de Israel, do qual os Salmos falam especificamente. Veja que interessante este artigo escrito por J. N. Darby no século 19, que fala do remanescente e de como ele se encaixa na ordem toda:

Um ponto conectado a isso tem sido apresentado com insistência pelos adversários da verdade, a respeito do qual eu exorto aqui que não seja levado em conta, porque, ainda que fosse verdadeiro, não diz respeito ao ponto principal e é usado tão somente para obscurecer essa verdade importante e vital que é o arrebatamento da igreja, isto é, o caráter secreto do arrebatamento.

Os dois pontos sobre os quais é importante ter um testemunho claro das Escrituras são: primeiro, que haverá um remanescente judeu no final, com um lugar que lhe é particular como tal; segundo, o verdadeiro caráter da igreja de Deus (…)

Como consequência, qual é a evidência das Escrituras a esse respeito? Há seis passagens que falam da tribulação, e pelas quais sabemos que haverá uma tribulação. Quatro são claras e positivas em sua aplicação aos judeus; uma declara que os santos da igreja fiel serão livrados dessa tribulação; e a última, que diz respeito aos gentios, faz uma clara distinção deles em relação àqueles que representam a igreja, os santos no céu, os que receberam a coroa e os anciãos entronizados.

Portanto, as respectivas passagens são muito claras. Vimos que, de forma indireta, Apocalipse 2 confirma essa interpretação. O que mais? Os princípios, de uma forma geral. Portanto o que existe é uma tentativa de se incluir a igreja na tribulação, e é este o cerne de toda a questão — confundir a igreja de Deus com os judeus e com o mundo, com suas esperanças e com as provas que virão sobre eles.


Profecia: Perguntas e Respostas

Você escreveu: “Para quem o Livro de Apocalipse foi endereçado?”.

Não foi. É uma profecia, como as profecias do Antigo Testamento. Há nele porções que falam da Igreja, e por isso podem ser entendidas por aqueles que hoje formam a Igreja (judeus e gentios convertidos) e há partes que falam dos judeus que irão se converter no futuro, após o arrebatamento da Igreja, que provavelmente só serão compreendidas por esses. É o caso, por exemplo, do número da besta, algo que não nos diz respeito na presente dispensação.

Você escreveu: “Se ela tem instruções para diversas igrejas e conclui no capítulo 22 v. 16 dizendo que ‘Eu, Jesus, enviei o meu anjo, para vos testificar estas coisas nas igrejas”, por que no capítulo 16, v. 15 ele fala “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suas vestes’?”.

É uma profecia, portanto tem mensagens para todos. Não é como as epístolas que trazem a doutrina dos apóstolos para a Igreja, mas Apocalipse está mais para os profetas do Antigo Testamento, pois em sua maior parte está tratando de Israel e da sua relação com o mundo, embora também inclua bastante coisa sobre o falso testemunho ou a cristandade, identificada como a meretriz. O versículo 15 deve ser uma exortação dirigida aos judeus que se converterão depois do arrebatamento, normalmente chamado de remanescente.

Você escreveu: “Por que em Mateus o que o Senhor falou para os discípulos era para Israel e em Apocalipse toda a informação que ele está dando para as igrejas não é para a igreja?”.

É para a igreja também, mas a igreja não vai entender tudo porque a maioria das coisas não lhe diz respeito. Deus revelou a Abraão o que ia acontecer em Sodoma, embora Abraão não morasse lá e nem corresse o risco de sofrer com os juízos que cairiam sobre a cidade. Por Deus amar Abraão quis compartilhar com ele daquelas coisas. O trecho em que Deus compartilha com Abraão o juízo que cairá sobre Sodoma começa assim:

“E disse o Senhor: Ocultarei eu a Abraão o que faço, visto que Abraão certamente virá a ser uma grande e poderosa nação, e nele serão benditas todas as nações da terra?” (Gn 18:17-18).

O fato de Deus compartilhar com Abraão teve também outro efeito, que foi Abraão interceder pelos que porventura fossem achados justos em Sodoma. Hoje o cristão, sabendo dos juízos que cairão sobre este mundo ao ler o livro de Apocalipse, pode ter um melhor discernimento e ser levado a interceder pelos que ainda estão em trevas e a levar o evangelho até eles.

Você escreveu: “Por que Apocalipse não faz referência aos judeus, a não ser quando fala das 12 tribos seladas, sendo que atualmente 10 das 12 tribos estão completamente misturadas com os gentios?”.

Apocalipse é também um livro de símbolos, portanto é preciso encontrar referências na forma de símbolos. No cap. 12 a mulher que dá à luz um filho que se torna um alvo de Satanás por ser aquele que irá reinar. Esse filho é arrebatado ao trono de Deus e a mulher é escondida no deserto por 1.260 dias ou 3 anos e meio. Essa mulher é Israel, isto é, representa o verdadeiro remanescente de Israel que irá se converter após o arrebatamento da Igreja e será guardado por três anos e meio.

Você escreveu: “Por que a grande multidão de Apocalipse 7 vem de todas as tribos, línguas e nações e foram lavadas no sangue do Cordeiro se não tem mais igreja na terra? Se quem é lavado no sangue do cordeiro não é igreja, o que são eles?”.

Não há um salvo que não tenha sido lavado no sangue do Cordeiro, mesmo porque sem sangue não há remissão de pecados. Porém há diferentes grupos de pessoas na Bíblia, tratados de diferentes maneiras e com diferentes objetivos. Por exemplo, de João Batista é dito que ele era o maior de todos os profetas, mas qualquer um no reino dos céus seria maior do que ele. Isso significa diferentes categorias de pessoas em diferentes épocas.

A igreja é o conjunto dos salvos por Cristo que teve início no dia de Pentecostes descrito em Atos 2. João Batista foi salvo, mas nunca fez parte da igreja, como não fez parte até mesmo algum dos que andavam com os apóstolos e tenha morrido na véspera do dia de Pentecostes.

A igreja tem começo, meio e fim. Ela começa em Pentecostes, é edificada sobre o fundamento dos apóstolos e profetas (do Novo Testamento), portanto não é algo do Antigo Testamento, e termina quando chegar a plenitude dos gentios. Aí Deus encerra seu tratamento com a Igreja, que é tirada da terra, e volta a tratar com os judeus que, no seu aspecto de povo de Deus, que no momento encontra-se, por assim dizer, “no gelo”:

(Rm 11:25-26) “Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a plenitude dos gentios haja entrado. E, assim, todo o Israel será salvo, como está escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades”.

Você escreveu: “Se acontecer o arrebatamento e a igreja sair da terra, os gentios que se converterem durante a tribulação são o que?”.

Fazem parte do remanescente, junto com os judeus. Havia prosélitos no passado, que eram gentios convertidos. Rute foi uma que ganhou um livro com seu nome no Antigo Testamento Depois do arrebatamento o mundo volta ao estado do Antigo Testamento, no que diz respeito a Israel na terra e sua relação com as nações.

Você escreveu: “A nova Jerusalém é formada só por judeus?”.

Ao contrário, a Nova Jerusalém é formada por gentios e judeus convertidos, pois é a Igreja, a noiva do Cordeiro (que desce ataviada como esposa), e em Apocalipse aparece em contraste com a Babilônia, que é a prostituta ou a falsa noiva. Os salvos por Cristo do período atual (Igreja) irão morar na Nova Jerusalém (ou serão a própria) durante o milênio. Enquanto isso há uma Jerusalém na terra, onde há um templo que é descrito nos profetas do Antigo Testamento, e onde há todo um ritual muito parecido com o da antiguidade.

Você escreveu: “Se a igreja é um parêntese, e depois Deus volta a tratar com os judeus, por que Deus já está tratando com os judeus como nação durante todo o período da igreja?”.

Ainda não está. Essa é uma ideia normalmente aceita por livros e sites de profecia, mas o retorno de Israel para a terra prometido na profecia não é a fundação do estado de Israel, porque quando voltarem eles voltarão quebrantados. O Israel atual será destruído antes que o verdadeiro retorno aconteça. Geralmente é usado um versículo em Isaías 66:8 para justificar que a fundação do estado de Israel em um só dia é a concretização daquele versículo. Mas vamos ver o contexto:

(Is 66:7) “Antes que estivesse de parto, ela deu à luz; antes que lhe viessem as dores, ela deu à luz um filho. Quem jamais ouviu tal coisa? Quem viu coisas semelhantes? Poder-se-ia fazer nascer uma terra em um só dia? Nasceria uma nação de uma só vez? Mas Sião esteve de parto e já deu à luz seus filhos”.

O Filho que nasce antes das dores de parto ou do trabalho do parto (que pode significar o sofrimento ou tribulação) é Jesus. Depois, no trabalho de parto, nasce uma nação inteira de uma só vez, os filhos de Sião. Entre uma coisa e outra já se passaram dois mil anos.

O verdadeiro retorno de Israel à sua terra prometida é este:

“Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.” (Mt 24:30).

Portanto não creio que o atual retorno de Israel à terra prometida em 1948 seja a realização da profecia de Isaías 66, mesmo porque os que voltaram continuam na incredulidade e inimizade contra Deus e seu Cristo. Além do mais, o tempo dos gentios que começou com o exílio na Babilônia não terminou, já que Israel continua sob o domínio de gentios. Mesmo nos tempos de Jesus, quando havia um rei em Israel, esse rei estava subordinado a Roma, portanto não era autônomo.

Hoje Israel continua sem o seu Rei, e só existe à sombra dos Estados Unidos e de outras nações ocidentais que lhe dão proteção. O Israel atual é como uma criança pequena que provoca os outros meninos porque tem um irmão enorme atrás de si, pronto para castigar quem tentar bater no garotinho.


A igreja não aparece no Antigo Testamento?

A palavra “igreja” significa simplesmente assembleia, congregação ou agrupamento de pessoas. Neste sentido você vai encontrar a palavra também no Antigo Testamento, porque em alguns lugares Israel é chamado de assembleia ou congregação. O Salmo 107:32, por exemplo, usa assembleia e congregação para Israel: “Exaltem-no na congregação do povo e glorifiquem-no na assembleia dos anciãos!”.

Mas o ponto de partida para a interpretação não pode ser apenas a palavra “igreja”, que significa assembleia, existir no Antigo Testamento. Em Atos quando uma turba quer pegar Paulo, esse ajuntamento é chamado de “Eclésia” no original grego em Atos 19:32 e 39, no entanto ninguém de sã consciência diria que aquilo era a “igreja” no sentido que hoje usamos. Se fizer uma busca por “Eclésia” na Wikipedia, encontrará a palavra descrita como a principal assembleia popular da democracia ateniense da Grécia antiga.

A igreja não existia no Antigo Testamento porque teve início em Atos 2 e foi um mistério até Paulo receber a revelação. A questão é o corpo de Cristo, e os judeus não fazem parte do corpo de Cristo com tais, nem no Antigo Testamento, nem no Novo Testamento. No momento em que um judeu, como Paulo ou Pedro, se converte a Jesus, ele já não é mais identificado por Deus como pertencente ao povo de Israel, mas como membro do corpo de Cristo. Aos judeus convertidos a Cristo que teimavam em se apegar à sua identidade anterior o livro de Hebreus fala das coisas melhores e mais elevadas concernentes à igreja. Outra passagem ajuda a entender o caráter distinto da igreja nos dias de hoje:

(1 Co 10:32) “Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à igreja de Deus”.

Deus reconhece aí três grupos de pessoas: judeus, gregos (gentios) e igreja de Deus. Se os judeus fossem a igreja, o que estariam fazendo nessa lista? Existe uma distinção entre cada grupo.

A falta de compreensão do que seja o corpo de Cristo (a igreja) leva a esse tipo de confusão. Misturar Israel e Igreja é um erro normalmente encontrado em algumas correntes do protestantismo e no catolicismo, e isso ajudou a estimular a perseguição dos judeus durante a Inquisição e também nas épocas seguintes. O raciocínio dos perseguidores era simples: Se as promessas do Antigo Testamento são para a igreja, considerando esta como a continuação do judaísmo, então aqueles judeus que não são hoje cristãos não têm qualquer parte nas promessas e podem ser descartados.


O primeiro a falar do arrebatamento foi John Nelson Darby?

Não. Apesar de Darby ter escrito bastante sobre o assunto, e também sobre as diferentes dispensações ou formas de Deus tratar com o homem nas diferentes épocas, existem referências ao arrebatamento da Igreja feitas por outros autores contemporâneos a eles e também referências bem mais antigas. Algumas trazem alguns ensinamentos confusos, mas ao menos servem para mostrar que a ideia de um arrebatamento era conhecida no passado entre os cristãos.

Uma delas está em um manuscrito chamado Pseudo-Efraim escrito entre o ano 374 e 627 (não existe uma concordância quanto à data exata):

“Portanto, por que não rejeitamos todo cuidado terrenal e nos preparamos para encontrar o Senhor Cristo, de modo que ele possa nos tirar da confusão que toma conta do mundo?… Pois todos os santos e eleitos de Deus são reunidos, antes da tribulação que virá, e são levados para o Senhor a fim de não verem a confusão que está para dominar o mundo por causa de nossos pecados”.

Outro texto foi escrito por Morgan Edwards em 1744 e publicado em 1788:

“A distância entre a primeira e a segunda ressurreição será de aproximadamente mais de mil anos. Digo aproximadamente mais porque os santos mortos ressuscitarão e os vivos serão transformados quando Cristo aparecer nos ares; e isso acontecerá cerca de três anos e meio antes do milênio, como veremos a seguir: mas ficará ele com eles nos ares todo esse tempo? Não: eles subirão ao paraíso, ou para alguma das muitas mansões na casa do Pai, e desaparecerão durante o período de tempo mencionado. O objetivo dessa retirada e desaparecimento será para julgar os santos ressuscitados e transformados; pois eis que o tempo do juízo deve começar e isso pela casa de Deus…”

Há também um texto de 1316 chamado “História do Irmão Dolcino”, escrito por um autor anônimo da diocese de Vercelli no norte da Itália. O texto em latim fala das obras e crenças de uma ordem religiosa chamada de Irmãos Apostólicos, sob a liderança de Irmão Dolcino, existente naquela época. O texto foi recopiado em 1551 e mais tarde impresso em 1740 no “Rerum Italicarum Scriptores”. A edição mais recente é de 1907. A ordem dos “Irmãos Apostólicos” foi perseguida pelo Papa e apenas no ano de 1307 mais de 400 deles foram mortos pelo exército do Papa. Vamos ao texto, que mostra existir naquela época uma ideia da existência de um arrebatamento, muito embora o relato seja de alguém ligado a Roma e pode não representar com precisão as crenças de Dolcino:

“Dolcino acreditava e pregava e ensinava que naqueles três anos o próprio Dolcino e seus seguidores pregarão a vinda do Anticristo. E que o Anticristo vinha ao mundo naquele período de três anos e meio; e que após vir, então ele (Dolcino) e seus seguidores seriam transferidos para o Paraíso, no qual estão Enoque e Elias. E desse modo eles serão poupados da perseguição do Anticristo. E que então os próprios Enoque e Elias descerão à terra para pregar contra o Anticristo. Então eles serão mortos pelos servos do Anticristo, e assim o Anticristo irá reinar por um longo tempo. Mas quando o Anticristo for morto, o próprio Dolcino, que então será o santo padre, e seus seguidores que o seguiram, descerá à terra e pregará a verdadeira fé em Cristo a todos, e converterá aqueles que crerem à verdadeira fé de Jesus Cristo”.

Todavia, é inegável a influência que o pensamento de Darby e os muitos livros que publicou tiveram na sociedade do século 19 e na história do mundo. Mesmo sem ter se envolvido com política, hoje sabemos que até a decisão da Inglaterra de apoiar a criação do estado de Israel foi tomada sob influência do pensamento dispensacional, do qual Darby foi um dos principais propagadores. Outros cristãos também tiveram grande influência na história do mundo cada um em seu tempo, como foi o caso de Martinho Lutero e Charles Wesley.

Embora não fosse intencional, a configuração do mundo cristianizado atual é consequência do modo como Deus usou Lutero, e a própria manutenção da coroa britânica deve muito a Charles Wesley e ao volume de pessoas que se converteu em uma época quando a inquietação pública estava a ponto de levar o país a uma revolução. Quando hoje vemos cristãos falando em arrebatamento, vinda do Senhor antes da tribulação ou que o cristão não tem nada que dominar a Terra, mas que isso será dado a Israel no futuro, poucos sabem o quanto do que creem teve a influência dos escritos de John Nelson Darby.

Uma matéria escrita por um jornalista britânico faz críticas aos pensamentos de Darby, mas atribui a ele boa parte do desenho do mundo político atual. Obviamente Darby não tinha qualquer intenção de se intrometer em política, mas é interessante ler o artigo (em inglês) para entender o lugar que teve na história, leia o trecho a seguir.

Se o ensino de Darby e de outros que compartilhavam de sua perspectiva tivesse permanecido meramente um tópico de debates entre os cristãos sobre como interpretar as difíceis passagens apocalípticas das Escrituras, ele teria tido pouco impacto nas questões mundiais. Todavia ele teve grande influência: o ensino de Darby chegou a influenciar figuras políticas chave na Inglaterra do século dezenove, numa época quando o Império Britânico ainda navegava a todo vapor.

A mais importante dessas figuras foi Lord Anthony Ashley Cooper, sétimo Earl de Shaftesbury. Lord Saftesbury era uma figura influente entre os evangélicos de sua época. Ele também tinha a simpatia de poderosos políticos britânicos, inclusive o ministro do exterior da Grã Bretanha, Lord Palmerton. Shaftesbury se transformou em um incansável defensor da abordagem dispensacionalista do ensino bíblico, tanto em seu trabalho com a igreja quanto no cenário político. (“Christian Zionism: A Historical Analysis e Critique”, por John Hubers).

John Nelson Darby (1800-81), um sacerdote anglicano renegado, acrescentou várias características singulares ao ensino de Way, inclusive a doutrina do “Arrebatamento”, segundo a qual os “cristãos nascidos de novo” seriam literalmente removidos da história e transferidos para o céu antes da vinda de Jesus. Darby também colocou um Israel restaurado no centro de sua teologia, reivindicando que um estado judeu literal chamado Israel seria o principal instrumento de Deus no cumprimento de Seus planos durante os últimos dias da história. Apenas os verdadeiros cristãos, ou “nascidos de novo”, seriam removidos da história por meio do arrebatamento antes da batalha final do Armagedom, segundo sua interpretação literal de 1 Tessalonicenses 4:16.

Os volumosos escritos de Darby e uma carreira de sessenta anos como missionário consolidaram uma forma de fundamentalismo chamada de “pré mileniarismo” (Jesus retornaria antes da Batalha do Armagedom e de seu reino milenial sobre a terra). Darby fez seis viagens missionárias à América do Norte, onde se tornou um pregador e mestre popular. A teologia pré mileniarista e sua influência sobre o fundamentalismo cristão e o emergente movimento evangélico nos Estados unidos podem ser diretamente conectados à influência de Darby. (“Christian and Zion: Part 1 — British Srirings”, por Donald Wagner, “Daily Star”).


Os eleitos ou escolhidos de Mateus 24:31 são cristãos (igreja)?

Mateus 24:31

Não, a Igreja não aparece na profecia de Mateus 24:31. Tudo o que diz ali se refere a Israel ou ao mundo de um modo geral. Veja o que W. Kelly escreve sobre os eleitos:

Seus Eleitos

Os “eleitos” podem não necessariamente se referir a cristãos. Se alguém falar de eleitos em nossos dias, aí sim, mas acaso Deus não tinha “eleitos” celestiais antes de existirem cristãos? E depois que os cristãos forem levados para o céu, porventura não existirão eleitos sobre a terra? Estaria Deus impedido de mostrar misericórdia na terra porque sua graça soberana já teria dado a nós e aos santos do Antigo Testamento nossos respectivos lugares no céu?

Havia gentios eleitos nos dias dos patriarcas e depois também. Tome Jó e seus amigos: acaso não eram eles eleitos? Melquisedeque, Jetro e outros; não eram eles eleitos? Será preciso enumerar os eleitos de Israel no passado? Encontramos gentios eleitos tanto quanto judeus e cristãos. Quando lemos do cristianismo, então os eleitos devem ser identificados como tais; quando lemos sobre os judeus, então a frase se aplica à eleição dos judeus e o mesmo com respeito às nações. Devemos ser governados pelo contexto.

Já que o Senhor está aqui (Mt 24) falando sobre Israel, o sentido não deve ser ambíguo. Quando temos “seus eleitos” mencionados, ele quer dizer os eleitos daqueles que estão sendo descritos, ou seja, Israel. Não se trata de introduzir regras arbitrárias. Trata-se, na verdade, de um princípio de muito claro e necessário na exposição de um assunto.

O Senhor em todo o contexto está falando de Israel e de suas esperanças. Consequentemente, “seus eleitos” deve ser interpretado em conformidade com o assunto em pauta. Esses eleitos serão reunidos “dos quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus”, todavia não para serem levados ao céu, mas para permanecerem na terra (compare com Isaías 27, Isaías 65 e Romanos 11:5, 7, 28). [William Kelly].


O que são os concertos ou alianças da Bíblia?

Alianças, concertos ou contratos são coisas comuns entre os homens em todas as épocas e em diferentes sociedades. Há, porém, os concertos e alianças de Deus. Vou traduzir um texto que poderá responder melhor sua pergunta.

Deus faz suas alianças por conta própria, sem consultar o homem. Com Noé Deus fez uma aliança de que não voltaria a destruir o mundo com um dilúvio, e como garantia daquele concerto ele colocou o arco-íris nas nuvens (Gn 9:8-17). Este tipo de aliança assume a forma de uma promessa incondicional. Assim foi a aliança que Deus fez com Abraão, primeiro para com sua posteridade biológica em Gênesis 15:4-6 e depois no sentido de seu descendente, Cristo (Gn 22:15-18). A Abraão Deus também deu a aliança da circuncisão (Gn 17:10-14; Atos 7:8), um selo da justiça da fé (Rm 4:11).

A aliança com os filhos de Israel no Monte Sinai, por outro lado, foi condicional: se eles fossem obedientes e guardassem a lei, seriam abençoados; mas se fossem desobedientes, eles seriam amaldiçoados. (Daniel 27, 28).

Na Epístola aos Gálatas o apóstolo argumenta que “a promessa” feita por Deus, “o testamento (concerto) anteriormente confirmado por Deus em Cristo”, não podia ser afetada pela lei que foi dada 430 anos depois (Gl 3:16-17). Tendo a promessa sido feita através de Cristo, o apóstolo podia acrescentar, a respeito dos crentes gentios, que “se sois de Cristo, então, sois descendência de Abraão e herdeiros conforme a promessa”. (Gl 3:29).

A Nova Aliança: Esta é uma aliança incondicional que Deus declarou que iria fazer com as casas de Judá e Israel: colocaria suas leis em suas mentes e as escreveria em seus corações; ele seria seu Deus, e perdoaria sua maldade e nunca mais se lembraria de seus pecados (Jr 31:31-34). O fundamento disso foi lançado na cruz. Isso fica às vezes obscuro em algumas versões que não são traduzidas de forma uniforme. Às vezes aparece como �testamento’, outras como ‘concerto’ ou ‘aliança’.

Por ocasião da instituição da ceia do Senhor o Senhor referiu-se ao seu sangue como ‘o sangue da nova aliança’ (Mt 26:28; 1 Co 11:25); e “ele é o mediador da nova aliança” (Hb 9:15; Hebreus 12:24). Disso deduzimos que embora essa aliança com Israel ainda seja futura, é sobre o princípio que a rege, isto é, o princípio da graça soberana, que Deus está agindo hoje enquanto estabelece os termos sobre os quais trata o seu povo, sendo o Senhor Jesus o Mediador, por intermédio de quem todas as bênçãos ficam asseguradas.

Veja Romanos 5:1-10 e 2 Coríntios 3 onde Paulo fala de si mesmo e daqueles com ele como “ministros de um Novo Testamento”, não da letra que mata, mas do Espírito que vivifica (2 Co 3:6). (Traduzido de Morrish Bible Dictionary).


Como me livrar do apego a coisas e hábitos?

Não são poucas as coisas que nos atraem nesta vida, e todos nós as temos de vez em quando, mas acabamos nos esquecendo delas sempre que nos deparamos com algo melhor, mais algum aspecto da sublimidade de Cristo. Talvez essas coisas e afeições se encaixem nas “todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm” que o apóstolo Paulo mencionou:

(1 Co 6:12-23) “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma… Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam”.

Eu creio que não é livrando-se dessas coisas que a gente passa a se ocupar mais com o Senhor, mas o contrário. É ocupando-se mais com o Senhor que as coisas vão perdendo sentido em nossa vida. “Digo, porém: Andai em Espírito e não cumprireis a concupiscência da carne.” (Gl 5:16). Essa é a ordem das coisas: primeiro andar em Espírito (no Espírito). O abandono da concupiscência vem como resultado.

O problema é que nos iludimos achando que é uma espécie de vacina, que tomamos uma vez na vida e ficamos imunes. Não, o cristão precisa andar de fé em fé, dia a dia, hora a hora… Todas as manhãs precisamos de uma porção renovada do Maná, o Pão que desceu do céu, nosso Senhor Jesus, ou no dia seguinte estamos famintos de novo e vamos desejar as cebolas do Egito como os israelitas desejaram no deserto. (Nm 11:5) “Lembramo-nos dos peixes que no Egito comíamos de graça; e dos pepinos, e dos melões, e dos porros, e das cebolas, e dos alhos”. Peixes? Pepinos? Melões? Porros? Cebolas? Alhos? Assim é o coração do cristão quando está descontente. Eles não se lembravam de que nada disso tinham ou vinha de graça: eram escravos de Faraó!

Não sei o quanto preza as coisas e hábitos que mencionou, mas às vezes a preocupação constante de se livrar delas faz com que você se ocupe ainda mais com elas. Deixa pra lá. O Senhor cuidará disso. Faz-me lembrar duma historinha contada por um irmão que já está com o Senhor.

“Certo homem sonhou que recebeu um aviso de que o Senhor estava indo visitá-lo em casa. Desesperado, tratou de tirar da sala tudo o que podia desagradar o Senhor e jogou tudo no quarto. O Senhor chegou, ficou alguns minutos na sala e disse que queria conhecer o quarto. O homem pediu um minuto, correu lá e transportou tudo para a cozinha, as coisas impróprias da sala e as que ficavam no quarto também. Tendo visto o quarto o Senhor pediu para ver a cozinha. Outra vez o homem foi antes providenciar para que tudo fosse levado para o porão da casa. Você adivinhou. Depois da cozinha o Senhor quis ver o porão, e o homem desceu antes e conseguiu enfiar tudo em um enorme baú e fechar com um cadeado. O Senhor desceu e quis ver o baú. Aí não tinha mais jeito. O homem abriu o baú e, para sua surpresa, estava vazio.”

Enquanto ficamos no desespero de resolver essas coisas, continuamos tão ocupados quanto antes. Quando abrimos, escancaramos nossa vida para o Senhor, ele cuida de fazer o resto. Mas, volto a repetir, a ordem é sempre nos ocuparmos com ele, e só então as outras coisas vão perder importância. Mas é dia a dia, porque não existe vacina contra a concupiscência enquanto andarmos por aqui.

Eu não sou diferente de você e também já tive diferentes fases de apego a isso ou aquilo, mas quando olho para trás vejo que coisas que antes me eram tão caras, hoje não têm importância nenhuma. Infelizmente não posso dizer que hoje esteja menos apegado às coisas de um modo geral, porque em grande parte aquelas coisas antigas simplesmente foram substituídas por coisas novas. Mas continuo neste exercício de todos os dias buscar uma porção renovada de Cristo para suportar este deserto que não é nosso lar. No mundo teremos tribulações, prometeu o Senhor. Portanto não se espante quando vê a promessa dele sendo cumprida à risca. (Jo 16:33) “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo.”

Porém, de todas as coisas com as quais nos ocupamos e que nos fazem desviar nosso olhar de Cristo, a pior de todas é justamente aquela da qual não podemos nos livrar enquanto vivemos aqui: nós mesmos. A ocupação com o eu, com nossas fraquezas, nossos fracassos, nossas derrotas é a mais prejudicial de todas as ocupações, porque é a ocupação com a carne, essa parte fracassada que continua em nós, mesmo depois que nos convertemos. Entre as ocupações com a carne, uma das mais destrutivas é a auto piedade.

A carne é nossa velha natureza, aquela que herdamos de Adão, e que continua em nós lado a lado com a nova natureza, a que recebemos de Deus quando nascemos de novo. Não há como lutar contra a carne, pois sempre que lutamos contra ela saímos perdemos. (Ef 6:12) “Porque não temos que lutar contra a carne e o sangue”. O que fazer com a carne então? Considerá-la morta, mantê-la no lugar que lhe é devido, que é onde ela foi colocada na cruz por Cristo: na morte. Gálatas trata bem desse tema e mostra nossa nova posição depois da cruz:

​1. CRISTO FOI CRUCIFICADO POR MIM

(Gl 3:1) “Ó gálatas insensatos! Quem os enfeitiçou? Não foi diante dos seus olhos que Jesus Cristo foi exposto como crucificado?”.

​2. EU FUI CRUCIFICADO COM CRISTO

(Gl 2:20) “Fui crucificado com Cristo. Assim, já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. A vida que agora vivo no corpo, vivo-a pela fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim”.

​3. NOSSA CARNE FOI CRUCIFICADA COM ELE

(Gl 5:24) “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos”.

​4. O MUNDO FOI CRUCIFICADO PARA MIM

(Gl 6:14a) “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim…”.

​5. EU FUI CRUCIFICADO PARA O MUNDO

(Gl 6:14b) “… e eu para o mundo”.

Espero que de alguma forma minhas palavras sirvam de alento. Pode ter certeza de que “os vossos irmãos, que estão espalhados pelo mundo, sofrem os mesmos padecimentos que vós. O Deus de toda graça, que vos chamou em Cristo à sua eterna glória, depois que tiverdes padecido um pouco, vos aperfeiçoará, vos tornará inabaláveis, vos fortificará”. (1 Pe 5:9-10).


Qual é a segunda morte?

A resposta geralmente está na Bíblia e é bem simples. Se a pergunta é “Qual é a segunda morte?”, a resposta é “A condenação eterna dos que não foram salvos”.

(Ap 20:11-15) “E vi um grande trono branco e o que estava assentado sobre ele, de cuja presença fugiu a terra e o céu, e não se achou lugar para eles. E vi os mortos, grandes e pequenos, que estavam diante do trono, e abriram-se os livros. E abriu-se outro livro, que é o da vida. E os mortos foram julgados pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras. E deu o mar os mortos que nele havia; e a morte e o inferno deram os mortos que neles havia; e foram julgados cada um segundo as suas obras. E a morte e o inferno foram lançados no lago de fogo. ESTA É A SEGUNDA MORTE. E aquele que não foi achado escrito no livro da vida foi lançado no lago de fogo”.

A segunda morte não tem qualquer coisa a ver com um salvo em Cristo, mesmo porque da cena do grande trono branco ninguém sai salvo. Ao contrário do que muitos pensam, que esse julgamento fará a separação de salvos e perdidos, o grande trono branco não é mais o momento de julgar as pessoas no sentido de ver quem será salvo ou não. O grande trono branco é um tribunal de condenação. Tudo o que se ouvirá ali será a sentença dos perdidos, os quais até então estavam mortos e ressuscitarão apenas para ouvirem a sentença e serem lançados no lago de fogo com um corpo ressuscitado.

Em Apocalipse2:11, “O que vencer, de modo algum sofrerá o dado da segunda morte”, está falando algo bastante óbvio. Como nas cartas às igrejas o assunto é o testemunho neste mundo, não é possível encontrar um testemunho genuíno naqueles que não foram salvos. O vencedor é aquele que tem como provar que sua fé é real. Você mencionou o capítulo 3:5: “O que vencer será assim vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome do livro da vida; antes confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dos seus anjos.” Depois de tantos versículos que falam da segurança eterna do salvo, como João 3:16; 5:24; 10:27-29, este não pode significar outra coisa. E se restar alguma dúvida de que o salvo por Cristo seja um vencedor, é só nos lembrarmos de Romanos 8:31-39:

“Que diremos, pois, a estas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas? Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? É Deus quem os justifica. Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós. Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomos reputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor!”.

Portanto você está correto ao dizer que um cristão verdadeiramente nascido de novo não perde a salvação. Sugiro que leia o texto “Salvos para sempre” no blog “Manjar Celestial” que você encontra em manjarcelestial.blogspot.com, o qual criei para publicar textos de terceiros que traduzi ao longo dos últimos 30 anos.

J.N. Darby escreveu sobre a segunda morte: “As escrituras falam expressamente da segunda morte, a qual é o lago de fogo; isto é, até onde a linguagem pode expressar, a pessoa perde sim sua vida mais de uma vez. A segunda morte é descrita como o tormento no lago de fogo, não como a aniquilação da pessoa; de qualquer modo, uma segunda morte é a declaração de que a vida pode ser perdida mais de uma vez”.


Quem será o Anticristo?

Sua pergunta é múltipla, e a identidade do anticristo é apenas parte dela. Você quer saber como o Templo será reconstruído, já que há uma Mesquita em seu lugar, como esse Templo será profanado e como o anticristo fará as pessoas pensarem que ele é o Messias.

Então você apresenta a teoria, bem no estilo conspiratório, falando de um anticristo que seria um clone de Cristo fabricado com DNA de sangue encontrado no interior da Arca da Aliança que um arqueólogo teria encontrado, ou extraído desidratado do Santo Sudário, ou ainda de uma amostra guardada por alguma sociedade secreta. Se essas ideias não foram tiradas de algum livro do tipo “O Código Da Vinci”, então mereciam estar em algum próximo lançamento do tipo.

Neste ponto eu sou bastante pragmático. Sempre me lembro da história do cara na balsa:

Um sujeito estava na balsa indo de Niterói para o Rio quando alguém chegou apavorado para ele e disse:

— Antônio! Sua mulher está na sua casa em Niterói passando mal por causa da gravidez!

O sujeito não pensou duas vezes: mergulhou no mar e saiu nadando de volta a Niterói. Quando estava no meio do canal, caiu a ficha e ele disse para si mesmo:

— Ué?! Não me chamo Antônio, não sou casado e não moro em Niterói… O que é que eu estou fazendo aqui?!!!

É a mesma coisa. O problema de quem será o anticristo é um problema que eu não terei de resolver, pois já não estarei no mundo nessa ocasião. Se não morrer antes, serei arrebatado quando o Senhor vier buscar sua igreja. A Palavra de Deus me promete que serei guardado da hora da tribulação que há de vir sobre o mundo, portanto as coisas que são especificamente desse período, como o significado do número seiscentos e sessenta e seis, quem é o anticristo, ou como vão reconstruir o Templo, não me dizem respeito.

Da mesma forma como os profetas do Antigo Testamento olhavam para os textos que eles mesmos escreviam e não entendiam o que tinham escrito, por serem coisas futuras, creio que muita coisa que está em Apocalipse será entendida pelo remanescente de judeus fiéis que irá se converter após o arrebatamento da Igreja. Eles serão protagonistas daqueles acontecimentos que você encontra principalmente depois das cartas às sete igrejas.

Depois de 30 anos de convertido eu já vi passar tantos modismos de interpretação dos acontecimentos futuros, que sou meio cético em relação a toda novidade que aparece neste sentido e garante a venda de livros. Você ficaria estarrecida de ver quantos livros de interpretação das profecias foram escritos depois de minha conversão na década de 70, e quantos nem voltaram a ser publicados justamente por tentarem interpretar as profecias bíblicas a partir de coisas que ocorriam naquele momento no mundo. Muitos que ganharam o papel de anticristo em livros assim até já morreram, frustrando os esforços proféticos desses autores que previam uma carreira de sucesso para os tais.

Por exemplo, o número da besta já foi explicado de uma infinidade de maneiras, desde a uma conta feita com os nomes de diversos papas ou até de Hitler, até como símbolos encontrados na mitra do papa. Nem a mancha na calva de Gorbachev escapou, e já foi interpretada por alguns como um “666” tatuado ali.

Da marca na mão e na testa, nem se fala. Desde tatuagens diversas, até o código de barras ganhou essa honra, quando foi lançado. Lembro-me de alguém que sugeria o boicote dos cristãos aos produtos que trouxessem código de barra porque era a marca da besta. Obviamente ele tentava fazer isso quando código de barras era novidade e apenas alguns produtos traziam isso na embalagem. A marca também já foi interpretada como algum tipo de cartão magnético e, mais recentemente, como um chip implantado sob a pele, igual aos que usam em cachorros e em executivos à prova de sequestro. Conforme a tecnologia avança vão lançando novas versões da interpretação de algo que provavelmente não será interpretado a não ser pelas pessoas que viverem essas coisas.

Se ficarmos presos à tecnologia atual para interpretar o Apocalipse, como é o caso do DNA que você sugeriu em seu e-mail como a solução para se criar um anticristo, estaremos sempre errados quando surgirem novas tecnologias. Li um livro que dizia que os gafanhotos de Apocalipse 9 seriam helicópteros de combate, uma interpretação impossível antes da invenção do helicóptero e completamente furada se ele vier a ser substituído por um equipamento mais moderno no futuro. Um dia os balões e dirigíveis já foram considerados a última palavra em conquista dos ares, mas acabaram substituídos pelos aviões. Qualquer um que tivesse interpretado esses gafanhotos como dirigíveis equipados para a guerra teria sua interpretação obsoleta.

Por esta razão, quando o assunto é profecia é interessante ler o que escreviam autores do século 19 que não tentavam limitar sua interpretação do texto à tecnologia ou política de seu tempo, mas buscavam encontrar na própria Bíblia a resposta a essas perguntas. Você encontra muitos deles (em inglês) em stempublishing.com.


Por que o sexo não pode vir antes do casamento?

Só temos um lugar para buscar as respostas às nossas dúvidas: A Bíblia, a Palavra de Deus. Se sairmos fora dela, acabamos perdidos em conjecturas e devaneios. Você escreveu:

“Deus criou o amor, nosso corpo com instintos animais que inclui atração física, ou seja, ingredientes para um relacionamento bom.”

Você pode olhar o sexo de duas formas: O sexo como expressão (resultado ou subproduto) de um relacionamento, ou um relacionamento como expressão (resultado ou subproduto) do sexo. Para o cristão o sexo é a expressão, o resultado, a consequência de um relacionamento que atingiu o mais alto grau de intimidade e de vulnerabilidade em relação à outra pessoa. Na sua concepção, o relacionamento aparece apenas como consequência de instintos animais colocados em prática, ou seja, da atração e ato sexual.

O ato sexual e todas as carícias que o acompanham são uma expressão de total entrega, total confiança na outra pessoa, quando duas pessoas se despem total e literalmente numa expressão de que não existem mais segredos entre elas. É o ato mais íntimo que qualquer ser humano pode atingir em relação à outra pessoa, e é também a figura que o próprio Deus usa para expressar o relacionamento de Jesus com a Igreja, sua noiva, que culmina nas bodas do Cordeiro. A Igreja não se une a Cristo para só depois iniciar um relacionamento. Embora o livro de Cantares represente a relação de Deus (o amado) com Israel (a amada), ele expressa bem que a união que Cristo terá com sua noiva, a Igreja, tem os mesmos elementos de uma união entre marido e mulher.

Analise se você seria capaz de dizer a alguém algo assim:

“Quero me despir para você, me abrir completamente, me revelar sem segredos e sem reservas, deixar exposto cada centímetro de meu corpo e me unir com você a ponto de nos tornarmos um só, compartilhando até mesmo nossas entranhas… porém não quero me casar com você, não quero ter um compromisso duradouro, não quero ter consequências dessa nossa união, não quero que isso dure”.

É um absurdo, não acha? É uma mentira. Dizer que está disposto a chegar a tal grau de intimidade e, mesmo assim, querer permanecer independente, é contraditório. É como o sapato dizer ao pé, “Ok, pode me calçar, mas não me amarre”, ou a calça ao cinto, “Ok, pode passar por minha cintura, mas não feche a fivela”.

Portanto, entenda que o sexo é a expressão de um relacionamento, o resultado de um relacionamento que já existe, não o contrário. Tentar criar um relacionamento a partir do sexo é o que fazemos com o gado, buscando obter resultados e dividendos a partir da cópula.

O problema de se considerar o sexo como o ponto de partida de um relacionamento é que quando o sexo faltar, e um dia vai faltar, iremos imediatamente procurar por outra experiência sexual como forma de garantir a manutenção de algum relacionamento. O processo não tem fim, porque se o relacionamento começa a partir da experiência e satisfação física, com a idade essa satisfação irá desaparecer para um ou para outro, porque fisicamente um casal pode envelhecer a um ritmo diferente.

Você pergunta por que o cristão não pode ter relações sexuais antes do casamento, e eu pergunto por que o cristão não pode se casar antes de ter relações sexuais. Até hoje ninguém morreu por esperar. Mas vamos ao que diz a Palavra de Deus:

(Mt 19:4-6) “Ele, porém, respondendo, disse-lhes: Não tendes lido que, [1] no princípio, o Criador os fez [2] macho e fêmea e [3] disse: Portanto, [4] deixará o homem pai e mãe e [5] se unirá à sua mulher, e [6] serão dois numa só carne? Assim [7] não são mais dois, mas uma só carne. Portanto, [8] o que Deus ajuntou não separe o homem”.

Estamos tão acostumados a ler esta passagem pensando no contexto do divórcio, que nos esquecemos de que ele está reafirmando a ordem de um matrimônio segundo o projeto original (“no princípio”) de Deus. Se fôssemos chamar estes versículos de um “passo-a-passo” do casamento, teríamos:

​1. Este é o projeto original de Deus. “No princípio”.

​2. Um casamento é feito de um homem e uma mulher. “o Criador os fez macho e fêmea”.

​3. O mesmo Criador estabeleceu como devia ser essa união. “E [Deus] disse…”.

​4. O homem deixa o pai e a mãe, ou seja, se desliga daquele casal ou célula familiar. “Portanto, deixará o homem pai e mãe”.

​5. O homem se une à sua mulher, criando uma nova célula familiar como aquela de onde veio, isto é um homem + uma mulher um filho. “e se unirá à sua mulher”.

​6. A união chega ao extremo quando atinge o físico e dois corpos se transformam em um. “e serão dois numa só carne”.

​7. Do ponto de vista físico já não são dois corpos, mas só um, o que elimina a possibilidade de ser polígamo.

​8. Essa aliança, que ajunta esse casal, não é algo que o homem criou, mas Deus. “o que Deus ajuntou não separe o homem”.

Esse é o passo-a-passo para quem crê na Palavra de Deus e a respeita. Obviamente os incrédulos tentarão sempre subverter essa ordem, criando casamentos apenas entre machos ou entre fêmeas, tornando-se uma só carne antes mesmo de se desligar da família na qual estão inseridos, criar possibilidades para serem mais do que apenas dois em uma só carne e deixar apenas para o fim a união no sentido do relacionamento, como algo que só poderá existir quando o sexo for bom.

Depois de publicar esta resposta no blog respondi.com.br alguém escreveu dizendo que tudo o que escrevi tem muito mais a ver com sexo fora do casamento, como adultério, e não com a possibilidade de um homem e uma mulher poderem se conhecer melhor e sexualmente antes do casamento. Mas em qualquer caso trata-se de sexo extraconjugal, não é mesmo?

Esses argumentos todos caem por terra com uma simples pergunta: Foi essa a ordem de eventos que Deus instituiu?

(Gn 2:24) “Portanto [1] deixará o homem a seu pai e a sua mãe, [2] e unir-se-á à sua mulher, [3] e serão uma só carne”.

(Mc 10:7-8) “Por isso, [1] deixará o homem a seu pai e a sua mãe [2] e unir-se-á a sua mulher. [3] E serão os dois uma só carne e, assim, já não serão dois, mas uma só carne”.

(Ef 5:31) “Por isso, [1] deixará o homem seu pai e sua mãe [2] e se unirá à sua mulher; [3] e serão dois numa carne”.

A ordem é esta:

​1. O homem deixa seu pai e sua mãe

​2. Une-se à sua mulher (matrimônio)

​3. Tornam-se uma só carne

Para não haver dúvidas quanto ao que significa ser “uma só carne”:

(1 Co 6:16) “Ou não sabeis que o que se ajunta com a meretriz faz-se um corpo com ela? Porque serão, disse, dois numa só carne”.


Não era para eu prosperar depois de convertido?

Quando você lê a Bíblia, percebe até uma distinção grande entre o Antigo e o Novo Testamento. No primeiro, as promessas de bênçãos eram materiais: esposa, filhos, terras, gado, ouro e prata. No segundo, o principal protagonista, o Homem perfeito, não tinha onde recostar a cabeça, era alimentado por mulheres que o ajudavam e, quando foi indagado se era certo pagar impostos, precisou pedir emprestado de alguém uma moeda porque ele mesmo provavelmente não tinha. Quando morreu, seu espólio não passou da roupa do corpo.

Então, quando você lê as cartas de Paulo percebe que parece ter alguma coisa errada, pois aquele que foi o cristão mais proeminente do início da Igreja levou uma vida péssima do ponto de vista físico e material. Em 2 Coríntios 11 ele conta seus percalços:

“São ministros de Cristo? (Falo como fora de mim.) Eu ainda mais: em trabalhos, muito mais; em açoites, mais do que eles; em prisões, muito mais; em perigo de morte, muitas vezes. Recebi dos judeus cinco quarentenas de açoites menos um; três vezes fui açoitado com varas, uma vez fui apedrejado, três vezes sofri naufrágio, uma noite e um dia passei no abismo; em viagens, muitas vezes; em perigos de rios, em perigos de salteadores, em perigos dos da minha nação, em perigos dos gentios, em perigos na cidade, em perigos no deserto, em perigos no mar, em perigos entre os falsos irmãos; em trabalhos e fadiga, em vigílias, muitas vezes, em fome e sede, em jejum, muitas vezes, em frio e nudez. Além das coisas exteriores, me oprime cada dia o cuidado de todas as igrejas…. Em Damasco, o que governava sob o rei Aretas pôs guardas às portas da cidade dos damascenos, para me prenderem, e fui descido num cesto por uma janela da muralha; e assim escapei das suas mãos.” (2 Co 11:23-33).

Tudo isso sem contar o “espinho na carne, mensageiro de Satanás” (2 Co 12:7), e sua aparência provavelmente repulsiva. (Gl 4:14) “Embora a minha doença lhes tenha sido uma provação, vocês não me trataram com desprezo ou desdém”.

Agora eu pergunto: Como Paulo podia se considerar abençoado com uma vida assim? Simplesmente porque as bênçãos prometidas ao cristão não são bênçãos físicas ou terrenas, mas celestiais. E quanto a estas, não falta uma que não nos tenha sido dada. (Ef 1:3) “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com TODAS AS BÊNÇÃOS ESPIRITUAIS nos lugares celestiais em Cristo”. Essas bênçãos não são na terra de Israel, como no Antigo Testamento, mas nos lugares celestiais.

João 16:33 diz que no mundo teríamos aflições, e é essa a porção do cristão no que diz respeito a este mundo. Quando não temos aflições aqui, ou somos agraciados com família e bens, só temos a agradecer a Deus porque isso na verdade não são bênçãos, são misericórdias, pois são coisas totalmente contrárias à corrente na qual o cristão está em seu caminho para o céu.

O que podemos esperar deste mundo senão rejeição e sofrimento? Foi assim com a peregrinação dos hebreus no deserto, onde só eram alimentados pelo maná que vinha do céu e pela água que saía da Rocha. Do deserto mesmo eles não podiam tirar coisa alguma. Além disso, não faltavam inimigos, como não faltam hoje ao cristão, conforme o Senhor revela em sua oração:

(Jo 17:14-16) “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo. Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal. Não são do mundo, como eu do mundo não sou”.

Ao contrário do que prometem esses pregadores da prosperidade por aí, esse mundo não é um lugar feliz para o cristão, embora possa ser às vezes por pura misericórdia de Deus. Então como o cristão pode ser feliz em um lugar infeliz? Andando na certeza de que o Senhor cuida dele, como Paulo: “Já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade.” (Fp 4:11-12)

Você acha que Paulo teria preferido outra vida àquela que o Senhor lhe deu depois de convertido? Ele certamente teria mais vantagens físicas e materiais de todos os tipos se tivesse permanecido um fariseu incrédulo. Porém, onde ele estaria hoje?


