O Evangelho em 3 Minutos - Lucas (Parte 1)
O Evangelho em 3 Minutos
- LUCAS -
Uma mensagem urgente para quem tem pressa.
por
Mario Persona
Smashwords Edition
ISBN:
Publicado por:
Mario Persona no Smashwords
Copyright © 2015 by Mario Persona http://mariopersona.com.br
Capa: Valentina Pinova - fiverr.com/vikiana
Foto: Jay Simmons - rgbstock.com/user/jazza
As citações são da Bíblia nas da versão NVI - Nova Versão Internacional em função do estilo coloquial adotado originalmente para o formato vídeo. Onde esta versão não concedia a clareza necessária para transmitir a ideia do texto foram utilizadas outras versões, como a ACF - Almeida Corrigida Fiel, ARC - Almeida Revista e Corrigida, ARA - Almeida Revista e Atualizada, JND - John Nelson Darby ou eventualmente uma tradução livre baseada nestas versões.
Este livro pode ser reproduzido, copiado e distribuído sem fins comerciais, desde que o texto permaneça na sua forma original. Apreciamos seu apoio e respeito a esta propriedade intelectual.
Livros por Mario Persona:
Crônicas de uma Internet de Verão
Gestão de Mudanças em Tempos de Oportunidades
Crônicas para ler depois do fim do mundo
Laura Loft - Diário de uma recepcionista
O Evangelho em 3 Minutos - Mateus
O Evangelho em 3 Minutos - João
Coleção“O que respondi aos que me perguntaram sobre a Bíblia” (9 volumes)
Os livros e e-books de Mario Persona estão nos endereços:
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“Então o Senhor me respondeu, e disse: Escreve a visão e torna bem legível sobre tábuas, para que a possa ler quem passa correndo”
Prefácio
Em 2008 decidi publicar uma série de mensagens evangelísticas em formato vídeo na Internet, aproveitando a experiência que havia adquirido desde 2006 publicando meus vídeos profissionais no canal “TV Barbante” no Youtube, criei a série “O Evangelho em 3 Minutos”.
Durante minha leitura dos Evangelhos em meu notebook eu consultava comentários de outros autores e fazia anotações que seriam transformadas nessas mensagens. Sempre que o assunto exigia, comentava passagens de outros livros, antes de voltar ao texto do evangelho em questão. Cada comentário tinha um número aproximado de palavras que permitisse a leitura em pouco mais de três minutos. Nos finais de semana eu gravava em vídeo as mensagens em casa, os quais eram depois publicados na Web em versão vídeo, texto e áudio. O texto deste livro é o resultado daquelas anotações.
Você irá reparar que os textos são enxutos, com frases curtas, linguagem coloquial e poucos recursos literários, pois foram criados na forma de script especialmente para locução. O objetivo principal das mensagens é o de evangelizar, todavia, considerando a enorme confusão de igrejas e doutrinas em que se transformou a cristandade, eventualmente falo de outros assuntos igualmente importantes para aqueles que já creem em Jesus.
Apesar de ler regularmente a Bíblia na versão Almeida Revista e Corrigida, nesta série de mensagens feitas inicialmente para serem narradas preferi utilizar as citações da Nova Versão Internacional, principalmente por esta usar um português mais coloquial. Sempre que necessário, seja por imprecisão da tradução da NVI, seja para tornar a passagem mais clara, faço as citações a partir da versão Almeida Corrigida ou Almeida Atualizada, além de eventualmente fazer uma tradução livre da versão J. N. Darby para a melhor compreensão da passagem. Pela própria informalidade do meio vídeo, para o qual as mensagens foram criadas, o leitor entenderá que não está diante de uma obra erudita ou de um estudo aprofundado.
Optei também por não usar caixa alta na primeira letra dos pronomes relativos à divindade. Portanto, ao me referir ao Pai, Filho ou Espírito Santo, utilizo “ele” ao invés de “Ele” e “seu” em lugar de “Seu”. De maneira nenhuma isto implica em desrespeito ou irreverência, mas é apenas para manter o texto graficamente mais leve. Esta é também a forma adotada na maioria das edições da Bíblia. Na época em que foram escritos os manuscritos não havia maiúsculas ou minúsculas, mas todos os caracteres tinham o mesmo formato.
Para que você aproveite ao máximo a leitura deste livro, tenha sua Bíblia à mão e leia antes a passagem indicada no início de cada capítulo. Sem a leitura bíblica os meus comentários não farão muito sentido para você e você perderá boa parte da compreensão do contexto. No momento em que reviso este material para o formato livro, os vídeos na Web já receberam alguns milhões de visualizações. Provavelmente você encontrará algumas falhas de digitação por ser um trabalho feito nas horas vagas, mas estas poderão ser corrigidas numa futura edição. Que Deus possa ser glorificado neste trabalho e que muitas almas sejam salvas e abençoadas por sua Palavra.
Mario Persona
3minutos.net
Novembro, 2015
Lucas
Cada evangelho apresenta Jesus em um diferente caráter. Mateus mostra o Rei prometido a Israel e seu texto é repleto de expressões do tipo “cumpriu-se o que fora dito pelo profeta”. Ali a genealogia de Jesus é desde o Rei Davi. Mateus, um coletor de impostos, conhecia os assuntos do governo real, enquanto Marcos é visto em Atos atuando como servo dos apóstolos. Seu evangelho revela o Servo Jesus, portanto não espere encontrar uma genealogia no currículo de um servo.
No evangelho de João, Jesus é o Deus eterno, sem começo nem fim, e mesmo assim acessível ao homem. João é o “discípulo amado”, aquele que se reclinava sobre o peito de Jesus. Agora temos Lucas, um médico, descrevendo Jesus do modo como só um médico poderia fazê-lo: como um ser humano. Neste evangelho a genealogia começa em Adão, o primeiro exemplar de humanidade.
Rei, Servo, Homem e Deus. É assim que Jesus é apresentado nos evangelhos. Qualquer coisa menos que isso não vem de Deus. E por falar em Escrituras, Lucas nos dá uma boa pista de como elas foram inspiradas. Lucas, ao contrário dos outros três evangelistas, aparentemente não teve contato direto com Jesus. Ele não foi um apóstolo, como foram Mateus e João, e mesmo assim Deus quis usá-lo para apresentar o Filho eterno de Deus.
Os primeiros quatro versículos nos ajudam a entender que os textos inspirados não foram psicografados ou escritos sob algum tipo de transe mediúnico. Os escritores não foram usados como meras carcaças possuídas, mas estavam no total controle de suas faculdades mentais. Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, deixa claro que “Os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas. Pois Deus não é Deus de desordem, mas de paz” (1 Co 14:32-33).
Aquele que profere algo da parte de Deus — e este é o sentido de profetizar — não perde o controle de si, não muda o tom da voz e nem se debate como se fosse um fantoche de alguma entidade espiritual. Isso você encontra nos rituais pagãos e demoníacos, não nas coisas de Deus. Portanto esteja ciente de que nem tudo o que é apresentado hoje como vindo de Deus vem realmente de Deus. Histeria, fingimento e possessão demoníaca estão entre as coisas que fazem alguém perder o controle de si querendo se passar por profeta de Deus.
Devemos ser sábios, prudentes e diligentes para discernir o que é de Deus e o que não é, e nos próximos 3 minutos veremos Lucas fazendo assim, enquanto relata a Teófilo este interessantíssimo relato da vida de Jesus. Mas quem é Teófilo? Saiba nos próximos 3 minutos.
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A inspiração divina
A Bíblia não diz quem era Teófilo, mas é fácil imaginar que pode ser qualquer um, inclusive eu e você. O nome grego é composto por duas palavras, “Teo”, que significa “Deus”, e “filo”, que é “Amigo”. Se você é amigo de Deus, então Teófilo é você. No livro de Atos, Lucas continua escrevendo a Teófilo, portanto aquele livro é a continuação deste evangelho.
A Bíblia é um conjunto de livros, cada um trazendo o estilo característico de seu autor humano e da inspiração divina. Deus não suprimiu as características individuais dos instrumentos que inspirou, assim como o músico não suprime as características do instrumento que toca — e todo músico sabe que mesmo dois instrumentos idênticos emitem, cada um, o seu som característico.
Como um jornalista em um trabalho investigativo, Lucas fez uma pesquisa minuciosa, entrevistando pessoas que conviveram com Jesus. Seu evangelho, o mais detalhado dos quatro, foi escrito uns 30 anos após a morte e ressurreição de Jesus, quando muitas testemunhas dos fatos ainda viviam. A hora era perfeita para evitar a distorção causada pela tradição oral. Mas será que isto quer dizer que o texto não é inspirado? Ao contrário, isto mostra que Lucas não escreveu uma lenda, mas baseou-se em fatos.
A prova da inspiração você descobre nos detalhes impossíveis de serem conhecidos por Lucas ou seus entrevistados. É o caso das impressões, sentimentos e eventos reservados. Por exemplo, como Lucas iria saber que Zacarias e Isabel “eram justos aos olhos de Deus”, se o próprio Deus não tivesse lhe revelado esta impressão? Ou como poderia escrever da angústia de Jesus em sua oração no Monte das Oliveiras? Ou de seu suor, como gotas de sangue e do anjo que o confortava, se os discípulos estavam dormindo e ninguém mais viu aquilo?
Veja que interessantes estas duas citações de 1 Timóteo 5:18: “A Escritura diz: ‘Não amordace o boi enquanto está debulhando o cereal’, e ‘o trabalhador merece o seu salário’”. Paulo cita uma passagem do Antigo Testamento e outra de Lucas 10, chamando ambas de “A Escritura”, termo sempre usado para a Palavra de Deus. Paulo, que escreveu pouco depois de Lucas, já atribuía ao seu texto o status de Sagradas Escrituras. E Pedro, no capítulo 3 de sua segunda carta, chama de “escrituras” também as cartas de Paulo.
Crer em Jesus implica crer também na Bíblia como a Palavra de Deus. Afinal, como você teria conhecido Jesus se não fosse pela revelação feita aos quatro evangelistas e confirmada pelas epístolas dos apóstolos? Nos próximos 3 minutos vamos conhecer Zacarias.
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Resposta tardia
Zacarias é um dos sacerdotes que se revezam no serviço do templo de Jerusalém. Sua posição é privilegiada, porém, apesar de sempre ter orado por um filho, sua esposa Isabel é estéril e eles já são velhos. Para um judeu, cujas bênçãos incluíam saúde, filhos e prosperidade, a esterilidade era motivo de tristeza e desonra.
Ao entrar no templo para oferecer incenso, Zacarias não imagina a surpresa que o espera: um anjo em pé à direita do altar de incenso. Zacarias leva o maior susto, mas o anjo o tranquiliza. Apresenta-se como Gabriel e avisa que sua oração foi ouvida: sua esposa dará à luz um filho que será chamado João. Ele será grande diante do Senhor e converterá muitos dos filhos de Israel ao Senhor seu Deus.
Se você entrasse em um lugar que era para estar vazio, e encontrasse alguém dizendo ser um anjo e anunciando que sua mulher idosa e estéril ficaria grávida de uma celebridade, você acreditaria? Nem Zacarias acreditou, e por causa de sua incredulidade ele ficará mudo até o nascimento da criança. Ao sair do templo ele só consegue se comunicar por sinais ou escrevendo. Mas sua incredulidade o impede de falar das grandes coisas que Deus preparou para ele.
A incredulidade nos priva de muitos privilégios. Durante anos Zacarias orou por aquela criança, e agora que Deus avisa que a encomenda está a caminho, ele duvida! Faz lembrar o caso de um grupo de lavradores que decidiram orar pedindo chuva. Enquanto caminhavam sob um céu sem nuvens até o lugar combinado, achavam graça da filhinha de um deles que levava um guarda-chuva debaixo do braço. Foi a única que voltou para casa de roupa seca.
A carta de Tiago, capítulo 5, diz: “A oração de um justo é poderosa e eficaz. Elias era humano como nós. Ele orou fervorosamente para que não chovesse, e não choveu sobre a terra durante três anos e meio. Orou outra vez, e o céu enviou chuva” (Tg 5:16-18). Elias era alguém igualzinho a você, com defeitos, temores e inquietações. Mesmo assim ele orou e Deus atendeu.
Sabia que você pode contar com Deus em oração? Mas espere! Deus não é um mordomo ao seu comando. Ele sempre responde às nossas orações, mas às vezes a resposta é “Não!”. Outras vezes nós nem oramos e ele segue adiante com seus planos, porque é Deus. E é isso que irá fazer nos próximos 3 minutos, enviando o mesmo anjo Gabriel a uma jovem recém-saída da adolescência, para avisá-la de que ela ganhará um bebê. Porém a jovem Maria é solteira e virgem.
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Uma jovem singular
Zacarias e Isabel oravam por um filho e Deus atendeu suas orações, apesar de serem velhos e terem dúvidas se Deus responderia. Agora a visita do anjo não é a um velho sacerdote no templo de Jerusalém, mas a uma jovem chamada Maria.
Lucas não revela sua idade, mas naquela época e lugar as meninas deviam ter no mínimo 12 anos para se casarem, e os meninos 13. Maria deve ter entre 12 e 14 anos. Ela ainda não é casada com José, apenas desposada, uma espécie de noivado com status de casamento, porém sem relações sexuais. Maria é a virgem.
Mas por que dizer que ela é a virgem e não uma virgem? Porque é assim que Deus a chama na profecia de Isaías: “Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel” (Is 7:14). Setecentos anos antes Deus já tinha escolhido o ventre no qual seu Filho assumiria a forma humana.
Ela já tinha sido mencionada na primeira vez em que o evangelho foi proclamado no jardim do Éden. Em Gênesis lemos que Deus avisou Satanás: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3:15). A mulher seria Maria, e seu descendente, Jesus.
Por isso o anjo a chama de agraciada, isto é, beneficiada com graça. Ele não a chama de “cheia de graça”, como alguns costumam dizer, pois isto faria dela a fonte de graça, o que obviamente ela não é.
Imagine se você fosse uma jovem de treze anos e um homem aparecesse dentro de sua casa dizendo ser um anjo. Como você reagiria? Ficaria perturbada, como Maria fica aqui. Gabriel a tranquiliza explicando que ela tinha sido agraciada por Deus. Talvez ela ficasse mais tranquila se ele não continuasse a mensagem:
“Você ficará grávida e dará à luz um filho, e lhe porá o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi, e ele reinará para sempre sobre o povo de Jacó; seu Reino jamais terá fim” (Lucas 1:31-33).
Como se a presença de um anjo já não fosse demais para ela, o que ele diz é de tirar o fôlego: ela irá engravidar, o filho terá um nome que significa “Jeová é o Salvador”, será um grande homem e ao mesmo tempo divino, o Filho do Altíssimo. Ele assumirá o trono de Davi e seu reino não terá fim.
Que Deus preparou Maria para isso não há dúvida. Que garota teria recebido tal informação sem desmaiar ou se desesperar? Maria não duvida do anjo, mas ela tem apenas uma pergunta, que faz nos próximos 3 minutos.
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Um Deus próximo e acessível
Maria não se desespera e nem duvida, ao ouvir da boca do anjo a notícia de que ela será mãe do Filho de Deus e futuro Rei de um reino sem fim. Deus a escolheu e a preparou para este momento. Ela teria o privilégio de ser a mãe de Jesus, mas antes Deus achou por bem avisá-la de seus planos. Este é o modo de Deus.
Embora nem sempre possamos conhecer todos os seus desígnios, ou compreender os que conhecemos, Deus gosta de se comunicar conosco e contar aquilo que acha importante sabermos. Ele fez assim quando o próprio Jesus, muito tempo antes de nascer aqui em um corpo de carne, apareceu em forma humana a Abraão acompanhado de dois anjos.
O objetivo da visita era avisar Abraão e Sara, já nos seus cem e noventa anos de idade respectivamente, que eles teriam um filho apesar de Sara ter sido estéril até ali. Ela não pôde deixar de rir da notícia, sendo repreendida pelo Senhor: “Existe alguma coisa impossível para o Senhor?” (Gn 18:14). Mas a visita ainda não tinha terminado. Abraão teria uma prova de quão perto e acessível é o Senhor daqueles que são seus e têm comunhão com ele.
“Então o Senhor disse: ‘Esconderei de Abraão o que estou para fazer?’”. O que ele estava para fazer era destruir Sodoma e Gomorra por causa do nível de iniquidade que seus habitantes tinham atingido. O Senhor não só dá a Abraão uma informação privilegiada, como permite que ele interceda pela população.
“Abraão aproximou-se dele e disse: ‘Exterminarás o justo com o ímpio? E se houver cinquenta justos na cidade? Ainda a destruirás e não pouparás o lugar por amor aos cinquenta justos que nele estão? Longe de ti fazer tal coisa: matar o justo com o ímpio, tratando o justo e o ímpio da mesma maneira. Longe de ti! Não agirá com justiça o Juiz de toda a terra?’. Respondeu o Senhor: ‘Se eu encontrar cinquenta justos em Sodoma, pouparei a cidade toda por amor a eles’” (Gn 18:22-33).
Abraão foi reduzindo o número de beneficiados por sua intercessão — 45, 40, 30, 20 e 10 —, sempre recebendo do Senhor a garantia de que não destruiria a cidade se encontrasse aquele número de justos. Infelizmente para os habitantes de Sodoma a intercessão de Abraão parou nos dez e Deus encontrou apenas quatro pessoas em condições de serem salvas da destruição: Ló, sobrinho de Abraão, sua esposa e duas filhas.
Por confiar no anjo Gabriel e no Deus acessível que o enviara para avisá-la que ela será a mãe do Filho de Deus, Maria sente-se à vontade para fazer a pergunta que não quer calar: “Como acontecerá isso, se sou virgem?” (Lucas 1:34). Nos próximos 3 minutos o anjo responde.
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Verdadeiro Deus
Gabriel não deixa Maria em suspense. Afinal, ela quer saber como poderá ser uma virgem mãe, e ainda mais de alguém tão extraordinário. Ele explica a Maria o inexplicável: “O Espírito Santo virá sobre você, e o poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra. Assim, o Santo que há de nascer será chamado Filho de Deus” (Lucas 1:35).
Tente imaginar a cena: Maria, uma jovem comum, morando em Nazaré, cidade da qual os judeus costumavam dizer que nenhuma coisa boa podia vir dali (Jo 1:46), e noiva do jovem José, que logo ficará sabendo que ela está grávida de outro. A coisa toda já seria estranha sem a informação de que tal concepção será virginal.
Mas o assunto de Deus em sua Palavra não é Maria, e sim Jesus. Tudo, de Gênesis a Apocalipse, gira em torno dele e felizes aqueles que são figurantes nos eventos estrelados pelo Filho de Deus. Maria é uma privilegiada, porém não foi por meio dela e para ela que Deus criou todas as coisas. Foi por Jesus e para Jesus.
“Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito. Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens” — diz João na abertura de seu evangelho. Maria é mencionada pela última vez no início do livro de Atos. Ela não é mencionada nas epístolas ou cartas dos apóstolos.
A concepção virginal é uma verdade fundamental do cristianismo e qualquer pessoa ou religião que não a confesse não é de Deus. Trata-se de um evento sobrenatural, uma concepção do Espírito Santo. Outro ponto importante é que Jesus já existia antes. A concepção é o início apenas de sua história humana. João, em seu evangelho, explica que Jesus existia desde o princípio, ou seja, na eternidade, e em sua primeira epístola o chama de “Verdadeiro Deus”. Em Isaías 9:6, o mesmo versículo que anuncia sua vinda como um menino, ele é chamado de “Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz”.
Entenda também que Jesus já era Filho de Deus antes mesmo de vir em um corpo de carne, por ser uma das três Pessoas divinas da Trindade, juntamente com o Pai e o Espírito Santo. Ele era Filho de Deus antes, foi Filho de Deus durante sua vida aqui, e é Filho de Deus para sempre como Homem ressuscitado e glorificado. Ao nascer como um ser humano ele assumiu também títulos de Filho do Homem e Filho de Davi, ascendência garantida por sua linhagem humana.
Nos próximos 3 minutos veja qual foi a reação de Maria a tudo isso.
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Crendo sem razão
Ao contrário de Zacarias, que duvidou que sua esposa teria um filho, Maria não duvida. Apesar daquela estranha visita, ela crê no que o anjo diz: “nada é impossível para Deus” (Lucas 1:37). Maria reage como eu e você deveríamos reagir quando encontrássemos na Bíblia algo extraordinário demais para a razão. “Eis aqui a serva do Senhor; cumpra-se em mim segundo a tua palavra”, diz Maria em uma atitude de total confiança e resignação.
O que tinha Maria para encarar a situação com tamanha tranquilidade? A fé que vem de um trabalho do Espírito Santo na alma. A fé e a disposição de crer no invisível. A mesma fé necessária para entender que “o universo foi formado pela Palavra de Deus, de modo que o que se vê não foi feito do que é visível” (Hb 11:3); a mesma fé da qual Paulo diz: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2:8-9).
O apóstolo Paulo escreveu que “quem não tem o Espírito não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente”, e também que “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam” (1 Co 2:6-14).
Portanto, nem perca seu tempo tentando entender como Deus pode ser Um e ao mesmo tempo Pai, Filho e Espírito Santo. Ou como Jesus pôde vir ao mundo sem a participação de um pai humano; ou como a infinitude de Deus podia caber em um minúsculo embrião. E nem gaste fosfato usando a razão para compreender como aquele bebê indefeso viveu da infância à idade adulta, e terminou no céu como um Homem de carne e ossos.
Você pode crer em Jesus, pode amá-lo e conhecê-lo como seu Salvador, mas não poderá entender o mistério de sua humanidade. “Ninguém conhece o Filho a não ser o Pai”, disse Mateus em seu evangelho (Mt 11:27). A fé cristã se baseia no fato de que Deus esteve no mundo em um corpo de carne, Jesus, e que este foi feito pecado por nós e entregou sua vida numa cruz. É impossível Deus morrer, mas Jesus morreu e ele nunca deixou de ser Deus. Entendeu? Nem eu. Mas eu creio mesmo assim.
Nos próximos 3 minutos acompanharemos Maria em sua visita à casa de Isabel para ouvi-las cantar.
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As grávidas se encontram
Maria, grávida de Jesus, faz uma visita a Isabel, grávida de João Batista. O encontro faz com que o bebê no ventre de Isabel fique agitado. Esta, cheia do Espírito Santo, começa a salmodiar e a bendizer Maria e o bebê em seu ventre. Aqueles mais familiarizados com a Palavra de Deus sabem que uma das consequências de se estar cheio do Espírito é falar “com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando de coração ao Senhor” (Ef 5:19).
Duas coisas chamam a atenção nas palavras de Isabel. A primeira é que ela chama Maria de “mãe de meu Senhor”. Isabel reconhece que Jesus, ainda no ventre de Maria, é o Messias prometido a Israel. Maria passou a ser a mãe de Jesus quando ele foi concebido em carne no seu ventre. Apesar de Jesus ser Deus, em nenhum lugar na Bíblia você verá Maria sendo chamada de “mãe de Deus”. Chamar Maria de “mãe de Deus” é o mesmo que dizer que Deus não existia antes de Maria.
“Feliz é aquela que creu que se cumprirá aquilo que o Senhor lhe disse” (Lucas 1:45) — diz Isabel. Talvez ela esteja apontando o contraste entre a fé de Maria e a incredulidade de seu marido Zacarias, que ficou mudo por não acreditar no que o anjo lhe havia dito. Maria, ao contrário, creu e isto faz com que nos próximos versículos a sua boca se abra em louvor e adoração a Deus.
Uma das consequências da fé é a boca se abrir em testemunho, louvor e adoração. Você não se torna cristão por falar de Cristo, mas fala de Cristo por ser cristão. O apóstolo Paulo diz em sua segunda carta aos coríntios: “Cri, por isso falei. Com esse mesmo espírito de fé nós também cremos e, por isso, falamos, porque sabemos que aquele que ressuscitou ao Senhor Jesus dentre os mortos, também nos ressuscitará com Jesus” (2 Co 4:13-14).
O primeiro passo que você deve dar para ser salvo é falar com Deus, confessando sua condição de pecador e pedindo por salvação. Não por seus próprios méritos, sua caridade ou boas obras, mas confiando que Jesus pagou na cruz por todos os pecados que você cometeu e cometerá até o fim de sua vida aqui. Você deve reconhecer que Jesus é Senhor, dono absoluto do seu ser. Paulo expressa isso assim: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação” (Rm 10:9-10).
Não deixe de fazer isso já, ou você não irá entender por que nos próximos 3 minutos Maria dirá que é pecadora e necessitada de um Salvador.
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O Salvador de Maria
Quando Isabel termina seu cântico bendizendo a Maria e ao fruto de seu ventre, é a vez de Maria dar início ao seu belíssimo cântico, que lembra em muitos aspectos o cântico de Ana, mãe do profeta Samuel, no Antigo Testamento. O cântico de Maria não é de exaltação própria, mas de reconhecimento de sua origem humilde e da graça que sobre ela foi derramada por Deus, dando a ela o privilégio de abrigar em seu ventre Jesus, o Salvador.
Suas primeiras palavras apontam o caminho para qualquer um que queira se aproximar de Deus: Primeiro, reconhecer e engrandecer o Senhor e, segundo, confessar sua condição de pecador e necessitado de um Salvador. É o que Maria faz ao dizer “a minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador” (Lucas 1:46). Maria não teria chamado a Deus de “meu Salvador” se não necessitasse de salvação como qualquer pecador. Eu acredito no que Maria disse, e espero que você não esteja entre os que duvidam dela.
No Antigo Testamento você encontra pelo menos três vezes a frase “não há quem não peque” (1 Rs 8:46; 2 Cr 6:36; Ec 7:20). Paulo cita uma dessas passagens na carta aos romanos ao dizer: “Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer” (Rm 3:10-12). Ele está falando de mim, de você, de Maria e de todos os seres humanos, com exceção de Jesus, que não teve pai humano. Todos igualmente pecadores e necessitados de chamar ao Senhor de “meu Salvador”.
Ao reconhecer-se necessitada de um Salvador, Maria não incorre no pecado da mentira, do qual João fala em sua primeira epístola: “Se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmarmos que não temos cometido pecado, fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1:8-10).
A pior coisa que alguém pode afirmar é que não é pecador. Os fariseus eram assim, e mais tarde Jesus diria a eles que “não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento” (Lucas 5:31-32). Os que dizem que Maria era sem pecado podem ter boa intenção, mas não têm base bíblica. Jesus é o único que nasceu sem pecado e nem poderia pecar, por ser Deus e Homem.
Nos próximos 3 minutos Isabel tem um filho.
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O louvor de Zacarias
Isabel dá à luz um filho e os parentes acreditam que ele será chamado de Zacarias, o nome de seu pai. Mas ao oitavo dia Isabel revela que seu nome será João. Os parentes então “fizeram sinais ao pai do menino, para saber como queria que a criança se chamasse” (Lucas 1:62).
Zacarias havia ficado mudo por causa de sua incredulidade, quando o anjo anunciou que Isabel lhe daria um filho em sua velhice. Seus parentes precisam fazer sinais para perguntar o nome do bebê, o que sugere que ele também tenha ficado surdo. A incredulidade não apenas impede que você fale de Deus; a incredulidade também impede que você escute o que Deus quer falar a você.
Zacarias escreve numa tabuinha que o nome do menino será João, pondo fim à sua incredulidade e acatando o que Deus lhe havia preparado. Agora, cheio do Espírito Santo, ele passa a falar do que Deus fez. O normal seria que suas palavras fossem de agradecimento a Deus apenas por aquela criança, mas é de outra criança que Zacarias mais fala: de Jesus, o Cristo, o Messias prometido a Israel.
Embora Jesus ainda estivesse no ventre de Maria,
Zacarias coloca os verbos no passado, como se tudo já tivesse acontecido. Somente o Espírito Santo pode nos dar esta perspectiva, olhando para as promessas futuras de Deus como tão reais, que é como se já tivessem se concretizado.
Zacarias louva a Deus “porque visitou e redimiu o seu povo… promoveu poderosa salvação… na linhagem de seu servo Davi como falara pelos seus santos profetas, na antiguidade, salvando-nos dos nossos inimigos… para mostrar sua misericórdia aos nossos antepassados e lembrar sua santa aliança, o juramento que fez ao nosso pai Abraão…” (Lucas 1:68-75).
Mas espere um pouco! O que eu tenho a ver com o povo de Israel, do qual Zacarias faz parte? De que me interessa o que disseram os antigos profetas de um povo do Oriente Médio? De que inimigos ele está falando? Se o nome de Zacarias fosse Ching Ling, e no lugar de “Israel” estivesse escrito “China”, será que suas palavras fariam sentido para você. A menos que sejamos israelitas, o que não é o meu caso, nada disso faz sentido para quem pertence a outro povo, com outra história, outras tradições e outros antepassados.
Certamente o que Zacarias está falando não é para mim, e você vai entender melhor o que estou dizendo quando dissecarmos a Bíblia nos próximos 3 minutos.
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Dissecando a Palavra
O louvor de Zacarias, pai de João Batista, não faz sentido para quem não é judeu, descendente de israelitas e vivendo na expectativa do estabelecimento do Reino prometido ao rei Davi, com a destruição de seus inimigos. Para quem nasceu no Brasil, é descendente de europeus, africanos, asiáticos, Etc. e não tem sangue judeu, as palavras de Zacarias parecem uma carta enviada ao endereço errado.
Quando o apóstolo Paulo escreveu ao jovem Timóteo, ele disse algo muito importante: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” (2Tm 2:15). O verbo traduzido em nossas versões por “manejar” tem no original grego o sentido de “dissecar”. Isto mesmo, como faz um médico legista com seu bisturi, separando e identificando cada órgão e sua função no corpo.
Devemos fazer o mesmo com a Palavra de Deus, dividindo, separando e identificando cada passagem para aplicá-la da maneira correta. Isto se faz perguntando: O que Deus disse? A quem falou? Quando? Onde? Em que circunstâncias? Com que objetivo? Visando qual povo, época e lugar?
Por exemplo, muita gente tenta encaixar no cristianismo coisas que foram ditas explicitamente no contexto do judaísmo. O resultado é a confusão de doutrinas e igrejas que você encontra na cristandade, além de uma multidão de pessoas decepcionadas porque as promessas que viram no Antigo Testamento ou mesmo nos Evangelhos não funcionaram para elas. Não funcionaram porque não eram para elas.
O cristão precisa aprender a dissecar a Palavra da Verdade e entender como dividir a história da humanidade a fim de entender como as coisas se encaixam nas diferentes dispensações. Por exemplo, em Efésios 3:2 você encontra mencionada a “dispensação da graça de Deus”. O verbo “dispensar” significa conceder algo dentro de certas condições. E foi o que Deus fez com os homens: em diferentes momentos da história ele concedeu condições, responsabilidades e promessas distintas aos homens, tratando-os de um modo distinto em cada dispensação.
Nos próximos 3 minutos vamos fazer algumas incisões na Palavra de Deus para identificar as principais dispensações ou maneiras de Deus tratar com os seres humanos.
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Dispensações
A palavra grega usada para dispensação significa literalmente “administração de uma casa” ou “Economia”. Na Bíblia tem o sentido de o modo de Deus tratar com o homem de diferentes maneiras nas diferentes épocas. No jardim do Éden Deus tratou com o homem em um estado de inocência. De Adão e Eva exigia-se apenas obediência a uma única ordem, havendo uma pena para o caso de falharem. E eles falharam ao duvidarem de Deus e darem crédito a Satanás.
Com a queda o homem deixou de ser inocente e se tornou responsável. Deus passou a tratá-lo com base na consciência que o homem passou a ter do bem e do mal, muito embora fosse incapaz de evitar o mal e não tivesse poder para praticar o bem. Do mesmo modo como ocorreu com dispensação da inocência, a dispensação da consciência terminou em ruína. A degradação do ser humano chegou a tal ponto que Deus precisou destruir o mundo com um dilúvio.
A única família salva foi a de Noé, que inaugurou a dispensação do governo, por ter sido ele a primeira pessoa a ser revestida por Deus de autoridade para julgar seus semelhantes e aplicar a pena de morte quando necessário. Essa dispensação terminou igualmente em ruína. A torre que os homens construíram em Babel atraiu o juízo de Deus, que confundiu suas línguas e os dispersou.
Veio então a dispensação da promessa, quando Deus ordenou que Abraão saísse da terra dos caldeus e fosse para uma terra que lhe seria dada por herança. Abraão saiu tão somente por fé, sem saber qual seria o seu destino. Aquela dispensação da promessa terminou em ruína, com seus descendentes escravizados no Egito.
Após libertos da escravidão os israelitas receberam a dispensação da Lei, que era na base da causa e efeito: faça isso e viverá; faça aquilo e morrerá; obedeça e será abençoado; desobedeça e será amaldiçoado. Mais uma vez o homem fracassou e Deus inaugurou a dispensação da graça enviando o seu Filho. Com a vinda de Jesus “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões” (2 Co 5:19).
A história do homem na terra termina com a dispensação do Reino de Cristo durante o milênio. Ela é também chamada de “dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10). Se os profetas do Antigo Testamento olhassem para a história da humanidade como uma linha numa folha de papel, eles não conseguiriam ver uma parte que estaria escondida deles. Seria como se a folha tivesse sido dobrada na dispensação da graça de Deus. O que ficou escondido dos profetas do Antigo Testamento é o que veremos nos próximos 3 minutos.
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O Parêntese
O apóstolo João diz no primeiro capítulo de seu evangelho que “a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Ele revela assim um novo modo de Deus tratar com o homem, e dentro desse período vemos algo que não existia no Antigo Testamento e nem nos evangelhos: a igreja.
Jesus revelou em Mateus 16 que iria edificar a igreja em um tempo ainda futuro. Portanto a igreja não existia no tempo dos evangelhos, quando ainda vigorava o judaísmo. Se você fosse um discípulo de Jesus iria participar de todas as atividades, festas e costumes do judaísmo. Se fosse homem seria circuncidado, iria ao templo de Jerusalém, ofereceria sacrifícios de animais, daria o dízimo, não comeria carne de porco, não trabalharia no sábado, Etc. Você não seria cristão; você seria judeu.
Porém no capítulo 2 de Atos tudo muda: o Espírito Santo vem habitar na terra — na igreja, coletivamente, e em cada crente individualmente. Se o Filho de Deus nunca tinha habitado na terra antes, o mesmo aconteceu com o Espírito Santo. Com a morte, ressurreição e ascensão de Jesus, o Consolador pôde descer conforme havia sido prometido para habitar na terra, algo inédito até então. Deus colocava de lado a nação de Israel para tratar com um povo novo: a igreja, formada por judeus e gentios convertidos a Cristo. No passado Deus reconhecia a existência de dois tipos de pessoas: judeus e gentios. Agora ele reconhece três: judeus, gentios e igreja de Deus (1 Co 10:32).
O apóstolo Paulo, a quem foi confiado esse segredo que nenhum dos profetas do Antigo Testamento tinha previsto, também recebeu de Deus a revelação de que Israel seria deixado de lado por um tempo. É o parêntese, o período em que o relógio profético parou de bater até que termine o tempo da igreja na terra. Paulo fala disso aos romanos: “Irmãos, não quero que ignorem este mistério, para que não se tornem presunçosos: Israel experimentou um endurecimento em parte, até que chegasse a plenitude dos gentios” (Rm 11:25).
Quando o último membro for acrescentado ao corpo, que é a igreja, terá sido atingido a “plenitude dos gentios” e Cristo levará sua igreja para o céu. “Pois, dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares. E assim estaremos com o Senhor para sempre” (1Ts 4:16-17).
Mas o que acontecerá aos que forem deixados para trás nesse arrebatamento? É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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Deixados para trás
Nos últimos 3 minutos falei do fechamento da janela de oportunidade que é o tempo da igreja na terra. Assim que o último membro do corpo de Cristo for acrescentado, Jesus voltará para buscar os que lhe pertencem. No arrebatamento da igreja Jesus desce entre nuvens para se encontrar com os seus nos ares, a meio caminho do céu. Sete anos mais tarde, na sua vinda gloriosa para estabelecer o Reino, ele colocará os pés no chão, no Monte das Oliveiras.
O arrebatamento é o sinal para que o relógio profético volte a bater. As profecias do Antigo Testamento param na morte do Messias e destruição do templo e da cidade de Jerusalém. No capítulo 9 do livro do profeta Daniel faltavam apenas 7 anos para o Messias voltar para reinar, mas já se passaram mais de dois mil. É por isso que chamei o período da igreja de um parêntese na profecia; uma lacuna que os antigos profetas não sabiam que iria existir. Mas agora você sabe.
Nos sete anos após o arrebatamento ocorre o que você encontra em Daniel 9:27 e a partir do capítulo 4 de Apocalipse. O templo é reconstruído, o anticristo manifestado, o remanescente judeu fiel perseguido e martirizado, enquanto outros são preservados para entrarem no reino de mil anos de Cristo na terra.
É nessa época que o evangelho do Reino será pregado até os confins da terra, antes que venha o fim. É disso que fala Mateus 24, quando o remanescente judeu que perseverar até o fim ficará a salvo para entrar no reino. É quando Cristo vem para julgar as nações, como descreve o capítulo 25 de Mateus. As “ovelhas”, ou os que acolheram e protegeram o remanescente de judeus fiéis, terão o privilégio de participar do reino na terra. Os “bodes”, que perseguiram esses “pequeninos irmãos” de Jesus, serão mortos. Mas em que grupo estará quem escutou o evangelho e foi deixado para trás no arrebatamento? No grupo dos “bodes”.
O capítulo 2 de 2 Tessalonicenses explica que esses “rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade” (2Ts 2:10-12). Para quem hoje escuta o evangelho e não crê, o arrebatamento será como a morte: encerrará a chance de ser salvo. Apenas os que nunca ouviram o evangelho poderão crer nesse período; os demais crerão na mentira do anticristo. Portanto, se você planeja tomar uma decisão depois do arrebatamento, não se iluda. Deus irá obrigá-lo a crer na mentira, por ter rejeitado a verdade.
Nos próximos 3 minutos voltaremos ao evangelho de Lucas para descobrir como Deus irá resolver o problema de Jesus, que deve nascer em Belém.
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Belém
Maria creu nas palavras do anjo, de que de seu ventre sairia o Emanuel, ou “Deus conosco”. Afinal, mesmo sem ter uma relação sexual ela tinha ficado grávida após o Espírito Santo vir sobre ela e o poder do Altíssimo a cobrir com sua sombra. O bebê, chamado pelo anjo de “Filho de Deus”, foi chamado por Isabel de “Senhor”.
Maria e Isabel sabem da promessa feita pelo profeta Isaías: “Por isso o Senhor mesmo lhes dará um sinal: a virgem ficará grávida e dará à luz um filho, e o chamará Emanuel” ou “Deus conosco” (Is 7:14). O mesmo profeta previu: “Um menino nos nasceu… E ele será chamado Maravilhoso Conselheiro, Deus Poderoso, Pai Eterno, Príncipe da Paz. Ele estenderá o seu domínio, e haverá paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o seu reino, estabelecido e mantido com justiça e retidão, desde agora e para sempre” (Is 9:6-7).
Mas onde nasceria o menino? Maria sabe, pois o profeta Miquéias avisou: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre os milhares de Judá, de ti me sairá o que governará em Israel, e cujas saídas são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade” (Mq 5:2). Portanto Maria ficaria grávida virgem, seu filho seria o “Deus conosco”, ele assumiria o trono de Davi e estabeleceria um reino de paz sem fim. Por ser Deus, ele existiria “desde os dias da eternidade”.
Mas espere! O profeta Miquéias disse que o Messias nasceria em “Belém”? Maria mora em Nazaré, a 150 quilômetros de distância ou um mês de caminhada. Ou o bebê não é o Messias prometido a Israel, ou algo precisa acontecer para colocar aquela jovem grávida na hora e lugar previstos para o parto. É o que acontece no primeiro versículo do capítulo 2 de Lucas:
“Naqueles dias César Augusto publicou um decreto ordenando o recenseamento de todo o império romano… E todos iam para a sua cidade natal, a fim de alistar-se. Assim, José também foi da cidade de Nazaré da Galileia para a Judéia, para Belém, cidade de Davi, porque pertencia à casa e à linhagem de Davi. Ele foi a fim de alistar-se, com Maria” (Lucas 2:1-5).
O livro de Provérbios diz que “o coração do rei é como um rio controlado pelo Senhor; ele o dirige para onde quer” (Pv 21:1). Nem o imperador romano sabe que está sendo uma marionete nas mãos de Deus. Assim é com todos os governantes, por mais que eles acreditem que sejam eles que estão no controle.
Nos próximos 3 minutos José e Maria descobrem que no mundo não há vaga para Jesus.
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Não havia lugar
Vimos Deus movendo ao seu bel prazer o governante mais poderoso da terra para que Maria estivesse no lugar previsto pelo profeta para o nascimento de Jesus. Se, por um lado, Deus manipula os reis para cumprir seus propósitos, por outro ele chama os desprezíveis para fazerem parte de sua família. Por isso Tiago escreve: “Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tg 2:5).
Quem é verdadeiramente pobre não tem em que se agarrar no dia da necessidade; não se apoia em seus bens, na sua justiça, nas boas obras ou qualquer capacidade que possa usar como moeda de troca para sua salvação. Deus não quer os abastados, mas os necessitados; não busca os sãos, mas os enfermos; não se impressiona com os sábios, pois quer os loucos. Ao dirigir-se aos cristãos congregados na cidade de Corinto, o apóstolo Paulo escreveu:
“Pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele” (1 Co 1:26-29).
José e Maria são pobres, por isso não conseguem vaga em Belém. Sem dinheiro, poder ou influência, só lhes resta colocar o recém-nascido Jesus num caixote usado para alimentar o gado. Lucas explica a razão: “Porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2:7). Há dois mil anos Deus veio ao mundo na forma humana e não encontrou lugar.
Nada mudou desde então. Não se iluda com tantas religiões, catedrais e monumentos criados pelo homem: o mundo continua não tendo lugar para Jesus. Ao criticar os fariseus, que adoravam e serviam a Mamom, o “deus dinheiro”, Jesus afirmou: “Vocês são os que se justificam a si mesmos aos olhos dos homens, mas Deus conhece os corações de vocês. Aquilo que tem muito valor entre os homens é detestável aos olhos de Deus” (Lucas 16:15).
Se você tem procurado por Jesus entre os que vivem falando em dinheiro e buscando prosperidade, você está no lugar errado. “Porventura não escolheu Deus aos pobres deste mundo para serem ricos na fé, e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam?” (Tg 2:5). Ali não tem lugar para Jesus, nesses lugares onde você busca prosperidade.
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Numa manjedoura
Neste capítulo 2 do evangelho de Lucas fomos transportados dos ricos aposentos reais de César Augusto em Roma para um sujo estábulo em Belém, onde um casal pobre acomoda numa manjedoura o recém-nascido Jesus. “Porque não havia lugar para eles na hospedaria” (Lucas 2:7). Agora somos levados à zona rural, a alguns pastores de ovelhas do turno da noite, os menos qualificados daquela profissão.
“Um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles”, e o anjo lhes diz: “Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: hoje, na cidade de Davi, lhes nasceu o Salvador que é Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura”. Então “uma grande multidão do exército celestial apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo: ‘Glória a Deus nas alturas, e paz na terra aos homens aos quais ele concede o seu favor’” (Lucas 2:9-14).