Quem nunca ouviu o evangelho pode ser salvo?

Esta é uma pergunta recorrente, e geralmente vem na forma de questões como “E o índio que nunca ouviu falar de Jesus?”, ou “O que aconteceu com quem nasceu antes de Jesus?”. A melhor maneira de lidar com esta questão é afirmar certas verdades nas quais as Escrituras são bem francas. A Bíblia é muito clara quando diz que ninguém pode ir ao Pai senão através de Jesus Cristo.

Jesus disse: “Ninguém vem ao pai senão por mim” (Jo 14:6). A única base para o perdão do pecado e vida eterna é o caminho feito por Jesus. Muitas pessoas pensam que isto implica na condenação automática daqueles que nunca ouviram falar de Jesus, contudo nós não sabemos se este é o caso.

Embora as Escrituras não ensinem explicitamente que aquele que nunca ouviu de Jesus pode ser salvo, nós acreditamos que ela infere isto. Cremos que toda pessoa terá uma oportunidade para se arrepender, e que Deus não irá excluir ninguém por ter nascido num lugar errado e numa época errada.

Jesus disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina, se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.” (Jo 7:17).

A Bíblia também revela que ninguém tem qualquer desculpa: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer é manifesto entre eles, porque Deus lhes manifestou. Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem, desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas que foram criadas. Tais homens são por isso, indesculpáveis” (Rm 1:19-20).

É uma realidade que toda a humanidade pode dizer que existe um criador porque a sua criação testifica por ele. Este testemunho é universal. Embora as pessoas tenham informações suficientes de que Deus existe, elas se tornam voluntariamente ignorantes sobre as coisas de Deus porque seus corações são maus.

A Bíblia ensina que o incrédulo “detém a verdade pela injustiça” (Rm 1:18). Além do mais, as Escrituras dizem que o homem não está buscando Deus, mas fugindo dele. “Não há quem busque a Deus” (Rm 3 : 11). Portanto não é um caso de Deus rejeitar levar sua Palavra a alguém que esteja procurando desesperadamente pela verdade.

Nós também sabemos que é da vontade de Deus “que nenhum pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3:9). Isto mostra que Deus também cuida daquelas pessoas que não ouviram o evangelho. Ele demonstrou isto enviando seu Filho para morrer em nosso lugar. “Mas Deus prova o seu próprio amor para conosco, pelo fato de ter Cristo morrido por nós, sendo nós ainda pecadores” (Rm 5:8; ARA).

A Bíblia ensina que Deus julgará o mundo justamente. “Porquanto estabeleceu um dia em há de julgar o mundo com justiça” (Atos 17:31). Isto significa que, quando todos os fatos estiverem postos, o nome de Deus será justificado e ninguém estará capacitado de acusá-lo de infidelidade.

Mesmo assim nós não sabemos como ele, especificamente, irá lidar com essas pessoas; sabemos que seu julgamento será honesto. Somente este fato poderia satisfazer qualquer um que quer saber como Deus irá lidar com pessoas que nunca tenham ouvido falar de Jesus Cristo.

É importante entender que a Palavra de Deus fala a respeito do homem na sua responsabilidade para com Deus, portanto ela sempre trata do ser humano supondo que ele já tenha um contato com a própria Palavra.

Vou dar um exemplo. Um espelho sempre trata da pessoa que está olhando para ele e não das outras pessoas. Se eu quero saber o que o espelho diz de meu vizinho, dou o espelho a ele e então ele se enxergará lá, mas eu não sei nada sobre meu vizinho, porque o espelho só reflete quem entra em contato com ele.

Assim é a Bíblia, portanto ela não fala muita coisa daqueles que não estão em contato direto com esse conhecimento. A partir do momento em que o índio entra em contato com o evangelho ele é responsável, portanto já não pode alegar que ignora as verdades contidas ali e precisa tomar uma decisão. Mas eu não vejo o índio na Bíblia, porque ela está falando a meu respeito e comigo.

A única passagem que pode dar alguma luz sobre o assunto é esta:

(Rm 2:12-16) “Porque todos os que sem lei pecaram sem lei também perecerão; e todos os que sob a lei pecaram pela lei serão julgados. Porque os que ouvem a lei não são justos diante de Deus, mas os que praticam a lei hão de ser justificados. Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”.

De duas coisas nós podemos ter certeza: Uma: Deus é justo e não vai tratar ninguém injustamente. Outra: ninguém será salvo a não ser pela obra de Cristo na cruz, ainda que não saiba disso. Um bebê que nasce e morre está salvo porque Jesus morreu e derramou seu sangue para pagar pelo pecado desse bebê, ainda que ele nem saiba disso. Talvez aí possamos encaixar o que diz Paulo na mesma passagem:

“Quando os gentios, que não tem lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei, não tendo eles lei, para si mesmos são lei, os quais mostram a obra da lei escrita no coração, testificando juntamente a sua consciência e os seus pensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os, no dia em que Deus há de julgar os segredos dos homens, por Jesus Cristo, segundo o meu evangelho”.

Acredito que quando alguém percebe que está aquém daquilo que Deus poderia esperar dele (porque todos os povos, de uma forma ou de outra possuem um padrão que costuma ser superior à capacidade do homem alcançá-lo, que é o assunto do capítulo 1 de Romanos), então essa pessoa apela para a misericórdia divina, reconhecendo-se pecador e incapaz. É apenas a esse que Deus salva, pois um coração contrito e humilhado ele não despreza.

Agora, independente do grau de conhecimento que essa pessoa tem, se ela for salva será pelo sangue de Cristo derramado na cruz, e isso vale tanto para os que viveram antes como depois de Cristo. O valor do sacrifício de Cristo é eterno, portanto não está limitado ao tempo.

Os bebês e crianças que morrem antes da idade da responsabilidade moral irão para o céu. Isso se baseia nos seguintes versículos:

​1. Em 2 Samuel 12:23, quando aquela criança, filha de Davi, morreu, ele disse: “Eu irei a ela, porém ela não voltará para mim”. Isso implica que o bebê estava com o Senhor.

​2. No Salmo 139, Davi fala até mesmo de um bebê ainda não nascido como estando escrito no livro de Deus no céu (v,16).

​3. Isaías faz distinção entre aqueles que ainda não têm idade suficiente para “desprezar o mal e escolher o bem” (7:15), o que implica que eles não são moralmente responsáveis.

​4. Paulo fala que o sacrifício de Cristo torna a todos justos (Rm 5:19), o que abrangeria até mesmo as criancinhas que tenham nascido em pecado (Sl 51:5).


O que você pensa do aborto?

A Bíblia é clara quanto ao “não matar”, e geralmente a sociedade discute o aborto do ponto de vista das vantagens ou desvantagens da mãe, o que pode até variar segundo o caso. Mas quando a questão é o bebê, o ser humano que ela carrega, não há o que discutir. É uma vida, é um ser humano criado à imagem de Deus, é uma pessoa que será tão pessoa quanto qualquer um.

O detalhe é que ainda está em fase embrionária, mas isso não invalida o fato de ser uma pessoa. Um bebê não é menos gente do que um adulto, e um embrião não é menos gente do que um bebê. Se as pessoas pró-aborto vissem um rosto talvez mudassem de ideia.

Um dos argumentos é que a mãe pode abortar se for constatado que a criança é portadora de alguma deficiência grave. Pouca gente liga a questão do aborto com a questão da inclusão dos portadores de deficiência na sociedade. Mas será que não é contraditório aceitar uma coisa independente da outra?

Tenho um filho portador de deficiência que provavelmente seria candidato a ser abortado se tivesse sido gerado no útero de alguém seletivo o suficiente para recusar quem não é gerado 100% perfeito. A discriminação enquanto está no útero parece não ser um crime tão grave na sociedade quanto a discriminação depois que a criança sai do útero. Como alguém que não quer um filho porque terá deficiências no futuro pode dizer que apoia a inclusão de deficientes na sociedade se excluiu o seu? Neste aspecto o aborto é tão politicamente incorreto quanto discriminar um deficiente.

O detalhe é que qualquer pessoa que nasceu fisicamente perfeita poderá desenvolver alguma deficiência em caso de doença ou acidente. Não seria irônico alguém que um dia descartou seu filho por ser deficiente acabar sendo um? Poderíamos nós descartar os portadores de deficiência já nascidos ou crescidos, como Hitler tentou fazer? Hoje isso é feito com os que ainda não nasceram, mas já foram gerados.

Não estou falando aqui do aborto feito para salvar a vida da mãe, ou o parto feito à custa da vida da mãe para salvar a vida do filho. Muitos médicos já tiveram que passar pela decisão de quem deviam deixar viver e quem deviam deixar morrer. Quando você tem apenas um coração de um doador e duas pessoas em estado crítico esperando, terá de decidir quem vive e quem morre.

Há abortos aprovados pelas leis de alguns países, como em caso de estupro. Enquanto o estupro faz uma vítima inocente — a mãe — o aborto faz outra vítima inocente: a criança. No início tínhamos apenas uma vítima, depois temos duas. A criança é tão inocente quanto a mãe. Matar a criança é penalizar a pessoa errada, no caso, o estuprador.

Se eu fosse você não seria tão rápido em discordar do que estou dizendo antes de estudar direitinho sua árvore genealógica. Talvez você nem estivesse aqui para discordar se alguém de sua família fosse favorável ao aborto em caso de estupro.

Quantas pessoas vieram ao mundo e nem sabem que foram geradas por estupro? Apenas nos Estados Unidos, a cada dois minutos uma mulher é estuprada. Em Ruanda, durante a guerra, meio milhão de mulheres foram vítimas de estupro. Calcula-se que nas zonas de guerra 5% a 8% das crianças que nascem são originadas de estupros. O que teria acontecido se elas tivessem sido privadas de nascer e você fosse descendente de uma delas?

Considerando que todos nós temos atrás de nós uma enorme árvore genealógica, qual de nós pode afirmar com certeza que não é filho, neto ou tataraneto de um estuprador? Se uma ancestral minha ou sua estivesse em um navio abordado por piratas há alguns séculos eu e você seríamos tataranetos de um estuprador. Considerando que não eram só piratas que faziam isso, mas em todas as civilizações, em todas as épocas isso acontecia com frequência, é difícil dizer quem é descendente de um estupro e quem não é.

Pegue, por exemplo, o caso dos judeus. Um judeu me disse que ele só era ruivo de olhos azuis porque alguma mulher em sua árvore genealógica tinha sido estuprada por algum bárbaro europeu. Os judeus originais são morenos como qualquer habitante do Oriente Médio, e considerando que sua religião não aprova o casamento com outras etnias, os judeus ruivos ou louros de olhos claros que você conhece provavelmente ganharam sangue bárbaro nas invasões de suas comunidades e rapto de suas donzelas tataravós. Detalhe: alguém é considerado judeu se for descendente de mãe judia. Esse detalhe até ajudou a preservar a linhagem.

Tem muita gente que lida muito bem com o fato de ser filho ou filha de um estuprador. Rebecca Kiessling não apenas é filha de um estuprador, como é contra o aborto em caso de estupro. E como poderia ser diferente? Se a mãe dela, estuprada com uma faca encostada no corpo, decidisse não seguir adiante com a gravidez ela não teria nascido. Veja o que ela escreve em seu site:

Todos nós já ouvimos alguém dizer: “Sou contra o aborto exceto em casos de estupro…” ou “A mãe deve decidir, principalmente em casos de estupro…” Você já chegou a considerar o insulto que é dizer a alguém “Acho que sua mãe devia ter abortado você”? É como dizer “Se dependesse de mim você estaria morta”.

E é isso que ouço todas as vezes que alguém diz que é a favor do aborto em caso de estupro, porque eu sou uma que teria sido abortada se a lei do estado de Michigan permitisse o aborto quando eu ainda era um feto. Posso garantir a você que ouvir essas coisas me faz mal.

Mas eu sei que a maioria das pessoas nunca pensa em um ser humano real quando tratam da questão do aborto. Elas falam do aborto como se não passasse de um conceito. Dão sua opinião, deixam o assunto de lado e logo se esqueceram. Eu realmente espero que, por ter sido gerada de um estupro, eu possa ajudar a dar um rosto e uma voz à questão do aborto. — Rebecca Kiessling.


Que hinos você e os irmãos cantam nas reuniões?

Aqui no Brasil os irmãos com os quais me congrego usam um hinário com hinos tradicionais compilados por alguns de nós. Foi feita uma seleção de hinos de adoração e louvor, e também de vida cristã e oração para fazerem parte do hinário que é usado no canto coletivo da assembleia dos irmãos, quando estes estão reunidos para a ceia do Senhor, para oração ou ministério da Palavra. O critério usado na seleção foi de hinos que pudessem ser cantados na terceira pessoa (“nós te louvamos” ao invés de “eu te louvo”, por exemplo), para expressarem mais o caráter de um louvor coletivo.

Em pregações do evangelho é utilizado outro hinário com hinos de apelo evangelístico, do tipo “vem a Jesus”, por exemplo. Não faria sentido uma assembleia reunida na ceia do Senhor, por exemplo, para lembrar sua morte, cantar um hino de convite com frases como “vem a Cristo”, “arrepende-te”, etc. Quem está participando da ceia do Senhor já foi a Jesus, já se arrependeu, e está ali agora não cantando para incrédulos, mas para Deus.

A ideia de montar um hinário de hinos selecionados surgiu justamente porque nos hinário normalmente utilizados pelos cristãos no Brasil há uma mistura muito grande de hinos de louvor, evangelismo, ocasiões especiais, etc. Geralmente eles são separados por numeração, mas um recém-convertido com pouco entendimento poderia, por exemplo, sugerir um hino de evangelismo na reunião da Ceia do Senhor, o que não seria apropriado.

Talvez seja preciso lembrar que quando nos reunimos não existe um dirigente além do Espírito Santo, quero dizer, não há um homem na frente da congregação dizendo o que devemos cantar, fazendo as orações ou responsável pela pregação ou ministério. Cada irmão que sente no coração trazer uma oração, uma palavra ou um hino faz isso, enquanto os outros julgam.

Nos países de língua inglesa os irmãos usam um hinário chamado “Little Flock”, compilado no século 19 por John Nelson Darby e outros.

Quando estamos em reuniões familiares ou para conversar na casa de algum irmão, costumamos cantar esses hinos e também outros hinos populares que alguém saiba tocar ou cantar. Mas nas reuniões da assembleia cantamos apenas os hinos do hinário (mesmo porque assim todos saberão cantar) e não usamos instrumentos musicais porque não encontramos subsídios no Novo Testamento para fazer isso nas reuniões de adoração dos cristãos.

No carro ou no trabalho costumo ouvir CDs de música cristã de diversos estilos, mas pessoalmente gosto mais dos hinos tradicionais.


Tudo o que fiz será revelado quando Jesus vier me buscar?

Respondendo primeiro sua segunda pergunta, sim, será revelado tudo o que cada um de nós fez antes e depois de convertidos.

(2 Co 5:10) “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”.

O versículo não fala apenas do bem que tenhamos feito, mas do bem e do mal, e também não fala do que tenhamos feito depois de convertidos, mas “por meio do corpo”. Ou seja, antes de nos convertermos já tínhamos um corpo fazendo coisas nesta vida, e essas coisas serão manifestadas.

Esse evento é o tribunal de Cristo, e nada tem a ver com o grande trono branco de Apocalipse, quando serão julgados os perdidos. O tribunal de Cristo não é um julgamento no sentido de decidir se alguém será ou não condenado. Quem estiver diante de Cristo nesse tribunal já foi salvo pela fé, já teve todos os seus pecados lavados pelo sangue do Cordeiro, e o tribunal de Cristo servirá não só para revelar quão magnífica foi sua graça em salvar pecadores, mas também para distribuir galardões (prêmios) aos que fizeram algo para ele. Porém nessa hora ficarão manifestas não só as obras, mas as intenções também.

Ainda que os podres também sejam revelados, pois a transparência será total, é preciso lembrar “que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo”. Portanto, não há de que se envergonhar então, pois estaremos em um corpo transformado e com todos os nossos pecados já pagos.

Naquilo que diz respeito às minhas más obras que ficarão manifestas, eu me imagino olhando para essas coisas naquele momento como alguém que olha para vários vidros depois de passar por uma cirurgia e observa os tumores que foram tirados de seu corpo. É como olhar para aquilo e pensar, “veja só, isso estava dentro de mim e o cirurgião extraiu; era meu, causava dores, causava problemas, incomodava, mas agora pertence ao passado”.

Portanto, na condição em que estivermos naquele dia não haverá qualquer sentimento de vergonha, como se hoje as pessoas descobrissem os que temos feito em oculto. Porém isso não tira de nós a responsabilidade de vivermos cada dia sabendo que nada do que fazemos está oculto aos olhos de Deus e tampouco ficará oculto no futuro.


Caim era pedófilo e cometeu incesto?

Em resumo, sua dúvida é: Se Caim casou-se com uma irmã, esta devia ser pequena ainda, Caim poderia ser acusado de pedófilo e de ter cometido incesto?

Sua dúvida faz parte da clássica pergunta “Com quem se casou Caim?” e todos os desdobramentos que essa pergunta pode trazer. Se você acha que essa dúvida é a mais complicada de resolver, eu diria que há ainda outra mais difícil ainda: Depois de se casar e ter um filho Caim edifica uma cidade para quem morar nela?

A resposta para esta e muitas outras questões semelhantes que você levanta nas Escrituras é: Não sabemos. Isso mesmo, não há informação suficiente para responder por que não estávamos lá e Deus não achou importante incluir no texto informações que não teriam qualquer relevância para o que ele tinha para nos dizer.

Suponha que eu encontre uma pessoa que nunca conheceu a tecnologia moderna e diga a ela algo muito importante que ouvi de alguém com quem conversei hoje nos Estados Unidos. Por ignorar a existência do telefone ou da Internet, essa pessoa deixará de dar atenção à mensagem importante que tenho para dar a ela e se preocupará mais com a impossibilidade de alguém no Brasil conversar com alguém nos Estados Unidos sem viajar para lá.

Geralmente acontece algo semelhante quanto lemos a Bíblia querendo saber detalhes que Deus não achou importante incluir em suas linhas. A história de Caim e Abel tem uma mensagem importante, e esta não é com quem Caim se casou e nem se havia uma população suficiente no mundo para ele construir uma cidade. Se fosse, Deus teria nos dados detalhes disso, mas não deu, portanto qualquer especulação será apenas isso: especulação.

Não sabemos quanto tempo ocorreu entre o nascimento de Caim e Abel e dos outros filhos de Adão e Eva, não sabemos quantas pessoas já existiam no mundo quando Caim matou seu irmão e nem quanto tempo levou para ele se casar. Também não sabemos se ele se casou com uma irmã pequena para ser acusado de pedófilo, e nem se era mesmo uma irmã sua, para seu relacionamento ser considerado incestuoso. Lembre-se, porém, de que Deus só iria condenar o incesto séculos depois ao dar a Lei.

É tanta coisa que o texto não contém que se ficarmos preocupados com isso perderemos o principal, que é justamente aquilo que Deus está querendo nos falar por meio daquilo que o texto contém.

Da história toda, creio que o ponto mais importante está nestas passagens de Gênesis 4:

DEUS: “Onde está Abel, teu irmão?”

CAIM: “Não sei; sou eu guardador do meu irmão?”

DEUS: “Que fizeste?… Quando lavrares a terra, não te dará mais a sua força; fugitivo e vagabundo serás na terra.”

CAIM: “É maior a minha maldade que a que possa ser perdoada… Da tua face me esconderei; e serei fugitivo e vagabundo na terra, e será que todo aquele que me achar, me matará.”

DEUS: “Qualquer que matar a Caim, sete vezes será castigado. E pôs o Senhor um sinal em Caim, para que o não ferisse qualquer que o achasse.”

Sabe o que é importante em tudo isso? Deus está oferecendo uma oportunidade de perdão a Caim, chamando sua consciência à tona e, mesmo assim, Caim continua pensando só em si mesmo.

Deus diz que ele será fugitivo e vagabundo (errante), mas não diz que seu pecado é tão grande que não possa ser perdoado e nem mandou que Caim se escondesse da face de Deus.

Isso tudo foi ideia de Caim. O pecado nos torna ainda mais egoístas e nos colocamos até no lugar de Deus, determinando o que nós achamos que seja justo ou não para nós. É por isso que Caim diz que aquele que o achar irá matá-lo, mas Deus dá uma provisão para que isso não aconteça, prometendo castigar quem o ferir e ainda pondo uma marca em Caim para ser reconhecido e não ser ferido.

Você pode ver em tudo isso a graça de Deus tentando de todos os modos salvar um pecador, pois se não fosse assim Deus não teria nem perdido tempo iniciando um diálogo com Caim.

Agora eu pergunto: Com toda a profundidade e as lições que temos no texto, será que precisamos mesmo saber com quem se casou Caim, se era sua irmã, e se era maior de idade?


Por que você não gostou de tudo que leu no livro de C. S. Lewis?

Transcrevendo textualmente sua dúvida: “Fiquei curioso com a afirmação abaixo, que você faz sobre o livro ‘Cristianismo Puro e Simples’: ‘A segunda parte do livro eu não sugiro porque é mesclada de crenças e práticas anglicanas, que foi a religião à qual ele se uniu após sua conversão a Cristo’. Gosto muito de seus pontos de vista. Você poderia dar mais detalhes da razão pela qual discorda da segunda parte do livro?”

Considerando que li o livro em 1985 e já não tenho mais o volume em português, que dei de presente a um gerente ateu de uma empresa onde trabalhei, tentei encontrar na edição que tenho em inglês e tive dificuldade. Então procurei na Web e encontrei o livro traduzido e achei o texto ao qual me referi, que é basicamente doutrina anglicana (não muito diferente da católica) que atribui poderes especiais ao batismo e à ceia:

“Há três coisas que infundem a vida de Cristo em nós: o batismo, a fé e essa ação misteriosa que os cristãos chamam por vários nomes — a Santa Ceia, a Eucaristia, a Ceia do Senhor. São esses três, pelo menos, os métodos mais comuns, o que não quer dizer que não haja casos especiais em que essa vida nos possa ser dada na ausência de um ou mais deles”. Pág. 23.

“Gostaria de deixar bem claro que, quando os cristãos dizem que a vida de Cristo está dentro deles, não se referem simplesmente a algo mental ou moral. Quando dizem que “estão em Cristo” ou que o Cristo “está neles”, não é uma mera maneira de dizer que estão pensando em Cristo ou tentando imitá-lo. Querem dizer que Cristo opera de fato através deles; que a massa dos cristãos é o organismo físico pelo qual Cristo age — que nós somos seus dedos e músculos, as células de seu corpo. E talvez isso explique algumas coisas. Explica por que essa nova vida nos é infundida não apenas mediante Atos puramente mentais, como a fé, mas também mediante Atos corporais, como o batismo e a Santa Ceia. Não se trata simplesmente da difusão de uma ideia; antes, é como a evolução — um fato biológico ou superbiológico. Não vale a pena tentar ser mais espiritual do que o próprio Deus, que nunca teve a intenção de que fôssemos criaturas puramente espirituais. Esse é o motivo pelo qual se vale de meios materiais como o pão e o vinho para infundir em nós essa nova vida”. Pág. 27.

Quando me referi à “segunda parte do livro” estava pensando nessas passagens, pois não me lembrava direito de como o livro era dividido. Agora vejo que isso está no “Livro II — No que acreditam os cristãos”. A parte que realmente gostei foi o “Livro I” (o volume todo é composto de diferentes textos), porque é onde ele destrói o raciocínio ateísta praticamente sem falar de Deus. Existem menos de dez menções a “Deus” e mesmo assim só no final do “Livro I”. Quanto ao assunto acima, creio que o batismo e a ceia são Atos simbólicos, como eram os sacrifícios do Antigo Testamento, que nunca podiam tirar pecados, mas apontavam para o verdadeiro sacrifício que viria depois. A ceia é a recordação ou memorial desse sacrifício, agora passado.


Como lidar com as maldições, ‘macumbarias’, ‘trabalhos’ etc.?

Sua dúvida é sobre uma maldição que alguém teria lançado sobre sua cidade no passado e trabalhos de macumba que teriam sido feitos contra a prefeitura, moradores, etc. Segundo você, muitos dos males que acometem as pessoas de sua cidade seriam decorrentes dessas maldições.

Entendo que esteja passando por dúvidas sobre como agir nessa situação, sendo você uma cristã, salva por Cristo. Primeiro é preciso entender duas coisas: Existe algo chamado mundo e existem pessoas que foram compradas do mundo por Cristo, estando agora apenas de passagem por este sistema de coisas e pessoas chamado mundo.

De onde fomos tirados? De um mundo de trevas, dirigido pelo príncipe deste mundo, o demônio. Um mundo que adora ídolos, um mundo que se deleita com a imoralidade, um mundo que se regozija com a injustiça e que expulsou o Senhor da glória. O que esperar para um mundo assim? Só confusão, como a que você está testemunhando no seu trabalho.

Então você vai ver pessoas fazendo “trabalhos” contra outras pessoas, outros (usando o mesmo poder do diabo) tentando “desmanchar” esses trabalhos, etc. E o crente? Bom, o crente não tem nada a ver com isso. O único “trabalho” que o crente deve procurar desfazer são as vidas incrédulas que estão rumando ao inferno. Nada mais. De que vale um cristão estar querendo desmanchar maldições em um lugar onde trabalham inimigos de Deus? Iria isto salvá-los do fogo eterno? Não. A maior maldição sob a qual alguém pode estar é a condição de um pecador sem Cristo. Qualquer maldição satânica só pode fazer mal à carne. A maldição do pecado leva a alma para o fogo eterno.

Portanto o melhor que tem a fazer é orar pela salvação dessas pessoas, pregar o evangelho para elas e até mesmo evitar quando elas quiserem pedir orações para libertá-las de maldições e coisas do tipo. O ser humano quer ser liberto dos problemas e das feitiçarias para poder continuar sua vida de pecados sem Cristo, com um pouco mais de sossego. Mas devemos ir direto ao assunto que interessa, que é a salvação. Sem arrependimento não há perdão, sem crer em Cristo, nada de remissão.

Quanto ao crente, nenhuma maldição de Satanás pode nos tocar sem antes receber a permissão de Deus, como aconteceu com Jó E se Deus permitir, é porque tem uma razão para isso e um final feliz reservado para nós. Portanto nem se preocupe quanto a você.


O quanto preciso estar preparado para evangelizar?

A rigor, para evangelizar, tudo o que você precisa saber é o que Paulo diz em sua epístola ao resumir o que é a mensagem do Evangelho:

“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis. Pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vo-lo tenho anunciado; se não é que crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, E que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras.” (1 Co 15:1-4).

As pessoas irão dizer que você precisa estudar, fazer teologia, ou então dirão que a Bíblia é muito difícil de entender sem o auxílio de um clero e que é melhor você deixar isso para quem entende. Exigir de alguém que conheça mais do que a simples mensagem do evangelho é o mesmo que dizer para não evangelizar, pois quando é que alguém pode dizer que já sabe tudo sobre a Bíblia?

Veja o caso da menina, serva de Naamã. Era uma criança apenas, de outra sociedade, de outra cultura, de outra civilização, escrava da mulher de um general. Se ela achasse ser necessário uma preparação especial para poder falar a alguém de outro povo, nível social, cultura, etc., jamais teria testemunhado à sua senhora que a cura estava com o profeta em Samaria. Mas na simplicidade de sua pessoa, de seu preparo e de seus meios, Deus acabou sendo glorificado ao máximo.

E assim deveria ser sempre. O meu ministério vale tanto quanto uma garrafa de vácuo (sem o vasilhame, é claro) se não for algo recebido de Deus. E se vier de Deus, não tenho nada que tocar trombetas, pois o recebi apenas; não havia em mim nada além de um vaso vazio que Deus quis usar por graça apenas.

Veja que interessante esta passagem: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito, não vos ensoberbecendo a favor de um contra outro. Porque, quem te faz diferente? E que tens tu que não tenhas recebido? E, se o recebeste, por que te glorias, como se não o houveras recebido?” (1 Co 4:6-7)

Se temos algum ministério, seja ele qual for, foi porque recebemos, por graça, não por esforço ou capacidade própria. E se recebemos, por que nos gloriarmos como se não o tivéssemos recebido? (como se tivesse se originado em nós?).

Como então identificar um ministério vindo de Deus? Fazendo o teste de João Batista: Se para nós importa que ele cresça e eu diminua, então estou querendo dar glória a Deus. Mas se eu quiser ficar com os aplausos, Deus permitirá que eu fique com os aplausos… Dos homens. Todavia é a aprovação de Deus que conta. Muito do que hoje é aplaudido como grandes ministérios se mostrará palha inflamável quando chegarmos no céu, diante do Tribunal de Cristo que irá nos recompensar segundo tudo o que fizermos aqui para ele. Por outro lado, muito do que é feito no segredo da comunhão com Deus brilhará eternamente para a glória de Deus.

Em 2 Samuel 23:8 há uma lista dos valentes de Davi, homens que foram fiéis a ele e não o abandonaram em seu exílio. O primeiro da lista é praticamente desconhecido e não há nada sobre ele além deste e de provavelmente mais um versículo em Crônicas. Pode crer que serão incógnitos assim que ocuparão os primeiros lugares na lista daqueles que foram realmente fiéis a Cristo quando ele distribuir o galardão ou recompensa a cada um dos seus.


O que você acha de experiências místicas?

Li seu relato de um só fôlego até o fim e me identifiquei com muitas coisas pelas quais passou. Também sou (fui?) artista, embora sem ter exposto qualquer trabalho. Pintava a óleo e também desenhava retratos a grafite. Meu forte, porém, era o cartoon e durante o tempo da faculdade mantinha uma tira semanal no mural da faculdade que era um sucesso. Minha tese para formatura na faculdade de Arquitetura de Santos foi toda desenhada, quase como um gibi, e deu o que falar. Não só a proposta era revolucionária, como a apresentação.

Como você, mas talvez não tão intensamente, também vivi experiências místicas. Quando criança vi uma cruz se incendiando na parede de meu quarto e mais tarde vi um menino se materializar e sumir na minha frente. Por duas vezes vi OVNIs, e cheguei a praticar (com sucesso) exercícios simples de transmissão de pensamento com outra pessoa quando estava envolvido com ocultismo. Também pratiquei um ritual por meio do qual fazia girar um objeto com a força da mente (seria mesmo força da mente?) e outras coisinhas mais.

Portanto não ponho em dúvida as experiências que você diz ter passado, pois não podemos duvidar de experiências. Alguém já quis tentar me convencer de que aquilo que eu vi eu não vi, o que é ridículo. A experiência não pode ser contestada, mas a origem dela sim. Vivemos imersos em um mundo do qual enxergamos apenas uma parte infinitesimal. A grande atividade acontece nos bastidores, no mundo espiritual. Nossa comunicação com essa esfera invisível é pouca e imperfeita, e menor ainda nosso discernimento do que existe do “lado de lá”. Portanto seremos navegantes tolos se tentarmos nos aventurar nesse oceano espiritual sem uma bússola, sem um mapa e um farol, ou referências seguras que nos garantam a viagem.

Você tem uma bússola para isso? Esta é a questão. Vem alguém e me diz isto. Outro me diz aquilo. Passo a considerar que qualquer coisa falada sobre o mundo espiritual seja verdade (aquela história, “se fala de Deus é bom”). Mas não posso me esquecer de que no mundo espiritual há forças antagônicas e que Satanás é uma realidade, assim como seus ministros (anjos). E não apenas isto, mas tenho que me conscientizar de que ele conta com pelo menos seis mil anos de vantagem em experiência de mentir e enganar o homem. Quem sou eu, então, para ter um juízo seguro e poder discernir o que vem de Deus e o que não vem? De que vale minha pequenina sabedoria numa área assim?

Por isso precisamos de um guia seguro. Refiro-me à Bíblia, o livro que tem a “audácia” de se declarar “a Palavra de Deus”. Sim, o livro que transporta você ao tempo de seus ancestrais judeus. Aliás, Benjamim e Judá são as únicas tribos conhecidas hoje; as outras estão dispersas e “perdidas” a uma identificação clara.

Já tentou passar suas experiências pelo filtro da Bíblia? Um dia eu tive que submeter as minhas experiências no campo espiritual à luz da Palavra de Deus e entendi que estava sendo descaradamente enganado por Satanás e seus anjos, usando ainda meus sentidos e forças, que indubitavelmente minha mente possui, mas que não foram disponibilizadas por Deus para serem usadas por um ser imperfeito e arruinado como eu.

Em resumo, minhas experiências, ainda que reais e visíveis, as reconheço hoje como enganos que só serviram para me afastar ainda mais de Deus, colocando minha ocupação no que era sensorial, fazendo-me submergir no misticismo e aumentando meu senso de falta de paz e de certeza de coisa alguma. Mas isto foi um exercício pessoal entre mim e Deus, à luz da sua Palavra. Não quero entrar no âmbito das suas experiências, pois é um julgamento que você mesmo terá que fazer à luz desse guia seguro que é a Bíblia. Não posso lhe passar uma convicção que me foi dada por Deus, pois seria para você convicção de homem, o que de nada serviria.

Somos imperfeitos por natureza, e você sabe disso. Estamos perdidos por natureza, no tempo e no espaço, sem saber de onde viemos nem para onde vamos. Já se sentiu só e perdido em uma cidade grande e estranha, onde as pessoas falam outra língua desconhecida a você? Tenho certeza de que já teve esta sensação. De repente aparece alguém que parece conhecer você, saber de seus desejos, suas preferências, fala sua língua… Pronto! Deduzimos imediatamente ser aquilo a providência divina e cegamente seguimos o estranho, que nos parece tão familiar. Muita gente se deu mal fazendo no mundo material. O que pensar então de uma situação semelhante em termos espirituais?

Os anjos nos rodeiam e nos conhecem. Há miríades de anjos que deixaram sua condição original de obediência e se rebelaram contra Deus. Continuam anjos, continuam sábios, continuam poderosos, e nos conhecem nos mínimos detalhes. Devemos sucumbir ao seu “canto de sereia” sem qualquer análise, sem qualquer restrição ou resistência? É aí que mora o perigo e milhares têm sucumbido ao encanto do espiritismo, do ocultismo e de outros “ismos” mais. Volto a insistir que nenhuma viagem é segura sem um bom guia. E Deus providenciou o Guia dos Guias, a sua Palavra. E como se não bastasse, ele providenciou uma Pessoa, o Espírito Santo, para nos guiar nesse Guia que é a Palavra. Quando eu sei que o próprio Deus está preocupado comigo, quer falar comigo, por que vou perder tempo com intermediários, sejam eles anjos, espíritos ou mesmo homens?

A conversa de Deus comigo começa diferente daquela do Sedutor, que é Satanás. Ele, no jardim do Éden, iniciou a conversa colocando dúvidas sobre o que Deus havia dito, depois passou a contradizer claramente o que Deus afirmara para finalmente jogar confete em Eva dizendo que, se desobedecessem, seriam “como Deus, conhecedores do bem e do mal”. Quer algo mais sedutor do que a oferta de ser como Deus? Eva deve ter pensado: “Uau! Ser dona de meu próprio nariz e não ter que prestar contas a Deus!”

Daí vem também aquela famosa ideia incutida em nós (já senti isso e já disseram para mim também): “Você é médium, precisa desenvolver!” O meu ego se banqueteia quando alguém me diz que sou alguma coisa, um diamante que precisa ser lapidado e outras coisas do gênero. Mas será que sou? Vamos ver o que Deus diz em sua Palavra:

(Rm 3:23) “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus;”

Isto inclui você e eu. TODOS pecaram, TODOS destituídos (afastados) da glória de Deus, TODOS igualmente arruinados e caídos. Não é uma coisa muito simpática de se ouvir, não é mesmo? Mas é a verdade. O médico nos conta a verdade e não gostamos, mas se o faz é porque quer que aceitemos o tratamento.

Aí vem o espiritismo ou qualquer ismo sedutor e diz: Você não é tão mau assim, precisa se aprimorar. Então leio em Romanos 3 a descrição do que sou aos olhos de Deus. Em quem devo acreditar? Da decisão que advém desta pergunta dependerá toda a sua vida. Se quiser acreditar no que Deus diz, então há um remédio divino esperando, o qual é Cristo Jesus, Deus feito Homem, vindo para salvar você. Se preferir continuar acreditando no que dizem os supostos espíritos ou acalentar sensações, então não estará pronto para escutar a verdade, por dolorida que possa parecer no princípio.

Você quer a verdade, você anseia por ela? Não vou falar de religião, mas de Cristo, aquele judeu que você certamente sabe Quem foi. Em poucas palavras, ele substituiu você no inevitável juízo que merece como pecador, para que você possa sair livre e ter seu relacionamento vital com Deus restabelecido (lembre-se de que todos pecaram e estão, por natureza, afastados de Deus). Certamente não parecem ser as palavras simpáticas (pecado, juízo, morte) que você costuma escutar partindo do espiritismo, mas quem se importa com palavras doces quando a eternidade — salvo ou perdido — está em jogo? Ao ver meu filho necessitado de cuidados médicos mais sérios estarei sendo culpado de negligência se tentar tratá-lo com band-aid apenas para evitar o incômodo que uma cirurgia possa lhe trazer.

Você gostaria de embarcar em uma conversa franca sobre seu destino eterno à luz da Bíblia? A empatia que sinto por você é muito grande, pois posso me enxergar andando nos seus sapatos há alguns anos, e gostaria que você também tivesse a certeza que hoje Deus me dá pela sua Palavra. Nada mais de um futuro desconhecido, nada mais da falta de paz e segurança em minha alma, nada mais de uma vida vazia e sem significado, incapaz até de indicar aos meus mais queridos um caminho que seja seguro e inequívoco.


Devo me preocupar com os documentários sobre o fim do mundo?

A profecia bíblica está relacionada a Israel, e foi dada por Deus através dos autores inspirados. Qualquer coisa que não venha dessa fonte é duvidável. O estudo da profecia pode ser confundido com o estudo da curiosidade humana. Volta e meia o Discovery Channel, History Channel e outros Channels apresentam algum documentário interessantíssimo sobre profecias, na Bíblia e fora dela. Onde está o problema? São dirigidos à carne e ao intelecto por não apresentarem Cristo como o alvo do documentário. Lembre-se sempre deste versículo:

(Ap 19:10) “E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”.

Isso é dito quando João estava prestes a se ocupar com outro que não era Cristo, a saber, com o anjo que lhe trazia uma revelação. O objetivo da profecia é a ocupação com Cristo e qualquer coisa que nos distraia ou leve para longe dele deve ser vista com desconfiança. Teorias conspiratórias ou profecias escavadas de pirâmides por algum “Indiana Jones” são coisas extremamente cativantes e não demora para estarmos mais ocupados com a contemplação de eventos, pessoas ou fatos apresentados por essas fontes, do que com Aquele que deve estar no centro de nossas atenções.

O tema “fim do mundo” sempre atraiu as massas, porque causa comoção. O curioso é que o evangelho não exerce a mesma atração, talvez por revelar que somos pecadores necessitados de um Salvador. De nada adianta alguém se preocupar com o fim do mundo se ainda não resolveu a questão de seu destino eterno, pois o mundo, num certo sentido, pode acabar para qualquer um de nós no segundo se nosso coração parar de bater. Aí será o fim do mundo para mim, pois não estarei mais nele.


Como lidar com as falhas na Bíblia?

Você tirou seus questionamentos do livro “O Espiritismo e as Igrejas Reformadas”, de Jayme Andrade, e eis as respostas para elas:

Você escreveu: “Como pode Deus criar a luz antes do Sol? — (Gn 1:3-14)”.

Deus não criou a luz. A luz sempre existiu, pois é um atributo de Deus “Deus é luz” (1 João 1:5). Em Gênesis Deus disse “HAJA luz, e houve luz”.

Você escreveu: “Como afirmar que do Éden saia um rio que se dividia em outros quatro?”.

Ninguém sabe onde fica o Éden e o mundo mudou apos o dilúvio, portanto é irrelevante qualquer pesquisa neste sentido.

Você escreveu: “Por que a proibição de comer do fruto da �árvore da ciência do bem e do mal� (Gn 2:17), se é fato que, dando a razão ao homem, Deus só poderia encorajá-lo a instruir-se? Acaso preferia ele ser servido por um tolo?”.

No Éden o homem não precisava de coisa alguma. Portanto, instruir-se de quê e para quê se ele podia conversar com Deus? Veja onde foi parar o homem instruído! Isso é evolução?

Você escreveu: “Por que se atribuiu à serpente o papel de Satã (Ap 12:9), se a Bíblia apenas diz que �a serpente era o mais astuto dos animais� (Gn 3:1)?”.

A Bíblia inclui também o livro de Apocalipse, onde diz que “Ele prendeu o dragão, a antiga serpente, que é o Diabo e Satanás” (Ap 20:2).

Você escreveu: “Como puderam encerrar ‘casais de todos os animais da Terra’ (Gn 6:19) numa arca de 300 côvados (198 m) de comprimento por 50 de largura e 30 de altura (Gn 6:15)?”.

Não foram todos os animais da Terra, mas apenas “dois de cada espécie” (Gn 6:19). Além disso, o maior número de espécies vive na água e continuaram lá durante o dilúvio. Existem hoje cerca de 17 mil espécies de animais, naquele tempo poderiam ser classificados em menor número de espécies (a espécie dos felinos tem dezenas de animais, mas são da mesma espécie). A capacidade da arca era igual a 522 vagões de trem cargueiro. Podia caber nela 125 mil animais do tamanho de um carneiro. Considerando que a maior parte dos animais do mundo são menores que um carneiro, deixo para você fazer as contas.

Você escreveu: “Como conseguiram apanhar todos esses animais e reunir tantos e tão variados alimentos e de que modo se houve as 8 pessoas a bordo (Gn 7:13) para alimentar todos eles (e limpar todos os dejetos) durante mais de um ano? Note-se que o dilúvio começou a 17 do segundo mês (Gn 7:11) e os que nela haviam entrado sete dias antes (Gn 7:10) só saíram da Arca a 27 do segundo mês (do ano seguinte é óbvio) (Gn 8:14)”.

Os animais só passaram a ter medo do homem ao saírem da arca (Gn 9:2), ao mesmo tempo em que Deus deu a carne como alimento (os homens eram vegetarianos). Muitos animais hibernam e não seria difícil que o tivessem feito por um período de tempo. A maioria dos animais é vegetariana, principalmente os maiores. Outros tomam leite… Mas isto é suposição, pois não entendemos muito de um mundo onde não chovia antes do dilúvio (foi a primeira chuva no mundo). Antes disso a terra era regada por um vapor (Gn 2:6). Além disso, ei! Estamos falando de Deus aqui, e será que ele não teria resolvido esses detalhes?

Você escreveu: “Se Deus é justo e se foi ele próprio que endureceu o coração do Faraó para que não permitisse a saída dos israelitas (Êx 11:10), por que teria de matar todos os primogênitos do Egito, inclusive muitos milhares de inocentes crianças e até os primogênitos de todos os animais? (Êx 12:29)”.

Se ler o texto inteiro verá que ele só endureceu o coração de Faraó depois que este já havia tomado uma decisão. Verá também que Deus colocou uma opção diante de Faraó, tornando-o responsável por todas as consequências de sua decisão. Se numa guerra o adversário avisa que sua cidade será bombardeada, se você ignorar o aviso e permanecer com sua família a responsabilidade será sua. Não poderá dizer que não lhe foi dada uma chance.

Você escreveu: “Como teriam os magos egípcios transformado a água do Nilo em sangue (Êx 7:22), se Moises já o fizera antes? (Êx 7:20)”.

Você já ouviu dizer que rio corre? Sabe o que acontece com água corrente depois de transformada em sangue? Ora, todo mundo sabe! Vai voltando a virar água. Os magos, com poder demoníaco, só conseguiram piorar a situação do Egito, prolongando a falta d’água.

Você escreveu: “Se o mar tragou todo o exército do Faraó, este inclusive (Êx 14:28) não é de se estranhar que com a decifração dos hieróglifos, que permite hoje conhecer toda a história do antigo Egito, não se tenha encontrado uma só referência a tão espantosa calamidade?”.

Não precisamos ir longe. Na história da União Soviética, a cada ano, desapareciam personagens de fotos históricas nos livros escolares. Haviam sido proscritos do partido e sua memória precisava ser apagada. Você acredita na História do Brasil? E ela não tem quinhentos anos! O que esperar da história de um povo como o Egípcio que, no auge de seu poder, foi tão humilhado pelo Deus de seus escravos? Algum historiador egípcio seria louco de escrever isso nos anais de sua história?

Você escreveu: “Como entender que os autores do Antigo Testamento, tão precisos ao citar pelos nomes dezenas de pequenos reis das cidades vencidas não tenham mencionado o nome do Faraó que reinava ao tempo da fuga dos israelitas, o qual é citado tantas vezes nos primeiros 14 capítulos do livro de Êxodo?”.

“Faraó” era o título da época. Assim ele era conhecido. Do mesmo modo como “César” ou “Amaleque”, que também era um título. Se Deus não achou necessário citar o nome do Faraó é porque queria que prestássemos atenção naquilo que ele achou que foi necessário citar. Por que insistir em ler o que não está escrito quando temos tanta coisa escrita que está sendo negligenciada? Você pergunta por que Deus não escreveu. Eu pergunto por que você não crê naquilo que ele escreveu?

Você escreveu: “Como entender que fossem eleitos e protegidos por Deus assassinos como Eude, que apunhalou a traição o rei Eglom (Jz 3:21), Davi, que fez morrer Urias, para tomar-lhe a mulher (2 Sm 11:15) e Salomão, que tendo 700 mulheres e 300 concubinas (1 Rs 11:3), mandou matar seu irmão Adonias só porque este lhe pedira uma? (1 Reis 2:21 e 25)”.

Porque Deus é um Deus de graça, algo que homens que se consideram justos nunca irão entender. Na genealogia do Senhor Jesus você encontra esses homens, e ainda uma moabita, uma prostituta, uma adultera e tantos outros homens pecadores como eu e você. Somente em um Deus de graça podemos encontrar perdão.

Somos tão pecadores quanto Davi ou Caim e enquanto você não reconhecer isto, não poderá ser salvo. Cristo Jesus veio salvar pecadores. Ele não veio buscar os sãos, mas os doentes. Os que se justificam a si mesmos, como os fariseus, batem no peito e dizem: Eu não sou um assassino como Eude, nem como Davi, o adúltero e homicida. Eu não sou como Salomão, com tantas mulheres. Eu não roubo, não bebo, não adultero. Eu sou justo!

Se for este o seu caso, não há salvação para você, pois Cristo veio salvar PE-CA-DO-RES!


Devo confessar meu pecado?

Você começa dizendo que, por ter cometido um pecado oculto, está preocupada que um dia tudo o que fizermos será revelado e também iremos conhecer as pessoas no céu. Sim, as pessoas se conhecerão no céu.

Mas vamos entender uma coisa: aquele que crê em Jesus está salvo, não será julgado, seus pecados foram todos pagos na cruz. Portanto, se você realmente crê em Jesus como seu Salvador, se crê que o sacrifício dele na cruz foi suficiente para salvá-la de todos os seus pecados, não há mais o que se preocupar quanto à questão da sua salvação.

(Jo 5:24) “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação [ou juízo], mas passou da morte para a vida”.

Há duas ocasiões quando todas as coisas são reveladas. Uma é quando os salvos por Cristo se apresentarem diante dele para receber o galardão ou a recompensa. Nessa ocasião tudo o que fizemos nesta vida será revelado, e é tudo mesmo, tanto o que fizemos antes como depois de convertidos. Esse dia é o que conhecemos como “tribunal de Cristo”, mas não é um tribunal no sentido de julgamento, porém está mais para um júri como esses que você vê nos programas de calouros ou em concurso de miss.

Há, porém, outra ocasião quando tudo será revelado, mas essa será para os incrédulos e acontecerá ao final dos mil anos de reinado de Cristo na Terra. A Bíblia chama isso de “grande trono branco” e está em Apocalipse.