O anúncio do Filho de Deus vindo ao planeta Terra na forma humana não é dado ao clero, mas a homens simples que trazem no peito um coração de criança para crer nas coisas de Deus. Por quê? Porque o clero judeu espera o Messias vindo em poder e glória e não acreditaria que o Salvador do mundo pudesse entrar em cena na forma de um “bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura”.
Se você busca a verdade, saiba que ela não está com os líderes religiosos. Estes estão muito ocupados com seus dogmas, cargos e posições para crerem na simplicidade da Palavra de Deus ou reconhecerem que a verdade é dada aos simples. O conhecimento de Deus não vem das faculdades de teologia, mas do que o Espírito Santo ensina por intermédio dos diferentes dons dados à igreja.
Em 1 Coríntios 14:26-40 há instruções claras de como os cristãos devem se reunir. “Quando vocês se reúnem… falem dois ou três, e os outros julguem cuidadosamente o que foi dito. Se vier uma revelação a alguém que está sentado, cale-se o primeiro. Pois vocês todos podem profetizar, cada um por sua vez, de forma que todos sejam instruídos e encorajados”. Repare que ali não há um líder à frente da congregação, pois é o Espírito Santo quem dirige a reunião e distribui os dons conforme ele quer. Acaso é assim no lugar onde você congrega? Se não for, prefira a ordem de Deus ao invés da organização do homem.
Nos próximos 3 minutos saiba o que acontece quando Jesus entra no mundo e na vida das pessoas.
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O impacto de Deus conosco
O mundo não será o mesmo a partir deste momento e três coisas marcam a chegada de Jesus ao planeta Terra. Primeiro, os céus se enchem de regozijo por Deus ter vindo ao mundo em forma humana. Os humildes pastores são envoltos pelo resplendor da glória de Deus e uma multidão dos exércitos celestiais irrompe em louvores dizendo: “Glória a Deus nas alturas”.
O apóstolo João mais tarde iria dizer: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, isto proclamamos a respeito da Palavra da vida. A vida se manifestou; nós a vimos e dela testemunhamos, e proclamamos a vocês a vida eterna, que estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 Jo 1:1-2).
O segundo efeito é que o mal e o pecado, que arruinaram a Criação de Deus, estão com os dias contados. Deus não vem ao mundo em glória vingativa contra o pecador, mas como um indefeso bebê, nascido pobre e trazendo salvação, misericórdia e graça para um mundo perdidamente culpado. “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” (2 Co 5:19). Os anjos continuam com seu clamor, que diz: “…paz na terra”.
A terceira consequência da presença do Filho de Deus no mundo é a revelação da afeição de Deus por suas criaturas: “paz… aos homens, a quem ele quer bem”. Deus ama a humanidade, e o livro de Provérbios expressa isso: “Regozijando-me no seu mundo habitável e enchendo-me de prazer com os filhos dos homens” (Pv 8:31). O Salmo 85 resume o resultado dessa visita tão ilustre: “A misericórdia e a verdade se encontraram; a justiça e a paz se beijaram. A verdade brotará da terra, e a justiça olhará desde os céus. Também o Senhor dará o que é bom, e a nossa terra dará o seu fruto. A justiça irá adiante dele, e nos porá no caminho das suas pisadas” (Sl 85:10-13).
Tudo isso está representado nessa criança, despercebida pelos que são do mundo, porém aclamada pelos habitantes do céu. É preciso ter a fé dos pobres pastores para enxergar a grandiosidade deste evento. “Vamos a Belém”, dizem eles, “e vejamos isso que aconteceu, e que o Senhor nos deu a conhecer”. “Então correram para lá e encontraram Maria e José, e o bebê deitado na manjedoura. Depois de o verem, contaram a todos o que lhes fora dito a respeito daquele menino e todos os que ouviram o que os pastores diziam ficaram admirados” (Lucas 2:15-18).
Nos próximos 3 minutos, conheça Simeão.
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Simeão
Na carta aos Gálatas, Paulo escreve que “vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos” (Gl 4:4-5). Ao anunciar o nascimento de Jesus aos pastores o anjo disse que as boas novas eram “para todo o povo”, isto é, o povo de Israel, e não “para todos os povos”.
O evangelho de João diz que Jesus veio “para o que era seu” [o povo de Israel], mas quando “Os seus não o receberam” Deus ampliou o alcance da sua graça, e “a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1:11-12). É por isso que vemos Maria e José cumprindo os preceitos da Lei. Eles circuncidam Jesus ao oitavo dia e fazem o ritual da purificação de Maria quarenta dias após o parto. A oferta pela purificação revela que eles eram pobres. O casal oferece dois pombinhos, e não um cordeiro de um ano, que era a oferta que a Lei determinava para quem tivesse recursos.
Ainda seguindo o ritual judaico, Maria e José apresentam o menino no templo de Jerusalém, mas não sabem que já são esperados ali. Simeão, um dos poucos que esperavam pela vinda do Messias, tinha sido avisado pelo Espírito Santo que “não morreria antes de ver o Cristo do Senhor” (Lucas 2:25-26). E o mesmo Espírito faz com que ele vá ao templo na hora exata em que Maria e José chegavam com o menino. Tomando a criança em seus braços, Simeão profetiza:
“Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua palavra; pois já os meus olhos viram a tua salvação, a qual tu preparaste perante a face de todos os povos; luz para iluminar as nações”. Ele profetiza da época atual, quando Jesus traz salvação a todos os que crerem, e os levará quando vier arrebatar sua igreja. Então Simeão continua dizendo, “e para glória de teu povo Israel”, referindo-se à volta de Jesus para libertar o povo de Israel e reinar sobre eles (Lucas 2:27-32).
A vinda de Cristo ocorre em etapas: Jesus veio para os judeus, e estes não o receberam. Então Deus reuniu um povo formado por judeus e gentios ao qual chamou de igreja, cujo período pode terminar a qualquer momento com a volta secreta de Jesus no arrebatamento. A partir daí Deus voltará a tratar com o povo de Israel em grande tribulação, para salvar um remanescente e cumprir todas as promessas que fez a esse povo no Antigo Testamento, introduzindo-o em seu reino de mil anos de justiça e paz na terra. Enquanto isso a igreja estará habitando no céu.
Nos próximos 3 minutos Maria descobre que uma espada traspassará sua alma.
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A espada
José e Maria ficam maravilhados com as promessas que Deus tem para gentios e judeus envolvendo aquela criança. Mas as palavras que agora fluem da boca de Simeão, inspirado pelo Espírito Santo, são graves e tristes. O mesmo menino estaria destinado a ser motivo de queda e elevação de muitos em Israel.
A presença de Jesus iria testar a humanidade. Aqueles que orgulhosamente resistissem a ele seriam punidos por sua incredulidade. Essa fila seria puxada principalmente pelo clero. Enquanto isso, os humildes, arrependidos de seus pecados e reconhecendo em Jesus o Salvador, seriam abençoados. Nesse grupo estariam os ladrões, prostitutas e coletores de impostos convertidos.
Jesus seria ainda um sinal de contradição ou pedra de tropeço para muitos, pois sua presença santa e sem mácula causaria, por si só, um contraste com o pecado e a impiedade do homem. Os homens não poderiam suportar tamanha luz denunciando a imundície de seus corações, por isso se voltariam contra Jesus.
Maria não passaria incólume a tudo isso e uma espada traspassaria sua alma quando visse o seu filho querido pregado numa cruz como um criminoso qualquer. Naquele momento todas as suas esperanças, de ser ele o Messias e libertador, seriam abaladas, como aconteceria também com os outros discípulos.
A presença de Jesus, o próprio Verbo divino, seria uma espada afiada para cada um que tivesse contato com ele. “Pois a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais afiada que qualquer espada de dois gumes; ela penetra ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e medulas, e julga os pensamentos e intenções do coração. Nada, em toda a criação, está oculto aos olhos de Deus. Tudo está descoberto e exposto diante dos olhos daquele a quem havemos de prestar contas” (Hb 4:12-13).
Desde a época em que Simeão disse estas coisas nada mudou em relação às pessoas. Não há posição neutra quando o assunto é Jesus. Ou você crê nele como um Salvador amoroso e misericordioso, e desfruta agora mesmo do perdão de seus pecados, ou terá de se encontrar com ele como um juiz justo e implacável. A decisão é tomada aqui e agora, pois ninguém sabe o que reserva a próxima batida de seu coração. Ou a falta dela.
Nos próximos 3 minutos, saiba o que Ana estava fazendo no templo de Jerusalém.
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Crer, esperar e servir
Assim como foi na primeira vinda de Jesus, hoje são poucos os que realmente o aguardam. A maioria dos cristãos espera por eventos que precederão a vinda de Cristo para reinar neste mundo, como a pregação do evangelho do Reino em toda a terra, a tribulação e o anticristo. Poucos aguardam pelo Senhor que descerá a qualquer momento para encontrar-se com sua igreja nos ares. O apóstolo Paulo já vivia nesta expectativa em seus dias, incluindo-se entre os vivos que seriam transformados para subir ao céu junto com os ressuscitados.
Neste capítulo 2 de Lucas vemos que não é o rei de Israel, no conforto de seu palácio, que espera pelo Messias, mas os humildes pastores que dormem ao relento. No templo em Jerusalém, não é o clero que aguarda o Sumo Pastor, mas os idosos Simeão e Ana em constante vigília. E não é em um lar próspero que o Salvador vem ao mundo, mas entre dois jovens pobres que sequer têm condições de comprar um cordeiro para o sacrifício.
Aqui cada um representa uma característica dos que hoje esperam pela volta Senhor. Temos José e Maria, que buscam obedecer as Escrituras. Sendo judeus, a responsabilidade deles está em cumprir a Lei do Antigo Testamento. Hoje o cristão não tem uma Lei para seguir, mas a completa Palavra de Deus, que inclui a doutrina dos apóstolos. Ele tem o Espírito Santo habitando em si, para aplicar a Palavra na forma de edificação, exortação e consolação. Para o cristão, o Antigo Testamento não é uma lista de regras como era para o judeu, mas traz princípios, tipos e figuras que o ajudam a entender o Novo Testamento.
Enquanto José e Maria obedecem as Escrituras, os pastores creem no que o anjo diz. É preciso fé para enxergar em um bebê pobre dormindo numa manjedoura o Messias e Rei libertador de Israel. Simeão é um exemplo para nós da paciência daquele que espera sem nunca desistir e tem sua perseverança recompensada. A viúva Ana também espera, e há mais de oitenta anos é presença constante no templo de Jerusalém servindo a Deus noite e dia. Obedecer as Escrituras, crer, esperar e servir — são estas as características daqueles que aguardam o Senhor.
Mas há um fato curioso aqui: Por que Lucas, inspirado pelo Espírito Santo, teria se dado ao trabalho de especificar que Ana era “da tribo de Aser”? A resposta está nos próximos 3 minutos.
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O lugar escolhido por Deus
No Antigo Testamento Deus estabeleceu um lugar onde o povo de Israel deveria adorar e oferecer sacrifícios. Os israelitas não deviam adorar a Deus no lugar que bem entendessem ou do modo como os pagãos adoravam seus ídolos. O capítulo 12 do livro de Deuteronômio continha instruções específicas:
“[Vocês] procurarão o local que o Senhor, o seu Deus, escolher dentre todas as tribos para ali pôr o seu nome… Então, para o lugar que o Senhor, o seu Deus, escolher como habitação do seu nome, vocês levarão tudo o que eu lhes ordenar: holocaustos e sacrifícios, dízimos e dádivas especiais… Tenham o cuidado de não sacrificar os seus holocaustos em qualquer lugar que lhes agrade. Ofereçam-nos somente no local que o Senhor escolher numa das suas tribos” (Dt 12:4-14).
Esse lugar seria Jerusalém e o Templo construído por Salomão. Após a morte de Salomão o reino se dividiu em dois: Judá e Israel. Roboão, filho de Salomão, reinou sobre Judá, o reino formado pelas tribos de Judá e Benjamim com sede em Jerusalém. O outro reino, formado pelas outras dez tribos, era chamado de Israel e tinha como rei Jeroboão e sua capital era Samaria.
Para evitar que as dez tribos fossem a Jerusalém adorar no único lugar genuíno, Jeroboão construiu dois santuários “piratas”: um em Dã, ao norte de Israel, e outro em Betel, ao sul. Nos anos que se seguiram tanto Judá como Israel abandonaram as Escrituras e voltaram as costas a Deus. Até surgir Ezequias, o piedoso rei de Judá que reabriu o Templo e restaurou o culto ao Senhor.
Ele sabia que aos olhos de Deus Israel era um só povo. Por isso ao restaurar a celebração da páscoa enviou mensageiros também às dez tribos de Israel, convidando-as para virem ao lugar onde Deus colocou o seu nome. “Os mensageiros foram de cidade em cidade, em Efraim e em Manassés, e até em Zebulom, mas o povo zombou deles e os expôs ao ridículo” (2 Cr 30).
Anos depois os assírios invadiram Samaria e levaram cativas as dez tribos, que desapareceram ao se misturarem com outros povos. O povo que vemos nos tempos dos evangelhos, e que hoje conhecemos como Israel, é formado apenas pelas tribos de Judá e Benjamim. Então o que Ana, que era da tribo de Aser, estava fazendo no Templo neste capítulo 2 do evangelho de Lucas?
Quando os mensageiros de Ezequias convidaram as dez tribos para celebrarem a páscoa, “alguns homens de Aser, de Manassés e de Zebulom humilharam-se e foram para Jerusalém”, diz o capítulo 30 de 2 Crônicas. Ana devia ser descendente desses de Aser, que podem ter permanecido no lugar escolhido por Deus e assim escapado do cativeiro assírio e da perda de identidade como povo de Deus. Ana tinha boas razões para considerar o Templo um lugar seguro, e é lá que vamos encontrar Jesus aos doze anos de idade nos próximos 3 minutos.
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Procurando por Jesus
Quando Jesus completa doze anos, ele viaja com sua família a Jerusalém, como costumavam fazer todos os anos. Ali era o único lugar autorizado pelas Escrituras para os judeus celebrarem a Páscoa. O evangelho de Lucas é o que traz mais detalhes dos primeiros anos de Jesus, e esta parte em especial é de grande instrução.
Depois da celebração, José e Maria viajam com um grupo de amigos e familiares de volta para casa, sem perceber que Jesus ficou para trás. Eles seguem despreocupados, achando que o menino estivesse com os parentes e amigos da caravana, mas ao perceberem sua falta, decidem voltar a Jerusalém. São necessários três dias até encontrarem o menino no Templo.
Existe uma lição para aqueles que já creem em Jesus e pensam que o fato de estarem com seus irmãos em Cristo seja o mesmo que estar em comunhão com Jesus. Não é bem assim que funciona. Por mais importante que seja a comunhão com os irmãos, nada substitui uma comunhão individual na presença de Jesus, ocupando-se com ele e com sua Palavra, em meditação, oração e ações de graças.
José e Maria levaram apenas um dia para perder o contato com Jesus, mas foram necessários três dias para restabelecer esse contato. Assim é conosco. É fácil perdermos a comunhão com Jesus, porém é mais difícil restaurá-la. Felizmente nisto também podemos contar com a graça e a compaixão de Deus.
“Depois de três dias o encontraram no templo, sentado entre os mestres, ouvindo-os e fazendo-lhes perguntas. Todos os que o ouviam ficavam maravilhados com o seu entendimento e com as suas respostas” (Lucas 2:46-47). Alguns citam esta passagem dizendo que Jesus estaria ensinando os mestres de Israel, mas isto estaria fora de ordem, pois são os mais jovens que devem ser ensinados pelos mais velhos. Ali apenas diz que ele os ouvia, fazia perguntas e respondia quando lhe perguntavam, maravilhando a todos com suas respostas e seu entendimento.
Os últimos versículos deste capítulo demonstram que, apesar de ser Deus, Jesus é visto aqui também como um perfeito ser humano, sujeito a seus pais e às autoridades de sua época. Em sua humanidade ele crescia em “sabedoria, estatura e graça diante de Deus e dos homens” (Lucas 2:51-52). Porém o modo como responde à sua mãe quando é repreendido por ela nos revela algo mais. Este será o assunto dos próximos 3 minutos.
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Um espírito de enfermidade
José e Maria ficam perplexos quando encontram Jesus, aos doze anos de idade, conversando com os mestres da religião judaica no Templo de Jerusalém. Maria o repreende: “Filho, por que você nos fez isto? Seu pai e eu estávamos aflitos, à sua procura” (Lucas 2:48). A resposta de Jesus é cheia de significado:
“Por que vocês estavam me procurando? Não sabiam que eu devia estar na casa de meu Pai?”. Outras versões dizem: “Não sabiam que me convém tratar dos negócios de meu Pai?” (Lucas 2:49). Estas palavras adquirem um significado ainda maior quando entendemos que judeu algum jamais ousaria chamar a Deus de Pai.
Esta passagem joga por terra as teorias que falam de Jesus como se fosse uma pessoa qualquer, que dos 12 aos 30 anos teria morado com os essênios ou viajado à Índia para aprender tudo o que sabia. Nós o vemos aqui aos doze anos, não só maravilhando os sábios de Israel com suas respostas e entendimento das Escrituras, como também consciente de ser o Filho de Deus vindo ao mundo para cuidar dos interesses do Pai.
Ao lermos que José e Maria “não compreenderam o que lhes dizia” (Lucas 2:50), percebemos que eles ainda não sabiam quem realmente era Jesus e qual o lugar que ele teria no futuro de Israel. Aqui Maria pode ser vista como uma figura de Israel em sua incredulidade. Assim como aconteceria depois também com os sacerdotes e fariseus, ela rejeita a ideia de que o templo seja o lugar onde Jesus deveria estar. Essa incredulidade dos judeus como nação os levaria a não reconhecer seu Rei e Messias e nem dar a ele o lugar a que tinha direito.
Em algum lugar perto dali uma mulher será tomada por um espírito que a deixará enferma e encurvada por doze anos. E por dezoito anos Jesus desaparece das páginas deste evangelho, para só retornar após trinta anos de idade e curar essa mesma mulher no capítulo 13. A mulher e sua enfermidade são uma figura da condição de Israel no tempo de sua atual rejeição contra o Messias. Paulo expressa isso no capítulo 11 de sua carta aos Romanos ao falar dos judeus:
“Deus lhes deu um espírito de atordoamento, olhos para não ver e ouvidos para não ouvir, até o dia de hoje… Escureçam-se os seus olhos, para que não consigam ver, e suas costas fiquem encurvadas para sempre” (Rm 11:8-10). Israel só será curado no futuro, quando Cristo voltar e for recebido por um remanescente fraco e desprezado, como aquele formado como Simeão e Ana.
Nos próximos 3 minutos uma voz clama no deserto.
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Uma voz no deserto
Depois dos reis Davi e Salomão, o declínio da nação de Israel teve diferentes fases. O reino dividiu-se em dois, mergulhou na idolatria e perdeu dez de suas doze tribos. Mesmo assim Deus preservou um remanescente fiel que não se deixou levar pela ruína generalizada, como vimos na história de Simeão e Ana.
Agora, no capítulo 3 do evangelho de Lucas, entra em cena João Batista, a “voz que clama no deserto”, e é assim que Israel é visto aqui: um deserto moral e dominado pelo inimigo. O versículo 1 explica que o povo está sob o domínio do imperador romano Tibério Cesar, e governado localmente por Pôncio Pilatos, Herodes, Filipe, Traconites e Lisânias, um time de escórias humanas.
Alguém poderia argumentar que as coisas melhoraram se comparadas com os anos de idolatria, já que o Templo foi reconstruído, a ordem sacerdotal restabelecida e os ídolos banidos do culto judaico. Mas é só aparência. O templo foi reconstruído pelo iníquo Herodes, o Grande, há dois sumo sacerdotes, Anás e Caifás, ao invés de um como seria o correto, e a idolatria continua. O ídolo da hora não é de pedra, pau ou barro; é a cobiça, travestida de religiosidade.
No capítulo 1 do livro do profeta Isaías, quando Deus descreve o estado deplorável do povo, ele os chama de “governantes de Sodoma… povo de Gomorra… raça de malfeitores, filhos dados à corrupção”. Depois de detalhar a iniquidade em que mergulharam e a aparência de piedade de seus rituais, Deus conclui: “Não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene” (Is 1:13).
Deus não mudou e o homem também não. Hoje vemos a cristandade em um estado semelhante a Israel. Ela está dividida e vendida ao dominador estrangeiro, o príncipe deste mundo. Em sua volúpia por prosperidade e poder, constrói luxuosos templos e catedrais na vã tentativa de dar uma aparência de santidade à cobiça. A cristandade é chamada em Apocalipse de Babilônia, a meretriz, por se prostituir com os governantes e comerciantes do mundo em troca de favores.
Mas Deus continua alertando: “Não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene” (Is 1:13), e mais: “Saiam dela, vocês, povo meu, para que vocês não participem dos seus pecados” (Ap 18:4).
Nos próximos 3 minutos alguns escutam o clamor de João Batista e são levados ao arrependimento.
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João, o batedor
Você deve saber identificar na Bíblia, não apenas o que é falado, mas também quando foi falado, por quem, para quem e por que razão. Assim você evitará aplicar a si mesmo coisas que foram ditas ao povo judeu em um determinado momento e com um objetivo específico. É o caso da pregação de João Batista.
Ele é um profeta judeu, o último e maior de todos os profetas de Israel. Sua missão é avisar que o Rei anunciado pelos outros profetas acaba de chegar. João é como esses batedores, que vão com suas motocicletas à frente do carro oficial que transporta um soberano. Apesar do alarde que fazem com suas luzes e sirenes, não é para si mesmos que querem chamar a atenção, mas para aquele cuja chegada eles anunciam. Tão logo o rei chegue ao destino, a missão dos batedores foi cumprida e eles saem de cena.
Assim é João Batista. Ele abre caminho para o Messias. O seu clamor tem por objetivo eliminar os obstáculos: aterrar os buracos, nivelar as lombadas, deixar a estrada reta e aplainar seu leito. Lucas escreve que “Todo o vale se encherá, e se abaixará todo o monte e outeiro; e o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão”. Veja que apesar de a mensagem de João Batista ser dirigida aos judeus, a Pessoa que ele anuncia é o Salvador de toda a humanidade. Lucas completa dizendo: “Toda a carne verá a salvação de Deus” (Lucas 3:5-6).
Todos deviam estar preparados. Os que eram rebaixados como o vale seriam preenchidos de gozo. Os exaltados como os montes seriam rebaixados de seu orgulho. Os tortuosos, que agiam de má fé, seriam endireitados, e os escabrosos em sua maneira de agir, seriam aplainados. Se você ler o capítulo encontrará nesta ordem uma mensagem tanto para o povo oprimido, como para líderes opressores, publicanos corruptos e soldados truculentos.
Se você não soubesse que a história termina com a rejeição e morte do Messias, poderia pensar que a mensagem de João é para os dias de hoje. Mas não, apesar de “arrepender-se” e “dar bom fruto” serem princípios válidos para todas as épocas, João prega o evangelho do Reino a fim de preparar o mundo para a vinda do Rei, uma mensagem que já foi pregada e rejeitada. Exceto por um remanescente, os judeus não se arrependeram e ainda condenaram seu Messias à morte, desperdiçando a chance de se prepararem para a vinda do Rei Jesus. Agora ele virá, porém não manso e humilde, mas trazendo uma pá e uma tocha.
Como assim? Descubra nos próximos 3 minutos.
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Espírito e fogo, trigo e palha
João Batista prega o evangelho do Reino para que as pessoas se preparem para a chegada do Rei. Os princípios do reino continuam válidos, como ajudar os necessitados, agir com honestidade e tratar a todos com bondade. São os mesmos princípios do Sermão da Montanha e servem para a vida em um reino na terra, não no céu, pois no céu não há necessitados.
Sabendo que o Rei veio, foi rejeitado, e voltou ao céu, entendemos que hoje fazemos parte de um reino cujo Rei está no exílio. O evangelho do Reino pregado por João é o mesmo que Jesus pregou, e é basicamente uma mensagem de arrependimento e mudança de atitude. Jesus dizia: “O tempo é chegado… o Reino de Deus está próximo. Arrependam-se e creiam nas boas novas!” (Mc 1:15).
Este, porém, não é o evangelho pregado pelos cristãos. Hoje não dizemos às pessoas para mudarem de vida e se prepararem para a chegada do Rei, como se a salvação fosse algo futuro. A mensagem que pregamos é para uma salvação imediata; “é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16). Ela está fundamentada na morte e ressurreição de Cristo, que ainda não tinham ocorrido na época de João Batista.
Hoje pregamos o que Paulo pregou ao carcereiro: “Creia no Senhor Jesus, e serão salvos, você e os de sua casa” (At 16:31). Paulo diz: “Por meio deste evangelho vocês são salvos… Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras”. Crer em qualquer coisa que não inclua a morte e ressurreição de Jesus é crer em vão (1 Co 15:1-4)
Os judeus pensam que João Batista é o Cristo, mas ele explica que os batiza com água, enquanto o Cristo “Os batizará com o Espírito Santo e com fogo”. Ele fala de outra vinda, quando Cristo “traz a pá em sua mão, a fim de limpar sua eira e juntar o trigo em seu celeiro; mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga”. O Espírito Santo é para os salvos; o fogo para os perdidos. Os primeiros são recolhidos no celeiro, os outros queimados “com fogo que nunca se apaga” (Lucas 3:17).
Curiosamente alguns cristãos pensam que aqui esteja falando das “línguas como de fogo” que desceram no dia de Pentecostes quando a igreja foi formada. Aí começam a pedir que caia fogo do céu sobre eles, um pedido que felizmente Deus não atende pois não quer vê-los no inferno.
Nos próximos 3 minutos conheça dois filhos de Deus.
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Dois filhos de Deus
O salvo por Cristo continua no mundo na condição de estrangeiro. Ele vive aqui como um missionário viveria em outro país, levando as boas novas, alimentando os necessitados e curando os doentes, porém sem nunca se intrometer nos assuntos internos e na política do país. Não é sua função melhorar o país, mas salvar as pessoas. “A nossa cidadania está nos céus”, diz em Filipenses 3:20.
João Batista, porém, tem uma relação diferente com a nação onde vive. Ele é judeu, vivendo em Israel e obedecendo aos preceitos da lei mosaica. Por isso sua pregação inclui advertir os governantes de Israel de seus pecados. Sua mensagem visa preparar a população e seus líderes para a chegada do Messias e Rei. O cristão pertence a uma outra dispensação; Jesus não é seu Rei, mas seu Senhor.
Por isso João repreende Herodes, o tetrarca, por seu adultério com a cunhada, mulher de seu próprio irmão. Herodes mandará prendê-lo, mas nada acontecerá sem que antes João cumpra sua missão, que inclui batizar nas águas o próprio Jesus. Os judeus arrependidos eram batizados, mas Jesus, sem pecado, não tinha de que se arrepender. Ele quis ser batizado para se identificar com seu povo.
Ao sair da água, “o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele em forma corpórea, como pomba. Então veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho amado; em ti me agrado’” (Lucas 3:21-22). Deus o chama de Filho, e neste capítulo há mais um que é chamado de filho de Deus: Adão. Você encontra a expressão “Adão, filho de Deus” (Lucas 3:28) no final do capítulo, quando a genealogia da humanidade de Jesus chega à sua origem.
A rigor existem apenas dois filhos de Deus no sentido de seres humanos vindos diretamente de Deus: O primeiro Adão e o último Adão, Jesus. “O primeiro homem, Adão, foi feito em alma vivente; o último Adão em espírito vivificante. Mas não é primeiro o espiritual, senão o natural; depois o espiritual. O primeiro homem, da terra, é terreno; o segundo homem, o Senhor, é do céu. Qual o terreno, tais são também os terrestres; e, qual o celestial, tais também os celestiais. E, assim como trouxemos a imagem do terreno, assim traremos também a imagem do celestial” (1 Co 15:45-49).
Na cruz Jesus se identificou com o homem no seu pior aspecto. Ali ele foi feito pecado por nós, e morreu. Com sua morte Deus deu por encerrada a velha criação, aquela de Adão, e na ressurreição inaugura uma nova criação em Jesus. Ao crer em Jesus você passa a fazer parte dessa nova criação e recebe de Deus a vida eterna. Não é só uma vida que não tem fim, mas uma vida que também não tem começo, pois é eterna. “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação” (2 Co 5:17). Em quem você está, em Adão, a criação da qual Deus desistiu e pôs um fim na cruz, ou em Cristo, a nova criação?
Nos próximos 3 minutos as credenciais de Jesus são colocadas à prova.
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Tentado
“Jesus, cheio do Espírito Santo, voltou do Jordão e foi levado pelo Espírito ao deserto, onde, durante quarenta dias, foi tentado pelo diabo. Não comeu nada durante esses dias e, ao fim deles, teve fome” (Lucas 4:1-2). Em Gênesis Deus viu que tudo era muito bom após criar o primeiro homem. Porém logo veio Satanás para tentá-lo e Adão caiu. Quando o segundo homem entra em cena Deus declara ter nele o seu prazer e mais uma vez Satanás vem tentá-lo. Mas agora ele encontra um homem cheio do Espírito Santo, impermeável ao pecado e incapaz de pecar.
Jesus não passa apenas pelas três tentações detalhadas neste capítulo 4 de Lucas. Ele é tentado durante quarenta dias. O primeiro homem foi tentado no conforto do Éden, onde não havia fome, sede ou calor. Quando o segundo homem é tentado, ele está em um deserto, o mesmo deserto em que nós vivemos. Por isso em Hebreus diz que “naquilo que ele mesmo, sendo tentado, padeceu, pode socorrer aos que são tentados… porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” (Hb 2:18; 4:15).
Neste versículo, onde diz “sem pecado” não quer dizer “sem pecar”, mas “Exceto o pecado” ou “pecado à parte”. Jesus não tinha o pecado como nós temos, que gera uma resposta à tentação. Ele só podia ser tentado de fora para dentro, e não de dentro para fora como ocorre conosco. Tiago explica que cada um “é tentado pela própria cobiça, sendo por esta, arrastado e seduzido. Então a cobiça, tendo engravidado, dá à luz o pecado; e o pecado, após ter-se consumado, gera a morte” (Tg 1:13-15).
Embora o crente em Cristo traga em si a possibilidade de responder à tentação, a Palavra de Deus afirma que ele está equipado para suportá-la. Em 1 Coríntios diz que “não sobreveio a vocês tentação que não fosse comum aos homens. E Deus é fiel; ele não permitirá que vocês sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando forem tentados, ele lhes providenciará um escape, para que o possam suportar” (1 Co 10:13).
Há quem alegue que se Jesus não podia pecar, então ele não podia ser tentado como nós. A Bíblia diz que “como nós, em tudo foi tentado”; não diz que “como nós sucumbiu à tentação”. Por ser Deus e Homem, seria impossível Jesus pecar. Alguns dizem que o Homem Jesus poderia cair em pecado, mas o Deus Jesus não, o que é um absurdo. Após a sua encarnação, além de ser perfeito Deus, ele se tornou perfeito Homem, e assim igualmente sem pecado. Se Jesus tivesse em si o pecado ou fosse capaz de pecar, ele não seria o “cordeiro sem mancha e sem defeito” exigido para o sacrifício pelo pecador (1 Pe 1:19).
Nos próximos 3 minutos Satanás atacará em três frentes.
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Uma tríplice tentação
A tentação de Jesus tem por objetivo confirmar suas credenciais. É o Espírito Santo quem o leva ao deserto para ser tentado pelo diabo, ou seja, para deixar clara a sua divindade. Em duas de suas provocações o diabo coloca isso em dúvida, pois começa dizendo “Se você é o Filho de Deus…”. Os judeus o acusavam de blasfêmia, pois ao declarar-se Filho de Deus ele se fazia igual a Deus.
Portanto temos aqui um teste para provar se Jesus é quem ele diz ser. Pecar está fora de cogitação, por ele ser Deus. Ao contrário do primeiro homem, Adão, este segundo homem é sem pecado e cada tentação só confirma isso. Numa delas Satanás nem questiona se ele é o Filho de Deus, mas vai direto ao assunto: Jesus poderia antecipar a posse de todos os reinos do mundo sem passar pelo dissabor da cruz, bastando para isso adorar a criatura, Satanás, em lugar do Criador.
As três tentações revelam três coisas que nos são oferecidas todos os dias: obedecer ao diabo, adorar a criatura e colocar Deus à prova. Quando não somos guiados pela Palavra de Deus, seguimos “a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência”. Ou seja, obedecemos ao diabo, “satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos” (Ef 2:1-3).
Para adorar a criatura não precisa ir longe. Basta escutar a voz do orgulho em nosso coração, que diz: “Primeiro eu”. A filosofia humana ensina que para amar ao próximo como a si mesmo você precisa primeiro amar a si mesmo. Ora, isso você já faz por natureza, e se essa for a sua prioridade o próximo terá de esperar sentado. O diabo atinge sua meta quando você se acha o máximo.
Provar a Deus é a terceira coisa que Satanás propõe, ao sugerir que Jesus pule do alto do Templo, confiando que Deus o guardará. Jesus responde: “Dito está: ‘Não ponha à prova o Senhor, o seu Deus’” (Lucas 4:12). Os adoradores de Mamom e da prosperidade adotam como lema o versículo de Malaquias 3, que diz: “Ponham-me à prova… e vejam se não vou abrir as comportas dos céus e derramar sobre vocês tantas bênçãos que nem terão onde guardá-las” (Ml 3:13).
O que não percebem é que o contexto começa no capítulo 2 e é uma bronca dada aos desobedientes sacerdotes de Israel, concluindo com o “Ponham-me à prova”, no sentido de “Experimentem me obedecer”. Se você não for um sacerdote judeu vivendo nos tempos de Malaquias, a passagem não é para você. Veja que a continuação, no capítulo 4, até mesmo já se cumpriu, ou seja, a vinda de João Batista. Lá diz: “Eu enviarei o meu mensageiro, que preparará o caminho diante de mim… diz o Senhor dos Exércitos” (Ml 4:1). Acabamos de ver isso em Lucas 3.
Nos próximos 3 minutos o diabo aperta os três botões do desejo.
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Os três botões do desejo
Que mal havia em Jesus transformar pedras em pães e assim aplacar uma fome de quarenta dias? Receber o poder e glória de todos os reinos do mundo sem precisar passar pela cruz também simplificaria as coisas para ele. E uma demonstração do poder de Deus enviando seus anjos para ampará-lo na queda, caso ele se jogasse do pináculo do templo, seria uma publicidade e tanto para a sua causa! Será que os fins não justificariam os meios?
O raciocínio humano diria que sim, mas qualquer pessoa que realmente conheça a Deus e sua Palavra imediatamente rejeitaria tal ideia. Jesus jamais iria fazer algo em obediência ao diabo, ainda que fosse para aplacar a fome. Também não iria evitar a cruz, se isso dependesse de adorar Satanás. No momento certo todos os reinos do mundo seriam de Jesus. E ele não precisava da publicidade sugerida pelo diabo, principalmente se isto envolvia tentar a Deus.
Existem ainda três outros aspectos na tentação de Jesus no deserto. São como três botões que, quando acionados, tentam obter uma reação do corpo, da alma e do espírito. Ao apelar para a fome, Satanás tenta despertar em Jesus um desejo ardente para a satisfação corpo, algo impossível no Filho de Deus. Ao expor numa vitrine o poder e glória de todos os reinos do mundo, o diabo quer despertar em Jesus uma inexistente cobiça dos olhos. E ao sugerir que ele salte do templo para ser amparado por anjos e obter publicidade e prestígio, o diabo apela para a soberba da vida, algo que jamais seria encontrado em Jesus, Deus e Homem.
Porém nós, que não somos o Filho de Deus, mas seres humanos comuns, temos estes três botões em nós prontos para responderem quando acionados. Eles vieram no pacote da natureza pecaminosa que herdamos de Adão. Na tentação no Jardim do Éden “a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento” (Gn 3:6). O apóstolo João, em sua primeira epístola, chama a isso de “concupiscência — ou cobiça — da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida” (1 Jo 2:16).
Por causa do pecado nosso corpo, alma e espírito ficaram vulneráveis às tentações que prometem satisfação física, glória mundana, e reconhecimento público. Ser tentado não é pecar — Jesus foi tentado e sabe se compadecer dos que são tentados. Porém cair em tentação, isto sim é pecado, e nós estamos sujeitos às quedas. Felizmente Deus é fiel e não permite que os que pertencem a ele sejam tentados além do que podem suportar. Mas, quando são tentados, Deus lhes dá um meio de escapar dela (1 Co 10:13). Isto você obtém também de três maneiras: dependência de Deus, devoção a Deus e confiança em Deus.
Mas isto é apenas para quem já não é mais pobre, cativo e cego. Se você continua assim, o remédio está nos próximos 3 minutos.
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Pobres, cativos e cegos
Vemos agora Jesus na sinagoga em Nazaré. As sinagogas não eram templos, pois só havia um templo autorizado por Deus, o de Jerusalém. Sinagogas eram lugares onde os judeus se encontravam para ler as Escrituras e fazer orações. Tinham também o caráter de escolas para o aprendizado das Escrituras.
Jesus recebe o rolo do livro de Isaías para ler, e o abre no que hoje conhecemos como o capítulo 61: “‘O Espírito do Senhor está sobre mim, porque ele me ungiu para pregar boas novas aos pobres. Ele me enviou para proclamar liberdade aos presos e recuperação da vista aos cegos, para libertar os oprimidos e proclamar o ano da graça do Senhor’. Então ele fechou o livro, devolveu-o ao assistente e assentou-se. Na sinagoga todos tinham os olhos fitos nele; e ele começou a dizer-lhes: ‘Hoje se cumpriu a Escritura que vocês acabaram de ouvir’” (Lucas 4:18-21).
Tão importante quanto o que Jesus leu de Isaías é o que ele não leu pois, após a frase “proclamar o ano da graça do Senhor” vem “…e o dia da vingança do nosso Deus” (Is 6:2). O mesmo Jesus que um dia virá como Juiz, para derramar sua ira sobre os que se opõem a ele, veio antes como Salvador. Ele anuncia o período da graça e não da ira de Deus. Mas existem condições para ser beneficiado. As boas novas são pregadas aos pobres, a liberdade proclamada aos cativos, e a cura anunciada aos cegos. Para ser salvo você deve se reconhecer pobre, preso e cego.
A salvação é oferecida por graça somente, portanto se você acredita ter algo para pagar por ela é porque se acha rico. O preço pago pela redenção do pecador foi o sangue do próprio Filho de Deus. O que você acha que possui que poderia se equiparar ao valor do sangue de Cristo? Ricos confiam no que têm; pobres dependem do que não têm e precisam receber. É assim que se recebe a salvação.
Além disso, Jesus veio oferecer libertação aos cativos. Em Hebreus capítulo 2 diz que Jesus se fez homem “para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo, e libertasse aqueles que durante toda a vida estiveram escravizados pelo medo da morte” (Hb 2:14-15). Se você não se considerar preso e escravo da morte e do diabo não dará valor à libertação que Jesus oferece. Passarinho que nasce em gaiola não se considera preso, do mesmo modo como o pior cego é aquele que não quer ver.
E é a cura para essa cegueira espiritual que Jesus anuncia, porém de que adianta isso se você acha que pode ver? O apóstolo Pedro diz que os salvos por Cristo “são geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo exclusivo de Deus, para anunciar as grandezas daquele que os chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pe 2:9). É preciso reconhecer-se em trevas para desejar a luz de Cristo. Se você se considera pobre, cativo e cego, peça agora mesmo para Jesus lhe salvar.
Nos próximos 3 minutos Jesus bate à porta.
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O baú
As palavras de Jesus caem como uma bomba nos ouvidos dos que estão na sinagoga. Todos esperam pelo Messias prometido pelos profetas, mas uma coisa é esperar, outra é ter o próprio bem ali na frente. Eles sabem que o Messias vem para colocar a casa em ordem, mas será que eles querem que a casa fique em ordem? Eles questionam ele ser quem diz ser: “Não é este o filho de José?”.
Isso me faz lembrar a história de um homem que sonhou que Jesus veio visitá-lo. Ao abrir a porta, lá estava o Senhor querendo entrar. O homem pediu alguns minutos para dar uma ajeitada na casa e correu tirar da sala tudo o que podia ofender o Senhor. Jogou tudo na cozinha, e só depois abriu a porta e recepcionou Jesus, mas este lhe disse que gostaria de conhecer a cozinha.
Mais uma vez o homem pediu um tempo e foi jogar tudo o que era ofensivo a Deus no quarto. O Senhor entrou na cozinha, fez um olhar de aprovação e disse que gostaria de conhecer o quarto. Outra vez o homem correu livrar-se daquelas coisas, colocando-as em um grande baú. Sim, você já deve ter adivinhado que Jesus entrou no quarto e quis ver baú. Qual não foi a surpresa daquele homem ao abrir o baú para Jesus examinar e descobrir que estava vazio!
Os judeus não percebiam “que Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens” (2 Co 5:19). Em seu primeiro advento, Jesus vinha para salvar, não para condenar. Somente no segundo advento é que ele virá para “o dia da vingança do nosso Deus” (Is 6:2), quando já não haverá escape para quem se recusou a recebê-lo.
Hoje Deus convida você a crer em Jesus, pois ainda estamos na dispensação da graça de Deus. Será que você é desses que correm de um lado para o outro tentando esconder de Deus os seus pecados no baú de religião, boas obras e penitências? Nos evangelhos as pessoas que receberam de Jesus o perdão foram aquelas cujos pecados eram tão notórios que era impossível escondê-los. Pessoas como a mulher adúltera, a prostituta samaritana, o coletor de impostos…
Naquela mesma sinagoga os judeus certamente liam o profeta Isaías, que escreveu: “‘Venham, vamos refletir juntos’, diz o Senhor. ‘Embora os seus pecados sejam vermelhos como escarlate, eles se tornarão brancos como a neve; embora sejam rubros como púrpura, como a lã se tornarão” (Is 1:18). E também o profeta Jeremias, por meio do qual Deus afirmou: “Eu lhes perdoarei a maldade e não me lembrarei mais dos seus pecados” (Jr 31:34).
E você? Já abriu seu baú de pecados na presença de Deus? Sabe o que acontecerá quando fizer isso? Ficará vazio.
Nos próximos 3 minutos os judeus apreciam a graça, porém a rejeitam. Por que?
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Orgulho nacional
Um dia Deus escolheu um povo, como se fizesse uma amostragem da raça humana. Ele deu a esse povo privilégios e responsabilidades que nenhum outro recebeu, e chegou a dividir a humanidade e estabelecer fronteiras de acordo com esse mesmo povo. Em Deuteronômio, capítulo 32, diz:
“Quando o Altíssimo deu às nações a sua herança, quando dividiu toda a humanidade, estabeleceu fronteiras para os povos de acordo com o número dos filhos de Israel. Pois o povo preferido do Senhor é este povo… Ele o protegeu e dele cuidou; guardou-o como a menina dos seus olhos” (Dt 32:8-12).