Quanto à sua principal dúvida relacionada a tudo isso, que é se deve confessar um pecado que cometeu e nunca contou a ninguém, se ler o Salmo 32 verá que um pecado não confessado pode deixar você em uma condição miserável.

Tiago 5:16 diz para confessarmos nossas culpas uns aos outros, porém não creio que esteja falando de cada um e todo pecado que cometemos em oculto, pois se assim fosse não faríamos outra coisa o dia inteiro além de ficar confessando.

É simples perceber que, além dos pecados que podem nos envergonhar, e 1 João 1 diz que não há quem não peque (embora isso não seja um aval para o pecado, mas apenas a realidade), há muitos pecados que cometemos ao longo do dia, como cobiçar, por exemplo.

Já pensou se fossemos dizer a outro todas as vezes que cobiçamos algo ou alguém, que ultrapassamos o limite de velocidade, que colamos na prova, que sentimos raiva de alguém, que não fizemos o bem que estava ao nosso alcance (porque isso também é pecado)?! O mundo seria um imenso confessionário, com seis bilhões de pessoas para confessar e ninguém para ouvir, pois todos teriam muito para dizer.

Tiago está se referindo a confessar o pecado para a pessoa contra a qual pecamos. Aqueles pecados que cometemos contra Deus seguem a mesma regra, devem ser confessados a ele (incluindo os contra o próximo, porque também são contra Deus). O mesmo versículo em Tiago 5:16 diz para orarmos uns pelos outros e o contexto todo fala de enfermidades, o que é muito pertinente, se pensarmos que um pecado contra alguém pode causar problemas de saúde em ambos. Já ficou um tempo brigado com alguém? Certamente ambos sentiram azia e dor de estômago. A confissão também ajuda neste sentido.

Devemos sempre confessar a Deus os nossos pecados, aos outros aqueles que lhes dizem respeito, e também estarmos prontos a perdoar aqueles que pecam contra nós, porque fomos perdoados de coisa pior por Deus.

(Cl 3:13) “Suportando-vos uns aos outros e perdoando-vos uns aos outros, se algum tiver queixa contra outro; assim como Cristo vos perdoou, assim fazei vós também”.

Mas creio que nada do que escrevi até aqui lhe dará tanto conforto quanto a própria Palavra de Deus em 1 João 1:8:

“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos alimpar de toda maldade. Se dissermos que não havemos pecado, fazemo-lo a ele mentiroso, e sua palavra não está em nós. Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo para que não pequeis; e, se alguém pecar, temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele é a propiciação pelos nossos pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo.”

Sempre que vejo a expressão de amor que o apóstolo usa ao se dirigir a nós como “meus filhinhos”, percebo o quanto Deus está ansioso de restabelecer comunhão conosco, pois o pecado atrapalha nossa comunhão com o Pai.


Sem fé estou perdido?

A fé é um dom de Deus, uma dádiva, um presente, não é algo que recebamos por nossos esforços ou preparo. Portanto, não se preocupe em medir se a sua fé está pouca ou muita. Assim como a salvação, que é por graça e dada por Deus, a fé não vem de nós. Lembre-se também de que “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. (Hb 11:1).

Obviamente “sem fé é impossível agradar a Deus porque” (você se esqueceu da parte principal) “pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.” (Hb 11:6). Por conseguinte, quem não crê que Deus existe e recompensa aqueles que o buscam não pode agradar a Deus; é impossível que o faça. Aqui não está tratando do tamanho ou qualidade da fé, mas de existir ou não fé. Quem não crê em Deus o faz mentiroso. Pergunto: alguém que chame a Deus de mentiroso irá agradá-lo? De jeito nenhum.

(1 João 5:10) “Quem crê no Filho de Deus tem em si mesmo esse testemunho. Quem não crê em Deus o faz mentiroso, porque não crê no testemunho que Deus dá acerca de seu Filho”.

Quando você diz que se não tiver fé não estará agradando a Deus e, se não agrada a Deus, será condenado, faz sentido. Porque se você não tiver fé suficiente para crer em Deus e no seu Filho Jesus, irá duvidar da existência dele e o considerará mentiroso. Uma pessoa salva jamais iria fazer tal coisa.

Não misture, porém, a fé que salva com a fé que vê resultados (tipo mover montanhas). Quer o Senhor tenha falado da fé que move montanhas de forma simbólica ou literal, em qualquer caso essa fé só pode existir em sujeição a Deus e à sua vontade. Quero dizer, se eu quiser mover uma montanha (literal ou não) e isso não for da vontade de Deus, então não posso culpar a Deus se a montanha não sair do lugar.

(Mt 21:22) “E tudo o que pedirem em oração, se crerem, vocês receberão”.

(Tg 4:3) “Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites”.

A fé da vida diária, para mover pequenas e grandes montanhas, não funciona sem oração e comunhão com Deus. Se pedirmos qualquer coisa com fé, ele fará, mas é claro que isso que ele fará está condicionado a termos pedido aquilo que ele gostaria que pedíssemos que ele fizesse. É uma questão de comunhão. Quando andamos em comunhão com Deus passamos a entender melhor sua vontade e acabaremos orando e pedindo aquilo que ele deseja, e então ele realiza o pedido (que afinal era a vontade dele mesmo).


Artes marciais na igreja abrem brecha para o diabo?

Demorei um pouco para entender sua pergunta, que certamente refere-se ao que o mundo se acostumou a chamar “igreja”, e não à “igreja” que encontramos no Novo Testamento. Para que não tenha dúvidas, é bom lembrar que a igreja é simplesmente o conjunto dos salvos por Cristo. Em sua expressão local a igreja é formada por dois ou três reunidos ao nome de Jesus.

Neste sentido, porém, qualquer agrupamento informal de cristãos, como dois ou três que se encontram na rua para conversar, não é a igreja reunida.

Também um grupo de cristãos que se reúna de forma excludente, ou seja, que exija que as pessoas sejam algo mais do que apenas crentes em Cristo para estarem ali, não pode expressar a unidade do Corpo de Cristo e, por conseguinte, deixam de ser uma expressão ou representação desse Corpo, mesmo que aquelas pessoas sejam individualmente membros do Corpo de Cristo por terem sido salvas.

Para entender melhor esta segunda afirmação que fiz, imagine que uma empresa chamada “XYZ” coincida de ter em seu quadro apenas pessoas salvas por Jesus. Quando esses funcionários se reúnem, eles não estão reunidos como uma expressão ou representação do Corpo de Cristo que é a Igreja, mas sim como expressão ou representação da empresa “XYZ”. Quem passar na rua os vê reunidos não irá dizer: “Ali estão os cristãos reunidos”, mas “Ali estão os membros da XYZ reunidos”.

A confusão que levou à sua pergunta é que os cristãos deixaram a simplicidade que havia no princípio e passaram a criar suas próprias agremiações, dando a elas o nome de “Igreja Isso” e “Igreja Aquilo”. Basta ler o Novo Testamento para ver que isso nunca existiu.

Ao criar uma agremiação ou associação de pessoas, ainda que para fins religiosos, algumas outras coisas vão sendo acrescentadas, como imóveis, equipamentos e funcionários. Ao se afastarem da simplicidade da doutrina dos apóstolos, criam-se cargos como em uma empresa, como presidente, vice-presidente, diretor disso e diretor daquilo, e alguns desses cargos passam a ser remunerados de forma regular como em qualquer empresa. Tudo isso gera custo, e para cobrir os custos é preciso gerar receita.

Como a receita costuma vir dos membros dessas associações, o jeito é atrair mais membros, o que leva a organização a competir com as associações seculares, como clubes, por exemplo. Então essas chamadas “igrejas” constroem quadras esportivas, promovem campeonatos e até fazem associação com incrédulos na busca de patrocínios.

Promovem também shows e encontros musicais, e o espaço que antes era destinado à pregação do evangelho passa a ser palco de artistas contratados, e os membros da organização são transformados em plateia ou audiência. Aplausos, vaias, gritos, tietagem, fãs, autógrafos, tudo perfeitamente igual ao que é encontrado no mundo. O importante, claro, é gerar receita.

Provavelmente sua pergunta esteja dentro desse contexto, pois você deve ter visto alguma organização que se denomina “igreja” promovendo campeonatos ou exibições de artes marciais para atrair público. Independente de analisar se as artes marciais têm sua origem no paganismo, a questão toda gira em torno do afastamento da cristandade dos princípios básicos do Novo Testamento para criar organizações com o perfil e a competitividade de empresas.

Vamos ver o que está no projeto original: (Atos 2:42) “Eles se dedicavam ao ensino dos apóstolos e à comunhão, ao partir do pão e às orações”.

Essas eram as atividades da igreja e isso não mudou. Cada uma dessas atividades — ensino ou doutrina dos apóstolos e comunhão, partir do pão e orações — é detalhada depois nas epístolas ou cartas dos apóstolos. Repare que nem mesmo o evangelismo entra como uma atividade da igreja no sentido coletivo, porque se trata de uma responsabilidade exercida individualmente. A igreja se congrega para Deus, o evangelista se dedica a buscar os perdidos.

Alguns acham ainda que a igreja seja uma instituição social que deve corrigir as injustiças do mundo, alimentar os famintos, ingerir em questões políticas, etc. Nada disso você encontra na doutrina dos apóstolos. É claro que os cristãos devem fazer o bem, principalmente aos da família da fé, e isso pode incluir aqui e ali a criação de instituições cristãs como hospitais, creches, escolas, etc., dirigidas por cristãos e com um direcionamento cristão, mas isso não pode ser confundido com a Igreja, o Corpo de Cristo, cuja expressão local se congrega para Deus, para aprender da sua Palavra, lembrar a morte do Senhor na ceia e orar. O que sair disso pode ser qualquer coisa, menos uma atividade da igreja.


Se não tenho o livre arbítrio como posso ser responsável por rejeitar?

“Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste!” (Mt 23:37).

Você pergunta: “O que significa a referência acima da parte do Senhor Jesus: ‘tu não quiseste’? Mero jogo de palavras?”.

Não. Ela significa exatamente isso: eles não quiseram, a vontade deles era contrária à de Deus. A ideia do livre arbítrio está intimamente ligada à ideia de que não estamos completamente perdidos e arruinados, por isso poderíamos escolher fazer a vontade de Deus. Alguma parte de nós ainda poderia ter permanecido intacta. Essa ideia geralmente ocorre porque confundimos “pecado”, no singular, com “pecados”, no plural.

Se fizermos uma analogia ao nosso corpo físico, crer que somos pecadores porque temos “pecados” ou pensamentos e ações contrários à vontade divina ou independentes dela, é como olhar para o corpo humano que tem um tumor em algum órgão. Todavia, crer que somos pecadores porque temos em nós o pecado, o princípio ativo que nos faz pecar, é olhar o homem, não apenas com um tumor ou mesmo em um processo de metástase, quando o câncer invade todos os órgãos e já não há o que fazer, mas como já efetivamente morto. Não há o que fazer com um morto assim, nem mesmo aproveitar seus órgãos para transplante. Ele está todo arruinado.

Deus usa de todos os meios para convencer um pecador de seu estado arruinado e para salvá-lo, mas creio que isso seja uma forma de demonstrar sua completa impossibilidade de fazer qualquer coisa ou escolha (e inclua aí o livre arbítrio) que o leve a Deus. Veja que Deus não impede o homem de aceitar a Cristo como Salvador, mas apenas revela que ele não pode fazer isso de si mesmo, que a inclinação natural de sua carne é inimizade contra Deus. Caso contrário poderia haver no homem algo de bom que o fizesse inclinar-se em direção a Deus, mas aí as afirmações abaixo estariam equivocadas:

(Rm 3:10-12) “Como está escrito: Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só”.

(Rm 8:7) “Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser”.

Em sua maior parte, a cristandade hoje acredita que exista esperança para o homem, que ele possa ser restaurado à comunhão com Deus, e usa essa palavra “restaurar” não apenas como figura de linguagem, mas crendo efetivamente que a velha natureza possa ser reformada e se tornar aceitável a Deus, ou quem sabe até reformada por ele para esse fim. Isso é um engano. O que está morto está morto, é incapaz de desejar até mesmo vida.

Através da obra de Cristo, Deus condenou o pecado na carne, a velha natureza foi definitivamente descartada como algo irrecuperável. O velho homem estava morto, por isso foi necessária a obra de redenção por outro, a saber, Cristo, em quem não havia pecado, já que não havia no homem coisa alguma que pudesse ajudá-lo.

(Rm 8:3-8) “Porquanto o que era impossível à lei, visto como estava enferma pela carne, Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado, pelo pecado condenou o pecado na carne; Para que a justiça da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito. Porque os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito. Porque a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, o pode ser. Portanto, os que estão na carne não podem agradar a Deus”.

Ao ser oferecida ao homem a escolha de crer, sua consciência irá revelar essa incapacidade, pois não há nele qualquer inclinação ou vontade nesse sentido.

O versículo que citou (Jo 3:16) efetivamente mostra que o amor de Deus está disponível para todos, e não podia ser diferente, porque Deus amou o mundo, deu o seu filho, e não tem prazer na morte do ímpio, e ainda quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade. Cristo é também o Cordeiro que tira o pecado do mundo, e a Palavra diz também que ele morreu “por todos”, quando levou sobre si o pecado de “muitos” (Is 53). Tudo isso para mostrar que a provisão de Deus é toda abrangente e o sacrifício de Cristo é infinito em seu poder de salvar.

Você pergunta: “Se de fato nós seres humanos não temos capacidade de atender ou rejeitar o evangelho, por que recai sobre nós a responsabilidade de o rejeitarmos se isso é tudo o que conseguimos fazer?”.

Na Palavra de Deus encontramos as duas coisas: a soberania de Deus em salvar quem ele quer e a responsabilidade do homem. E aí temos Deus, que quer salvar, e o homem, que não quer ser salvo. Mas por que Deus salva alguns e outros não, se são todos igualmente incapazes? Primeiro, é preciso entender que Deus não seria Deus se não fosse soberano. Quando um pecador questiona a soberania de Deus ele simplesmente revela ser um pecador, incapaz de entender seu estado de perdido e arruinado, já que acredita estar em condições de dizer se o que Deus faz está certo ou errado.

Não entender como pode a mesma Palavra falar de soberania, eleição e predestinação por um lado, e responsabilidade do homem por outro, é uma coisa. Mas deliberadamente questionar Deus é outra. Quando encontramos algo assim é melhor nos colocarmos humildemente na posição de quem não entende os desígnios de Deus, do que de contestá-los ou considerar Deus injusto. Soberania divina e responsabilidade humana andam juntas na Palavra de Deus, ambas estão lá. Podemos não conseguir explicar isso, mas não há como negar. O fato de sermos incapazes de explicar algo não invalida sua existência.

Em Apocalipse 22:17 diz: “e quem QUISER, tome de graça da água da vida”.

Como ninguém quer, então Deus decide fazer com que alguns queiram. Você se lembra da história que o Senhor contou?

(Lc 14:23) “Então o senhor disse ao servo: ‘Vá pelos caminhos e valados e obrigue-os a entrar, para que a minha casa fique cheia”.

Poderíamos dizer que aquele senhor foi injusto por ter obrigado esses a entrarem? Ou que foi injusto por ter permitido que outros não entrassem porque não queriam entrar? Nenhum dos que tinham escolha quiseram. Os pobres, aleijados, cegos e mancos estavam suficientemente conscientes de sua incapacidade para serem “obrigados” a entrar ou se deixarem levar. Eu posso até não concordar com o modo de Deus agir (falando como homem), mas não posso negar que seja isso o que encontramos na sua Palavra. Não cabe a nós tentar reconciliar a soberania de Deus (em eleger e predestinar) com a responsabilidade do homem (incapaz de querer ir a Deus). Nossa obrigação é simplesmente crer nas duas coisas, porque as duas estão bem ali, na Bíblia.

Mas, alguém poderia dizer, não se trata apenas de vontade para crer, mas de capacidade para isso. Como responsabilizar um incapaz?

Se alguém deve muito dinheiro a você e é incapaz de pagar, você não é injusto em processá-lo. Alguém poderia dizer: “Oh! Que injustiça! Será que não está vendo que o pobrezinho é incapaz de pagar?”. Veja que até na justiça dos homens não seria uma injustiça você processá-lo e não será uma injustiça o juiz condenar o devedor à prisão por ser incapaz de pagar. Vemos isso todos os dias nos tribunais.

Como questionar então quando Deus promete condenar aqueles incapazes de fazer a vontade dele? Pense também na possibilidade de serem dois os devedores e você decidir perdoar um e processar o outro. Não há injustiça alguma em seu modo de proceder, ao contrário, você, que devia processar os dois, foi misericordioso ao perdoar um deles e justo ao condenar o outro.

Veja a própria história de Israel? Não estava tudo bem determinado por Deus, quem ia ser o que e fazer o que em cada aspecto da história?

(Ml 1:2) “Eu sempre os amei, diz o Senhor. Mas vocês perguntam: ‘De que maneira nos amaste? .’Não era Esaú irmão de Jacó?, declara o Senhor. Todavia eu amei Jacó, mas rejeitei Esaú. Transformei suas montanhas em terra devastada e as terras de sua herança em morada de chacais do deserto”.

Aí está, isso é a soberania de Deus. Epa! Mas isso não se encaixa em nenhuma corrente ou pensamento teológico! E daí? A Palavra de Deus não é para se encaixar na teologia que os homens criam, a Palavra de Deus é para ser crida. Antes de me converter, questionava a Deus e sua forma de agir, até levar um “tabefe” dado pelos últimos capítulos de Jó, quando Deus coloca Jó no muro e passa a perguntar o quanto ele acha que sabe. Se prestar atenção, Jó nunca ficou sabendo a razão de Deus ter permitido tudo aquilo em sua vida (nós sabemos porque temos os dois primeiros capítulos do livro de Jó mas Jó mesmo não tinha). Mesmo assim ele creu e descansou em Deus.

Não somos chamados a crer naquilo que a teologia consegue explicar; somos chamados a crer na Palavra de Deus pelo que ela é. O Senhor nem sempre nos dará uma resposta às nossas perguntas. Ele responderá, sim, às nossas necessidades, mas há perguntas para as quais não teremos resposta aqui. Por exemplo:

(Lc 13:23-24) “Alguém lhe perguntou: Senhor, serão poucos os salvos? Ele lhes disse: Esforcem-se para entrar pela porta estreita, porque eu lhes digo que muitos tentarão entrar e não conseguirão”.

Percebe como o Senhor, ao mesmo tempo em que não responde diretamente à dúvida pergunta, responde à necessidade? Não somos chamados a entender, somos chamados a crer. Esqueça a teologia, livre-se dela. Deus não criou nenhuma escola de teologia ou corrente teológica. Calvinismo? Arminianismo? Qualquer outro ismo? Se perguntássemos a algum dos apóstolos se era calvinista ou arminianista, o que será que responderia? Eles tinham o suficiente para crerem e viverem como cristãos naquele tempo, e faziam isso muito bem sem Calvino ou Arminius. Nós também podemos muito bem ser assim.


O que pratiquei é incesto?

Você diz que sofre muito por motivos de consciência quando se lembra de ter brincado de casinha com seu irmão quando crianças, quando se despiam para tentar imitar o que acreditavam que um casal fazia na cama. Mesmo não tendo praticado um ato sexual, a simples lembrança disso a atormenta até hoje, quando já é adulta e casada.

A experiência que você e seu irmão tiveram não é tão rara assim e muitas crianças passam por isso sem entender exatamente o que estão fazendo, pois a infância e a pré-adolescência são fases de descobertas.

Não que seja correta uma relação sexual fora dos padrões determinados por Deus, mas geralmente quando coisas assim ocorrem entre crianças elas nem mesmo têm a malícia de considerar aquilo com algo mais do que uma brincadeira ou uma imitação do que veem os adultos fazerem na TV. A idade em que terão consciência disso pode variar de criança para criança.

Não se martirize por causa disso e tire da cabeça esse seu desejo de morrer por sentir-se culpada. Você não cometeu incesto ou uma relação sexual com seu irmão. Deus sabe que isso foi feito dentro de uma mentalidade infantil sem qualquer intenção ou consciência de mal. Se você fizesse a mesma coisa hoje, aí sim estaria cometendo um pecado grave, e você mesma tem consciência disso.

De qualquer modo, mesmo que tivesse cometido conscientemente um pecado na época, o perdão e a graça de Deus estão disponíveis, pois foi para isso que Cristo morreu, para nos salvar de nossos pecados.


Maria é a mãe dos cristãos?

A maior parte do que você escreveu sobre Maria não existe no Novo Testamento, portanto penso que você tenha obtido de fontes externas.

Você escreve, por exemplo: “Maria, sendo mãe de Cristo, se torna nossa mãe assim como se tornou mãe de João no calvário.”.

Errado. Os que creem não se tornam filhos de Cristo, mas “filhos de Deus”. Muito embora Jesus seja Deus, existe uma diferença entre as Pessoas da Trindade. Além disso, Maria não é esposa de Deus para que nós nos consideremos filhos dela. Quanto ao que aconteceu no Calvário, além de Jesus não a chamar de mãe, mas de “mulher” (ou “senhora”), não foi dito a Maria que cuidasse de João, mas a João que cuidasse de Maria. (Jo 19:26) “Ora Jesus, vendo ali sua mãe, e que o discípulo a quem ele amava estava presente, disse a sua mãe: Mulher, eis aí o teu filho. Depois disse ao discípulo: Eis aí tua mãe. E desde aquela hora o discípulo a recebeu em sua casa”.

Você escreve: “Maria não teve outros filhos com José.”

Errado. Em Marcos 6:3 Jesus e seus irmãos são mencionados como tais em relação à Maria: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria, e irmão de Tiago, e de José, e de Judas e de Simão? e não estão aqui conosco suas irmãs?”.

Você escreve: “José tinha 93 anos e Maria 12 na data da concepção de Jesus… José era viúvo e tinha seis filhos, quatro homens e duas mulheres… Maria tinha sido prometida a José, pois seus pais haviam morrido e ela ainda morava no Templo…”

Errado. Maria morava em sua própria casa em Nazaré, enquanto o Templo ficava em Jerusalém, a 150 quilômetros. Ela estava desposada (uma espécie de noivado) com José, quando o anjo lhe apareceu. (Lc 1:26) “E, no sexto mês, foi o anjo Gabriel enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um homem, cujo nome era José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”.

Você escreve: “José morreu com 111 anos quando Jesus tinha apenas tinha 11.”

Errado. Jesus tinha 12 anos quando José e Maria o levaram ao Templo em Jerusalém. (Lc 2:41) “Todos os anos seus pais iam a Jerusalém para a festa da Páscoa. Quando ele completou doze anos de idade, eles subiram à festa, conforme o costume. Terminada a festa, voltando seus pais para casa, o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que eles percebessem”. [Correção: depois disso meu interlocutor informou que os 11 anos de idade foi um erro de digitação].

Você escreve: “Tiago era o que Maria mais gostava, pois era o mais novinho.”

Especulação. Não existe qualquer registro da idade de Maria ou José, e nem de predileção por algum filho. Mesmo que existisse, se a sua tese de que Jesus seria o único filho legítimo de Maria e que José seria viúvo com seis filhos, como Tiago podia ser o mais novo? O que você está dizendo (tg mais novo que Jesus não sendo filho de Maria) implica que José teria tido outra mulher depois do nascimento de Jesus. [Correção: na continuação da correspondência ele esclareceu que estava falando de Tiago como o caçula de José apenas].

Você escreve: “Maria já estava salva por mérito e merecimento pelo sim dado a Deus e por sua falta de mácula.”

Errado. Você nega a Palavra de Deus em Romanos 3:10 que diz que “Não há um justo, nem um sequer. Não há NINGUÉM que entenda; Não há NINGUÉM que busque a Deus. TODOS se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há NEM UM SÓ”. Ao tentar dignificar Maria considerando-a isenta do pecado original (algo que só Jesus foi, daí sua concepção ter sido do Espírito Santo), você acaba negando a própria Palavra de Deus em sua totalidade. Seria preciso fazer um acréscimo no versículo acima (algo do tipo “exceto Maria”) e também em 2 Coríntios 2:15: “Ele morreu por todos”… “exceto por Maria”. Além disso, considerar que Maria fosse isenta do pecado original é o mesmo que dizer que ela teria sido gerada pelo Espírito Santo.

Você escreve: “Maria tinha um papel muito mais importante do que qualquer apóstolo de Jesus na Igreja primitiva. Aliás, todo cristão na época chamava Maria de mãe e Pedro de pai, por isso o nome papa (papa pai).”

Especulação. Não há qualquer evidência disso no Novo Testamento e a última vez em que Maria aparece é no capítulo 1 de Atos antes da formação da Igreja que se dá no capítulo 2. Ela nunca mais é mencionada, nem em Atos nem nas epístolas que trazem a doutrina dos apóstolos para a Igreja. Quanto a Pedro ser chamado de pai pelos cristãos, para fazerem isso eles teriam de desobedecer ao mandamento do próprio Senhor (como muitos hoje desobedecem). Afinal, que valor você dá à Palavra do Senhor Jesus que falou explicitamente contra chamarmos alguém de pai ou papa? (Mt 23:9) “E a ninguém na terra chameis vosso pai, porque um só é o vosso Pai, o qual está nos céus”.

Você escreve: “E não foi apenas Deus a dar o seu único filho para nos salvar, mas também Maria.”

Isso não passa de pura heresia, pois coloca Maria como coautora da salvação.

Você escreve: “Estou sendo realista em mostrar que Maria é muito mais do que a bíblia mostra.”

Então está confirmado que você está falando daquilo que não é a Palavra de Deus. Quando Paulo se despediu dos anciãos de Éfeso ele já previa que não apenas lobos cruéis (não cristãos) entrariam no rebanho para exterminá-lo, mas também que homens (cristãos) se levantariam dentro do rebanho para falar coisas distorcidas a fim de atraírem discípulos após si. Qual o antídoto de Paulo contra esses perigos? Ele encomenda os cristãos a Deus e à “PALAVRA DA SUA GRAÇA”, a mesma à qual você não dá qualquer valor ao tecer elucubrações que só servem para desviar os olhos daquele que é o único e suficiente Salvador, Jesus.

(Atos 20:29-32) “Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas. Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da sua graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados”.

A Palavra de Deus é o único terreno seguro para o cristão se precaver de ideias de homens e demônios.

“Admiro-me de que vocês estejam abandonando tão rapidamente aquele que os chamou pela graça de Cristo, para seguirem outro evangelho que, na realidade, não é o evangelho. O que ocorre é que algumas pessoas os estão perturbando, querendo perverter o evangelho de Cristo. Mas ainda que nós ou um anjo do céu pregue um evangelho diferente daquele que lhes pregamos, que seja amaldiçoado! Como já dissemos, agora repito: Se alguém lhes anuncia um evangelho diferente daquele que já receberam, que seja amaldiçoado!” (Gl 1:7-9).


Tudo o que dizem de Maria é verdade?

Esta é a continuação à resposta ao seu comentário no qual você faz uma longa dissertação sobre a vida de Maria e José, com detalhes que não aparecem em lugar algum dos evangelhos. Não pude deixar de me lembrar de alguns romances espíritas que alegam terem sido psicografados por espíritos no além e que costumam trazer detalhes impossíveis de serem confirmados sobre a vida de Lucas e Paulo, por exemplo. É preciso refutar toda informação que não esteja no Novo Testamento para não corrermos o risco de sermos enganados por homens e demônios.

A Bíblia toda é sobre Jesus, do princípio ao fim. No Novo Testamento o nome “Jesus” aparece cerca de mil vezes, enquanto “Maria” (já excluídas as outras Marias) aparece umas vinte vezes (dezoito, se não me engano). Só isso já mostra com Quem Deus quer que nos ocupemos: com aquele por meio de quem e para quem todas as coisas foram criadas, JESUS.

No quadro de avisos de meu prédio colocaram um cartaz de uma quermesse em honra de São João ou São Pedro, não me lembro bem. Tive a curiosidade de ler o cartaz enquanto esperava pelo elevador, e ele fala desses e de outros “santos”, além de Maria, do Papa, do padre e do bispo local. O curioso é que não encontro em lugar nenhum do texto o nome de Jesus. Nem sequer uma única vez! Você acha que Deus aprovaria algo que exclui aquele que sustenta todas as coisas com a Palavra do seu poder, que morreu na cruz para nos salvar, e diante de quem todo joelho nos céus, na terra e debaixo da terra se dobrará? [Correção: Voltei a ler o cartaz (o elevador demorou outra vez) e descobri que existe sim uma vez o nome “Cristo” ali, na lista de atividades da quermesse. Trata-se de uma missa em homenagem ao “corpo de Cristo”, mas não é ele o motivo da festa.]

Ocuparmo-nos com qualquer outro que não seja Cristo é idolatria, o que não difere muito do paganismo. Em uma ocasião Cornélio tenta se encurvar diante de Pedro e este o repreende. (Atos 10:25) “E aconteceu que, entrando Pedro, saiu Cornélio a recebê-lo, e, prostrando-se a seus pés o adorou. Mas Pedro o levantou, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem”. Em outra ocasião é João quem passa por experiência semelhante diante de um anjo; (Ap 22:8-9) “E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal; porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus”.

A ocupação com qualquer outro que não seja o Senhor Jesus é algo COMPLETAMENTE fora da vontade de Deus; desse mesmo Deus que fez Moisés e Elias desaparecerem da vista dos discípulos no monte da transfiguração quando estes falaram em fazer três tendas, uma para cada um dos dois e outra para Jesus, colocando o patriarca e o profeta na posição de serem reverenciados. Só Jesus ficou na frente deles.

É muito estranho irmos a qualquer outro (Maria inclusive) quando temos um convite tão claro de Jesus: “Vinde a MIM, todos vós…”. Ir a Maria ou qualquer outro é duvidar do amor e da receptividade de Jesus. Além disso, Ele é o único ressuscitado, que foi visto assim por mais de 500 pessoas e subiu ao céu em corpo, tudo devidamente registrado nos evangelhos e epístolas. Todos os outros, inclusive Maria, faleceram e estão no céu em espírito aguardando a ressurreição. Invocar um morto, seja para pedir algo, intercessão ou proteção, é pecado de segundo a Bíblia e não perde em nada para o espiritismo e outras práticas pagãs.

Outra coisa: Se existisse tamanha importância a respeito de Maria, ou mesmo alguma doutrina “mariana”, você não acha Paulo e os outros apóstolos teriam mencionado isso em suas epístolas? Todavia, Maria não aparece uma vez sequer nas cartas dos apóstolos com a doutrina dada à igreja.


Por que não vemos possessos de demônios no Antigo Testamento?

Creio que a razão principal de faltarem relatos de possessão demoníaca no Antigo Testamento seja porque a Bíblia não tem como objetivo principal os demônios, e sim Cristo. Portanto, eles aparecem com maior frequência no Novo Testamento em sua relação de oposição ao Filho de Deus. A própria vinda de Jesus também pode ser a razão de uma maior atividade de todo o reino espiritual, o que obviamente inclui os demônios.

Outra razão pode estar relacionada ao estado do povo de Deus, Israel, do qual só restavam as tribos de Judá e Benjamim e, mesmo assim, em total degradação e abandono da Verdade. Basta ver o que fizeram com seu Messias para perceber isso. No Antigo Testamento Deus prometia sustento, saúde e força ao seu povo, desde que fossem obedientes. No Novo Testamento nós encontramos um povo desobediente e corrupto sofrendo não apenas o jugo romano, mas também sendo assolado por uma infinidade de enfermidades e demônios.

Mas a ideia da influência demoníaca pode ser encontrada em várias passagens do Antigo Testamento, além de evidências no Novo Testamento de que era popular entre os judeus a prática de expulsar demônios, mesmo antes da vinda de Jesus. Veja esta passagem:

(Atos 19:13) “E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes”.

Evidentemente esses exorcistas judeus ambulantes já praticavam sua profissão antes, e aqui tentam apenas se aproveitar do nome de Jesus porque era o nome em evidência no momento.

Algumas evidências de atividade demoníaca no Antigo Testamento, em alguns momentos como instrumento de Deus para disciplinar seu povo:

(Jz 9:22-23) “Fazia três anos que Abimeleque governava Israel, quando Deus enviou um espírito maligno entre Abimeleque e os cidadãos de Siquém, e estes agiram traiçoeiramente contra Abimeleque”.

(1 Sm16:14-15) “O Espírito do Senhor se retirou de Saul, e um espírito maligno, vindo da parte do Senhor, o atormentava. Os servos de Saul lhe disseram: ‘Há um espírito maligno mandado por Deus te atormentando’”.

(1 Rs22:20-21) “E o Senhor disse: ‘Quem enganará Acabe para que ataque Ramote-Gileade e morra lá?’ E um sugeria uma coisa, outro sugeria outra, até que, finalmente, um espírito colocou-se diante do Senhor e disse: ‘Eu o enganarei’”.

Em todos estes casos pode-se ver claramente que os demônios estão sujeitos a Deus, o que também fica evidente no Novo Testamento, quando o Senhor Jesus mostra ter domínio sobre os demônios e estes se sujeitarem a ele.

O episódio da profetisa consultada por Saul em 1 Samuel 28 pode também ser o caso de uma mulher que incorporava um demônio para fazer suas adivinhações. É importante lembrar que uma possessão demoníaca não ocorre apenas quando alguém tem seu corpo tomado por um demônio e fica se debatendo. Pessoas que invocam os mortos e se deixam incorporar por espíritos estão, na verdade, servindo de receptáculo de demônios, algo que sempre existiu em todas as épocas, culturas e religiões do mundo.


Quem participa da primeira ressurreição?

Para entender melhor, vou colocar em parênteses a parte que não se refere ao que está sendo falado:

(Ap 20:4) “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles, e foi-lhes dado o poder de julgar; e vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus, e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta, nem a sua imagem, e não receberam o sinal em suas testas nem em suas mãos; e viveram, e reinaram com Cristo durante mil anos”.

(Ap 20:5) (Mas os outros mortos não reviveram, até que os mil anos se acabaram). Esta é a primeira ressurreição.

(Ap 20:6) “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte; mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo, e reinarão com ele mil anos”.

Neste trecho a “primeira ressurreição” inclui estes que foram degolados pelo testemunho de Jesus e não adoraram a besta, que vivem e reinam com Cristo mil anos. Tudo indica que sejam mártires mortos durante a grande tribulação.

Obviamente os outros mortos (o trecho entre parênteses), que são os que morreram na incredulidade, só irão ressuscitar depois dos mil anos do reino de Cristo na terra, quando vier o juízo final. Lembre-se de que o juízo final, ou Grande Trono Branco, não é um julgamento para ver que será salvo e quem será condenado. Trata-se apenas da lavratura da sentença, pois que aparecer ali já está condenado de antemão. É o momento da condenação dos perdidos.

A princípio pode parecer que existe um problema com 1 Tessalonicenses 4, pois lá nos fala da ressurreição e do arrebatamento dos vivos, que deve acontecer pelo menos 7 anos antes dessa dos mártires da tribulação, já que o arrebatamento da Igreja antecede o período de 3 anos e meio conhecido como princípio das dores e os outros 3 anos e meio conhecidos como grande tribulação. Ocorre que a chamada “primeira ressurreição” não é apenas um evento. Ela inclui:

​a) A ressurreição de Cristo (já ocorrida):

(1 Co 15:23) “Mas cada um por sua ordem: Cristo as primícias, depois os que são de Cristo, na sua vinda”.

​b) A ressurreição dos que morreram em Cristo por ocasião do arrebatamento da Igreja (pode ocorrer a qualquer momento):

(1Ts 4:13) “Não quero, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais, como os demais, que não têm esperança”.

(1Ts 4:14) “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem, Deus os tornará a trazer com ele”.

(1Ts 4:15) “Dizemo-vos, pois, isto, pela palavra do Senhor: que nós, os que ficarmos vivos para a vinda do Senhor, não precederemos os que dormem”.

(1Ts 4:16) “Porque o mesmo Senhor descerá do céu com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus; e os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro”.

(1Ts 4:17) “Depois nós, os que ficarmos vivos, seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, a encontrar o Senhor nos ares, e assim estaremos sempre com o Senhor”.

​c) A ressurreição dos santos mortos durante a tribulação, da passagem citada no início e também descrita em Daniel (irá ocorrer no final da grande tribulação e início do reino milenial de Cristo):

(Dn 12:2) E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.

A “primeira ressurreição”, portanto, inclui Cristo e todos os que verdadeiramente morreram na fé, embora ressuscitem em diferentes momentos. A “primeira ressurreição” é uma só, porém ocorre em mais de um estágio.

Os que não fizerem parte da primeira ressurreição, que completa seus estágios antes de se iniciar o reino milenial de Cristo, ficará para a outra ressurreição depois do milênio, que é a volta à vida dos mortos que morreram em seus pecados para receberem sua sentença.

Fica mais fácil entender se pensarmos simplesmente que a primeira ressurreição inclui Cristo e os salvos por ele, e a segunda inclui os perdidos. Por isso Daniel fala das duas, porém ali não menciona que elas estão separadas por mil anos:

(Dn 12:2) E muitos dos que dormem no pó da terra ressuscitarão, uns para vida eterna, e outros para vergonha e desprezo eterno.

Traduzi um comentário de William MacDonald que pode ajudar:

A primeira parte do versículo 5 deve ser entendida como um parêntese. Os ‘outros mortos’ refere-se aos incrédulos de todas as eras que serão ressuscitados no final do Milênio para estarem diante do julgamento do Grande Trono Branco.

A frase ‘esta é a primeira ressurreição’ refere-se ao versículo 4. A primeira ressurreição não é um evento único. Ela descreve a ressurreição dos justos em diferentes períodos. Inclui a ressurreição de Cristo (1 Co 15:23), a ressurreição dos que são de Cristo quando ele arrebatar a igreja (1Ts 4:13-18), a ressurreição das duas testemunhas cujos corpos ficarão nas ruas (Ap 11:11) e a ressurreição dos santos mortos na tribulação, os quais são descritos aqui nesta passagem (veja também Daniel 12:2). Em outras palavras, a primeira ressurreição inclui a ressurreição de Cristo e de todos os verdadeiros crentes, apesar de ressuscitarem em épocas diferentes.

A primeira ressurreição ocorre em vários estágios. Os que participarem da primeira ressurreição não serão incluídos na segunda morte, quando todos os incrédulos serão lançados no lago de fogo (Ap 20:14).


Posso participar de um ritual de casamento católico?

A questão é muito simples: o casamento não é algo instituído por Deus para cristãos, mas é uma instituição universal dada no Jardim do Éden. É por isso que você encontra a cerimônia de casamento em praticamente todas as religiões e culturas, porque é algo que tem a aprovação de Deus (não a cerimônia, mas o ato de um homem se unir a uma mulher).

Portanto, quando um homem e uma mulher se unem em matrimônio isso é da vontade de Deus. Obviamente outras questões, como pessoas em pecado, união em jugo desigual entre um crente e um incrédulo, etc. não são do agrado de Deus, mas a princípio o matrimônio é algo aprovado por ele.

Um casamento numa igreja católica não é um ritual diferente do que acontece em uma igreja protestante ou evangélica: ambos estão errados acreditando que algum homem possa dizer “eu vos declaro marido e mulher”. Não existe casamento religioso na Bíblia. O único que pode dizer “eu vos declaro marido e mulher” é o juiz de paz, pois foi instituído pela sociedade de poder delegado para isso. Mas Deus não instituiu homem algum para fazer a união de um casal. É Deus quem une.

A cerimônia pode ser apenas uma celebração, como acredito ter sido aquela da qual Jesus participou em Caná, onde não só participou como convidado, mas até resolveu um problema do buffet: a falta de bebida. Aquele foi o primeiro milagre de Jesus, o que indica a importância que ele dá ao casamento (seu primeiro milagre não foi ressuscitar mortos, curar doentes ou alimentar multidões, embora tenha feito isso tudo mais tarde).

Ir ou não ir a uma cerimônia católica de um parente que vai se casar vai depender muito de sua consciência, da relação que você tem com as pessoas, do prejuízo que pode achar que isso vá causar em irmãos que fiquem escandalizados com sua forma de agir, e também do prejuízo que pode causar entre os familiares incrédulos que podem fechar ainda mais a guarda contra o evangelho.

Depois de ter sido curado da lepra, Naamã diz a Eliseu:

(2 Rs 5:17) “E disse Naamã: Se não queres, dê-se a este teu servo uma carga de terra que baste para carregar duas mulas; porque nunca mais oferecerá este teu servo holocausto nem sacrifício a outros deuses. Nisto perdoe o Senhor a teu servo; quando meu senhor entrar na casa de Rimom para ali adorar, e ele se encostar na minha mão, e eu também tenha de me encurvar na casa de Rimom; quando assim me encurvar na casa de Rimom, nisto perdoe o Senhor a teu servo. E ele [Eliseu] lhe disse: Vai em paz. E foi dele a uma pequena distância”.

Naamã era obrigado por seu patrão, o rei, a entrar junto no templo do ídolo, e ele revela isso a Eliseu, que não diz nada, apenas “Vai em paz”. Não sabemos se Naamã entrou ou não no templo do ídolo depois, mas a resposta de Eliseu mostra que Deus cuidaria do assunto.

Por isso, o melhor mesmo é orar e colocar sua dúvida diante do Senhor para saber o que fazer.


Quem é quem nas parábolas?

Fico contente que esteja gostando do Evangelho em 3 minutos. Para entendermos verdadeiramente a graça de Deus e a salvação que recebemos por graça, devemos testar sempre qualquer ideia com a seguinte pergunta: “Isso acontece por mérito de quem, meu ou de Cristo?” ou “Quem é glorificado por isso, eu ou Cristo?”. Aí fica muito fácil saber se estamos interpretando corretamente a Palavra de Deus.

Sua interpretação da parábola da pérola não passa nesse teste, pois se fizermos as perguntas acima a resposta apontará para nós como merecedores do crédito e da glória por termos conseguido algo. Creio que ao dizer “o reino dos céus é semelhante a…” ele esteja querendo colocar a ênfase no protagonista da parábola, isto é, naquele que irá executar algum tipo de ação, boa ou ruim.

Na parábola do joio e do trigo, o homem que semeia é o próprio Jesus e o campo é o mundo, onde há joio e trigo, que são pessoas. A parábola diz que “o reino dos céus é semelhante ao homem que semeia”, portanto Jesus é o princípio ativo na parábola e sua ação é positiva (ele semeia).

Na parábola do grão de mostarda é dito que “o reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou em seu campo”. Aqui, ao dizer que o reino é semelhante ao grão de mostarda a ênfase é colocada no grão de mostarda que representa o conjunto de pessoas que professam crer em Cristo, falsas e verdadeiras. O princípio ativo, ou protagonista, é o grão de mostarda, pois é ele que irá crescer e se tornar uma árvore corrompida, na qual há todo tipo de ave aninhada em seus ramos. Lembre-se de que as aves que roubam a semente na parábola do semeador representam o diabo.

Em seguida vem a parábola na qual “o reino dos céus é semelhante ao fermento”. Sabemos que em todas as instâncias encontradas na Bíblia o fermento sempre aparece como algo negativo e uma figura do pecado que contamina. Ao dizer que o reino é semelhante ao fermento, o Senhor está chamando a atenção para o fermento, que é o que irá causar a principal ação mostrada na parábola, ou seja, ele é o protagonista da contaminação que irá assolar o reino, que é dos céus em sua origem, mas que está na terra e contaminado em seu aspecto exterior.

Na parábola seguinte “o reino dos céus é semelhante a um tesouro escondido num campo”. Aqui, embora o foco esteja no tesouro, este não faz coisa alguma. Para entendermos é preciso recorrer ao “campo”, que em outra parábola o Senhor já disse que é o mundo. Existe só um que, “sendo rico, se fez pobre” para adquirir para si um tesouro, um povo santo, uma noiva. Como faz Jesus com sua obra, ele não fica dono apenas do tesouro, mas do campo inteiro. Seria estranho inverter isso, como fazem alguns, e considerar que o tesouro é Jesus e que somos nós que vendemos tudo para ficar com ele, pois aí a salvação seria por obra nossa e estaríamos dizendo que Jesus não tem sua origem no céu, mas no mundo.

Na parábola seguinte “o reino dos céus é semelhante ao homem”, e agora o foco é colocado nesse homem que encontra uma pérola e vende tudo para comprá-la. Alegar que a pérola é Jesus e que nós vendemos tudo para tê-lo é negar a graça de Deus. Primeiro, nada tínhamos para dar a Deus em troca de Cristo. Segundo, se assim fosse, a glória seria nossa de termos adquirido a Cristo. O inverso sim é que faz todo o sentido. Ele, sendo rico, se fez pobre para comprar a pérola, que é o conjunto formado por todos os salvos. Uma pérola não tem fim e nem começo e é perfeita. Outra forma de enxergarmos essas duas parábolas é vermos o tesouro como Israel redimido e a pérola como a Igreja redimida.

Agora “o reino dos céus é semelhante a uma rede lançada no mar”, o que coloca o foco na rede, porque a ideia aqui é de separação, algo que a rede faz. Não se trata do Senhor vindo buscar a Igreja no arrebatamento, algo que ele fará pessoalmente, mas sim dos anjos separando maus e justos, o que nos remete à inauguração do reino milenial de Cristo, no final da grande tribulação. Este trabalho dos anjos é feito entre os vivos que restaram da grande tribulação. A rede é lançada no mar, que representa as nações.

Sua interpretação de que “a pérola é o próprio reino e tudo o que ele representa para nós, como salvação, paz, amor de Deus, vida eterna” não passa no teste da harmonia com as outras parábolas, porque a mesma expressão “o reino dos céus é semelhante a…” foi usada para o próprio Senhor (o Semeador), o grão de mostarda, o fermento, o tesouro e novamente o homem (na parábola das pérolas). Todos esses são aspectos bons e ruins do reino dos céus, examinados de diferentes ângulos.

Um bom exemplo de como entender esse conjunto é pensar naquela lenda dos cegos descrevendo um elefante: um, que tocou a barriga, disse que o elefante era como um grande navio; outro, que tocou a tromba, que era como uma serpente; outro, que tocou a perna, disse que era como uma árvore, outro que tocou a cauda, disse que um elefante não passava de um pincel.

Você diz ainda que “quando achamos o reino de Deus deixamos tudo, largamos o pecado, os vícios, a vida errada e em alguns casos até vendemos algo literalmente para tomar posse deste Reino”. Eu pergunto: com essas coisas você conseguiria comprar um tesouro ou uma pérola? Não. Elas são apenas o lixo resultante do pecado em nós, e não podemos nem pensar em negociar um lugar no Reino em troca de lixo. (Rm 7:18) “Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum”.

E mesmo que fossem coisas preciosas que tivéssemos, você acha que iríamos querer entregar tudo para ficar com um inimigo? Sim, pois em Romanos diz que somos inimigos de Deus. A ideia de fazermos algo para sermos salvos (ou ganhar o Reino) está ligada à ideia da salvação por boas obras (no caso, o limpar-se a si mesmo). Não há como nos limparmos a nós mesmos. Ninguém encontra a Cristo por deixar de praticar o mal, mas deixamos de praticar o mal depois de termos sido salvos por ele (ou ao menos temos o poder para tanto). É falsa a ideia de que para se converter é preciso deixar nossos pecados. É como se o salva vidas dissesse a alguém que está se afogando: “Quer ser salvo? Então pare de se afogar e nade até mim”.

Lembre-se de que a Bíblia não é a nosso respeito, mas ela sempre fala de Jesus. Se alguém fez alguma coisa de bom nela, esse alguém é sempre ele. Se alguém deu tudo o que tinha de valor para nos comprar, foi ele e só ele. É por isso que no céu os redimidos não cantam em louvor de si mesmos, por supostamente terem deixado isso ou aquilo para ganhar a Cristo, mas em louvor do Cordeiro que deu sua vida para nos salvar.

A ideia de inverter as coisas parece bastante altruísta e romântica, só que acaba levando a salvação para o terreno da lei e dando ao homem algum crédito por ela, o que é contrário a todo o ensino do evangelho.

Você citou o jovem rico, mas ali o Senhor disse aquilo ao jovem rico porque aquele era o seu problema, o seu coração estava na sua riqueza. Alguns têm o coração na justiça própria, como era o caso de Paulo, e o Senhor precisou dizer a ele para considerar toda a sua bagagem religiosa, cultural e intelectual como esterco.

Acaso você vendeu “tudo o que tens” e deu o dinheiro aos pobres para seguir a Jesus? Ele pediu isso de você? Se Jesus é o tesouro escondido, por que você compraria o campo que é o mundo para tê-lo? O negociante buscava pela pérola; acaso você alguma vez buscou a Cristo sabendo que “não há quem busque a Deus”? E vendeu tudo para ter a Cristo?

Como pode ver, essa interpretação fica devendo muitas respostas. Por que não acatar simplesmente que o ÚNICO que realmente vendeu tudo para comprar com o seu sangue a pérola foi Jesus? Por que não reconhecer que, embora fossemos inimigos de Deus, Jesus nos buscou insistentemente até nos encontrar, tal qual o homem que buscava a pérola? Afinal, só existe um que tem agora direito sobre o mundo, o campo e o tesouro que ele encontrou ali, graças ao preço pago na cruz.

Se formos nós que buscamos a Cristo e vendemos tudo para tê-lo, palmas para nós.

Se for Cristo quem nos buscou e, sendo rico, se fez pobre por amor de nós, nos comprando com seu precioso sangue, palmas para ele.

Percebe as consequências de colocarmos o holofote sobre a pessoa errada?


Davi e Jonatas eram homossexuais?

Independente do que diga a opinião pública ou as leis de um país relacionadas a uniões homossexuais, a relação amorosa entre pessoas do mesmo sexo não encontra respaldo na Palavra de Deus. E pelo que escreveu, você não está buscando saber minha opinião ou o que é politicamente correto, mas o que diz a Bíblia, não é mesmo? Então vamos ao que a Bíblia diz:

(Mc 10:6-8) “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea. Por isso deixará o homem a seu pai e a sua mãe, e unir-se-á a sua mulher, E serão os dois uma só carne; e assim já não serão dois, mas uma só carne”.

Este é o projeto original de Deus encontrado na Bíblia — a união de um homem com uma mulher — e qualquer coisa que vá além disso, pode até ter o respaldo das leis e a aprovação da sociedade, mas não encontra eco na Palavra de Deus. Deus odeia o pecado e ama o pecador, mas isso não significa que ele veja com bons olhos o pecador que deliberadamente decide viver de maneira contrária aos seus pensamentos expressos em sua Palavra. Ao contrário, Deus é rigoroso com o pecado, em especial quando tentamos santificar nossas práticas distorcendo o que está na Bíblia para dar respaldo para elas. Seria mais simples você dizer simplesmente que não liga a mínima para o que diz a Palavra de Deus do que tentar adaptá-la às suas ideias e práticas.

Você diz crer no Senhor Jesus como seu Salvador e ao mesmo tempo se diz apaixonado e mantendo um relacionamento afetivo com outra pessoa do mesmo sexo. Será possível conciliar sua fé com essa prática? Ananias e Safira, tentando parecer piedosos e generosos aos olhos de Deus e dos irmãos, mentiram ao Espírito Santo e foram mortos, apesar de suas almas terem sido salvas. A Palavra diz que não devemos orar por alguém em pecado que é para morte, e pecado para morte não é para morte da alma, mas para a morte do corpo. Quando um filho de Deus já não serve para ser um testemunho neste mundo, Deus pode decidir levá-lo embora.

Não estou tentando incutir em você algum pavor, mas deixando claro que o que a Bíblia diz não pode ser diluído por nosso sentimentalismo e a responsabilidade de quem professa crer em Cristo é grande. Quando cremos em Jesus e recebemos uma nova vida que provém de Deus, não somos deixados neste mundo para cuidar de nossos próprios interesses, mas dos interesses daquele que morreu para nos salvar. Cristo está no céu intercedendo pelos seus, e os seus estão aqui no mundo testemunhando dele. Testemunhar crer nele significa também andar de forma coerente com sua vontade expressa na Bíblia.

Em Romanos diz que qualquer união ou relação entre pessoas de um mesmo sexo é…Leia você mesmo:

(Rm 1:25-27) “Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém. Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza. E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro”.

Não é claro o suficiente para você? O fato de você ter decidido ter uma relação extranatural e extra bíblica com alguém do mesmo sexo é uma decisão sua, mas não queira agora santificar o que Deus não santificou ou mudar a verdade em mentira. Ele santificou apenas a união entre um homem e uma mulher. A questão fica muito simples quando descobrimos que Deus instituiu o matrimônio — ou a união entre dois seres humanos de sexos opostos — tendo em vista a procriação e multiplicação da espécie. Qualquer tipo de união homossexual, tenha ou não sexo envolvido nisso, não contempla os objetivos de Deus, mas a própria vontade.

Outra função da união homem-mulher é servir como figura ou tipo de Cristo e sua noiva, a Igreja. A união homossexual também não cumpre esse papel, portanto mais uma vez é algo que está fora da vontade e dos planos originais de Deus.

Quanto à amizade entre Davi e Jônatas, que você enfatizou como se fosse uma base para seu relacionamento com seu parceiro, é um engano pensar que o amor entre Davi e Jonas tivesse algo de homossexual como querem alguns. A relação afetiva e sexual de Davi era com sua(s) esposa(s) e o mesmo acontecia com Jônatas. É importante lembrar que a poligamia nunca foi plano de Deus, portanto os homens, mesmo personagens bíblicos, que as praticavam estavam incorrendo no erro, e basta ver o final da vida de Davi e de seu filho Salomão para entendermos o quanto suas mulheres os influenciaram a serem infiéis a Deus e a aceitarem os ídolos e costumes do inimigo.

A relação de amizade entre Davi e Jônatas era muito forte, mas eles eram dois homens cumprindo o papel que Deus deu aos homens e se relacionando com suas respectivas mulheres, tendo filhos, etc. Se Davi tinha preferência por homens, como explicar ter tido oito mulheres além das concubinas?

O verbo “amar” usado em 1 Samuel 18:1 não tem qualquer conotação sexual. Vamos às passagens:

(1 Sm18:1) “E sucedeu que, acabando ele de falar com Saul, a alma de Jônatas se ligou com a alma de Davi; e Jônatas o amou, como à sua própria alma”.

(1 Sm 16:21) “Assim Davi veio a Saul, e esteve perante ele, e o amou muito, e foi seu pajem de armas”.

(1 Rs 5:1) “E enviou Hirão, rei de Tiro, os seus servos a Salomão (porque ouvira que ungiram a Salomão rei em lugar de seu pai), porquanto Hirão sempre tinha amado a Davi”.

Será que devemos deduzir que Davi também tinha uma relação homossexual com Saul e com Hirão, rei de Tiro?

(2 Sm 1:26) “Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; quão amabilíssimo me eras! Mais maravilhoso me era o teu amor do que o amor das mulheres”.

Esta passagem não diz que Davi amava mais Jônatas do que sua(s) mulher(es), mas que percebia uma amabilidade tão grande por parte de Jônatas que se traduzia como um amor maior do que o que Davi percebia em suas mulheres. Não é difícil entender isso se considerarmos apenas a atitude de Mical, uma das mulheres de Davi:

(2 Sm 6:16) “E sucedeu que, entrando a arca do Senhor na cidade de Davi, Mical, a filha de Saul, estava olhando pela janela; e, vendo ao rei Davi, que ia bailando e saltando diante do Senhor, o desprezou no seu coração… E, voltando Davi para abençoar a sua casa, Mical, a filha de Saul, saiu a encontrar-se com Davi, e disse: Quão honrado foi o rei de Israel, descobrindo-se hoje aos olhos das servas de seus servos, como sem pejo se descobre qualquer dos vadios”.

Qualquer um com uma mulher assim consideraria maior a amabilidade demonstrada por um bom amigo do que pela própria mulher. Mais uma vez chamo sua atenção para o fato de que Davi não diz amar Jônatas mais do que às mulheres, mas considerar a amabilidade de Jônatas para consigo maior do que o amor das mulheres. É tudo uma questão de percepção. Jônatas havia sido fiel a Davi e se opusera até mesmo contra o próprio pai. Nada de errado um homem dizer que foi tratado por outro com uma amabilidade que excede a demonstrada por uma mulher, isso não faz dele um homossexual e nem implica em segundas intenções.

Você encontrará muitos que, em meio a guerras, doenças ou situações difíceis, encontraram em um amigo, em um irmão, em um pai ou em um filho, um amor que excede o amor das mulheres, mas que não tem nada a ver com homossexualismo. É triste ver como essa ideia homossexual de amor destrói as afeições mais puras entre pessoas do mesmo sexo, como o amor entre amigos, irmãos ou pais e filhos.

Você diz que crê na Bíblia, portanto tem uma responsabilidade para com Deus. Além disso, o simples fato de ter entrado em contato comigo para expor sua situação e desejar dialogar sobre o assunto demonstra que você mesmo não vive totalmente tranquilo com essa ideia. Será que buscava saber realmente o que a Bíblia diz ou esperava contar com meu apoio? Posso ver que seu e-mail é todo ele a respeito de você, de seus sentimentos, de seus desejos.

Mas, pergunto, que valor tem a Palavra de Deus para você? Será que Deus admira vocês por isso ou vê em vocês apenas uma caricatura de um casal, já que não se trata da relação que ele estabeleceu e abençoou em sua Palavra? Se você decidiu seguir esse caminho, isso não compete a mim e é responsabilidade sua. Mas, por favor, não queira usar a Bíblia e a amizade entre Davi e Jônatas como pretexto para justificar sua própria vontade.

Alguém que leu este texto argumentou que o fato de Davi e Jônatas trocarem beijos denunciava um relacionamento homossexual. Minha resposta segue abaixo:

(1 Sm 20:41) “Depois que o menino se foi, Davi saiu do lado sul da pedra e inclinou-se três vezes perante Jônatas, com o rosto no chão. Então despediram-se beijando um ao outro e chorando; Davi chorou ainda mais do que Jônatas”.

Não sei o quanto da Bíblia você conhece, mas se ler atentamente verá que o beijo sempre foi uma prova de amor e afeto. É preciso distorcer o texto para enxergar qualquer coisa no beijo entre Davi e Jônatas além de amizade e afeição.

Alguém assim acabará achando que os beijos entre pais e filhos na Bíblia sejam prova de incesto, os praticados entre homens sejam homossexualismo, e entre mulheres lesbianismo. E que a ordem dada várias vezes no Novo Testamento para que os cristãos se beijem sempre que se saudarem significa que o homossexualismo está sendo aconselhado.

Será que você não percebeu que essa sua propensão a enxergar além do que está no texto é a mesma propensão daqueles homofóbicos que agrediram um pai que beijou seu filho adulto em público por achar que os dois eram homossexuais? Homofóbicos também veem homossexualidade em tudo, o que não é muito diferente de sua maneira de enxergar as coisas.

(Gn 33:4) “Então Esaú correu-lhe ao encontro, abraçou-o, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou; e eles choraram”.

(Gn 45:15) “E José beijou a todos os seus irmãos, chorando sobre eles; depois seus irmãos falaram com ele”.

(Gn 50:1) “Então José se lançou sobre o rosto de seu pai, chorou sobre ele e o beijou”.

(Êx 4:27) “Disse o Senhor a Arão: Vai ao deserto, ao encontro de Moisés. E ele foi e, encontrando-o no monte de Deus, o beijou”.

(Êx 18:7) “Então saiu Moisés ao encontro de seu sogro, inclinou-se diante dele e o beijou”.

(Rt 1:14) “Então levantaram a voz, e tornaram a chorar; e Orfa beijou a sua sogra”.

(1 Sm 10:1) “Então Samuel tomou um vaso de azeite, e o derramou sobre a cabeça de Saul, e o beijou”.

(2 Sm 19:39) “Havendo, pois, todo o povo passado o Jordão, e tendo passado também o rei, beijou o rei a Barzilai”.

(Lc 7:45) “Não me deste ósculo [beijo]; ela, porém, desde que entrei, não tem cessado de beijar-me os pés”.

(Rm 16:16) “Saudai-vos uns aos outros com ósculo [beijo] santo”. — também em 1 Coríntios 16:20; 2 Co 13:12; 1 Tessalonicenses 5:26 e 1 Pe 5:14.


Qual o significado de 1 Coríntios 13?

1 Coríntios 13

Não sei qual é exatamente sua dúvida, mas Paulo não estava dizendo que falava as línguas dos anjos. É uma figura de linguagem para dar ênfase ao fato de que de nada adiantaria falar todas as línguas imagináveis se não tivesse amor.

O mesmo quando ele fala de dom de profecia, mistérios e toda a ciência, fé que transportasse montes ou de distribuir toda a sua fortuna para os pobres e entregar seu corpo para ser queimado.

Aqueles que interpretam a passagem como se Paulo efetivamente falasse as línguas dos anjos teriam também de admitir que Paulo conhecia todos os mistérios e toda a ciência, costumava transportar montanhas só pela fé e realmente tinha uma fortuna, a qual repartiu com os pobres, pretendendo ainda um dia entregar seu corpo para ser queimado.

A mensagem é clara: tudo isso não tem valor algum sem amor.

O versículo 10 diz que “quando vier o [que é] perfeito, então o que o é em parte será aniquilado”. Em certo sentido, a Pessoa daquele que é perfeito já veio, Cristo, e hoje temos também a perfeita revelação de sua vontade na Palavra de Deus. Acontece que a história ainda não terminou, e ele ainda voltará para resolver algumas pendências. No que cabe a nós, temos este tesouro em um vaso de barro, ainda estamos em um corpo de imperfeições que nos impede de compreender e comunicar perfeitamente as coisas do céu. Lembre-se de que Paulo não podia sequer mencionar o que ouviu no céu. Como “o que é perfeito” posso entender que é não apenas aquele que é perfeito, embora nele já encontremos a perfeição absoluta e esse ser perfeito irá voltar para nos buscar, mas também todas as condições trazidas à perfeição.

No que diz respeito ao cristão creio que isso já estará valendo a partir do momento em que estivermos com Cristo em nosso corpo transformado e livre das limitações que nos impedem de conhecer perfeitamente, ou até mesmo mencionar ou suportar, as coisas celestiais.

Ao falar que as profecias serão aniquiladas, as línguas cessarão e a ciência desaparecerá ele está se referindo a esse dia quando estaremos na presença de Cristo e não precisaremos de profecias, línguas e ciência, pois teremos a ele ali bem diante de nós. Não haverá mais necessidade de saber o que irá acontecer, porque o tempo já não existirá. Nada de passado ou futuro, mas apenas um eterno presente. As línguas hoje servem para nos comunicarmos, mas lá todos se entenderão e serão entendidos. A ciência ou conhecimento também não fará sentido quando estivermos diante daquele que preenche os céus. Não haverá nada mais para ser aprendido ou conhecido.

É por isso que ele diz que tudo o que é em parte será aniquilado, porque são coisas incompletas e imperfeitas. Embora a revelação de Deus esteja completa e perfeita, hoje profetizamos (falamos da parte de Deus) em parte, conhecemos em parte, nos comunicamos em parte ou de forma imperfeita, pois continuamos em um vaso de barro cercados por um mundo de imperfeições. No céu haverá necessidade de nenhuma dessas coisas.

Do mesmo modo, da fé, esperança e amor só restará o amor, já que não precisaremos mais de fé, que é a certeza das coisas que se esperam, e nem de esperança porque tudo já terá se concretizado e estará patente aos nossos olhos. O amor sim, este permanecerá para sempre, porque terá sido apenas por um ato de amor extremo de Deus que pecadores perdidos poderão desfrutar dessa posição. O amor de Deus será sempre permanente e indestrutível.

(Ct 8:7) “As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios afogá-lo”.


Perderei a salvação se voltar a fazer o que fazia?

Fico contente por você ter encontrado o Senhor como seu Salvador (na verdade é sempre o contrário, é ele quem nos busca e encontra). A nova vida em Cristo não é um mar de rosas, pois o Senhor mesmo disse que “no mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. A questão é que o Senhor sabe que passamos por essas tribulações e por isso cuida de nós. Afinal, somos suas ovelhas e temos agora um Pai, que é Deus.

Sua intranquilidade tem a ver com a profissão que deixou de exercer em virtude de sua conversão a Cristo. A verdade é que cedo ou tarde você precisaria buscar uma carreira alternativa, e é melhor que isso tenha acontecido por convicção e fé no Senhor do que por necessidade. Não pense que ele não leva em conta sua lealdade a ele. Ele está de olho nas decisões que você tomar. Sua dúvida, porém, está em perder ou não sua salvação caso seja obrigada a voltar à profissão que exercia para garantir seu sustento. A questão da segurança e caráter eterno da salvação é muito clara:

(Jo 10:27-29) “As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; E dou-lhes a vida eterna, e NUNCA HÃO DE PERECER, E NINGUÉM AS ARREBATARÁ DA MINHA MÃO. Meu Pai, que mas deu, É MAIOR DO QUE TODOS; E NIINGUÉM PODE ARREBATÁ-LAS DA MÃO DE MEU PAI”.

A salvação é eterna e por ser eterna não há como perdê-la. O que perdemos quando pecamos ou andamos fora da vontade do Senhor é a comunhão com Deus, como um filho desobediente que o Pai coloca de castigo e com quem deixa de conversar durante algum tempo.

Em casos extremos Deus pode decidir nos levar para Si, caso estejamos mais atrapalhando do que ajudando aqui neste mundo. Foi o que aconteceu com Ananias e Safiras no livro de Atos quando mentiram para o Espírito Santo querendo aparentar uma generosidade que na realidade não tinham. Como o testemunho da Igreja de Deus estava em seu princípio, Deus foi rigoroso com eles, embora eu acredite que eles estivessem salvos e seguros. É isso que a Bíblia chama de “pecado para morte”, do corpo e não da alma. Isto porque somos salvos para servir a ele e dar um testemunho dele neste mundo. Cristo está hoje no céu intercedendo por nós diante do Pai, e nós estamos na terra por ele, dando um testemunho dele diante dos homens.

Muitos que se convertem sofrem no início de sua nova vida, mas não exatamente por serem abandonados pelo Senhor, mas por terem feito muitas escolhas erradas no passado, e às vezes isso envolve a profissão ou atividade que exercem para se sustentarem. O versículo que diz que colhemos o que plantamos diz respeito a esta vida. Alguém que tenha sido viciado em drogas ou bebida e depois se converte provavelmente irá sofrer os danos que causou ao seu organismo o resto da vida. Recebemos uma nova vida, mas continuamos no mesmo corpo que poderá ou não funcionar bem, dependendo de como nós o tratamos no passado.

Há profissões que podem ser um problema, pois a pessoa convertida percebe que não poderá mais se manter por meio dela. Em Efésios 4:28 Paulo diz que “Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com o que tiver necessidade”. Em outra situação, Paulo fala daqueles que eram servos ou escravos: “Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião… Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens”. (1 Co 7:20-23). No primeiro caso tratava-se de uma profissão ilegal (o que furtava) e no segundo de uma profissão legal na época, porém penosa (servo ou escravo).

Sua profissão não era ilegal, mas se você sabe que sua atividade anterior pode ser motivo de queda para alguém, então é melhor que você não seja um instrumento para isso. Ao falar de coisas que pudessem nos fazer cair, o Senhor usa de linguagem figurada (obviamente ele não estava dizendo para alguém arrancar os olhos literalmente ou cortar as mãos) para mostrar o quanto é importante nos livrarmos de tudo aquilo que possa ser instrumento de pecado.

(Mt 5:29-30) “Portanto, se o teu olho direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno. E, se a tua mão direita te escandalizar, corta-a e atira-a para longe de ti, porque te é melhor que um dos teus membros se perca do que seja todo o teu corpo lançado no inferno”.

Em outra ocasião ele nos fala de coisas que possamos fazer que sirvam de escândalo ou que façam outros tropeçarem: (Lc 17:1-2) “E disse aos discípulos: É impossível que não venham escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar um destes pequenos”.

Neste sentido devemos estar atentos até mesmo aos nossos hábitos, como a comida, por exemplo:

(Rm 14:13) “Assim que não nos julguemos mais uns aos outros; antes seja o vosso propósito não pôr tropeço ou escândalo ao irmão. Eu sei, e estou certo no Senhor Jesus, que nenhuma coisa é de si mesma imunda [está se referindo a alimentos impuros segundo os padrões judaicos], a não ser para aquele que a tem por imunda; para esse é imunda. Mas, se por causa da comida se contrista teu irmão, já não andas conforme o amor. Não destruas por causa da tua comida aquele por quem Cristo morreu”.

Além do sustento de sua família, agora você precisará também servir de testemunho, o que aumenta a responsabilidade de evitar uma atividade que possa servir de tropeço para seus filhos.

Não há uma resposta ou solução fácil para o caso, mas há uma solução segura que é agarrar-se ao Senhor e confiar que ele irá prover essa solução. Se a sua consciência está intranquila com respeito a voltar às suas atividades anteriores, então nem preciso dizer a você o que fazer. A Palavra de Deus fala de se manter uma boa consciência até como forma de evitarmos um naufrágio na fé: (1Tm 1:19) “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé”.

Você viveu vários anos sem Cristo, e a dificuldade que está passando hoje não é uma consequência de sua conversão ou do tempo que viveu com Cristo, mas do tempo em que andava segundo os seus pensamentos, fazendo suas próprias escolhas conforme os padrões do mundo, e não da Palavra de Deus, como todos andamos antes de nossa conversão. A provação que está passando é preciosa aos olhos de Deus, mas não deixa de ser uma prova e pode ter certeza de que ele tem tudo sob controle. Faça uma lista das alternativas que você teria hoje para se sustentar e coloque diante de Deus em oração.

(1 Pe 1:3) “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, para uma herança incorruptível, incontaminável e imarcescível, reservada nos céus para vós, que pelo poder de Deus sois guardados, mediante a fé, para a salvação que está preparada para se revelar no último tempo; na qual exultais, ainda que agora por um pouco de tempo, sendo necessário, estejais contristados por várias provações, para que a prova da vossa fé, mais preciosa do que o ouro que perece, embora provado pelo fogo, redunde para louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo”.


O batismo salva?

Depende do que você entende por salvação. 1 Pe 3:21 diz que o batismo salva. Só que não é a salvação da alma, não é a isenção de uma pena judicial, mas a salvação do que nos cerca. O batismo coloca a pessoa numa nova esfera de responsabilidade e testemunho. Poderíamos dizer que é “salvo” de ser pagão (mesmo que continue incrédulo).

Ao batizar alguém você o traz para dentro da grande casa da profissão cristã (mesmo incrédulo). Ele recebe sobre si o nome de Cristo e passa a ter responsabilidades quanto a esse nome. Num certo sentido, se permanecer incrédulo, sua culpa torna-se ainda maior. Assim, quando Cristo voltar, os países cristãos sofrerão maior juízo do que os países pagãos, como China, o bloco Árabe, Índia, etc. O Ocidente se tornará habitação de chacais durante o Milênio, enquanto Egito e Assíria (hoje pagãos) serão abençoados com Israel e irão a Jerusalém para adorar.

Fugi um pouco do assunto, mas espero para edificação de alguns. A salvação pela fé é a salvação judicial. É Deus não lhe imputando o que você merece. É a fé lhe ser imputada como justiça (leia Romanos 4). Você jamais entenderá o evangelho da graça de Deus se não entender Romanos. Se parar na Lei, perde o resto. Se parar nos Evangelhos, recebe o bendito conhecimento da Pessoa de Cristo, mas nada sobre a Igreja. Você não entendera� a Bíblia se não for até as ultimas revelações de Deus que foram dadas a Paulo (relacionadas à Igreja) e a João (das coisas futuras no Apocalipse).

Direto na sua pergunta. “Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vos; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. (Ef 2:8-9) A Palavra de Deus afirma que a salvação é pela graça de Deus por meio da fé, obviamente naquele que morreu na cruz, em Cristo e sua obra expiatória. Expiar significa purgar, retirar o pecado que nos impedia de ter acesso à presença de Deus. Com isto em mente, pergunte a si mesmo: O que ele retirou de você na cruz?

A graça de Deus está disponível a todos. “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes.” (1 Pe 5:5). Ser humilde é ser nada diante de Deus. É reconhecer-se um lixo, um pecador perdido necessitado de Salvação e aceitá-la integralmente vinda de Deus. É reconhecer que em mim não habita bem algum. É aceitar que Cristo morreu por mim porque eu não poderia fazê-lo. Se existir um átomo de confiança própria, de esperança numa auto salvação, de anseio por reconhecimento do que você tem feito, então não existe a humildade (leia-se vazio ou rendição) que se exige para receber a graça de Deus. E se achar que já é humilde o suficiente, isso também não é humildade.

Deus é um Deus que perdoa incondicionalmente, por graça, não por barganha. Se reconhecer que ele é um Deus de graça, vou aceitar o perdão completo que ele oferece. Para isso Cristo morreu. Ele não foi outro Tiradentes mártir, mas o Cordeiro substituto do homem no juízo. Ele morreu por você e por mim. Todos os sacrifícios do Antigo Testamento apontavam para o cordeiro inocente morto no lugar do pecador. Você aceita que ele morreu em seu lugar? Você aceita que seus pecados foram colocados todos sobre ele e que aquele corpo santo recebeu o juízo que você deveria receber? Você se reconhece incapaz de uma auto salvação rendendo-se à infinita graça de Deus e aceitando o perdão gratuito que ele está oferecendo a você neste exato momento?


O cristão é intolerante?

A resposta é sim e não. Se você levar em conta os dois mil anos de história do cristianismo e todo o sangue derramado nas Cruzadas, na Inquisição e em outras perseguições, então não há como negar que os cristãos são intolerantes. Mas não deveriam ser, porque não é isso que encontramos no Novo Testamento, muito pelo contrário.

A intolerância religiosa tem seus fundamentos na crença da superioridade, não da fé, mas da pessoa que professa essa fé. Quando você, que crê em Cristo, se acha melhor do que alguém que não crê ou até mesmo que não crê da mesma forma que você, a semente da intolerância já se instalou em seu coração. Agora ela vai crescer e se revelar em muitos aspectos.

Até que faria sentido alguém se sentir superior às outras pessoas, se a salvação fosse por mérito pessoal e os dons fossem desenvolvidos por evolução ou esforço próprio. Mas no caso do cristianismo, a salvação é pela graça somente, por meio da fé, e não vem de nós, mas é uma dádiva de Deus.

Da mesma forma os dons espirituais, como o próprio nome já diz, são dons ou dádivas ou presentes. Ninguém os merece, pois, assim como acontece com a salvação, Cristo os dá segundo a sua vontade por intermédio do Espírito Santo. Portanto, não há qualquer fundamento para um cristão se considerar superior às outras pessoas.

O sentimento de superioridade leva ao próximo passo, que é a separação. Não falo aqui da separação do mal ou do pecado, que todo cristão deveria cultivar. Deus deseja que eu ande em santidade de vida, e se vivo por aí na companhia de incrédulos ou pessoas que vivem no pecado praticando os mesmos pecados, estou errado. Devo me separar do mal, mas não devo me separar das pessoas.

Como é isso? Não devo me tornar inacessível a elas, colocando-me em uma redoma de pureza e virando um intocável. O Senhor jamais agiu assim. Ele sempre esteve em contato com pecadores, muito embora fosse sem pecado e nem em pensamento concordava ou se fazia cúmplice de suas práticas pecaminosas. Mas ele se deixava tocar por eles e comia com pessoas de má reputação, algo que dava aos fariseus razões para acusá-lo. Lembre-se de que Deus ama o pecador, mas abomina o pecado, e todo cristão deve fazer o mesmo.

Quando falo de ser acessível, não estou incluindo aqui os hereges, aqueles que deliberadamente andam por aí disseminando má doutrina ou buscando discípulos para segui-los. Destes devemos manter distância. Veja o que diz a Palavra de Deus:

(Tt 3:10-11) “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido, e peca, estando já em si mesmo condenado”.

(2 João 1:9-11) “Todo aquele que prevarica, e não persevera na doutrina de Cristo, não tem a Deus. Quem persevera na doutrina de Cristo, esse tem tanto ao Pai como ao Filho. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras”.

Recapitulando, primeiro vem sentimento de superioridade, e depois a discriminação e a separação das pessoas, e não apenas de seus costumes ou práticas, tornando-se inacessível a elas. O próximo estágio da intolerância religiosa é a perseguição passiva, que é a crítica constante, geralmente carregada de sarcasmo e ironia. Isso dá ao intolerante uma sensação de bem estar, pois reforça seu sentimento de superioridade.

Pessoas assim geralmente não estão muito inclinadas a pregar o evangelho e nem tampouco a ajudar aqueles que estão no erro, pois quanto mais gente errada ele encontrar, melhor a sensação que terá de superioridade. Obviamente a Palavra de Deus condena isso e nos estimula, não apenas a pregar o evangelho aos incrédulos, como a ajudar aqueles que estão no erro.

(Tg 5:19-20) “Irmãos, se algum dentre vós se tem desviado da verdade, e alguém o converter, Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador, salvará da morte uma alma, e cobrirá uma multidão de pecados”.

A etapa final na escada da intolerância religiosa é atingida quando a pessoa passa a perseguir, direta ou indiretamente, aqueles que não pensam como ela. É comum cristãos se intrometerem em política para querer forçar a sociedade a adotar a sua forma de pensar, criando às vezes situações de perseguição contra aqueles que não pensam da mesma maneira.

Na época em que o Senhor Jesus andou aqui, e depois também no tempo dos apóstolos, a iniquidade e imoralidade corriam soltas. Quando os arqueólogos descobriram as ruínas de Pompéia e Herculano foi possível ver como viviam os romanos da antiguidade, pois as casas foram preservadas com seus afrescos pintados nas paredes em perfeito estado de conservação. As cenas nas paredes de muitas casas mais pareciam manuais de sexo segundo os padrões de nossos dias. A imoralidade fazia parte da vida normal dos romanos.

Se hoje a pedofilia é crime, naquela época era comum homens ricos comprarem meninos para usá-los como escravos sexuais. A prostituição era aceita como uma alternativa para o casal, caso um deles estivesse indisposto, e sabemos que em muitos países do Oriente isso também fazia parte da cultura até a poucos anos (se é que ainda não faz). O homossexualismo também era prática normal entre os romanos.

Se hoje nos espantamos com abortos, os romanos viam com naturalidade, não apenas abortar, mas também abandonar bebês ao relento caso tivessem nascido com algum defeito, fosse uma menina ou simplesmente nascesse na hora em que o casal não desejasse. Antes que você se espante com isso, saiba que algumas tribos brasileiras ainda praticam o infanticídio sob as vistas grossas do governo que prefere não interferir nos costumes nativos.

Agora veja que em todos os quatro evangelhos, Atos e epístolas, não há qualquer indicação de que Jesus, seus discípulos ou mais tarde a igreja, interferissem na política ou costumes do mundo para tentar mudá-los. Obviamente, quando uma pessoa se convertia ela passava a viver sob outra atmosfera e aí sim seus costumes deviam mudar. Com isso ela até poderia acabar influenciando a sociedade por seu modo de andar, mas não era uma influência ativa.

Perder isso de vista é não entender que o mundo jaz no maligno e que o cristão não tem nada a ver com o príncipe deste mundo ou com o modo como as coisas andam. Não haverá um mundo melhor, mais seguro, honesto e puro antes que Cristo volte para estabelecer o seu reino.

Nessa etapa da intolerância o cristão pode se achar investido de poder divino sobre a vida e a morte. Nos Estados Unidos é comum casos de cristãos fundamentalistas assassinarem médicos de clínicas de aborto. Vi um pastor numa entrevista em um jornal da CNN ou Fox News, não me recordo bem, que apoiava o homem que matou um médico que praticava aborto. Ele alegava que o médico estava matando crianças inocentes e precisava pagar por isso. Na falta da ação da lei, alguém precisou tomar uma providência.

Não estou considerando como corretas ou aceitáveis coisas como aborto, infanticídio, prostituição, homossexualismo ou pedofilia. O que estou dizendo é que o cristão não é deste mundo, e quando se intromete nos assuntos da política ou costumes daqui, o que nem mesmo o Senhor Jesus fez, acaba caminhando na direção de extremos, como a perseguição que alguns que se dizem cristãos promovem contra homossexuais ou médicos de clínicas de aborto, por exemplo.

Volto a lembrar de que sempre que encontramos alguém que não pensa igual, sentimo-nos superiores e é aí que mora o perigo. Uma vez o corredor Alex Dias Ribeiro foi correr em Mônaco e decidiu espalhar ao longo do percurso faixas com sua frase preferida, “Cristo Salva”, a qual também levava em seu carro. Recebeu um recado do bispo da cidade perguntando com autorização de quem ele estava usando o nome de Cristo.

Os casos mais extremos que conhecemos dessa etapa de intolerância são as Cruzadas, quando a própria igreja de Roma patrocinava e apoiava soldados para que fossem reconquistar Jerusalém no fio da espada. A Inquisição é outro exemplo de onde a intolerância pode chegar quando o cristão se considera superior às outras pessoas, se separa delas tornando-se inacessível, passa a criticá-las e a zombar delas, até chegar a matá-las como se estivesse fazendo a vontade de Deus.

É importante entender que muitos que praticam essas barbaridades estão acreditando piamente estarem fazendo um favor a Deus. Não precisa ir longe. Você já deve ter visto que há várias passagens em sua Bíblia que não constam nos manuscritos mais antigos, tendo sido adicionadas por copistas, que em seu excesso de zelo, não pensaram duas vezes antes de adulterar a Palavra de Deus. Dou dois exemplos:

(1 João 5:7) “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um”.

(Atos 8:37) “E disse Filipe: É lícito, se crês de todo o coração. E, respondendo ele, disse: Creio que Jesus Cristo é o Filho de Deus”.

Geralmente estes acréscimos eram feitos por algum copista à margem do texto com a intenção de explicá-lo, como são as notas de rodapé das Bíblias atuais. Aí vinha outro copista e acabava incluindo aquele trecho na sequência do texto. Lembre-se de que antes do século 15 não havia impressão e as cópias eram feitas à mão. Muitas das ações de intolerância começam com a melhor das intenções, mas o excesso de zelo também leva ao erro. Lembre-se de que os fariseus eram tão zelosos que ordenaram que o corpo de Jesus fosse tirado da cruz na sexta feira para não profanar o sábado, quando esse trabalho não seria permitido segundo a lei dada a Moisés. Tão zelosos eles eram e nem percebiam que tinham condenado seu Messias.

O melhor remédio para evitarmos a intolerância religiosa é olharmos para a maneira de proceder do Senhor Jesus. Veja o caso dos samaritanos, que eram pessoas que praticavam uma forma deturpada de judaísmo. Um judeu da época podia até conversar com um incrédulo pagão, mas não conversava com um samaritano, pois se sentia ofendido com a distorção que ele fazia de sua religião.

(Lc 9:51-56) “E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém. E mandou mensageiros adiante de si; e, indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, Mas não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém. E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia”.

Em João 4 encontramos o Senhor à beira de um poço pedindo água a uma mulher samaritana, o que surpreende a mulher e, mais tarde, seus próprios discípulos, porque ninguém esperava que um judeu conversasse com uma mulher samaritana. Porém nós vemos Jesus se interessar por aquilo que ela estava fazendo ali, que era tirar água, colocar-se humildemente na condição de um necessitado, criando uma relação de empatia, oferecer uma alternativa muito melhor a ela, a água viva, e ir pouco a pouco fazendo com que ela revelasse sua vida devassa.

Ele não se isolou ou tornou-se inacessível à mulher. Não chegou a ela de queixo erguido, não zombou de sua vida devassa e nem a ameaçou com fogo e enxofre. Ele foi em amor e ganhou seu coração. Tanto que em outra passagem ele conta uma parábola do homem ferido e caído à beira do caminho, desprezado pelo sacerdote e pelo levita, porém socorrido pelo samaritano. Sabe quem representa aquele samaritano da história, que salva o homem, cura suas feridas, o carrega a uma estalagem e paga por sua estadia ali? O próprio Senhor, que não deixou de nos salvar, apesar de nossa condição lastimável. Se olhássemos mais para o modo como o Senhor andou aqui, teríamos menos problemas com a intolerância.


A Igreja não ensina?

Você ficou surpreso com minha afirmação de que não existe na Bíblia qualquer afirmação de que a igreja ensine ou que deva ensinar. Ficamos tão acostumados com expressões como “a igreja ensina que…” ou “os ensinamentos da igreja…” ou “aprendemos com a igreja que…” que não vamos conferir o que diz a Palavra de Deus. Vamos às passagens que você enviou e que supostamente deveriam provar que a igreja ensina:

2 Timóteo 2.2: Homens ensinam. Você sabe que a Igreja é a noiva de Cristo (leia Apocalipse), e é apresentada em tipo, como noiva, em Eva, Rebeca e outras mulheres do Antigo Testamento. Até mesmo na parábola das dez virgens, vemos o caráter da Igreja como de uma mulher em relação ao seu Noivo. E a falsa Igreja, em Apocalipse 18, é também apresentada como uma mulher, só que uma prostituta pois se vendeu para os reis da terra.

Onde quero chegar? 1 Timóteo 2:11-14 traz uma ordem dada pela Palavra de Deus para que a mulher não ensine. As coisas espirituais devem ser ensinadas por homem (e todo bom católico sabe disso, ou então se ordenariam mulheres para cargos de pastoreio e ensino nas fileiras romanas). Se ler novamente o que escrevi, disse que “a Igreja não ensina”, e isto está dentro do seu caráter de noiva, em submissão ao marido que é Cristo. Na doutrina dos apóstolos são homens, individualmente, que ensinam. Em Atos 2:42 eles perseveravam na doutrina “dos apóstolos”, não da Igreja.

2 Tessalonicenses 2:13 — Creio que quis que eu olhasse o versículo 14. Como disse acima, “dos apóstolos”, não da Igreja.

2 Tessalonicenses 2:15 — Mais uma vez, “dos apóstolos”. Uma delas o apóstolo menciona em 1 Coríntios 11.2 em diante, que era para que as mulheres cobrissem a cabeça quando orassem ou profetizassem (falassem de Deus). Antigamente os católicos romanos também obedeciam a Palavra de Deus neste ponto, mas parece que acabaram concluindo que aquilo fazia parte dos costumes da época. Uma leitura de 1 Coríntios 11.10 deixa claro que a mulher deve cobrir a cabeça não por causa dos costumes da época, mas por causa dos anjos. Os anjos continuam anjos e para eles não existem modas nem costumes. Portanto isto continua válido. Infelizmente muitos cristãos não aceitam, não apenas isto, mas também o lugar que a mulher deve ocupar na Igreja.

2 Pedro 3:16 — A versão Loyola traz: “homens sem instrução e inconstantes deformam”. Na versão Ave Maria está: “espíritos ignorantes ou pouco fortalecidos deturpam”. Almeida traduz assim: “indoutos e inconstantes torcem”. Deixei a Bíblia de Jerusalém no escritório, mas você pode conferir nela também. Em todos os casos fala de homens com más intenções. Não diz nada sobre Igreja ensinando. Acho que já comentei estas passagens para você.

Mateus 18:15 -Todo o trecho trata de um ato judicial ou de disciplina dentro da Igreja. Nada que endosse a ideia de que a Igreja ensina. O problema é que quando falamos de Igreja falamos de coisas diferentes. Você pensa logo na Santa Sé. Eu penso no Corpo de Cristo ou na expressão local, que são os reunidos ao Nome dele. Sugiro que comece a pesquisar o que é Igreja segundo os moldes bíblicos.

Lucas 10:16 — O Senhor aqui está se dirigindo aos “outros setenta” discípulos (além dos doze, creio eu) que enviou como precursores seus (veja Lucas 10:1), de dois em dois, a todas as cidades aonde o Senhor iria depois. No final, em Lucas 22:35-36, apos a completa rejeição por parte do povo, ele mostra que estariam a partir de então em outro caráter. Mas voltando para o versículo que citou, não encontro nada ali que justifique a ideia de que a Igreja ensina. Aqueles setenta eram judeus enviados aos judeus. A Igreja ainda não tinha sido formada, o que somente aconteceu no dia de Pentecostes, em Atos 2.

Olhei todos os versículos que citou. Será que o que escrevi está errado? Paulo era um homem que podia andar com boa consciência (Atos 23:) porque não tinha compromisso com homem algum (Gl 1:1), e nem com os outros apóstolos (Gl 1:17). Quando o Senhor falava com ele, Paulo escutava e obedecia. Este é o espírito que devemos ter também.

Seja sincero. Leia tudo sem preconceitos. Julgue pela Palavra de Deus e não responda com a desculpa de que o clero é seu cérebro e que não precisa mais inventar a roda. Você é um ser humano que terá que dar contas a Deus, e não aos padres, quando sair deste mundo. E de nada adiantará se quiser transferir a responsabilidade para algum ensino errôneo. Você é responsável perante Deus e é melhor ir começando a cortar o cordão umbilical e pensar como homem diante de Deus.


Você não reconhece o Papa?

Você tenta demonstrar que o Papa é autoridade legítima da igreja. Vamos às passagens que enviou tentando comprovar isso:

Mateus 16:18-19 — Aqui está uma passagem que causa confusão. Não adianta eu apresentar as razoes que já deve ter escutado de protestantes, sobre a diferença entre a palavra Pedra e Rocha no grego, mesmo porque Mateus foi escrito em aramaico. Mas sugiro que procure outras passagens na Bíblia que mostram quem é a Rocha ou Pedra: Deuteronômio 32:4,15, 18, 30, 31. Isto somente em um capítulo da Bíblia. Mas se ainda estivermos em duvida, podemos perguntar a quem foi protagonista da conversa, ou melhor, Pedro:

Pedro, quem é a Pedra? “Ele (Cristo), pedra viva que os homens rejeitaram, mas escolhida e preciosa aos olhos de Deus” (1 Pe 2:4-10).

Sugiro que leia tudo, e se estiver lendo na Bíblia Ave Maria verá o subtítulo que foi acrescentado dizendo: “Cristo é a Pedra Angular”, possivelmente referindo-se a Efésios 2.20: “Jesus Cristo é a principal pedra da esquina”.

Prezado, existe uma Igreja Católica Romana real e existe uma que se tenta vender aos fiéis e pouca gente vai investigar se não está sendo enganado pela propaganda. O que transcrevo abaixo pertence a essa mesma Igreja Católica Romana e foi escrito por um historiador católico romano:

“De todos os Pais que interpretaram estas passagens nos Evangelhos (Mt 16:18; João 21:17), nem um só as aplica aos bispos romanos como sucessores de Pedro… Nenhum deles explicou a rocha ou fundamento sobre a qual Cristo iria construir sua Igreja como sendo o oficio dado a Pedro para ser transmitido aos seus sucessores, mas eles entendiam que se tratava ou do próprio Cristo, ou da confissão de fé de Pedro em Cristo; com frequência ambas eram aceitas.” Ignaz von Dollinger — “The Pope and The Council” (1869) pág. 74.

“… Pois para os Pais trata-se da fé de Pedro — ou o Senhor em Quem Pedro tem fé — que é chamado de Rocha, não Pedro. Todos os Concílios da igreja, desde Nicéia no quarto século, até Constância no décimo quinto concordam que o próprio Cristo é o único fundamento da igreja, isto é, a Rocha sobre a qual a igreja permanece” Pedro de Rosa, historiador católico romano em “Vigários de Cristo: O Lado Negro do Papado” (1988) pág. 24,25.

Minha sugestão é a seguinte: Leia mais. Leia livros históricos, mesmo católicos. Informe-se.

Quanto à passagem “Pedro, tu me amas? Apascenta minhas ovelhas…”, isto foi dito a Pedro, e ele apascentou as ovelhas de Cristo. E aos anciãos, ou presbíteros, Pedro exortou a que fizessem o mesmo, lembrando-lhes quem era o Sumo Pastor em 1 Pedro 5:4. Por falar nisso, Hebreus 3:1 nos mostra Quem é o Sumo Sacerdote para o cristão.

Não existe ideia de sucessão apostólica na Bíblia. Pelo contrario, o apóstolo Paulo, apóstolo dos gentios, ao se despedir dos anciãos de Éfeso não os encomendou a Pedro ou a algum sucessor. Vamos ler: “Agora eu vos encomendo a Deus e a palavra da sua graça, àquele que é poderoso para edificar e dar herança com os santificados” (Atos 20:32).

Lucas 22:31 — Vou deixar de comentar esta passagem pois se trata do Senhor apenas avisando o que Pedro iria passar antes da crucificação. Nada de extraordinário em o Senhor pedir que confirmasse os irmãos. Algo que Pedro fez bem, como vemos em Atos.

Romanos 13:5 — Todo o contexto fala de autoridade em geral, mas pela expressão “espada” do versículo 4, “castigo” do versículo 5 e “impostos” do vers. 6 me faz entender que esteja mais para autoridade no sentido secular. Espada, castigo e impostos eram meios usados pela igreja romana na idade media, quando seu poder se misturava com o poder secular.


Sua fé não inclui Maria?

Encontro em toda a Bíblia uma exaltação única, completa e eterna dada a Jesus, Aquele que é Deus feito homem, nascido miraculosamente de uma virgem, e em Quem habita corporalmente toda a plenitude da Divindade. Dividir tal glória e majestade com quem quer que seja, mesmo que seja Maria, é no mínimo algo triste.

Quando os discípulos (não preciso citar versículos, pois você conhece) foram levados pelo Senhor até um monte, onde ocorreu a transfiguração, eles viram Moisés e Elias junto com o Senhor. Sem entenderem o que acontecia, quiseram fazer igualmente uma tenda para cada um deles, incluindo o Senhor. No mesmo momento Moisés e Elias, apesar de terem sido grandes servos de Deus, desaparecem completamente da vista deles e a voz do Pai lhes é dirigida exaltando somente o Filho.

Creio que Deus quer nos ensinar com isso que devemos tirar de diante de nossos olhos qualquer pessoa, por mais bem aventurada que seja,, para colocar diante de nós somente a Cristo. Já lhe ocorreu que nenhuma menção a Maria é feita nas epístolas? Todavia, desnecessário é dizer que todas elas se ocupam com Cristo, o Senhor.

Para que me conheça melhor, já fui católico romano convertido a Cristo. Ouvi o evangelho na faculdade sem nenhum vínculo com alguma denominação religiosa e, assim que me converti, voltei a frequentar a missa (fui criado católico como a maioria dos brasileiros de meu tempo) e cheguei até a ajudar o padre e a formar um grupo de jovens para estudar os evangelhos.

Meu apreço pela Bíblia fez com que me dedicasse a um estudo da mesma, comparando tudo com o catecismo romano. Chamou minha atenção no Catecismo os 10 mandamentos, já que ali os escribas de Roma omitiram o segundo mandamento e dividiram o décimo para manter 10. Além desta, encontrei inúmeras incongruências e erros graves. Como meu compromisso tinha sido assumido com Deus, por intermédio de Jesus Cristo, e com a sua Palavra e não alguma religião, não fica difícil você concluir qual foi minha decisão.

Portanto, fico contente por saber que você lê a Bíblia, e sugiro que o faça comparando com o catecismo católico romano. Você poderá encontrá-lo (se já não tem) em qualquer livraria católica. Não estou me referindo àqueles pequenos para primeira comunhão, mas ao volume de doutrinas do catolicismo. Aconselho que o faça livre de qualquer influência religiosa, portanto desaconselho que siga qualquer religião. Envolva-se, você só, com Cristo e a sua Palavra, pedindo ao Pai por sabedoria para conhecer, por meio do Espírito Santo, aquilo que Deus tem revelado. Você fizer isso com sinceridade de coração, ficará surpreso com as descobertas.


Não somos livres para escolher a salvação?

Não, não somos livres. O primeiro homem foi livre para decidir e decidiu errado. Desde então perdemos o poder de decisão. Decidimos, mas sempre pelo errado, a não ser que haja uma intervenção de Deus. Se você crê na Palavra de Deus verá várias passagens que mostram que não existe nada de bom no homem.

Com a queda adquirimos a capacidade de conhecer o bem e o mal, mas não conseguimos fazer o bem e nem evitar o mal. Somos maus por natureza (a Bíblia diz isto repetidas vezes). Você falou em escolher entre duas marcas de biscoito. Eu detesto biscoito de morango. Se tivesse que escolher entre chocolate e morango, o que escolheria? Morango? Nunca!