Até ali Israel tinha sido a menina dos olhos do Senhor, mas isso iria mudar. Os judeus não percebem que carregam um histórico de rejeição que em breve culminaria com a condenação e morte de seu próprio Messias. Mais tarde Jesus revelaria o quanto eles tinham sido rebeldes, ao dizer:
“Jerusalém, Jerusalém, você, que mata os profetas e apedrejas os que lhe são enviados! Quantas vezes eu quis reunir os seus filhos, como a galinha reúne os seus pintinhos debaixo das suas asas, mas vocês não quiseram! Eis que a vossa casa se vos deixará deserta. E em verdade vos digo que não me vereis até que venha o tempo em que digais: Bendito aquele que vem em nome do Senhor” (Lucas 13:34-35).
Ao inaugurar o “ano da graça”, Deus deixava Israel de lado por um tempo. O Espírito Santo desceria à terra para inaugurar a Igreja, um segredo que nem os profetas do Antigo Testamento sabiam. Israel deixaria de ser o testemunho de Deus na terra, privilégio que seria da Igreja. Ela seria formada por pessoas tiradas de entre judeus e gentios, uma ideia humilhante demais para Israel, tão orgulhoso de ter sido a menina dos olhos de Deus.
As profecias do Antigo Testamento paravam com a chegada da graça e continuavam com o dia da vingança e o estabelecimento do Reino de Cristo. Entre uma coisa e outra haveria um parêntese, o atual período da Igreja, ignorado pelos profetas. Os judeus, que a princípio podem ter gostado de ouvir Jesus falar em graça, logo ficam irados ao saber que essa graça iria privilegiar pessoas de povos inimigos, como a viúva de Sarepta e o leproso Naamã citados por Jesus.
Paulo fala dessa ira e ciúme ao escrever aos romanos: “Moisés foi o primeiro que disse: ‘Farei que tenham ciúmes de quem não é meu povo; eu os provocarei à ira por meio de um povo sem entendimento’. E Isaías diz ousadamente: ‘Fui achado por aqueles que não me procuravam; revelei-me àqueles que não perguntavam por mim’. Mas a respeito de Israel, ele diz: ‘O tempo todo estendi as mãos a um povo desobediente e rebelde’” (Rm 10:19-21).
E é da viúva de Sarepta que iremos falar nos próximos 3 minutos.
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A viúva de Sarepta
Jesus é desprezado por seu povo ao declarar ser ele o cumprimento da profecia de Isaías que falava da vinda do Messias. E os judeus ficam ainda mais irados quando ele fala da viúva de Sarepta e de Naamã, o leproso, dois exemplos de estrangeiros que Deus tratou em graça e misericórdia.
No capítulo 17 do primeiro livro dos Reis você encontra a história dessa viúva, visitada pelo profeta Elias em um período de grande seca e fome em toda a região. Elias a encontra apanhando lenha à porta a cidade e pede a ela água e um pedaço de pão. A mulher responde: “Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus… não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns dois gravetos para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para o meu filho, para que a comamos e depois morramos”.
“Não tenha medo”, diz Elias. “Faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para mim, e depois faça algo para você e para o seu filho. Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra’”. A viúva creu na palavra de Deus e fez o que Elias disse. Por todos os dias que se seguiram Elias, a viúva e seu filho comeram pão. “A farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do Senhor proferida por Elias” (1 Rs 17:12-16).
Ao mencionar este episódio, Jesus não deixa os judeus irados apenas por Deus ter privilegiado uma viúva estrangeira, quando havia tantas viúvas israelitas passando fome. Eles também não gostam de admitir que foi o israelita Elias quem precisou da viúva estrangeira para sustentá-lo, e não o contrário. No versículo 9 do capítulo 17 de 1 Reis, Deus ordena a Elias: “Levanta-te, e vai para Sarepta, que é de Sidom, e habita ali; eis que eu ordenei ali a uma mulher viúva que te sustente”. Acrescente-se a isso o fato de Elias ter sido até ali sustentado por corvos que lhe traziam pão e carne, aves impuras segundo a Lei dos judeus.
Mas o mais belo nesta cena é que a mulher confia totalmente na Palavra de Deus. Ela corre o risco de morrer de fome usando o que lhe resta de farinha e azeite para alimentar primeiro o profeta de Deus. Era esta a fé e confiança que faltavam aos judeus. Eles tinham diante de si o próprio Filho de Deus, o Messias de Israel, e ainda assim não criam nele e o desprezavam e conspiravam para matá-lo.
A viúva de Sarepta é um exemplo de como podemos confiar em Deus para o sustento nesta vida, quando confiamos em sua Palavra e colocamos Deus em primeiro lugar. Mas o que fazer quando a morte vem? Deus também cuida disso, como cuidará do filho da mesma viúva nos próximos 3 minutos.
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Quando a morte vem
No episódio anterior vimos como Deus proveu o sustento a uma viúva estrangeira, enquanto na incrédula nação de Israel muitas viúvas passavam fome. Mas a história não termina ali. Aquela viúva passaria por mais uma prova, desta vez bem mais amarga, para aprender a confiar no Deus que não apenas dá o sustento cotidiano, mas também vida aos mortos.
Não há nada de errado em se buscar a Deus para nossas necessidades básicas, mas tudo está errado quando nós nos limitamos a isso. Deus não é um talismã para nos dar sorte nesta vida, e nem uma cornucópia para garantir nossa prosperidade material. Paulo escreveu que “se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens” (1 Co 15:19).
Mas tudo muda diante da morte, o fim do homem em seu estado natural. Terminam todos os seus planos, esperanças, poder e vanglória. Não existe experiência mais triste e deplorável do que a partida de alguém sem Deus. A viúva, que já havia experimentado a provisão de Deus para esta vida, é agora surpreendida pela morte de seu único filho.
Ela reclama a Elias: “Que foi que eu te fiz, ó homem de Deus? Vieste para lembrar-me do meu pecado e matar o meu filho?”. Diante da realidade da morte, o milagre que conservou a ela e a seu filho vivos até ali é imediatamente esquecido. Até o profeta está surpreso com a morte do garoto, pois clama: “Ó Senhor, meu Deus, trouxeste também desgraça sobre esta viúva, com quem estou hospedado, fazendo morrer o seu filho?”.
Porém Deus ainda não tinha escrito o último capítulo desta história e é bom aprendermos que para aquele que crê em Jesus também resta o capítulo da ressurreição, que ainda não se realizou.
Elias carrega o garoto para o quarto onde o profeta estava hospedado, no andar de cima, e o deita em sua cama. Então ele próprio se deita sobre o menino três vezes e clama: “Ó Senhor, meu Deus, faze voltar a vida a este menino!”. O Senhor ouve o clamor de Elias e ressuscita o menino, que é entregue à sua mãe. “Agora sei que tu és um homem de Deus e que a palavra do Senhor, vinda da tua boca, é a verdade”, diz a mãe (1 Rs 17:24).
Ao se deitar sobre o corpo morto do menino Elias se identifica com ele em sua morte. Foi o que Jesus fez por nós. Na cruz ele identificou-se plenamente com o homem ao assumir a culpa pelo pecado e entregar sua vida. Em sua vida aqui Jesus podia se compadecer de você, mas foi na morte que ele realmente se identificou com você. Se você espera em Cristo apenas para suprir as necessidades desta vida, considere-se a pessoa mais miserável que existe. A real riqueza está na vida em ressurreição, porque é a vida eterna e sem pecado. E é da lepra do pecado que nos fala a história de Naamã, nos próximos 3 minutos.
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Naamã, o leproso
Depois de mencionar aos judeus o caso da viúva de Sarepta, sustentada por Deus em vida e ressurreição, Jesus fala de outro estrangeiro, Naamã. Mas este não é pobre e faminto como a viúva. Naamã é comandante do exército do rei da Síria, nação inimiga de Israel, que em uma de suas invasões havia escravizado uma menina israelita. A menina agora trabalha para a esposa de Naamã.
A viúva de Sarepta não tinha nada, e precisou de Deus para suprir suas necessidades e resgatar seu filho da morte. Naamã tem tudo, porém é leproso. Na Bíblia a lepra aparece como figura do pecado: a doença que nos torna insensíveis ao mal, nos corrompe e nos faz impuros aos olhos de Deus. O grande Naamã depende agora da menina escrava para encontrar a cura para o seu mal. A jovem avisa: “Se o meu senhor procurasse o profeta que está em Samaria, ele o curaria da lepra” (2 Rs 5:3).
Havia muitas jovens israelitas escravizadas pelo inimigo, mas quantas conheciam a Deus, amavam seu semelhante e estavam dispostas a salvar seus inimigos? Ninguém a censuraria se ela pensasse consigo: “Deus castigou Naamã por ter me roubado e me escravizado! Bem feito para ele!”. Mas esta menina não é assim. Ela realmente se importa e indica a solução para o mal que aflige seu senhor.
O rei dá a Naamã licença para viajar em busca da cura, e ele parte para Samaria levando uma carta do rei da Síria ao rei de Israel. Este, ao ler a carta, se desespera. “Por acaso sou Deus, capaz de conceder vida ou morte? Por que este homem me envia alguém para que eu o cure da lepra? Vejam como ele procura um motivo para se desentender comigo!” (2 Rs 5:7).
No raciocínio do rei da Síria, se havia alguém em Israel capaz de curar seu oficial, esse alguém devia ser o homem mais poderoso, o rei de Israel. Hoje as pessoas procuram a cura de suas doenças e a prosperidade material em homens que conseguiram resolver seus próprios problemas de saúde e finanças. É este o raciocínio por trás do crescente movimento evangélico da prosperidade: “Quanto mais rico e próspero o pregador, mais rico ele me fará”. Por isso esses pregadores não têm qualquer escrúpulo em ostentar riqueza. Na cabeça de seus seguidores isso é garantia de sucesso. Esses são os que rejeitariam o filho do carpinteiro.
Mas não é no rei de Israel que Naamã irá encontrar a cura e nem é dele que a menina falou. Ela se referiu ao profeta Elizeu, que fica sabendo do caso e envia uma mensagem ao rei pedindo que envie Naamã para conversar com ele. Nos próximos 3 minutos veremos Naamã e toda a sua escolta parando à porta da humilde casa do profeta Eliseu em busca da cura de sua lepra.
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O profeta Eliseu
Tente imaginar a cena: a carruagem do poderoso comandante do exército do rei da Síria, com seus servos e uma escolta de soldados parados em frente à casa do profeta Eliseu. Agora pense na frustração de Naamã ao perceber que não é Eliseu quem sai da casa, mas apenas um mensageiro com a receita para sua doença!
O garoto de recados transmite a mensagem do profeta: “Vá e lave-se sete vezes no rio Jordão; sua pele será restaurada e você ficará purificado” (2 Rs 5:10). Naamã fica indignado. Ele estava certo de que o próprio profeta viria ao seu encontro e invocaria o nome de Deus, imporia a mão sobre o lugar de suas feridas e o curaria da lepra. Além disso, que benefício havia em banhar-se no Jordão quando em Damasco havia os rios Abana e Farfar, bem maiores e importantes!
Hoje muitos cristãos são como Naamã. Acreditam que Deus só pode agir se existir algum tipo de pirotecnia, como música alta, pregadores berrando ao microfone e rios de dinheiro fluindo. Não se contentam com a Palavra de Deus e ficam impressionados quando um pregador se diz capaz de fazer descer fogo dos céus, de tão poderoso que se considera.
Pregadores que se gabam de tal proeza não percebem que esta será uma das habilidades do anticristo, o qual realizará “grandes sinais, chegando a fazer descer fogo do céu à terra, à vista dos homens” (Ap 13:13). E se esquecem de que o Senhor Jesus repreendeu seus discípulos pela mesma exibição de prepotência, ao lhes dizer: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são pois, o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los” (Lucas 9:55).
Mas esses mesmos pregadores sabem que seus seguidores não se contentam com a simplicidade do evangelho; ficam frustrados se não virem dramatização, testemunhos forjados e demonstração de poder medida em decibéis. Então eles procuram apresentar aquilo que seus seguidores querem enxergar neles: um bufão arrogante, prepotente e mestre em exibicionismo.
Naamã queria encontrar alguém assim, daí sua frustração. Mas seus servos são mais sábios que ele e lhe dizem: “Se o profeta lhe tivesse pedido alguma coisa difícil, o senhor não faria? Quanto mais, quando ele apenas lhe diz para que se lave e seja purificado!” (2 Rs 5:13). Naamã se rende ao conselho dos servos, mergulha sete vezes no Jordão e sai curado de sua lepra.
Sua reação é de gratidão: ele quer dar ao profeta Eliseu um presente, mas este lhe dá a resposta que deveria estar na ponta da língua de qualquer verdadeiro servo de Deus: “Juro pelo nome do Senhor, a quem sirvo, que nada aceitarei”. Aí está uma boa forma de você identificar se aquele pregador da TV é ou não um homem de Deus. Se ele pedir ou aceitar dinheiro em troca da cura, bênção ou salvação, então não é.
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O servo corrupto
Na Bíblia o rio Jordão significa a morte. Basta lembrar que era o Jordão que separava os israelitas da terra prometida, ao terminarem sua peregrinação no deserto. Moisés havia prometido: “Vocês atravessarão o Jordão e se estabelecerão na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá como herança, e ele lhes concederá descanso de todos os inimigos que os cercam “ (Dt 12:10).
Se você ler o capítulo 3 do livro de Josué verá que os sacerdotes foram na frente do povo carregando a Arca da Aliança e, ao chegarem às águas do Jordão, estas pararam de correr, formando uma muralha líquida a uma grande distância dali. Enquanto a Arca da Aliança permanecia no meio do leito do rio, carregada pelos sacerdotes, o povo atravessou em segurança e entrou na terra prometida.
Para o crente em Jesus, o mundo é um deserto, a terra prometida é o céu e o rio Jordão, que para qualquer outro significaria meramente morte seguida de juízo, se transforma em porta de acesso para o céu. Isto porque Jesus, representado pela Arca da Aliança, foi na frente e passou pela morte em nosso lugar, detendo as águas do juízo de Deus. “Quando você atravessar as águas, eu estarei com você; e, quando você atravessar os rios, eles não o encobrirão”, escreveu Isaías (Is 43:2).
Por isso, ao banhar-se no Jordão, Naamã estava em figura crendo na Palavra de Deus e assumindo o lugar de morte; o lugar que Cristo tomou por nós. E a sua cura se deu por pura graça, pois ele nem mesmo merecia ser curado, por ser um inimigo de Israel e estranho às promessas de Deus para o seu povo.
A princípio Naamã não queria aceitar lavar-se no Jordão, pois achava muito banal, e é esta a reação de muitos hoje. São os que ouvem falar que a salvação é por fé em Jesus e indagam: “Como assim? Basta eu crer em Jesus? Não é possível que a salvação seja fácil assim! Eu preciso fazer algo, dar esmolas, esforçar-me, perseverar até o fim, fazer penitência, etc…”. O que essas pessoas não percebem é que a salvação é realmente difícil. Mas o sacrifício que ela exigia era maior do que qualquer pecador poderia fazer; ela custou a vida do Filho de Deus.
Assim que Eliseu despede Naamã em paz, a cobiça toma conta de Geazi, servo do profeta. Ele sai atrás de Naamã para pedir um pagamento. Talvez tenha sido ele quem levou a Naamã a mensagem de salvação. Não é por levar a mensagem de salvação que alguém se torna um homem de Deus. Jesus avisou que muitos diriam “Senhor, Senhor”, pregariam e fariam maravilhas em seu nome, sem que o próprio Jesus os reconhecesse. Geazi representa esses que pregam a Palavra em troca de benefícios materiais. Ao voltar para casa, Eliseu já sabe que seu servo se corrompeu, e diz: “Este não era o momento de aceitar prata nem roupas, nem de cobiçar olivais, vinhas, ovelhas, bois, servos e servas. Por isso a lepra de Naamã atingirá você e os seus descendentes para sempre” (2 Rs 5:26-27).
Este é o fim que Deus reserva aos mercenários da fé.
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Milagres por encomenda
Como já vimos nos episódios anteriores, a ira dos judeus nestes versículos do capítulo 4 de Lucas tem vários motivos. O primeiro é por Jesus ter se declarado o Messias, conforme anunciado pelo profeta Isaías. Eles duvidam. Como pode o filho de José, um humilde carpinteiro, ser o rei prometido a Israel? O outro motivo do desgosto é o ciúme que vem à tona ao Jesus falar de como a graça de Deus beneficiou a viúva de Sarepta e o leproso Naamã, dois estrangeiros, quando em Israel havia tantas viúvas passando fome e leprosos precisando ser curados.
Os orgulhosos judeus jamais poderiam admitir que Deus agisse em graça para com aqueles desprezíveis exemplares de povos inimigos, enquanto o seu próprio povo se esforçava para merecer o favor de Deus. Se você for alguém que procura levar uma vida honesta e piedosa, o que é bom, porém na ilusão de que assim irá merecer a salvação, e fica indignado por Deus perdoar e salvar um pecador convicto, você é igual àqueles judeus. Se você acha injusto um criminoso arrependido ser salvo apenas pela fé em Jesus, você ainda não entendeu o que é graça.
Enquanto você se achar melhor que um ladrão, homicida ou estuprador não haverá salvação para você, pois você se sente justo ao comparar-se com eles. Mas não é com o bandido que você deve se comparar, e sim com Jesus, o Homem perfeito. Ele é o gabarito com qual somos comparados por Deus. Você é perfeito como Jesus? Você é sem pecado como Jesus? É claro que não! Então entre na fila dos que só podem ser salvos por graça, e não por obras, pois nenhum esforço ou mérito seu tem o poder de limpar pecados. Só o sangue de Cristo pode fazer isso.
Imagine Deus traçando um risco no chão e de um lado está Jesus. Aí ele diz para todos os que forem perfeitos como o Filho de Deus para que passem para o lado de Jesus. Quantos passariam? Você passaria? Nem eu. No fim descobriríamos que eu, você, o homicida, o traficante, a prostituta… todos, estaríamos do mesmo lado do risco e somente pela graça de Deus poderíamos ser transportados para o outro lado. Isso você obtém pela fé em Cristo e no seu sacrifício na cruz, a única obra que poderia satisfazer as justas e santas exigências de Deus.
Jesus revela o que está no coração dos judeus: “É claro que vocês me citarão este provérbio: ‘Médico, cura-te a ti mesmo! ‘ Faze aqui em tua terra o que ouvimos que fizeste em Cafarnaum”. Não, ele não irá atender as exigências dos ímpios. Deus é soberano, não obedece ao homem e seus milagres não são feitos por encomenda. Se você já viu em algum lugar uma placa do tipo “Às 19 horas grande noite de milagres” sabe do que estou falando. Que audácia marcar a hora de Deus agir, como se ele estivesse sob o comando de suas criaturas!
Nos próximos 3 minutos o Senhor tem uma recepção bem diferente em Cafarnaum.
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O poder de Deus para salvação
Jesus sai de Nazaré sem operar milagres ali, depois de tentarem matá-lo jogando-o de um penhasco. Agora ele está em Cafarnaum, cidade da Galileia que viu a maior parte de seus milagres. É interessante comparar as visitas que ele faz às sinagogas de Nazaré e Cafarnaum. Nas duas ele ministrou a Palavra de Deus, porém as reações foram opostas. Em Nazaré os ouvintes duvidavam do que ele dizia. Em Cafarnaum “ficavam maravilhados com o seu ensino, porque falava com autoridade” (Lucas 4:32). Em Nazaré queriam que ele fizesse milagres para crerem em sua Palavra. Em Cafarnaum eles creram na sua Palavra e isto foi seguido da libertação de um homem possesso de demônio.
Esta ordem revela o modo de Deus agir. Primeiro vem a Palavra de Deus, e é esta o poder que leva você a crer em Jesus. Não são os sinais e milagres que conquistam o coração para Deus. O apóstolo Paulo explica que “o evangelho de Cristo… é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê” (Rm 1:16), porém “a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos, é o poder de Deus” (1 Co 1:18). Vamos deixar que o próprio Paulo explique, como fez em sua carta aos Coríntios:
“Eu mesmo, irmãos, quando estive entre vocês, não fui com discurso eloquente nem com muita sabedoria para lhes proclamar o mistério de Deus. Pois decidi nada saber entre vocês, a não ser Jesus Cristo, e este, crucificado. E foi com fraqueza, temor e com muito tremor que estive entre vocês. Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé de vocês não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus” (1 Co 2:1-5).
Então anote aí: a convicção do pecador não vem pela eloquência do pregador, nem por sabedoria, força e coragem humanas, nem tampouco por palavras persuasivas. O que leva alguém à conversão é a mensagem de Jesus Cristo, e este crucificado. A Palavra de Deus insemina vida no ouvinte, levando-o à fé e ao arrependimento. E os sinais e milagres? Bem, eles são uma resposta de Deus à incredulidade de pessoas que querem ver, mas não necessariamente crer.
Os habitantes de Nazaré queriam chegar a Cristo pelo caminho errado, queriam ver para crer. Os de Cafarnaum creram e depois viram, mas se nada tivessem visto teriam ficado satisfeitos mesmo assim. Deus não se agrada de pessoas que buscam milagres. Quando Jesus esteve em Jerusalém, “muitos, vendo os sinais que fazia, creram no seu nome. Mas o mesmo Jesus não confiava neles “ (Jo 2:23-25). Quem está em busca de milagres anda por vista, e não por fé. Mas este não é um problema só de incrédulos. Pessoas convertidas também caem no erro de buscar sinais, quando Deus quer lhes dar sabedoria. É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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Sinais ou sabedoria?
Se você já viu um ou mais cristãos falando em voz alta e não entendeu o que diziam, vou tentar explicar o que foi aquilo. Se perguntasse, eles diriam que estavam falando em línguas estranhas ou estrangeiras, e realmente no Novo Testamento encontramos tal prática. Mas o que é isso? Paulo explica em sua primeira carta aos Coríntios que foi um sinal dado por Deus por causa da incredulidade dos judeus. Nos versículos 21 e 22 do capítulo 14 ele diz:
“Está escrito na Lei: ‘Por meio de homens de outras línguas e por meio de lábios de estrangeiros falarei a este povo” — os judeus — “mas, mesmo assim, eles não me ouvirão’, diz o Senhor. Portanto, as línguas são um sinal para os descrentes, e não para os que creem; a profecia, porém” — e entenda como “profecia” o falar da Palavra de Deus — “é para os que creem, e não para os descrentes”. Portanto, se no lugar onde você ouviu tal coisa não havia judeus incrédulos, aquele sinal não tinha qualquer utilidade, principalmente se ficou sem tradução. A menos que as pessoas que estavam falando quisessem apenas se exibir.
Alguém poderia contestar dizendo que elas falavam em línguas estrangeiras para a própria edificação, mas Paulo condena tal ideia. Se você ler o capítulo inteiro verá que o apóstolo está falando de como o uso de um dom para a edificação da igreja ou assembleia é melhor do que um sinal usado egoisticamente para a própria edificação. Mas vamos deixar que o próprio Paulo explique por que ele achava que profetizar, ou seja, proferir a Palavra de Deus, seria muito superior ao falar em línguas estrangeiras sem tradução. Ali ele diz:
“Quem fala em língua não fala aos homens, mas a Deus. De fato, ninguém o entende; em espírito fala mistérios. Mas quem profetiza o faz para a edificação, encorajamento e consolação dos homens. Quem fala em língua a si mesmo se edifica, mas quem profetiza edifica a igreja. Gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada. Agora, irmãos, se eu for visitá-los e falar em línguas, em que lhes serei útil, se não levar alguma revelação, ou conhecimento, ou profecia, ou doutrina?… Se vocês não proferirem palavras compreensíveis com a língua, como alguém saberá o que está sendo dito? Vocês estarão simplesmente falando ao ar… Todavia, na igreja prefiro falar cinco palavras compreensíveis para instruir os outros a falar dez mil palavras em língua. Irmãos, deixem de pensar como crianças… sejam adultos” (1 Co 14:1-20).
Acho que nem preciso dizer mais de como é uma tremenda prova de incredulidade e infantilidade correr atrás de sinais quando podemos nos ocupar com Cristo e sua Palavra, e toda a sabedoria que ela contém. Nos próximos 3 minutos voltaremos a Cafarnaum para encontrar Jesus libertando um homem endemoninhado.
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Jesus cura e liberta
Apesar da recepção calorosa na sinagoga de Cafarnaum, Jesus encontra ali “um homem possesso de um demônio”, que ao vê-lo, gritou: “‘Ah! Que queres conosco, Jesus de Nazaré? Vieste para nos destruir? Sei quem tu és: o Santo de Deus!’ Jesus o repreendeu, e disse: ‘Cale-se e saia dele!’ Então o demônio jogou o homem no chão diante de todos, e saiu dele sem o ferir. Todos ficaram admirados, e diziam uns aos outros: ‘Que palavra é esta? Até aos espíritos imundos ele dá ordens com autoridade e poder, e eles saem!’” (Lucas 4:33-36).
Não sabemos há quanto tempo aquele homem possuído por um demônio frequentava a sinagoga dos judeus sem ser notado. Mas basta a presença de Jesus para o demônio se manifestar e também revelar quem realmente é Jesus. Se os judeus ainda duvidavam de suas credenciais, os poderes das trevas seguem de perto a trajetória do Santo de Deus na terra. Porém Jesus não precisa do testemunho de demônios. Ele diz duas palavras, “cale-se” — para impedir que o demônio continue a falar de Jesus — e “saia dele”, para libertar o homem.
Se você leu este capítulo 4 de Lucas com atenção, terá reparado que no versículo 22 as pessoas ficam admiradas porque dos lábios de Jesus saem palavras de graça. Então, no versículo 32 as pessoas se maravilham por ele falar com autoridade. Agora, no versículo 36, elas testificam que suas palavras não têm só autoridade, mas poder. Não é à toa que perguntam admirados: “Que palavra é esta?” É a mesma Palavra de Deus à qual eu e você temos acesso; a mesma que traz vida a alguém morto em seus delitos e pecados e o transforma, pelo poder do Espírito Santo, em um filho de Deus.
Na sequência Jesus irá curar a todos os que são trazidos a ele. Você ouviu? Todos! “O povo trouxe a Jesus todos os que tinham vários tipos de doenças; e ele os curou, impondo as mãos sobre cada um deles” (Lucas 4:40). ‘Todos’ significa que ninguém saía da presença dele meio curado. Alguns homens se gabam de fazer as curas que Jesus fazia, mas se fosse assim eles curariam a todos os que viessem a eles. É isso o que você vê por aí? Certamente não.
As curas que Jesus fazia tinham o propósito de cumprir uma profecia de Isaías, que dizia: “Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e sobre si levou as nossas doenças”. Isso não ocorreu na morte de Jesus, mas em sua vida. E é o que ele faz também com a sogra de Pedro: inclina-se sobre ela, repreende a febre e ela imediatamente se levanta e passa a servir a Jesus e aos discípulos. Hoje você também pode ser curado do maior mal que aflige a humanidade, o pecado. E depois de curado do pecado e de posse da salvação pela fé em Jesus, qual é sua reação? Servir a Deus e aos seus irmãos em Cristo. Foi o que fez a sogra de Pedro; é o que eu e você devemos fazer, e é o que Jesus irá ensinar seus discípulos a fazerem nos próximos 3 minutos.
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A pescaria
O evangelho de Lucas tem duas particularidades. A primeira é que nele você encontra a graça de Deus da forma mais ampla alcançando estrangeiros como a viúva de Sarepta e Naamã, o leproso. A segunda é que os eventos não estão necessariamente em ordem cronológica, mas em uma espécie de ordem moral para revelar detalhes de Jesus que faltam aos outros evangelhos.
No capítulo anterior a Palavra de Jesus foi reconhecida como sendo uma palavra de graça, autoridade e poder sobre enfermidades e demônios. Depois de curada a sogra de Pedro passou a servir a Jesus e aos discípulos. Isto mostra que as boas obras são consequência da salvação, e não o contrário. A mesma ordem você encontra agora neste capítulo 5 de Lucas: Pedro crê na Palavra de Jesus, vê o resultado de sua fé, e tem a vida transformada de pescador de peixes a pescador de homens.
A cena diante de nós é de um cardume de pessoas ávidas pela Palavra de Deus, diante de pescadores frustrados lavando suas redes vazias. O barco de Simão Pedro, que nenhuma utilidade teve durante uma noite de pesca infrutífera, é requisitado por Jesus para servir de palco flutuante em sua pregação para a multidão na praia. Mas Jesus não sai dali sem antes recompensar Simão pelo empréstimo do barco:
“Quando acabou de falar, disse a Simão: Faze-te ao mar alto, e lançai as vossas redes para pescar. E, respondendo Simão, disse-lhe: Mestre, havendo trabalhado toda a noite, nada apanhamos; mas, sobre a tua palavra, lançarei a rede. Quando o fizeram, pegaram tal quantidade de peixe que as redes começaram a rasgar-se. Então fizeram sinais a seus companheiros no outro barco, para que viessem ajudá-lo; e eles vieram e encheram ambos os barcos, a ponto de quase começarem a afundar” (Lucas 5:4-5).
Lições para nós? São muitas. Primeiro, devemos colocar nossos bens à disposição do Senhor, com fez Pedro com seu barco. Segundo, buscar no Senhor a direção para cada passo. Pedro não sabia onde estavam os peixes, mas Jesus sabia onde jogar a rede. Terceiro, não devemos confiar em nossa inteligência e experiência, mas na Palavra de Deus. Pedro, o experiente pescador, acata as instruções de Jesus na hora de pescar. Quarto, não podemos servir ao Senhor sozinhos: Pedro e os que estavam em seu barco chamam outros para ajudá-los.
Diante de tudo isso, Pedro se lança aos pés de Jesus e diz: “Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador!” (Lucas 5:8). Ao mesmo tempo em que Pedro se coloca o mais próximo possível de Jesus, ele se reconhece indigno de ter Jesus próximo de si. Só que ele não sai dali e nem Jesus se afasta. Ao se reconhecer pecador você pode fugir de Jesus ou se agarrar a ele. Pedro escolhe a segunda opção e o resultado você vê nos próximos 3 minutos.
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Chamados a servir
Pedro e seus amigos estão perplexos com o resultado da pesca feita de acordo com a Palavra de Jesus. Sempre nos surpreendemos com as consequências de colocarmos nossas vontades e ações sob a direção de Deus. Ele “é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Ef 3:20).
A submissão de Pedro e de seus sócios Tiago e João lhes rende muito mais do que uma pesca extraordinária. Jesus chama Pedro para uma nova missão: “Não tenha medo; de agora em diante você será pescador de homens” (Lucas 5:10). Os outros dois se consideraram incluídos no convite, pois “arrastaram seus barcos para a praia, deixaram tudo e o seguiram”.
Jesus não chama desocupados para a sua obra. Há quem passe a vida de papo para o ar esperando por uma oportunidade de servir ao Senhor, quando poderia estar a serviço dele em qualquer lugar ou profissão. Se você prestar atenção, verá que Jesus usou Pedro antes mesmo de chamá-lo para uma missão específica. Pedro o serviu com seu barco e se deixou usar como um testemunho de fé que certamente impressionou a multidão que assistia a tudo da praia.
Na Bíblia encontramos pessoas servindo a Deus onde estavam, como a menina serva de Naamã, ou o menino dono dos pães e peixes que Jesus multiplicou. Outros são citados pelo nome, como Lázaro, Marta e Maria, que hospedavam Jesus em sua casa em Betânia. Zaqueu não mudou de profissão após o encontro com Jesus, mas passou a servi-lo onde estava. Várias Marias, como a mãe de Jesus, a de Magdala e a mãe de Tiago, além de outras mulheres, como Joana e Suzana, serviram a Jesus na esfera onde Deus as colocou.
Alguns cristãos acham que você só pode servir a Deus pregando o evangelho. A frase “ganhar almas para Jesus” é usada como um chicote, deixando frustrados aqueles que não têm um dom de pregar. Pedro, em sua primeira epístola fala de maridos incrédulos e sugere às mulheres cristãs que eles sejam “ganhos sem palavras, pelo procedimento de sua mulher” (1 Pe 3:1). Uma vez escutei alguém dizer: “Pregue o evangelho, e se for preciso use palavras”.
Há também quem acredite que o cristão só pode servir a Deus numa profissão que o faça rico para contribuir com a obra do evangelho. Gente assim nunca ouviu falar da viúva que só tinha duas moedas. Ouvi um pregador de rua que prometia uma vida melhor para quem cresse no evangelho de prosperidade que ele pregava. Ele afirmava que por sua pregação Deus já tinha tirado muitos da enxada, transformando-os em advogados, médicos e empresários. Então um dos ouvintes o questionou em voz alta: “Se Deus continuar tirando pessoas da enxada, quem vai plantar a comida para você comer?”.
Nos próximos 3 minutos Jesus toca um intocável.
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O intocável
Há duas coisas que você pode experimentar ao aproximar-se de Jesus: seu poder e sua graça. Pedro experimentou primeiro o poder, ao lançar suas redes crendo na Palavra de Jesus. Depois experimentou a graça. Prostrado aos pés de Jesus e reconhecendo-se tão pecador ao ponto de pedir que Jesus se afastasse, este o trouxe para mais perto ainda, convocando Pedro para o seu serviço.
Agora vemos outro homem que igualmente crê no poder de Jesus, mas tem dúvidas quanto à sua graça. “Estando Jesus numa das cidades, passou um homem coberto de lepra. Quando viu a Jesus, prostrou-se com o rosto em terra e rogou-lhe: ‘Se quiseres, podes purificar-me’” (Lucas 5:12). Na Bíblia a lepra era incurável como o pecado, que nos faz insensíveis, nos enfraquece e corrói, até nos levar à morte. Este homem tem certeza de que Jesus tem poder para curá-lo. Mas será que Jesus irá querer curá-lo? Na dúvida, o homem diz: “Se quiseres”.
A questão é que Jesus quer curar este homem, tanto quanto quer salvar você de seus pecados. A prova disso ele deu na cruz, ao receber o juízo de Deus contra o pecado e morrer no lugar do pecador. Você só saberá se estava sendo substituído por Jesus no juízo divino se crer nele como seu Salvador. Caso contrário, os seus pecados não foram pagos por Jesus na cruz e você irá encontrar-se com Deus na condição de réu. A sentença é uma só: “o fogo eterno, preparado para o diabo e os seus anjos” (Mt 25:41). Isto mesmo, o “fogo eterno” não foi inicialmente preparado para os homens, pois Deus quer que todos sejam salvos. Mas será que todos querem ser salvos? Infelizmente não.
Jesus poderia curar este homem apenas com uma palavra, como fez das outras vezes. Mas ele faz algo mais para demonstrar que não é só o seu poder que está disponível, mas também a sua graça. Na Lei do Antigo Testamento quem tocasse um leproso era contaminado e considerado impuro. Jesus, o Homem perfeito, não era só sem pecado em sua natureza santa, como também totalmente incapaz de pecar ou ser contaminado pelo pecado. Ele era o único que podia tocar um leproso sem ficar impuro.
E é o que faz. Antes mesmo de dizer “Seja purificado!”, Jesus toca o homem leproso, demonstrando até que ponto ele estava disposto a ir para salvar o pecador. E na cruz, aquele Ser puro e incontaminado não apenas tocou o pecador, mas recebeu sobre o seu corpo santo os pecados de todos os que irão habitar para sempre na presença dele. “Àquele que não conheceu pecado, [Deus] o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21). Ao longo dos evangelhos Jesus sempre chamou a Deus de “meu Pai”. Na cruz foi obrigado a chamá-lo de “meu Deus” por estar na condição de réu, substituindo o pecador.
Nos próximos 3 minutos descubra por que os evangelhos são para os judeus.
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Sacerdotes, sacrifícios e Lei
Jesus ordena ao leproso que acabara de curar: “Não conte isso a ninguém”. Por que pedir que ele não divulgue a cura? Para não atrair multidões interessadas em milagres. As curas e sinais que Jesus faz nos evangelhos servem para revelar suas credenciais de Messias, mas não são elas a razão de sua vinda ao mundo. O mundo não precisava de um curandeiro, o mundo precisava de um Salvador.
A Lei dada por Moisés não podia curar o leproso, mas Deus sim. Por isso neste capítulo 5 do Evangelho de Lucas nós veremos Jesus, não apenas curando, mas também perdoando os pecados de um paralítico. É de Jesus que o Salmo 103 diz: “É ele que perdoa todos os seus pecados e cura todas as suas doenças, que resgata a sua vida da sepultura e o coroa de bondade e compaixão, que enche de bens a sua existência” (Sl 103:3-5). A promessa era primeiramente para Israel.
Jesus aconselha o homem curado de lepra: “Vá mostrar-se ao sacerdote e ofereça pela sua purificação os sacrifícios que Moisés ordenou, para que sirva de testemunho”. A Lei não podia curar, mas instruía como proceder em caso de lepra, e Jesus, Deus e Homem, cura e também respeita a Lei. Por isso ordena que o homem curado apresente-se ao sacerdote e ofereça sacrifícios segundo a Lei.
Nada disso faria sentido hoje. Não temos um Templo, não temos sacerdotes descendentes de Aarão, e não viajamos a Jerusalém para sacrificar animais. Já deu para perceber que o que vemos nos evangelhos ainda está num contexto de judaísmo? Porém, Paulo, em sua carta aos Romanos, apresenta o evangelho da graça de Deus: “Vocês não estão debaixo da lei, mas debaixo da graça” (Rm 6:14).
Jesus foi rejeitado por Israel e entregou sua vida como sacrifício pelo pecado, nos resgatando da maldição da Lei e inaugurando uma nova maneira de Deus se relacionar com o homem. Nos Evangelhos ainda temos os rituais e ordenanças, porém a ordem agora é: “Saiamos até ele [Jesus], fora do acampamento [ou sistema judaico], suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome” (Hb 13:13-15).
Os sacrifícios que o cristão oferece a Deus não tem qualquer ligação com a adoração exterior encontrada no Antigo Testamento. Infelizmente muitos cristãos não entendem isso e tentam emprestar do judaísmo elementos que nada têm a ver com cristianismo. Quais? Templos, altares, cleros, sacerdotes, ordenação de líderes, vestes cerimoniais, corais, instrumentos musicais, levitas, dízimos, sábados, orações decoradas, adorações ensaiadas, feriados religiosos… a lista é imensa. Será que você adora a Deus em um lugar com todas essas coisas?
Nos próximos 3 minutos Jesus faz algo que só Deus é capaz de fazer.
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Perdão de pecados
Até que ponto você chegaria para salvar um amigo? Estou falando com você, que já tem a salvação assegurada pela fé em Jesus e em sua obra na cruz. O que você estaria disposto a fazer para seu amigo não ser condenado a uma eternidade de sofrimento, trevas e isolamento? Esqueça a imagem de um inferno lotado, com o diabo espetando todos com um garfo. Sofrimento, trevas e solidão; sem amigos, parentes e, principalmente, sem Deus. Este é o destino dos perdidos.
Mas o paralítico que encontramos no capítulo 5 de Lucas tem amigos em número suficiente para levá-lo até Jesus. A dificuldade surge quando percebem que há tantos curiosos que é impossível chegar à porta da casa carregando o paralítico na maca. A solução é subir ao telhado, remover umas telhas e baixar a maca por meio de cordas. Que visão aquela: um paralítico sendo baixado bem no meio do cômodo onde Jesus está!
Lucas descreve a reação de Jesus: “Vendo a fé que eles tinham, Jesus disse: ‘Homem, os seus pecados estão perdoados’” (Lucas 5:20). Percebe que o texto não diz que Jesus viu a fé do paralítico, mas daqueles homens? Sem excluir a fé do paralítico, que se deixou levar até ali, a fé dos amigos teve um papel importante na salvação e cura daquele homem. Isto é um consolo se você tem amigos e parentes que ainda não estão salvos. Deus está atento à sua oração e intercessão por aqueles que você ama. Jesus sabe até que ponto você é capaz de chegar para levá-los à presença dele para receberem palavras de perdão e cura.
Primeiro Jesus diz ao paralítico: “Homem, os seus pecados estão perdoados”. Muita gente vai atrás de Jesus em busca de cura, sem se dar conta de que a cura mais necessária é a da alma, arruinada pelo pecado. Achamos que o doente, ou quem não tem sorte no amor, ou o que passa por dificuldades financeiras é quem está numa pior. E que uma pessoa saudável, que encontrou sua cara metade e está nadando em dinheiro vive sem problemas. Mas ninguém está com a vida resolvida enquanto viver em um corpo arruinado pelo pecado, sem um relacionamento com Jesus e devendo mundos e fundos para Deus.
Os membros do clero ficam chocados com a audácia de Jesus, que afirma que os pecados do paralítico estão perdoados. Eles exclamam: “Quem é esse que blasfema? Quem pode perdoar pecados, a não ser somente Deus?” (Lucas 5:21). Antes que aqueles homens digam que é fácil falar sem dar provas concretas de que tem poder para isso, Jesus ordena ao paralítico: “Levante-se, pegue sua maca e vá para casa” (Lucas 5:24). E é o que o homem faz. Para a surpresa de todos, ele sai dali andando e louvando a Deus por sua salvação.
Nos próximos 3 minutos Jesus convida um pecador e é convidado por ele.
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De rejeitado a rejeitado
O que você faria se tivesse um bom emprego público para garantir uma vida próspera e uma aposentadoria tranquila? Levi é assim. O problema dele está justamente em sua profissão. Coletar impostos numa nação invadida significa tirar dinheiro de seu próprio povo para entregá-lo ao inimigo romano. Aos olhos dos judeus a profissão de Levi é tão respeitada quando a de uma prostituta.
Mas isso está para mudar. Se Levi pensa que seu emprego é desprezível espere até ele descobrir o que é seguir a Jesus. Ele promove um banquete em sua casa e convida a Jesus, além de outros publicanos, a escória da sociedade aos olhos dos religiosos judeus. Não sabemos quantos deles acabariam seguindo o Salvador, mas é fácil entender que tenham sido até mais desprezados por se associarem a Jesus. E hoje, o que acontece com aqueles que creem em Cristo?
Depois que o imperador Constantino transformou o império romano em um império cristão por decreto, ser cristão ganhou status. As pessoas se tornavam cristãs, ou porque eram obrigadas, ou por outros interesses. Mas, com o tempo os cristãos genuínos passaram a ser vistos como um estorvo, e é por isso que a história está repleta de casos de cristãos perseguindo cristãos. E hoje? Bem, é bom você entender que ser cristão pode implicar perder amigos e ser mal visto.
Veja Jesus, o Homem perfeito. Ele não tinha onde repousar a cabeça e seu espólio, quando morreu, não passava da roupa do corpo. E Paulo, o apóstolo? Se você ler o capítulo 11 de 2 Coríntios verá que muitas vezes ele foi preso, açoitado, apedrejado, assaltado e perseguido; passou noites acordado com fome, frio e falta de roupas. Além de tudo ainda sofria com um “espinho na carne”, algo que Deus permitiu que o afligisse para ele não se gloriar das revelações que recebeu.
Em sua oração Jesus já havia previsto como seria a vida do cristão em um ambiente hostil como é este mundo. Ele intercedeu pelos seus com estas palavras: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, pois eles não são do mundo, como eu também não sou. Não rogo que os tires do mundo, mas que os protejas do Maligno. Eles não são do mundo, como eu também não sou” (Jo 17:14-16).
Portanto não espere tapinhas nas costas por ser cristão. Jesus foi rejeitado e o mundo ainda odeia a Cristo e aos cristãos, e a maior aversão pode vir do mundo religioso. Foram os religiosos judeus que rejeitaram Jesus e o entregaram à morte. Foram os religiosos cristãos que por séculos derramaram o sangue de cristãos genuínos. E são os religiosos neste capítulo que irão criticar Jesus por ter entrado na casa de Levi, um homem agora duplamente rejeitado em sua sociedade.
A resposta que Jesus dá aos religiosos judeus revela um antigo caso de infidelidade. Veja nos próximos 3 minutos.
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Adultério e divórcio
A primeira crítica dos judeus religiosos contra Jesus é por ele ter aceitado o convite de Levi, o odiado coletor de impostos, para comer com publicanos e pecadores. Jesus explica que foi para isso que veio ao mundo: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas sim os doentes” (Lucas 5:31-32). Se os fariseus não se consideram doentes então não há cura para eles.
Se você se considera justo aos olhos de Deus, você é da turma dos fariseus. Você se reconhece pecador? Então você é da turma de Levi e tem o privilégio de poder crer em Jesus e ser salvo de seus pecados. A única condição para alguém ser salvo é ser pecador e reconhecer-se assim. “Eu não vim chamar justos, mas pecadores ao arrependimento”, diz Jesus àqueles religiosos judeus.
Eles continuam criticando Jesus ao compararem seus discípulos, que comem e bebem alegremente, com os discípulos de João Batista, que jejuam muitas vezes e fazem orações. A resposta de Jesus deixa claro que eles ainda não percebem que ele é Jeová, o esposo de Israel anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “O seu Criador é o seu marido” (Is 54:5).
A atitude dos discípulos de Jesus, que esperavam pelo Messias, é a mesma da mulher do livro de Cantares, apaixonada pelo Rei e alegre por estar perto dele. Ela diz: “Leve-me o Rei para os seus aposentos! Estamos alegres e felizes por sua causa; celebraremos o seu amor mais do que o vinho” (Ct 1:4). Era nesse espírito que todos os judeus deveriam ter recebido Jesus, o Messias. No entanto Israel rejeitou seu esposo e Rei, e adulterou com os ídolos e povos da terra.
É por isso que os profetas anunciaram o divórcio entre Deus e seu povo. Chamando de Israel as dez tribos levadas em cativeiro, e de Judá as duas remanescentes, Deus deu a sentença, através do profeta Jeremias: “Dei à infiel Israel uma certidão de divórcio e a mandei embora, por causa de todos os seus adultérios. Entretanto, a sua irmã Judá, a traidora, também se prostituiu” (Jr 3:8). E Oséias acrescentou: “Vocês não são meu povo, e eu não sou seu Deus… Repreendam-na, pois ela não é minha mulher, e eu não sou seu marido” (Os 2:2).
No capítulo 11 da carta de Paulo aos romanos o apóstolo explica essa rejeição temporária de Israel como sendo a janela de oportunidade para a salvação dos gentios. Ele diz: “Por causa da transgressão deles, veio salvação para os gentios, para provocar ciúme em Israel” (Rm 11:11). E Jesus agora avisa que, apesar de seus discípulos estarem alegres, “o noivo lhes será tirado” e eles se entristecerão. Ele anuncia assim a sua morte.
Mas nos próximos 3 minutos Jesus irá explicar melhor por que é impossível conciliar a graça com o velho sistema da Lei do Antigo Testamento.
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Velho x Novo
Jesus diz a eles uma parábola: “Ninguém tira um pedaço de uma roupa nova para a coser em roupa velha, pois romperá a nova e o remendo não condiz com a velha. E ninguém deita vinho novo em odres velhos; de outra sorte o vinho novo romperá os odres, e entornar-se-á o vinho, e os odres se estragarão; mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos, e ambos juntamente se conservarão” (Lucas 5:36-39).
Esta parábola explica a impossibilidade de se misturar Lei e graça. O contexto aqui é a comparação que os fariseus fazem entre os discípulos de João Batista, que pertencem à velha ordem de coisas, e os discípulos de Jesus, que o recebem com a alegria de uma noiva na companhia de seu noivo.
É impossível fazer os princípios da graça se encaixarem no velho sistema da Lei. Não se tira um pedaço do novo para costurar no velho; a graça e a Lei nunca poderão andar juntas. De igual modo ninguém colocaria vinho novo, ainda em fermentação, em um velho saco de couro que guardou vinho velho e já não tem a elasticidade necessária para o novo. O vinho novo precisa ser colocado em um odre novo para que ambos se conservem.
O que é novo tem uma energia que é destrutiva quando em contato com a velha ordem de coisas. Sempre que alguém tenta juntar Lei e graça acaba ficando sem nenhuma delas: a Lei deixa de ser Lei e a graça deixa de ser graça. O cristianismo é algo completamente novo que vem de uma revelação direta de Deus. Não é um conjunto de regras, ordenanças, cerimonias, objetos sagrados, clero, templo, altares e tantas coisas que faziam parte da antiga dispensação dada a Israel.
Mas será que o homem quer a “roupa nova”? Será que ele aprecia o “vinho novo”? Não, e a prova disso é que a maioria das religiões cristãs não passa de adaptações do judaísmo, com maior ou menor grau de elementos judaicos costurados em sua adoração, ofícios e instalações. Jesus complementa seu discurso dizendo: “E ninguém tendo bebido o velho quer logo o novo, porque diz: Melhor é o velho” (Lucas 5:39).
Sem dúvida, a velha ordem de coisas do legalismo judaico é mais adequada ao homem no seu estado natural. Mas a graça é sobrenatural. É apenas pela fé que alguém consegue enxergar que a graça é tão adequada a Deus quanto ao novo homem. Mas o homem, em sua carne, irá perguntar: “O que posso fazer? O que não posso fazer?”. Por ainda não ter em si a nova vida, ele irá se apegar ao velho sistema da Lei, do tipo “Faça isso!”, “Não faça aquilo!”, que é mais condizente com sua velha natureza. Por isso ele dirá: “Melhor é o velho”.
Nos próximos 3 minutos os religiosos fariseus querem o sábado, mas sem o Criador do sábado.
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O Senhor do sábado
Como das outras vezes, Jesus é perseguido e criticado, não por criminosos ou prostitutas, mas pelo clero religioso. Os mesmos que conheciam as Escrituras as manipulavam ao seu bel prazer. Eles simplesmente passavam por alto a Palavra de Deus sem dar importância a ela sempre que isso fosse conveniente. Porém, quando seu poder e domínio sobre as pessoas eram ameaçados, eles empunhavam o bordão da Lei para trazer suas ovelhas de volta ao curral. Mas aqui eles estão falando com ninguém menos que o próprio Autor das Escrituras.
A razão das críticas que os fariseus agora fazem é que os discípulos de Jesus atravessavam um campo de trigo e, enquanto caminhavam, iam arrancando as espigas para comer os grãos, separados da palha pelo esfregar das mãos. Os fariseus não questionam o fato de colherem as espigas, pois a Lei permitia a um transeunte se alimentar da plantação alheia desde que o fizesse com as mãos, e não com uma foice. O que os religiosos questionam é eles estarem fazendo aquilo no sábado, o dia determinado por Deus para o descanso dos judeus.
Os fariseus conhecem a letra da Lei, mas não o Deus que lhes deu a Lei. Ao dar um dia de descanso Deus estava preocupado com o bem-estar de suas criaturas. Jesus responde: “Vocês nunca leram o que fez Davi, quando ele e seus companheiros estavam com fome? Ele entrou na casa de Deus e, tomando os pães da proposição, comeu o que apenas aos sacerdotes era permitido comer, e os deu também aos seus companheiros” (Lucas 6:3-4). Jesus coloca a sobrevivência do homem acima das minúcias da Lei. Afinal, tudo — o campo, o trigo e o sábado — haviam sido criados para o homem, e não o contrário.
A sobrevivência de Davi, o rei rechaçado por Saul, era mais importante do que as formalidades do templo. E na Bíblia Davi é uma figura de Cristo, o mesmo Messias que vem sendo repetidamente atacado pelo clero. “O Filho do homem é Senhor do sábado”, explica Jesus. Os fariseus deviam saber que Deus havia colocado o homem como cabeça de toda a Criação, porque isso estava mais do que explicado no livro de Gênesis. Agora eles têm ali o “Filho do homem”, título que revela a humanidade de Jesus, o Homem perfeito, que no seu devido tempo terá tudo sob seus pés. Ele é indiscutivelmente Senhor do sábado e de tudo mais.
Quem já trabalhou numa empresa onde existe um gerente que detesta ter em sua equipe alguém mais inteligente ou capaz do que ele, sabe como se sentem esses líderes religiosos. A liderança deles está sendo ameaçada por um intruso que tem a audácia de contestar a interpretação que eles dão das Escrituras. Eles não se importam com a saúde e o bem-estar de seus liderados, desde que não percam a posição que ocupam de pastores do povo de Deus e sua autoridade não seja contestada. Mas são pastores que se apascentam a si mesmos, como Jesus lhes mostrará nos próximos 3 minutos.
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Os transgressores da Lei
Mais um sábado, e mais uma vez os religiosos tentam acusar Jesus de transgredir a Lei, mas agora são eles os transgressores. No sábado anterior Jesus havia revelado sua Pessoa, o verdadeiro Davi e Messias de Israel, e sua posição de Senhor do sábado. Agora ele irá demonstrar seu poder de curar um homem com a mão direita atrofiada. Tal é o estado de Israel, com a mão tão mirrada que já não é capaz de fazer o bem ou exercer misericórdia.
Os membros do clero estão curiosos para ver se Jesus irá curar o enfermo no sábado, e Lucas revela aqui mais um atributo divino de Jesus: ele é capaz de ler os pensamentos dos fariseus e atende a curiosidade deles. Ele pede ao enfermo que se levante e venha para o meio da sinagoga onde todos possam vê-lo. Então Jesus pergunta aos fariseus e mestres da Lei: “O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar a vida ou destruí-la?” (Lucas 6:9).
Ninguém se arrisca a responder. Se disserem que é permitido fazer o bem no sábado, então nada impede que o homem seja curado. Se disserem que fazer o mal ou tirar a vida de alguém seria transgredir o mandamento, estarão condenando a si mesmos, pois estão tramando como entregarão Jesus à morte.
“Estenda a mão”, ordena Jesus, e a mão do homem é restaurada. Mas, ao invés de palavras de louvor e gratidão, os religiosos ficam ainda mais furiosos e passam a conspirar contra Jesus, transgredindo assim eles próprios o sábado.
É significativo Lucas dizer que Jesus subiu ao monte para orar e passou a noite em oração. Ele convida seus discípulos a estarem naquele lugar elevado, e é ali que escolhe os que serão seus apóstolos, homens que o seguirão e depois serão responsáveis pelo alicerce da igreja. Judas Iscariotes, o traidor, seria mais tarde substituído por Matias, que igualmente viu a Jesus e sua ressurreição. Paulo é o décimo terceiro apóstolo, nascido fora de época e chamado por Jesus já ressuscitado no céu.
Para ser um apóstolo era necessário ter visto o Senhor, ter sido escolhido por ele, e ser testemunha de sua ressurreição. Qualquer um que adote o título de “Apóstolo” hoje é um impostor. Não viu o Senhor, não foi escolhido por ele e nem testemunhou sua ressurreição. Mas os apóstolos não eram os únicos discípulos, pois vemos que eles descem do monte em direção à planície, onde estão muitos de seus discípulos e uma grande multidão em busca de seus ensinamentos e cura para suas doenças. A prova de que Jesus é Deus está em seu poder ilimitado. Lucas escreve que “dele saía poder que curava a todos” (Lucas 6:19).
Nos próximos 3 minutos Jesus irá proferir quatro bênçãos e quatro maldições.
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Bem-aventurados os discípulos
Jesus começa dirigindo-se especificamente aos discípulos, ao proferir quatro bênçãos, antes de lançar quatro maldições aos ricos, fartos, amantes dos prazeres e da bajulação. A distinção que ele faz também serve para colocar uma linha divisória entre aqueles que seguem a Jesus e os que seguem os falsos profetas.
Primeiro ele diz: “Bem-aventurados vocês os pobres, pois a vocês pertence o Reino de Deus”. Embora exista ali uma multidão que certamente inclui muitos pobres, ele não abençoa a pobreza. Ele diz “vocês os pobres”, aos discípulos que deixaram tudo para segui-lo. Eles seguem a Jesus pelo que ele é, não pelas vantagens que possam obter. Prosperidade material, felicidade no amor e cura das enfermidades são os atrativos oferecidos pelos falsos profetas.
“Bem-aventurados vocês, que agora têm fome, pois serão satisfeitos”. Mais uma vez ele diz “vocês”, aos discípulos que haviam deixado o sustento garantido em um negócio pesqueiro ou num emprego público na coletoria, para dependerem 100% de Jesus. Comer grãos de trigo colhidos e debulhados à mão nos campos enquanto caminhavam com Jesus não é o que você chamaria de uma mesa farta.
“Bem-aventurados vocês, que agora choram, pois haverão de rir”. Por causa do nome de Jesus aqueles discípulos e os que viriam depois sofreriam rejeição, dor e sofrimento num mundo hostil. E ainda chorariam pelo estado arruinado da Criação e por tantos que rejeitam a salvação e se perdem eternamente.
“Bem-aventurados serão vocês, quando os odiarem, expulsarem e insultarem, e rejeitarem o nome de vocês, como sendo mau, por causa do Filho do homem. Regozijem-se nesse dia e saltem de alegria, porque grande é a recompensa de vocês no céu. Pois assim os antepassados deles trataram os profetas”. Odiados, expulsos, insultados, difamados, tudo isso por causa de Jesus. Se você busca a Cristo para ser alguém rico e famoso, me desculpe, mas você está buscando o Cristo errado.
Embora Deus se preocupe com os pobres, famintos, sofredores e perseguidos, não é este o assunto aqui. Jesus não chama de bem-aventurados a todos os pobres, inclusive os que não gostam de trabalhar ou que gastaram tudo o que tinham. Nem os que padecem de fome ou sofrem em consequência de estiagens, pragas, epidemias, enchentes ou guerras. Também não está falando de perseguidos políticos. Ele está falando dos discípulos que sofrem tudo isso por causa do nome de Jesus. Eles terão por recompensa um Reino, serão saciados, saltarão e rirão de alegria, não na terra, mas no céu.
Nos próximos 3 minutos Jesus lança quatro maldições, agora sim falando ao público em geral.
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Ai de vocês
Após pronunciar quatro bênçãos sobre seus discípulos, que sofreriam a perda dos bens, fome, dor e rejeição pelo nome de Cristo, o Senhor lança quatro maldições ou “ais” sobre quatro classes de pessoas: os ricos, bem alimentados, felizes e invejados neste mundo.
“Ai de vocês, os ricos, pois já receberam sua consolação. Ai de vocês, que agora têm fartura, porque passarão fome. Ai de vocês, que agora riem, pois haverão de se lamentar e chorar. Ai de vocês, quando todos falarem bem de vocês, pois assim os antepassados deles trataram os falsos profetas” (Lucas 6:24-26).
Não é difícil perceber que esta é exatamente a descrição dos ídolos deste mundo, os artistas e milionários invejados por todos. Não lhes faltam dinheiro, comida, entretenimento e a bajulação dos fãs. Mas como Jesus menciona os falsos profetas que pregavam o que o povo de Israel gostava de ouvir, as quatro maldições podem muito bem ser aplicadas aos falsos profetas milionários de nossos dias.
Dinheiro, sustento, prazer e prestígio são os apelos mais fortes deste mundo. Se a sua razão de viver for estas coisas, estas maldições também são para você. Se a sua meta na vida for ficar rico, você poderá até conseguir o que deseja. Mas Jesus deixa claro que se a sua meta puder ser atingida nesta vida, então nada mais restará para você alcançar depois. Já terá recebido a sua recompensa.
Na eternidade, aqueles que aqui só se preocuparam com a fartura passarão por privações. Jesus disse que nem só de pão viveria o homem, indicando que só existiria um alimento capaz de realmente nos satisfazer: a Palavra de Deus. Mas você não irá desejá-la, a menos que caia em si e reconheça-se pecador e necessitado do Pão da vida que desceu do céu: Jesus.
Se você leva a vida como se estivesse vivendo numa grande Disneylândia, acabará chorando e se lamentando quando nada mais tiver para mantê-lo fora da realidade. O mundo é cheio de entretenimentos para desviar seus pensamentos da realidade que é inevitável. A qualquer momento Deus poderá encerrar sua oportunidade de ser salvo e você perderá o próximo capítulo da novela na TV.
Porém terá início a sua novela eterna, de um episódio só, em um lugar onde não existirão passatempos, pois não haverá tempo para passar. Só uma eternidade de solidão e dor, que não é em cores ou preto e branco. Apenas “trevas exteriores”.
Nos próximos 3 minutos Jesus revela o que é amar na prática.
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Amor na prática
“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 4:10). O apóstolo João escreve isto em sua primeira epístola, e em seu evangelho assinala que “a Lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17). Portanto, a vinda de Jesus ao mundo foi a real manifestação do amor de Deus, um tempo de graça e misericórdia no modo de Deus tratar com o homem.
Em sua segunda carta aos Coríntios, Paulo mostra que, em sua primeira vinda, Jesus não veio julgar ou condenar os homens, mas salvá-los. Ele escreve: “Deus em Cristo estava reconciliando consigo o mundo, não lançando em conta os pecados dos homens… Deus tornou pecado por nós aquele que não tinha pecado, para que nele fossemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:19-21).
Se Cristo tivesse vindo no mesmo caráter em que voltará, estaríamos perdidos. Em Apocalipse, João o descreve como Juiz: “Seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés como o bronze numa fornalha ardente e sua voz como o som de muitas águas… e da sua boca saía uma espada afiada de dois gumes. Sua face era como o sol quando brilha em todo o seu fulgor” (Ap 1:14-16).
Quando Cristo voltar, não virá manso e humilde, como um Cordeiro disposto a morrer por pecadores. Ele virá como o inflexível Juiz para condenar seus inimigos. Em Apocalipse ele se declara “o Alfa e o Ômega… o que é, o que era e o que há de vir, o Todo-Poderoso” (Ap 1:8), a mesma expressão usada para Jeová no Antigo Testamento. Ele é o Criador, o “princípio da Criação de Deus” e o “Amém”, ou seja, em quem convergem todas as coisas. E para mostrar a unidade entre o Antigo e o Novo Testamento, e sua relação permanente com o povo de Israel, ele é chamado de “o Leão da tribo de Judá, a raiz de Davi” (Ap 3:14; 5:5).
Todo-Poderoso, o rosto como o sol, uma espada saindo da boca, a voz como de um estrondo, pés como o bronze numa fornalha, e olhos como chama de fogo. É este Juiz que você irá encontrar se não crer no Cordeiro que foi morto em seu lugar. Para quem tem a Jesus como Salvador, o acesso à presença de Deus está garantido. Para os demais resta “tão-somente uma terrível expectativa de juízo e de fogo intenso que consumirá os inimigos de Deus. Terrível coisa é cair nas mãos do Deus vivo!” (Hb 10:27).
Nos próximos 3 minutos Jesus mostra como devem viver os que foram beneficiados pelo amor, graça e misericórdia de Deus.
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Vivendo em amor
Depois de ter sido poupado da condenação eterna por crer em Jesus, você irá querer viver de modo a agradá-lo. É disso que ele fala nos versículos 27 ao 36 do capítulo 6 de Lucas. Mas será que você consegue amar seus inimigos, ajudar quem o odeia e responder com bênçãos aos que o amaldiçoam? Suas orações incluem seus caluniadores, e quando alguém o agride você oferece a outra face? E no assalto, você entrega ao ladrão o que ele se esqueceu de levar?
Jesus fala dos princípios que devem reger a vida dos que são seus discípulos, princípios contrários aos instintos e à natureza que herdamos de Adão. Ele fala de um amor que é sobrenatural, pois emana de Deus. Não é o amor dos filmes de Hollywood e nem a afeição natural de um pai. Um assassino em série pode amar seus próprios filhos enquanto mata os filhos dos outros. Você não diria que ele sabe o que é amor, não é mesmo?
Alguns chamam o versículo 31 de “Regra Áurea”, e acham que quem agir assim terá a vida eterna. Ali diz: “Como vocês querem que os outros lhes façam, façam também vocês a eles”. Ora, o homem em seu estado natural é incapaz de agir assim por ser guiado pelo instinto de sobrevivência. Quantas vezes você convidou um morador de rua para dormir em sua cama, tomar banho em seu banheiro e sentar-se à sua mesa para três refeições diárias? E não é exatamente isso que você gostaria que fizessem com você se estivesse no lugar dele?
A chamada “Regra Áurea” não é a causa de salvação, é o efeito. Ainda que não cumpra a lista de boas ações que Jesus apresenta aqui, se você nasceu de novo, creu nele como seu Salvador e teve os seus pecados perdoados graças ao seu sacrifício consumado na cruz, você está capacitado para isto. A nova vida que agora existe em você é capaz de amar como Deus ama, sem medo e sem reservas.
O amor das comédias românticas, das amizades e laços de família se expressa em emoções naturais, e não é diferente do abanar do rabo de seu cão. Qualquer ser vivo é capaz de expressá-lo à sua própria maneira, da formiga ao elefante. Mas o amor de Deus é sobrenatural, é um amor capaz de amar inimigos. Como Deus fez conosco entregando Seu próprio Filho para salvar esses pobres exemplares da escória humana, que somos eu e você. É o amor cheio de misericórdia e graça: misericórdia por não nos dar o que merecemos: o castigo eterno no lago de fogo; graça por nos dar o que não merecemos, um lugar na glória pela fé em Jesus.
Nos próximos 3 minutos Jesus mostra em que direção você deve apontar o dedo.
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Apontando o dedo
Jesus deixou uma coisa muito clara: “Se alguém ouve as minhas palavras, e não as guarda, eu não o julgo. Pois não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo” (Jo 12:47). Isto está no Evangelho de João, e não contradiz nem um pouco o capítulo 5 do mesmo evangelho, onde diz que o Pai “deu-lhe autoridade para julgar” (Jo 5:27). Como assim? Jesus tem autoridade para julgar, mas não julga? Por quê?
“Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna. Pois Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para condenar o mundo, mas para que este fosse salvo por meio dele. Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, por não crer no nome do Filho Unigênito de Deus. Este é o julgamento: a luz veio ao mundo, mas os homens amaram as trevas, e não a luz, porque as suas obras eram más” (Jo 3:17-19).
Resumindo, todo ser humano já nasce condenado pelo pecado que existe em si, que é essa índole de viver sem controle ou submissão a uma autoridade superior, no caso, Deus. Rebelião, autossuficiência, insubmissão, descontrole — dê a isso o nome que desejar, você sabe do que estou falando. Um dia Jesus virá como Juiz para julgar e lavrar a sentença daqueles que já nasceram condenados ao castigo eterno por serem pecadores: tinham em si o pecado e por isso pecavam.
Mas antes Jesus veio em amor, e há duas coisas que o amor não faz: julgar e condenar. Esta disposição de Deus para com os homens ainda está valendo, como uma espécie de “oferta relâmpago”, mas que pode se encerrar a qualquer momento, ou por seu relógio biológico parar de bater, ou pela volta de Jesus. Vale o que acontecer primeiro. Ou seja, é pegar ou largar. Ou melhor, crer ou continuar do jeito que está.
Então, se o próprio Jesus, que tem poder e autoridade para julgar, não está julgando por agir em amor, como devem fazer os seus discípulos? Andar também em amor. Ouvi alguém dizer que quando apontamos o indicador ficamos com outros três dedos apontados para nós e o polegar voltado para baixo, em sinal de desaprovação. E é disso que Jesus fala aqui, ao dizer: “Não julguem, e vocês não serão julgados. Não condenem, e não serão condenados” (Lucas 6:37).
Mas como fazer diante do erro ou má doutrina? Não devo julgar? E como diz aqui que minha condenação depende de eu não condenar os outros? Acaso não ficamos livres de condenação ao crermos em Jesus? Bem, acho que vamos precisar de mais 3 minutos para explicar estas coisas.
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Julgar ou não julgar?
Muitos tentam aplicar a passagem que diz “Não julguem, e vocês não serão julgados” em qualquer situação. Mas isto seria contrariar o ensino das Escrituras que nos manda julgar o pecado e a má doutrina. Aqui Jesus fala de não julgar as pessoas, seus motivos e modo de ver as coisas. O contexto inclui a indagação: “Pode um cego guiar outro cego? Não cairão os dois no buraco?” (Lucas 6:39).
Um cego não pode guiar outro cego, mas também não há utilidade, espiritualmente falando, em alguém que vê guiar um cego. O primeiro acabará se exaltando de sua capacidade de visão e o segundo irá sempre depender do outro para achar o caminho. Os fariseus, sim, eram cegos guiando outros cegos, e só no evangelho de Mateus eles são chamados assim por cinco vezes.
Os sacerdotes do Antigo Testamento só podiam julgar as coisas pelas aparências, mas o cristão está aparelhado para julgar do ponto de vista espiritual. Todo aquele que creu em Cristo foi selado com o Espírito Santo da promessa, pois “se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo” (Rm 8:9). Assim, o cristão genuíno tem vista e percepção espiritual. O que foi tocado por Jesus pode dizer: “Eu era cego e agora vejo” (Jo 9:25).
Obviamente alguns teólogos e líderes religiosos odeiam ouvir isso. Tal ideia os coloca no mesmo nível de um analfabeto salvo por Cristo, já que ambos desfrutam de uma mesma percepção espiritual, qualidade que não depende de capacidade intelectual, mas do Espírito de Deus. Porém os crentes não têm todos os mesmos dons, a mesma comunhão e um idêntico crescimento no conhecimento de Deus. Por isso aquele que recebeu de Deus um dom poderá ajudar seu irmão em um momento, e ser ajudado por ele em outro. Mas nenhum dos dois é cego: ambos têm a vista e o senso de orientação que vêm da nova vida em Cristo.
Mas, voltando à questão do julgar, não devemos julgar as pessoas e seus motivos, mas devemos julgar os pecados ou as doutrinas que as contaminam, tendo como padrão a Palavra de Deus. Julgar a coisa que contamina sem julgar a pessoa contaminada é mais ou menos como falar mal do cigarro por amor ao fumante. Alguém que tenha o Espírito de Deus, e está assim dotado de visão espiritual, certamente se deixará guiar por um irmão que enxergue nele alguma falta apontada na Palavra de Deus, e entenderá que o outro faz isso por amor.
Mas, para explicar o perdão condicional que aparece neste versículo 37 de Lucas 6 vamos precisar de mais 3 minutos.
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Perdão condicional
Jesus diz: “Não julguem, e vocês não serão julgados. Não condenem, e não serão condenados. Perdoem, e serão perdoados” (Lucas 6:37). Aqui ele não fala do perdão judicial, absoluto e eterno, que já foi garantido na cruz a todo aquele que crê nele, quando Jesus assumiu a culpa e pagou a pena do pecador. Se Jesus tomou seu lugar e pagou sua pena, não há de que Deus o acusar, não é mesmo?
Porém sempre que você julga ou se nega a perdoar seu semelhante, estraga sua comunhão com o Pai e ele é obrigado a julgar e aplicar uma disciplina em você. Mas isso é cancelado quando você, arrependido, confessa sua falta e perdoa seu próximo. É deste julgamento, condenação e perdão que Jesus fala aqui. Por ter sido completamente perdoado e salvo, você pode agora chamar a Deus de Pai e ser chamado por ele de filho.
Vivendo nesta nova esfera de responsabilidade, você jamais perderá sua posição de filho, mas pode perder sua comunhão com o Pai, e esta não será restabelecida enquanto não se retratar. Sua responsabilidade, portanto, é de não julgar o seu próximo para não ser julgado por seu Pai; de perdoar, para receber o perdão paternal, e não judicial, e assim viver feliz na família de Deus. Enquanto você não acerta o passo, o Pai o deixa de castigo e o priva do prazer de sua companhia. Agora você entende por que tantas vezes vive abatido, triste e deprimido. Olhe para trás e veja se não tem alguma pendência a ser resolvida com alguém.
Veja que aqui também o ato de receber está condicionado ao ato de dar. No sentido absoluto, podemos exclamar como Paulo no capítulo 8 de Romanos: “Se Deus é por nós, quem será contra nós? Aquele que não poupou a seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos dará juntamente com ele, e de graça, todas as coisas?” (Rm 8:31-32). Afinal, nosso “Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3). Este é o lado absoluto e eterno do que recebemos.
Mas, ao dizer “deem, e lhes será dado: uma boa medida, calcada, sacudida e transbordante será dada a vocês”, Jesus está se referindo à nossa disposição diária de compartilhar com outros o que Deus já nos deu, seja em termos materiais ou espirituais. Pense em um semeador: quanto maior a quantidade de sementes que ele lançar, e mais espalhadas elas forem lançadas, maior e mais extensa será sua colheita. Portanto, abra a mão, pois como pode o semeador esperar algum resultado, se semear de punho fechado?
Nos próximos 3 minutos Jesus mostra a quem realmente devemos julgar.
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O cisco no olho
Ao resumirmos o que Jesus disse até aqui vemos que ele instrui seus discípulos do modo como devem ser e agir como representantes dele neste mundo. Eles não são guias cegos, mas pessoas com visão para guiarem outros que igualmente têm visão, não para serem seguidores dos próprios discípulos, mas de Cristo.
Porém, se alguém deseja guiar, precisa saber o que é ser guiado, aprendendo daquele que é o único que pode ser chamado de Mestre, o próprio Jesus. “O discípulo não está acima do seu mestre, mas todo aquele que for bem preparado será como o seu mestre” (Lucas 6:40). Jesus, e só ele, deve ser a meta do discípulo, o que equivale dizer que estaremos sempre a alguma distância de atingirmos a meta.
Um discípulo não pode estar acima de seu Mestre, mas aos seus pés como um humilde aprendiz. Jesus está sempre acima de nós e devemos tê-lo como o exemplo de perfeição. “Agora somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que havemos de ser, mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, pois o veremos como ele é” (1 Jo 3:2).
Se você quiser viver isto na prática precisará julgar-se a si mesmo o tempo todo. Somos propensos a julgar os outros, a apontar o indicador sem nos darmos conta dos três dedos que ficam apontados contra nós, e do polegar para baixo em sinal de desaprovação. Quando nos julgamos a nós mesmos descobrirmos nossas falhas, e quando ficamos cientes delas podemos buscar em Deus um modo de corrigi-las e assim aprender no processo, a fim de ajudarmos os outros.
Jesus diz: “Por que você repara no cisco que está no olho do seu irmão e não se dá conta da viga que está em seu próprio olho? Como você pode dizer ao seu irmão: ‘Irmão, deixe-me tirar o cisco do seu olho’, se você mesmo não consegue ver a viga que está em seu próprio olho? Hipócrita, tire primeiro a viga do seu olho, e então você verá claramente para tirar o cisco do olho do seu irmão” (Lucas 6:41-42).
Enquanto você tiver algo em seu olho, não estará qualificado para ajudar alguém com um cisco no olho. Sua própria capacidade de enxergar estará comprometida, por conviver com um problema igual ou maior. Quer ensinar? Então aprenda primeiro. Quer ser guia? Então se deixe guiar por Deus e sua Palavra. Quer falar do perdão de Deus? Então exercite o perdão todos os dias. Quer anunciar a graça de Deus? Então seja você também gracioso em seu modo de tratar as pessoas. É disso que o evangelho fala aqui.
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de árvores e frutos.
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##Árvores e frutos
“Nenhuma árvore boa dá fruto ruim, nenhuma árvore ruim dá fruto bom. Toda árvore é reconhecida por seus frutos. Ninguém colhe figos de espinheiros, nem uvas de ervas daninhas. O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração” (Lucas 6:43-45).
O assunto aqui são as duas naturezas no crente. Um pé de laranja não se torna pé de laranja quando começa a dar laranjas; ele dá laranjas por ser um pé de laranja. Então, o que esperar da natureza caída que herdamos de Adão? Nada que preste. Nós a recebemos arruinada e nada podemos fazer para ela dar bons frutos. É espinheiro que nunca dará figos; erva daninha que nunca dará uvas.
Aqui o velho homem é chamado de “homem mau” e o novo de “homem bom”. Qualquer demão de tinta religiosa que você aplicar na velha natureza só fará de você um sepulcro caiado. Aquele que crê em Jesus tem uma nova natureza, que também não pode ser melhorada por ser perfeita. A natureza de Adão era terrena e capacitava o homem a viver na terra, mas depois do pecado nem para isso ela servia mais. Deus não quis remendá-la, mas criou tudo novo em Cristo. A nova natureza que o crente agora tem é celestial e o capacita a viver no céu.
Dependendo da árvore em você que dá fruto, a colheita será boa ou ruim. Dependendo da natureza que controla sua boca, dela sairá louvor ou maldição. Percebe que ser cristão não significa evoluir ou melhorar, mas viver em novidade de vida? O apóstolo Paulo deu um puxão de orelha nos cristãos da Galácia por tentarem viver segundo a Lei e os mandamentos do Antigo Testamento, na tentativa de melhorar a velha natureza, a carne. Paulo escreveu:
“Se vocês são guiados pelo Espírito, não estão debaixo da lei. Ora, as obras da carne [ou velha natureza] são manifestas: imoralidade sexual, impureza e libertinagem; idolatria e feitiçaria; ódio, discórdia, ciúmes, ira, egoísmo, dissensões, facções e inveja; embriaguez, orgias e coisas semelhantes. Eu os advirto, como antes já os adverti, que os que praticam essas coisas não herdarão o Reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Contra essas coisas não há lei. Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne [ou velho homem], com as suas paixões e os seus desejos. Se vivemos pelo Espírito, andemos também pelo Espírito” (Gl 5:18-25).
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de obediência com alicerce.
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Vida com alicerce
Jesus pergunta: “Por que vocês me chamam ‘Senhor, Senhor’ e não fazem o que eu digo?” (Lucas 6:46). Encontramos a expressão “Senhor, Senhor” mais quatro vezes nos evangelhos, duas em Mateus 7 falando dos que profetizam, expulsam demônios e fazem maravilhas em nome de Jesus. Desses Jesus diz: “Nunca os conheci”. As virgens insensatas também clamam “Senhor, Senhor”, ao descobrirem que ficaram do lado de fora e não podem seguir o Noivo. São os falsos crentes, sem o azeite que representa o Espírito Santo. E no capítulo 13 de Lucas um pai de família fecha a porta sem dar ouvidos aos que do lado de fora clamam: “Senhor, Senhor”.
Em 2 Tessalonicenses 2:10 ao 12 vemos os “que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar. Por essa razão Deus lhes envia um poder sedutor, a fim de que creiam na mentira, e sejam condenados todos os que não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça” (2Ts 2:10-12). Estes são os deixados para trás após o arrebatamento da Igreja, por professarem ser cristãos sem nunca o terem sido. É a cristandade apóstata, a “Grande Meretriz” de Apocalipse, que crerá na mentira do anticristo. São os que escutam o evangelho, porém rejeitam “o amor à verdade”.
Ter amor à verdade é amar aquilo que Jesus falou, mas isto não se restringe às palavras de Jesus nos evangelhos. A rigor, a Bíblia toda é a Palavra de Deus, e as cartas dos apóstolos são as instruções diretas dadas à Igreja. Paulo afirmou: “O que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor” (1 Co 14:37). Muitos cristãos hoje sentem aversão ao que Paulo escreveu. Eles leem os fundamentos deixados pelos apóstolos como se fossem opiniões pessoais ou velhos costumes orientais. Não percebem que eles são o alicerce do cristianismo, e Cristo a “pedra angular”.
Jesus avisa: “Aquele que ouve as minhas palavras e não as pratica, é como um homem que construiu uma casa sobre o chão, sem alicerces. No momento em que a torrente deu contra aquela casa, ela caiu, e a sua destruição foi completa” (Lucas 6:49). Mas os que creem em Cristo são “membros da família de Deus, edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor. Nele vocês também estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito” (Ef 2:19-22). É este o seu alicerce?
Nos próximos 3 minutos conheça um homem que crê na Palavra de Jesus.
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Sem merecer
O capítulo 7 de Lucas começa falando de um centurião, um oficial romano convertido ao judaísmo e temente a Deus. Além de ter construído uma sinagoga, o lugar onde os judeus fazem suas leituras e orações, sua preocupação com um servo doente é notável. Ele pede a alguns religiosos judeus para irem chamar Jesus para curar seu servo. Eles vão ao encontro de Jesus e suplicam: “Este homem merece que lhe faças isso, porque ama a nossa nação e construiu a nossa sinagoga” (Lucas 7:4-5). Jesus os acompanha e ao chegar perto da casa recebe outro recado do centurião, que diz:
“Senhor, não te incomodes, pois não mereço receber-te debaixo do meu teto. Por isso, nem me considerei digno de ir ao teu encontro. Mas dize uma palavra, e o meu servo será curado. Pois eu também sou homem sujeito a autoridade, e com soldados sob o meu comando. Digo a um: ‘Vá’, e ele vai; e a outro: ‘Venha’, e ele vem. Digo a meu servo: ‘Faça isto’, e ele faz”. Ao ouvir estas palavras, Jesus volta-se para a multidão e comenta: “Eu lhes digo que nem em Israel encontrei tamanha fé” (Lucas 7:6-8).
O estado de incredulidade em Israel é tão grande, que um gentio é apresentado como exemplo das qualidades que Jesus busca naqueles que creem nele. Que qualidades? Primeiro, a humildade. Os judeus acham importante dizer a Jesus que o homem merece ter seu pedido atendido por ter construído a sinagoga, mas o próprio homem diz de si mesmo: “Não mereço receber-te debaixo do meu teto”.
Se você deseja obter de Deus um favor, seja a salvação eterna ou o atendimento a alguma necessidade de sustento ou saúde, precisa reconhecer que não merece coisa alguma. A única coisa que merecemos por nossa desobediência e rebelião é o lago de fogo. Mas Deus, em misericórdia e graça, quer salvar e abençoar quem crê em Jesus e vai a ele contrito, quebrantado e arrependido.
A outra qualidade do centurião está no quanto ele confia na Palavra de Jesus. Ainda que o próprio Jesus não esteja presente, ele sabe que a sua Palavra é suficiente. Quão diferente é essa atitude de muitos que questionam a Palavra de Deus e correm atrás de suas próprias filosofias. Não, eu não estou falando de ateus e incrédulos; estou falando de crentes que preferem dar ouvidos às suas sensações, ideias e experiências ao invés de conferirem tudo pela Palavra de Deus. Esta tem o poder de trazer um morto de volta à vida. Como Jesus faz nos próximos 3 minutos.
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Jesus fala ao morto
Jesus caminha em direção à cidade de Naim, acompanhado dos discípulos e de uma grande multidão. No sentido contrário vem outro cortejo. É o cadáver do filho único de uma viúva sendo levado para ser sepultado. Além de sua mãe, uma grande multidão acompanha o defunto. Que triste figura deste mundo. Enquanto alguns seguem a Jesus, outros seguem um morto. Uns caminham para a vida, outros caminham em sentido contrário, para a morte.
E você? Segue a Jesus em direção a Naim, cidade cujo nome em hebraico significa “verdes pastos”, ou segue a opinião pública rumo aos sepulcros? Você anda na companhia do único que é capaz de lhe dar vida em abundância, ou segue o filho morto da viúva, que perdeu seu único filho e a esperança de sustento na velhice?
A compaixão de Jesus por aquela mãe o faz parar. “Não chore”, diz ele à pobre mulher. Qualquer um de nós poderia dizer o mesmo, mas o que ele faz em seguida só Deus pode fazer. Depois de demonstrar o poder de sua Palavra, recebida com humildade e fé pelo centurião romano, Jesus revela que ela tem poder, independente de nossa fé ou humildade. Quem acha que a frase “Ajuda-te que eu te ajudarei” é um versículo bíblico, está enganado. Deus não precisa de nossa ajuda e você não pode ajudar-se a si mesmo sem Deus.
Romanos 10:17 diz que “a fé é pelo ouvir, e o ouvir pela palavra de Deus”. A passagem não diz que ouvir a Palavra de Deus nos dá fé, por mais que seja verdade que nossa fé é alimentada pelas Escrituras. Mas este versículo em particular diz que é a Palavra de Deus que nos dá a capacidade de ouvir. O ouvir é pela Palavra de Deus. Por exemplo, você perderia seu tempo falando com um morto? Não, ele está morto, é incapaz de ouvir. Então porque Jesus fala com este?
Após interromper o cortejo e tocar no caixão, Jesus fala ao morto: “‘Jovem, eu lhe digo, levante-se!’ Ele se levantou, sentou-se e começou a conversar” (Lucas 7:15). É a Palavra de Deus que infunde vida em um morto em seus delitos e pecados; é ela que dá ao homem até mesmo a capacidade de crer na própria Palavra! É depois de preenchidos pela Palavra de Deus que recebemos vida de Deus. Portanto, se algum dia você escutou o evangelho, isso veio de Deus. Se você sentiu o peso de seus pecados, foi porque Deus implantou vida em você. E se você creu em Cristo, de onde você acha que veio sua fé? Afinal, você estava morto, não estava?
Nos próximos 3 minutos vamos aprender algo sobre o elogio.
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O poder destrutivo do elogio
João Batista ouve falar dos feitos de Jesus e envia dois de seus discípulos para perguntarem: “És tu aquele que haveria de vir ou devemos esperar algum outro?”. A missão de João era anunciar a chegada do Messias, e ele quer se certificar de que Jesus é o prometido. Depois de curar e libertar muitos de doenças e demônios, Jesus diz aos discípulos de João: “Voltem e anunciem a João o que vocês viram e ouviram: os cegos veem, os aleijados andam, os leprosos são purificados, os surdos ouvem, os mortos são ressuscitados e as boas novas são pregadas aos pobres; e feliz é aquele que não se escandaliza por minha causa” (Lucas 7:22).
O detalhe é que só depois que os mensageiros vão embora que Jesus começa a elogiar João Batista para a multidão. Ele diz: “Entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João” (Lucas 7:24-28). Por que não elogiar João na presença dos discípulos dele? Porque esses elogios iriam parar nos ouvidos de João e não lhe fariam bem. O elogio é importante, porém quando ocorre nas coisas de Deus devemos ser cuidadosos.
Uma versão moderna de João 12:43 diz que os fariseus “gostavam mais de ser elogiados pelas pessoas do que de ser elogiados por Deus”. Quando somos elogiados por fazermos a obra de Deus, somos tentados a pensar que temos algum mérito nisso. Mas deveríamos falar como Paulo, em 1 Tessalonicenses 2:6: “Não buscamos reconhecimento humano, quer de vocês quer de outros”. É bom nos lembrarmos de que ao elogiarmos um irmão em Cristo por seu trabalho nas coisas de Deus podemos causar mais mal do que bem ao coração dele.
Quem faz algo no Senhor, é no Senhor que faz… “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2:10). Você daria os parabéns à caixa de ferramentas pela mesa ou cadeira que o marceneiro fez com elas? Não, seu elogio seria para o marceneiro, pois as ferramentas sozinhas nada podem fazer.