A inclinação da carne é pecado. Sempre escolhemos o errado. Quando foi deixado para os homens escolherem, escolheram a Cristo? Não, Barrabás. Você menciona Maria, irmã de Lázaro, a respeito de quem o Senhor diz que ela escolheu a boa parte, mas lembre-se de que Maria era uma alma nascida de novo, nascida do alto. Tinha uma nova vida que anela por Deus. Necessário vos é nascer de novo, disse o Senhor a Nicodemos. Que parte você teve no seu nascimento? Nenhuma. Outros fizeram tudo por você. O nascer é algo que não depende do que nasce. Que parte temos no novo nascimento? Pense nisto.

Mesmo nascidos de novo isso ainda não significa que conseguimos desfrutar da liberdade e do descanso de uma consciência que tem a certeza de seus pecados perdoados. Leia Romanos 7. Creio que aquele é um homem nascido de novo, mas não ainda totalmente liberto. Ele já tem um “bom” desejo, mas não tem poder para efetuá-lo.

A Bíblia deixa claro que todos pecaram e estão condenados já em sua condição natural. “Não há um justo, nem um sequer… Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Rm 3:3, 23). Você fala como um incrédulo que pensa estar em um meio termo diante de duas opções. E em que condição está o que escolhe? Terreno neutro? Se já estamos condenados, todos nós, em função do pecado original, só nos resta escolher a salvação. O problema é que, de nós mesmos, não escolheremos. Lembra-se do biscoito de morango? Pois é, você já deve ter lido que somos inimigos de Deus por natureza. “Não há quem busque a Deus”, diz em Romanos.

Você alega que Deus seria injusto, pois a ideia da eleição automaticamente destinaria alguns dos filhos de Deus à condenação, enquanto privilegia outros. “Ele morreu por todos” (2 Co 5:15), portanto Deus fez provisão para salvar a todos os homens, porém a salvação é para “todo aquele que nele crê” (Jo 3:16). Apesar de seu sacrifício servir para tirar o pecado do mundo, no que se refere aos pecados individuais ele tomou “sobre si os pecados de muitos homens” (Isaias 53:12), portanto ele não levou sobre si os pecados de todos os homens.

A questão que colocou de Deus destinar alguns dos seus filhos à perdição não é bem como você coloca. Em seu estado natural, os homens não são filhos de Deus. A Bíblia diz, em João 1:12: “Mas a todos aqueles que o receberam, aos que creem no seu nome, (Deus) deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus”. Você consegue enxergar no versículo acima que são aqueles que creem em Cristo que se tornam (ou são feitos) filhos de Deus?

A ideia da eleição não é nova e nem se originou em Lutero. Transcrevo primeiro uma “heresia” dos valdenses (aqueles decapitados pelo exército do Papa que os considerou hereges):

“Que Deus salva da corrupção e da condenação aqueles a quem escolheu desde antes da fundação do mundo, não por causa de qualquer disposição, fé ou santidade que ele tenha previsto neles, mas por motivo de sua pura misericórdia, em Cristo Jesus, seu Filho, deixando de levar em conta quaisquer outras considerações, segundo a irrepreensível razão da sua própria livre vontade e justiça”.

Agora vamos à Palavra de Deus, e para isso vou usar a versão “A Bíblia de Jerusalém”. Pode conferir, todos eles estão lá. Você poderia explicá-los sem pensar em eleição, predestinação, escolha, etc.?

​1. “NOS ESCOLHEU antes da fundação do mundo para sermos santos e irrepreensíveis” (Ef 1:4).

​2. “Ele NOS PREDESTINOU para sermos seus filhos adotivos por Jesus Cristo, conforme a decisão da SUA VONTADE” (Ef 1:5).

​3. “Nele, PREDESTINADOS pela decisão daquele que tudo opera segundo o conselho da SUA VONTADE, fomos feitos sua herança” (Ef 1:11).

​4. “E o Senhor cada dia lhes ajuntava outros, aqueles que ERAM SALVOS” (Atos 2:47)- nota Ave Maria.

​5. “Porque DEUS VOS ESCOLHEU desde o principio para serdes salvos” (2Ts 2:14).

​6. “RESERVEI para Mim sete mil homens que não dobraram o joelho a Baal” (Rm 11:4).

​7. “Se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria. Mas por causa dos ELEITOS aqueles dias serão abreviados” (Mt 24:22).

​8. “Pois hão de surgir falsos Messias… de modo a enganar, se possível, até mesmo os ELEITOS” (Mt 24:23).

​9. “Ele enviará os seus anjos que, ao som da grande trombeta, reunirão os SEUS ELEITOS…” (Mt 24:31).

​10. “E Deus não faria justiça a SEUS ELEITOS que clamam a ele dia e noite, mesmo que os faça esperar?” (Lc 18:7).

​11. “Portanto, como ELEITOS DE DEUS, santos e amados…” (Cl 3:12).

​12. “Paulo, servo de Deus… para levar os ELEITOS DE DEUS à fé e ao conhecimento da verdade conforme a piedade” (Tt 1:1).

​13. “Pedro, apóstolo de Jesus Cristo, aos estrangeiros… ELEITOS, segundo a presciência de Deus Pai…” (1 Pe 1:1-2).

​14. “O ancião à senhora ELEITA…” (2 João 1:1).

​15. “Os filhos da tua irmã ELEITA te saúdam” (2 João 1:13).

​16. “A que está em Babilônia, ELEITA como vos, vos saúda” (1 Pe 5:13).

​17. “Por eles eu rogo, não rogo pelo mundo, mas pelos que ME DESTE, porque são Teus” (Jo 17:9).

​18. “Muito alegres por estas palavras, os gentios glorificavam a Palavra do Senhor, e todos aqueles que eram DESTINADOS à vida eterna abraçaram a fé” (Atos 13:48).

​19. “Porque os que DE ANTEMÃO ele conheceu, esses também PREDESTINOU a serem conformes à imagem do seu Filho… E OS QUE PREDESTINOU, também os chamou; e os que chamou, também os justificou, e os que justificou, também os glorificou… DEPOIS DISTO, QUE NOS RESTA A DIZER?” (Rm 8:29-31).

​20. “Assim também no tempo atual constituiu-se um resto segundo A ELEIÇÃO da graça. E se é por graça, não é pelas obras, do contrario a graça não é mais graça” (Rm 11:6).

​21. “… quando não haviam nascido, e nada tinham feito de bem ou de mal, a fim de que ficasse firme a LIBERDADE DA ESCOLHA DE DEUS, dependendo não das obras, mas daquele que chama, foi-lhe dito, O maior servirá ao menor” (Rm 9:11).

22.“Aquilo que tanto aspira, Israel não conseguiu; conseguiram-no, porém, OS ESCOLHIDOS” (Rm 11:7).

​23. “Mas o que é loucura no mundo, Deus o ESCOLHEU… o que é fraqueza no mundo, Deus o ESCOLHEU… o que é vil e desprezado… DEUS ESCOLHEU…a fim de que nenhuma criatura se possa vangloriar diante de Deus” (1 Co 1:27).

​24. “Portanto, NÃO NOS DESTINOU Deus para a ira, mas sim para alcançarmos a salvação” (1Ts 5:9).

​25. “Mais exatamente, quem és tu, oh homem, para discutires com Deus? Vai acaso a obra dizer ao artífice: Por que me fizeste assim? O oleiro não pode formar da sua massa seja um utensílio para uso nobre, seja um outro para uso vil?” (Rm 9:20-21).

​26. “Farei misericórdia a quem EU FIZER misericórdia e terei piedade de quem EU TIVER piedade” (Rm 9:14).

Creio que para um bom entendedor 26 versículos bastam. Para um homem de fé, que não duvida da Palavra de Deus bastaria um apenas. Espero sinceramente não ter desperdiçado meu tempo com alguém que esteja hermético à Palavra de Deus. Os versículos acima dispensam minha explicação. Mas gostaria de saber o que pensa deles. Não vou incluir comentários. Medite em cada um deles em oração. Todos (exceto um da Ave Maria) foram tirados da Bíblia de Jerusalém.


Michael Jackson precisava de uma segunda chance?

Seu artigo com o título “Michael Jackson, não há segunda chance” parece trazer no bojo uma mensagem de salvação por obras ou boa conduta, e não uma mensagem de graça e perdão para o pecador perdido em seus pecados. Sutilmente você dá a entender que não há segunda chance para Michael Jackson por ele não ter aproveitado a primeira.

Você escreveu:

Você escreveu: “Não basta ser o ‘Rei do Pop’. Reis, para chegarem bem ao fim da vida, precisam prestar atenção ao destaque bíblico na biografia de todos eles: devem fazer aquilo que é reto aos olhos do Senhor”.

Será que você quis dizer que se Michael Jackson fizesse aquilo que é reto aos olhos do Senhor como os reis bíblicos ele teria sua salvação garantida? O problema é que o maior rei de Israel, Davi, não é de modo algum um exemplo de boa conduta. Dentre outras coisas, Davi condenou um de seus melhores amigos à morte só para ficar com a mulher dele.

Todavia sabemos que Davi se arrependeu de seus pecados, apesar de boa parte de sua vida ter sido perdida. Ele foi salvo por ter reconhecido sua incapacidade e rogado pelo perdão e graça de Deus, e não por alguma boa obra que tivesse feito. Aliás, que boa obra ou conduta exemplar poderia apagar um homicídio para encobrir um adultério? Ao que me consta, não existe no prontuário de Michael Jackson algum homicídio do gênero. Não sabemos ainda se Michael Jackson creu no Salvador Jesus, mas o céu certamente será um lugar cheio de surpresas, não acha?

Continuando, seu texto diz:

Você escreveu: “E por que devem fazer o que é reto? Porque não há segunda chance. Nossa vida é o nosso tempo. Michael teve 50 anos à sua disposição. Até o momento, Deus concedeu-me 45. Após o último e definitivo suspiro, findam-se as chances. Neste momento nossa sentença eterna já está determinada nas mãos do Pai”.

Será que com isso você está querendo dizer que em seus 45 anos você tem aproveitado bem a chance que Deus lhe deu, mas que Michael Jackson não fez isso? Seu texto parece indicar que se aproveitarmos o tempo que temos para “fazer aquilo que é reto aos olhos do Senhor” estaremos salvos, mas o problema é que ninguém consegue fazer o que é reto aos olhos do Senhor. Daí precisarmos de um Salvador que tenha morrido para levar nossos pecados sobre si e da graça de Deus.

Minha pergunta é: Será que Michael Jackson precisava de uma segunda chance? Como você pode ter certeza de que ele não aproveitou a primeira chance? Como você sabe o que aconteceu nos segundos antes de seu desmaio, ou mesmo nos segundos de silêncio de seu coma, antes que o espírito deixasse definitivamente o corpo? Seria um segundo tempo insuficiente para clamar a Deus por salvação? Vamos ver o que Deus pensa da morte do ímpio:

“Desejaria eu, de qualquer maneira, a morte do ímpio? diz o Senhor DEUS; Não desejo antes que se converta dos seus caminhos, e viva?” (Ez 18:23).

Este é o sentimento verdadeiro de Deus por qualquer pecador. Você acha que Deus descansa antes que o espírito se separe definitivamente do corpo? De modo nenhum, pois ele não tem prazer na morte do ímpio. Do modo como você escreve seu artigo eu não diria ser este o sentimento que você transmite, muito pelo contrário.

Como costuma acontecer com a morte de celebridades, parece existir certo prazer nisso em pessoas religiosas, como se dissessem… “Viu? Bem feito! Quem mandou não fazer aquilo que é reto aos olhos do Senhor”. Não me surpreenderia se Michael Jackson fosse o tema principal de muitos púlpitos neste momento, com os pregadores tentando fazer dele um exemplo de como uma vida de exageros e pecados pode levar à morte e ao inferno.

O problema é que nos evangelhos encontro tantos Michael Jacksons com suas vidas totalmente desestruturadas que tudo leva a crer que é mais fácil um Michael Jackson ser salvo do que o religioso que pode ser encontrado neste momento em algum púlpito qualquer falando dele como um perdido. O próprio Senhor disse aos fariseus (os que ocupavam os púlpitos daqueles dias) que publicanos e prostitutas os precederiam no Reino de Deus. É curioso isso, não é?

Se ler com atenção os evangelhos verá que em momento algum o Senhor Jesus usou de chicote ou ameaçou com fogo e enxofre os publicanos, prostitutas ou qualquer Michael Jackson da vida. Essas ameaças ele reservava a uma classe de pessoas: os religiosos fariseus, que batiam no peito, se consideravam justos e se gabavam de serem fiéis no dízimo e no jejum, e não serem como “esse publicano”.

Não posso deixar de lembrar-me de um homem que viveu torto a vida inteira e nem sequer podia dizer que contribuiu de alguma forma com a sociedade, seja por seus dotes artísticos ou por ter dado emprego a milhares de pessoas como fez o cantor. Aliás, esse homem não proporcionava o sustento de outros, mas roubava o sustento dos trabalhadores. Porém a ele bastou balbuciar “Senhor, lembra-te de mim” em meio ao sofrimento de seu martírio para ter do próprio Senhor a palavra de certeza de sua salvação eterna.

Se eu fizer vista grossa à sua mensagem de salvação por meio de uma boa conduta que seu texto parece anunciar, e usar de boa vontade para achar que sua intenção foi alertar o pecador para que se arrependa antes que seja tarde, mesmo assim eu diria que o exemplo foi infeliz. O próprio Senhor teria usado, não um cantor pop de vida irregular, mas algum dignitário religioso de boa reputação e grande destaque na sociedade, como ele usou o fariseu em “O fariseu e o publicano” ou na “Parábola do filho pródigo”.

Faça uma releitura da parábola do filho pródigo e verá que Jesus não a contou para pessoas devassas como o filho pródigo, portanto não é aquele filho devasso o exemplo que quer mostrar com sua parábola. Ele dirigiu sua parábola aos religiosos fariseus, exatamente aqueles que não tinham nada de um Michael Jackson, mas eram como o filho mais velho, que ficou na casa do pai fazendo tudo de acordo com o figurino mas que, em momento nenhum, demonstrou estar arrependido justamente disso: de ser um religioso.

Nunca se esqueça disto: “Cristo Jesus veio ao mundo para salvar PECADORES”. Apenas para os que não se consideram como tais é que a salvação é impossível. Para estes não há chance alguma.


A cristandade está decadente?

Sim, entendo que a cristandade está caminhando “morro abaixo” e sua trajetória culminará na grande meretriz do Apocalipse, a mesma mulher com a qual o apóstolo João se espantou. Não é opinião minha, mas o que encontro na Palavra profética. A cristandade está decadente, rumando à apostasia, e quando falo de cristandade falo do testemunho exterior da Igreja e me incluo nesta decadência de Laodiceia, pois faço parte da “grande casa” de 2 Timóteo 2 em que se tornou a cristandade.

Do lado de Deus, porém, a Igreja continua sem mancha e sem mácula e será assim, perfeita, que será tirada da Terra a qualquer momento no arrebatamento. Então este mundo ficará vazio de todos os que verdadeiramente creram em Cristo, pois todos subirão para estar com ele. Mas este ponto de vista esbarra no ponto de vista daqueles que acreditam numa unificação do cristianismo para o bem e até acham que isso esteja acontecendo. A Bíblia, porém, mostra que todo fim de época é de ruína. Foi assim pouco antes do dilúvio, pouco antes da libertação dos israelitas do Egito e pouco antes da vinda do Senhor há dois mil anos. De lá para cá temos o período da igreja, que começou bem e está como está.

Costumo receber e-mails de pessoas que acreditam que na Bíblia existe fundamento para se criar denominações, ou seja, separar os cristãos por diferentes nomes. Às vezes esses interpretam que se reunir sem denominação, como faço, é apenas criar mais uma denominação, porém sem nome.

Esquecem-se, porém, que os primeiros cristãos também se reuniam sem denominação e nem por isso podemos chamar aquilo de uma denominação sem nome. A ideia de uma denominação sem nome só poderia surgir numa época quando a ideia de grupos de cristãos denominados tivesse se tornado uma espécie de regra, e não o contrário. Há dois mil anos isso seria uma exceção, não a regra.

Não devemos julgar a Palavra de Deus pelo que vemos os cristãos fazendo ao nosso redor, mas o contrário: julgar as práticas pela Palavra, e não por um credo, dogma, estatuto ou regra de fé que alguém estabeleceu no passado, ou ainda por algum sistema do qual se alegue “ter dado certo”.

Os primeiros cristãos poderiam ser acusados de formar uma denominação “sem denominação”? No entanto eles estavam reunidos “somente” ao nome do Senhor. O centro era o Senhor. Era ele o imã que os atraia a estarem juntos, não algum nome, homem ou doutrina. Era o Espírito Santo que os dirigia, não algum homem ou organização.

Suponha que transportássemos Pedro ou Paulo para nossos dias e os colocássemos diante da grande confusão que hoje existe: inúmeras seitas e divisões, má doutrina, erros, templos imensos e luxuosos emprestados do judaísmo, um clero se sobrepondo à ordem simples dada pelo Espírito para as reuniões cristãs, mulheres nos púlpitos, mulheres orando e profetizando com a cabeça descoberta, coros, orquestras, cantores e artistas centralizando as atenções, concertos de rock “cristão”, pessoas em pecado participando ativamente do governo da igreja, avidez por membros & lucros, etc.

Então, suponha que, após mostrarmos tudo isso a Pedro ou Paulo, perguntássemos: “De que denominação vocês gostariam de serem membros?” Não precisamos de muito discernimento para entender que eles não iriam querer se fazer membros de coisa alguma. Eles iriam procurar um canto quieto onde pudessem, em dois ou três, se reunir para o Senhor, para a sua glória, para o seu nome e deixar que o Espírito lhes guiasse em simplicidade.

Uma vez uma jovem cristã, ao saber que eu não pertencia a uma denominação, me convidou a fazer-me membro da sua. Respondi que prazerosamente o faria desde que ela me mostrasse na Bíblia que eu deveria me fazer membro de algo que não inclui todos os membros do corpo de Cristo. Ela não conseguiu encontrar um versículo sequer.

No mundo às avessas em que vivemos, alguns irmãos me chamaram de sectário por eu testemunhar que não quero levar sobre mim um nome que não possa ser levado por todos os que creem! Ser simplesmente cristão é ser sectário? Sair do particular para testemunhar do geral tornou-se restritivo? Expressar unidade de um modo prático, deixando qualquer identificação que seja exclusiva, tornou-se exclusivismo!

Bom, desculpe-me pelo longo e-mail, mas achei que deveria apresentar as razões de minha tristeza. Não espero ver toda a cristandade abandonando seus sistemas, e nem me coloco como um aríete tentando derrubar sistemas. Longe de mim tal pensamento. Tudo caminhará em franco progresso rumo à apostasia final que a Palavra de Deus já previu, e a união com a Roma religiosa e política será cada vez maior.

Certamente Deus tem o seu povo espalhado nos muitos compartimentos denominacionais que o homem criou e, como irmãos, os amo com o amor que Deus colocou em meu coração. Mas não quero nada com seus sistemas. Alguns irmãos com quem converso talvez procurem sinceramente buscar nas Escrituras, como os de Bereia, para ver se estas ideias têm fundamento ou não.

Outros simplesmente irão preferir permanecer na falsa segurança que seus sistemas eclesiásticos lhes oferecem. Já ouvi de um irmão dizer que ele concordava com tudo, porém a estrutura organizacional de uma denominação lhe dava segurança e motivação para se manter fiel.

É uma questão de consciência individual, e quando alguém entende ser da vontade de Deus que o lugar onde o Senhor prometeu estar foi onde dois ou três estivessem reunidos ao seu nome, esse naturalmente acabará se afastando dos sistemas criados pelos homens. Não se trata de uma questão de oposição ou combate contra status quo formado hoje pelo sistema denominacional, mas simplesmente de separação dele.


Deus armou uma armadilha para suas criaturas?

Você questiona a bondade e retidão de Deus em provar o homem (inicialmente no Éden e mais tarde de outras maneiras) sabendo de antemão que o homem cairia, e depois ainda reprová-lo ou condená-lo por isso. Você comparou isso a Deus armar uma armadilha para o homem cair nela.

Sempre que falamos de coisas como bondade, justiça, amor, misericórdia, etc., não falamos de sentimentos ou percepções que tenhamos desenvolvido por nós mesmos ou que sejam costumes simiescos aperfeiçoados. Falamos de absolutos que sempre estão acima de nossa capacidade de executar.

Essas noções que eu e você temos dessas coisas nos foram legadas pela nossa cultura judaico-cristã, pois em alguns pontos elas podem diferir de alguém que seja, por exemplo, muçulmano. Mas mesmo o muçulmano, o hinduísta ou o pagão terão, em última instância, obtido essas ideias de uma mesma fonte: Deus.

Agora, se temos esses sentimentos em nós em um grau de tão grande imperfeição, como podemos julgar os motivos ou razões daquele que nos legou isso? Se você trabalhar de faxineiro numa grande indústria, as decisões do presidente não farão qualquer sentido para você dentro dos parâmetros limitados de visão que tem um faxineiro dentro de uma grande organização.

É por isso que a salvação ou a comunhão com Deus não vem da razão ou do entendimento. Não é compreendendo o modus operandi de Deus que somos salvos ou passamos a ter comunhão com ele, mas apenas crendo. A maior parte da Bíblia foi escrita por pessoas que não entenderam nada do que estavam escrevendo, mas mesmo assim cumpriram seu papel em nos legar a Palavra inspirada de Deus. Somente hoje aquele que é convertido a Cristo e que, portanto, possui o Espírito Santo, pode compreender as coisas do Antigo Testamento, e mesmo assim em parte, como diz em Coríntios.

Creio que estas duas passagens ajudarão a responder melhor do que eu sua dúvida. Mas, lembre-se: nós não estamos aqui para entender, mas para crer.

“Jesus Cristo; Ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; Alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas. Da qual salvação inquiriram e trataram diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada, Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar. Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios, e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo” (1 Pe 1:8-13).

“Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido”. (1 Co 13:12).

Agora pense nisto: Deus não fez o que fez sentado confortavelmente no céu e simplesmente assistindo para ver o que iria acontecer com suas criaturas. Deus se envolveu ao ponto de se fazer homem e assumir a culpa por nossos erros. Lembre-se sempre de que a conta pela dívida não foi enviada diretamente ao pecador, mas ao Salvador. A salvação não custa nada para nós, mas custou um alto preço para Deus.

Desde a queda Deus vem avisando que pagaria a conta, mas mesmo assim nossa desconfiança nos faz achar que ele esteja mentindo ou querendo nos enganar. Quando teimosamente nos recusamos a aceitar que Deus é bom, justo e misericordioso, e o rejeitamos, o que resta então senão a separação eterna de Deus?


Devo me sujeitar a meus pais?

Você diz ter 19 anos e não aguentar mais viver na casa de seu pai. Você escreve dizendo que está numa encruzilhada, que precisa fazer uma escolha definitiva, porém que seja da vontade de Deus, pois não quer se arrepender depois. Isso é muito bom. Então vem as reclamações, como família muito rígida, sentir-se algemada e numa prisão, um pai que a trata como criança, que a proíbe de sair, etc. Em suma, você quer sair de casa para morar sozinha, o que é um desejo muito comum nessa idade.

Mas uma frase sua chamou minha atenção: “lembro-me do que Jesus passou por mim na cruz do calvário para que eu vivesse em plena liberdade para o adorar e seguir a vontade do meu coração”.

Você está enganada. Jesus morreu por você, mas não foi para você seguir a vontade de seu próprio coração. Ele mesmo, embora fosse Deus, andou aqui sempre sujeito à vontade do Pai, e creio que este é um exemplo para você seguir. Seu pai não está maltratando você, mas apenas amando você do jeito dele, o que às vezes pode até ser difícil de entender. Só que se você olhar um pouco mais longe irá reconhecer que o pai que você tem foi o PAI quem lhe deu, portanto… Será que vai culpar a Deus por seu pai ser tão cuidadoso?

Sair de casa sem estar preparada pode ser desastroso, e o problema é que nessa idade a gente sempre acha que está preparado. Quando olho para trás e lembro como eu era na sua idade, digo um “ufa!” do tipo “não sei como sobrevivi!”.

A única coisa que move seu pai a ser tão cuidadoso é o amor e o receio que você siga os caminhos que ele seguiu na incredulidade, como você mesma reconheceu. Se perguntarmos a Deus o que ele quer que você faça, o que será que Deus irá responder?

Uma das características dos últimos dias é que “… haverá homens amantes de si mesmos… presunçosos, soberbos… desobedientes a pais e mães, ingratos…” (2Tm 3:2). Você certamente não deseja isso para si mesma, não é? Você sabe o que é pecado? Pecado é fazer a própria vontade. Foi o que Adão e Eva fizeram e é o que continuamos fazendo sempre que damos ouvidos à nossa velha natureza.

Se, por um lado, para o seu pai Deus diz: “Vós, pais, não irriteis a vossos filhos, para que não percam o ânimo”, por outro ele também diz a você: “Vós, filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto é agradável ao Senhor” (Cl 3:20). Ele dará conta dele a Deus por estar ou não cumprindo o que diz aí, mas você precisará antes poder afirmar que está obedecendo “EM TUDO” ao seu pai.

Deus tem uma promessa para quem é filho: “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo. Honra a teu pai e a tua mãe, que é o primeiro mandamento com promessa; Para que te vá bem, e vivas muito tempo sobre a terra” (Ef 6:1-3). Observe que aí não diz para os filhos serem obedientes aos pais que forem bons, corretos ou mesmo crentes. Diz para obedecerem aos pais, não importa como sejam, porque Deus estabeleceu uma ordem nas relações humanas.

Nessa ordem está Deus, Cristo, o homem e a mulher, vindo abaixo deles (não significa ordem de importância, mas hierárquica) os filhos, netos, etc. No trabalho também há uma ordem que deve ser respeitada, entre patrões (senhores) e empregados (servos), e na sociedade também, pois temos presidentes, Juízes, delegados, policiais, professores. Sempre existe alguém a quem eu devo me sujeitar.

Agora pense outra vez no Senhor Jesus que, apesar de ser Deus Filho e jamais ter um pensamento que não estivesse em total sintonia com Deus Pai, mesmo assim disse várias vezes que seu alimento era fazer a vontade do Pai, orava dizendo que se fosse da vontade do Pai e até precisou aprender obediência, algo que jamais teve na eternidade.

Pensou em Jesus? Agora pense no que ele faria se estivesse em seu lugar. Será que ele teria decidido seguir sua própria vontade e fugir da cruz, cuja expectativa terrível já o fez suar sangue no Getsêmani?


O que significa adorar em espírito e em verdade?

O que o Senhor diz à mulher samaritana tem a ver com três grupos de pessoas: os judeus, os samaritanos e aqueles que viriam a adorar a Deus na nova ordem de coisas que estava para ser estabelecida.

“Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23-24).

A palavra de Deus é a verdade, portanto os judeus que adoravam de acordo com a Palavra de Deus adoravam em verdade. Eles adoravam no lugar correto, que era o templo de Jerusalém, e da maneira correta, que era segundo os preceitos da Lei dada a Moisés. Quando o Senhor curava alguém, mandava que a pessoa se apresentasse aos sacerdotes e fizesse as ofertas conforme mandava a Lei, o que dá a entender que ele reconhecia, não apenas o lugar, que chamava de “casa de meu Pai”, mas também a forma como a adoração era conduzida ali e até mesmo a pessoa do sacerdote como autoridade instituída por Deus.

Em Levítico 12:6 dizia que “quando forem cumpridos os dias da sua purificação por filho ou por filha, trará um cordeiro de um ano por holocausto, e um pombinho ou uma rola para expiação do pecado, diante da porta da tenda da congregação, ao sacerdote”. Quando ele nasceu, seus pais o levaram ao templo “para darem a oferta segundo o disposto na lei do Senhor: Um par de rolas ou dois pombinhos”.

Lucas 2:24 não faz menção do cordeiro, provavelmente por José e Maria não terem condições para tanto (Lv 12:8) “Mas, se em sua mão não houver recursos para um cordeiro, então tomará duas rolas, ou dois pombinhos, um para o holocausto e outro para a propiciação do pecado; assim o sacerdote por ela fará expiação, e será limpa”. Além disso José e Maria seguiram os outros rituais da Lei, como a circuncisão do menino Jesus e os dias de purificação de Maria por 40 dias após o parto. Resumindo, Jesus era um judeu, de família de judeus, seguindo e reconhecendo a Lei judaica e sua forma de adoração.

Até então estava valendo isso, e a própria samaritana testifica que, segundo os judeus, o lugar de adoração era Jerusalém. Que Deus havia estabelecido um único lugar para adoração, isto pode ser visto em Deuteronômio 12 antes mesmo de indicar o lugar físico, que viria a ser Jerusalém, o mesmo onde Abraão levou o seu filho para ser sacrificado, onde Salomão construiu o templo e onde Jesus foi crucificado (ainda que fora dos portões).

Os judeus adoravam, portanto, em verdade, isto é, segundo a Palavra de Deus. Porém não se pode dizer que adorassem em espírito, já que, primeiro, não tinham o Espírito Santo habitando em si e, segundo, o próprio Senhor testemunhou, citando Isaías 29:13, que aquele povo adorava a Deus com a boca, mas seu coração estava longe de Deus (Mt 15:8 e Marcos 7:6).

Os samaritanos, por sua vez, não adoravam nem em espírito, nem em verdade, já que tinham inventado para si mesmos o seu jeito de adorar, o qual não era segundo a verdade encontrada na Palavra de Deus. Até o lugar era diferente, e até hoje eles adoram em Gerizim.

Mas o Senhor anunciou um tempo em que não seria mais Jerusalém (e muito menos Samaria) o lugar onde se devia adorar, mas em espírito e em verdade. Hoje um salvo por Cristo pode adorar em espírito, porém se a sua adoração não estiver de acordo com a Palavra de Deus ele não estará adorando em verdade. O único documento que temos mostrando a vontade de Deus quanto à adoração cristã são as epístolas dos apóstolos. Se voltarmos a adotar o local e as práticas judaicas do Antigo Testamento, já não estaremos adorando em verdade, pois não vemos tal coisa na adoração cristã nas epístolas.

Hoje o que se vê na cristandade é uma mescla de preceitos no Novo Testamento com práticas do Antigo Testamento, além do acréscimo de ideias estranhas a uma e outra dispensação. Não se pode dizer que um cristão que acredite que Jerusalém seja o lugar onde deve adorar esteja adorando em verdade segundo a nova ordem de coisas que o Senhor anunciou.

O mesmo se pode dizer de adorar em um local chamado de “templo”. Até mesmo pelos preceitos do Antigo Testamento seria uma abominação construir um templo em qualquer lugar que não fosse Jerusalém, e pelas epístolas aprendemos que o templo agora não é um lugar de pedras, mas o conjunto dos cristãos, ou a Igreja, e o próprio crente, individualmente.

Somando tudo o que víamos na adoração judaica, como templo, clero, cantores e músicos profissionais, incenso, vestes e instrumentos cerimoniais, dízimos, altar, etc., qualquer agrupamento de cristãos que inclua em sua adoração esses elementos não está adorando segundo a verdade da Palavra de Deus encontrada na doutrina dos apóstolos.

Você perguntou ainda sobre “o ministério da dança”, e eu pergunto: pode encontrar isso na adoração da Igreja conforme é revelada na doutrina dos apóstolos? Quando não adoramos em espírito e em verdade em conformidade com a Palavra de Deus dada à Igreja, corremos o risco de recriar uma adoração judaica ou agirmos como os samaritanos. Deus não reconhece nem uma coisa, nem outra, como uma adoração em espírito e em verdade, caso contrário Jesus não teria dito, quando ainda existia uma adoração judaica: “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade” (Jo 4:23).


O que acha do que diz o ateu Richard Dawkins?

A princípio Richard Dawkins não era conhecido por seu ateísmo, mas por sua contribuição ao meio científico. Embora tenha escrito livros principalmente em defesa da teoria da evolução, ele só virou uma celebridade conhecida fora dos limites científicos e acadêmicos quando passou a criticar a existência de Deus. Seu livro “Deus, um delírio” levou sua popularidade ao status de ídolo dos ateus.

Eu não posso confiar em suas ideias por duas razões. A primeira é que ele me faz lembrar esses pastores que ganham a vida pregando contra a Disney. Adotam a plataforma e saem por aí de púlpito em púlpito dando detalhes das mensagens subliminares escondidas em desenhos animados ou de algum detalhe erótico de um personagem, coisas que só podem ser percebidas se você usar um microscópio, tocar um disco ao contrário ou virar o desenho de ponta cabeça. Se a Disney fechar eles ficam sem assunto.

Embora Richard Dawkins possa não admitir, é graças a Deus que ele tem comida na mesa e carro na garagem. Se não fosse por Deus, seu saldo bancário seria muito menor, tocando a vida como cientista, autor de livros acadêmicos e professor da Universidade de Oxford. Cientistas costumam viver no ostracismo, livros acadêmicos nunca vão para a lista dos best-sellers e ninguém fica rico dando aulas em universidades.

É no seu combate a Deus, à Bíblia e ao cristianismo que reside o sucesso de Richard Dawkins, por isso não posso confiar em tudo o que ele diz. Há interesses demais envolvidos nisso e acaba ficando difícil saber onde acaba o que ele diz por convicção e o que diz por força de contrato. Se ele é ateu, e portanto não acredita que existe um Deus a quem deverá prestar contas, devo crer que não haverá mal algum se ele escrever seus textos deliberadamente para enganar as pessoas. Afinal, se a sua crítica contra Deus não for bem apimentada, que editor vai se interessar?

Dawkins ganha dinheiro com Deus e se Deus não existisse ele viveria frustrado e mais pobre. Seu site é na verdade uma loja, não um site de um cientista disposto a divulgar suas descobertas. Tem de tudo ali: livros, CDs, DVDs, canecas, sacolas e camisetas. Na lista dos mais vendidos o item que ocupa o primeiro lugar é um alfinete de lapela com a letra “A” de “Ateu”. Quem não usa paletó pode comprar uma camiseta com textos falando mal do Deus que ele diz não existir.

Existem cientistas ateus que você nem sabe que são ateus. Simplesmente trabalham, desenvolvem suas pesquisas e não se preocupam muito em tentar provar que Deus não existe. Afinal, por que iriam gastar seu precioso tempo tentando provar que elefantes voadores não existem se eles efetivamente não existem? Há também ateus que não são cientistas, mas são ateus por convicção pessoal e vão vivendo assim, sem se preocuparem em convencer os outros.

Mas há ateus que não vivem bem se não conseguirem ganhar algum com isso ou destruir a fé dos que acreditam em Deus, em Cristo, na Bíblia, na Criação, etc. Eles simplesmente se sentem incomodados por existirem pessoas que pensam diferente, ou talvez sejam inseguros demais para continuar vivendo sem ver o seu time aumentar. É o caso de Richard Dawkins, que empunha não a bandeira científica pró-evolução, mas a bandeira religiosa contra criação. Um cristão não precisa do ateísmo para expressar suas crenças, mas um ateu assim precisa desesperadamente do cristianismo para sua crença fazer algum sentido.

Esta semana um ateu assim deixou uma mensagem criticando um de meus vídeos do evangelho. Entrei em seu perfil do ‘Youtube’ e descobri que ele faz isso sistematicamente em vídeos cristãos, e em alguns ele deixa uma mensagem aconselhando as pessoas a não perderem tempo com os cristãos.

Talvez alguém argumente que os cristãos fazem o mesmo, perturbando todo mundo com sua insistência em provar que Deus existe. Eu diria que essa atitude de um cristão, de querer contar para todo mundo do Deus que ele descobriu, é muito mais coerente com o espírito científico das descobertas do que a atitude do ateu que tenta contar para todo mundo do Deus que não descobriu.

Mas, voltando a Richard Dawkins, eu disse que tinha duas razões para não confiar no que ele diz, e uma é por ele depender de Deus para fazer sucesso. A outra está mais para sua posição como Darwinista. Se ele acredita na evolução e, por conseguinte, na evolução também de seu cérebro, como posso estar seguro de que as conclusões que ele produziu com seu cérebro em processo de evolução sejam definitivas? Talvez seja prudente esperar um pouco mais…


Por que Lutero foi dividir os cristãos?

Primeiro não sou luterano e nem pertenço a qualquer denominação dita protestante ou coisa do tipo. Sou convertido a Cristo desde 1978 quando ouvi o evangelho claro da graça de Deus e, sem saber para onde ir, voltei ao catolicismo de meus pais. Depois de um ano ajudando o padre e tocando violão na missa, promovendo estudos com os jovens da paróquia e estudando a doutrina católica e a Bíblia, percebi que as duas não entravam num acordo. Preferi ficar com o que encontrava na Bíblia, a seguir uma tradição de dois mil anos de erros e barbáries. Saí do catolicismo e passei a me congregar com outros irmãos em Cristo sem qualquer denominação, mas reunidos somente ao nome do Senhor Jesus e reconhecendo como “Igreja” todos os que em todo lugar creem no Salvador.

A intenção de Lutero não era dividir os cristãos, mas apontar os abusos cometidos pela igreja de Roma e pelo papa, como a venda de indulgências (perdão de pecados). Naquela época não havia qualquer ideia de mais de uma igreja, portanto o que Lutero estava fazendo tinha a ver com a única igreja que conhecia, que era o conjunto de todos os que creem em Cristo.

Os desdobramentos daquilo, inclusive a perseguição que ele sofreu da parte da igreja de Roma, acabaram criando muitas das divisões que você encontra hoje entre os cristãos, mas não era essa a intenção de Lutero. De qualquer modo, se ele queria mesmo seguir o que diz a Palavra de Deus teria de obedecer ao que está em 2 Timóteo 2:19-22 e se separar de Roma:

“Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.”

O cristão que deseja ser fiel a Deus tem o dever de apartar-se ou separar-se da iniquidade, seja lá a forma como ela se apresenta. Se pensarmos em como o Senhor Jesus, nos evangelhos, era mais dócil e amigo de pecadores morais, porém extremamente severo e de chicote na mão quando o assunto era o pecado doutrinário ou eclesiástico, vemos que toda iniquidade cometida em nome de Deus tem um grau maior de importância para Deus, pois envolve o seu nome.

Você sugeriu que eu visse um vídeo chamado “Bem-vindos à Igreja Católica”. Assisti ao vídeo que fala dos grandes feitos dessa organização com um tom de propaganda de seguradora. Lá diz ser a maior organização de caridade do mundo, mantenedora de hospitais, creches, instituições científicas e criadora das universidades. Se você estudar um pouco de história verá a que custo isso tudo foi construído. Coloco entre aspas algumas afirmações do vídeo acompanhadas de meus comentários:

“Somos… ricos e pobres…”.

A igreja católica é hoje uma das organizações mais ricas do mundo, com participação em segmentos diversos de negócios. O tesouro que possui graças às doações de fiéis nos últimos dois mil anos é incomparável. A cidade do Rio de Janeiro é, até hoje, território da “santa sé”. Se você comprar ou vender algum imóvel lá precisa recolher uma taxa à igreja católica, pois ela detém os direitos sobre o território (algo parecido com o que acontece com imóveis litorâneos em relação à Marinha e riquezas do subsolo em relação à União).

Quanto aos “pobres”, os países colonizados por católicos são reconhecidamente mais pobres do que os colonizados por protestantes, pois a censura ao trabalho e às ideias gerou um grande atraso nesses países. No Brasil colonial, por muitos anos foi proibido publicar qualquer coisa que não tivesse a aprovação da Coroa e da igreja, e livros estrangeiros eram confiscados e queimados, além de seus portadores presos.

“… pecadores e santos”.

A noção de “santo” do catolicismo nada tem a ver com o que encontramos na Palavra de Deus. Todos são pecadores, porém, os pecadores que se convertem a Cristo são todos santos, pois foram santificados por Deus. As epístolas dos apóstolos eram endereçadas “aos santos” das localidades, o que compreendia todos os crentes daquele lugar, e não apenas alguns mortos canonizados. Aliás, se apenas mortos canonizados fossem “santos”, como teriam os apóstolos enviado cartas aos santos? Teriam eles tentado se comunicar com os espíritos dos mortos?

“… nós defendemos a dignidade de toda vida humana”.

Devemos excluir aí os mouros massacrados pelas Cruzadas, os judeus perseguidos pela Inquisição depois de devidamente espoliados para a obtenção de meios para a igreja de Roma, e todas as vítimas de séculos de inquisição. São milhões de vidas humanas ceifadas por uma organização que agora diz defender a dignidade de toda vida humana. Um exame atento das obras de arte existentes no Vaticano revela que grande parte é fruto de pilhagem e roubo de seus donos e países de origem.

“… e preservamos o casamento e a família”.

Isso é um engano muito grande, pois essa organização proíbe o casamento de seus ministros. Deus não tinha em seus planos o celibato dos ministros da Palavra. Aliás, em 1 Timóteo o apóstolo Paulo revela que “o Espírito expressamente diz que nos últimos tempos apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores, e a doutrinas de demônios; Pela hipocrisia de homens que falam mentiras, tendo cauterizada a sua própria consciência; Proibindo o casamento, e ordenando a abstinência dos alimentos que Deus criou para os fiéis, e para os que conhecem a verdade, a fim de usarem deles com ações de graças”. Fui católico tempo suficiente para saber que o sistema não apenas proíbe o casamento de seus ministros como também o consumo de determinados alimentos em determinados dias.

“… cidades receberam nomes de nossos reverenciados santos…”.

Encontro na Bíblia uma passagem que deixa claro ser isso uma abominação para Deus, não algo de que se deva gloriar: “O seu pensamento interior é que as suas casas serão perpétuas e as suas habitações de geração em geração; dão às suas terras os seus próprios nomes. Todavia o homem que está em honra não permanece; antes é como os animais, que perecem. Este caminho deles é a sua loucura; contudo a sua posteridade aprova as suas palavras”. (Sl 49:11-13).

“… compilamos a Bíblia”.

E depois a proibiram de ser lida pelos leigos, os quais pagavam com a própria vida quando encontrados com algum exemplar. Geralmente o método de execução era amarrar o exemplar ao pescoço do condenado e queimá-lo vivo em praça pública.

“… somos transformados pelas sagradas escrituras e pela sagrada tradição que nos têm guiado firmemente por dois mil anos”.

Ao colocar a tradição como “voto de Minerva” em qualquer questão, o catolicismo romano efetivamente anula qualquer autoridade das sagradas escrituras, como faziam os judeus nos tempos de Jesus. “E assim invalidastes, pela vossa tradição, o mandamento de Deus” (Mt 15:6).

“… por mais de dois mil anos, nós tivemos uma linha ininterrupta de pastores guiando a Igreja Católica…”.

O que não é verdade. A “New Catholic Encyclopedia” diz “Mas deve ser francamente admitido que as ideias preconcebidas ou distorções nas fontes tornam impossível determinar em alguns casos se os que se diziam ser papas eram papas ou antipapas”. A razão disso é que muitos papas ocuparam o trono mediante guerras, golpes, assassinatos ou por indicação políticas de nobres e reis. Basta estudar história para ver isso.

Mas voltando à pergunta inicial, você a expressou assim: “Por que Lutero foi dividir os Cristãos, hein meu amigo?”.

Bem, eu visitei uma cidadezinha no sul da Itália chamada hoje de “Guardia Piemontese” e lá descobri que em 5 de junho de 1561 cerca de dois mil cristãos, homens, mulheres e crianças, foram literalmente divididos pelos soldados do papa, cabeça para um lado, corpo para o outro.

Você entra na cidade pela “Porta del Sangue”, até hoje chamada assim por causa da carnificina promovida pela igreja católica no local. Nas fotos abaixo, que tirei no local, você vê essa porta e também uma laje de pedra, que antigamente ficava no chão, mas agora foi levantada como um monumento. Nela é possível ver os talhos feitos pelos machados dos soldados do papa. Sobre essa pedra muitos cristãos foram decapitados por ordem do papa da igreja católica romana.

O vídeo que você sugeriu termina dizendo: “Se você esteve fora da Igreja Católica, nós convidamos você a um novo olhar”. Ok, dei uma nova olhada na história e não gostei nem um pouco do que vi. Não, muito obrigado. Prefiro manter-me longe desse sistema que derramou tanto sangue inocente.


O que você acha da dança como meio de evangelizar?

“Os filisteus chamaram os sacerdotes e os adivinhadores, dizendo: Que faremos nós com a arca do Senhor? Fazei-nos saber como a tornaremos a enviar ao seu lugar. (…) Agora, pois, tomai e fazei-vos um carro novo, e tomai duas vacas com crias, sobre as quais não tenha subido o jugo, e atai as vacas ao carro, e tirai delas os seus bezerros e levai-os para casa. Então tomai a arca do Senhor, e ponde-a sobre o carro, e colocai, num cofre, ao seu lado, as figuras de ouro que lhe haveis de oferecer em expiação da culpa, e assim a enviareis, para que se vá”. (1 Sm6:2-8).

Essa foi a maneira que os sacerdotes e adivinhos dos filisteus ordenaram que fizessem para que a Arca da Aliança fosse devolvida a Israel, depois de todos os aborrecimentos que ela trouxe àquele povo. Até aí tudo bem, pois os filisteus não tinham qualquer obrigação de saber como Deus tinha ordenado que o seu testemunho fosse levado neste mundo. A Arca fica algum tempo na casa de Abinadabe até Davi decidir buscá-la. E como Davi faz isso?

“E levantou-se Davi, e partiu, com todo o povo que tinha consigo, para Baalim de Judá, para levarem dali para cima a arca de Deus, sobre a qual se invoca o nome, o nome do Senhor dos Exércitos, que se assenta entre os querubins. E puseram a arca de Deus em um carro novo, e a levaram da casa de Abinadabe, que está em Gibeá; e Uzá e Aió, filhos de Abinadabe, guiavam o carro novo. E levando-o da casa de Abinadabe, que está em Gibeá, com a arca de Deus, Aió ia adiante da arca. E Davi, e toda a casa de Israel, festejavam perante o Senhor, com toda a sorte de instrumentos de pau de faia, como também com harpas, e com saltérios, e com tamboris, e com pandeiros, e com címbalos. E, chegando à eira de Nacom, estendeu Uzá a mão à arca de Deus, e pegou nela; porque os bois a deixavam pender. Então a ira do Senhor se acendeu contra Uzá, e Deus o feriu ali por esta imprudência; e morreu ali junto à arca de Deus. E Davi se contristou, porque o Senhor abrira rotura em Uzá; e chamou àquele lugar Perez-Uzá, até ao dia de hoje. E temeu Davi ao Senhor naquele dia; e disse: Como virá a mim a arca do Senhor?” (2 Sm 6:2-9).

Apesar de Deus ter dado instruções detalhadas de como a Arca da Aliança devia ser carregada, Davi preferiu imitar o modo como os filisteus fizeram e isso trouxe juízo sobre Israel. Em 1 Crônicas encontramos Davi desejando outra vez transportar a Arca, mas agora do modo correto.

“E Davi convocou a todo o Israel em Jerusalém, para fazer subir a arca do Senhor ao seu lugar, que lhe tinha preparado… E disse-lhes: Vós sois os chefes dos pais entre os levitas; santificai-vos, vós e vossos irmãos, para que façais subir a arca do Senhor Deus de Israel, ao lugar que lhe tenho preparado. Porquanto vós não a levastes na primeira vez, o Senhor nosso Deus fez rotura em nós, porque não o buscamos segundo a ordenança… E os filhos dos levitas trouxeram a arca de Deus sobre os seus ombros, pelas varas que nela havia, como Moisés tinha ordenado conforme a palavra do Senhor”. (1 Cr 15:2-15).

Não consegui assistir até o fim o vídeo que você enviou, que mostra um grupo de dança tentando passar uma mensagem que inclui movimentos violentos, pulsos cortados e supostos espancamentos, mas nenhuma palavra. Creio que essa forma de testemunhar das coisas de Deus está mais para o carro de boi dos filisteus do que para o modo como Deus ordenou que a sua Palavra fosse transmitida neste mundo, o qual é muito simples:

“De sorte que a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. (Rm 10:17). Não diz que “a fé vem pela dança ou dramatização”.