No meio religioso a bajulação é uma instituição, e muitos cristãos se sentem na obrigação exaltar um irmão por sua fidelidade, seu empenho, sua pregação, Etc. Porém o livro de Provérbios ensina que “o homem que lisonjeia o seu próximo arma uma rede aos seus passos” (Pv 29:5). Gosto da história do pregador, que ao terminar de falar, foi abordado por uma senhora que teceu elogios à sua mensagem, seu desempenho, sua oratória… até ser interrompida por ele, que disse: “Irmã, Satanás sussurrou tudo isso ao meu coração enquanto eu pregava”.
Nos próximos 3 minutos a quem você justificaria, a Deus ou a si mesmo?
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A quem você justifica?
É preciso entender que o ministério de João Batista era transitório. Os judeus aguardavam o Messias para reinar, e João fora enviado para anunciar a chegada do Messias e de seu Reino. Mas o próprio João não fazia parte desse Reino, como Jesus informa: “Entre os que nasceram de mulher não há ninguém maior do que João; todavia, o menor no Reino de Deus é maior do que ele” (Lucas 7:28).
O Reino de Deus não é a mesma coisa que o céu. O Reino é a manifestação de Cristo para os que pertencem a ele. Mais adiante Jesus diria: “O Reino de Deus não vem de modo visível… porque o Reino de Deus está entre vocês” (Lucas 17:20-21). Isto era um fato, pois o próprio Rei estava aqui andando entre os homens, ainda que não fosse reconhecido por eles. Um dia, quando Cristo voltar, esse Reino será visível e estabelecido em poder e glória, mas não agora.
Ao ser rejeitado pelos judeus, o Rei voltaria para o céu e seu Reino permaneceria aqui no caráter de Reino dos Céus, que identifica sua origem. No presente momento o Reino inclui todos os que professam ser cristãos, sejam falsos ou verdadeiros, joio ou trigo. João Batista prega um batismo de arrependimento, uma espécie de curso preparatório para o Reino. Mais tarde, no livro de Atos, os discípulos que haviam sido batizados a João seriam novamente batizados a Jesus, ou seja, em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
A pregação de João Batista foi recebida pelos desprezados dentre o povo e até pelas pessoas de má reputação, como os publicanos que coletavam impostos para os romanos. Eles ouviram, creram e se arrependeram, deixando-se batizar pelo batismo de João. Porém os religiosos judeus não quiseram crer que eram pecadores e necessitavam se arrepender.
Os que criam na pregação de João Batista justificavam a Deus, ou seja, consideravam que Deus era justo em acusá-los de pecado e exigir que se arrependessem. Aceitar o batismo de arrependimento era o ato exterior dessa disposição do coração. Já os religiosos confiavam demais em sua justiça própria para poderem justificar a Deus. Quem acredita em sua própria justiça se acha merecedor da salvação e ofende a Deus. Se você adota o seu modo de ser como padrão de justiça, Deus será injusto, pois o padrão dele é diferente do seu. Você precisa se arrepender, você precisa crer se quiser ser salvo.
Mas para crer e se arrepender é preciso que a consciência seja despertada para o pecado, e é este o assunto dos próximos 3 minutos.
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Você é um filho da Sabedoria?
Se a sua consciência não o acusa de pecado, você está com um sério problema. O mesmo problema dos fariseus que recusavam o batismo de João. Eles não gostavam do testemunho austero de João e o acusavam de estar possesso de um demônio. Para eles João era legalista demais. Mas diante do testemunho cheio de graça dado por Jesus, eles o acusavam falsamente de “comilão e beberrão, amigo de publicanos e pecadores” (Lucas 7:34). Para eles, Jesus era um libertino.
Não há como contentar uma consciência em rebelião contra Deus e insensível ao pecado. Não falo aqui de atitudes contrárias aos bons costumes. Do ponto de vista da conduta exterior, os religiosos fariseus eram um exemplo de cidadania. A questão está em se ter consciência do que existe no coração. Uma consciência incomodada se envergonha de si mesma e reconhece que “do coração saem os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as imoralidades sexuais, os roubos, os falsos testemunhos e as calúnias” (Mt 15:19).
Mas aqueles que não têm a consciência despertada para o arrependimento “são como crianças que ficam sentadas na praça e gritam umas às outras: ‘Nós lhes tocamos flauta, mas vocês não dançaram; cantamos um lamento, mas vocês não choraram’” (Lucas 7:32). Nunca estão satisfeitas. Se Deus exige delas uma tomada de decisão, como fez João Batista, acham que assim é difícil demais. Se Jesus vem a elas em graça e misericórdia, prometendo a vida eterna apenas crendo nele, alegam que assim é fácil demais. E chamam de libertinagem a liberdade que Cristo oferece.
Diante disso Jesus afirma que a Sabedoria é justificada, ou comprovada, por seus filhos. Um filho da Sabedoria se reconhece pecador e merecedor da condenação, aceitando de bom grado o perdão oferecido de graça ao que crê em Jesus. Quem não está entre os filhos da Sabedoria irá sempre encontrar defeitos nos outros e em Deus, justificando-se a si mesmo. E não terá temor do Senhor quanto ao pecado que habita em seu próprio coração.
O capítulo 8 do livro de Provérbios descreve, de forma poética, Jesus como a personificação da Sabedoria de Deus. A essência do que diz ali é: “O temor do Senhor é odiar o mal”, e também “Todo aquele que me encontra, encontra a vida e recebe o favor do Senhor. Mas aquele que de mim se afasta, a si mesmo se agride; todos os que me odeiam amam a morte”. (Pv 8:13; 35-36). E é de duas pessoas assim, uma filha da Sabedoria e um religioso de consciência cauterizada, que Jesus fala nos próximos 3 minutos.
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A prostituta e o clérigo
Um fariseu convida Jesus para uma refeição. Enquanto ele está à mesa, uma prostituta entra na casa com um frasco cheio de perfume e, prostrada aos pés de Jesus, começa a chorar. Suas lágrimas molham seus pés e ela os seca com seus cabelos, beijando-os e derramando perfume sobre eles. O fariseu, indignado, pensa consigo: “Se este homem fosse profeta, saberia quem nele está tocando e que tipo de mulher ela é; uma pecadora” (Lucas 7:39).
Jesus conhece os pensamentos do fariseu e decide levar a questão à sua consciência, contando uma parábola. “Dois homens deviam a certo credor. Um lhe devia quinhentos denários e o outro, cinquenta. Nenhum dos dois tinha com que lhe pagar, por isso perdoou a dívida a ambos. Qual deles o amará mais?”. O fariseu responde: “Suponho que aquele a quem foi perdoada a dívida maior”. A resposta está correta, mas será que sua consciência foi alcançada?
Aos olhos de Deus, o fariseu e a prostituta estão igualmente falidos. Ele podia até dever pouco, ela muito, mas Deus oferece a ambos o perdão independente da dívida. Aparentemente apenas a prostituta tem a convicção de sua dívida ter sido quitada. O fariseu nem sequer se deu conta do quanto deve para Deus.
Dirigindo-se a ele, Jesus diz: “Vê esta mulher? Entrei em sua casa, mas você não me deu água para lavar os pés; ela, porém, molhou os meus pés com as suas lágrimas e os enxugou com os seus cabelos. Você não me saudou com um beijo, mas esta mulher, desde que entrei aqui, não parou de beijar os meus pés. Você não ungiu a minha cabeça com óleo, mas ela derramou perfume nos meus pés. Portanto, eu lhe digo, os muitos pecados dela lhe foram perdoados, pelo que ela amou muito. Mas aquele a quem pouco foi perdoado, pouco ama” (Lucas 7:44-47).
Ela não está ali em busca de cura física ou prosperidade material. Ela veio agradecer. Se ela ama tanto assim é porque sua fé lhe dá a certeza de um grande perdão. Jesus declara aquilo que ela por fé sabe ter obtido: “Seus pecados estão perdoados”. E para que ninguém venha a pensar que o perdão seja para recompensar a boa ação da mulher, Jesus diz a ela: “Sua fé a salvou; vá em paz”.
O capítulo 11 do livro de Hebreus diz que “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos”. Você consegue entender por que a salvação é pela fé e não pelas boas obras? Nos próximos 3 minutos encontraremos outras mulheres que foram igualmente perdoadas de seus pecados e agora seguem a Jesus. E não apenas o seguem, mas o servem com seus bens.
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Pela fé
“Depois disso Jesus ia passando pelas cidades e povoados proclamando as boas novas do Reino de Deus. Os doze estavam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e doenças: Maria, chamada Madalena, de quem haviam saído sete demônios; Joana, mulher de Cuza, administrador da casa de Herodes; Susana e muitas outras. Essas mulheres ajudavam a sustentá-los com os seus bens” (Lucas 8:1-3).
No capítulo anterior uma mulher amou muito por ter sido muito perdoada. Aqui estas mulheres ajudam Jesus com seus bens porque foram libertadas de doenças e espíritos malignos. Percebe a ordem das coisas? Foi depois de terem sido perdoadas, curadas e libertadas que estas mulheres passaram a adorar e a servir a Jesus, não o contrário. É um ato de gratidão, não de barganha.
A religião do homem é uma religião de barganha: as pessoas fazem coisas para obterem o “favor” de Deus ou, como costumam dizer, alcançar uma “graça”. Mas de onde tiraram a ideia de que “graça” se obtém pagando? E que “favor” é esse que exige antes dar algo em troca? Aproximar-se de Deus tentando barganhar com ele é querer colocar Deus ao nosso serviço e fazer dele nosso devedor. É como dizer: “Senhor, já fiz a minha parte, agora faça a sua”.
O capítulo 11 da carta aos Hebreus diz que “sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam”. E continua mencionando os nomes das pessoas de fé que alcançaram a salvação, não por terem feito algo, mas por terem crido. Todas as citações começam com a frase “pela fé”: “Pela fé Abel…”, “Pela fé Enoque…”, “Pela fé Noé…”, “Pela fé Abraão…”, “Pela fé Isaque…”, “Pela fé Jacó…”, “Pela fé José…”, “Pela fé Moisés…”, “Pela fé a prostituta Raab…”; e segue falando de Gideão, Baraque, Sansão, Jefté, Davi, Samuel, os profetas, etc.
A fé veio antes das obras e lhes garantiu a salvação, ainda que nesta vida alguns sofressem horrivelmente. “Enfrentaram zombaria e açoites… foram acorrentados e colocados na prisão, apedrejados, serrados ao meio, postos à prova, mortos ao fio da espada; andaram errantes, vestidos de pele de ovelhas e de cabras, necessitados, afligidos e maltratados… vagaram pelos desertos e montes, pelas cavernas e grutas…” Ali diz ainda que “todos estes receberam bom testemunho por meio da fé” (Hb 11:1-40).
E você? Ainda está nessa de encostar Deus na parede, fazendo ofertas e sacrifícios para obrigá-lo a retribuir com bênçãos, curas e prosperidade? Que tal ser como as mulheres que serviam a Jesus por terem sido já abençoadas com a maior riqueza de todas: a salvação eterna? Então creia em Jesus.
Nos próximos 3 minutos um semeador sai a semear.
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O semeador
Jesus continua viajando e pregando as boas novas do Reino. Ao contrário dos reinos humanos, cuja expansão é garantida pela espada, a expansão do Reino de Deus se dá pela semeadura, e aqui é o próprio Rei que sai a semear. Este não é o trabalho de um rei, mas Jesus veio ao mundo em humilhação e não em exaltação. Ele veio antes para plantar, não para colher. Um dia ele voltará para recolher o trigo no celeiro e queimar a palha.
Jesus é um pregador itinerante, ele sai a semear. É comum encontrarmos “igrejas” que são apenas pontos de pregação esperando por incrédulos. Porém a igreja, palavra que significa “reunião” ou “assembleia”, não é para incrédulos, mas pessoas salvas pela fé em Jesus e congregadas pelo Espírito ao seu nome. Em Atos 2:42 os primeiros cristãos estavam congregados para perseverar “na doutrina dos apóstolos, e na comunhão, e no partir do pão, e nas orações”.
A atividade da igreja não incluía o evangelismo, pois a igreja não evangeliza — a igreja se reúne para aprender, orar e adorar. Quem evangeliza é o crente individualmente, em especial os que têm o dom de evangelista. Estes saem como Jesus saiu levando a preciosa semente. Os convertidos são reunidos pelo Espírito, e os que têm o dom de pastor os exortam a permanecerem no Senhor, e os que têm o dom de mestre ou doutor entram em cena para ensiná-los e edificá-los.
Uma belíssima representação disso você encontra no capítulo 11 de Atos. Ali os que foram dispersos pela perseguição chegaram até Antioquia evangelizando os gregos. Muitos creram e se converteram ao Senhor. Barnabé foi visitá-los e, fazendo uso de seu dom de pastor, os exortou a permanecerem no Senhor. Então convidou Paulo para ensiná-los, o que ele e Barnabé fizeram usando seu dom de mestre ou doutor. Em Antioquia eles foram chamados de “cristãos”.
Isto nos leva a uma questão de suma importância: Como aqueles que creem em Jesus devem ser chamados? O termo “cristão” aparece mais duas vezes no Novo Testamento. Em Atos 26 o Rei Agripa argumenta que Paulo quer fazer dele um “cristão”, e na primeira epístola de Pedro o apóstolo diz que se alguém “sofre como cristão, não se envergonhe, mas glorifique a Deus por meio desse nome” (1 Pe 4:16). Cristão significa simplesmente um seguidor do Cristo.
No Novo Testamento os salvos por Jesus são também chamados de “irmãos” ou “santos”, que significa “separados”. Qualquer outra denominação não tem fundamento bíblico e nega, na prática, o testemunho de que há um só corpo de Cristo, a igreja, da qual fazem parte todos os salvos, sem exceção. Você acha que Deus aprovaria que os salvos por Cristo se identificassem por diferentes denominações?
Nos próximos 3 minutos saiba por que Jesus falava por parábolas.
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Parábolas
Parábola é um estilo de comunicação que faz uso simbólico de pessoas, coisas e situações para transmitir um ensinamento. Jesus fala por parábolas, porém o leitor desatento poderá achar que isso seja para facilitar o entendimento. Muito pelo contrário. Ele fala por parábolas, não para simplificar, mas para ver até onde vai o interesse dos ouvintes. Pessoas indiferentes não estão interessadas em entender, portanto para elas as parábolas não trazem qualquer benefício.
Em Mateus 13 os discípulos perguntam por que Jesus fala por parábolas, e ele responde: “A vocês foi dado o conhecimento dos mistérios do Reino dos céus, mas a eles não… Por essa razão eu lhes falo por parábolas: ‘Porque vendo, eles não veem e, ouvindo, não ouvem nem entendem’. Neles se cumpre a profecia de Isaías: ‘Ainda que estejam sempre ouvindo, vocês nunca entenderão; ainda que estejam sempre vendo, jamais perceberão. Pois o coração deste povo se tornou insensível; de má vontade ouviram com os seus ouvidos, e fecharam os seus olhos’” (Mt 13:10-17).
As parábolas servem para testar os ouvintes e ver até onde vai o interesse de cada um. Os indiferentes ouvem e não entendem. Os interessados pedem uma explicação. Ao comentar esta mesma Parábola do Semeador, o evangelista Marcos diz que “quando ele ficou sozinho, os doze e os outros que estavam ao seu redor lhe fizeram perguntas acerca das parábolas” (Mc 4:10).
O Semeador é Jesus e a semente é a Palavra de Deus. O campo é o mundo, e se ele precisa ser semeado é porque ainda não dá fruto para Deus. A terra pode estar arada, mas de nada serve sem a preciosa semente. O dono do campo já não tem ilusão de colher algo ali, a menos que seja semeado. Deus tentou encontrar no homem algum fruto e não achou, nem mesmo em Israel, um povo privilegiado por Deus. Aqui o Senhor começa algo novo no mundo, a partir da terra virgem.
Apesar desta parábola, que aparece em três evangelhos, ser muito usada para o evangelismo, repare que existem diferenças sutis em sua aplicação. Em Mateus a semente é “a palavra do Reino” (Mt 13:19); em Lucas é a “palavra de Deus” (Lucas 8:11), portanto em Mateus ela é dirigida aos que estão no Reino, que dão frutos em proporções diferentes. Em Lucas os frutos são de um só tipo, a conversão. Em Mateus o que entende a Palavra dá fruto; em Lucas é o que crê na Palavra. Porém em todos os casos é a qualidade do solo e as circunstâncias que fazem a diferença, tanto para o crente no modo como recebe a Palavra no dia-a-dia, como para o incrédulo que a recebe pela primeira vez. A questão é de responsabilidade do homem, já que a semente é perfeita.
Nos próximos 3 minutos saiba o que pode interferir no resultado da semeadura.
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A semeadura
“O semeador saiu a semear. Enquanto lançava a semente, parte dela caiu à beira do caminho; foi pisada, e as aves do céu a comeram” (Lucas 8:5). Enquanto o caminho nos fala da influência humana, pois é o lugar onde as pessoas pisam, Jesus explica que as aves representam Satanás. Aqueles que ouvem a Palavra de Deus e se deixam influenciar pela opinião pública, ou de amigos e parentes, acabam estéreis e a semente lhes é tirada por Satanás.
O diabo está mais ativo na cristandade do que podemos imaginar. Ao ler a parábola do grão de mostarda no evangelho de Mateus, você encontra as mesmas aves fazendo seus ninhos nos ramos da grande árvore de mostarda que representa a cristandade. As aves ou agentes de Satanás estão confortavelmente instalados nos ramos da cristandade, visando atrapalhar a obra de Deus. O diabo não age só nas coisas ilícitas e imorais; o diabo atua principalmente na religião.
“As que caíram à beira do caminho são os que ouvem, e então vem o diabo e tira a palavra dos seus corações, para que não creiam e não sejam salvos” (Lucas 8:12). Infelizmente muitos são como a beira do caminho. Querem estar onde a maioria está, e pensam que fazendo isso de uma maneira religiosa ou evangélica estão seguros. Isso é um engano. Os agentes do diabo estão fortes e ativos nas igrejas do mundo cristianizado.
“Parte dela caiu sobre pedras e, quando germinou, as plantas secaram, porque não havia umidade… As que caíram sobre as pedras são os que recebem a palavra com alegria quando a ouvem, mas não têm raiz. Creem durante algum tempo, mas desistem na hora da provação” (Lucas 8:6, 13). O coração humano é duro como pedra, pois esta é a natureza da carne, sempre resistente ao Espírito de Deus. Mas a carne é também dada a emoções passageiras, e é por isso que muitos recebem a Palavra com alegria, mas não têm profundidade para fixar suas raízes.
O evangelho certamente traz alegria, mas é preciso encontrar o solo quebrantado de uma consciência arrependida. O profeta Jeremias descreve como foi sentir o peso do seu pecado: “Eu me arrependi; depois que entendi, bati no meu peito. Estou envergonhado e humilhado porque trago sobre mim a desgraça da minha juventude” (Jr 31:19). Se você acha que crer em Jesus é só alegria, certifique-se de não estar entre os que “desistem na hora da provação”. A convicção de pecado e o arrependimento são partes integrantes da conversão.
Até aqui vimos Satanás agindo, inclusive por meio de seus agentes no mundo religioso, impedindo que a semente germine e dê fruto. Vimos também que receber a boa semente sem uma consciência de pecado não passa de um oba-oba passageiro. Nos próximos 3 minutos Jesus fala de espinhos que agarram.
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Espinhos
Jesus continua com a Parábola do Semeador. “Outra parte caiu entre espinhos, que cresceram com ela e sufocaram as plantas… E a que caiu entre espinhos, esses são os que ouviram e, indo por diante, são sufocados com os cuidados e riquezas e deleites da vida, e não dão fruto com perfeição” (Lucas 8:7, 14). Se você já tentou atravessar um arbusto de espinhos, sabe o que significa. Eles agarram suas roupas e o fazem parar. Não há como seguir adiante; é impossível avançar.
Repare que os espinhos já estavam lá quando a semente caiu. Talvez ainda fossem pequenos e tenros, mas certamente iriam crescer vigorosos ao ponto de sufocar a planta. Os espinhos são as preocupações, riquezas e prazeres desta vida. Coisas que podem até ser lícitas, mas mesmo assim servem de obstáculo à salvação do incrédulo e à comunhão do crente com Deus.
Até aqui as três tentativas de semear foram frustradas por falta de um solo adequado à boa semente. Que tipo de solo a Palavra de Deus encontra em você? Será do tipo que não quer perder as amizades dos que passam pelo caminho? Ou do tipo que diz “Já tenho minha religião”, sem nunca ter verificado se ela está de acordo com a Palavra de Deus? Pessoas assim são presa fácil de Satanás e seus agentes. Talvez você receba as coisas de Deus com alegria, mas sem profundidade por não existir um arrependimento sincero de seus pecados. Ou quem sabe os espinhos das preocupações, riquezas e prazeres o estejam prendendo?
Independente se a aplicação da Parábola é para o crente ou incrédulo, há três coisas que impedem a semente de germinar: Satanás, a carne e o mundo. Estas aparecem na forma das aves, das pedras e dos espinhos. Felizmente existe ainda uma quarta situação, a da semente que cai em solo propício. “Outra ainda caiu em boa terra. Cresceu e deu boa colheita, a cem por um… as que caíram em boa terra são os que, com coração bom e generoso, ouvem a palavra, a retêm e dão fruto, com perseverança” (Lucas 8:8, 15).
Espero que este seja o solo que a Palavra de Deus encontrará em você: longe das opiniões dos homens e dos agentes religiosos de Satanás; com uma consciência quebrantada pelo arrependimento, e livre dos espinhos que tentam agarrá-lo e prendê-lo a esta vida. Quando comparamos a mesma parábola em Mateus, Marcos e Lucas, descobrimos que em todos os casos todos ouvem a Palavra. Porém em Mateus a boa terra é identificada como aquele que ouve e entende a Palavra; em Marcos, como quem ouve e aceita; e em Lucas, ouve e retém. Entender, aceitar e reter a Palavra são os requisitos para você dar fruto para Deus.
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de luz.
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Luz
Depois de falar do fruto produzido pelo que ouve a Palavra de Deus, a entende, aceita e conserva, Jesus fala de outra consequência disso: luz. “Ninguém acende uma candeia e a esconde num jarro ou a coloca debaixo de uma cama. Pelo contrário, coloca-a num lugar apropriado, de modo que os que entram possam ver a luz” (Lucas 8:16). Mais uma vez o assunto aqui é a responsabilidade do ouvinte.
Ainda que seja uma frágil vela ou candeia neste mundo, a luz do cristão é percebida. Mas, assim como o diabo, a carne e o mundo podem impedir a semente de germinar e produzir fruto, aqui é a vasilha e a cama que impedem a luz de brilhar. Uma vasilha é usada para guardar alimentos e a cama para descansar. O cristão ocupado apenas em juntar bens para garantir um descanso neste mundo terá dificuldade em fazer sua luz brilhar.
O primeiro capítulo do evangelho de João fala de Jesus, dizendo que “nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram” (Jo 1:4-5). E continua falando de João Batista, um homem enviado por Deus, mas que não era a luz. “Ele veio como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem. Ele próprio não era a luz, mas veio como testemunha da luz. Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens” (Jo 1:7-9).
No capítulo 8 do evangelho de João, Jesus diz: “Eu sou a luz do mundo. Quem me segue, nunca andará em trevas, mas terá a luz da vida”, e no capítulo seguinte ele diz: “Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo” (Jo 8:12; 9:5). Enquanto Jesus estava no mundo ele era luz do mundo, mas e depois de morrer, ressuscitar e subir ao céu, será que o mundo ficou sem luz? Não, pois em Mateus 5 ele diz que os que creem nele “são a luz do mundo” (Mt 5:14).
Se você já creu em Cristo como seu Salvador e tem a certeza de seus pecados perdoados, você está por Jesus no mundo diante dos homens, enquanto ele está por você no céu diante do Pai. Se você já está salvo e pronto para habitar na glória, por que foi deixado aqui? Para brilhar e trazer glória para Deus. Mateus explica: “Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos céus” (Mt 5:16). Porém o brilho do seu testemunho não vem do esforço próprio, mas da comunhão com Cristo, e o óleo combustível dessa luz é o Espírito Santo que habita em você.
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de coisas ocultas.
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Nada oculto
“Não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz. Portanto, considerem atentamente como vocês estão ouvindo. A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado” (Lucas 8:17-18). O Senhor Jesus conclui assim a parábola do Semeador. Aos olhos de Deus a nossa vida é um livro aberto. Você pode guardar um segredo aqui e ali, mas cedo ou tarde ele virá à tona. Deus traz tudo à luz, tanto para nossa bênção, como para nossa disciplina e correção.
Nas cartas às sete igrejas de Apocalipse, aquele cujos olhos são como “chama de fogo” (Ap 1:14) declara a cada igreja: “Conheço as suas obras… Conheço as suas aflições… Sei onde você vive… Conheço… o seu amor, a sua fé, o seu serviço, a sua perseverança…” (Ap 2-3). O mesmo princípio pode ser aplicado a cada indivíduo, tanto aos que já creem em Cristo, como àqueles que fingem interesse na Palavra de Deus. “Não há nada oculto que não venha a ser revelado, e nada escondido que não venha a ser conhecido e trazido à luz”.
Por isso Jesus exorta cada ouvinte da Parábola do Semeador a considerar, não apenas o que está ouvindo, mas como está ouvindo. O simples ouvir já coloca você numa posição de responsabilidade diante de Deus. Mas como você ouve? Alguns ouvem por curiosidade e outros por educação, mas há quem ouça para colocar em prática. Deus irá cobrar de você o como ouviu a sua Palavra.
Na Parábola do Semeador todos ouviram a Palavra. Apesar de ter sido comida pelas aves, a semente que caiu à beira do caminho ficou ali por algum tempo. A que caiu em solo rochoso chegou a germinar e a deixar uma aparência de vida, ainda que fosse uma plantinha morta e esturricada pelo sol. A que caiu entre os espinhos cresceu o suficiente para parecer que aquela pessoa tinha algum cristianismo em si. Em todas as situações, quem ouviu será tido por responsável diante de Deus. “A quem tiver, mais lhe será dado; de quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado” (Lucas 8:18).
Quando o rei Davi pecou, adulterando com a mulher de Urias e levando o marido traído à morte para esconder seu pecado, Deus o advertiu por intermédio do profeta Natã: “De sua própria família trarei desgraça sobre você… você fez isso às escondidas, mas eu o farei diante de todo o Israel, em plena luz do dia” (2 Sm 12:11-12). Se você ainda não confessou o seu pecado a Deus; se ainda não resolveu sua questão eterna, faça isso agora. “Não há nada oculto que não venha a ser revelado”. E se você apenas finge ser cristão para agradar aos homens, à família, lembre-se de que “quem não tiver, até o que pensa que tem lhe será tirado”.
Nos próximos 3 minutos Maria e os irmãos de Jesus querem tirá-lo de circulação.
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O fim dos vínculos naturais
A mãe e os irmãos de Jesus vão ao encontro dele, mas não conseguem entrar na casa por causa da multidão. O que será que Maria e seus outros filhos querem com Jesus? No evangelho de Marcos temos mais detalhes deste episódio: “Quando seus familiares ouviram falar disso, saíram para apoderar-se dele, pois diziam: ‘Ele está fora de si’… Então chegaram a mãe e os irmãos de Jesus. Ficando do lado de fora, mandaram alguém chamá-lo” (Mc 3:21, 31).
O recado de Jesus aos que o chamam revela uma guinada em seu ministério: “Minha mãe e meus irmãos são aqueles que ouvem a palavra de Deus e a praticam” (Lucas 8:21). Aqui ele rompe os vínculos naturais da carne e passa a considerar como família os que ouvem e obedecem a Palavra. Trata-se de uma família que não é formada pelos que nasceram da carne, mas de Deus. “O que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3:6).
Nossos vínculos naturais podem comprometer a obediência à verdade. Um médico não deve operar um parente próximo, como cônjuge, pais ou filhos, pois suas emoções naturais podem interferir e causar um dano maior. Nosso discernimento espiritual é prejudicado quando julgamos as coisas pelos vínculos naturais. A família de Jesus ainda o trata segundo a carne. Seus irmãos ainda não creem nele e acham que ele esteja sofrendo de alguma insanidade. No evangelho de João lemos que “Nem mesmo seus irmãos criam nele” (Jo 7:5).
Em sua segunda carta aos cristãos em Corinto, Paulo escreve que “de agora em diante a ninguém mais conhecemos do ponto de vista humano” — ou segundo a carne. “Ainda que antes tenhamos conhecido a Cristo dessa forma, agora já não o conhecemos assim” (2 Co 5:16). Apesar da importância que Deus dá aos laços de família, não devemos nos esquecer de que a queda do homem também envolveu um vínculo familiar: o amor natural que Adão tinha por Eva, sua esposa.
A história você conhece: A serpente argumentou com Eva que Deus não era bom ao proibi-la de comer daquela árvore. Então Eva “tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também” (Gn 3:6). O apóstolo Paulo explica que “Adão não foi enganado, mas sim a mulher” (1Tm 2:14). Adão amava tanto sua esposa que quis ser tão culpado quanto ela. Por amor ele comprometeu a verdade.
O apóstolo João endereça sua terceira epístola “ao amado Gaio, a quem amo na verdade” (2 Jo 1:1; 3 Jo 1:1). Verdade e amor se complementam. É “seguindo a verdade em amor” que crescemos “naquele que é a cabeça, Cristo” (Ef 4:15). É pela “Obediência à verdade, visando ao amor fraternal e sincero” que purificamos nossa vida (1 Pe 1:22). Jesus andou aqui “cheio de graça e de verdade” (Jo 1:14). A verdade sem amor oprime porém, o amor sem verdade engana.
Nos próximos 3 minutos um barco corre o risco de naufragar.
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Um barco em perigo
O rompimento de Jesus com seus laços familiares é seguido de uma tempestade. Aqueles que foram os primeiros ou únicos a se converterem em uma família de incrédulos sabem muito bem o que isto significa. A tempestade realmente vem, e aqui ela precede um embate direto com uma legião de demônios na terra dos gadarenos. É para lá que Jesus quer ir, e convida os discípulos a entrarem com ele no barco e partirem naquela direção.
“Enquanto navegavam, ele adormeceu. Abateu-se sobre o lago um forte vendaval, de modo que o barco estava sendo inundado, e eles corriam grande perigo” (Lucas 8:22-23). Se você se surpreende por enfrentar tempestades em sua vida depois de convertido, não se espante: o fato de Jesus estar no barco não significa que você terá uma vida calma e tranquila. Lembre-se de que, assim como os discípulos, você navega agora em um ambiente hostil, que é o mundo.
“Os discípulos foram acordá-lo, clamando: ‘Mestre, Mestre, vamos morrer!’”. Enfrentar dificuldades com Cristo no barco é normal; temer a morte e o juízo eterno não é normal se você já creu em Jesus. Quem já foi salvo jamais se perderá eternamente; a salvação é irrevogável. Embora muitos líderes religiosos ensinem o contrário, principalmente pelo receio de perderem seus seguidores, a salvação eterna daquele que verdadeiramente crê em Jesus é um fato consumado.
Se você duvida do que estou dizendo, então acredite no que Jesus diz: “As minhas ovelhas ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida eterna, e elas jamais perecerão; ninguém as poderá arrancar da minha mão. Meu Pai, que as deu para mim, é maior do que todos; ninguém as pode arrancar da mão de meu Pai”. Quer mais? “Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a vida” (Jo 5:24).
Duvidar disso é fazer o que os discípulos fazem aqui ao acharem que vão morrer no mesmo barco em que está o autor da vida. Jesus acorda, repreende o vento e a violência das águas e tudo fica calmo e tranquilo. Então ele pergunta aos discípulos: “Onde está a sua fé?”. Atemorizados, os discípulos perguntam: “Quem é este que até aos ventos e às águas dá ordens, e eles lhe obedecem?”. Eles andavam com Jesus, mas não o conheciam. E você, conhece a Jesus? Já creu nele como seu Salvador? Confia que seus pecados foram todos pagos por ele lá na cruz e agora pode desfrutar de paz com Deus? Ou ainda está tentando negociar com Deus uma salvação baseada em suas obras e perseverança? Se for assim, você não confia em Cristo, você confia em si próprio.
Nos próximos 3 minutos Jesus enfrenta uma legião de demônios. Quantos eram numa legião? Segundo os padrões romanos, entre mil e oito mil soldados.
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Milhares de demônios
“Quando Jesus pisou em terra, foi ao encontro dele um endemoninhado daquela cidade. Fazia muito tempo que aquele homem não usava roupas, nem vivia em casa alguma, mas nos sepulcros. Quando viu Jesus, gritou, prostrou-se aos seus pés e disse em alta voz: ‘Que queres comigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo?’”. Um pouco antes, os discípulos ainda não sabiam realmente quem era Jesus, e perguntavam entre si, “Quem é este?”. Agora a legião de demônios que possui este homem sabe quem ele é e o chama pelo nome. Na Bíblia os únicos que se dirigem a Jesus sem chamá-lo de Senhor são os demônios.
Satanás tinha causado o vendaval no lago, que Jesus aplacou com uma palavra. Em Efésios Satanás é chamado de “príncipe do poder do ar” (Ef 2:2) e no primeiro capítulo do livro de Jó descobrimos que seus dez filhos foram mortos pelo diabo quando a casa caiu sobre eles. O que derrubou a casa? “Um vento muito forte veio do deserto e atingiu os quatro cantos da casa, que desabou” (Jó 1:19).
No evangelho de Mateus estes mesmos demônios suplicam: “Que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?” (Mt 8:29). Eles sabem que um dia serão lançados no abismo, a prisão que antecede o lago de fogo. Por isso Satanás quis impedir Jesus de chegar ali com seus discípulos. Os demônios rogam a Jesus uma alternativa momentânea para o abismo, e Jesus lhes permite que saiam do homem e entrem numa manada de porcos perto dali. Os demônios fazem com os porcos aquilo que queriam fazer com Jesus e seus discípulos quando atravessavam o lago. Afogá-los.
Para quem crê em Jesus e tem sua salvação assegurada pelo sangue derramado na cruz, não há razão para temer os demônios. Eles não podem possuir quem já é propriedade do Espírito Santo, e se porventura Satanás causar qualquer dano a um crente, primeiro ele precisou obter uma autorização de Deus, como aconteceu com Jó. E se Deus autorizou é por saber que esse mal resultará em bem.
E quem não crê? Bem, o incrédulo está na condição descrita por Paulo, ao falar de como viviam os cristãos de Éfeso antes da conversão: “Vocês estavam mortos em suas transgressões e pecados, nos quais costumavam viver, quando seguiam a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar, o espírito que agora está atuando nos que vivem na desobediência”. O incrédulo pode não estar incorporado por uma legião de demônios, mas, usando o jargão popular, ele “vive do jeito que o diabo gosta”. O incrédulo segue “a presente ordem deste mundo e o príncipe do poder do ar… satisfazendo as vontades da carne, seguindo os seus desejos e pensamentos” (Ef 2:1-3).
A libertação está em Jesus, e ela é bem real, como veremos nos próximos 3 minutos.
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Liberto!
O povo da cidade é avisado do que aconteceu com os porcos e vai conferir. “O homem de quem haviam saído os demônios estava assentado aos pés de Jesus, vestido e em perfeito juízo” (Lucas 8:35). Antes ele vivia nu entre os sepulcros, e nem as correntes podiam deter sua força descomunal. Que triste figura do pecador sem Deus e sem esperança: nu, controlado por demônios e vivendo nos lugares de morte e solidão. Agora ele tem prazer em ficar aos pés de Jesus.
Sempre que Cristo liberta um pecador há alegria no céu diante dos anjos de Deus. Mas aqui a libertação deste homem é motivo de tristeza para as pessoas da região. Eles amam mais seus porcos, e devem ter feito as contas de quanto perderiam se Jesus continuasse ali libertando pessoas do poder das trevas. O mesmo acontece hoje, quando os incrédulos lamentam por um parente ou amigo que se converte a Cristo. Acham um desperdício, preferiam vê-lo perdido.
O povo suplica que Jesus saia dali, e ele atende seu pedido. Se o homem endemoninhado representa aqueles que a sociedade rejeita, por estarem dominados pelo mal, os cidadãos de Gadara não são diferentes dele. Assim como acontece com os demônios, todos têm igualmente aversão a Jesus. Se você é desses que odeiam ouvir falar de Jesus, apesar de levar uma vida correta e normal aos olhos da sociedade você também quer ver Jesus pelas costas. Não se preocupe; por enquanto ele vai atender seu desejo. Mas isto apenas adiará seu encontro com ele, como os demônios quiseram adiar serem lançados no abismo.
“O homem de quem haviam saído os demônios suplicava-lhe que o deixasse ir com ele; mas Jesus o mandou embora, dizendo: ‘Volte para casa e conte o quanto Deus lhe fez’. Assim, o homem se foi e anunciou a toda a cidade o quanto Jesus tinha feito por ele” (Lucas 8:38-39). É assim que o reino de Deus se expande: por meio daqueles que experimentaram a graça de Deus e foram salvos. Estes não são tirados do convívio com os incrédulos para irem morar em um mosteiro no alto de uma montanha. Eles são deixados no mesmo lugar onde viviam escravizados pelo pecado para testemunharem do que Jesus fez com eles.
Essa obra, que traria tanta glória para Deus, começou com um ataque direto de Satanás contra Jesus e seus discípulos enquanto atravessavam o lago. Não foi diferente em Éfeso, cujos cristãos eram dirigidos pelo “príncipe do poder do ar” antes de se converterem. Paulo faz menção disso em sua primeira carta aos Coríntios, quando diz: “Permanecerei em Éfeso até o Pentecoste, porque se abriu para mim uma porta ampla e promissora; e há muitos adversários” (1 Co 16:8). Enquanto Cristo estava no mundo, era ele o alvo da oposição dos adversários. Agora são os cristãos. Mas nada, absolutamente nada, pode impedir Deus de agir. Nem Satanás manipulando o ar, nem uma legião de demônios.
Nos próximos 3 minutos uma mulher não pede a Jesus para ser curada.
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A fé que salva
Após Jesus ter expulsado a legião de demônios do homem gadareno, duas personagens cruzam seu caminho. Uma é a filha única de Jairo, um dos principais judeus da sinagoga, o qual se prostra aos pés de Jesus suplicando que vá à sua casa curar a menina. Ela tem quase doze anos e está à morte. A outra é uma mulher desconhecida que há doze anos sofre de hemorragia. Segundo a Lei de Moisés uma mulher assim é impura e intocável.
A menina é uma legítima representante de Israel, e acabará morrendo. A mulher, anônima e impura, representa os gentios ou não judeus, que sempre estiveram à margem do povo escolhido por Deus, mas que aproveitam para tocar em Jesus enquanto ele vai cumprir sua missão de trazer Israel de volta à vida. A carta aos Romanos ensina que Israel foi deixado de lado por um tempo para que os gentios fossem introduzidos na esfera de privilégio e bênção. A igreja, formada por judeus e gentios, tem sido o foco de Deus nos últimos dois mil anos.
Assim como ocorre hoje com quem se aproxima de Jesus de qualquer maneira, ignorante da Lei de Moisés e dos rituais do judaísmo, a mulher se mistura com a multidão em busca de cura para o seu mal. E é assim, escondida e anônima, que ela se aproxima de Jesus. “Ela chegou por trás dele, tocou na borda de seu manto, e imediatamente cessou sua hemorragia” (Lucas 8:44). Ela não pediu para ser curada e nem se prostrou aos seus pés, como fez Jairo implorando pela cura da filha. Também não esperou que Jesus lhe impusesse as mãos ou orasse por ela. Sua fé lhe dizia que bastaria tocar na borda de seu manto, e foi o que fez. E foi curada.
Mas aquele de quem fluem todas as bênçãos imediatamente percebe que alguém tocou nele, ao que os discípulos retrucam que dezenas de pessoas se comprimem ao seu redor. Mas nenhuma delas obteve a cura, apenas a que se aproximou com fé. Aquele que é verdadeiramente salvo por Jesus não passa despercebido. A mulher se vê constrangida a confessar na presença de todos que havia tocado em Jesus e fora curada. Jesus diz a ela: “Filha, a sua fé a curou. Vá em paz” (Lucas 8:48).
E você, já tocou em Jesus com fé, ou é apenas mais um da multidão de curiosos que se aglomera em redor dele? E se tocou e recebeu o perdão de seus pecados e a salvação eterna, por que insiste em passar despercebido? A carta de Paulo aos Romanos diz: “Se você confessar com a sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo. Pois com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação. Como diz a Escritura: ‘Todo o que nele crer jamais será envergonhado’” (Rm 10:9-11).
Nos próximos 3 minutos uma casa se enche de choro antes de se encher de alegria.
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A menina morta vive
Quando um médico é chamado para socorrer alguém que pode morrer, ele não para no caminho para atender outra pessoa com uma doença não mortal. Mas Jesus não é médico. Ele é o Filho de Deus que veio ao mundo para resolver, na cruz, a questão do pecado. Se ele tivesse vindo para curar doenças, a população do planeta teria sido toda curada. As curas que encontramos nos evangelhos servem apenas para provar que ele é o Messias aguardado por Israel.
Pense na filha de Jairo como a nação de Israel, morta aos olhos de Deus como testemunho neste mundo. E pense na mulher hemorrágica como uma figura dos gentios, alcançados pela graça salvadora de Deus por meio da fé em Jesus, enquanto Israel jaz imobilizado por seu orgulho e pretensão de ser capaz de cumprir a Lei de Moisés. Ao se deter para conversar com a mulher Jesus não interrompe sua missão. Ele apenas adia a ressurreição da menina para curar a pobre mulher que, de outra forma, não teria sido alcançada.
Este é o período atual, em que Jesus está ocupado acrescentando gentios e judeus convertidos à Igreja, o seu povo celestial. A qualquer momento ele voltará para tirar a Igreja deste mundo e então tratar com aqueles que pertencem ao seu povo terreno, Israel. Estes irão usufruir das bênçãos há muito prometidas para eles na terra, quando Cristo estabelecer seu reino de mil anos. Mas neste exato momento Israel não tem qualquer indício de vida para servir como um testemunho para Deus. Toda a nação está igual à menina: morta!
Alguém traz a notícia a Jairo: “Sua filha morreu. Não incomode mais o Mestre”. Ouvindo isso, Jesus diz a Jairo: “Não tenha medo; tão somente creia, e ela será curada” (Lucas 8:49-50). E é assim, diante da incredulidade de todos, que Jesus chega à casa de Jairo, permitindo que entrem consigo apenas Pedro, João e Tiago, além do pai e da mãe da menina. Por quê? Porque a crença geral ali é de que nada mais pode ser feito. “Não chorem”, diz Jesus. “Ela não está morta, mas dorme”. Todos riem dele, pois sabem que a menina está morta.
Assim é hoje com a maioria dos cristãos: acreditam que Israel perdeu sua chance e que não haverá uma restauração desse povo. Acham que a Igreja é a sucessora de Israel neste mundo e a atual detentora das promessas terrenas feitas àquele povo no Antigo Testamento. Não é de surpreender que muitos cristãos corram atrás da prosperidade prometida a Israel, ou tentem conquistar territórios para garantir a cristianização do mundo e a instalação do reino. Este é um equívoco tanto do catolicismo quanto do protestantismo fundamentalista.
Jesus toma a menina pela mão e diz: “Menina, levante-se!”. Eu nem preciso dizer o que aconteceu, não é mesmo? Nos próximos 3 minutos os discípulos recebem um poder que só Deus pode dar.
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Jesus chama e envia
Um dos erros da cristandade é acreditar que tudo o que está na Bíblia vale para qualquer época e lugar. Não é bem assim. Existem passagens que são específicas para o momento em que ocorreram, e é o que vemos neste capítulo 9 do evangelho de Lucas. Aqui Jesus dá aos discípulos a ordem expressa de saírem para pregar o reino de Deus sem levar quaisquer recursos. Ele diz: “Não levem nada pelo caminho: nem bordão, nem saco de viagem, nem pão, nem dinheiro, nem túnica extra. Na casa em que vocês entrarem, fiquem ali até partirem. Se não os receberem, sacudam a poeira dos seus pés quando saírem daquela cidade, como testemunho contra eles” (Lucas 9:3-5).
Muitos cristãos pensam ser este o modo correto de se viver e testemunhar de Cristo. Porém mais tarde o mesmo Jesus diria aos discípulos: “‘Quando eu os enviei sem bolsa, saco de viagem ou sandálias, faltou-lhes alguma coisa?’. ‘Nada’, responderam eles. Ele lhes disse: ‘Mas agora, se vocês têm bolsa, levem-na, e também o saco de viagem; e se não têm espada, vendam a sua capa e comprem uma’” (Lucas 22:35-36).
O mesmo equívoco, cometem aqueles que tentam aplicar para a Igreja as promessas feitas a Israel no Antigo Testamento. Por isso o apóstolo Paulo exorta: “Procure apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” (2Tm 2:15). O verbo “manejar” aqui tem o sentido de “dissecar” ou dividir criteriosamente a Palavra de Deus. Esta é a chave para o entendimento de toda a Bíblia.
O poder e autoridade que Jesus dá aos discípulos aqui são específicos para esta missão. Poder para eles executarem a obra de Deus e autoridade para usarem desse poder em nome de Jesus. A mesma autoridade sobre os demônios, que Jesus demonstrou ter no capítulo 8, ele agora dá aos discípulos. É uma autoridade divina e isso ficou claro quando vimos que os demônios precisaram aguardar a autorização do Senhor para entrar nos porcos.
Quatro coisas importantes aqui: A primeira é que Jesus convoca ou reúne os doze discípulos; a segunda, ele dá a eles poder e autoridade; terceira, os envia a pregar e a curar; e quarta, dá a eles instruções claras de como devem proceder. Apesar das particularidades desta comissão, a ordem ainda vale para hoje: Primeiro o Senhor chama, depois capacita, depois envia e, finalmente, instrui como proceder. É claro que hoje não pregamos o reino de Deus como estes discípulos pregavam — afinal, naquele momento o Rei estava na terra —, mas pregamos a “Jesus Cristo, e este, crucificado”, como ensina Paulo em 1 Coríntios 2:2.
Nos próximos três minutos um homem tem sua consciência atribulada.
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Consciência atribulada
Herodes Antipas é filho de Herodes, o Grande, o rei que mandou matar os meninos de até dois anos quando Jesus nasceu. Satanás tentava eliminar aquele que viria a pisar a cabeça da serpente e reinar sobre Israel. O que Satanás não conseguiu por meio do pai, iria conseguir por seu filho. Herodes Antipas, com Pilatos e os sacerdotes judeus, participaria da condenação e execução de Jesus. Mas aí o tiro de Satanás sairia pela culatra. Conforme Deus prometera no jardim do Éden, o descendente da mulher pisaria a cabeça da antiga serpente, que é o diabo, Satanás. Hoje sabemos que isso ocorreu na cruz.
Mas aqui é de duas outras cabeças que Lucas nos fala: da cabeça de João Batista e da cabeça de Herodes Antipas. Este havia mandado decapitar a João, porém o profeta não saiu da cabeça de Herodes. Ele se preocupa ao ouvir falar dos grandes feitos de Jesus. Alguns afirmam que é Elias que voltou, outros que um profeta ressuscitou. No evangelho de Mateus Herodes dá sua opinião: “Este é João, que mandei degolar; ressuscitou dentre os mortos” (Mt 6:16).
A má consciência transforma o valente em covarde. A possibilidade de Jesus ser João ressuscitado de entre os mortos faz Herodes tremer. A ressurreição da vítima é a última coisa que um homicida deseja, pois demonstra que Deus, o único que pode dar vida, decidiu ficar do lado do assassinado. E quando Deus fica do lado do inocente, que lado resta para o culpado?
O livro de Apocalipse diz que Jesus “vem com as nuvens, e todo olho o verá, até mesmo aqueles que o traspassaram” (Ap 1:7). Quando isso acontecer, de que lado você estará? Da vítima ou dos algozes? O mesmo Apocalipse diz que “os reis da terra, os príncipes, os generais, os ricos, os poderosos — todos os homens, quer escravos, quer livres, esconderam-se em cavernas e entre as rochas das montanhas. Eles gritavam às montanhas e às rochas: ‘Caiam sobre nós e escondam-nos da face daquele que está assentado no trono e da ira do Cordeiro! Pois chegou o grande dia da ira deles; e quem poderá suportar?’” (Ap 6:15-17).
Enquanto a consciência de Herodes o incomoda acerca de João Batista, um morto que ainda não ressuscitou, Jesus morreu, ressuscitou e está agora glorificado à destra do Pai. Ele voltará, não mais como um humilde carpinteiro, mas como um severo Juiz para julgar e condenar a todos os que o rejeitaram. Deus “Agora ordena que todos, em todo lugar, se arrependam. Pois estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça, por meio do homem que designou. E deu provas disso a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” (At 17:31). Volto a perguntar: De que lado você estará nesse dia?
Nos próximos 3 minutos Jesus faz um milagre que é o único registrado nos quatro evangelhos.
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Um Senhor amoroso
Ao voltarem da missão à qual foram enviados, os apóstolos estão ansiosos para contar tudo o que fizeram com o poder e autoridade do Senhor. Sabendo que eles precisam descansar, Jesus os leva a um lugar deserto próximo a Betsaida, mas é seguido por uma multidão e acaba ministrando a ela, falando-lhes do Reino e curando seus enfermos.
“Ao fim da tarde os doze aproximaram-se dele e disseram: ‘Manda embora a multidão para que eles possam ir aos campos vizinhos e aos povoados, e encontrem comida e pousada, porque aqui estamos em lugar deserto’. Ele, porém, respondeu: ‘Deem-lhes vocês algo para comer’. Eles disseram: ‘Temos apenas cinco pães e dois peixes — a menos que compremos alimento para toda esta multidão’. E estavam ali cerca de cinco mil homens” (Lucas 9:12-14).
Não somos diferentes dos apóstolos. Quando o assunto é sair em missões para terras distantes, nenhuma dificuldade é grande demais. Mas, quando é questão de atender aqueles que estão próximos de nós, procuramos nos livrar do problema. Somos mais propensos a contribuir para uma obra missionária na África, do que a falar de Cristo ao mendigo que dorme ali na calçada. “Manda embora a multidão”, dizem os discípulos a Jesus.
Mas o Senhor não faz o que eles pedem e ainda os envolve no trabalho de alimentar a multidão. Os poucos recursos disponíveis — cinco pães e dois peixes — são milagrosamente multiplicados por Jesus. Ao invés de fazer os pães e peixes chegarem também milagrosamente às mãos das pessoas, ele prefere entregá-los aos discípulos para que estes entreguem à multidão. Jesus quer nos envolver na sua obra e um coração agradecido pela salvação que recebeu de graça irá voluntariamente colocar-se à disposição dele.
O trabalho de distribuir os pães e peixes não deve ter sido fácil para os discípulos, mas que agradável surpresa descobrir no final que sobraram doze cestos — um para cada apóstolo que trabalhou naquela obra. Jesus não só tem prazer em nos envolver em sua obra, como nos recompensa por isso. “O lavrador que trabalha arduamente deve ser o primeiro a participar dos frutos da colheita” (2Tm 2:6).
A Palavra de Deus nos encoraja, dizendo: “Deus não é injusto; ele não se esquecerá do trabalho de vocês e do amor que demonstraram por ele, pois ajudaram os santos e continuam a ajudá-los… Portanto, meus amados irmãos, mantenham-se firmes, e que nada os abale. Sejam sempre dedicados à obra do Senhor, pois vocês sabem que, no Senhor, o trabalho de vocês não será inútil” (Hb 6:10; 1 Co 15:58).
Agora uma pergunta que faz toda diferença: Quem é Jesus? A resposta está nos próximos 3 minutos.
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Quem é Jesus? I
“Certa vez Jesus estava orando em particular, e com ele estavam os seus discípulos; então lhes perguntou: ‘Quem as multidões dizem que eu sou?’. Eles responderam: ‘Alguns dizem que és João Batista; outros, Elias; e, ainda outros, que és um dos profetas do passado que ressuscitou’. ‘E vocês, o que dizem?’, perguntou. ‘Quem vocês dizem que eu sou?’”.
Hoje Jesus faz a mesma pergunta a cada coração: “Quem você diz que eu sou?”. As respostas são as mais diversas. Alguns dirão que é Elias reencarnado, sem nunca terem reparado que o profeta Elias não passou pela morte, mas foi arrebatado ao céu. Mais adiante neste evangelho veremos que Jesus conversa com Elias e Moisés, quando se transfigura diante dos olhos de seus discípulos. Se ele fosse a reencarnação de Elias não poderia ter conversado consigo mesmo.
Alguns piedosamente afirmam ter sido ele um grande homem, um mestre que veio trazer mensagens valiosas para nossa evolução espiritual. Será? Achar que com uma opinião assim você está elogiando Jesus é como querer elogiar Einstein por saber a tabuada. Considerar Jesus menos que divino é uma ofensa a Deus.
Os muçulmanos dizem que Jesus é apenas mais um dos profetas de Deus e os judeus negam que ele seja o Messias prometido. Existe ainda uma miríade de seitas e religiões cujos fundadores afirmam ser a mais recente manifestação de Jesus. Na Internet é possível encontrar mais de trinta deles, sem contar os que estão em instituições para doentes mentais, o que poderia ser considerado o maior caso de roubo de identidade da história.
Por que tanta gente quer se passar por Jesus? Por outro lado, por que tantos têm tamanha aversão por este nome? E por que milhares amaram tanto este mesmo nome ao ponto de morrerem por ele? Deve existir algo de muito especial nessa pessoa. Então quem é realmente Jesus? Um bom lugar para começarmos a pesquisar é a própria Bíblia, iniciando pelo Antigo Testamento que terminou de ser escrito 450 anos antes de Jesus nascer.
Ali encontramos profecias que falam dele, e se você tiver um conhecimento mínimo dos evangelhos verá que seria humanamente impossível alguém preencher todas as expectativas dos profetas por mera coincidência. A probabilidade de uma mesma pessoa se encaixar em apenas 8 das mais de 300 profecias do Antigo Testamento que falavam do Messias é de uma em cem quatrilhões. E quais seriam as chances de alguém cumprir 48 dessas profecias? Pense no número dez seguido de 157 zeros. E Jesus não se encaixa em apenas 48 profecias, mas em mais de trezentas!
Por isso vamos precisar de mais 3 minutos para continuar perguntando: Quem é Jesus?
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Que é Jesus? II
Antes de dar sua opinião sobre quem é Jesus, é bom verificar se ele preenche as credenciais previstas pelos profetas. Nos primeiros livros que compõem a Bíblia Moisés anunciava que o Messias prometido a Israel seria descendente de Abraão, Isaque e Jacó, e pertenceria à tribo de Judá. Miquéias previu que ele nasceria em Belém da Judeia, e Isaías avisou que isso seria pela concepção de uma virgem.
O profeta Jeremias escreveu que crianças seriam mortas por ocasião de seu nascimento, e foi o que o Rei Herodes mandou fazer quando soube que o rei prometido a Israel havia nascido. A perseguição fez com que José e Maria fugissem com o menino Jesus para o Egito, o que também havia sido previsto pelo profeta Oséias. Segundo o profeta Isaías, a região de seu ministério seria a Galileia ao longo do Rio Jordão, e ele seria rejeitado pelo povo judeu, como foi.
Zacarias anunciou com séculos de antecedência a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e o profeta Daniel especificou até mesmo a época em que isso aconteceria, uma semana antes de ser crucificado. Com mil anos de antecedência Davi previu que o Messias seria traído por um de seus amigos e Zacarias confirmou, indicando que o traidor receberia trinta moedas de prata que seriam depois lançadas no Templo e usadas para comprar o campo de um oleiro.
Isaías escreveu, com setecentos anos de antecedência, que o Messias permaneceria mudo diante de seus acusadores e que seu sofrimento e morte seriam para pagar pela culpa de outros. O mesmo profeta indicou que ele morreria entre malfeitores e Davi, no Salmo 22, previu que ele seria crucificado, com as mãos e os pés atravessados por grandes pregos. Os Salmos acrescentavam que o crucificado seria insultado e que em sua sede lhe dariam vinagre.
Segundo o profeta Zacarias, o corpo morto seria furado por uma lança e Davi acrescentou que suas vestes seriam sorteadas entre seus carrascos. Porém nenhum osso seria quebrado, ao contrário do que era comum na crucificação, quando as pernas dos condenados eram quebradas para acelerar a morte. Os profetas previram, além da morte, a ressurreição e ascensão de Jesus ao céu, mas isso só foi visto por um pequeno grupo de pessoas, os discípulos de Jesus. Sim, existem coisas que você só conseguirá enxergar se for discípulo de Cristo, um círculo no qual se entra pela fé, não pela razão.
Assim foi que, quando Jesus perguntou aos seus discípulos “Quem vocês dizem que eu sou?”, o evangelho de Mateus mostra que a resposta de Pedro, de que Jesus era o Cristo, o Messias prometido, não veio dele próprio, mas de uma revelação direta de Deus: “Feliz é você, Simão, filho de Jonas! Porque isto não lhe foi revelado por carne ou sangue, mas por meu Pai que está nos céus” (Mt 16:17).
E para você, quem é Jesus?
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O que você fará com Jesus?
Quem é Jesus para você? Para os discípulos nós já vimos quem ele é: Aquele que nos amou tanto ao ponto de morrer por mim e por você. Então agora o que você fará com Jesus? Como irá corresponder a esse amor? Eu sei que você anseia por amor, por alguém que se interesse por seus problemas e não o decepcione. Jesus é assim — Ele ama você! Então o que você vai fazer com este amor? Rejeitá-lo? Você não gostou quando alguém fez o mesmo com o amor que você tentou demonstrar. Não seria melhor você ir agora a Jesus que ama tanto você? Ele morreu para salvá-lo de seus pecados e ter você junto a ele na glória. E então?
O amor de Jesus é a coisa mais preciosa que você pode ter. Ele ama você. Ele se aproxima de você agora em misericórdia e graça, e o chama para estar com ele, para desfrutar de bênçãos eternas, para receber a sua dádiva de amor, a salvação. Por que não confiar nele como seu Salvador, seu Senhor, seu Libertador do pecado? Você não quer ser liberto da escravidão do pecado? É o pecado que faz com que você seja infeliz. Faz de você uma pessoa invejosa, orgulhosa, cheia de ódio. O pecado acabará destruindo você para sempre se não for salvo dele. Só Jesus pode salvá-lo, “pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 6:23).
Então o que você fará com o amor de Jesus? Lembre-se do que você sentiu quando alguém recusou a afeição que você tentou demonstrar. Por que não pede a Jesus agora mesmo para que ele salve você? Ele ama você e quer que você vá a ele, que confie nele, o único capaz de tirar os seus pecados e dar a você um lar eterno na glória. Basta conversar com ele bem aí onde você está; basta ir a ele do jeito que estiver agora. Conte a ele suas tristezas, seus medos, seus problemas. Depois você poderia falar dele como falou o apóstolo Paulo: “O Filho de Deus me amou e a si mesmo se entregou por mim” (Gl 2:20).
Quando Jesus estava na Terra, Ele disse: “Venham a mim, todos os que estão cansados e sobrecarregados, e eu lhes darei descanso… e quem vier a mim eu jamais rejeitarei” (Mt 11:28; Jo 6:37). Jesus, o Salvador ressuscitado, está hoje tão ansioso em receber pecadores com todos os seus pecados e suas necessidades, quanto quando Ele esteve aqui há dois mil anos e aceitou morrer na cruz para pagar pelos pecados que não eram dele.
Se, como pecador, você for a Jesus e crer nele como seu Salvador, seus pecados serão perdoados e você irá estar com ele quando vier buscar os que lhe pertencem. Depois ele voltará para julgar os que o rejeitaram. Desejo sinceramente que você esteja entre os salvos, “porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
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Onde está o Messias?
Agora que os discípulos sabem quem é aquele que eles seguem — o Cristo de Deus — Jesus ordena que eles não digam isso a ninguém e acrescenta: “É necessário que o Filho do homem sofra muitas coisas e seja rejeitado pelos líderes religiosos, pelos chefes dos sacerdotes e pelos mestres da lei, seja morto e ressuscite no terceiro dia” (Lucas 9:22).
Quando Pedro respondeu, no versículo 20, que Jesus era o Cristo, ele estava falando do Messias prometido para reinar sobre Israel e as nações gentias. Mas no versículo 22 Jesus fala de si como o “Filho do Homem”, um título que tem a ver com sua humanidade e com a nova criação, em contraste com aquela que foi arruinada pelo pecado no Éden. É como Filho do Homem que ele assumirá a posição em que Adão falhou: ser Senhor de toda a criação. O Salmo 8 fala disso:
“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste; que é o homem mortal para que te lembres dele? E o filho do homem, para que o visites? Pois pouco menor o fizeste do que os anjos, e de glória e de honra o coroaste. Fazes com que ele tenha domínio sobre as obras das tuas mãos; tudo puseste debaixo de seus pés: Todas as ovelhas e bois, assim como os animais do campo, as aves dos céus, e os peixes do mar, e tudo o que passa pelas veredas dos mares” (Sl 8).
Mas para que isto aconteça — para que Jesus tenha a preeminência sobre todas as coisas — é necessário que primeiro ele seja rejeitado, morto e ressuscitado. Deus coloca assim um ponto final na velha criação e passa uma borracha em tudo o que diz respeito ao primeiro homem, Adão. Os judeus, que aguardam seu Messias apenas no caráter de um Rei, ainda não perceberam que ele também terá este caráter de Cabeça de toda a criação. Mas antes ele precisaria morrer e ressuscitar.
A profecia feita por Daniel no capítulo 9 de seu livro, a partir do versículo 24, dizia que depois que fosse dada a ordem para reedificar Jerusalém, o Messias seria manifestado. Porém, após o surgimento do Messias a profecia deixava claro que ele seria “tirado” ou “cortado”, isto é, morto, e que a isto se seguiria a destruição de Jerusalém e do Templo. A profecia é tão detalhada que até o tempo entre os eventos é indicado por períodos chamados de “semanas” de anos.
Todo judeu sabe que Jerusalém foi reconstruída na época de Esdras e Neemias e novamente destruída pelos romanos no ano 70 da era cristã. O que os judeus não percebem é que entre uma coisa e outra o Messias deveria ter vindo e sido “tirado”, isto é, morto e ressuscitado. Só assim Jesus poderia cumprir tudo o que havia sido profetizado a seu respeito e chamar para si um povo distinto e separado, que é o que vamos ver nos próximos 3 minutos. Mas antes disso, se você for judeu, leia Daniel 9, versículo 24 em diante, e tente achar o Messias.
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Tomar sobre si a cruz
Depois da revelação de que Jesus é o Messias esperado por Israel, os discípulos são exortados a não divulgarem essa informação, pois ainda não era a hora de ele ser manifestado como o Messias vitorioso. Antes de vir como o Rei de reis e Senhor de senhores Jesus precisa passar pela morte de cruz, e é da cruz que ele fala no versículo 23, porém agora se referindo aos seus seguidores: “Se alguém quiser acompanhar-me, negue-se a si mesmo, tome diariamente a sua cruz e siga-me” (Lucas 9:23).
As pessoas costumam dizer que têm uma cruz para carregar, referindo-se a uma doença, sofrimento ou problema. A expressão tem sua origem nesta passagem, mas a rigor não é o que Jesus está querendo dizer aqui. Ele não está falando de cruz no sentido de algum problema que nos aflige e ao qual devemos nos conformar. Ele está falando de morte. Tomar a cruz é considerar-se morto, por dentro e por fora. Na época, quem visse alguém carregando uma cruz minutos antes da execução podia dizer sem medo de errar: “Esse aí já está morto”.
É assim que o cristão deveria se apresentar: como alguém que diariamente expõe sua condição de morto para este mundo, e é este o significado de tomar diariamente a sua cruz. Há, porém, outro aspecto além dessa expressão exterior de morte. A mesma passagem diz “Negue-se a si mesmo”, e isto nos fala da negação interior, do reconhecimento de que o meu “eu” está morto e já não dou ouvidos para ele. O assunto é tratado com mais detalhes em cinco passagens que falam da cruz na carta aos Gálatas.
Em Gálatas 3:1 é dito que “Jesus Cristo foi exposto como crucificado”, e é este o ponto de partida da nova vida do cristão. Na cruz Jesus levou sobre si os meus pecados e foi julgado por Deus em meu lugar para que eu não venha a passar pelo juízo e ser condenado no final. Se você não tem a certeza de que na cruz Jesus levou os seus pecados é porque ainda não creu nele como seu Salvador. Você continua achando que não é tão pecador quanto fulano ou sicrano, e acredita que no dia do juízo Deus irá ponderar o bem e o mal que você praticou para decidir seu destino eterno. Você ainda não entendeu para quê Cristo morreu.
A morte de Jesus nos remete aos sacrifícios do Antigo Testamento, quando uma vítima inocente, como uma ovelha, era morta em lugar do pecador. O inocente substituía o culpado no juízo de morte. Por que você acha que a Bíblia chama Jesus de “Cordeiro de Deus”? Ele é a vítima definitiva. Enquanto os sacrifícios do Antigo Testamento só relembravam o pecado, o sacrifício de Cristo efetivamente anulou os pecados daqueles que creem nele. Nos próximos 3 minutos continuaremos com o apóstolo Paulo falando de outros aspectos da cruz.
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Morto, cinco vezes morto!
Quando você entende que, na cruz, Jesus não morreu como um mártir injustiçado ou um exemplo de abnegação, mas efetivamente cumpriu uma sentença judicial sofrendo a pena no lugar do culpado, a primeira coisa que você deve fazer é considerar-se culpado para se beneficiar desse sacrifício substitutivo.
A salvação não começa com você justificando-se e dizendo que leva uma vida honesta, ama o próximo e socorre os necessitados. A salvação começa com você prostrando-se diante de Deus como quem merece e aguarda a sentença e o golpe mortal, para então reconhecer que esse golpe já foi dado em Jesus depois de seus pecados terem sido transferidos para o prontuário dele. Um condenado à morte não pode ser executado mais de uma vez, e é assim que Deus considera aquele que crê em Jesus: morreu por procuração, quando Jesus, na cruz, assumiu suas culpas e foi executado em seu lugar.
A carta de Paulo aos Gálatas apresenta as consequências práticas de se posicionar nesse lugar de morte com Cristo. Em Gálatas 2:20 Paulo afirma acerca de si mesmo: “Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”. Isto é verdadeiro também a respeito de todo aquele que se reconhece pecador e crê em Jesus como Salvador.
“Crucificado com Cristo” significa que já recebeu a sentença que Deus reserva ao velho homem, aquela natureza que nós herdamos de Adão. Na cruz Deus pôs um ponto final no homem em seu estado original, também chamado de “carne” em algumas passagens da Bíblia. Se Deus já desistiu de encontrar algo de bom nessa natureza caída e arruinada pelo pecado, como é que você ainda tem a pretensão de tentar melhorar a si mesmo para ser aceito por Deus no final?
Gálatas 5:24 fala dessa mesma carne: “Os que pertencem a Cristo Jesus crucificaram a carne, com as suas paixões e os seus desejos”. Se Cristo foi crucificado por mim, e eu sou visto por Deus como crucificado com Cristo, devo agora abandonar minha carne numa condição de morte. E não apenas a carne, que é minha natureza caída, mas o próprio mundo deve ser abandonado nesse necrotério da velha natureza. Gálatas 6:14 diz que, pela cruz do Senhor Jesus Cristo, “o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo”.
A cruz e seus efeitos aparecem cinco vezes nessa série de versículos em Gálatas, para eu não me esquecer de que Cristo morreu, eu morri com ele, minha carne, com suas paixões e desejos, foi morta com ele, o mundo morreu para mim e eu morri para o mundo. Diante de uma sentença de morte tão completa que Deus aplicou sobre o homem em seu estado natural, por que alguém em sã consciência iria querer procurar em si mesmo algo de bom para oferecer a Deus?
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de salvar a vida ou perdê-la.
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Salvar ou perder a vida
Jesus diz: “Quem quiser salvar a sua vida a perderá; mas quem perder a vida por minha causa, este a salvará” (Lucas 9:24). Existe uma vida que é desejável e compatível com a natureza que herdamos de Adão. Paulo explica que “o primeiro homem, Adão, tornou-se um ser vivente; o último Adão [que é Jesus], espírito vivificante… O primeiro homem era do pó da terra; o segundo homem, do céu. Os que são da terra são semelhantes ao homem terreno; os que são do céu, ao homem celestial” (1 Co 15:45-49).
Se você crê em Jesus possui agora uma nova vida cuja origem está no céu, e não na terra. A vida que você herdou de Adão nunca desejou as coisas do céu, e a vida que você agora possui em Cristo nunca ficará satisfeita com a vida que o mundo tem a oferecer. Sim, o mundo oferece uma vida, mas é a mesma vida que a humanidade tem escolhido desde os tempos de Caim. “Que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro, e perder-se ou destruir a si mesmo?” (Lucas 9:25).
O assassino de Abel não só inaugurou a religião de boas obras, ao tentar agradar a Deus com o fruto do seu trabalho, como também construiu a primeira cidade e deu origem à civilização tal qual a conhecemos. No capítulo 4 de Gênesis você encontra os descendentes de Caim inventando a agropecuária, a cultura e a indústria. O homem terreno agarra-se a estas coisas — muitas delas perfeitamente lícitas — porque é tudo o que tem para satisfazer a vida que herdou de Adão. Mas no final ele terá perdido sua vida aqui e eternamente.
O cristão não caminha como uma besta quadrúpede, que olha para o chão, mas com seus olhos fitos no céu. Não vive preocupado com o desprezo aqui, pois suas expectativas estão na glória. Ele olha para “Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus” (Hb 12:2). Jesus literalmente perdeu a vida aqui por ter em vista a glória celestial.
Em todas as épocas os que foram da fé aguardaram “a cidade que tem alicerces, cujo arquiteto e edificador é Deus… reconhecendo que eram estrangeiros e peregrinos na terra… esperavam eles uma pátria melhor, isto é, a pátria celestial. Por esta razão Deus não se envergonha de ser chamado o Deus deles, pois preparou-lhes uma cidade” (Hb 11:10-40). Jesus conclui dizendo: “Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras, o Filho do homem se envergonhará dele, quando vier em sua glória e na glória do Pai e dos santos anjos” (Lucas 9:26).
Se Deus não se envergonha de ser chamado o seu Deus, por que você se envergonharia de Jesus, não é mesmo? Nos próximos 3 minutos Jesus permitirá que três de seus discípulos espiem por uma fresta no tempo e espaço. O que eles veem os marcará profundamente para o resto de suas vidas.
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Uma fresta para o futuro
Jesus diz: “Alguns que aqui se acham de modo nenhum experimentarão a morte antes de verem o Reino de Deus” (Lucas 9:27). Ele não quis dizer que alguns dos discípulos seriam imortais, mas que veriam o Reino antes de morrer. E agora Jesus permite que Pedro, Tiago e João espiem por uma espécie de fresta no tempo e espaço e vejam Jesus em glória, ao lado de Moisés e Elias.
Você deve estar lembrado de que neste capítulo Jesus tinha acabado de falar de sua vinda “na sua glória, e na do Pai e dos santos anjos” (Lucas 9:26). O livro de Judas cita Enoque ao acrescentar que outros o acompanharão nessa vinda: “Eis que é vindo o Senhor com milhares de seus santos” (Jd 1:14). E o profeta Zacarias também inclui esses “santos” na vinda do Senhor, ao dizer: “Então o Senhor, o meu Deus, virá com todos os seus santos” (Zc 14:5).
A qualquer momento o Senhor virá sozinho para ressuscitar a todos os que morreram na fé. Nessa ocasião os vivos que crerem nele serão transformados e subirão para encontrá-lo “nos ares”. Mas nessa vinda ele não chega a colocar os seus pés sobre a terra, como fará quando vier para julgar as nações e estabelecer o seu Reino. Na primeira ele chega apenas até as nuvens, o ponto de encontro dele com os ressuscitados e transformados. Dali Jesus e os seus seguem para o céu, e isto é o que costumamos chamar de “arrebatamento da igreja”.
Depois virá um período de sete anos, na metade do qual o anticristo se manifestará e passará a perseguir um remanescente de judeus que se converterão nessa época. No final desse período Cristo virá de forma visível e magnífica, colocando seus pés no monte das Oliveiras conforme os anjos prometeram no livro de Atos: “Galileus, por que vocês estão olhando para o céu? Este mesmo Jesus, que dentre vocês foi elevado ao céu, voltará da mesma forma como o viram subir” (At 1:11). E o profeta Zacarias confirma: “Naquele dia os seus pés estarão sobre o monte das Oliveiras, a leste de Jerusalém, e o monte se dividirá ao meio” (Zc 14:4).
Agora você já sabe como é possível Jesus voltar com os “milhares de seus santos” ou “todos os seus santos” mencionados por Judas e Zacarias. Para que venham com Cristo é preciso que antes estejam com Cristo no céu. Você também já pode entender a razão de os anjos, em Atos, anunciarem que ele colocará seus pés sobre o Monte das Oliveiras, enquanto em 1 Tessalonicenses 4 fala de um encontro com os seus nos ares e entre nuvens. Tudo fica claro quando entendemos que há dois momentos distintos da vinda de Cristo, separados por um período de sete anos. Mas vamos voltar a nos ocupar agora com o que acontece neste capítulo que fala da transfiguração de Jesus. É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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O assunto dos céus
A cena da transfiguração é significativa. Nela temos uma visão do reino futuro de Cristo, com o Rei no centro das atenções, acompanhado dos santos que estarão com o Rei em sua vinda. Os que passaram pela morte são representados por Moisés, e os que foram arrebatados ao céu, sem passar pela morte, são representados por Elias. Enquanto isso, Pedro, Tiago e João representam os santos que serão abençoados na terra durante o reino milenial de Cristo.
O comportamento destes três discípulos nos ensina como não agir na presença do Senhor. O versículo 32 de Lucas 9 diz que “Pedro e os seus companheiros estavam dominados pelo sono; acordando subitamente, viram a glória de Jesus e os dois homens que estavam com ele”. Infelizmente este sono de indiferença pelas coisas celestiais é comum entre os cristãos e muitos serão surpreendidos pela vinda do Senhor, algo que nem esperavam. Há tantas atrações nesta vida que muitos acabam perdendo o interesse pelos assuntos do céu.
Moisés e Elias “falavam sobre a partida de Jesus, que estava para se cumprir em Jerusalém” (Lucas 9:31). A morte e ressurreição de Jesus é ali o assunto do céu, mas não da terra. Quando abrimos no capítulo 5 de Apocalipse temos uma visão futura do céu e lá o assunto será eternamente o mesmo: o Cordeiro que foi morto e com o seu sangue comprou para Deus homens de toda tribo, língua e nação.
Paulo coloca a morte e ressurreição de Cristo como o centro de sua mensagem. No capítulo 15 da primeira carta aos Coríntios ele diz: “Irmãos, quero lembrar-lhes o evangelho que lhes preguei… Pois o que primeiramente lhes transmiti foi o que recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras, foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (1 Co 15:1-4).
Acaso é este o evangelho que hoje é pregado por aí? Nem sempre. A mensagem foi diluída ao ponto de se transformar em uma mensagem motivacional. O bem-estar do ser humano nesta vida passou a ser o centro da mensagem e não o perdão de pecados e a salvação eterna. Os pregadores dão às pessoas o que elas querem: promessas de prosperidade material, saúde perene e felicidade nos relacionamentos. E isso costuma vir acompanhado de muitos decibéis de música e pirotecnia, não muito diferente de um show qualquer. Um evangelho sem o sangue do Cordeiro sacrificado e sem a ressurreição não é evangelho.
Mas quando o tema da morte e ressurreição de Cristo não é substituído por prosperidade, saúde e felicidade, outra coisa muito mais antiga e perniciosa toma o seu lugar: a superstição e o culto à personalidade. Estes são os assuntos dos próximos 3 minutos.
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Só Jesus
Depois de serem acordados de seu sono pela aparição de Jesus transfigurado e acompanhado de Moisés e Elias, os três discípulos — Pedro, Tiago e João — reagem conforme o instinto religioso inerente ao homem. Adão e Eva tiveram uma reação semelhante no jardim do Éden, quando se viram nus: fizeram um cinturão de folhas para tentar cobrir sua nudez. Caim também tentou fazer algo: ofereceu a Deus o trabalho de suas mãos.
No caso de Adão e Eva, foi preciso que Deus sacrificasse um animal inocente para, com sua pele, cobrir a nudez deles. A oferta de Caim, do trabalho de suas mãos, foi recusada em detrimento da oferta de fé de Abel: o sacrifício cruento de um animal inocente. Desde então assim tem sido a história da humanidade: o homem sempre tentando fazer e dar algo para Deus, sem perceber que é Deus quem faz e Deus quem dá. Ao homem resta apenas a humilde posição de beneficiário da graça divina — e que bendita posição!
O versículo mais famoso da Bíblia fala justamente destas duas coisas: Deus é o dador e sua dádiva foi o sacrifício de seu próprio filho: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16).
Mas o que tudo isso tem a ver com a reação dos discípulos diante de Cristo transfigurado? Veja o que Pedro diz: “Façamos três tendas…”. Ele se sente na obrigação de fazer algo para Deus. “Mestre, é bom estarmos aqui”, diz ele. “Façamos três tendas: uma para ti, uma para Moisés e uma para Elias” (Lucas 9:33). Pedro não é capaz de apenas desfrutar da presença de Jesus em contemplação. Ele quer fazer algo e, o que é pior, colocar Moisés e Elias, meros servos de Deus, no mesmo nível de Jesus, o Filho eterno de Deus.
Quantas vezes você já viu capelas e altares edificados em homenagem a homens e mulheres por alguém que achou que fazendo assim agradaria a Deus? “Façamos três tendas”, diz Pedro e isto não é diferente de dizer “Façamos três capelas” ou qualquer outra coisa que sirva para abrigar o Filho de Deus ou perpetuar nomes de meros servos de Deus.
Pessoas de boas intenções gostam de homenagear os servos de Deus, mas é errado. Moisés e Elias são ocultos dos olhos dos discípulos por uma nuvem e os discípulos ficam só com Jesus. Uma voz do céu diz: “Este é o meu amado Filho; a ele ouvi” (Lucas 9:35). A exaltação de homens não tem lugar nas coisas de Deus. Exaltar servos de Deus é um costume humano e nada tem a ver com as coisas de Deus. O correto é dizer como disse João Batista, quando viu a Jesus: “É necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jo 3:30).
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Incrédulos e perversos
Chega ao fim aquela atmosfera celestial que os discípulos respiravam durante a transfiguração de Jesus no monte. Agora eles descem para o nível deste mundo e se veem diante da multidão carregada das terríveis marcas que o pecado deixou na Criação. Um homem se aproxima de Jesus e descreve a triste condição de seu filho único: ele é possuído por um espírito maligno que está destruindo sua vida.
O pai aflito explica a Jesus que havia pedido aos discípulos que expulsassem o espírito maligno de seu filho, mas nenhum deles foi capaz de fazê-lo. “Ó geração incrédula e perversa”, diz Jesus, “Até quando estarei com vocês e terei de suportá-los?” (Lucas 9:41). Ele não diz “Ó demônios, até quando terei de suportá-los?”, mas provavelmente esteja falando dos discípulos ou mesmo de toda a humanidade.
Primeiro, porque todo ser humano é, por natureza, incrédulo. Segundo, porque os homens pervertem as coisas de Deus ao seu bel prazer. Assim somos todos “geração incrédula e perversa”. Quando você não crê no poder de Deus, passa a confiar em seus próprios recursos. Isto é incredulidade. E se você perverte ou distorce as coisas de Deus para atender seus próprios interesses você é perverso.
O evangelho de Mateus 17:21 acrescenta que “esta espécie [de demônio] só sai pela oração e pelo jejum”. Estes são os antídotos contra a incredulidade e a perversão. É pela oração que você demonstra sua dependência de Deus, e não de si mesmo, e o jejum significa abrir mão de seus apetites e interesses pessoais. Deus nos quer cem por cento dependentes dele e famintos de nossa vontade própria, para sermos saciados da vontade dele.
“Quando o menino vinha vindo, o demônio o lançou por terra, em convulsão. Mas Jesus repreendeu o espírito imundo, curou o menino e o entregou de volta a seu pai” (Lucas 9:42). O Evangelho de Marcos acrescenta que o menino caiu no chão e começou a rolar, espumando pela boca. Diz ainda que “quando Jesus viu que a multidão estava se ajuntando, repreendeu o espírito imundo, dizendo: ‘Espírito mudo e surdo, eu ordeno que o deixe e nunca mais entre nele’. O espírito gritou, agitou-o violentamente e saiu” (Mc 9:20-26).
Como a multidão se ajuntava e havia o risco de o demônio se transformar na atração principal ali, Jesus rapidamente resolve o problema. Hoje é comum encontrar grupos de cristãos mais ocupados com demônios do que com a adoração a Deus. E o modo do demônio agir denota muito bem que o seu desejo era o de chamar atenção, fazendo o menino rolar pelo chão e espumar pela boca. Não é muito diferente do modo como às vezes deixamos nossos filhos agirem, ou nós mesmos agimos, e nem é preciso estarmos possessos de demônios para isso: basta deixarmos nossa carne tomar as rédeas de nossa vida.
E se você quer ver do que a carne é capaz, espere até os próximos 3 minutos.
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A carne revelada
Os discípulos ainda estão admirados com a libertação do menino possesso por um demônio, quando Jesus lhes diz: “Ouçam atentamente o que vou lhes dizer: o Filho do homem será traído e entregue nas mãos dos homens” (Lucas 9:44). Eles não entendem este aviso de que Jesus seria preso e condenado à morte por seu próprio povo.
A razão é explicada no versículo seguinte: “Eles não entendiam o que isso significava; era-lhes encoberto, para que não o entendessem” (Lucas 9:45). Deus quis que o significado destas palavras ficasse temporariamente oculto a eles. As palavras “traído e entregue” deixaram claro tratar-se de algo muito grave, pois a passagem continua dizendo que “tinham receio de perguntar-lhe a respeito dessa palavra” (Lucas 9:45). Porém o porquê, quando, como ou por quem eles ainda não podiam compreender.
A julgar pelo tempo que andavam juntos e pelo carinho e atenção que Jesus lhes dedicava era de se esperar que os discípulos já tivessem um certo grau de intimidade com o Senhor. Mas não. Tudo indica que, apesar do acesso franqueado por aquele que disse “Venham a mim” (Mt 11:28), o problema da falta de uma comunhão maior com o Senhor vinha dos próprios discípulos.
Assim é hoje. Jesus é extremamente solícito em nos deixar à vontade para nos aproximarmos dele, mas nós nem sempre queremos tê-lo por perto. Por quê? Porque a carne nos controla em muitas situações e nos afasta dele, apesar desse desejo permanente que ele tem de estar perto de nós. Não correspondemos ao seu amor porque temos nossa própria agenda, nossos próprios interesses. Não queremos uma proximidade com Cristo que possa atrapalhar nossos planos.
Como eu sei? Basta ler o versículo seguinte para descobrir com que os discípulos estavam preocupados. Certamente não era com a traição e prisão de Jesus, mas com eles próprios e com o lugar que cada um ocuparia no reino de Cristo. “Começou uma discussão entre os discípulos, acerca de qual deles seria o maior” (Lucas 9:44).
Aqui não diz que Jesus tenha escutado a conversa deles, mesmo assim ele ouve seus pensamentos. Por isso responde a eles e a resposta é dada na forma de uma criança: “Quem recebe esta criança em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, está recebendo aquele que me enviou. Pois aquele que entre vocês for o menor, este será o maior” (Lucas 9:48).
Resolvida a questão? Não. O sentimento carnal voltará a se manifestar nos próximos 3 minutos, e bem ao estilo do caráter encontrado no homem religioso.
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Orgulho individual e coletivo
Eu sempre tive a imagem do apóstolo João como de um jovem dócil, afetuoso e amigo. Mas a Palavra de Deus é certeira em revelar que por baixo da aparência existe aquela odiosa natureza que Deus precisou condenar na cruz: a carne. E aqui a carne aparece em um de seus aspectos mais perniciosos, a aparência de piedade, mesmo que com a melhor das intenções.
Um pouco antes os discípulos discutiam qual deles seria o maior, numa clara manifestação de egoísmo individual. Jesus lhes dá uma lição tomando um menino e dizendo: “Aquele que entre vocês for o menor, este será o maior” (Lucas 9:48). Agora João vem contar que eles proibiram um homem de expulsar demônios em nome de Jesus por não andar com eles. Este é o egoísmo coletivo.
Estes mesmos discípulos não conseguiram expulsar o demônio que afligia um menino, por lhes faltar duas coisas: a oração, que demonstra dependência de Deus, e o jejum, que é abrir mão de satisfazer os próprios desejos, apetites e necessidades. Mas ao encontrarem alguém que parece ter estas qualidades, o ciúme e o orgulho espiritual os levam a proibir o homem de usar o nome de Jesus. A desculpa de João é: “porque não te segue conosco” (Mt 9:44).
Estariam eles preocupados com Jesus? Não, eles estavam preocupados consigo mesmos. A ênfase está no “conosco” e a resposta de Jesus revela seus corações: “Não o impeçam, pois quem não é contra vocês, é a favor de vocês” (Lucas 9:49). As versões da Bíblia que neste evangelho trazem “quem não é contra nós, é por nós” diminuem a força que a resposta de Jesus tem aqui.
O orgulho os deixou tão míopes que não se alegram com o fato de alguém seguir a Jesus, mas exigem que siga “com eles”. Eles se acham o meio pelo qual as pessoas devem seguir a Jesus, o que não é diferente de qualquer religião cristã que se considere a única forma de um cristão ter comunhão com Deus. Porém o nome de Jesus não é exclusividade de algum grupo de cristãos. A Bíblia não diz quem era aquele homem, e nem Jesus os encoraja a juntarem-se a ele, mas também não lhes dá autoridade para se intrometerem no que outros fazem em seu nome.
Então o que fazer quando vejo o nome de Jesus usado de maneira errada por tantas igrejas e religiões? Posso alertar as pessoas contra o erro, como os apóstolos fazem em suas epístolas. Mas não devo ir a lugares onde o nome de Jesus é usado de maneira errada para impedir as pessoas ali de continuarem com suas práticas. Veja o que o apóstolo Paulo diz dos que pregavam a Cristo indevidamente: “O importante é que de qualquer forma, seja por motivos falsos ou verdadeiros, Cristo está sendo pregado, e por isso me alegro” (Fp 1:18).