Você poderá alegar que desde os primórdios do mundo Deus se fez ouvir através de sua Criação, que os céus anunciaram a sua glória, etc., e isso é correto. Acontece que hoje Deus nos fala de outro modo, e é desse modo que devemos ouvir o que ele nos diz e passar adiante a sua Palavra.

“Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias pelo Filho” (Hb 1:1).

Hoje temos o testemunho do Filho de Deus e temos a Palavra profética que nos foi deixada pelos apóstolos e profetas.

“E temos, mui firme, a PALAVRA dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma PROFECIA da Escritura é de particular interpretação. Porque a PROFECIA nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus FALARAM inspirados pelo Espírito Santo”. (2 Pe 1:19-21).

“PROFECIA” significa algo que foi PROFERIDO ou FALADO da parte de Deus.

Agora você envia o vídeo e quer saber minha opinião sobre o uso da dança como meio de comunicar a Palavra de Deus. Eu diria que precisaríamos alterar o versículo acima para adaptá-lo ao modo, por assim dizer, “filisteu” de fazer as coisas. É minha vez de perguntar: veja se faz sentido para você a leitura do mesmo trecho da seguinte forma:

“E temos, mui firme, a DANÇA dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como a uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações. Sabendo primeiramente isto: que nenhuma DANÇA da Escritura é de particular interpretação. Porque a DANÇA nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus DANÇARAM inspirados pelo Espírito Santo”.

A ideia de dança e dramatização como a do vídeo que enviou faz lembrar-me de mais dois versículos:

(1 Co 9:26) “Pois eu assim corro, não como a coisa incerta; assim combato, não como batendo no ar”.

(1 Co 14:9) “Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz? porque estareis como que falando ao ar”.

Foi isso o que vi no vídeo: gente batendo no ar e gente falando ao ar. E tudo isso num estilo filisteu emprestado deste mundo numa tentativa de atrair a carne com aquilo que a carne já está habituada. A ideia não é nova. Constantino, quando oficializou o cristianismo no Império Romano trocou a roupa dos deuses romanos e os rebatizou com nomes dos apóstolos. Assim os pagãos poderiam se sentir em casa, adorando os mesmos deuses que adoravam antes e fazendo de conta que eram cristãos. Quando os rituais africanos foram trazidos ao Brasil pelos escravos, foi feito o mesmo sincretismo com os “santos” do catolicismo.


Devemos rasgar o Antigo Testamento?

Não seja tão radical na interpretação do que escrevi. Será que não consegui me expressar? Eu não disse para rasgar o Antigo Testamento. O que eu disse foi que adorar em verdade no Antigo Testamento significava adotar todas aquelas coisas que Deus tinha estabelecido para o culto judaico. Todavia, a adoração da igreja não é uma adoração judaica, portanto não encontramos esses elementos (templo, sacerdotes, vestes especiais, coros profissionais, incensos, etc.) na doutrina dos apóstolos (que estão nas cartas). Lá encontramos apenas a adoração expressa na ceia do Senhor e em cânticos, orações e ações de graças.

Acrescentar elementos do Antigo Testamento na adoração da igreja é uma prática que nada tem a ver com a verdade da adoração da igreja. Ao fazer isso o cristão pode estar adorando em espírito (e ele tem o Espírito Santo em si), mas não está adorando em verdade segundo a doutrina dos apóstolos. Trata-se de um culto construído com os elementos que ele achou melhor usar, como fizeram os samaritanos em seu culto judaico distorcido.

Devemos sempre perguntar: Onde e como Deus quer que o cristão adore. A resposta está nas epístolas, e em nenhum outro lugar. Qualquer acréscimo será invenção humana, portanto fora da verdade que é a Palavra de Deus. A ideia de que usar elementos do Antigo Testamento também estaria correto por se tratar da Palavra de Deus abre as portas para uma porção de erros como vemos na cristandade. A adoração cristã é “fora do arraial” (Hb 13), ou seja, longe do sistema que havia sido estabelecido para Israel. É preciso distinguir bem as diferentes partes da Palavra de Deus e como devem ser aplicadas nas diferentes épocas:

(2Tm 2:15) “Procura apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se envergonhar, que maneja bem (divide bem, sabe usar bem) a palavra da verdade”.

Você não gostou de minha resposta, pois achou que eu tinha dito que na adoração cristã não existe lugar para cânticos. Eu não disse isso. Na adoração cristã encontramos os cânticos sim.

(Ef 5:19) “Falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração;”.

(Cl 3:16) “A palavra de Cristo habite em vós abundantemente, em toda a sabedoria, ensinando-vos e admoestando-vos uns aos outros, com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”.

Portanto, cantar hinos e louvores a Deus faz parte da adoração cristã. O que não faz parte é existirem cantores e músicos profissionais para isso, algo que fazia sentido no Antigo Testamento quando as pessoas não tinham o Espírito Santo habitando nelas. Então a adoração era exterior, havia os levitas, os cantores, os instrumentos musicais, as roupas especiais, etc.

Os cristãos devem cantar “salmos e hinos e cânticos espirituais, cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”… “com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração”, como dizem os versículos acima. O problema todo acontece quando tomamos o que vemos ao redor como verdade e a partir daí buscamos na Bíblia aquilo que esteja de acordo com o que vemos na cristandade hoje. As práticas dos cristãos não são o exemplo que devemos seguir ou a régua pela qual devemos medir as Escrituras, mas exatamente o inverso.

O Antigo Testamento são sombras das coisas que haviam de vir (Cl 2:17), mas agora temos a realidade de Cristo no meio de nós e do Espírito Santo habitando na igreja, coletivamente, e no crente, individualmente. A adoração, obviamente, não é a mesma dos israelitas. Na adoração cristã não existe lugar para altares, incenso, animais sacrificados, templo, etc.

Mesmo quando utiliza algum Salmo, o cristão deve ter sabedoria para entender que muitos Salmos foram feitos para o povo terreno de Deus, Israel, para o qual as bênçãos prometidas eram terrenas e ao qual Deus disse que destruísse seus inimigos de carne e ossos. Portanto podia fazer sentido para um israelita pedir a Deus pela destruição de seus inimigos e louvar a Deus por isso, mas isso não faz qualquer sentido para um cristão hoje, cuja esperança está no céu e que vive no espírito de Cristo, Aquele que não veio aqui para matar e destruir, mas para salvar.

Esse contraste entre os modos de agir do Antigo e do Novo Testamento fica claro no modo dos discípulos (judeus) encararem as coisas segundo o exemplo que encontravam no Antigo Testamento, e como o Senhor os repreende mostrando que havia agora uma nova ordem de coisas:

(Lc 9:54-56) “E os seus discípulos, Tiago e João, vendo isto, disseram: Senhor, queres que digamos que desça fogo do céu e os consuma, como Elias também fez? Voltando-se, porém, repreendeu-os, e disse: Vós não sabeis de que espírito sois. Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia”.

Fazer descer fogo do céu podia fazer sentido nos tempos de Elias, mas não agora. Do mesmo modo, nenhum cristão iria hoje, de sã consciência, cantar um Salmo como o 109:

“Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher! Sejam poucos os seus dias, e outro tome o seu ofício! Fiquem órfãos os seus filhos, e viúva a sua mulher! Andem errantes os seus filhos, e mendiguem; esmolem longe das suas habitações assoladas. O credor lance mão de tudo quanto ele tenha, e despojem-no os estranhos do fruto do seu trabalho! Não haja ninguém que se compadeça dele, nem haja quem tenha pena dos seus órfãos!”

O fato de o Salmo estar na Bíblia, que é a Palavra de Deus, não significa que possa ser aplicado em todas as épocas e situações. Não pode. Dá para perceber claramente o quanto essa coleção de maldições está longe da dispensação atual da graça de Deus e do modo como o Senhor nos ensinou a tratar nossos inimigos. A não compreensão do Antigo Testamento como uma maneira particular de Deus tratar com o mundo e com o seu povo terreno, Israel, durante um determinado período de tempo, é o que tem levado a muita confusão hoje, quando cristãos tentam misturar as coisas. Aí um grupo escolhe o que lhe convém do Antigo Testamento, outro escolhe outra parte e assim por diante.

Lembre-se que o cristão deve saber manejar bem ou dividir bem a Palavra para não cair nesses erros. Um bom texto para entender melhor isso é o livro “A Ordem de Deus”.


Foi a igreja católica que definiu o Novo Testamento?

Deus cuidou de compilar o Antigo Testamento que já era usado nos tempos de Jesus e é usado até hoje pelos judeus. O que a igreja católica fez por volta do ano 400 foi adotar alguns livros a mais do que os existentes no cânone utilizado pelos judeus e mais tarde pelos protestantes, como Judite, Tobias, Sabedoria, Eclesiástico, Baruque e os dois livros de Macabeus, além de alguns trechos adicionais em Daniel, Ester e Esdras. Isso foi oficializado mais tarde no concílio de Trento, em 1546.

Quanto ao Novo Testamento há uma espécie de referência cruzada que ajuda a determinar os livros considerados inspirados. Por exemplo, o versículo em 1 Timóteo 5:18 que Paulo menciona é tirado metade do Antigo Testamento (Dt 25:4 e metade de Lucas 10:7). Assim Paulo endossa Lucas, considerando o que ele escreveu como “escritura”. Outras formas como determinaram a inspiração de outros livros do Novo Testamento foi observar a correspondência dos primeiros cristãos e suas citações. Esse cânone que hoje temos do Novo Testamento já era mencionado em correspondências dos dois primeiros séculos.

Então ocorre um impasse aqui: foi a igreja católica romana, como instituição, que determinou qual seria o cânone do Novo Testamento ou foi Deus quem fez isso? Certamente até o mais ferrenho defensor do catolicismo irá concordar que isso é obra de Deus, e não de homens. Portanto, os diferentes concílios não decidiram qual seria o cânone do Novo Testamento, mas apenas reconheceram o que já era notório entre os cristãos ao longo dos primeiros séculos, porque Deus simplesmente quis que fosse assim. Ou terão os homens poder e autoridade para determinar o que é Palavra de Deus e o que não é?


Como me precaver contra o erro?

Em nossos dias de tanta confusão, é preciso ser simples como a pomba, mas astuto como a serpente.

(Mt 10:16) “Eis que vos envio como ovelhas ao meio de lobos; portanto, sede prudentes como as serpentes e símplices como as pombas”.

Satanás não atua tanto como um leão rugindo ao redor (1 Pe 5:8), como fazia no princípio do cristianismo (e ainda faz em alguns países) pelo ataque violento contra os cristãos. Hoje ele atua mais como anjo de luz e seus ministros como ministros de justiça, para enganar.

(2 Co 11:13-15) “Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras”.

Portanto hoje é preciso cautela, antes de afirmar se alguma coisa provém mesmo de Deus ou não. Por exemplo, ao ler um livro que fale de doutrina, vá para a última parte, para as conclusões. As heresias são construídas pouco a pouco pelos autores, como se quisessem ir acostumando o leitor e não chocá-lo com as afirmações finais. O fim do livro é aonde o autor quer chegar, por isso comece por lá e julgue segundo a Palavra de Deus.

Outra dica: desconfie de todos os que vêm com aquela conversa de que recebeu uma revelação de Deus, como se fosse um profeta ou apóstolo. Uma vez um sujeito veio até mim dizendo: “Irmão! Deus mandou que eu lhe dissesse algo!”. Na mesma hora eu disse a ele que podia parar por ali, porque aquilo soava como uma ameaça. Como eu poderia julgar ou rejeitar o que ele iria me dizer se já começava dizendo ser uma mensagem recebida direto de Deus?

Foi dado a Paulo dar por completa a revelação da Palavra de Deus (no sentido em que ele trouxe a derradeira revelação acerca da Pessoa de Cristo e sua igreja, o mistério que estava antes oculto — ver Efésios 3 e Colossenses 1). Embora hoje possamos ser inspirados pelo Espírito Santo a fazer ou dizer uma coisa ou outra, nada disso tem a autoridade que têm as Escrituras e ninguém hoje pode falar como os apóstolos e profetas do Novo Testamento, aos quais foi dado lançarem os fundamentos (alicerce) da casa de Deus.

(Ef 2:20-22) “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, de que Jesus Cristo é a principal pedra da esquina; no qual todo o edifício, bem ajustado, cresce para templo santo no Senhor, no qual também vós juntamente sois edificados para morada de Deus em espírito”.

O que vem depois são simples pedras de parede, como eu e você, construídos sobre uma base sólida já estabelecida pelos apóstolos e profetas do Novo Testamento, a qual tem a Jesus como sua pedra angular.

(1 Pe 2:5) “Vós também, como pedras vivas, vos edificai em casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus por Jesus Cristo”.

Portanto, quando alguém lhe disser que teve uma revelação e que “Deus me disse isso…” ou “Deus me revelou aquilo…”, acione o botão de alarme. Por quê? Simples. Se alguém disser a você que Deus disse algo, como você irá contestar? Se discordar da pessoa estará discordando de Deus!

Uma vez me contaram o caso de um pastor que, no púlpito, sempre lembrava os presentes que o que ele falava ali era inspirado pelo Espírito Santo, portanto, se alguém discordasse ou saísse daquela denominação, estaria pecando contra o Espírito Santo e iria para o inferno. A questão é que Deus mesmo nos manda julgar tudo o que ouvimos, em especial quando os cristãos se reúnem:

(1 Co 14:29) “E falem dois ou três profetas, e os outros julguem”. “Profetas” aí é no sentido de todo os que “proferem” algo da parte de Deus, mas não exatamente com autoridade divina, ou não seriam julgados.

Veja, por exemplo, isso que encontrei em um site na Web:

“Deus disse que eu deveria desenvolver um Site… veio a Palavra para criar este Site… conversando com ele, que disse: ‘Quando virem a obra que irei realizar, os mais incrédulos dirão: ‘Só um Deus pode fazer isso.’… Todos os estudos bíblicos, revelações, experiências, escritos em geral e cânticos que havia recebido do Senhor há anos, agora seriam manifestados através do Site, o tempo determinado havia chegado… Veio a Palavra ao entendimento que o Site deveria ser publicado no dia 7 de setembro, o Dia da Independência, Dia da Declaração da Liberdade. Não seria outra a data… Acordei nesse dia 6 de setembro, recebendo a Palavra da vontade de Deus: publicar o Site no dia seguinte.”

Percebeu o que ele está fazendo? Quando diz que recebeu uma revelação de Deus, está barrando qualquer possibilidade de julgamento e crítica ao que ele escreve, porque está colocando o selo divino em suas próprias ideias. Como você vai discordar do que ele escreveu nesse site se ele diz que foi Deus quem mandou escrever?

Outra dica: Quando ler alguma coisa em algum site, é sempre bom procurar se existe uma seção onde diz em que as pessoas que criaram o site creem. Uma vez recebi de uma pessoa alguns textos sobre profecia tirados de um site na Internet que pareciam até interessantes. Fui ao site e, na seção “Em que cremos”, logo vi que negavam a divindade de Jesus. Ler qualquer coisa ali seria perder tempo com aqueles que escrevem no espírito do anticristo.

(1 João 4:1-3) “Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo. Nisto conhecereis o Espírito de Deus: Todo o espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; E todo o espírito que não confessa que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus; mas este é o espírito do anticristo, do qual já ouvistes que há de vir, e eis que já está no mundo”.

Confessar que Jesus Cristo veio em carne é admitir sua pré-existência como o Filho Eterno de Deus, e não apenas como uma pessoa gerada e nascida neste mundo como qualquer um de nós, que tivemos nossa geração aqui como o início de nossa existência. Jesus é o Deus Filho, o Filho Eterno de Deus, que sempre existiu e se fez carne para entrar neste mundo, não para começar sua existência nele como um ser humano criado.

O que fazer quando alguém que não confessa que Jesus é Deus vindo em carne?

(2 João 1:7-11) “Porque já muitos enganadores entraram no mundo, os quais não confessam que Jesus Cristo veio em carne. Este tal é o enganador e o anticristo…. Se alguém vem ter convosco, e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem tampouco o saudeis. Porque quem o saúda tem parte nas suas más obras”.


Você não acredita em dança profética?

Quando o apóstolo Paulo se dirigiu aos anciãos de Éfeso anunciando sua partida, ele os encomendou “… A Deus e à palavra da sua graça; a ele que é poderoso para vos edificar e dar herança entre todos os santificados”. (Atos 20:32). Não existe para o crente hoje outra referência que não seja a Palavra de Deus (e o próprio Deus) do modo como os cristãos devem adorar, ministrar a Palavra, se reunirem, etc.

No Antigo Testamento havia Israel, o povo terreno de Deus que não tinha qualquer promessa celestial. Jesus veio primeiramente para esse povo (“veio para o que era seu, mas os seus não o receberam”). Com a rejeição, Deus introduz algo de novo, um mistério (ou segredo) oculto ao longo dos séculos, a Igreja, o corpo de Cristo e noiva do Senhor.

A adoração na Igreja (entende que Igreja não é um templo de pedras, certo?) não é a mesma de Israel, que precisava de um templo físico, sacerdotes, cantores, levitas, vestimentas especiais, instrumentos musicais, talheres, bacias, candelabros e todo um aparato físico para adorar, já que não tinham o Espírito Santo habitando neles, mas apenas sobre eles. A descida do Espírito para habitar na Igreja, coletivamente, e no crente, individualmente, só aconteceu no dia de Pentecostes em Atos 2.

Considerando tudo isso, sabemos que a adoração cristã é distinta, e não é no Antigo Testamento que devemos buscar elementos para ela, caso contrário precisaríamos também de um templo de pedras, incenso, sacrifícios de animais, e tantas outras coisas que a Lei dada a Moisés determinava.

O “modus operandi” da Igreja está no Novo Testamento, mais precisamente em Atos e nas epístolas dos apóstolos, já que até mesmo os evangelhos têm um caráter judaico e a Igreja é neles mencionada como algo ainda futuro: “… Edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16:18).

Os primeiros cristãos “perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”. (Atos 2:42), e é nesta doutrina dos apóstolos que temos de perseverar (além da própria comunhão, do partir do pão e orações).

Se você buscar na doutrina dos apóstolos dada à Igreja, não encontrará qualquer referência a algum tipo de dança. Devemos nos contentar com aquilo que o Espírito Santo nos revela por meio de sua Palavra. A Palavra de Deus é nosso único guia seguro, e buscar experiências novas, à semelhança do que faz o mundo, não é exatamente o que encontramos ali. Pelo contrário, somos sempre exortados a permanecer naquilo que recebemos.

“Finalmente, irmãos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de nós, de que maneira convém andar e agradar a Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais”. (1Ts 4:1).


Pessoas de religiões apóstatas estão salvas?

A salvação é garantida a todo aquele que crê em Jesus, independente do lugar que ele frequente. É claro que uma pessoa que realmente crê em Jesus tem o Espírito Santo e este a ajudará a discernir o erro. Eu mesmo fui convertido e católico durante um ano, até descobrir os erros daquela religião quando comecei a ler a Bíblia. Como Deus não disse que somos salvos por ler a Bíblia, eu já estava salvo desde o momento em que cri que Jesus morreu por mim na cruz e me salvou.

A maioria dos grupos cristãos concorda nas verdades básicas do cristianismo, como a morte expiatória de Jesus e o fato de ele ser o Filho eterno de Deus encarnado (ou Deus Filho, uma das Pessoas da divina trindade). Sua morte e ressurreição estão incluídas nisso. Porém religiões como Testemunhas de Jeová e Mórmons não creem na divindade de Jesus, portanto não podem ser colocadas como realmente cristãs.

Outras acreditam na salvação por obras, como o Adventismo e o Catolicismo. Felizmente Deus mesmo conhece os que são seus e que estão nesses sistemas. Podemos julgar suas doutrinas, mas não as pessoas que nele estão, pois não conhecemos seus corações.

Aliás, a exortação em 2 Timóteo, quando os falsos ensinos tinham entrado na “casa de Deus”, não é para ficarmos vendo quem é de Deus e quem não é, mas para nos apartarmos da iniquidade tão logo a detectarmos. A ordem das coisas é (1) detectar o erro, (2) nos separarmos do erro, (3) nos separarmos dos vasos ou pessoas que desonram a Cristo, (4) seguirmos a justiça, o amor e a paz [congregados] com os que invocam o Senhor com um coração puro. Veja o trecho abaixo:

“… Himeneu e Fileto; Os quais se desviaram da verdade, dizendo que a ressurreição era já feita, e perverteram a fé de alguns. Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade. Ora, numa grande casa não somente há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra, outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas, será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado para toda a boa obra. Foge também das paixões da mocidade; e segue a justiça, a fé, o amor, e a paz com os que, com um coração puro, invocam o Senhor.” (2Tm 2:17-22).

Quanto à sua segunda pergunta, é inegável que a Bíblia ensine a eleição e predestinação, mas ela também ensina que devemos pregar o evangelho e que o pecador tem responsabilidade de crer no Salvador. Além do mais, só existe um jeito de você saber se foi escolhida ou não: crendo em Cristo.


Devo me separar de minha denominação?

Existem erros graves e outros menos graves quando o assunto são as várias denominações que os homens criaram. O fato de ter um pastor dirigindo as reuniões, o modo como celebram a ceia, a forma como encaram os dons, os abusos cometidos nas orações pedindo curas e a pretensão de alguns que se denominam profetas colocarem o selo de Deus em tudo o que dizem, como você encontra em muitas denominações, são erros e desvios da Verdade. Mas o maior erro, e que deve ser o real motivo de você buscar separar-se da denominação onde está e congregar-se somente ao nome do Senhor e para ele, é o sectarismo ou a negação da unidade do corpo de Cristo.

Quando você coloca um nome em um grupo de cristãos, está dando a esse grupo uma identidade diferente de todos os outros salvos. Isso é negar na prática que o Corpo de Cristo seja apenas um, formado por TODOS os salvos.

Um texto que poderá ajudar é um livro escrito por Bruce Anstey. O Bruce é um irmão do Canadá que se reúne ao nome do Senhor naquele país e escreveu o livro “A ordem de Deus” que você pode encontrar pesquisando na Web.

É importante entender a verdade do Corpo de Cristo que foi revelada a Paulo diretamente pelo Senhor, (e também aos outros apóstolos e profetas do Novo Testamento — Efésios 3:5) pois mesmo que um grupo de cristãos se reúna exatamente como diz a Bíblia, ele pode ser apenas mais uma seita ou divisão, mesmo não tendo denominação, se não entender o que é a Igreja e se não der testemunho do único corpo de Cristo e da verdade de que TODOS os salvos fazem parte dele. Quando partimos o pão, a primeira coisa que vemos ali são os símbolos do corpo e do sangue do Senhor, mas há também outra coisa que o pão representa antes de ser partido: o corpo de Cristo no sentido da comunhão de todos os salvos por ele.

Quanto à sua pergunta do final, é assim mesmo que as coisas costumam acontecer. O primeiro passo será identificar e se apartar do erro, como ensina o capítulo 2 de 2 Timóteo. O segundo será buscar entrar em comunhão com a assembleia de irmãos reunidos somente ao nome do Senhor mais próxima de você. Com o tempo vocês acabarão se encontrando, mas enquanto isso não acontece é claro que é salutar que você e sua esposa se reúnam para ler a Palavra de Deus e orar em casa. Na verdade, essa prática deveria ser o costume de todas as famílias cristãs e, se for diária, ainda que sejam alguns minutos apenas, melhor ainda.

É importante entender, porém, o caráter de uma reunião assim de você e sua esposa (que são “dois”, mas ao mesmo tempo “uma só carne”), e sua diferença em relação a uma reunião de assembleia. Imagine uma empresa. Quando os funcionários se reúnem aqui e ali para tratar de assuntos da empresa, são reuniões feitas por iniciativa própria e que não necessariamente representam a empresa como um todo. Mas existe nas empresas uma reunião chamada de reunião da assembleia, que é quando a direção da empresa e seus sócios se reúnem em caráter solene para tratar de assuntos que irão afetar toda a empresa. O presidente da empresa faz a abertura da reunião e tudo é anotado em ata, como de costume. Essa reunião “de assembleia” é, evidentemente, diferente das pequenas reuniões informais que acontecem na empresa.

Usando isso de exemplo, imagine você e sua esposa se reunindo para ler e orar como essas “reuniões informais” e vocês participando de uma reunião do tipo oração, ministério da palavra ou ceia do Senhor com outros irmãos como uma “reunião da assembleia”. É neste último caráter que se concretiza a promessa do Senhor Jesus de que “onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome aí estou eu no meio deles”. Por ser Deus, evidentemente ele está em todo lugar, inclusive quando nos reunimos em casa em família para orar e ler a Palavra, mas na reunião da assembleia ele toma o seu lugar de direito no centro e também delega sua autoridade aos que estão assim reunidos para ligar e desligar (leia mais em Mateus 18). Quando nos reunimos em assembleia, não é um homem que dirige a reunião, mas o Espírito Santo, e é para o Senhor que nos reunimos e em seu nome. Numa reunião assim, mesmo que ninguém leia ou fale nada, ainda assim estamos obedecendo ao que ele pediu.


Qual a música certa para o louvor?

É difícil dizer qual a música correta para os cristãos louvarem a Deus quando estão congregados, pois a doutrina dos apóstolos encontrada nas epístolas não inclui partituras. Mas se entendermos um pouco a função da música na adoração e buscarmos a direção do Espírito Santo neste sentido, certamente poderemos nos precaver dos muitos erros cometidos hoje pela cristandade nesta área.

Acredito que seja Deus o criador, não apenas da música em sua essência, como também de nossa capacidade de compor, tocar, cantar e sermos tocados por ela. Em uma entrevista à Revista Época, o neurologista Oliver Sacks, autor de “Alucinações Musicais”, diz que o homem é o único ser “dotado de ritmo, capaz de responder à música com movimentos. É também o único a apresentar um cérebro adaptado para compreender complexas estruturas musicais e ainda se emocionar com elas”. Embora ele apresente seus argumentos do ponto de vista da teoria da evolução, é interessante ver que o senso de ritmo é algo inerentemente humano.

Os pássaros podem cantar, mas aquilo é, na verdade, sua forma de comunicar e não um canto propriamente dito. Eles não compõem. Papagaios podem cantar por imitação e condicionamento. Mas somente o ser humano, além dos anjos, é capaz de criar e executar música.

Porém parece que os anjos não fazem isso há muito tempo. Você encontra referências a uma época quando os anjos cantavam e até mesmo Satanás, tipificado por Ezequiel como o Rei de Tiro, é elogiado por seus dotes musicais:

(Jó 38:7) “Quando as estrelas da alva juntas alegremente cantavam, e todos os filhos de Deus jubilavam”.

(Ez 28:12-13) “Eras um selo de perfeição, cheio de sabedoria, de uma beleza acabada. Estavas no Éden, jardim de Deus… Tamborins e flautas, estavam a teu serviço, prontos desde o dia em que foste criado”.

Aparentemente a música deixou de ser uma atividade dos anjos depois de sua queda, pois não os vemos tocar ou cantar depois disso, talvez por não existir para eles a redenção como existe para nós Um anjo, uma vez caído, jamais será restaurado. Em Lucas 2 costuma-se imaginar um coral de anjos no céu cantando louvores e anunciando o nascimento de Jesus, mas uma leitura atenta revela que eles não estão “cantando” louvores, mas “dizendo” louvores:

(Lc 2:13-14) “E, no mesmo instante, apareceu com o anjo uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus e dizendo: Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade para com os homens!”.

No céu só os humanos redimidos cantam, enquanto anjos e criaturas apenas falam:

(Ap 5:8-13) “E, havendo tomado o livro, os quatro animais e os vinte e quatro anciãos prostraram-se diante do Cordeiro, tendo todos eles harpas e salvas de ouro cheias de incenso, que são as orações dos santos. E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra. E olhei, e ouvi a voz de muitos anjos ao redor do trono, e dos animais, e dos anciãos; e era o número deles milhões de milhões, e milhares de milhares, Que com grande voz diziam: Digno é o Cordeiro, que foi morto, de receber o poder, e riquezas, e sabedoria, e força, e honra, e glória, e ações de graças. E ouvi toda a criatura que está no céu, e na terra, e debaixo da terra, e que está no mar, e a todas as coisas que neles há, dizer: Ao que está assentado sobre o trono, e ao Cordeiro, sejam dadas ações de graças, e honra, e glória, e poder para todo o sempre”.

Tudo isso faz sentido quando vemos que a primeira vez que um cântico aparece na Bíblia é justamente o cântico dos que libertados do Egito em Êxodo 15. “Então cantou Moisés e os filhos de Israel este cântico ao Senhor, e falaram, dizendo: Cantarei ao Senhor, porque gloriosamente triunfou; lançou no mar o cavalo e o seu cavaleiro. O Senhor é a minha força, e o meu cântico; ele me foi por salvação; este é o meu Deus, portanto lhe farei uma habitação; ele é o Deus de meu pai, por isso o exaltarei”.

Isso também nos ensina a origem (“o Senhor é… o meu cântico”) e o fim (“… Por isso O exaltarei”) do verdadeiro cântico de louvor: ele vem de Deus e é para Deus em razão do que Deus fez. Não há nada para o homem aí.

É claro que Deus também colocou em nós a apreciação pela música, por isso ela nos alegra, conforta, anima, etc. Porém é bom entender muito bem a diferença de quando cantamos para Deus e quando cantamos para nós mesmos. Neste segundo caso o objetivo é estimular nossos sentidos, no primeiro caso não. Tendo isto em mente fica mais fácil avaliar qual música é mais adequada para os cristãos cantarem quando se reúnem ao nome do Senhor Jesus, tendo a ele no meio e como centro de todas as atenções. Você iria querer chamar a atenção em um momento e lugar onde todas as atenções devem estar concentradas em Cristo? É claro que não.

Por ser a música também um instrumento para manipular as emoções, ela pode se tornar inadequada e até mesmo perigosa quando usada na adoração. Por exemplo, quanto mais ritmo tem uma música, maior sua influência sobre o corpo humano, que tende a acompanhar automaticamente o seu compasso. Por isso nem nos damos conta de que nosso corpo começa a balançar ou nosso pé bater no chão quando ouvimos uma batucada ou um samba.

Considerando que é o espírito, e não o corpo, que deve ser a parte mais ativa no louvor, há o perigo do cristão achar que está sendo tocado pelo Espírito Santo durante o louvor, quando na verdade isso nada mais é do que seus sentidos sendo estimulados pelo ritmo. Religiões pagãs usam e abusam do ritmo, pois isso ajuda a colocar as pessoas em transe. Há pessoas que não podem entrar em um show ou balada com profusão de luzes e sons sob o risco de sofrerem ataques epiléticos. Essas coisas realmente estimulam o corpo, mas isso nada tem a ver com louvor.

Do mesmo modo como todo arquiteto e designer de interiores sabe que as luzes, formas e cores dos ambientes têm uma forte influência sobre o comportamento humano, quem trabalha com marketing sabe que você pode melhorar seus negócios usando música ambiente de forma a manipular seus clientes. Um bom restaurante irá colocar música lenta quando estiver quase vazio, para as pessoas se demorarem ali e ajudarem a atrair outros. Aí passará a tocar música cada vez mais rápida se o ambiente estiver cheio e o gerente quiser que os clientes terminem logo a refeição para darem lugar a outros. Basta aumentar o ritmo para fazer as pessoas comerem mais depressa. Um supermercado, por sua vez, nunca deve ter música rápida para não apressar os clientes nas compras. O melhor é que eles fiquem lá dentro por muito tempo, e esta é a razão de não existirem relógios nas paredes dos supermercados.

Com tudo isso em mente, o cristão deve evitar ao máximo qualquer estímulo para a sua carne na hora de louvar a Deus pois, considerando que o motivo e fim de seu louvor é Deus. Se ele sentir ou não qualquer emoção forte enquanto canta, isso não fará grande diferença, pois Deus estará sendo louvado mesmo assim. É melhor que ele deixe a música estimulante (no sentido de manipular os sentidos) para ouvir ou tocar quando não estiver reunido para adorar a Deus. Em Romanos 12, Paulo fala de um “culto racional” e de conhecer qual seja “a boa e perfeita vontade de Deus”. Isso nada tem a ver com a nossa vontade, nossos instintos, ou qualquer manifestação extática (de êxtase) que nos tire do perfeito controle de nosso corpo e mente.

Mas não é exatamente isso o que você vê os cristãos fazerem quando se reúnem. Com a desculpa de estarem louvando a Deus, promovem verdadeiros espetáculos de luz e som que não diferem nem um pouco dos cultos pagão com seus tambores e ritmos hipnóticos, ou inventam artifícios do “palmas para Jesus” para tentar fazer os presentes acreditarem que aquilo não passa de um show como outro qualquer. Ao chamarem a isso de “louvor”, se esquecem de que louvor é aquele que os cristãos elevam a Deus em uníssono, com suas vozes, e não algo que alguns fazem enquanto outros assistem e aplaudem.

Além de entender o papel da música, é importante entender a diferença entre os que louvavam no Israel do Antigo Testamento e os que louvam na Igreja, o Corpo de Cristo. O louvor do israelita no Antigo Testamento era um louvor exterior, já que ninguém naquela época tinha o Espírito Santo habitando em si, como é o caso hoje daquele que crê em Jesus. Por ser uma adoração exterior, ela exigia todo um aparato especial, como um templo de pedras, cantores ensaiados, instrumentos musicais, vestes especiais e tantas outras coisas que são descritas em detalhes no Antigo Testamento.

Porém, quando chegamos à adoração cristã que é segundo a doutrina dos apóstolos, encontrada nas epístolas, todos esses detalhes desaparecem para dar lugar ao louvor singelo de corações gratos “… com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando ao Senhor com graça em vosso coração… falando entre vós em salmos, e hinos, e cânticos espirituais; cantando e salmodiando ao Senhor no vosso coração”. (Cl 3:16; Ef 5:19).

Por ter o Espírito Santo habitando em si, qualquer cântico de um crente, por mais desafinado que seja, é agradável a Deus, porque vem dele e é para ele. Isso é muito diferente da música tocada ou cantada para estimular os sentidos de quem canta ou ouve. Paulo e Silas cantavam na prisão com os pés presos a um tronco, e não há qualquer indicação de que cantavam com acompanhamento. Será que aquele cântico, que precedeu um terremoto, capaz de mover os alicerces da prisão e romper cadeados e correntes, teria sido mais eficaz se fosse acompanhado de uma orquestra filarmônica ou de uma banda moderna de muitos decibéis?

Outro ponto importante é que o louvor cristão só faz sentido quando é cantado, não quando é tocado. É fácil perceber isso. Enquanto a música pode estimular nossos sentidos, são as palavras que efetivamente louvam a Deus, porque são elas que falam de nossa gratidão pelo que Deus é e fez para nos salvar. Você conseguiria imaginar Moisés, do outro lado do Mar Vermelho, apresentando um número musical, tipo um quarteto de cordas, para louvar a Deus? De modo algum. Eram as palavras do cântico de Moisés que faziam dele um louvor.

Música orquestrada não é louvor, pois os únicos instrumentos que interessam a Deus são os redimidos, que hoje formam a Igreja, o Corpo de Cristo e são, tanto individual quanto coletivamente, um templo santo do Espírito Santo e um sacerdócio com pleno acesso a Deus. Aliás, já é sabido que não existe um instrumento musical capaz de superar a capacidade, riqueza e beleza da voz humana. “Que farei, pois?… Cantarei com o espírito, mas também cantarei com o entendimento”. (1 Co 14:15). Para você cantar com o entendimento é preciso que esteja dizendo alguma coisa, e não apenas assoviando ou dedilhando um instrumento musical.

Quando digo que onde me congrego ao nome do Senhor não são usados outros instrumentos além da voz para louvar a Deus, muitos estranham. Numa época em que a música instrumental religiosa se transformou quase numa norma entre os cristãos, e quando músicos e cantores cristãos são exaltados à condição de ídolos, transformando as reuniões de cristãos em verdadeiros shows, é natural que as pessoas estranhem que ainda existam cristãos que se congreguem para adorar e louvar a Deus usando apenas a voz e sem nenhum acompanhamento. A questão é que, quando nos reunimos, o Senhor Jesus está bem ali, em nosso meio, conforme prometeu em Mateus 18 que estaria quando dois ou três estivessem congregados para ele.

Se estamos congregados, é porque o Espírito Santo nos congregou. Se pensar numa cesta de frutas, o Espírito Santo seria a cesta que mantém as frutas juntas. O louvor ali não deve ter uma função sensorial de estimular os sentidos ou revelar talentos musicais, mas deve simplesmente servir para apresentar nossa gratidão como redimidos. Considerando que o que importa para Deus não é a qualidade do cântico, mas o modo como ele nos ouve cantar, seria tolice pensar em um cântico ensaiado. Se dependesse de qualidade, ainda que fôssemos tão afinados quanto os “Meninos Cantores de Viena”, estaríamos mais para gralhas do que para rouxinóis quando nosso cântico entrasse nos ouvidos perfeitos de Deus.

Portanto, dependemos dele, e só dele, para despertar em nós tanto o motivo como o louvor. Como acontece na oração, quando o Espírito Santo nos assiste e não é pelo muito falar ou pela qualidade de nossa oratória que seremos ouvidos, assim acontece no louvor. O louvor não deve partir do homem e não deve ser para o homem visando a exaltação do homem. Tudo vem de Deus e é para ele. Mas, mesmo assim, por que não usamos ao menos um violãozinho para fazer o acompanhamento? Explico com uma passagem dos evangelhos.

Na última noite o Senhor se reuniu com os seus discípulos para partir o pão. Aquilo não era uma reunião da Igreja, pois esta só seria edificada a partir de Atos 2. Aquela também não era a ceia que os cristãos celebram, pois esta seria depois revelada diretamente a Paulo, conforme ele nos conta em 1 Coríntios 11. Era uma ceia antes da cruz, anunciando o sacrifício que viria. A ceia que celebramos é uma ceia depois da cruz, relembrando o sacrifício que já aconteceu.

Mesmo assim há uma característica que é praticamente a mesma de quando dois ou três estão congregados ao nome de Jesus: Ele próprio estava ali, bem no meio de seus discípulos, como está hoje no meio de dois ou três reunidos em (ou para) seu nome. Sua presença então era real e inquestionável, e não é diferente hoje, apesar de não enxergarmos o Senhor com nossos olhos de carne. Agora preste muita atenção neste versículo:

(Mt 26:30) “E, tendo cantado o hino, saíram para o Monte das Oliveiras”.

Seria patético pensar em um dos discípulos comentando com outro, depois de terem cantado o hino sem qualquer instrumento ou acompanhamento, algo do tipo:

“É, foi bom cantarmos ali, na companhia o próprio Senhor em nosso meio, mas acho que com o acompanhamento de um violãozinho teria sido melhor”.


Se não existe Deus, tudo está liberado?

Você escreveu: “Eu fico impressionado com esse tipo de pensamento de vocês crentes: Se não existe Deus então tudo é liberado, podemos matar, roubar, agredir e fazer tudo de errado porque o inferno não existe. Sempre quando ouço isso me lembro do que Einstein disse: �Se as pessoas são boas só por temerem o castigo e almejarem uma recompensa após a morte, então realmente somos um grupo muito desprezível�.

A grande dificuldade do ateísmo tem a ver com a falta de um referencial absoluto. Deus é o referencial absoluto do crente, o seu norte. Considerando que o ateísmo não provê esse referencial, é preciso criar outro, e foi o que você fez aqui. Enquanto eu cito uma passagem da Bíblia para fundamentar um pensamento, você cita Einstein para fundamentar o que acredita. Assim como eu, você precisou lançar mão de um referencial, no caso o “deus” Einstein e seus oráculos. Não percebe que somos iguais quando fazemos isso?

Mas a realidade é que, se não existe Deus, tudo é liberado, pois não existe um referencial, uma lei ou autoridade moral que esteja acima da vontade própria do ser humano. Você, que crê na teoria da evolução, olhe à sua volta. A natureza é extremamente cruel, é uma competição acirrada pelo predomínio do mais forte. Quem comer o outro mais rápido sobrevive.

Se a sobrevivência do mais forte ou mais capaz é a tônica do pensamento evolucionista que exclui Deus de sua equação, então não havia nada de errado com Hitler em exterminar judeus, ciganos e portadores de deficiência. Eles ameaçavam a evolução do povo ariano. Então não há nada de errado com algumas tribos de índios brasileiros que continuam enterrando vivas a crianças deficientes, gêmeas e albinas. Nada de errado com o costume indiano, interrompido por pressão de cristãos, de imolar a viúva ao lado do marido falecido. Ou o costume oriental de afogar o primogênito caso fosse menina.

Quando você fala em “matar, roubar, agredir e fazer tudo de errado”, baseado em quê decidiu que matar, roubar e agredir é errado? Gralhas roubam, leões matam e cangurus agridem, mas ninguém questiona seus atos. Por que os humanos não podem também matar, roubar e agredir, se isso ajudar a aumentar suas chances de sobrevivência? Traficantes fazem tudo isso e acreditam não haver nada de errado. Com que autoridade você diria a um traficante que ele está errado? Ele tem tanto direito quanto você de viver do jeito que acredita ser melhor para sua sobrevivência.

O problema é que você não consegue viver sem um referencial, e adotou este, de que matar, roubar, etc. sejam coisas erradas, sem conseguir explicar de onde tirou tal ideia ou não querer admitir que ela é fruto da influência judaico-cristã da sociedade ocidental onde você nasceu.

Ao dizer que é errado o traficante matar, você assume a mesma posição que assume ao dizer que é errado eu acreditar que exista um Deus. Mais uma vez estamos no mesmo barco, cada um de nós adotando um referencial próprio e dizendo para o outro que o outro está errado. A diferença é que, quando eu digo que matar, etc. é errado estou atribuindo a Deus a origem dessa ideia. Não se engane: sempre nos baseamos em algo ou alguém superior a nós mesmos. No seu caso aqui um oráculo de Einstein lhe serviu bem para isso.

Outra vez em seu e-mail você apelou para uma lei moral que não faz qualquer sentido se não existir uma autoridade superior. Você escreveu: “Você não consegue ser bom apenas por saber que é o certo?” Percebe o que está dizendo? Para mim “certo” é crer em Deus, portanto em minha opinião eu sei o que é certo e você não sabe. Mas é claro que esta é uma posição idêntica à sua, não é mesmo? É idêntica porque você também não é capaz de definir o certo e o errado sem uma autoridade superior.

Quando criança, seus pais definiam o certo e errado. Seus professores faziam o mesmo na esfera do ensino. Na sociedade é a polícia, o juiz, o governo quem determina o que é certo e o que é errado. Se você questiona o direito e autoridade de Deus em julgar, terá de questionar também todas as outras formas de autoridade. Afinal, que direito têm elas de castigar quem não anda segundo o seu catecismo? Talvez você diga que é diferente, pois essas autoridades são democraticamente constituídas. Não seja ingênuo, a maioria dos países e povos do mundo tem governos nem um pouco democráticos.

E mesmo os governos democráticos têm uma história que nem sempre lhes dá legitimidade. Acho que é de Alexandre Dumas a frase “traição é uma questão de datas”. Quem ontem era terrorista, hoje é governo em muitos lugares do mundo. Até na história dos Estados Unidos o governo atual nada mais é do que uma consequência de um grupo de terroristas que derrubou o governo legalmente estabelecido pela coroa britânica quando assumiu a colonização da América. E que, por sua vez, derrubou o governo de direito dos índios que viviam na terra antes da chegada dos homens brancos. Adotamos as autoridades por conveniência ou por estarem em vigor no período de nossa existência. “Traição é uma questão de datas”.

Mas precisamos de uma autoridade superior, precisamos de um pai, de um professor, de um chefe, de um delegado… Não entendeu que temos “deuses” em vários níveis da hierarquia da definição e imposição do que é certo e errado? Quem foi que inventou isso? E quando a pirâmide atinge o nível da autoridade máxima, quem você coloca lá? Se não existir ninguém lá, então a autoridade que está logo abaixo, seja ela uma autoridade civil ou um filósofo ateu, acaba sendo o pico da pirâmide, o seu deus.

Você continua seu raciocínio que, na verdade, dá voltas:

Você escreveu: “Vocês vivem afirmando que nós, seres humanos, somos superiores aos outros animais, mas não parece. As abelhas vivem em harmonia entre elas sem precisar ter medo de um Deus punitivo, os peixes de um cardume vivem bem entre si sem precisar ter medo de um grande deus peixe que manda pra grelha eterna os peixes pecadores.”.

A ideia de abelhas e peixes vivendo em harmonia é uma falácia romântica. Para que qualquer coisa atinja um equilíbrio harmônico é preciso que exista uma equiparação das forças que atuam sobre essa coisa, um equilíbrio de forças. Já criei abelhas e elas não são anjinhos. Existe uma hierarquia e, do ponto de vista humano, abelha não tem coração. Você não encontra enfermarias para abelhas doentes numa colmeia. Elas simplesmente são eliminadas quando adoecem ou envelhecem. É a lei da sobrevivência do mais forte. Além disso, elas vivem num ambiente extremamente competitivo e cruel. Quando criava abelhas perdi cinco colmeias para as formigas, que as atacaram pelo simples motivo de que a cera e as larvas eram apetitosas e boas fontes de proteína para a sobrevivência do formigueiro.

Quanto aos peixes, não existe ambiente mais impiedoso do que o fundo do mar. Diga rápido o nome de uma criatura subaquática vegetariana. Demorou. A quase totalidade dos peixes e outros animais marinhos são carnívoros. Na natureza o maior come o menor, e você mesmo vive fazendo isso quando toma uma inocente canja de galinha. É vegetariano? Não adianta. O que o faz pensar que tem mais direito de sobreviver do que um pé de alface? Até mesmo quando usa antibióticos ou derrama desinfetante na privada para matar as bactérias você está agindo em seu próprio interesse de sobrevivência. Se todos os seres têm direitos iguais, por que matar um ser humano seria errado, e usar desinfetantes não? A competição é constante: se você não matar os mais fracos antes, eles acabam matando você. Sem Deus, esta deve ser a forma lógica da sobrevivência.

Você mais uma vez faz a mesma pergunta, só de outra forma: “A gente precisa temer o inferno pra agir corretamente?” A ideia de que uma pessoa se torna cristã por medo do inferno é típica de quem não conhece o evangelho. Muito bem, vamos eliminar Deus da equação e eu pergunto: Quem tem o direito de decidir o que é “agir corretamente”? Para um muçulmano radical, agir corretamente é extrair o clitóris das meninas para que não tenham prazer no ato sexual quando crescerem. Existe um movimento hoje contra isso, o que é obviamente resquício da influência judaico-cristã na sociedade ocidental, mas o que dá a esse movimento o direito de dizer aos muçulmanos radicais como devem agir?

Dentro da sociedade deles, extrair o clitóris de uma criança pode ter o mesmo papel cerimonial de cortar o prepúcio de um garotinho judeu. Em ambos os casos, agora raciocinando como faria um antropólogo ateu evolucionista, a manutenção de uma cultura religiosa com todos os seus rituais pode ter sido útil para a sobrevivência da espécie e a harmonia dentro do “cardume”, só para usar o seu raciocínio. Eliminar isso poderia ser tão fatal para uma tribo ou sociedade quanto proibir a extração da vesícula ou de um apêndice supurado seria uma ideia absurda para a prática da medicina moderna.

Uma das sociedades mais evoluída e organizada de todos os tempos foi a sociedade romana de há dois mil anos. Os romanos viviam muito bem com sua prática de jogar no lixo bebês do sexo feminino e enxergarem a prostituição como prática salutar como alternativa para a mesmice da vida de um casal. O que hoje chamamos de pedofilia não era mais pecado do que ter um poodle de estimação. Um homem adulto podia comprar um menino para ter em casa como fazemos hoje com um animal de estimação, com a diferença de que o romano usava o menino como escravo sexual. Possuir meninos para práticas sexuais era algo normal, não só na Roma antiga, mas na Grécia e no oriente. Foram os abelhudos cristãos, depois dos judeus, que exerceram influência na sociedade romana contra práticas como aborto, infanticídio, adultério, prostituição e pedofilia. Que direito tinham os cristãos de dizer aos romanos o que era certo ou errado se não existe um Deus e se a Bíblia não passa de um conto de fadas?