Nos próximos 3 minutos os samaritanos se recusam a receber Jesus.
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Destinado a morrer
Quando chega a época de o salmão desovar, este peixe de água salgada volta à nascente do rio onde nasceu. Para subir o rio, o salmão passa por uma transformação radical: seu crânio tem o perfil alterado para enfrentar a forte correnteza contrária e seu sistema respiratório muda completamente, para poder extrair o oxigênio da água doce, e não da água do mar onde vivia. Nada consegue fazer um salmão mudar de ideia e voltar para o mar. Você pode virá-lo que ele imediatamente dará meia-volta e continuará a subir o rio para desovar e morrer. Nenhum deles escapa desta última viagem.
Que exemplo magnífico da disposição de Jesus neste momento do evangelho! “Aproximando-se o tempo em que seria elevado ao céu, Jesus partiu resolutamente em direção a Jerusalém” (Lucas 9:51). Outra tradução diz que ele “manifestou o firme propósito de ir a Jerusalém”. Para quê? Para morrer.
Talvez você esteja entre os que pensam que Jesus foi um grande homem que deixou o exemplo de como você deve viver para receber a salvação eterna e o perdão dos pecados. É ótimo que queira imitar a Jesus, mas não se esqueça de que ele é o Filho de Deus, uma Pessoa divina, eterna, sem começo e nem fim, que viveu aqui absolutamente sem pecado e sem a possibilidade de pecar. Como imitar o próprio Deus sendo você um ser humano cheio de falhas? Não tem como. Você e eu fazemos parte de uma velha criação que foi arruinada pelo pecado.
O que faz um oleiro, quando seu vaso sai defeituoso? Destrói aquele e faz outro. Não é diferente com Deus. Sua criação original foi corrompida pelo pecado ao ponto de não ter conserto, por isso Deus a condenou à destruição. O problema é que ele quer poupar os seres humanos, e é aí que entra o Filho de Deus. Ao vir a este mundo em semelhança de homem, Jesus tornou-se o exemplar perfeito da criação original de Deus; o homem obediente e submisso que Adão deveria ter sido, mas não foi. Porém, por mais perfeito que Jesus tenha sido como exemplo de homem perfeito, não foi para isto que ele veio ao mundo.
Na cruz ele morreu como o único sacrifício pelos pecados, substituindo você no juízo divino. “Aquele que não conheceu pecado, Deus o fez pecado por nós; para que nele fôssemos feitos justiça de Deus” (2 Co 5:21). Ele morreu também para Deus colocar um fim no homem em seu estado original, o da velha criação. É por isso que neste ponto do evangelho vemos Jesus com o firme propósito de ir a Jerusalém, tal qual o salmão, que instintivamente sabe que se não morrer não deixará descendência. Jesus sabe que é como o grão de trigo: “Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto” (Jo 12:24). Nada o deterá em sua jornada até a cruz.
No caminho, porém, a prepotência de seus discípulos será revelada nos próximos 3 minutos.
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A prepotência dos discípulos
Decidido a subir a Jerusalém para morrer, Jesus pede aos discípulos que sigam na frente. “Indo estes, entraram num povoado samaritano para lhe fazer os preparativos; mas o povo dali não o recebeu porque se notava em seu semblante que ele ia para Jerusalém. Ao verem isso, os discípulos Tiago e João perguntaram: ‘Senhor, queres que façamos cair fogo do céu para destruí-los?’. Mas Jesus, voltando-se, os repreendeu, dizendo: ‘Vocês não sabem de que espécie de espírito são pois, o Filho do homem não veio para destruir a vida dos homens, mas para salvá-los’; e foram para outro povoado” (Lucas 9:51-56).
Veja a sequência de falhas no comportamento dos discípulos. Primeiro, no monte da transfiguração, Pedro sugeriu igualar Jesus com Moisés e Elias, fazendo uma tenda para cada um. Enquanto isso, os discípulos que ficaram ao pé do monte não conseguiam libertar um menino possesso, por lhes faltar a oração e o jejum. Em seguida eles passaram a discutir qual seria o maior no reino e queriam proibir um homem de expulsar demônios em nome de Jesus, por não andar com eles. Agora Tiago e João querem matar os samaritanos que se recusam a receber Jesus.
As circunstâncias servem para expor o que existe no fundo do coração, mesmo daqueles que seguem a Jesus. Você já deve ter visto cristãos que exaltam os servos de Deus, ao invés de se ocuparem apenas com Jesus. Outros fazem longas orações, achando que o poder está na sua oração, sem perceber que orar é depender de Deus. Também jejuam literalmente, sem perceber que o sentido do jejum é abster-se de tudo o que satisfaz a carne, e pode estar certo de que nem sempre é comida.
A competição para ser o maior no reino não terminou nos dias dos discípulos. Hoje você encontra campanhas religiosas alardeando homens como “O maior pregador do mundo”, “O mais versado nas Escrituras” ou “O mais poderoso servo de Deus”. Na cristandade homens arrogantes disputam esses títulos numa guerra de vaidades sem paralelo até entre os incrédulos. E quantas vezes você viu cristãos querendo interferir no trabalho que outros fazem para Cristo, só por não fazerem parte de seu grupo ou denominação? O desejo de destruir os que se opõem a Cristo também não é difícil de ser encontrado. A resposta de Cristo a tudo isso é: “Vocês não sabem de que espécie de espírito são”.
Se você encontrar alguém, que se diz servo de Deus, mas confia no poder de sua própria oração ou disputa para ser o maior, ou faz ameaças contra todos os que se opõem a ele, pode estar certo de estar diante de uma prepotente caricatura de cristão, e não de algo real. Jesus, “quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” (1 Pe 2:23).
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Raposas e aves
Você já se deu conta do quanto está perdendo por não ler a Bíblia toda? Quando a lemos nossa mente é abastecida de expressões, princípios e significados que serão usados pelo Espírito Santo no momento oportuno para entendermos o que Deus quer nos falar. Veja, por exemplo, a passagem de Lucas 9:57 a 58. Uma leitura rápida nos faria passar rapidamente pelas raposas e aves mencionadas aqui, mas se nossa mente tiver sido abastecida de outras passagens que falam desses animais nosso entendimento será ampliado.
No capítulo 15 do livro de Juízes, Sansão usou trezentas raposas com suas caudas transformadas em tochas para destruir os campos de trigo, as vinhas e os olivais dos filisteus. Em Cantares 2:15 diz que as raposas “fazem mal às vinhas, porque as nossas vinhas estão em flor”. Se as raposas têm esse caráter destrutivo, as aves também nem sempre aparecem como coisas positivas. No capítulo 13 do Evangelho de Mateus elas são os agentes de Satanás que arrebatam a semente à beira do caminho e depois aparecem confortavelmente aninhadas na grande e corrupta árvore da cristandade, que nasceu da pequenina semente de mostarda.
Voltando ao Evangelho de Lucas, lemos: “Quando andavam pelo caminho, um homem lhe disse: ‘Eu te seguirei por onde quer que fores’. Jesus respondeu: ‘As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do homem não tem onde repousar a cabeça’”. Sempre que você ler um diálogo preste atenção na resposta que Jesus dá, pois ela revela o coração de quem fala com ele.
O homem parece ter a melhor das intenções, mas na verdade ele nem sequer foi chamado para seguir a Jesus. Sua decisão nasceu da vontade própria. Suas intenções são comparadas às das raposas e aves, ou seja, covis e ninhos. A lição é clara: ninguém pode seguir a Jesus de vontade própria e sem ter sido chamado, e se fizer isso visando ganho material e estabilidade nesta vida seu ministério acabará mais arruinando do que edificando. Aves aninhadas nos falam de conforto e acomodação e raposas são destrutivas.
O capítulo 13 de Ezequiel compara os falsos profetas de Israel a “raposas nos desertos… Suas visões são falsas e suas adivinhações, mentira. Dizem ‘Palavra do Senhor’, quando o Senhor não os enviou; contudo, esperam que as suas palavras se cumpram”. Qualquer semelhança com a atual volúpia por conforto e bens materiais prometidos pelos falsos profetas da cristandade não é coincidência. Os que decidem seguir a Cristo de olho no ganho financeiro e no conforto que isso trará, forjando visões e mentindo em suas adivinhações, são “raposas nos desertos”. Um dia terão de dar contas a Deus do mal e desonra que trouxeram ao testemunho cristão.
Nos próximos 3 minutos alguém está mais ocupado com a morte do que com a vida.
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Mortos sepultam mortos
Ao contrário do primeiro homem, que decidiu de si mesmo seguir o Senhor, mas aparentemente de olho no conforto de um ninho de ave ou covil de raposa, agora o Senhor chama. “‘Siga-me’. Mas o homem respondeu: ‘Senhor, deixa-me ir primeiro sepultar meu pai’. Jesus lhe disse: ‘Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus’ (Lucas 9:59-60). Mais uma vez o assunto aqui é o serviço para Deus e não a salvação da alma.
Ao querer primeiro sepultar seu pai, ele revela um coração dividido. Além de priorizar a morte, seus laços familiares o impedem de seguir prontamente a Jesus. O Senhor não teria respondido da mesma forma se o homem precisasse sustentar a esposa ou cuidar de um filho enfermo. Alguém que esteja empenhado na obra de Deus, e com isso acabe negligenciando os seus, está errando, pois “se alguém não cuida de seus parentes, e especialmente dos de sua própria família, negou a fé e é pior que um descrente” (1Tm 5:8). Por isso se você receber um chamado específico para a obra de Deus precisará saber escolher suas prioridades. E aqui cabe uma palavra àqueles que buscam por uma companhia.
O apóstolo Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, escreveu: “Gostaria de vê-los livres de preocupações. O homem que não é casado preocupa-se com as coisas do Senhor, em como agradar ao Senhor. Mas o homem casado preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar sua mulher, e está dividido. Tanto a mulher não casada como a virgem preocupam-se com as coisas do Senhor, para serem santas no corpo e no espírito. Mas a casada preocupa-se com as coisas deste mundo, em como agradar seu marido. Estou dizendo isso para o próprio bem de vocês; não para lhes impor restrições, mas para que vocês possam viver de maneira correta, em plena consagração ao Senhor” (1 Co 7:32-35).
Ele não está condenando o casamento, mas alertando para que nossas escolhas sejam feitas tendo em vista o quanto pretendemos nos dedicar ao Senhor. Os casados assumem a responsabilidade de cuidar de seus cônjuges e não podem negligenciar isso. Deus pode abençoar muito um casal cristão em sua obra, mas o mesmo não se pode dizer de um crente que busca por um cônjuge descrente. Ao colocar-se em jugo desigual com um incrédulo estará acrescentando tristezas e frustrações à sua vida, e ocupando-se com coisas que são ocupações de mortos.
A resposta de Jesus àquele que queria sepultar seu pai traz também outra lição: “Deixe que os mortos sepultem os seus próprios mortos; você, porém, vá e proclame o Reino de Deus”. Existem atividades que somente um salvo por Cristo pode fazer, enquanto outras podem muito bem ser executadas por incrédulos. Pense nisto quando for escolher as prioridades para sua vida.
Nos próximos 3 minutos o perigo do sentimentalismo.
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Sentimentalismo
Como aconteceu com o primeiro, o terceiro homem, além de não ter sido chamado por Jesus, está igualmente errado em suas prioridades. Ele diz: “Vou seguir-te, Senhor, mas deixa-me primeiro voltar e me despedir da minha família” (Lucas 9:61). Jesus não quer que desprezemos nossa família, mas deseja nos ensinar que não podemos perder o foco. Se você tomou a decisão de servir a Jesus todas as pendências já deveriam ter sido resolvidas de antemão para não precisar voltar atrás. Lembre-se de que o assunto aqui não é a salvação eterna, mas o serviço.
“Ninguém que põe a mão no arado e olha para trás é apto para o Reino de Deus”, diz Jesus ao homem ocupado com despedidas. Sentimentos são importantes, mas o sentimentalismo não tem lugar entre aqueles que sabem que estão de passagem por aqui. Quando no final de sua provação Deus deu em dobro a Jó tudo o que havia perdido, não deu o dobro de filhos, mas um número igual ao que Jó tivera no princípio. Jó podia ter perdido gado e bens materiais, mas seus filhos que morreram não estavam perdidos. Ele iria encontrar-se com eles e aí efetivamente terminaria também com o dobro de filhos.
As despedidas nesta vida entre os que creem em Cristo não têm o peso de tristeza e aflição das despedidas entre incrédulos, que nunca sabem se voltarão a se encontrar. Enquanto o céu é um lugar de paz, alegria e regozijo coletivo, com milhares de milhares juntos louvando a Cristo, o lago de fogo é um lugar escuro e solitário. Esqueça a ideia de uma grande caverna iluminada pelas chamas e chefiada por Satanás com milhões de pessoas interagindo entre si. Satanás será apenas mais um dos condenados. Se você ainda não creu em Cristo ficará ali só; não enxergará ninguém, não falará com ninguém, não reconhecerá ninguém. Você, e só você, com sua consciência e a escuridão eterna. Será este o seu destino?
Voltando agora aos três homens, que de um modo ou de outro tiveram a possibilidade de seguir e servir a Jesus, três coisas os impediam: O desejo de conforto material, a ocupação com tarefas que os espiritualmente mortos poderiam executar e o sentimentalismo para com familiares e amigos. O serviço dedicado a Deus deve ter foco e a figura do arado é bastante clara. Se você já arou a terra usando um arado puxado por animal de tração sabe que é impossível manter-se na linha se não tiver foco. Basta uma pequena olhada para trás para você sair da trilha e desviar o sulco.
Apesar dos três homens terem sido reprovados, pelo menos setenta são escolhidos e enviados para levar as boas novas do Reino nos próximos 3 minutos.
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O nó da questão
O capítulo 10 do evangelho de Lucas começa com o Senhor escolhendo e enviando setenta discípulos, de dois em dois, “a todas as cidades e lugares para onde ele estava prestes a ir. E lhes disse: ‘A colheita é grande, mas os trabalhadores são poucos. Portanto, peçam ao Senhor da colheita que mande trabalhadores para a sua colheita’” (Lucas 10:1-2). Em Mateus 10 vimos algo semelhante com os doze discípulos e vale lembrar que as duas missões estavam relacionadas ao evangelho do Reino, e não ao evangelho da graça.
É importante saber fazer a distinção. Evangelho do Reino era o que João Batista, os discípulos e o próprio Jesus pregavam, e tinha a ver com a chegada do Messias. Para Israel, Jesus é o Rei. O evangelho da graça é o que os discípulos passaram a pregar após o advento da igreja. Para a Igreja, Jesus é o Noivo e também sua Cabeça, e não seu Rei. Ele tampouco é Rei para o cristão individualmente. Para este, Jesus é Senhor. Já reparou que do livro de Atos em diante nenhum cristão chama Jesus de Rei, exceto em seu caráter universal e em conexão com Israel?
O evangelho do Reino dizia: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo” (Mt 1:15), preparando assim um povo terreno para participar, na terra, do reinado do Rei vindo dos céus. O evangelho da graça anuncia “Creia no Senhor Jesus e será salvo” (At 16:31), preparando um povo celestial, a igreja, para deixar a terra e ir ao encontro de seu Noivo. O evangelho do Reino falava de um reino a ser estabelecido na terra com Israel e as nações sujeitas ao Rei Jesus, que já estava entre eles. Os judeus esperavam o Messias? Ele estava bem ali. Queriam um Rei? Esse Rei era Jesus. Buscavam uma era de prosperidade e saúde? Jesus multiplicava pães e curava enfermos para provar suas credenciais. O ungido de Deus havia chegado para reinar.
Para entender a Bíblia na sua totalidade, imagine a linha do tempo como uma gravata. Só duas partes são visíveis: uma grande e outra pequena. A grande representa a história da humanidade até Jesus e a pequena os sete anos de tribulação e os mil anos de reinado de Cristo. Era assim que os profetas do Antigo Testamento enxergavam. Não viam a parte escondida sob o colarinho, que é o atual período da igreja que teve início após a morte e ressurreição de Jesus. Pense no nó da gravata como a parada e reinício do relógio profético. Este só voltará a bater após a igreja ser tirada da terra no arrebatamento, dando início ao reino de mil anos de Cristo na terra, a parte menor da gravata. Portanto, nos evangelhos Jesus não está tratando com a igreja, mas com Israel.
Agora nunca mais você irá se esquecer de como dividir ou manejar bem a Palavra da verdade. Basta olhar para alguém de gravata. As religiões, porém, oferecem uma verdadeira salada mista de ingredientes do Antigo e do Novo Testamento, por não entenderem a distinção clara entre o evangelho do Reino e da graça, entre Israel e igreja. Nos próximos 3 minutos uma campanha pelo Rei.
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Uma campanha pelo Rei
Se você fosse candidato à presidência, como seria a sua campanha? Primeiro você organizaria um partido ou grupo de simpatizantes que o apoiassem. Então passaria a viajar pelo país apresentando suas credenciais para provar ser você a pessoa certa para o cargo. Mas antes, como fazem todos os candidatos, você enviaria seus correligionários adiante de você para apresentarem seu plano de governo, distribuírem benefícios e testarem sua popularidade.
Eles iriam de casa em casa, conquistando simpatizantes e até angariando donativos para a campanha. Os índices de aprovação ou rejeição seriam medidos pelo número de pessoas que recebessem bem seus representantes ou os expulsassem de suas casas e cidades. Os que o rejeitassem seriam vistos como tendo rejeitado o próprio presidente, e você encontraria uma forma de puni-los quando fosse eleito, ou os privaria dos benefícios dados aos outros.
O exemplo é bastante tosco comparado à sublimidade do que vemos no capítulo 10 de Lucas, mas é didático o suficiente para entendermos o que acontece aqui. Jesus é o único candidato legítimo a Rei de Israel e Rei de reis. Os setenta são seus representantes que saem adiante dele para testar sua popularidade entre o povo sobre o qual ele irá reinar. Eles são instruídos a aceitarem a hospitalidade dos que os receberem bem e a alertarem publicamente os que os rejeitarem, dizendo: “Fiquem certos disto: o Reino de Deus está próximo!” (Lucas 10:11). Haveria consequências graves para aqueles que não recebessem o Rei, o próprio Filho de Deus vindo ao mundo, como é alertado por Deus no Salmo 2:
“‘Eu mesmo estabeleci o meu rei em Sião, no meu santo monte’. Proclamarei o decreto do Senhor: Ele me disse: ‘Tu és meu filho; eu hoje te gerei. Pede-me, e te darei as nações como herança e os confins da terra como tua propriedade. Tu as quebrarás com vara de ferro e as despedaçarás como a um vaso de barro’. Por isso, ó reis, sejam prudentes; aceitem a advertência, autoridades da terra. Adorem ao Senhor com temor; exultem com tremor. Beijem o filho, para que ele não se ire e vocês não sejam destruídos de repente” (Sl 1:6-12).
Os Salmos complementam a narrativa dos evangelhos e apresentam os sentimentos de Cristo, como quando ele é rejeitado e morto por seu povo no Salmo 22. Os fiéis, tanto nos Salmos como nos evangelhos, não fazem parte da igreja, mas formam um remanescente de judeus fiéis que aguardam o estabelecimento do reino do Messias na terra. Enquanto isso o Espírito de Cristo é visto nos Salmos identificando-se, sofrendo e se alegrando com eles, além de prover sustento e proteção, como no Salmo 23. Então, no Salmo 24 e outros, o Rei da glória vem para reinar.
Que tal fazermos um resumo de 3 minutos do caráter profético do livro dos Salmos? Então não perca o próximo episódio de O Evangelho em 3 Minutos.
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Os salmos
Livro de Salmos
Embora os Salmos sejam de grande edificação, exortação e consolo para o cristão, sua natureza é profética e contêm muito mais do que apenas mensagens devocionais. Ali vemos os sentimentos de Cristo, o Rei e Messias de Israel, identificado com um pequeno remanescente que o aguarda como Rei. Os Salmos, em sua maioria, também foram escritos por um Rei, Davi.
Os Salmos são divididos em cinco livros. O primeiro livro dos Salmos vai do capítulo 1 ao 41. Esta porção mostra o Messias se identificando com o remanescente judeu fiel em seus sofrimentos passados e futuros até serem expulsos de Jerusalém. Essa expulsão é profeticamente vista em Mateus 24:16, que diz: “Os que estiverem na Judéia fujam para os montes”. O primeiro Livro dos Salmos começa com “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” (Sl 1:1).
O segundo livro dos Salmos vai do capítulo 42 ao 72 e mostra apenas as tribos de Judá e Benjamim, que hoje chamamos de “judeus”, expulsas de Jerusalém e esperando em Deus, enquanto o anticristo exerce o seu domínio. Esta segunda parte dos Salmos começa com Cristo se identificando com os sentimentos de seu povo, ao dizer: “Assim como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus!” (Sl 42:1).
O terceiro livro vai do capítulo 73 ao 89 e apresenta a história de todo o Israel, desde o Egito até o reino do Messias. Nesta porção o santuário de Deus é visto mais em sua conexão com a casa de Davi do que com a Pessoa de Cristo. Este terceiro livro dos Salmos começa declarando: “Verdadeiramente bom é Deus para com Israel, para com os limpos de coração” (Sl 73:1).
Os capítulos 90 ao 106 compõem o quarto livro dos Salmos e mostram o remanescente judeu expressando a certeza da vinda do Messias e de seu reino em justiça. Ali vemos Jerusalém como o centro de adoração na terra. Nesta porção é possível identificar todas as doze tribos e também as nações gentias introduzidas nas bênçãos do reino de mil anos de Cristo na terra. O quarto livro começa com “Senhor, tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração” (Sl 90:1).
Finalmente vemos o quinto livro dos Salmos, do capítulo 107 ao 150, que fala da restauração de Israel em meio a muita tribulação, e do Messias exaltado, que vem para destruir os inimigos e inaugurar um louvor universal. Esta parte começa com “Deem graças ao Senhor porque ele é bom; o seu amor dura para sempre” (Sl 107:1). Volto a lembrar que a igreja não aparece nos Salmos.
Nos próximos 3 minutos voltaremos ao capítulo 10 do Evangelho de Lucas e ao orgulho dos discípulos.
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O orgulho dos discípulos
Os setenta discípulos voltam alegres da missão de levar as boas novas do Reino, porém o que fez seus olhos brilharem e seus corações palpitarem foi o poder que tinham em mãos. “Senhor, até os demônios se submetem a nós, em teu nome”, dizem eles a Jesus. Mais uma vez a resposta de Jesus revela o que há em seus corações: “Eu vi Satanás caindo do céu como um relâmpago” (Lucas 10:17).
Jesus traz à tona o orgulho dos discípulos, o mesmo orgulho responsável pela queda do diabo. Não há nada pior do que você orgulhar-se do trabalho que Deus colocou em suas mãos, como se isso dependesse de sua força, talento ou inteligência, “Pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar, de acordo com a boa vontade dele”, escreveu Paulo aos Filipenses (Fp 2:13).
Deus não precisa de nós, mas nos dá o privilégio de participar de sua obra. Se falharmos, ele escolherá outros para a tarefa, pois a obra é dele, por ele e para ele. É uma insensatez louvarmos aqueles que Deus usa. Deveríamos louvar a Deus por usá-los, não o contrário. E se você busca reconhecimento por seu trabalho no evangelho deveria se envergonhar por querer ficar sob o mesmo holofote com Deus. Ele diz: “Não darei a outro a minha glória” (Is 42:8).
Deus está atento para nossa vanglória e não raro providencia um freio para nosso orgulho. Foi o que fez com o apóstolo Paulo. Tamanhas eram as revelações que Deus lhe deu que, sem freio, a carne de Paulo teria se descambado a gloriar-se de seus feitos. O próprio Paulo conta em sua primeira carta aos Coríntios como Deus colocou um freio nessa sua tendência:
“Para impedir que eu me exaltasse por causa da grandeza dessas revelações, foi-me dado um espinho na carne, um mensageiro de Satanás, para me atormentar. Três vezes roguei ao Senhor que o tirasse de mim. Mas ele me disse: ‘Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza’. Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim. Por isso, por amor de Cristo, regozijo-me nas fraquezas… Pois, quando sou fraco é que sou forte” (1 Co 12:7-10).
Jesus também revela a insensatez dos discípulos, deslumbrados com o poder que tiveram sobre os demônios. Como crianças facilmente impressionáveis, muitos hoje correm atrás de espetáculos de cura e libertação, coisas tipicamente terrenas, ao invés de se ocuparem com as coisas eternas. Por isso Jesus os adverte que, apesar de lhes ter dado “autoridade… sobre todo o poder do inimigo” eles deviam alegrar-se “não porque os espíritos” se submetiam a eles, mas “porque seus nomes” estavam “escritos nos céus” (Lucas 10:19-20).
Nos próximos 3 minutos a resposta de Jesus revela muito mais de Satanás.
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Expulso do céu
A resposta de Jesus aos discípulos tem dupla aplicação. Uma, como já vimos, foi alertá-los do perigo de se deixarem dominar pelo orgulho, o mesmo sentimento que foi fatal para o diabo. Em Ezequiel 28 há um texto que mescla informações sobre o rei de Tiro e a origem de Satanás. Trata-se de um estilo literário encontrado algumas vezes na Bíblia, como quando Jesus repreende Pedro dizendo: “Para trás de mim, Satanás! Você não pensa nas coisas de Deus, mas nas dos homens” (Mc 8:33). Obviamente Pedro não era Satanás, mas os seus pensamentos estavam sendo forjados pelo diabo.
Do versículo 12 à metade do 17 de Ezequiel 28 você descobre o que levou Satanás a pecar. Deus diz: “Você era o modelo de perfeição, cheio de sabedoria e de perfeita beleza… ungido como um querubim guardião… no monte de Deus… inculpável em seus caminhos desde o dia em que foi criado até que se achou maldade em você… Por isso eu o lancei em desgraça para longe do monte de Deus, e eu o expulsei, ó querubim guardião… Seu coração tornou-se orgulhoso por causa da sua beleza, e você corrompeu a sua sabedoria por causa do seu esplendor” (Ez 28:12-17).
Em tempos imemoráveis, muito antes de Adão e Eva, Satanás caiu em pecado. Apesar disso, Satanás e seus anjos continuaram no céu, como é possível ver lendo os dois primeiros capítulos do livro de Jó. A partir da metade do versículo 17 de Ezequiel 28 o sentido é profético e fala da queda literal do diabo, quando ele será expulso do céu e lançado na terra. “Por isso eu o atirei a terra; fiz de você um espetáculo para os reis”. Esta é também a aplicação profética do que Jesus diz aos discípulos em Lucas 10:18: “Eu vi Satanás caindo do céu como um relâmpago”.
Esta queda ainda irá acontecer e é prevista também pelo capítulo 12 de Apocalipse: “Houve uma guerra no céu. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar no céu. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados a terra” (Ap 12:7-9).
Após o Espírito Santo e a Igreja serem retirados da terra no arrebatamento, o anticristo será revelado e começará a agir. Por enquanto a presença do Espírito Santo no mundo o detém, mas quando for “afastado aquele que agora o detém, então será revelado o perverso” (2Ts 2:7) ou iníquo anticristo. Nessa época Satanás será expulso do céu para energizá-lo e exercer seu poder na terra, enganando a humanidade e perseguindo os eleitos de Deus. Ao revelar que via Satanás caindo do céu, Jesus só podia enxergar a cena por ser Deus. Afinal, onde ele poderia estar para ter uma visão tão privilegiada assim?
Nos próximos 3 minutos Jesus mostra a vantagem da falta de inteligência.
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Os mais inteligentes
Após ter revelado a completa expulsão de Satanás do céu, o que ainda está para acontecer, Jesus exulta no Espírito Santo por algo que dificilmente alguém exultaria: a vantagem da falta de inteligência. Ele diz: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, pois assim foi do teu agrado” (Lucas 10:21).
As pessoas gostam de colocar Jesus no pódio lado a lado com grandes filósofos e cientistas. Porém a filosofia se ocupa da sabedoria humana e a ciência do conhecimento humano, coisas que não são eternas, portanto seu valor é relativo. Para entender isto é preciso levar em consideração as dispensações ou maneiras como Deus trata a humanidade.
Em um determinado momento da história Deus tomou de uma amostra para testar a raça humana. Quando você quer verificar se a água de uma represa é boa, você não testa toda a represa, mas apenas uma amostra. Foi o que Deus fez e esta amostra é o povo de Israel. Durante o período do judaísmo o homem ainda estava sendo testado em seu estado natural para viver na terra para sempre. Para isso, além da direção divina, ele precisaria também de inteligência e conhecimento, e esta é uma das razões de os judeus darem tanto valor às conquistas intelectuais.
Até hoje, 25% dos ganhadores do Prêmio Nobel foram judeus. Se considerar que em um planeta de sete bilhões de habitantes existem menos de vinte milhões de judeus, você irá concordar que este é o povo mais inteligente do planeta. Os cientistas relutam reconhecer isto por medo de serem taxados de racistas, mas o fato de certas doenças neurológicas afetarem principalmente judeus demonstra que eles possuem um cérebro diferenciado.
Se você for palestino deve estar me odiando por eu dizer isto, mas espere até eu concluir. Se, por um lado, os judeus são os seres humanos com maior capacidade intelectual do mundo, por outro, esta amostragem que Deus tomou para testar a raça humana é também uma prova de que não é pela inteligência e pelo conhecimento intelectual que se chega a Deus.
Os judeus não apenas rejeitaram seu Messias e Rei, como também o pregaram numa cruz e até hoje persistem em odiá-lo. Pergunto: Isto é inteligência? Sim, isto é inteligência humana, e é por esta razão que Jesus, exclama, exultante: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas dos sábios e cultos e as revelaste aos pequeninos” (Lucas 10:21).
Nos próximos 3 minutos saiba o porquê de a inteligência humana não ser uma vantagem na nova criação.
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A mente celestial
Ao escrever aos cristãos da Galácia, que insistiam em guardar a Lei de Moisés para serem salvos, Paulo diz: “De nada vale ser circuncidado ou não. O que importa é ser uma nova criação” (Gl 6:15). Em sua carta aos Coríntios ele acrescenta: “Portanto, se alguém está em Cristo, é nova criação. As coisas antigas já passaram; eis que surgiram coisas novas!” (2 Co 5:17). Percebe que isto implica uma mudança no modo de Deus tratar o homem antes e depois de Cristo?
Na cruz Deus pôs um ponto final no homem em seu estado natural e na velha criação. Em Jesus ressuscitado temos o primeiro exemplar de uma nova criação. O homem da primeira criação possuía um cérebro de matéria vinda da terra e limitado a entender as coisas em um espaço-tempo tridimensional. O homem da nova criação terá seu cérebro transformado para compreender as coisas nos novos céus e na nova terra — a eternidade — quando o tempo deixar de existir.
Quando você recebe a nova vida que está em Jesus, e crê nele como seu Salvador, seu cérebro físico ainda permanece o mesmo, bem como o seu corpo material. Mas você já recebe a nova natureza que pertence à nova criação, e o Espírito Santo vem habitar em você. Seu corpo ainda aguarda a ressurreição para ser transformado à semelhança do corpo glorioso de Jesus, mas sua mente já está capacitada a entender as coisas celestiais, ainda que “como em espelho”. É como se você vivesse no velho hardware rodando um software de última geração.
O apóstolo Paulo explica: “Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente” (1 Co 13:12). Naquele tempo espelhos eram chapas de bronze polido que davam uma vaga ideia do que era refletido neles, nunca a imagem perfeita. Portanto, enquanto você estiver neste corpo de matéria terrena será capaz de entender as coisas eternas, mas como um “reflexo obscuro”. E quem não é de Cristo, não tem a nova natureza e não pertence à “nova criação”?
O incrédulo “…não aceita as coisas que vêm do Espírito de Deus, pois lhe são loucura; e não é capaz de entendê-las, porque elas são discernidas espiritualmente. Mas quem é espiritual discerne todas as coisas, e ele mesmo por ninguém é discernido; pois ‘quem conheceu a mente do Senhor para que possa instruí-lo?’ Nós, porém, temos a mente de Cristo”. Isto Paulo escreveu em 1 Coríntios 2:14-16. O cérebro humano natural, independente de quão inteligente seja, não consegue entender a Palavra de Deus. É mais fácil ensinar física quântica a uma lesma do que fazer o homem natural entender as coisas eternas.
Mas como obter essa mente celestial para poder conhecer a Deus? Isto é o que veremos nos próximos 3 minutos.
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O Pai revelado
Depois de agradecer ao Pai por revelar as coisas celestiais aos “pequeninos” ou ignorantes deste mundo e não aos “sábios e cultos”, Jesus diz: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai. Ninguém sabe quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém sabe quem é o Pai, a não ser o Filho e aqueles a quem o Filho o quiser revelar” (Lucas 10:21-22). A chave para se conhecer a Deus está no verbo “revelar”.
É impossível ao homem compreender as coisas eternas pela razão, pois nossa mente natural foi criada para viver no espaço-tempo material. Deus se faz conhecer apenas por revelação. E como se obtém tal revelação? Pela fé, crendo que Deus enviou o seu Filho ao mundo para morrer numa cruz e receber ali o juízo pelo pecado.
Quando você tira uma foto com uma câmera de filme, você sabe que a foto está ali, mas não consegue vê-la até que ela seja revelada. Ao crer em Jesus você sabe que ele morreu por você e seus pecados foram pagos na cruz, ainda que nada disso lhe seja visível. Mas Deus revela esse filme em seu coração e você pode dizer sem hesitar: “Jesus morreu por mim, ele levou sobre si os meus pecados na cruz e agora eu conheço o Pai”.
Quando ele diz “todas as coisas me foram entregues” está se referindo a tudo o que foi criado. Jesus é Deus e Criador de todas as coisas, e o Evangelho de João diz que “todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (Jo 1:3). Aqueles que negam sua divindade e acham que Jesus foi criado, não saberão explicar como o Criador poderia ter criado a si mesmo. Mas aqui ele fala no sentido da autoridade que lhe foi conferida pelo Pai em sua condição de Homem e herdeiro universal. Hebreus 2 fala destes dois aspectos, que Jesus é aquele “para quem são todas as coisas, e mediante quem tudo existe” (Hb 2:10).
Repare que Jesus diz que ninguém conhece o Filho, mas que o Pai pode ser conhecido daqueles a quem o Filho quiser revelar. O conhecimento do Pai não é no sentido de se dissecar a divindade. Eu conheci meu pai humano durante todo o tempo de sua vida e nunca vi suas entranhas. É o mesmo que Jesus promete àqueles a quem revela o Pai, um relacionamento de pai e filho.
Muito bem, agora você sabe que pode conhecer o Pai pela fé e através da revelação de Jesus, mas por que o Pai não pode fazer o mesmo, isto é, revelar o Filho para nós o conhecermos como tal? Porque a humanidade do Filho sempre será um mistério e a encarnação jamais será compreendida pela mente humana, nem aqui, nem na eternidade. Olhe para a imensidão do Universo. Você consegue entender como tudo foi criado pelo mesmo Ser que viveu aqui em um frágil corpo humano? Eu também não. É por isso que eu simplesmente creio e “a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos” (Hb 11:1).
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Que vida é essa?
Em Lucas 10 Jesus é abordado por um doutor da Lei e o versículo 25 revela que sua intenção era “por Jesus à prova”. Ele pergunta: “Mestre, o que preciso fazer para herdar a vida eterna?”. Para entendermos a pergunta precisamos entrar na mente daquele judeu e raciocinar como ele. De que vida ele está falando? Não é da mesma “vida eterna” que hoje um crente em Cristo possui.
O doutor da Lei pergunta “o que preciso fazer” porque a Lei exigia do homem obediência para ser recompensado em sua vida aqui, porém homem algum jamais foi capaz de guardar toda a Lei, exceto Jesus. A Lei, portanto, não pode salvar, mas apenas mostrar que o homem é incapaz de alcançar os padrões divinos. A esperança de um judeu era de vida neste mundo, uma vida longa, próspera e sem fim no reino terrenal do Messias. A Lei dizia: “Obedeçam aos meus decretos e ordenanças, pois o homem que os praticar viverá por eles… Os mansos comerão e se fartarão… o vosso coração viverá eternamente…” (Lv 18:5; Sl 22:25-31).
Na doutrina dada à igreja pelos apóstolos aprendemos que, para o cristão, a vida eterna está em Cristo. Ela nada tem a ver com a vida de abundância de alimento e prosperidade sem fim prometida aos israelitas. É uma vida sem começo nem fim, como Cristo é eterno, sem começo nem fim. Escrevendo aos crentes, João diz: “Deus nos deu a vida eterna, e essa vida está em seu Filho. Quem tem o Filho, tem a vida; quem não tem o Filho de Deus, não tem a vida. Escrevi-lhes estas coisas, a vocês que creem no nome do Filho de Deus, para que vocês saibam que têm a vida eterna… Este [Jesus] é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:11-13).
Em João 3:36 lemos que “quem crê no Filho tem a vida eterna; o que, todavia, se mantém rebelde contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus”. O doutor da Lei, que quer por Jesus à prova, está numa posição de antagonismo e rebeldia contra o Filho de Deus. Por mais que ele fizesse, por mais que obedecesse aos preceitos da Lei, ainda assim ele não teria vida eterna e estaria destinado ao fogo do juízo eterno. A vida eterna é recebida por graça e pela fé em Jesus, não por nossa obediência à Lei.
Então é a vez de Jesus colocá-lo à prova, pedindo que ele responda o que está escrito na Lei. Ele responde: “Ame o Senhor, o seu Deus de todo o seu coração, de toda a sua alma, de todas as suas forças e de todo o seu entendimento, e ame o seu próximo como a si mesmo”. Jesus responde, mas sem falar em vida eterna, dizendo apenas que se ele obedecesse aos mandamentos continuaria vivendo, como era a promessa da Lei. Ele diz: “Faça isso, e viverá” (Lucas 10:28). Mas em seguida o homem, “querendo justificar-se, perguntou a Jesus: ‘E quem é o meu próximo?’” (Lucas 10:27-28).
A resposta de Jesus está nos próximos 3 minutos.
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O verdadeiro samaritano
Os versículos 30 a 37 de Lucas 10 trazem a parábola conhecida como “O Bom Samaritano”. A parábola é a resposta de Jesus a um mestre da Lei que tem a intenção de colocá-lo à prova. Após mencionar que a Lei se resumia em amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo, o homem pergunta a Jesus: “Quem é o meu próximo?”. A resposta é a parábola.
“Um homem descia de Jerusalém para Jericó, quando caiu nas mãos de assaltantes. Estes lhe tiraram as roupas, espancaram-no e se foram, deixando-o quase morto. Aconteceu estar descendo pela mesma estrada um sacerdote. Quando viu o homem, passou pelo outro lado. E assim também um levita… Mas um samaritano, estando de viagem, chegou onde se encontrava o homem e, quando o viu, teve piedade dele. Aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’” (Lucas 10:30-35).
A vítima do assalto é o ser humano, que saiu da presença de Deus, aqui representada por Jerusalém. Ele segue para Jericó, palavra hebraica que significa “perfume” e é um lugar amaldiçoado por Deus no livro de Josué. O pecado de Adão foi afastar-se de Deus para obedecer aos sentidos e isso resultou em maldição. Os assaltantes são uma figura de Satanás, que deixa o pecador vazio e quase morto em sua jornada afastando-se de Deus. O sacerdote e o levita representam, respectivamente, a religião e a lei, incapazes de ajudar o pecador. Somente o samaritano pode salvá-lo. Os judeus odiavam os samaritanos e o termo é usado pelos fariseus em João 8:48 como uma ofensa contra Jesus: “Não estamos certos em dizer que você é samaritano e está endemoninhado?”.
Quando Jesus pergunta ao mestre da lei, “Qual destes três você acha que foi o próximo do homem que caiu nas mãos dos assaltantes?”, ele responde corretamente: “Aquele que teve misericórdia dele” (Lucas 10:36-37). O próximo é, portanto, o samaritano, o único que poderia salvar o homem ferido. Atos 2:36 diz: “Portanto, que todo Israel fique certo disto: Este Jesus, a quem vocês crucificaram, Deus o fez Senhor e Cristo”. Percebe agora o peso que tem a expressão amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo? Aquele que ama a Deus sobre todas as coisas ama o verdadeiro Samaritano da parábola, Jesus, e somente um amor assim pode transbordar e se derramar sobre aqueles que entram em contato com um verdadeiro cristão.
Jesus conclui dizendo ao mestre da Lei: “Vá e faça o mesmo”. Mas antes de fazer como fez o samaritano ele precisava confiar totalmente nele e se deixar curar, reconhecendo-se perdido e ferido pelo pecado. E é dessa cura que a parábola fala nos próximos 3 minutos.
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A hospedaria
Vimos que a parábola do “Bom Samaritano” é cheia de figuras. O homem que se afasta de Jerusalém, o lugar da presença de Deus, é o pecador. Enganado por seus sentidos ele segue para Jericó, que significa “perfume” e é sinônimo de maldição. Vítima de assaltantes, figura de Satanás, termina vazio e quase morto à beira do caminho. A religião, representada pelo sacerdote, passa indiferente. O levita, uma figura da lei, nada pode fazer por ele. Mas o samaritano, desprezado e odiado pelos judeus, se compadece dele e o salva. Jesus é o verdadeiro Samaritano.
A parábola traz ainda outras figuras que nos ajudam a compreender a sequência de eventos na salvação de um pecador. O homem ferido nada pode fazer por si mesmo, portanto é o samaritano quem “aproximou-se, enfaixou-lhe as feridas, derramando nelas vinho e óleo. Depois colocou-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e cuidou dele. No dia seguinte, deu dois denários ao hospedeiro e disse-lhe: ‘Cuide dele. Quando voltar lhe pagarei todas as despesas que você tiver’” (Lucas 10:34-35).
Somente aquele que foi extremamente ferido pelo juízo de Deus pode tratar as feridas do pecador. O profeta Isaías escreveu que Jesus foi “castigado por Deus, por ele atingido e afligido… transpassado por causa das nossas transgressões, esmagado por causa de nossas iniquidades; o castigo que nos trouxe paz estava sobre ele, e pelas suas feridas fomos curados” (Is 53:4-5). Portanto só Jesus pode curar as horríveis feridas causadas pelo pecado.
O vinho e o óleo nos falam, respectivamente, do sangue de Cristo e do Espírito Santo. O sangue de Jesus nos limpa de todo pecado e infunde uma nova alegria. O Salmo 104:15 fala do “vinho, que alegra o coração do homem”, e também do “azeite, que faz brilhar o rosto”. Repare que, depois de cuidar das feridas o samaritano coloca o homem “sobre o seu próprio animal”, o que é uma bela figura da posição em que somos colocados quando salvos por Cristo: o lugar que é dele. Efésios 1:6 diz que Deus nos fez “Agradáveis a si no Amado”; ele nos enxerga em Cristo, o que não deixa qualquer dúvida quanto à aceitação do crente em Jesus.