Existe um argumento do ateísmo que alega que o pensamento religioso fez parte da evolução do ser humano, tendo sido necessário por milênios até como uma forma de preservação da espécie. O pensamento evolucionista alega que não passamos de uma feliz combinação de átomos e nossos pensamentos e crenças nada mais são do que interações químicas favoráveis à sobrevivência, portanto essas sinapses religiosas teriam sido muito úteis até aqui. Mas, alegam alguns ateus, atingimos um grau de evolução que nos permite abrir mão dessas sinapses religiosas e seguirmos adiante acreditando apenas na razão.

O problema é que, neste caso, as sinapses da razão não serão diferentes das sinapses da religião, pois a construção desse raciocínio fundamenta-se em reações químicas do cérebro tanto quanto a construção do raciocínio religioso. Se assim for, o que garante que amanhã não iremos chegar a uma nova conclusão de que a crença na razão não passou de um período evolutivo quando isso era importante para a sobrevivência de nossa espécie? Mesmo assim, o próximo raciocínio também estará comprometido pela mesma lógica.

Como pode ver, o ateísmo tem muitas coisas não resolvidas e é preciso mais fé para crer nisso do que para crer que exista um Deus criador, mantenedor e juiz. Eu acho que você precisa mesmo é de Deus. Sugiro que comece lendo a respeito de Jesus. Há muito que aprender com ele. Afinal, se você crê na evolução, não irá querer pensar que a opinião que defende hoje é a derradeira, não é mesmo? Sua crença na evolução deve incluir até mesmo a possibilidade de se tornar um crente em sua próxima etapa evolutiva. A menos que considere isso errado, mas aí voltamos ao início de nossa conversa: quem tem o direito de determinar o que é certo e errado?


A moral faria sentido sem Deus?

Você escreveu: “esse papo de que a pessoa só pode ser boa se temer a um deus é totalmente sem sentido”. Eu acharia sem sentido viver sem um norte, sem uma definição absoluta de bem e mal dada por alguém acima de mim. Ao dizer “ser boa” você precisa desse referencial e também de uma razão para obedecer ou não esse padrão moral. Talvez você diga que seu motivo ou razão seja sentir-se bem, o que tornaria certo tudo o que nos fizesse sentir bem, inclusive tomar drogas.

Mas aí você poderá argumentar que no longo prazo as consequências não serão boas, e então estaremos falando de consequências no final, que podem ser boas ou ruins conforme as escolhas que fazemos. Se no final tudo se acaba, então não faz qualquer sentido pensar no futuro. Como escreveu Paulo, “se os mortos não ressuscitam, comamos e bebamos que amanhã morreremos”.

“Ser ateu é não acreditar em deus apenas, e não transformar tudo em uma anarquia”, diz você, mas o que faz pensar que uma anarquia seja pior ou menos válida do que uma sociedade organizada? Se eliminarmos Deus como um juiz no final para condenar o ímpio, então não haverá mais o que temer e não precisaremos prestar contas de nossos atos. Poderemos sim viver em anarquia e sem qualquer autoridade, se isto nos fizer sentir bem e for conveniente para o momento presente.

Mas você diz que as leis e regras de conduta existem para garantir o bem estar do conjunto humano. Aí eu volto ao ponto de nossa conversa anterior. Sem um padrão superior ao ser humano não há como estabelecer leis e regras, pois a lei que favorece você vai desfavorecer o bandido. Embora alguns considerassem isso justo, o bandido estaria igualmente no seu direito de considerar isso uma injustiça se não existisse uma justiça suprema, acima de todos.

Citar Montesquieu, como você fez, dizendo que “é preciso que o poder limite o poder” é fazer o mesmo que eu faço quando cito a Bíblia. Creio e adoto o padrão “DEUS” como absoluto, e a Bíblia como sua palavra. E Montesquieu, o que é para você? Sem alguém maior que Montesquieu até o pensamento dele fica sem sentido. Afinal, baseado em quê alguém pode se arvorar no direito de querer limitar o poder? Só se for alguém com mais poder, o que nos leva ao mesmo desequilíbrio do qual você pensa escapar ao dizer que leis e regras existem para garantir o bem estar do conjunto? Não se iluda, você vai precisar de alguém acima de Montesquieu e se continuar subindo nessa pirâmide vai topar com Deus.

Quando falei das abelhas e seu comportamento tão cruel quanto o das formigas do ponto de vista humano, já que elas não cuidam de seus doentes e velhos e só pensam na própria sobrevivência, você disse que se eu estudasse genética comportamental (nunca estudei) saberia que não existe vantagem evolutiva em matar deliberadamente outros seres vivos. Segundo você, “as abelhas têm esse espírito de união porque a evolução favoreceu as abelhas que se mantinham trabalhando juntas; se existiu um tipo de abelha egoísta que matava seus semelhantes deliberadamente, já foi extinta”.

Bem, se o seu raciocínio fosse válido você e eu estaríamos extintos. No entanto aqui estamos nós, os seres dominantes neste planeta, apesar de descendentes da espécie que mais sangue derramou em toda a história de todos os seres vivos, a maior parte desse sangue sem qualquer objetivo que não fossem o egoísmo e a pura crueldade. Ou será que no andar da carruagem da evolução ainda nos resta a esperança de nos tornarmos abelhas?

“O ponto central do meu argumento foi: Deus não é necessário para você ser bom, esse é o ponto”, diz você. Muito bem, e o que é ser bom? Quem vai decidir isso? Com base em quê? E se você decidir, por que eu devo aceitar? Quem é você para decidir? E se eu decidir, quem sou eu? Que poder tenho eu para — voltando a Montesquieu — limitar o seu poder de decidir?

Percebe como você e eu precisamos de Deus? Se Deus não existir vai ser preciso inventar um, talvez uma deusa com o nome de Minerva para nos tirar deste impasse. Sugiro pesquisarmos um pouco mais para vermos se não existe algum Deus de fato e direito, que não seja de pedra e nem tenha as imperfeições de Minerva.

Por que não começar com Jesus, que declarou ser Deus em várias ocasiões? Ao menos teremos um Deus que, além de Deus é também homem, ou seja, capaz de nos compreender perfeitamente. Se você quisesse se comunicar com as abelhas do nosso exemplo seria interessante se transformar em abelha para entender como elas vivem e poder falar com elas de abelha para abelha.

Seu argumento de que “se fossemos todos selvagens assassinos já estaríamos mortos” também não tem fundamento. Se estudar história verá que somos sim, todos nós, selvagens assassinos. Como eu disse da outra vez, “traição é uma questão de datas”. Eu disse que foi Alexandre Dumas quem escreveu isso, mas na verdade ele citou Talleyrand-Périgord, ministro das relações exteriores de Napoleão. Terrorista é quem perde e vira oposição. Quem ganha, por mais assassinatos que tenha cometido e bombas que tenha explodido, deixa de ser chamado de terrorista para ser chamado de presidente, chanceler, imperador ou algum título de dignidade.

Em Romanos diz que “Todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus”. Faz sentido ler isto em Romanos, pois está numa Bíblia que se declara a Palavra de Deus e onde existe um código moral para podermos ter um referencial do que seja pecado. É bom lembrar que nela a palavra pecado aparece em dois sentidos: fazer a própria vontade (pecado) e os frutos da vontade própria (pecados).

Já que nos faltam os parâmetros para dizermos “se fossemos todos selvagens assassinos”, vamos precisar de um padrão moral que não seja nem meu e nem seu. Então o que diz em Romanos pode ser um bom começo, já que não existe uma afirmação mais democrática do que a de que “todos pecaram”. Ao dizer isso a Bíblia coloca todos no mesmo nível. Não tem melhor nem pior, todos são igualmente incapazes, eu e você inclusive. Então não podemos esperar que algum de nós se arvorasse no direito de ditar normas para os outros seguirem e vamos precisar de um Deus que faça isso.

Ao que parece você não compreendeu a mensagem da Bíblia, e posso ver isto pelo que escreveu: “você quer colocar todo mundo como malvado, todo mundo como pecador, então as pessoas só ficaram boas depois da chegada dos judaico-cristãos”. Não foi o que eu disse. Eu disse que, apesar de você se dizer ateu, suas conclusões de bem e mal são formadas pela cultura judaico-cristã na qual está inserido.

Mas, ao contrário de seu raciocínio, as pessoas não se tornam melhores quando entram em contato com a Palavra de Deus: elas se tornam infinitamente piores, porque são colocadas diante do padrão de Deus, um padrão impossível de ser alcançado pelo homem pecador. A Palavra de Deus é a medida pela qual você será julgado, a menos que antes disso conheça o perdão de seus pecados que está disponível em Jesus.

Quando sugeri que começasse por Jesus, você perguntou: “Porque Jesus? o que ele tem de tão especial que Maomé não tem? O que o cristianismo tem de tão especial que o hinduísmo ou as religiões indígenas não tem?”.

Muita coisa. Mas eu destacaria a improbabilidade como uma das mais atraentes. Foi isso que chamou a atenção de C. S. Lewis (autor de “As crônicas de Nárnia”), um ex-ateu cujo amigo cristão e especialista em lendas (J. R. R. Tolkien autor de “O senhor dos anéis”) convenceu de que os evangelhos não eram uma lenda, mas um relato de fatos. Comece por Mateus e você já encontra uma improbabilidade nos primeiros versículos.

Na genealogia de Jesus você encontra um caso de incesto (Judá e Tamar), uma prostituta (Raab) e um adultério (Davi com a mulher de Urias). Quem escrevesse a genealogia de alguém tido como o Filho de Deus, o equivalente a ser Deus, teria omitido essas coisas, pois são péssimos antecedentes. Por que não falar simplesmente de Davi e de sua mulher Batseba? Por que lembrar o nome de Urias, um dos melhores amigos do Rei Davi, que este mandou abandonar na frente de batalha para ser morto com o inimigo e poder roubar sua mulher?

Continue lendo os evangelhos e você vai se surpreender com o tanto de vezes que os próprios autores evangelistas se colocam na posição de verdadeiros idiotas revelando suas falhas sem qualquer retoque. Você não vê isso nos textos de outras religiões. Eles são cuidadosamente escovados para deixar uma impressão positiva para a posteridade. Os evangelhos realmente formam um texto sui generis, muito semelhante ao Antigo Testamento que revela toda a mesquinhez do povo hebreu também sem retoques.

Você falou que não faz sentido em algo que não pode ser provado e deu o exemplo da gravidade, na qual você acredita porque pode ser provada pela ciência. Sim, pode, mas a ciência ainda não conseguiu explicá-la (as diferentes explicações tentadas pela ciência não funcionam em todos os casos). Deus também pode ser provado, mas não explicado, só que para isso você terá de usar instrumentos diferentes dos usados pelos cientistas. Para se ter uma prova da existência de Deus é preciso colocar os joelhos no chão e pedir a ele para se revelar a você. Está disposto a fazer o teste? Não, você não está, pois existe o risco de precisar rever sua fé atual. Um dia eu fiz o teste e ele não me decepcionou. Agora eu sei.

“Provai, e vede que o Senhor é bom; bem-aventurado o homem que nele confia.” (Sl 34:8).


Posso usar seu vídeo na minha igreja?

É sempre bom conhecer outros irmãos que um dia encontraremos no céu. É bom também saber que está empenhado em pregar o evangelho neste tempo de coisas pequenas (Zc 4:10), quando o Senhor está à porta.

Infelizmente é também um tempo em que nosso estado é o de Laodiceia, a última igreja de Apocalipse, e o Senhor está a ponto de nos vomitar de sua boca, tamanha a nossa mornidão e indiferença para com a sua Palavra e a sua vontade. É também o tempo de 2 Timóteo, quando todos abandonam Paulo, o apóstolo a quem foi dada a revelação da igreja, o corpo de Cristo.

Você me pergunta se pode utilizar o vídeo no site da “Igreja …………”, e eu a princípio diria que pode. Mas se você me perguntasse se eu gostaria de ver meu vídeo no site da “Igreja ………..”, minha resposta é que não gostaria.

Há algum tempo um irmão escreveu dizendo que estava passando meus vídeos do “Evangelho em 3 Minutos” durante os cultos em sua denominação, e eu o alertei de que isso acabaria trazendo problemas para ele. Não que eu pretendesse impedi-lo, mas que chegaria um momento quando meus vídeos diriam coisas que seriam totalmente contrárias aos interesses do pastor e da organização da qual ele fazia parte. No fim ele acabaria criticado ou até punido por exibir tal material.

Por esta mesma razão não aceito convites para falar em “igrejas” ou organizações religiosas. Posso acabar dizendo coisas que trarão mais ruína do que edificação a muitos membros e principalmente aos seus líderes. Eu sei que há pessoas que são contra a questão denominacional e vivem visitando as denominações para gerar contendas e “pescar” seus membros, mas não é a forma correta de um cristão agir.

A Palavra de Deus nos exorta a não causarmos contendas e divisões, portanto não tenho nada a fazer em um lugar assim. Tenho certeza de que em algum momento acabarei sendo uma pedrinha no sapato de alguém, por isso minha atuação se limita a publicar meus estudos e comentários na Internet, um “território neutro”, por assim dizer.

Por esta mesma razão acredito que você também não irá querer integrar minha imagem ao site de uma denominação aonde eu não iria pessoalmente se fosse convidado a frequentar ou a simplesmente dar um testemunho. Se eu não vou, acho coerente pensar que minha imagem também não vá. Por isso coloquei em meu blog respondi.com.br e também no 3minutos.net o seguinte texto:

“Podem ser copiados e utilizados livremente em correspondência, escolas, blogs e sites pessoais. Vedada a reprodução por empresas, igrejas e programas de rádio/TV.”.

Outra razão desta mensagem de proibição, principalmente para programas de rádio e TV, está no número espantoso de mercadores de almas que tem surgido ultimamente nas rádios e canais de televisão, os quais são capazes de se aproveitar de meus textos, áudios e vídeos para ganhar dinheiro para suas organizações.

Evidentemente não é o seu caso e, por favor, não entenda minhas palavras como uma crítica a você ou aos irmãos com os quais se congrega, e nem mesmo à sua denominação em particular. É que simplesmente creio que o conceito todo das denominações, qualquer que sejam elas, é contrário ao que encontro na doutrina dos apóstolos, que nos alertaram a não nos dividirmos por diferentes nomes. (1 Co 1:11; 3:3)

Entendo que a salvação é unicamente pela fé em Jesus e no seu sangue derramado na cruz, portanto o fato de alguém se congregar ou não em uma denominação não irá afetar sua salvação. O ato de congregar uma consequência da salvação, um ato de obediência à vontade do Senhor.

Porém creio firmemente que Deus nos dá indicações precisas de como o crente deve se reunir, e nelas não está incluída a ideia denominacional ou de dividir os membros do corpo de Cristo por diferentes nomes. Ao contrário, Deus nos exorta fazermos tudo para expressar, na prática, essa unidade do corpo de Cristo que é indissolúvel, para que o mundo veja que somos um e creia.

“Para que todos sejam um, como tu, ó Pai, o és em mim, e eu em ti; que também eles sejam um em nós, para que o mundo creia que tu me enviaste”. (Jo 17:21).

Isso não se trata, evidentemente, da ideia ecumênica de juntar numa grande colcha de retalhos aquilo que Deus não mandou separar, mas sim de voltar às origens e ao único nome e centro de reunião que é o nome de Jesus. É a Jesus que o cristão deve estar congregado pela ação do Espírito Santo.

Portanto, ficaria feliz se você usasse meu vídeo de todas as outras maneiras possíveis, como enviando a amigos, publicando em seu blog pessoal, exibindo em escolas ou qualquer outro lugar onde aqueles que creem em Jesus não estejam compartimentados por alguma denominação. A igreja é o corpo de Cristo, e há um só corpo. O único nome que encontro na Palavra de Deus associado a essa igreja e corpo é o nome de Jesus.

Espero que não entenda mal o que escrevi. Tenho certeza de que você também preza pelo nome de Jesus, o nome que está acima de todo nome, como é da vontade de Deus. E se dizemos “seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu”, por que iríamos defender a ideia de dividir os cristãos por diferentes nomes aqui na terra, quando sabemos que isto não existirá no céu?


Como conciliar a Bíblia e a teoria da evolução?

Não vejo como conciliar a Bíblia e a teoria da evolução por vários motivos. Alguns tentam encontrar uma solução para isso simplesmente considerando como poéticas ou alegóricas as passagens da Bíblia que entram em conflito com a teoria da evolução. Ao fazer isso será preciso considerar que algumas afirmações dos apóstolos e do próprio Senhor Jesus tenham sido alegóricas.

Primeiro vou dizer em quê acredito. Acredito que Deus criou todas as coisas e que elas não vieram a existir por acidente, mesmo porque um acidente que fizesse o elemento “A” se encontrar com o elemento “B” exigiria que alguém tivesse criado esses elementos antes.

(Hb 11:3) “Pela fé entendemos que os mundos pela palavra de Deus foram criados; de maneira que aquilo que se vê não foi feito do que é aparente”.

Perceba que cremos nisso pela fé, não pela experimentação, pela geologia ou arqueologia, que são ciências, estas sim, em algum estágio de sua carreira evolutiva e, portanto, nem sempre aptas a tirar conclusões cabais por ainda faltar a elas elementos a serem descobertos.

Acredito também que essa criação, como diz o versículo acima, foi pela “palavra de Deus” e, considerando que Jesus é chamado de Palavra ou Verbo de Deus, ele é aquele por intermédio de quem todas as coisas foram feitas.

(Ef 3:9) “E demonstrar a todos qual seja a dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo;”.

O primeiro versículo de Gênesis diz que no princípio Deus criou os céus e a terra, o que é confirmado no Novo Testamento em Hebreus 11:3 acima. Porém o versículo 2 de Gênesis nos fala de trevas, vazio, caos (sem forma) e abismo, coisas que Deus não criou. (Is 45:18) “Porque assim diz o Senhor que tem criado os céus, o Deus que formou a terra, e a fez; ele a confirmou, não a criou vazia, mas a formou para que fosse habitada”.

Creio que exista um intervalo entre os versículos 1 e 2 de Gênesis, que é quando pode ter acontecido a queda dos anjos e a consequente convulsão do Universo existente então. A partir daí Gênesis descreve a criação do cenário que vemos hoje ao nosso redor. Se me perguntar onde se encaixam os dinossauros eu direi que não sei (não saber algo é também uma opção de quem está disposto a aprender).

Mas creio que todos os animais hoje extintos foram igualmente criados por Deus da forma como são conhecidos, pois não há fósseis inacabados. Todos têm todas as suas partes funcionais. Não precisa ser muito inteligente para perceber que um pterodátilo desses que vemos em “Parque dos Dinossauros” não teria sobrevivido se tivesse arrastado pelo chão, por milênios, asas inacabadas até sua configuração estar completa para ser capaz de voar.

A própria teoria da evolução considera que um órgão que não tenha função acabará suprimido, como acontece com peixes cegos em rios subterrâneos. Sim, eu acredito na adaptação e na seleção natural, mas um macaco que perca o rabo não se tornará humano por isso. E é aí que vem o maior problema em se conciliar a Bíblia e a teoria da evolução: o ser humano.

Se a Bíblia ensina que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, um evolucionista que quisesse também crer na Bíblia precisaria encontrar em que ponto da história isso aconteceu com o suposto símio evoluído. Terá sido quando ele aprendeu a falar e articular seus pensamentos na forma de mensagens estruturadas?

Alguns cientistas acham que é isso que distingue o humano do animal irracional, mas aí temos um problema: será preciso colocar em dúvida o que Jesus disse: (Mc 10:6) “Porém, desde o princípio da criação, Deus os fez macho e fêmea”. Jesus diz “desde o princípio” e fala de um casal.

Crer na teoria da evolução significa crer também que o ser humano é apenas mais um animal que teve mais sorte de sobreviver e evoluir até atingir um estágio em que estivesse apto a receber uma comunicação verbal da parte de Deus, mas aí já não faria mais sentido dizer que o ser humano é uma criatura caída, que passou de um estado de perfeição a um estado de imperfeição, o que é justamente o caminho inverso da evolução.

E sem a queda não haveria pecado, e nem a necessidade de Deus se fazer carne, na pessoa de Jesus, para vir aqui morrer no lugar do pecador. Deus, se é que existe um Deus para o evolucionista, simplesmente deixaria o homem continuar evoluindo porque, afinal, ele estaria fazendo isso muito bem e não precisaria de sua intervenção.

Como você pode ver, é extremamente complicado tentar conciliar a teoria da evolução com a Bíblia, porque você terá de negar a verdade central das Escrituras, que é Deus se fazendo Homem. Se o homem ainda estivesse em processo de evoluir, sempre ficaria a dúvida quanto ao momento em que isso aconteceu. Isto é, por que Deus teria escolhido encarnar justamente neste ponto do processo evolutivo, e não quando o homem ainda era um símio ou, no futuro, quando ele tiver a aparência de um ET ‘super-evoluído’ e se comunicar telepaticamente. Para quem crê em gibi, essas coisas são perfeitamente plausíveis, mas para quem crê na Bíblia não.

Para terminar, supondo que as ideias hoje ensinadas nas universidades sobre a evolução sejam corretas, que segurança tenho eu em acreditar em conclusões produzidas por um cérebro que está em processo (vai saber lá em que estágio!) de evolução? Se estivermos realmente evoluindo, em alguns milhares de anos iremos rir da teoria da evolução como um adulto ri das teorias de uma criança de dois anos ou os visitantes de um zoológico riem dos berros e micagens dos macacos enjaulados.

Nunca será possível conciliar a Bíblia toda com a ciência e suas teorias por uma razão muito simples: a ciência se baseia em descobertas, portanto ela está sempre em desenvolvimento e mutação. As Escrituras são a revelação de Deus para o homem. A ciência parte do pressuposto de que o homem é capaz de conhecer, daí seguir observando, medindo e dissecando o que é possível ver ou detectar. As Escrituras partem do pressuposto de que o homem é incapaz de conhecer os pensamentos de Deus, por isso estes precisam ser revelados.

A ciência se baseia na experimentação que, por sua vez, depende de sentidos naturais ou artificiais; as Escrituras se baseiam na verdade absoluta de Deus, a qual não pode sempre ser experimentada, por isso é recebida pela fé e não pelos sentidos naturais do homem ou aqueles que ele criou para ajudá-lo a perceber o que existe além da limitação do espectro detectado por seus sentidos ou invenções.


Para quê Deus se temos as Regras de Ouro?

Eu ia começar a responder e de repente percebi que minha resposta seria a mesma da outra vez, porque você ainda não percebeu que sua mentalidade é igualzinha à de uma pessoa crédula em algum tipo de fé, como eu já tinha explicado.

Mudam apenas as referências e, ainda que você inclua palavras como “provou matematicamente” até mesmo essas provas estão condicionadas à interpretação que alguém deu à parcela do espectro de percepção de algum evento.

No caso da experiência que mencionou, trata-se da interpretação dos impulsos gerados por um equipamento eletrônico. Suas conclusões podem ser verdadeiras até descobrirem formas de detectar e interpretar outros impulsos que vão além da realidade capaz de ser detectada até aqui. Portanto, todo o seu raciocínio é construído sobre a capacidade de detecção da realidade que o homem hoje possui, nada mais. Amplie esta capacidade e as conclusões poderão ser outras.

De qualquer modo, não acredito que esta conversa irá levar a algo, já que você está transgredindo as próprias regras que diz ser a solução para todos os males da humanidade e certamente não irá querer admitir isso.

Quer um exemplo? Você diz: “Eu estou aqui porque não me conformo com pessoas como você que se deixam convencer com argumentos falaciosos escritos na Bíblia. Isso gera um atraso para a humanidade.” E depois você cita uma de suas regras de ouro:

“1ª — Não faça com outro ser humano, aquilo que não gostaria que fizesse por você, independente de qualquer adjetivo que possa estar agregado a este ser humano”.

Bem, no meu modo de entender esse “independente de qualquer adjetivo” deveria incluir pessoas crédulas em “argumentos falaciosos escritos na Bíblia”, como você me adjetivou.

Percebe a incoerência de seu pensamento? Você faz comigo a mesma coisa que não gostaria que eu fizesse com você (1ª Regra de Ouro), ou seja, contestar suas crenças (que você diz serem provadas matematicamente, etc. e tal).

Eu sou a pedrinha no seu sapato (“não me conformo”, diz você) e certamente você gostaria que pedrinhas como eu fossem radicalmente eliminadas da face da terra, para não estorvarem o desenvolvimento da humanidade.

O problema é que nesse “clube da humanidade desenvolvida” aparentemente só tem espaço para quem rezar segundo o seu catecismo que, de certa forma, é parecido com o meu, só que às avessas. A Bíblia diz que os incrédulos serão julgados e condenados por sua incredulidade. Será que entendi que é um destino semelhante que você quer para os crédulos?

Vamos à sua outra regra de ouro:

“2ª — Faça por outro ser humano aquilo que gostaria que fizesse por você, independente de qualquer adjetivo que possa estar agregando a este ser humano.”

Ok, então faça a gentileza de crer na Bíblia e em Jesus como seu Salvador, pois é exatamente o que peço a Deus que aconteça com você. Será que pode fazer isto por mim?

“3ª — Não importa qual erro ou maldade tenha sido cometido contra você ou pessoas que você ama, não se deve violar as duas primeiras regras contra quem provocou este mal, independente de qualquer adjetivo que esteja agregado a este ser humano.”

Será que não copiou estas leis das “Leis da Robótica” de Isaac Asimov? Lembrei-me delas agora. Muito bem, você violou a primeira e segunda lei, o que o torna também culpado da terceira. Como reparar isso? Só tem um jeito: pedindo perdão à pessoa que foi ofendida ou ferida.

O problema é que, ao violar qualquer uma dessas leis, você se torna culpado, ou seja, é colocado na categoria de “mal” de exceção de sua declaração: “Você pode procurar e não vai encontrar. Não existe nenhum mal na humanidade que não seja uma violação das regras de ouro”.

Percebe que você também tem noção de “pecado” ou da transgressão a um padrão adotado? Agora eu pergunto: quantas vezes você já ofendeu um cristão por sua fé? Isso é uma transgressão de suas “Regras de Ouro”, pois está fazendo ao outro o que não gostaria que fizessem com você. Está desrespeitando a crença de outro, colando nele adjetivos, etc.

Ao violar suas três regras de ouro, você precisará fazer uma reparação ou continuará no papel de transgressor. Ou será que fica por isso mesmo, isto é, não existem consequências em se transgredir tais regras? Bastaria um sentimento de arrependimento? Bem, então já temos o conceito de pecado traduzido para o seu vocabulário e temos agora o conceito do arrependimento também.

E a reparação? Ou seja, quem vai dar o atestado de que você está perdoado e limpará sua ficha criminal de transgressor das “Regras de Ouro”? Será seu semelhante que foi ofendido? Pode funcionar, mas veja que nos tribunais humanos não basta Hitler dizer ao judeu morto que sente muito. Ele precisaria prestar contas à humanidade, pois seu crime foi contra algo maior do que o próprio indivíduo que ele lesou. Nós homens temos um tribunal superior para coisas assim.

Mas, e se todos os homens, sem exceção, forem achados culpados de transgredir as “Regras de Ouro”? Quem poderia se dizer isento o suficiente para ocupar a tribuna de Juiz? Lembre-se de que se entrar hoje num presídio, a maioria dos que estão ali dirão ser inocentes. Temos este problema, nunca admitimos nossos próprios erros, portanto somos também Juízes falhos. Vamos precisar de um Supremo Tribunal muito mais supremo do que os que temos aqui, se todos os homens forem achados culpados. Vamos precisar de Deus.

O problema é que Deus ainda não foi provado, e poderá ser tarde demais para você quando isto acontecer. Então você descobrirá que não foi apenas um transgressor das “Regras de Ouro” em relação a mim e outros seres humanos, mas principalmente em relação a Deus, e nunca se preocupou em pedir desculpas a ele e nem deu a ele oportunidade de lhe perdoar.

Eu preciso de Jesus, não apenas porque violo todas essas e outras regras o tempo todo, em relação ao meu próximo (sim, você disse isso a meu respeito e concordo plenamente), mas principalmente por violá-las em relação a Deus. E como eu mesmo não seria capaz de reparar meu erro, que se repete dia a dia, minuto a minuto, Deus providenciou um Salvador, Jesus, para sofrer o dano por meu pecado e me substituir na pena que devia ser aplicada a mim.

Ao menos é o que a Bíblia diz, mas você não crê na Bíblia. Mesmo assim admiro todo esse esforço seu em trabalhar arduamente para impor suas ideias. Pena que seu tempo esteja acabando, pois todos nós temos data de vencimento.

(Jo 6:27) “Trabalhai, não pela comida que perece, mas pela comida que permanece para a vida eterna, a qual o Filho do homem vos dará; porque a este o Pai, Deus, o selou”.


Como entender o Apocalipse?

A chave para entender o Apocalipse é que é um livro de símbolos, portanto é preciso ter cuidado com a interpretação literal desses símbolos. Outra chave é a divisão que acontece logo no início:

(Ap 1:19) “Escreve as coisas que tens visto, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer.”.

Isto cria três grandes divisões:

​1. As coisas que tens visto são aquelas do capítulo 1, ou seja, as que João estava vendo no momento da revelação.

​2. As coisas “que são” nos falam do tempo presente, tanto para João quanto para nós, isto é, de coisas que existiam tanto no tempo de João quanto em nosso tempo: a Igreja. As coisas “que são” são as cartas às sete igrejas, ou capítulos 2 e 3.

​3. As coisas que “depois destas hão de acontecer” nos fala de um futuro do ponto de vista de quem pertence ao tempo das “coisas que são”, que é o tempo atual em que a igreja é o testemunho de Deus no mundo. Se prestar atenção no cap. 4 verá que ele começa com “Depois destas coisas…” e parece haver ali uma figura do arrebatamento, já que João é convidado pelo anjo a subir ao céu e assistir de lá as coisas que acontecerão neste mundo.

Do capítulo 4 em diante é tudo futuro ainda e eu particularmente não creio que estarei aqui para ver acontecer coisas como a grande tribulação, a besta, o anticristo, etc. Para entender melhor o Apocalipse sugiro a leitura dos comentários de Norman Berry em stories.org.br/ap_p.html.


O que acontecerá com as crianças no arrebatamento?

Para responder sua pergunta vou traduzir um texto do livro “Acontecimentos Proféticos” de Bruce Anstey:

As crianças com idade insuficiente para serem consideradas responsáveis por seus pecados, cujos pais (ou mesmo um deles) são redimidos, subirão também para encontrar o Senhor nos ares. (1 Co 7:14 �santos�.) Os filhos de pais incrédulos serão deixados com seus pais não salvos para entrarem na tribulação.

À medida que forem crescendo, durante a tribulação, terão oportunidade de ouvir e crer no Evangelho do Reino. Se algum deles for morto durante os sete anos de tribulação, sua alma estará a salvo com Cristo no céu (Mt 18:10-11). De qualquer modo isto seria um ato de misericórdia, pois se fossem deixados para crescer e atingir a idade adulta separados da operação da graça de Deus, iriam se tornar como seus pais incrédulos, rejeitando o evangelho e sendo levados a juízo.

Por ocasião do arrebatamento o mundo não ficará esvaziado de suas crianças. �Deus não assaltará o berço do incrédulo no arrebatamento� (C.H. Brown). Os tipos de juízo lançados sobre o mundo no livro de Gênesis nos dão indícios disto. Por ocasião do dilúvio os incrédulos e suas famílias não foram tirados antes que caísse o juízo, como aconteceu no caso de Noé e sua família. Do mesmo modo, no julgamento de Sodoma e Gomorra as famílias incrédulas daquelas cidades não foram tiradas antes que caísse o fogo e a saraiva, como aconteceu com a família de Ló. [“Acontecimentos Proféticos”, por Bruce Anstey — Editora Verdades Vivas].


Que diferença existe entre a minha igreja e a sua?

Estamos falando de coisas completamente diferentes. Quando eu penso em palavras como “igreja” ou “assembleia”, estou pensando no único significado que encontramos na Bíblia para estas palavras. As palavras perdem o significado com o passar do tempo, e não foi diferente com a palavra “igreja”.

Veja, por exemplo, a palavra inglesa “gentleman”, que hoje é sinônimo de gentil, cavalheiro, educado, honrado, fino, sofisticado, etc. Mas na sua origem, “gentleman” era o senhor feudal, aquele dono de uma gleba de terra que tinha poder de vida e morte sobre os seus súditos. Não raro o gentleman exigia que toda virgem que se casasse em seu feudo desse a ele a honra da primeira noite, ao invés do marido. O “gentleman” original nada tinha de gentil.

Hoje a palavra “igreja” tem vários significados que seriam incompreensíveis para um cristão que vivesse no primeiro século. Por exemplo, o apóstolo Pedro jamais entenderia se você apontasse para um edifício de pedras ou tijolos e dissesse a ele que aquilo era uma igreja. Seria tão absurdo quanto você apontar hoje para um estádio vazio e dizer que aquilo é um time de futebol.

A palavra “igreja” que se originou do grego “Eclésia” tinha simplesmente o significado de um ajuntamento de pessoas. A tradução mais próxima em nossa língua seria “assembleia”, que nos lembra imediatamente de uma reunião de pessoas. Algumas vezes mesma palavra grega “Eclésia assembleia” é usada indistintamente no Novo Testamento para indicar um ajuntamento ou reunião de pessoas.

Por exemplo, Atos 19:32 no original seria assim: “Uns, pois, clamavam de uma maneira, outros de outra, porque a assembleia (igreja) era confusa; e os mais deles não sabiam por que causa se tinham ajuntado”. Veja que aí está usando “Eclésia”, que em outras passagens é traduzida como “igreja”, para uma reunião de incrédulos. O mesmo acontece nos versículos 39 e 41.

Portanto, a menos que queira falar das coisas do mundo e inventadas pelos homens, as quais são estranhas ao que encontramos na doutrina dos apóstolos, esqueça interpretar a palavra “igreja” como um edifício, denominação, religião, organização, partido, etc. Nada disso tem o significado bíblico.

Quando se referem aos que tinham sido salvos por Cristo, os apóstolos falam sempre “Eclésia” (ou “igreja” ou “assembleia”) no sentido do corpo de Cristo, NUNCA no sentido denominacional ou de um edifício. Neste sentido só existe uma igreja no Novo Testamento, e ela é o Corpo de Cristo, da qual fazem parte TODOS os salvos.

Talvez aqui você me pergunte como encontramos então sete igrejas em Apocalipse, ou igrejas como de Corinto, Éfeso, Roma, etc. Simples. É sempre a mesma e única igreja que está em diferentes localidades. As cartas são endereçadas, por exemplo, “à igreja que está em Éfeso”, “à igreja que está em Corinto”, etc. Nunca são diferentes organizações com diferentes nomes.

Pense no exército brasileiro. Só existe um, mas mesmo assim ele está em diversas cidades brasileiras. Quando alguém se alista no exército brasileiro, ele passa a fazer parte do mesmo exército que está em todos os lugares, e não de diferentes exércitos. Se alguém tentar criar seu próprio exército será preso, pois é ilegal. Se alguém se alistar a um exército e depois descobrir que aquele não é a representação local de TODO o exército brasileiro, mas um “exército alternativo”, deve sair correndo dali. Aquilo não tem reconhecimento oficial.

Então quando falo “assembleia de Deus”, “assembleia dos santos”, “assembleia dos irmãos”, etc., estou falando da assembleia, igreja ou reunião de TODOS os salvos por Deus, “A universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus.” (Hb 12:23), nunca de uma denominação ou organização religiosa com um rol de membros aqui na terra.

Quando você diz que “a assembleia de Deus cometeu um erro no começo de sua história, que foi o de não patentear o nome da igreja”, isso é um absurdo dos absurdos se comparado ao que encontramos na doutrina dos apóstolos.

Acaso essa “assembleia de Deus” que você diz que devia patentear o nome é composta por TODOS os salvos por Cristo? Se não for, ela não é a igreja que encontramos no Novo Testamento, mas apenas uma agremiação criada por homens que, além de se arvorar como sendo a “assembleia de Deus”, é excludente. Acaso quem não pertence ao seu rol de membros não faz parte da “universal assembleia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus”?

Aparentemente você entendeu mal o que eu escrevi por pensar que, quando falei de “assembleia dos irmãos”, estava me referindo a mais uma denominação ou “igreja” no sentido jurídico da palavra. Eu estava dizendo apenas que na reunião dos irmãos com os quais me congrego cantamos tal e tal hino. Isto de modo algum se configura em uma denominação, mesmo porque nas assembleias dos irmãos que se congregam na Índia eles cantam outros hinos e, no entanto, estamos em perfeita comunhão.

Para tentar mostrar que tudo não passa da mesma coisa, você fez uma lista de similaridades dizendo que vocês:

… fizeram uma seleção de hinos para louvar e adorar nas reuniões, a minha igreja também fez (Harpa Cristã)

… se reúnem para a ceia do Senhor, a minha igreja também se reúne.

… se reúnem para a oração, a minha igreja também (é conhecido como círculo de oração).

… se reúnem para o ministério da palavra, a minha igreja também.

Sabe onde está o X da questão? na expressão “a minha igreja”. Não existe tal coisa na Bíblia. Só existe “a igreja de Deus, que ele resgatou com o seu próprio sangue.” (Atos 20:28). Nem eu, nem você, temos uma igreja. Eu sei que parece difícil entender o que estou dizendo, mas procure pensar como um cristão do primeiro século que de repente viesse parar no século 21.

Assim que chegasse em nossa época você ficaria confuso. Veria tantas diferentes “igrejas”, cada uma com um nome diferente e cada uma dizendo-se a certa, que não saberia o que fazer. Como você aprendeu que a única igreja que conhece é aquela que abrange TODOS os salvos, não poderia se congregar em nenhuma dessas porque elas se denominam “a igreja”.

Quando você foi salvo lá no primeiro século, você imediatamente foi feito um membro do corpo de Cristo, da igreja, e não se tornou membro de organização alguma. Foi simples assim. Para quê agora você iria querer se fazer membro de alguma coisa além de já ser membro do corpo de Cristo? Onde se reunir então?

É provável que você acabasse encontrando cristão que pensassem o mesmo que você e que estivessem reunidos fora de toda essa confusão de “igrejas”; pessoas que simplesmente se encontrassem periodicamente para orar, louvar a Deus, adorá-lo, aprender da sua Palavra e celebrar a ceia do Senhor para recordar sua morte.

Você e esses cristãos não teriam a pretensão de criar mais uma “igreja”, mas iriam querer se reunir simplesmente ao nome do Senhor, e não a uma “marca registrada”, como você propôs para o termo “assembleia de Deus”, nem ao nome de algum homem usado por Deus, como fizeram os Luteranos, ao nome de alguma doutrina específica, como fizeram os Batistas, ao nome de alguma característica organizacional, como fizeram os Presbiterianos, ao nome de algum país ou povo, como fizeram os da Igreja Anglicana, etc.

Vocês nem teriam a petulância de adotar a alcunha “Universal”, como se englobassem tudo, ou tampouco se denominariam a si mesmos de “Igreja de Cristo”, “Igreja de Jesus”, “Igreja de Deus”, como se os outros salvos não fossem a igreja, o corpo de Cristo, o conjunto de TODOS os salvos por ele em seu sacrifício na cruz. Vocês entenderiam que tudo isso seria a mesma carnalidade da qual o apóstolo Paulo adverte em 1 Coríntios:

“Quero dizer com isto, que cada um de vós diz: Eu sou de Paulo, e eu de Apolo, e eu de Cefas, e eu de Cristo. Está Cristo dividido? foi Paulo crucificado por vós? ou fostes vós batizados em nome de Paulo?… Porque, dizendo um: Eu sou de Paulo; e outro: Eu de Apolo; porventura não sois carnais?” (1 Co 1:12-13; 3:4).

Ao se reunirem em simplicidade, fora de toda essa confusão, vocês se considerariam simplesmente uma reunião (ou assembleia ou igreja) de irmãos reunidos ao nome do Senhor, e não “a igreja”. Se vocês estivessem em Limeira (cidade onde moro), não se considerariam “a igreja que está em Limeira”, mas apenas uma assembleia ou reunião de irmãos reunidos em Limeira.

Pois entenderiam que a igreja que está em Limeira é formada por todos os salvos que vivem naquela localidade, infelizmente vergonhosamente divididos por diferentes nomes. Vocês entenderiam que se o apóstolo Paulo enviasse hoje uma carta “à igreja que está em Limeira”, ele estaria endereçando a TODOS os salvos de Limeira, e não a apenas um grupo de cristãos.

Será que desta vez fui claro? Você não entenderá isto se não passar uma borracha em tudo o que aprendeu sobre igreja dentro do sistema denominacional. Continuaremos falando línguas diferentes se antes não fizer a lição de casa, que é mudar sua mentalidade, algo como “programação mental”, pois você sempre fala em termos da organização à qual pertence, sem conferir se é isso que a Palavra de Deus ensina.


Qual o papel da Lei de Moises para o cristão?

Você escreveu que “não existe justificativa para que você, ao considerar que ninguém tem condições de cumprir toda a lei para alcançar a estatura do Senhor JESUS CRISTO, estimule as pessoas a não buscar praticar a lei de DEUS”. Sim, existe justificativa e ela é ensinada depois da morte e ressurreição de Jesus na doutrina dos apóstolos.

Além disso, é importante saber o que você considera como “estímulo”. Para o israelita, o estímulo para cumprir a Lei estava em evitar a pena, por um lado, e receber a bênção, por outro. Nos dois casos o estímulo apela para o egoísmo humano: seguir a Deus para não ser condenado ou para ser abençoado.

Porém não é isso o que move o cristão a fazer a vontade do Pai, mas sim a gratidão de ter sido salvo. Ele não precisa temer a condenação, pois ela já foi resolvida por Jesus na cruz. Deus seria injusto se condenasse alguém cuja pena Jesus já pagou. E o cristão não precisa obedecer para ganhar bênçãos, pois ele já foi abençoado por todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo Jesus (Ef 1).

O verdadeiro estímulo de uma pessoa realmente convertida é gratidão, o constrangimento de obedecer a Deus não para evitar o castigo ou ganhar o prêmio, mas pelo que ele é e pelo que ele fez.

Vamos considerar alguns aspectos da Lei dada no Antigo Testamento:

​1. A Lei completa não são apenas os 10 mandamentos, mas todos os mandamentos cerimoniais encontrados nos capítulos 20 a 31 de Êxodo, em Levítico e Deuteronômio. Os 10 mandamentos mostram apenas sua essência. Nenhum cristão hoje vai a Jerusalém adorar, e esta era uma exigência da lei, de adorar no lugar que Deus escolheria para o seu povo depois, ou seja, Jerusalém.

​2. A Lei não foi dada como meio de salvação, portanto ninguém pode ser justificado pela prática da Lei. Atos 13:39; Romanos 3:20; Gálatas 2:16-21; 3:11.

​3. A função da Lei era a de revelar o pecado. Ao se ver pecador e incapaz de cumprir a lei, o homem devia apelar para a graça e misericórdia de Deus. Romanos 3:20; 5:20; 7:7; 1 Co 15:56; Gálatas 3:19.

​4. Deus deu a Lei a Israel como uma espécie de “balão de ensaio” para provar que toda a humanidade é pecadora, culpada e incapaz de atingir os padrões exigidos por Deus. Romanos 3:19..

​5. A Lei só condena, e a morte é a condenação. Gálatas 3:10.

​6. É impossível ao homem andar segundo a Lei, pois ao transgredir um mandamento ele se torna culpado de todos. Tiago 2:10.

​7. Aquele que crê em Jesus já não está sob a Lei, mas sob a graça, pois Jesus veio pagar a pena (a morte) no lugar do que nele crê para que este fique livre de pagar. Romanos 6:14.

​8. A Lei serviu apenas de tutor ao homem para conduzi-lo a Cristo, porém quando já tem a Cristo ele não precisa mais desse tutor. Gálatas 3:24-25

​9. Embora o cristão não esteja sob a Lei do Antigo Testamento, ele está agora sob a lei de Cristo. (lembre-se que a Lei dizia para não matar ou adulterar, enquanto Jesus disse para nem mesmo pensar em matar ou adulterar). 1 Coríntios9:21.

​10. Ele se comporta para agradar a Deus não por medo do castigo, mas pela gratidão e pelo desejo de agradar seu Salvador. Seu padrão agora não é os Dez Mandamentos, mas a própria Pessoa de Cristo. João 13:15; 15:12; Ef 5:1-2; 1 João 2:6; 1 João 3:16.

​11. Você encontra no Novo Testamento nove dos dez mandamentos apresentados como preceitos morais para serem imitados, e não como lei, ou seja, não há uma pena de morte para o seu descumprimento como era o caso na Lei de Moisés. Neste sentido, toda a Escritura é proveitosa para o cristão, para seu ensino, admoestação, etc. (2Tm 3:16), nunca como lei. O único mandamento que não aparece no Novo Testamento é o da guarda do sábado. Na doutrina dos apóstolos o cristão nunca é ensinado a guardar o sábado.

​12. A Lei continua valendo na sua finalidade de revelar que o homem é pecador, mas isso para o incrédulo, e não para o crente: “Sabemos, porém, que a lei é boa, se alguém dela usa legitimamente; Sabendo isto, que a lei não é feita para o justo, mas para os injustos e obstinados, para os ímpios e pecadores… mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus”. 1 Timóteo 1:8-9; 1 Co 6:11

(Rm 8:1-4) “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus. Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da morte. Porquanto o que era impossível à lei, visto que se achava fraca pela carne, Deus enviando o seu próprio Filho em semelhança da carne do pecado, e por causa do pecado, na carne condenou o pecado. Para que a justa exigência da lei se cumprisse em nós, que não andamos segundo a carne, mas segundo o Espírito”.


Qual a chave para entender o Sermão da Montanha?

A chave para o Sermão da Montanha está no primeiro versículo: (Mt 5:1) “E Jesus, vendo a multidão, subiu a um monte, e, assentando-se, aproximaram-se dele os seus discípulos”.

É para os discípulos que ele fala, e não para o povo em geral. Portanto não são preceitos para as pessoas obterem a salvação, mas o padrão esperado de quem já era discípulo de Jesus para fazer parte do seu reino. É importante ressaltar que estas palavras foram ditas a judeus antes da formação da igreja, que é o corpo de Cristo, composta por judeus e gentios. Elas são, portanto, dirigidas primeiramente aos súditos do Rei Jesus, caso ele não fosse rejeitado como foi.

Com sua rejeição o reino dos céus assume um novo caráter de reino com sua origem no céu, porém como estando na terra enquanto o Rei está ausente. É por isso que neste momento o Senhor fala das qualidades necessárias para se entrar no reino dos céus, mas repare que a partir de certo ponto ele começa a falar do reino dos céus contendo pessoas que não têm estas qualidades, como nas parábolas do capítulo 13.

Aparentemente a mudança ocorre no capítulo 12, quando os judeus vão ao extremo de dizer que Jesus expulsava demônios por Belzebu: (Mt 12:24) “Mas os fariseus, ouvindo isto, diziam: Este não expulsa os demônios senão por Belzebu, príncipe dos demônios”. É no capítulo 12 que ele rompe os vínculos naturais que tinha com seu povo e até mesmo com sua família: “Quem é minha mãe? E quem são meus irmãos? E, estendendo a sua mão para os seus discípulos, disse: Eis aqui minha mãe e meus irmãos; Porque, qualquer que fizer a vontade de meu Pai que está nos céus, este é meu irmão, e irmã e mãe”. Por isso o capítulo 13, que fala do reino dos céus já como uma mistura de joio e trigo, começa com a significativa frase: “Tendo Jesus saído de casa”.

Portanto, o sermão da montanha é primeiramente um sermão que fala do reino. Lembre-se de que em nenhum lugar da doutrina dos apóstolos (dada à igreja), Jesus é chamado de Rei pelos apóstolos. A relação que ele tem com a igreja é diferente da que teve e terá com Israel e com o mundo. Os que fazem parte da igreja reinarão com Cristo sobre a terra. Os que estiverem na terra durante seu reino milenial estarão sob a regência de Jesus. Tudo isso, porém, não exime os que creram em Jesus (a igreja) de obedecerem aos preceitos ensinados por Jesus no Sermão da Montanha.

Você diz ter lido o Sermão da Montanha e decidido fazer sua parte, pois se todos fizessem o que está ali o mundo seria melhor. Não é este o objetivo do sermão, pois “o mundo jaz no maligno”, isto é, nada que os homens façam irá evitar que o juízo venha sobre este mundo. Se o cristão procura se comportar segundo o padrão que o Senhor ensinou é porque está neste mundo para representá-lo (Jesus está no céu por nós e nós estamos na terra por ele neste momento).

No momento presente o sermão da montanha traz preceitos válidos para todos os que professam estar sob a autoridade e senhorio de Jesus, embora o reino seja dos céus em origem, e não da terra, e o Rei esteja ausente, nos céus. Mesmo assim, ao que hoje crê a Palavra exorta a dividir (ou manejar) bem a Palavra da Verdade (2Tm 2:15), o que implica saber, pela direção do Espírito e o discernimento que vem dele, o que é dito, quando foi dito, para que propósito foi dito, por quem foi dito, para quem foi dito, etc.

Um cristão não poderia levar ao pé da letra tudo o que está no Sermão do Monte, pois há detalhes específicos para os judeus ali. Por exemplo, Mateus 5:22 que nos fala do sinédrio, uma instituição judaica, Mateus 5:23-24 que nos fala do altar (só havia um altar, no Templo de Jerusalém), 5:35 que nos fala de não jurarmos por Jerusalém (por que alguém no Brasil iria jurar por Jerusalém?!) e Mateus 6:14 que condiciona o perdão a perdoarmos primeiro quem nos ofendeu (Em Colossenses 2:12-13 é o contrário, o perdão ao próximo vindo como consequência do perdão recebido).

Sua crítica ao que eu disse em um de meus vídeos de “O Evangelho em 3 minutos” foi expressa assim:

“Falando como você falou, você tira o estímulo das pessoas de buscarem a santificação observando os mandamentos de DEUS. Lembre-se que sem santidade ninguém verá a DEUS”.

Primeiro, todo estímulo para a santificação vem do Espírito Santo que habita no crente e da gratidão por sua salvação, não como forma de se obter alguma coisa. Na verdade é preciso entender o que é santificação antes de continuarmos. A santidade posicional e absoluta o crente recebe quando crê, e sem ela ninguém verá a Deus. Isso Paulo explica isso em Coríntios. A santidade prática é a expressão dessa santidade que já recebemos. De qualquer modo, não será seguindo os preceitos da Lei ou do Sermão do Monte que você se tornará santo como Deus, mas é justamente este o padrão que Jesus exige no próprio sermão quando diz em 5:48 para sermos perfeitos como o Pai é perfeito. Você consegue isso obedecendo a Lei?

Para esta não ficar muito longa, vou deixar para comentar sobre a relação do cristão com a Lei em outro texto. Por enquanto vá meditando no fato de que nem mesmo o sermão da montanha é uma expressão da lei dada no Antigo Testamento, pois ele vai muito além. A Lei proibia matar. O Senhor proíbe até pensar em matar. A Lei proibia adulterar. O Senhor proíbe até pensar em adulterar.


Por que Deus permite tanta atrocidade no mundo?

Porque Deus existe essas coisas acontecem. Explico: o que a Bíblia diz? Que Deus criou o homem e quis dar a ele tudo o que havia de bom e de melhor. Pergunto: o homem quis? Não, o ser humano quis ser dono de seu destino, quis ser conhecedor do bem e do mal, quis mandar no próprio nariz.

Tudo o que vemos ao redor nada mais é do que a confirmação de que Deus estava certo e o homem estava errado quando Deus disse “se dela (do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal) comerdes, morrereis”. Toda a maldade do mundo é prova de que Deus estava certo e o homem errado.

O resto da história você conhece, ou seja, de como Deus providenciou uma saída para aquele que crê poder ser salvo e ter seu lugar garantido no céu. Enquanto isso o mundo continuará jazendo no maligno, sob o domínio de seu príncipe que é o diabo, e toda sorte de atrocidades continuará a ser cometida.

O que se poderia esperar de um mundo que, quando o Filho de Deus desceu aqui na forma humana, o pregou numa cruz?

A pergunta não deve ser “Por que Deus permite tanta atrocidade no mundo?”, mas “Por que Deus ainda não desistiu de salvar o ser humano?”.


Estaria errado chamar Jesus de Rei?

Recebi seu e-mail e entendo perfeitamente sua dúvida. Quando escrevi sobre o Sermão da Montanha, não quis dizer que Jesus não seja Rei (como você bem mostrou nas passagens). O ponto é que a relação que ele tem com a Igreja não é de Rei e súditos, por isso nenhum apóstolo se dirige a ele como Rei nas epístolas. Os cristãos reinarão COM ele durante o milênio, e não SOB ele.

Não é correto um cristão dizer “meu Rei Jesus”, mas é correto chamá-lo de Senhor, porque é esta a relação que ele tem com os seus neste presente momento. No futuro, quando Israel for restaurado, os judeus convertidos irão chamá-lo de Rei, pois ele é o Rei de Israel. No entanto, para a Igreja, como você bem observou, ele é Senhor.

Portanto meu comentário não é quanto ao título de “Rei”, que obviamente se aplica a Jesus, mas quanto à relação que o salvo tem hoje com ele. Um exemplo: Os filhos do presidente de um país não o chamam de “Sr. Presidente”, mas de pai. Mesmo sendo presidente, a relação com seus filhos é diferente daquela que o presidente tem com o povo em geral.

Se observar no evangelho de João há uma mudança gradual no relacionamento que Jesus tem com seus discípulos à medida que eles vão se tornando mais íntimos do Senhor.

“Vós sereis meus amigos, se fizerdes o que eu vos mando. Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer… Disse-lhe Jesus: Não me detenhas, porque ainda não subi para meu Pai, mas vai para meus irmãos, e dize-lhes que eu subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus.” (Jo 15:14-15; 20:17).

Veja a evolução no relacionamento: de servos para amigos e, finalmente, irmãos.

(Hb 2:11) “Porque, assim o que santifica, como os que são santificados, são todos de um; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos, Dizendo: Anunciarei o teu nome a meus irmãos, Cantar-te-ei louvores no meio da congregação. E outra vez: Porei nele a minha confiança. E outra vez: Eis-me aqui a mim, e aos filhos que Deus me deu”.

Mas, ainda que o Senhor nos chame de irmãos, nós não temos a mesma liberdade de chamá-lo assim (ao menos não encontro qualquer ocorrência disso nas epístolas), pois para nós ele é Senhor. Veja também que não estaríamos corretos se o chamássemos de Pai, porque é a Deus Pai que nos dirigimos como Pai. O próprio Senhor, em seus dias aqui, chamava o seu Deus de Pai. “… Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus”.

Portanto o correto é nos dirigirmos a ele, não como “amigão” como fazem alguns, nem como “Rei” como fazem outros, e nem mesmo como “irmão”, mas como Senhor. É assim que devemos chamá-lo quando nos dirigimos a ele.

Estes detalhes podem parecer de pouca importância, mas quando nos acostumamos com as pequenas nuances da Palavra de Deus começamos a compreender melhor o que Deus diz no Salmo: (Sl 32:8) “Instruir-te-ei, e ensinar-te-ei o caminho que deves seguir; guiar-te-ei com os meus olhos”. Pessoas que desfrutam de intimidade, como pai e filho, marido e mulher, irmãos, etc. sabem perceber pequenas nuances como uma mudança no olhar.

Outra forma utilizada erroneamente pela cristandade hoje é dirigir-se ao Espírito Santo em oração ou louvor. Você encontra isso até mesmo em hinos com frases do tipo “Espírito, eu te adoro”, ou “Vem, Espírito, vivifica”.

Assim como você não encontra os apóstolos se dirigindo ao Senhor como “Rei”, você não os encontrará se dirigindo ao Espírito Santo, orando ao Espírito, ou louvando o Espírito Santo. Apesar de ser Deus, na atual dispensação o Espírito Santo está na terra no caráter de um Servo, trabalhando nos bastidores, incógnito, e seu papel é dirigir toda a atenção ao Deus Filho: (Jo 16:14) “Ele me glorificará…”.


Como saber o que se aplica à Igreja?

Tudo o que está na Bíblia é para nós, porém nem tudo se aplica hoje na prática, embora possa se aplicar moralmente. Por exemplo, sabemos que o Antigo Testamento eram sombras das coisas que viriam. Tudo no Antigo Testamento aponta para Cristo, portanto quando lemos devemos procurar onde está Cristo ali, seja em profecias diretas ou em sombras ou símbolos. Por isso nunca podemos criar doutrinas baseadas nas sombras do Antigo Testamento, mas apenas no que está nas epístolas.

(Cl 2:16-17) “Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo”.

(Hb 8:5) “Os quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais…”

(Hb 10:1) “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas…”. (1 Co 10:6) “E estas coisas foram-nos feitas em figura, para que não cobicemos as coisas más, como eles cobiçaram”.

(Hb 9:24) “Porque Cristo não entrou num santuário feito por mãos, figura do verdadeiro…”.

Quando vamos para os evangelhos, vemos um tempo de transição, portanto é fácil entender que a prática de muitas coisas ali está relacionada a Israel. O Senhor mandava uma pessoa curada ir sacrificar no Templo, e não fazemos isto hoje. Porém é nos evangelhos que conhecemos o Senhor em sua relação com o seu povo (seja ele Israel ou Igreja), porque ele continua tratando conosco no mesmo caráter em que veio: o bom Pastor, por exemplo.

Além disso, nos Evangelhos o Senhor trata a Igreja como uma coisa ainda futura, e mais tarde Paulo vai ensinar que ela era um mistério ou segredo que Deus manteve escondido ao longo dos séculos, até mesmo dos profetas do Antigo Testamento.

(Mt 16:18) “…edificarei a minha igreja”. (verbo estava no futuro).

(Ef 3:3-6) “Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco vos escrevi; Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, O qual noutros séculos não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas [só lembrando que aqui são profetas da igreja]; A saber, que os gentios são coerdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo evangelho”.

Atos são os Atos dos apóstolos, portanto não é uma doutrina especificamente estabelecida. Ali vamos encontrar coisas erradas praticadas pelos apóstolos, e outras coisas que podem nos servir de exemplo para praticarmos. Mas a doutrina mesmo nós temos nas epístolas, e é por isso que é chamada de doutrina dos apóstolos.

(Atos 2:42) “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.

O Apocalipse é o fechamento de tudo, mas em sua maior parte as profecias ali têm Israel como protagonista, e não a Igreja. O caráter do Senhor naquele livro é o de Juiz, um caráter com o qual ele jamais tratará conosco. Por isso João se espanta no capítulo 1 quando vê o Senhor naquela imagem tão amedrontadora. Ele não conhecia esse Senhor Juiz, e felizmente os salvos jamais terão de se encontrar com ele nesse caráter.

(Jo 5:24) “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida”.

Não existe exatamente uma chave para entender o que é para a Igreja e o que é para Israel, mas lendo as epístolas podemos eliminar muita coisa do Antigo Testamento e também dos evangelhos. Quando digo “eliminar”, talvez fosse melhor dizer “reposicionar”. Isto é, coisas que no Antigo Testamento eram regras de conduta (por exemplo, apedrejar alguém), para nós devem ser aplicadas no sentido moral, porque no Novo Testamento aprendemos a amar até nossos inimigos.

Algo dos Evangelhos, como a oração do Pai Nosso, que coloca o perdão condicionado a perdoarmos antes nosso ofensor, também deixa de fazer sentido prático quando lemos em Colossenses 3. Veja o contraste na ordem das coisas:

(Mc 11:25-26) “…(1) perdoai… para que vosso Pai, que está nos céus, (2) vos perdoe”.

(Cl 3:13) “…assim como (1) Cristo vos perdoou, assim (2) fazei vós também”.

É claro que toda a leitura da Bíblia deve ser em espírito de dependência de Deus, porque não há entendimento da Palavra que não seja através do Espírito Santo de Deus. E devemos ter sempre em mente a pergunta: esta interpretação resulta em glória para Cristo ou para o homem? Cristo é o fim e o objetivo da Bíblia.

Portanto, quando alguém lê, por exemplo, a história de Davi contra Golias e tenta usá-la como exemplo de força de vontade para o homem vencer obstáculos, está simplesmente dando sua versão humana da história, e não a versão de Deus, que tem Davi como figura do fraco e improvável vencedor, Jesus, que venceu o gigante Satanás e a morte com seu sacrifício na cruz.


Quem disse que o crente não será julgado?

O versículo em João 5:24 é claro. Segue em diferentes versões para você comparar (LITV e YLT são traduções literais do grego para o inglês):

(ACF) “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.

(ARC) “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.

(Ave Maria) “Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas passou da morte para a vida”.

(Darby) “Verily, verily, I say unto you, that he that hears my word, and believes him that has sent me, has life eternal, and does not come into judgment, but Isaías passed out of death into life”.

(KJV) “Verily, verily, I say unto you, He that heareth my word, and believeth on him that sent me, hath everlasting life, and shall not come into condemnation; but Isaías passed from death unto life”.

(LITV) “Truly, truly, I say to you, The one who hears My Word, and believes the One who has sent Me, has everlasting life, and does not come into judgment, but has passed out of death into life”.

(NVI) “Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida”.

(PJFA) “Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida”.

(YLT) “Verily, verily, I say to you—He who Isaías hearing my word, and is believing Him who sent me, hath life age-during, and to judgment he doth not come, but hath passed out of the death to the life”.

Atente para os tempos dos verbos, que revelam uma transformação na posição do pecador: ouve, crê, TEM, ENTRARÁ, PASSOU. Não diz que terá vida eterna, mas que tem no momento em que crê, o que significa um direito adquirido por graça.

Há diferentes tipos de juízo que você encontra, mas é importante distinguir cada um deles. Na ordem dos eventos proféticos, primeiro vem o arrebatamento da Igreja (os salvos) e dos que morreram em Cristo.

Para estes não há julgamento ou condenação, pois Cristo pagou o preço de sua redenção. Deus seria tão injusto de julgar um crente quanto um juiz humano seria injusto de julgar alguém por um crime que outro confessou e pagou a pena. Cristo confessou nossos pecados (levou sobre si) e pagou a pena.

O que os crentes encontrarão é o Tribunal de Cristo descrito em (2 Co 5:10). “Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou mal”. Em 1 Coríntios, Paulo fala mais desse tribunal que não tem caráter condenatório, mas de apreciação das obras praticadas pelo crente. É algo parecido com um concurso de pintura, onde o que está sendo julgado não é o pintor, mas a qualidade de seu trabalho:

(1 Co 3:12-15) “E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal SERÁ SALVO, todavia como pelo fogo”.

Preste atenção que até mesmo aquele que não fez obra alguma digna de ser aproveitada SERÁ SALVO.

Durante o reino milenar de Cristo haverá julgamentos todas as manhãs, com a aplicação da pena de morte imediata, mas isso é para quem estiver vivendo na Terra (a Igreja estará vivendo no céu). No final há o Grande Trono Branco onde serão julgados todos os que não foram salvos, cujos nomes não estavam no livro. Se reparar em Apocalipse 20 trata-se de um julgamento apenas para dar a sentença, não para saber se a pessoa deve ou não ser salva. Ali todos são condenados.


Um cristão pode ser soldado ou policial?

Sua dúvida é sobre como conciliar a ordem de Jesus para não matarmos com um cristão que exerça a profissão de policial e seja obrigado a matar para se defender ou defender outra pessoa.

É preciso entender que a autoridade é instituída por Deus há muito tempo, e isso porque existe um governo de Deus sobre este mundo. Mesmo sabendo que o mundo jaz no maligno, Deus está no controle de tudo, e as autoridades instituídas estão agindo na esfera que Deus deu a elas. O mesmo acontece com soldados de um exército em guerra.

Veja que na Lei dada por intermédio de Moisés Deus ordenava “Não matarás”, mas ao mesmo tempo dava ordens para executar os inimigos de Seu povo. Então é preciso entender este “Não matarás”.

A noção de autoridade humana começa em Gênesis 9 quando Deus dá ao homem a autoridade de matar como forma de exercer juízo. Essa autoridade é confirmada no NT em Romanos 13 e essa é a dificuldade de muitas pessoas não entenderem que a pena de morte, por exemplo, ou a morte na guerra, foram coisas autorizadas por Deus em Gênesis 9 e nunca revogadas.

Hoje quando um país elimina a pena de morte ele está indo contra a ordem que Deus estabeleceu no princípio. Mas, mesmo no Brasil, onde não há a pena de morte, os policiais matam bandidos em confronto e não são considerados homicidas por isso, demonstrando que a pena de morte existe em certas circunstâncias.

Obviamente hoje o cristão, por ser um cidadão do céu, talvez não se sinta bem em estar na posição de um algoz, embora existam muitos cristãos que ocupem postos de soldados e policiais onde eventualmente terão de matar como forma de proteger a si mesmo ou outras pessoas.

É difícil admirar o trabalho de um soldado na guerra, de um policial na luta contra o crime, ou de um carcereiro em trancafiar pessoas, mas eles são instrumentos da justiça humana (e, por tabela, divina). É ingenuidade você pensar em um mundo sem autoridades superiores e com poder de vida e morte sobre aqueles que desobedecem as leis (leia de novo Romanos 13).

Resumindo, Deus autoriza matar quando o assunto é exercer autoridade contra o crime ou em caso de guerra. Mas mesmo assim, um policial ou soldado cristão deve buscar a orientação de Deus de como agir. Veja o caso dos alemães durante a 2a. Guerra. Obviamente eles estavam sob uma autoridade superior, mas essa autoridade ordenava que matassem judeus e ciganos inocentes, não por terem praticado algum crime, mas simplesmente por serem de outras etnias. Neste caso um cristão devia obedecer primeiro a Deus do que aos homens. Não deveria se sujeitar às ordens de Hitler, embora isso provavelmente lhe custasse a própria vida.

(1 Co 7:20-23) “Cada um fique na vocação em que foi chamado. Foste chamado sendo servo? não te dê cuidado; e, se ainda podes ser livre, aproveita a ocasião. Porque o que é chamado pelo Senhor, sendo servo, é liberto do Senhor; e da mesma maneira também o que é chamado sendo livre, servo é de Cristo. Fostes comprados por bom preço; não vos façais servos dos homens”.


O que você achou do livro A Cabana?

Minha mãe costumava dizer que quando alguém vinha a ela com más intenções, um sininho tocava. Eram comuns expressões como, “Fulana? Hmmm… não sei não, quando ela chegou tocou o sininho…”. No caso do livro “A Cabana”, ouvi um carrilhão. É que por ter me convertido e sido liberto de uma salada de filosofias orientais, espíritas e humanistas (na época ainda não chamavam aquilo de Nova Era), hoje sou alérgico a tudo o que levemente cheira a essas coisas. Entrar em loja com cheiro de incenso, então, nem pensar.

Antes de comentar sobre o livro “A Cabana” fiz uma busca e descobri que muita gente já comentou. Eu confesso que não fui até o fim (parei um pouco depois da metade) porque não aguentei. Ao contrário de outras alegorias, como “O Peregrino” ou “As Crônicas de Nárnia”, o livro “A Cabana” não tem a sutileza de apenas sugerir coisas, como deve ocorrer numa alegoria. Além disso, é péssima literatura em termos de… Isso mesmo, literatura. O autor passa longe de um C. S. Lewis (“As Crônicas de Nárnia”).

Vou transcrever abaixo algumas passagens do livro (e meus questionamentos entre parênteses) para você julgar. Lembre-se de que, no livro, quem estaria dizendo essas coisas seria Deus, apresentado ali como três pessoas diferentes, o Pai (uma mulher negra e gorda), o Filho (um carpinteiro do Oriente Médio) e o Espírito Santo (uma mulher oriental):

“Os que me amam estão em todos os sistemas que existem. São budistas ou mórmons, batistas ou muçulmanos, democratas, republicanos e muitos que não votam nem fazem parte de qualquer instituição religiosa. Tenho seguidores que foram assassinos e muitos que eram hipócritas. Há banqueiros, jogadores, americanos e iraquianos, judeus e palestinos. Não tenho desejo de torná-los cristãos, mas quero me juntar a eles em seu processo para se transformarem em filhos e filhas do Papai, em irmãos e irmãs, em meus amados”. (Aqueles que negam a Deus, que desprezam a divindade de Jesus, que rejeitam o evangelho? As pessoas seriam transformadas em filhos de Deus através de um processo? Deus não iria querer que um budista se tornasse cristão?).

“Em Jesus eu perdoei todos os humanos por seus pecados contra mim, mas só alguns escolheram relacionar-se comigo (…). Quando você perdoa alguém, certamente liberta essa pessoa do julgamento, mas, se não houver uma verdadeira mudança, não pode ser estabelecido nenhum relacionamento verdadeiro”. (Então todos já estariam perdoados e libertos do juízo?)

“Quando nós três penetramos na existência humana sob a forma do Filho de Deus, nos tornamos totalmente humanos”. (O Pai, o Filho e o Espírito Santo teriam se tornado humanos? Tornar-se “totalmente” humano significa abrir mão da divindade?)

“Papai não respondeu, apenas olhou para as mãos dos dois. O olhar de Mack seguiu o dela, e pela primeira vez ele notou as cicatrizes nos punhos da negra, como as que agora presumia que Jesus também tinha nos dele. ‘Jamais pense que o que meu filho optou por fazer não nos custou caro. O amor sempre deixa uma marca significativa’, ela declarou, baixinho e gentilmente. ‘Nós estávamos lá, juntos.’ Mack ficou surpreso. ‘Na cruz?’” (Teria Jesus se enganado ao clamar “Deus meu, por que me abandonaste”? Teria o Pai as marcas dos cravos nas mãos, nos pés e no lado? Teria o sangue do Pai também sido derramado na cruz?)

“Não preciso castigar as pessoas pelos pecados. O pecado é o próprio castigo, pois devora as pessoas por dentro. Meu objetivo não é castigar. Minha alegria é curar” (Então não haveria um juízo?).

Basta conhecer um pouco a Bíblia para ver que não são apenas declarações inocentes ou de mera ficção, mas afirmações que comprometem a verdade. A princípio achei o livro extremamente irreverente, mas a trombada mesmo ocorreu quando o autor transforma a Trindade em pessoas visíveis, quando sabemos que na realidade apenas o Filho de Deus se tornou visível na encarnação. (Jo 1:18) “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou”.

É algo extremamente sério dar uma imagem visível a Deus, pois ele mesmo deixa isso claro em sua Palavra. (1Tm 6:16) “Aquele que tem, ele só, a imortalidade, e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver, ao qual seja honra e poder sempiterno”. O próprio Senhor Jesus deixou clara a impossibilidade de enxergarmos o Pai: (Jo 6:46) “Não que alguém visse ao Pai, a não ser aquele que é de Deus”. O que podemos conhecer do Pai é o que foi revelado em Jesus, nada mais. (Jo 12:45) “E quem me vê a mim, vê aquele que me enviou”. (Cl 1:15) “O qual é imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”.

Alguém pode alegar que por se tratar de ficção, não há problema. Será? Quem pode dizer que não há problema? Acredito que só a pessoa que está sendo representada no livro, e neste caso a Pessoa é Deus, pode dizer se há ou não problema nisso. E ele deixa claro o que pensa da ideia de ser representado de forma visível: (Rm 1:22-23) “Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos. E mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível”.

(Dt 4:15-16) “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o SENHOR, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher”.

Como dizia, fiz buscas e descobri que muita gente já comentou, portanto não vou reinventar a roda. Concordo basicamente com o que vi em três sites. Um é um artigo escrito por Paulo Romeiro. Há também uma análise muito boa que encontrei no blog “Tchê Noll”. Outro são os comentários que achei no blog “Pés descalços” de Maurilo e Vivian. Vou transcrever aqui um comentário e uma lista de 13 heresias do livro “A Cabana” que o autor do blog traduziu de um texto em inglês de Michael Youssef:

O livro “A Cabana” (William P. Young, ed. Sextante) tem sido um livro bastante aclamado, especialmente no meio evangélico. Está sendo recomendado por muitos pastores e até para famosos músicos cristãos, como Michael W. Smith. Leia a descrição do livro no site da própria editora. “Durante uma viagem de fim de semana, a filha mais nova de Mack Allen Phillips é raptada e evidências de que ela foi brutalmente assassinada são encontradas numa cabana abandonada. Após quatro anos vivendo numa tristeza profunda causada pela culpa e pela saudade da menina, Mack recebe um estranho bilhete, aparentemente escrito por Deus, convidando-o para voltar à cabana onde aconteceu a tragédia. Apesar de desconfiado, ele vai ao local do crime numa tarde de inverno e adentra passo a passo no cenário de seu mais terrível pesadelo. Mas o que ele encontra lá muda o seu destino para sempre. Em um mundo tão cruel e injusto, ‘A Cabana’ levanta um questionamento atemporal: Se Deus é tão poderoso, por que não faz nada para amenizar o nosso sofrimento?”.

É aí que está o grande problema do livro. Na tentativa de responder a essa pergunta, Young abandona a abordagem bíblica sobre sofrimento e busca uma abordagem mais humanística, focada no homem. Young acredita no universalismo, ou seja, todos, no final das contas serão salvos.

Michael Youssef do ministério “Leading the Way” listou 13 heresias contidas no livro e que têm trazido muito engano à igreja, substituindo conceitos bíblicos por conceitos universalistas.

13 Heresias encontradas no livro “A Cabana”

​1. Deus Pai foi crucificado com Jesus.

Porque os olhos de Deus são puros e não podem olhar para o pecado, a Bíblia diz que Deus não olharia para seu próprio Filho amado enquanto este estava pendurado na cruz, carregando nossos pecados. (Hc 1:13; Mateus 27:45; Isaías 53:4-10).

​2. Deus está limitado por seu amor e não pode praticar justiça.

A Bíblia declara que o amor de Deus e sua justiça são dois lados da mesma moeda – igualmente partes da personalidade e caráter de Deus (Is 61:8; Os 2:19; Romanos 9:13).

​3. Na cruz, Deus perdoou toda a humanidade, tanto os que se arrependeram quanto os que não. Alguns escolhem um relacionamento com ele, mas ele perdoa a todos igualmente.

Jesus explica que somente aqueles que vierem até ele serão salvos (Jo 14:6).

​4. Estruturas hierárquicas, estejam na igreja ou no governo, são ruins.

Nosso Deus é um Deus de ordem (Jó 25:2). Deus nos deu regras estruturais para a igreja, incluindo como dons são utilizados e qualificações para os líderes (1 Co 12, 14; 1 Timóteo 3).

​5. Deus nunca vai julgar as pessoas pelos seus pecados.

A palavra de Deus repetidamente chama o homem a fugir do julgamento de Deus através da fé em Jesus Cristo, seu Filho (Rm 2:16; 2 Timóteo 4:1-3).

​6. Não existe hierarquia na Trindade, só um círculo de unidade.

A Bíblia diz que Jesus se submete à vontade do Pai. Isso não significa que uma Pessoa é maior ou melhor que outra, mas sim única. Jesus disse “Eu vim para cumprir a vontade daquele que me enviou. Estou aqui para obedecer ao Pai”. Jesus também disse “Eu vou te enviar o Espírito Santo” (Jo 4:34; 6:44; 14:26; 15:26).

​7. Deus se submete a desejos e escolhas humanas.

De maneira alguma Deus se submete a nós, Jesus disse “Estreito é o caminho que leva a vida eterna”. Nós devemos nos submeter a ele em todas as coisas, para sua glória e por aquilo que ele fez por nós (Mt 7:13-15).

​8. Justiça nunca vai acontecer por causa do amor.

A Bíblia ensina que quando o amor de Deus é rejeitado, e quando a oferta de salvação e perdão é rejeitada, justiça precisa acontecer ou então Deus enviou Jesus Cristo para morrer por nada (Mt 12:20; Romanos 3:25-26).

​9. Não existe julgamento eterno ou tormento no inferno.

A própria descrição de Jesus do inferno é muito vívida… Não pode ser negada (Lc 12:5; 16:23). Enquanto a “reconciliação universal” ensina que a salvação pode ocorrer após a morte, a Bíblia diz, “aquele que não acredita já está condenado, porque não creu no nome único Filho de Deus” (Jo 3:18).

​10. Jesus está andando com todas as pessoas em suas diferentes jornadas a Deus e não importa qual caminho você pega para ele.

Jesus disse “Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim” (Jo 14:6).

​11. Jesus está constantemente sendo transformado conosco.

Jesus, que habita no esplendor dos Céus, está assentado à direita de Deus, reinando e governando o universo. A Bíblia diz, “Nele não existe mudança alguma, porque ele é ontem, hoje e para sempre” (Hb 11:12; 13:8; Tiago 1:17).

​12. Não é necessário fé ou reconciliação com Deus, pois todos conseguirão ir para o céu.

Jesus disse que “somente aqueles que crerem em mim terão a vida eterna” (Jo 3:15; 3:36; 5:24; 6:40).

​13. A Bíblia não é verdadeira porque reduz Deus ao papel.

A Bíblia foi inspirada por Deus. Com certeza houve muitos homens durante 1800 anos que utilizaram a caneta (por assim dizer), cada um com uma profissão e em um ambiente diferentes, mas o Espírito Santo infundiu seu trabalho com a Palavra de Deus. Esses homens estavam escrevendo a mesma mensagem de Gênesis a Apocalipse.


Deus ama apenas os salvos?

Segundo você, Deus não ama a todos sem distinção, mas “Deus ama aquele que o obedece, aquele que cumpre os seus mandamentos, aquele que foi regenerado e lavado no sangue do seu Filho amado, os eleitos, pelo qual morreu e se entregou para que fossem salvos.”

A verdade é que Deus ama a todos sim, e o famoso versículo em João 3:16 afirma isto: “Deus amou o mundo”. “Mundo” aí é “Kosmos” no grego e significa a totalidade, não uma porção (até hoje falamos em algo “cósmico” como todo abrangente). Lembre-se de que “Deus nos amou… Estando nós ainda mortos em nossas ofensas” (Ef 2:4), ou seja, quando não havia nada de obediência em nós.

O amor de Deus não é um ato de reciprocidade, que esteja condicionado à nossa condição de sermos eleitos ou obedientes aos seus mandamentos, mas algo que independe do homem. (1 João 4:10) “Nisto está o amor, não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou a nós, e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados”. O amor de Deus por mim é anterior até mesmo à minha existência.

O jovem rico foi amado por Jesus mesmo tendo desprezado seu convite. (Mc 10:21) “E Jesus, olhando para ele, o amou e lhe disse: Falta-te uma coisa: vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, toma a cruz, e segue-me. Mas ele, pesaroso desta palavra, retirou-se triste; porque possuía muitas propriedades”.

Talvez você alegue que existem versículos que mostram que Deus odeia esta ou aquela pessoa. É verdade, mas é preciso entender em que circunstâncias essas passagens aparecem. Um exemplo está em (Sl 26:5): “Odeio o ajuntamento de malfeitores; não me sentarei com os ímpios”. Está correto e em conformidade com o caráter de Deus, que é de separação do mal. Ele os odeia em sua qualidade de malfeitores, por isso Cristo morreu para levar para a casa do Pai malfeitores e ímpios lavados por seu sangue. Deus agora pode ter comunhão no “ajuntamento” dos salvos, pois são ex-malfeitores e ex-ímpios. Mas, se não nos amasse quando ainda estávamos nessa condição, não teria perdido seu tempo e nem o sangue de seu Filho por nós.

No Salmo 139:21-22 o salmista parece indicar que o ódio contra determinadas pessoas é aprovado por Deus: “Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos”. Malaquias 1:3 também confirmam isso: “Eu vos tenho amado, diz o Senhor. Mas vós dizeis: Em que nos tem amado? Não era Esaú irmão de Jacó? disse o Senhor; todavia amei a Jacó, E odiei a Esaú”.

Romanos 9, porém, nos dá um entendimento melhor das circunstâncias e do significado da palavra “odiei”: “Como está escrito: Amei a Jacó, e odiei a Esaú. Que diremos pois? que há injustiça da parte de Deus? De maneira nenhuma. Pois diz a Moisés: Compadecer-me-ei de quem me compadecer, e terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia. Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece”. Creio que o assunto é muito mais no sentido da compaixão do que do amor que Deus tem por suas criaturas.

Quando o presidente de um país onde existe a pena de morte decide conceder o perdão a um condenado no corredor da morte, isso não significa que goste mais daquele condenado do que dos outros, e nem que, ao deixar que os outros morram, ele esteja sendo injusto. Não, o que ocorre é que ele decidiu ter misericórdia daquele e sua atitude é louvável, já que TODOS estavam condenados e não mereciam perdão.

Então é preciso entender que Deus, pela santidade de sua natureza, precisa odiar o pecador no seu caráter de pecador. Mas, também por ser Deus, ele ama o pecador no seu caráter de ser humano, já que não existe diferença por todos terem pecado e serem igualmente réus merecedores do juízo.

Para entender melhor, vamos voltar a Romanos 9:21-24: “Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer (1) um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência os vasos da ira, preparados (2) para a perdição; Para que também desse a conhecer as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes preparou, (3) Os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus, mas também dentre os gentios?”.

​(1) gr. poieo “fazer” / (2) gr. katartizo “preparar” ou “ajustar” / (3) gr. proetoimazo “encomendar” ou “preparar antecipadamente”.

Repare bem no que diz: todos os vasos são feitos (1) da mesma massa. Mas os vasos da ira estão preparados (2) para a perdição, mas não diz que tenha sido Deus que os preparou para tal. Eles estão preparados para perdição como todo ser humano que nasce neste mundo, porque nasce pecador e condenável. Mas quando fala dos vasos de misericórdia, aí sim, diz que Deus já dantes os preparou. (3) Igualmente, os condenados do corredor da morte estão preparados para morrer, mas o presidente decide preparar um para viver.

O Antigo Testamento nos ajuda a entender um pouco mais essa questão do caráter de santidade de Deus. Lá qualquer pessoa portadora de defeitos físicos era vedada de participar do culto no santuário:

Fala a Arão, dizendo: Ninguém da tua descendência, nas suas gerações, em que houver algum defeito, se chegará a oferecer o pão do seu Deus:

(Lv 21:18-23) “Pois nenhum homem em quem houver alguma deformidade se chegará; como homem cego, ou coxo, ou de nariz chato, ou de membros demasiadamente compridos, Ou homem que tiver quebrado o pé, ou a mão quebrada, Ou corcunda, ou anão, ou que tiver defeito no olho, ou sarna, ou impigem, ou que tiver testículo mutilado. Nenhum homem da descendência de Arão, o sacerdote, em quem houver alguma deformidade, se chegará para oferecer as ofertas queimadas do Senhor; defeito nele há; não se chegará para oferecer o pão do seu Deus. Ele comerá do pão do seu Deus, tanto do santíssimo como do santo. Porém até ao véu não entrará, nem se chegará ao altar, porquanto defeito há nele, para que não profane os meus santuários; porque eu sou o Senhor que os santifico”.

Qualquer humanista hoje sentiria arrepios e consideraria essa medida discriminatória, e com razão. Acontece que para entendermos o Antigo Testamento é preciso entender o Novo Testamento. Na Lei Deus revela sua santidade e total aversão ao que é imperfeito, e assim deve ser. Até mesmo o Rei Davi odiava os coxos e a aleijados: “Porque Davi disse naquele dia: Qualquer que ferir aos jebuseus, suba ao canal e fira aos coxos e aos cegos, a quem a alma de Davi odeia. Por isso se diz: Nem cego nem coxo entrará nesta casa”. (2 Sm 5:8).

Todavia, o que vemos no mesmo livro de Samuel? Mefibosete, um coxo, desfrutando de lugar cativo na mesa do Rei, com seus pés coxos ocultos sob a mesa pela mesma graça que é capaz de lançar nossos pecados no esquecimento graças à obra de Cristo na cruz:

(2 Sm 9:6-13) “E Mefibosete, filho de Jônatas, o filho de Saul, veio a Davi, e se prostrou com o rosto por terra e inclinou-se; e disse Davi: Mefibosete! E ele disse: Eis aqui teu servo. E disse-lhe Davi: Não temas, porque decerto usarei contigo de benevolência por amor de Jônatas, teu pai, e te restituirei todas as terras de Saul, teu pai, e tu sempre comerás pão à minha mesa. Então se inclinou, e disse: Quem é teu servo, para teres olhado para um cão morto tal como eu?… Morava, pois, Mefibosete em Jerusalém, porquanto sempre comia à mesa do rei, e era coxo de ambos os pés.”

Foi a graça que proporcionou que Cristo morresse por todos, e não apenas pelos salvos. Se não fosse assim tão ampla a eficácia de seu sacrifício, ele não poderia tirar o pecado do mundo “Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”. Todavia sabemos que, apesar de seu sacrifício ser suficiente para salvar a todos, ele levou sobre si “apenas” os pecados de muitos, e não de todos. (Tirar o “pecado” do mundo, no singular, e levar “os pecados”, no plural, são diferentes aspectos de sua obra).

(2 Co 5:15) “E ele morreu por todos”.

(Hb 9:28) “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez para tirar os pecados de muitos”.

(Is 53:11) “…mas ele levou sobre si o pecado de muitos”.

Quando examinadas pela ótica da graça, até mesmo as afirmações do Atos precisam ser entendidas. Veja o que Jesus disse: (Mt 5:43-48) “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus… Sede vós pois perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos céus”.

Perceba que ser perfeito como o Pai é perfeito inclui amarmos nossos inimigos como Deus ama os inimigos dele. Depois de uma ordem assim dada por Jesus, se acharmos que Deus só ama os que fazem o bem ou os que foram eleitos por ele, estaremos considerando que podemos ser mais do que Deus neste aspecto, pois de nós é esperado que amemos a todos, sem distinção.


O tsunami contradiz Jeremias 5:22?

Jeremias 5:22

(Jr 5:22) “Não me temeis a mim? diz o Senhor; não tremeis diante de mim, que pus a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, que ele não pode passar? Ainda que se levantem as suas ondas, não podem prevalecer; ainda que bramem, não a podem traspassar”.

O versículo que citou não pretende ser uma afirmação científica (ou cartográfica, se preferir), mas o contexto dá a entender que Deus está fazendo uma comparação entre o mar, que tem limites definidos pelas praias, e o seu povo, que não respeita os limites que Deus lhe deu.

Mesmo falando em termos cartográficos, a passagem é correta, pois todos os mapas dos continentes são desenhados com uma linha que separa o que é água (mar) e o que é terra (praia). Se o contrário fosse verdadeiro, isto é, que um tsunami seria suficiente para invalidar essa verdade, então não teríamos mapas, ou ao menos precisaríamos desenhá-los sem uma linha divisória entre mar e terra, mas talvez apenas um sombreado sugerindo onde poderia existir uma linha litorânea caso não existissem tsunamis.

Fica evidente que quando Deus diz isto ele não está falando de eventualidades como tsunamis, porque mesmo as marés já seriam suficientes para contradizer isto se fossemos levar ao pé da letra. Mesmo com o vai e vem das ondas e dos tsunamis, as coisas voltam a ser o que eram e continua válida a afirmação de que Deus colocou “a areia por limite ao mar, por ordenança eterna, que ele não pode passar? Ainda que se levantem as suas ondas, não podem prevalecer; ainda que bramem, não a podem traspassar”.

Tal afirmação é corroborada pelo que Deus disse a Noé depois do dilúvio:

(Gn 9:11-16) “E eu convosco estabeleço a minha aliança, que não será mais destruída toda a carne pelas águas do dilúvio, e que não haverá mais dilúvio, para destruir a terra. E disse Deus: Este é o sinal da aliança que ponho entre mim e vós, e entre toda a alma vivente, que está convosco, por gerações eternas. O meu arco tenho posto nas nuvens; este será por sinal da aliança entre mim e a terra. E acontecerá que, quando eu trouxer nuvens sobre a terra, aparecerá o arco nas nuvens. Então me lembrarei da minha aliança, que está entre mim e vós, e entre toda a alma vivente de toda a carne; e as águas não se tornarão mais em dilúvio para destruir toda a carne. E estará o arco nas nuvens, e eu o verei, para me lembrar da aliança eterna entre Deus e toda a alma vivente de toda a carne, que está sobre a terra”.

Deus prometeu que não destruiria mais toda a carne, ou seja, não haveria mais um dilúvio universal. Isso não significa que não haveria tsunamis, enchentes, marés altas, ressacas, etc. Mas até mesmo esta afirmação de Deus deve ser compreendida com bom senso, pois ao dizer que as águas do dilúvio destruíram “toda a carne”, obviamente ele não estava se referindo à carne dos peixes e outros animais marinhos.


Posso viver despreocupado com o pecado?

Às vezes a gente avança o passo e não percebemos que há lacunas naquilo que expressamos. Ao falar que somos salvos por graça somente, que o crente não entrará em juízo, e que o Tribunal de Cristo (e não o Grande Trono Branco de Apocalipse) não é um julgamento para ver quem vai para o céu e quem vai para o inferno, mas uma avaliação das obras que praticamos para receber ou não galardão (prêmio), eu NÃO DISSE que podemos viver sem preocupações com o pecado e tampouco que não importa o que façamos. Você não entendeu o que eu disse. Vamos passo a passo:

Você crê na Palavra de Deus?

(2Tm 3:16) “Toda Escritura divinamente inspirada é proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça,”.

Você crê que Jesus é Deus vindo em carne?

(1 João 4:2) “Nisto conhecereis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus;”.

(1 João 5:20) “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna”.

Você crê que a morte dele na cruz tirou o pecado (singular) do mundo?

(Jo 1:29) “No dia seguinte, João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo”.

(Hb 9:26) Doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo”.

Você crê que ele levou sobre si os pecados (plural) de muitos?

(Hb 9:28) “Assim também Cristo, oferecendo-se uma vez, para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam para a salvação”.

Você crê que ele levou sobre si os SEUS (de você) pecados?

(1 Pe 2:24) “Levando ele mesmo em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas suas feridas fostes sarados”.

Você crê que você tem a vida eterna?

(1 João 5:12) “Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida”.

Você crê que já passou da morte para a vida no momento em que creu?

(Jo 5:24) “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida”.

Você crê que não entrará em condenação?

(Jo 3:18) “Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus”.

Você crê que NENHUMA condenação há para você agora?

(Rm 8:1) “Portanto, agora, nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus”.

Você crê que nada e nem ninguém (nem mesmo você) pode arrancar você das mãos do Pai?

(Jo 10:28) “E dou-lhes a vida eterna, e NUNCA hão de perecer, e NINGUÉM as arrebatará das minhas mãos”.

(Jo 10:29) “Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e NINGUÉM pode arrebatá-las das mãos de meu Pai”.

Você crê que não foi de si mesmo que você foi a Jesus, mas o Pai deu você a Jesus de antemão?

(Jo 6:44) “Ninguém pode vir a mim, se o Pai, que me enviou, o não trouxer; e eu o ressuscitarei no último Dia”.

Você crê que foi eleito e predestinado por Deus para a salvação?

(Ef 1:4) “como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em caridade, e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual [ELE] nos fez agradáveis a si no Amado. Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, que ele tornou abundante para conosco em toda a sabedoria e prudência descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade”.

Se responder sim, então é exatamente o que também creio. Se responder não, então é melhor buscar na Palavra de Deus porque tudo isso é afirmado claramente lá.

Então, se Jesus levou sobre Si os seus pecados, quando você entrar na presença de Deus onde estarão os seus pecados? Terão sido levados por Jesus, e nenhum mais restará que não tenha sido pago. Se achar que Jesus pagou só os que você cometeu até o dia de sua conversão, quem pagará pelos outros? (Hb 9:26) “Doutra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo; mas, agora, na consumação dos séculos, uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo”.

Eu também briguei muito antes de compreender a GRAÇA de Deus e que eu não tinha qualquer parte em minha salvação, pois até a fé para crer precisei receber de Deus. Quando percebi isso eu não apenas passei a considerar uma tremenda ofensa a Deus achar que pudesse existir em mim algo de bom que tivesse desejado Deus, como em meu novo homem passei a sentir aversão por tudo aquilo que pudesse desonrar meu Senhor e que foi a razão de Seu sofrimento na cruz.

Admitir que Deus nos elegesse antes da fundação do mundo e que recebemos a salvação por pura graça não é dar carta branca ao pecado, pelo contrário. Alguns acham que quando você tira da equação o terror de perder a salvação e ser lançado no lago de fogo muitos acabariam tratando o pecado com leviandade, mas o que acontece é o contrário. Valorizamos ainda mais a Pessoa e obra de Cristo na cruz.

Lembre-se de que terror era o que não faltava para o povo no Antigo Testamento. Enquanto o monte fumegava e o céu era iluminado por raios e a terra tremia ao som dos trovões, o povo de Israel adorava os bezerros de ouro ao pé do monte fumegante. O medo não leva ninguém a Deus. É com “cordas de amor” que Deus nos atrai ao Senhor Jesus.

(Os 11:4) “Atraí-os com cordas humanas, com cordas de amor; e fui para eles como os que tiram o jugo de sobre as suas queixadas; e lhes dei mantimento”.


Mario Persona é palestrante, professor e consultor de estratégias de comunicação e marketing e autor dos livros “O Evangelho em 3 Minutos Mateus”, “Quero um refil!”, “Crônicas para ler depois do fim do mundo”, “Dia de Mudança” (também em inglês como “Moving ON”), “Marketing de Gente”, “Marketing Tutti-Frutti”, “Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades”, “Receitas de Grandes Negócios” e “Crônicas de uma Internet de verão”.

Nas horas livres o autor dedica-se a escrever e traduzir textos e livros sobre a Palavra de Deus. Estes são publicados em:

3minutos.net O evangelho em 3 minutos (texto, vídeo e MP3)

3minutegospel.net O evangelho em 3 minutos em inglês

3minutospodcast.blogspot.com Podcast

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respondi.com.br Seleção de respostas sobre a Bíblia

stories.org.br Histórias de Verdade (inglês/português)

stories.org.br/chaday Comentários de N. Berry

stories.org.br/doze.html “Doze Cartas” E. Dennett

manjarcelestial.blogspot.com Edificação, exortação e consolação

aordemdedeus.blogspot.com Livro “God’s Order” B. Anstey.

questoesprofeticas.blogspot.com “Future Events” W. Scott

acontecimentosprofeticos.blogspot.com “Prophetic Events” B. Anstey

umcorpo.blogspot.com “The One Body in Practice” B. Anstey

aoseunome.blogspot.com “Questions Young People Ask“ Bruce Anstey

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dispensacao.blogspot.com “A Dispensational or a Covenantal Interpretation of Scripture Which Isaías the Truth?” B. Anstey

querocontar.net Blog de seu filho portador de paralisia cerebral.

Mario Persona participou também como autor convidado das coletâneas “Os 30+ em Atendimento e Vendas no Brasil”, “Gigantes do Marketing”, “Gigantes das Vendas”, “Educação 2007”, “Professor S.A.” e “Coleção Aprendiz Legal”, além de ter sido citado como “Case Mario Persona” no livro “Os 8 Pês do Marketing Digital”. Traduziu obras como “Marketing Internacional”, de Cateora e Graham, “Administração”, de Schermerhorn, “Liberte a Intuição”, de Roy Williams, além de diversos livros de comentários sobre a Bíblia.

É convidado com frequência para palestras, workshops e treinamentos de temas ligados a negócios, marketing, comunicação, vendas e desenvolvimento pessoal e profissional. Alguns temas são:

Gestão de Mudanças, Criatividade e Inovação, Clima Organizacional,

Gestão do Conhecimento, Comunicação, Marketing e Vendas, Satisfação do Cliente, Oratória, Marketing Pessoal, Qualidade Vida-Trabalho, Administração do Tempo, Segurança no Trabalho, Controle do Stress e Meio-Ambiente

Livros por Mario Persona:

Crônicas de uma Internet de Verão

Receitas de Grandes Negócios

Marketing Tutti-Frutti

Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades

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Crônicas para ler depois do fim do mundo

Eu quero um refil!

Meu carro sumiu!

O Evangelho em 3 Minutos Mateus

O Evangelho em 3 Minutos João

O que respondi Volumes 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9

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