Mas o cuidado do verdadeiro Samaritano não termina aí. Ele leva o homem a uma hospedaria e continua a cuidar dele. Precisando se ausentar, ele deixa com o hospedeiro “dois denários” para duas diárias, garantindo a continuidade do tratamento e o sustento do homem até a sua volta. A hospedaria é uma bela figura da assembleia, o lugar onde o Senhor nos mantém e cuida de nós até sua vinda. Ali, congregados ao seu nome, somos alimentados da Palavra de Deus e cuidados por meio dos diferentes dons que Cristo deu à igreja. Ali adoramos a Deus, recordamos o Senhor em sua morte nos símbolos do pão e do vinho e apresentamos nossas orações. Ali também desfrutamos da comunhão dos irmãos e da presença de Jesus, tão real quanto a que Maria irá desfrutar nos próximos 3 minutos.
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Marta e Maria
Em meio à rejeição dos religiosos judeus, Jesus encontra um oásis de refrigério na casa de Lázaro, Marta e Maria. Os três irmãos moram no povoado de Betânia, a poucos quilômetros de Jerusalém, e é ali que Jesus costuma repousar em suas viagens. A parábola do samaritano nos ensinou o que é realmente amar e servir segundo o padrão de Deus, mostrando no verdadeiro Samaritano o exemplo perfeito do amor que não se omite em salvar e cuidar.
Mas antes que você arregace as mangas e saia por aí resgatando os perdidos caídos à beira do caminho, conheça Marta e sua disposição para o trabalho. Tentando servir o hóspede Jesus da melhor maneira, Marta “estava ocupada com muito serviço” enquanto “Maria, sua irmã, ficou sentada aos pés do Senhor, ouvindo-lhe a palavra”. Indignada com a aparente inatividade da irmã, Marta se queixa: “Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude!” (Lucas 10:38-40).
Você às vezes se sente assim? Corre de um lado para outro e se indigna de alguns que parecem não fazer coisa alguma, pois só ficam ocupados com a leitura da Palavra e a oração? Talvez você pense: “Só eu trabalho!” Cuidado, você está tão ocupado em servir ao Senhor que pode cair no erro de se queixar e dar ordens a ele, como Marta faz aqui: “Senhor… dize-lhe que me ajude!”. Sempre que nos queixamos estamos nos queixando ao Senhor, pois afinal é ele quem cuida de nós e não estamos satisfeitos com seu cuidado. E quando nos achamos mais úteis e responsáveis do que outros, por não fazerem exatamente o que fazemos, nosso coração acaba ficando cheio de orgulho e soberba.
Marta se deixou levar pelo trabalho sem perceber que perdeu o foco em Jesus e na sua Palavra. O Senhor a repreende: “Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada” (Lucas 10:41-42). O trabalho de Marta faz com que ela deixe de se ocupar com Cristo e sua Palavra. Repare que Jesus não diz que Maria escolheu “a melhor parte”, mas “a boa parte”. Ele não está fazendo comparações e dizendo a Marta que seu serviço não é importante, mas apenas dizendo que ela perdeu o foco. Quando estamos muito ocupados com a obra do Senhor acabamos perdendo de vista o Senhor da obra.
Existe uma ordem na vida do cristão. Primeiro ele deve sentar-se aos pés de Jesus para aprender dele, lendo e meditando em sua Palavra. É assim também que você aprende qual é a vontade de Deus para a sua vida. Então as tarefas que Deus colocar em suas mãos para cumprir, virão naturalmente. Quando aprendemos dele, ficamos prontos “para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (Ef 2:10).
Nos próximos 3 minutos Jesus nos ensina a orar.
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Como orar
Na visita a Marta e Maria, no capítulo 10 de Lucas, vimos a importância de estar sempre próximo de Jesus ouvindo sua Palavra. O capítulo 11 começa mostrando como devemos imitá-lo. Um discípulo vê Jesus orando e sente que deve fazer o mesmo. “Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11:1), pede ele a Jesus. Ele talvez ainda não esteja ciente de estar diante do próprio Filho de Deus, o Criador do Universo, e que o seu pedido é o mesmo que uma oração. Ele é logo atendido.
Antes de entrarmos nos detalhes de como orar, é preciso entender algumas coisas. Você encontra na Bíblia pessoas orando a Deus, em um sentido geral, ao Pai, em um sentido particular como Jesus irá ensinar aqui, e a Jesus, o Filho. Mas você nunca encontra alguém orando ao Espírito Santo. Portanto dirigir-se ao Espírito Santo para orar, louvar ou adorar não tem fundamento bíblico, mesmo sabendo que ele é uma das três Pessoas da Trindade.
Outro ponto importante é o que Jesus ensina em Mateus 6:7: “E quando orarem, não fiquem sempre repetindo a mesma coisa, como fazem os pagãos”. As repetições, também conhecidas como rezas podem ser encontradas nas religiões pagãs orientais, mas não têm fundamento bíblico. Alguém poderia alegar que no Jardim do Getsemani Jesus usou de repetições, quando “orou pela terceira vez, dizendo as mesmas palavras” (Mt 26:44). A diferença é clara.
Numa reza repetitiva são usadas frases pré-definidas que não têm relação direta com a necessidade daquele momento. As frases são usadas como palavras mágicas e não como pedidos de ajuda. Já a oração é uma conversa com Deus apresentando um pedido específico. Não há nada de errado em se apresentar um pedido mais de uma vez com as mesmas palavras. Até uma criança, quando quer um brinquedo, fica repetindo seu desejo até ser atendida. Ela não pega uma frase genérica para repetir, pois seus pais não saberiam que presente lhe dar.
Outro argumento é que muitas rezas são passagens bíblicas e trazem muito proveito quando repetidas. Porém repetir a Palavra de Deus não é falar com Deus; é ouvir o que ele diz. Uma oração é falar com ele, recordar sua benignidade, misericórdia e graça, e também apresentar nossas dificuldades, fraquezas e necessidades. Como estas coisas diferem de pessoa para pessoa, não existem duas orações completamente idênticas.
Mas se assim for, por que Jesus ensina aqui o “Pai Nosso” que é repetido por milhões de pessoas? Não estaria ele ensinando uma reza para ser repetida? Não, e basta comparar esta passagem com a do capítulo 6 de Mateus para notar que são diferentes. O Espírito Santo mostrou assim que Jesus estava ensinando os discípulos a orar, e não dando a eles um script para ser repetido. Os detalhes das instruções dadas por Jesus nós veremos nos próximos 3 minutos.
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A oração
Ao ensinar aos discípulos como orar, Jesus mostra a eles os principais pontos que compõem uma oração, e não um texto para ser decorado e repetido como fazem os pagãos com seus mantras e fórmulas mágicas. O conhecido “Pai Nosso” que é rezado por milhões de católicos e protestantes foi tirado do capítulo 6 do Evangelho de Mateus, onde a palavra “Amém” do final não existe nos melhores manuscritos. Em Lucas 11 está assim:
“Pai! Santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano. Perdoa-nos os nossos pecados, pois também perdoamos a todos os que nos devem. E não nos deixes cair em tentação” (Lucas 11:2-4). Como se fosse uma lista de tópicos a serem lembrados, Jesus ensina que devemos nos dirigir ao Pai que é santo; que nossa expectativa deve estar na vinda do Reino; que devemos buscar em Deus a fonte de nosso sustento; que devemos ter consciência de nossa condição de pecadores, e dependermos continuamente dele para proteção.
Tudo começa reconhecendo a Deus como Pai, um relacionamento pessoal e familiar que nenhum judeu ousaria desfrutar. No mundo ocidental estamos tão acostumados a chamar a Deus de Pai que nem percebemos o quão radical foi o ensino de Jesus. Um judeu no Antigo Testamento chamaria a Deus de Pai no sentido de Criador, mas nunca com a ideia de um relacionamento familiar como encontramos nos evangelhos e epístolas. Para um muçulmano, então, nem pensar. No islamismo Deus tem 99 nomes e nenhum deles é Pai.
Antes que alguém pense que chamar a Deus de Pai seja diminuir sua Pessoa, a expressão “Santificado seja o teu nome” deixa clara a distinção que é devida a Deus. Ele é santo, isto é, separado de tudo e de todos, assim como a luz está separada das trevas. Ao nos dirigirmos a Deus podemos desfrutar de familiaridade, mas com reverência. Deus deve ser reverenciado, adorado e exaltado acima de todas as coisas.
Chamar a Deus de “Amigão lá de cima” ou de “O Cara”, como fazem alguns, é não compreender quem Deus realmente é. A Bíblia diz que “Deus é amor” (1 Jo 4:8), mas também que ele é “fogo consumidor” (Hb 12:29). Na Lei dada a Moisés o segundo mandamento era: “Não tomarás em vão o nome do Senhor teu Deus, pois o Senhor não deixará impune quem tomar o seu nome em vão” (Ex 20:7). Um cristão jamais deveria falar de Deus em anedotas, brincadeiras ou de qualquer outra maneira desrespeitosa.
Os três primeiros tópicos da oração — “Pai”, “santificado” e “teu Reino” — dizem respeito a Deus e os três restantes falam de nós. Mas que “Reino” é este que Jesus menciona na oração? A resposta está nos próximos 3 minutos.
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Venha o teu reino
Qualquer oração deve começar de cima para baixo, de Deus para o homem. Portanto é bom você iniciar exaltando ao Pai pelo que ele é e ao Filho que consumou a obra que nos trouxe salvação. Se você se encontrasse com alguma grande personalidade da história, como iniciaria a conversa? Provavelmente mencionando algum feito admirável daquela pessoa. Faça o mesmo quando falar com o Pai. Diga a ele o quanto significou para você o fato de ter enviado seu Filho ao mundo para morrer.
Muitos acreditam que a expressão “venha o teu reino” esteja se referindo ao reino milenar de Cristo neste mundo, mas não é assim. O que costumamos chamar de milênio, ou reino de mil anos de Jesus, é um estado intermediário e não o final da história. É o reino do Filho do Homem, não o reino do Pai do qual Jesus fala na oração ao dizer “o teu reino”. No milênio ainda haverá mortes e no fim uma guerra de grandes proporções. Veja esta passagem de 1 Coríntios 15:
“Então virá o fim, quando ele [Jesus] entregar o Reino a Deus, o Pai, depois de ter destruído todo domínio, autoridade e poder. Pois é necessário que ele reine até que todos os seus inimigos sejam postos debaixo de seus pés. O último inimigo a ser destruído é a morte. Porque ele ‘tudo sujeitou debaixo de seus pés’. Ora, quando se diz que ‘tudo’ lhe foi sujeito, fica claro que isso não inclui o próprio Deus, que tudo submeteu a Cristo. Quando, porém, tudo lhe estiver sujeito, então o próprio Filho se sujeitará àquele que todas as coisas lhe sujeitou, a fim de que Deus seja tudo em todos” (1 Co 15:24-28).
Portanto, ao dizer “venha o teu reino” ele está se referindo ao reino do Pai, o epílogo desta fantástica história, quando Jesus entregar o reino ao Pai. Haverá novos céus e nova terra e o próprio tempo deixará de existir. Estaremos então no estado eterno, onde só é possível estar em um corpo ressuscitado ou transformado à semelhança do corpo de Jesus. É por isso que em João 5:29 diz que “Os que fizeram o bem ressuscitarão para a vida, e os que fizeram o mal ressuscitarão para serem condenados”. Todos estarão ressuscitados no final.
A expressão “fizeram o bem” não significa que a salvação seja por obras, mas que as obras são os resultados. Como numa contabilidade, o que é mencionado são os resultados, não a operação que levou a eles. Os salvos que viverem na terra durante o milênio ressuscitarão e habitarão na nova terra; os salvos pertencentes à igreja e muitos outros já terão sido ressuscitados ou transformados para habitarem nos céus. Só então será feita a vontade do Pai “assim na terra como no céu”, uma aspiração que você encontra na versão desta mesma oração em Mateus 6:10.
Nos próximos 3 minutos saiba de onde vem o poder e a capacidade para a oração.
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Capacitados a orar
Como já aprendemos, a oração deve começar com expressões de exaltação e gratidão a Deus, para só depois falar de nossas necessidades. É preciso também lembrar o caráter dispensacional da oração ensinada por Jesus. Ela foi dada numa época quando a igreja ainda não existia e o Espírito Santo estava com os discípulos, mas não habitava neles. No Evangelho de João Jesus lhes disse: “o Espírito da verdade… vive com vocês e estará em vocês” (Jo 14:17).
Estas coisas só aconteceriam no dia de Pentecostes, no capítulo 2 de Atos. A partir daí todo aquele que é salvo por Jesus desfruta da presença do Espírito Santo habitando em si, individualmente, e na igreja, coletivamente. Enquanto Jesus estava no mundo o Espírito Santo agia nos discípulos de fora para dentro. Hoje o Espírito Santo Consolador age no crente de dentro para fora.
Daí a diferença entre a oração que Jesus ensinou aos discípulos e a que o cristão hoje tem o privilégio de colocar em prática. Paulo escreve em Romanos 8:26: “O Espírito nos ajuda em nossa fraqueza, pois não sabemos como orar, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis. E aquele que sonda os corações conhece a intenção do Espírito, porque o Espírito intercede pelos santos de acordo com a vontade de Deus” (Rm 8:26-27).
Antes da descida do Espírito Santo os discípulos ainda não contavam com este privilégio, e mais uma vez vemos o absurdo das orações decoradas e repetitivas. Hoje o cristão é ajudado pelo Espírito Santo a orar, e por mais importante que seja intercedermos uns pelos outros, não devemos nos esquecer de que todo crente tem o privilégio de um acesso direto a Deus, sem intermediários. Algumas religiões ensinam seus seguidores que este acesso só é possível com a intermediação de algum líder ou sacerdote. Porém, o cristão esclarecido sabe que desde Satanás as coisas neste mundo funcionam na base da manipulação, dominação e controle.
Paulo se preocupava para isto não acontecer. Aos Coríntios ele disse: “Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedoria humana, mas no poder de Deus” (1 Co 2:4-5). E aos Filipenses escreveu: “Assim, meus amados, como sempre vocês obedeceram, não apenas em minha presença, porém muito mais agora na minha ausência, ponham em ação a salvação de vocês com temor e tremor, pois é Deus quem efetua em vocês tanto o querer quanto o realizar” (Fp 2:12-13).
Portanto, se você já creu em Jesus, desfrute do acesso direto que tem ao Pai, sabendo que ele “é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que pedimos ou pensamos, de acordo com o seu poder que atua em nós” (Ef 3:20). Nos próximos 3 minutos falaremos de como apresentar a Deus nossas necessidades.
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Nossas necessidades
No início do capítulo 11 de Lucas encontramos Jesus ensinando seus discípulos a orar, não com uma reza para ser repetida, mas apresentando a eles os principais pontos de uma oração. Os três primeiros nos falam do privilégio de chamarmos a Deus de Pai, do reconhecimento de sua santidade e da expectativa do dia em que a sua vontade será feita “assim na terra como no céu”, quando o Filho entregar o reino ao Pai. Os três pontos seguintes falam do crente e de suas necessidades físicas e espirituais, começando com: “Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano” (Lucas 11:3).
O cristão reconhece que seu sustento vem de Deus, que nos considera mais valiosos que “as aves do céu [que] não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros”. Ele promete nos alimentar e vestir melhor do que faz com as aves e os lírios que “não trabalham nem tecem”. O Senhor diz: “Não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer?’ ou ‘que vamos beber?’ ou ‘que vamos vestir?’ Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas” (Mt 6:28-34).
Mas é importante entender que, na questão do sustento, Deus trata Israel e Igreja de maneiras distintas. A Israel Deus prometeu prosperidade material na terra, pois é o povo terreno de Deus. O Antigo Testamento não fala de bênçãos celestiais, e sim materiais, com muito leite e mel, filhos e rebanhos, ouro e prata. Agora, porém, Deus está tratando com a igreja, um povo ao qual ele não prometeu a terra, mas o céu. Israel e os que habitarão na terra receberão “como herança o Reino que lhes foi preparado desde a criação do mundo” (Mt 25:34). À Igreja, “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo… nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo. Porque Deus nos escolheu nele antes da criação do mundo” para habitarmos no céu (Ef 1:3-4).
Aos cristãos a Palavra de Deus não promete prosperidade material, porém diz: “Nada trouxemos para este mundo e dele nada podemos levar; por isso, tendo o que comer e com que vestir-nos, estejamos com isso satisfeitos. Os que querem ficar ricos caem em tentação, em armadilhas e em muitos desejos descontrolados e nocivos, que levam os homens a mergulharem na ruína e na destruição, pois o amor ao dinheiro é raiz de todos os males” (1Tm 6:7-9). Portanto não vá na conversa desses pregadores que prometem riqueza e prosperidade. Paulo alertou que eles seriam “egoístas, avarentos, presunçosos, arrogantes… mais amantes dos prazeres do que amigos de Deus” (2 Tm 3:1-6).
Nos próximos 3 minutos Jesus nos ensina a pedir: “Perdoa-nos os nossos pecados” (Lucas 11:4). Como assim? Já não fomos perdoados quando cremos em Jesus?
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Perdoa-nos os nossos pecados
Em seu modelo de oração Jesus ensina os discípulos a dizerem: “Perdoa-nos os nossos pecados” (Lucas 11:4). Deus trata o perdão em duas esferas: a judicial e a administrativa. Do ponto de vista judicial, ao crer em Jesus como seu Salvador você está de uma vez para sempre perdoado de todos os seus pecados; todos eles foram pagos na cruz. O sacrifício de Cristo não valeu apenas para os pecados passados, de antes de você crer, pois todos eles eram futuros quando Jesus morreu. Na cruz os seus pecados foram pagos; na sua conversão eles foram perdoados.
Se o sangue de Jesus só valesse para os pecados cometidos até o dia de sua conversão você já teria perdido sua salvação, pois se disser que nunca pecou desde então você é um grande mentiroso. A primeira carta de João diz que “se afirmarmos que estamos sem pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e a verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça. Se afirmarmos que não temos cometido pecado fazemos de Deus um mentiroso, e a sua palavra não está em nós” (1 Jo 1:9-10).
Funciona assim: o perdão judicial você recebeu ao crer em Jesus porque ele morreu por você e a provisão para o perdão administrativo — para os pecados cometidos após sua conversão — é garantida pelo mesmo sacrifício. Neste caso Deus quer que você os confesse para restaurar sua comunhão com o Pai, mas veja se fez antes a lição de casa, pois a passagem não diz apenas “Perdoa-nos os nossos pecados”, mas continua dizendo “pois também perdoamos a todos os que nos devem” (Lucas 11:4). Isto demonstra que o perdão buscado aqui é um perdão para a restauração de um relacionamento, como também acontece na esfera humana.
Quando viajo a trabalho recebo de meu cliente um “voucher”, uma espécie de vale, para eu usar para as despesas de alimentação, táxi e hotel. Tendo o “voucher” não preciso me preocupar em levar dinheiro para estas despesas, pois o pagamento está garantido. Mas a cada despesa eu preciso apresentar o “voucher” para provar que os recursos já foram supridos. O sangue de Jesus é o “voucher” que garante, não apenas o perdão judicial no momento de sua conversão, mas também o perdão administrativo no dia a dia, se eventualmente você pecar. A primeira carta de João diz: “O sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado… Escrevo-lhes estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados” (1 Jo 2:1-2).
Nos próximos 3 minutos a oração ensinada por Jesus fala de nossa necessidade de pedir ao pai por proteção na tentação.
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Não nos deixes cair em tentação
O último pedido da oração ensinada por Jesus é: “Não nos deixes cair em tentação” (Lucas 11:4). A palavra “tentação” aqui é no sentido de teste ou prova, como quando testamos os freios do carro antes de uma descida ou participamos de uma prova na escola. Repare que o pedido não é para não sermos tentados, mas para não cairmos ou falharmos no teste. Jó e Pedro foram testados assim e falharam, por confiarem em si mesmos. Jesus foi levado pelo Espírito ao deserto para ser testado pelo diabo e provou ser quem ele era: o Filho de Deus sem pecado e incapaz de pecar.
Para o cristão é um privilégio passar por este tipo de tentação ou provação, pois quando Deus a permite o objetivo é produzir algum resultado em nós. Veja o que diz Tiago no primeiro capítulo de sua carta: “Meus irmãos, considerem motivo de grande alegria o fato de passarem por diversas provações, pois vocês sabem que a prova da sua fé produz perseverança” (Tg 1:2-4).
Pedro, o mesmo que foi reprovado, escreveu mais tarde exortando os cristãos a se alegrarem naquilo que receberam em Cristo, ainda que no momento presente, e por um pouco de tempo, fossem “entristecidos por todo tipo de provação”. Ele explica a razão desses testes ou provas que Deus permite: “Para que fique comprovado que a fé que vocês têm, muito mais valiosa do que o ouro que perece, mesmo que refinado pelo fogo, é genuína e resultará em louvor, glória e honra, quando Jesus Cristo for revelado” (1 Pe 1:6-7).
Mesmo assim devemos rogar ao Pai que não nos deixe tirar zero nas provas, e que ele possa transformar essas experiências amargas em benefício para nossas almas e em louvor para a glória de Deus. O Senhor Jesus podia muito bem ficar no deserto quarenta dias sem comer e beber sendo testado pelo diabo por ser o Filho de Deus, ao mesmo tempo Deus e Homem. Se ele, que nunca falhou e nem poderia falhar em razão de sua natureza divina, andou aqui em total dependência do Pai, quanto mais nós devemos imitá-lo, buscando em Deus a capacidade para tirarmos boas notas nas provas pelas quais devemos passar.
Este é um modelo perfeito de oração, pois cobre tudo. Primeiro vimos os pontos relacionados a Deus, como o privilégio de chamá-lo de Pai, o reconhecimento de sua glória e santidade por ele ser quem é, e a expectativa dos novos céus e nova terra no final da história. Depois falamos de nossas necessidades físicas e espirituais, ao pedirmos pelo pão cotidiano — e não mensal ou anual —, reconhecermos quem é a fonte de nosso perdão e, finalmente, buscarmos em Deus a capacidade para não falharmos nos testes ou provações. Mas volto a lembrar que este modelo de oração foi dado antes que os discípulos tivessem recebido o Espírito Santo e desfrutassem da certeza do perdão de pecados.
Nos próximos 3 minutos daremos uma olhada por sobre o ombro de um servo de Deus para ver o que estava anotado em sua Bíblia.
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“Fui eu que fiz isso”
John Nelson Darby viveu na Grã-Bretanha no século 19 e ficou conhecido pela autoria de dezenas de livros e hinos e de uma excelente tradução da Bíblia a partir do grego e hebraico. Curiosamente um dos textos que ele mais ajudou a divulgar nem era de sua autoria, mas de autor desconhecido. Foi descoberto após sua morte anotado em sua Bíblia, como se fosse uma carta recebida de Deus, e nos ajuda a entender que Deus sempre responde nossas orações. Porém a resposta pode ser “Sim”, “Não” ou “Espere”. O texto diz assim: “Os desapontamentos da vida são, na realidade, apenas determinações do meu amor. Hoje tenho uma mensagem para você, meu filho. Vou segredá-la suavemente ao seu ouvido, para que quando surgirem as nuvens, que são um prenúncio tempestade, elas sejam douradas de glória, e para que os espinhos nos quais você talvez tenha que pisar se quebrem. A mensagem é curta — uma simples frase — mas deixe que ela penetre no fundo do seu coração e sirva para você como um travesseiro onde possa descansar a sua cabeça fatigada: ‘Fui eu que fiz isso’ (1 Rs 12:24).
Você já parou para pensar que tudo o que lhe diz respeito também diz respeito a mim? Porque aquele que tocar em você toca na menina dos meus olhos (Zc 2:8). Você é precioso para mim e é por isso que eu me interesso especialmente por seu crescimento espiritual. Quando a tentação o assalta e o inimigo chega como uma inundação (Ap 12:15), quero que saiba que ‘fui eu que fiz isso’.
Eu sou o Deus das circunstâncias. Você não foi colocado onde está por acaso, mas porque é o lugar que escolhi para você. Você não orou pedindo para ser humilde? Pois fique sabendo que o lugar onde está é o único onde poderá aprender bem esta lição. É por meio de tudo e de todos ao seu redor que a minha vontade se cumprirá em você.
Você tem dificuldades financeiras? Está difícil viver com o que ganha? ‘Fui eu que fiz isso’, pois eu sou o dono de todas as coisas. Quero que receba tudo de mim e dependa exclusivamente de mim. Minhas riquezas são ilimitadas. (Fp 4:19). Prove-me, para que não se diga a seu respeito que não creu no Senhor seu Deus.
Você está passando pela noite escura da aflição? ‘Fui eu que fiz isso’. Eu sou o Homem de dores e experimentado em trabalhos (Is 53:3). Deixei que você ficasse sem qualquer auxílio humano para que se voltasse para mim para encontrar consolação eterna (2Ts 2:16, 17).
Você está desiludido com algum amigo a quem talvez tenha aberto seu coração? ‘Fui eu que fiz isso’. Permiti esse desapontamento para você aprender que seu melhor amigo é Jesus, que o livra de cair e combate as suas batalhas. Sim, Jesus é o seu melhor Amigo. Eu anseio por ser seu confidente.
Alguém disse coisas falsas a seu respeito? Não fique irado; chegue mais perto de mim, debaixo das minhas asas, longe de qualquer discussão, porque eu deixarei claro como a alvorada que você é justo, e como o sol do meio-dia que é inocente (Sl 37:6).
Seus planos foram frustrados? Você se sente esmagado e abatido? ‘Fui eu que fiz isso’. Acaso não foi você quem fez os planos e depois pediu que eu os abençoasse? Sou eu quem deseja fazer os seus planos. Eu assumirei essa responsabilidade, porque ela é pesada demais para você. Você não seria capaz de carregá-la sozinho, pois não passa de um instrumento. (Ex 18:18).
Alguma vez você desejou fervorosamente fazer alguma grande obra para mim? E, em vez disso, você foi deixado de lado, num leito de dor e sofrimento? ‘Fui eu que fiz isso’. Eu não poderia prender sua atenção de outra forma, enquanto você estava tão ativo. Quero ensinar-lhe algumas das minhas lições mais profundas. Somente aqueles que aprendem a esperar pacientemente é que podem me servir. Às vezes os meus melhores obreiros são aqueles que foram colocados fora do serviço ativo a fim de poderem aprender a manejar melhor a arma que se chama oração.
Você foi chamado de repente a ocupar uma posição difícil, cheia de responsabilidades? Vai em frente, conte comigo. Estou colocando você nessa posição cheia de dificuldades simplesmente porque abençoarei você em tudo o que fizer (Dt 15:18).
Ponho hoje em suas mãos o vaso de santo azeite. Tira o quanto você quiser, meu filho, para que toda circunstância que surgir em seu caminho — cada palavra que o magoe, cada obstáculo que prove a sua paciência, cada manifestação de sua fraqueza — possa ser ungida com este óleo. Lembre-se de que os obstáculos são instruções divinas. A dor que você sofrer será na medida certa para você me enxergar em todas as coisas. Portanto, aplique o seu coração a todas as palavras que hoje digo a você, pois elas são a sua vida (Dt 32:46, 47).”
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Levanto os meus olhos
Já que o nosso assunto tem sido a oração que Jesus ensinou aos discípulos, seria bom nos ocuparmos por alguns minutos com o Salmo 121, que diz: “Levanto os meus olhos para os montes e pergunto: De onde me vem o socorro? O meu socorro vem do Senhor, que fez os céus e a terra. Ele não permitirá que você tropece; o seu protetor se manterá alerta, sim, o protetor de Israel não dormirá, ele está sempre alerta! O Senhor é o seu protetor; como sombra que o protege, ele está à sua direita. De dia o sol não o ferirá, nem a lua, de noite. O Senhor o protegerá de todo o mal, protegerá a sua vida. O Senhor protegerá a sua saída e a sua chegada, desde agora e para sempre” (Sl 121:1-8).
Primeiro, é levantando os olhos para Deus que você encontra socorro nas dificuldades. O mundo irá dizer “Confie em si mesmo”, “Siga o seu coração”, mas isso não passa de uma grande bobagem sussurrada pelo diabo. Por que você iria confiar nessa ruína que vive no vale da sombra da morte, quando pode confiar naquele que está acima dos montes? É do Senhor que vem o seu socorro; daquele que fez os céus e a terra.
O Salmo 121 traz várias vezes a palavra “guarda” ou “protetor” e o verbo “guardar” ou “proteger”, sempre se referindo a Deus. Se você é daqueles que buscam por proteção em religião, crucifixo, terço, talismã, santo, imagem, pastor, azeite, vela, guru ou em qualquer coisa que não seja o próprio Deus é porque ainda não tem a Jesus como seu Salvador; você ainda não creu nele para receber o perdão de seus pecados e a vida eterna. Se já tivesse confiado nele para receber o mais difícil, que é a Salvação, você iria também confiar para receber o seu cuidado.
Deus promete ao salvo por Cristo que não permitirá que tropece ou caia em pecado. Precisamos desta proteção por estarmos cercados de armadilhas e enganos. O inimigo de nossas almas, Satanás, odeia o fato de termos sido tirados de suas garras quando cremos em Cristo, e não se cansa de procurar a nossa queda para manchar a reputação de Deus. Quando Jesus diz a você para segui-lo está dizendo que você só estará seguro pisando em suas pegadas.
Qualquer vigia humano pode se distrair ou cair no sono, mas o Salmo diz que Deus “não dormirá, ele está sempre alerta”, de dia e de noite. No tempo de Noé o mal estava em toda parte, mas Deus manteve a ele e à sua família impermeáveis ao mal. E quando caiu sobre o mundo o juízo divino na forma do dilúvio, eles ficaram literalmente impermeáveis a esse juízo. “O Senhor o protegerá de todo o mal”, diz o Salmo. Em todas as circunstâncias você será guardado, em sua “entrada” e em sua “saída”, agora e na eternidade. Mas, volto a dizer, estas promessas são apenas para aqueles que se tornaram filhos de Deus pela fé em Jesus, e podem, por assim dizer, importunar a Deus em oração. Como veremos nos próximos 3 minutos.
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Perseverar em oração
Jesus continua sua aula sobre oração com o exemplo de um homem que recebe uma visita inesperada e bate à porta de seu amigo à meia-noite pedindo três pães emprestados para alimentar o visitante. O amigo, que não quer ser importunado, responde que não pode levantar-se para ir buscar os pães. A lição ensinada por Jesus é que “embora ele não se levante para dar-lhe o pão por ser seu amigo, por causa da importunação se levantará e lhe dará tudo o que precisar” (Lucas 11:8).
O objetivo do exemplo não é dizer que Deus se sente importunado com nossas orações, mas que devemos ser persistentes. Deus é acessível a qualquer ser humano, e sem intermediários. Você não encontra Jesus dispensando alguém que o tenha procurado, dizendo: “Vá a Pedro” ou “Peça a Maria”. Ele disse “Venham a mim”. Querer colocar alguém para intermediar nossas orações é não conhecer quem é esse Pai amoroso que está pronto a receber nossos pedidos por meio de Jesus. Paulo escreve a Timóteo: “Há um só Deus e um só mediador [ou intermediário] entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus” (1Tm 2:5).
Mas apesar de não precisarmos de intermediários para falar com Deus, a história contada por Jesus traz mais uma lição. Você percebeu que o homem não procura seu vizinho para suprir sua própria necessidade, mas sim a do hóspede inesperado? Estamos sempre prontos a pedir por nós, mas quantas vezes nos lembramos de interceder por outros? O homem talvez suportasse a fome até o amanhecer, mas ele não está pensando em si mesmo. Está preocupado com as necessidades do hóspede, e isto nos leva a outra prática importante para o cristão.
Hebreus 13:2 diz: “Não se esqueçam da hospitalidade; foi praticando-a que, sem o saber alguns acolheram anjos”. No mesmo capítulo são indicados dois sacrifícios que agradam a Deus, o louvor e a beneficência. Lá diz: “Por ele [Cristo] ofereçamos a Deus sem cessar sacrifícios de louvor, isto é, o fruto dos lábios que celebram o seu nome. Não negligencieis a beneficência e a liberalidade. Estes são sacrifícios que agradam a Deus” (Hb 13:15-16). Mas repare que a ajuda ao próximo é algo que devemos fazer, e não esperar ou exigir que outros nos façam.
Em uma cristandade cheia de pregadores que vivem pedindo para si mesmos, que bom seria se seguíssemos o exemplo de Paulo em Atos 20:33-35: “Não cobicei a prata nem o ouro nem as roupas de ninguém. Vocês mesmos sabem que estas minhas mãos supriram minhas necessidades e as de meus companheiros. Em tudo o que fiz, mostrei-lhes que mediante trabalho árduo devemos ajudar os fracos, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: ‘Há maior felicidade em dar do que em receber’”.
Se há maior felicidade em dar do que em receber, quem poderia ser chamado de “o mais feliz” do Universo? A resposta você encontra nos próximos 3 minutos.
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O mais feliz do Universo
Jesus disse que “há maior felicidade em dar do que em receber” (At 20:35). Portanto a felicidade em dar está diretamente relacionada ao valor daquilo que é dado, e neste sentido ninguém é mais feliz do que o próprio Deus. “Porque Deus tanto amou o mundo que deu o seu Filho Unigênito, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). E o Filho de Deus, por sua vez, “se entregou por nós” (Tt 2:14) e “deu a sua vida por nós” (1 Jo 3:16). Portanto, “Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho” (1 Jo 5:11).
Se a alegria de Deus está em dar, como você ousa querer privá-lo dessa alegria ao tentar fazer algo para merecer a salvação que é de graça? Deus não pediu nada em troca. Será que você já se deu conta de que todas as vezes que na Bíblia aparece a palavra “graça” está falando de algo que só podemos receber… de graça? Esta é a condição! O apóstolo Paulo explica em Romanos 11:6 que “se é pela graça, já não é mais pelas obras; se fosse, a graça já não seria graça”. Alguns cristãos deturpam tanto a palavra “graça” que a transformam em sinônimo de pertencer a uma denominação religiosa ou viver segundo uma lista de regras.
Dificilmente encontraremos um exemplo melhor de graça do que a demonstrada ao ladrão na cruz. No início os dois ladrões zombavam de Jesus, mas quando um deles ouviu Jesus dizer “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”, teve a certeza de estar diante de seu único e último recurso antes de morrer. Se Jesus estava disposto a interceder por seus cruéis algozes, podia muito bem fazer algo por aquele fracassado ladrão. Ele não tentou justificar-se a si mesmo, mas condenou-se e justificou a Cristo, ao dizer ao outro ladrão: “Nós estamos sendo punidos com justiça, porque estamos recebendo o que os nossos Atos merecem. Mas este homem não cometeu nenhum mal”. Em seguida, crendo, pediu: “Senhor, lembra-te de mim, quando entrares no teu reino” (Lucas 23:34-43).
Que resposta ele recebeu de Jesus? “Desça daí e vá remendar todo o mal que fez”? “Sinto muito, mas antes você precisa passar pelo o purgatório”? “É impossível antes que você seja batizado”? “Mostre-me os comprovantes de que está em dia com o dízimo”? Nada disso. Da boca do Salvador o ladrão ouviu: “Eu lhe garanto: Hoje você estará comigo no paraíso”. Um pouco depois aquele vil ladrão tinha saído da cruz para a glória da presença do Filho de Deus. Pregado ali ele nada podia fazer além de pedir e crer que seria atendido, não por causa de algum bem que pudesse fazer, mas daquele a quem pediu. Em nosso capítulo 11 de Lucas Jesus garante: “Peçam, e lhes será dado; busquem, e encontrarão; batam, e a porta lhes será aberta. Pois todo o que pede, recebe; o que busca, encontra; e àquele que bate, a porta será aberta” (Lucas 11:9-10).
Você já pediu a Deus a salvação crendo que pode recebê-la por graça e tão somente pela fé em Jesus? Mas será que Deus dá mesmo tudo o que pedimos? A resposta está nos próximos 3 minutos.
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Confiar em Deus
Eu já disse que Deus sempre responde nossas orações, mas a resposta pode ser “sim”, “não” ou “espere”. Nas guerras os soldados procuram um terreno alto para usar como ponto de observação. As muralhas de antigamente tinham torres e a guerra moderna adotou satélites para ter uma visão estratégica. Quanto mais alto, mais privilegiada a visão. Com Deus não é diferente; ele enxerga o fim desde o começo. Você jamais terá um ponto de observação tão alto e privilegiado quanto o dele, portanto é melhor confiar nele quando pedir algo e aceitar a resposta que ele der a você. Ele vê o que você não vê.
O problema é que desde a queda do homem nós desconfiamos de Deus e fazemos como fez Adão, que se escondeu entre as árvores do jardim do Éden. Em alguns lugares na Bíblia as árvores são usadas como figura da humanidade, por suas raízes estarem na terra e serem vulneráveis ao fogo. É comum pecarmos e fugirmos de Deus, nos refugiando em recursos humanos. Porém a intenção de Deus a nosso respeito é das melhores. O profeta Miquéias escreveu:
“Quem é comparável a ti, ó Deus, que perdoas o pecado e esqueces a transgressão do remanescente da sua herança? Tu que não permaneces irado para sempre, mas tens prazer em mostrar amor. De novo terás compaixão de nós; pisarás as nossas maldades e atirarás todos os nossos pecados nas profundezas do mar” (Mq 7:18-19). Será que é de um Deus assim, misericordioso e pronto para perdoar, que você está fugindo? É a ele que você está relutante em confessar seus pecados para receber o perdão? O próprio Deus, falando por intermédio do profeta Ezequiel, garantiu: “Não tenho prazer na morte do ímpio, mas em que o ímpio se converta do seu caminho, e viva” (Ez 33:11).
Isto nos traz de volta ao que Jesus diz no capítulo 11 do Evangelho de Lucas: “Qual pai, entre vocês, se o filho lhe pedir um peixe, em lugar disso lhe dará uma cobra? Ou se pedir um ovo, lhe dará um escorpião? Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir!” (Lucas 11:11-13). Davi sabia muito bem o que era cair, confessar o pecado, e ser restaurado. No Salmo 86 ele diz:
“Inclina os teus ouvidos, ó Senhor, e responde-me, pois sou pobre e necessitado… Tu és bondoso e perdoador, Senhor, rico em graça para com todos os que te invocam. Escuta a minha oração, Senhor; atenta para a minha súplica! No dia da minha angústia clamarei a ti, pois tu me responderás… Tu, Senhor, és Deus compassivo e misericordioso, muito paciente, rico em amor e em fidelidade” (Sl 86). E Deus pode ser misericordioso, porque já julgou o pecado com justiça quando derramou todo o castigo sobre o seu Filho na cruz. A provisão para sermos salvos do juízo já foi feita e pode ter certeza de que se você pedir por salvação Deus lhe atenderá.
Mas o que significa pedir pelo Espírito Santo? Veja nos próximos 3 minutos.
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Pedir o Espírito Santo
No versículo 13 de Lucas 11, Jesus diz: “Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir!”. Para entendermos o que significa pedir o Espírito Santo precisamos antes entender um princípio fundamental de interpretação bíblica. O fato de Deus dizer algo em sua Palavra nem sempre significa que esteja dizendo a você. Se você costuma abrir a Bíblia a esmo e acha que o primeiro versículo que vê é uma ordem direta de Deus para você, cuidado para não fazer bobagem quando a passagem disser: “[Judas] foi e enforcou-se” (Mt 27:5).
Existem passagens que são ditas a Israel e existe a doutrina dos apóstolos dada à igreja nas epístolas. Há ordens dadas no Antigo Testamento para determinadas pessoas, que hoje nos servem de alento, mas que não foram dirigidas diretamente a nós. Existem também experiências pessoais de servos de Deus que nada têm a ver conosco. Portanto, quando ler algo, pergunte: A quem Deus disse? Quando Deus disse? Em que circunstâncias? O que veio antes? O que vem depois?
Se aplicarmos este princípio aqui, veremos que Jesus está dizendo isto aos discípulos que ainda não têm o Espírito Santo habitando neles. Em João 7:39 diz que “Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado”. Portanto temos aqui um grupo de pessoas que, apesar de terem o Espírito Santo com eles, ainda não desfrutam do Espírito habitando neles. É normal que Jesus lhes dissesse para pedir o Espírito Santo, o que eles efetivamente passariam a fazer até o dia de Pentecostes, quando o Espírito veio habitar neste mundo — no crente individualmente e na igreja coletivamente.
Logo após a ressurreição Jesus diria aos discípulos em Lucas 24:49: “Eu lhes envio a promessa de meu Pai; mas fiquem na cidade até serem revestidos do poder do alto”, e minutos antes de sua ascensão aos céus, ele prometeria, em Atos 1:8: “[Vocês] receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês”. Então, no capítulo 2 de Atos, lemos que “chegando o dia de Pentecoste, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava” (At 2:1-4).
Ao fundar a igreja Deus desfazia a confusão de línguas que começou em Babel, quando os homens quiseram construir uma torre que alcançasse o céu para perpetuarem seu nome na terra. Em Atos 2 Deus estava formando o corpo de Cristo, um povo que, apesar das diferenças linguísticas, deveria se entender como se todos falassem um mesmo idioma. Só então aqueles discípulos receberiam o Espírito Santo para habitar neles. E hoje, quando é que alguém recebe o Espírito Santo? A resposta nós veremos nos próximos 3 minutos.
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Ouvir, crer e ser selado
A passagem em Efésios 1:13 é categórica: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória”. Hoje uma pessoa convertida a Cristo não precisa pedir pelo Espírito Santo, pois sua vinda para habitar no novo convertido é automática.
Em Efésios Deus enxerga o cristão com tudo resolvido. No capítulo 1 ele foi abençoado “com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (v. 3); foi escolhido em Cristo “antes da fundação do mundo” para ser santo e irrepreensível (v. 4); foi predestinado para ser filho por adoção (v. 5); já possui a redenção por meio do sangue e o perdão dos pecados (v. 7); tem revelado para si o mistério da vontade de Deus (v. 9) e foi selado com o Espírito Santo depois de ouvir e crer na palavra da verdade (v. 13).
O capítulo 2 de Efésios continua explicando que o crente tem vida juntamente com Cristo (v. 5); está ressuscitado com Cristo e assentado nas regiões celestiais (v. 6); foi salvo pela graça, por meio da fé (v. 8); tem acesso ao Pai (v. 18); é membro da família de Deus (v. 19) e é morada do Espírito Santo, coletiva e individualmente. Já que o crente em Jesus possui, não só o Espírito Santo, mas todo um pacote de benefícios e privilégios, não faria muito sentido ele orar por algo que já recebeu, não é mesmo? Além disso, em Romanos 8:9 diz que “se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo”.
Isto mostra que, na atual dispensação, uma pessoa é considerada pronta para o céu depois que ouviu o Evangelho, creu em Jesus e foi selada com o Espírito Santo. Mas quando analisamos outras passagens dos Evangelhos e das epístolas percebemos que a divisão no versículo 13 de Efésios não é sem um propósito. Ali diz que ouviram, creram e foram selados, indicando assim três momentos bem definidos da salvação, ainda que possam ocorrer simultaneamente. Esta é uma verdade pouco compreendida na cristandade, principalmente por aqueles que acreditam ser possível ao homem crer em Cristo sem um empurrão de Deus.
Para que alguém creia em Cristo é preciso que antes tenha recebido vida espiritual vinda de Deus. Quem está espiritualmente morto não sente o peso de seus pecados e não tem qualquer motivação para buscar a Deus. É isto que Jesus chama de nascer de novo em sua conversa com Nicodemos no capítulo 3 de João. O novo nascimento se dá quando o Espírito de Deus aplica a água da Palavra de Deus em uma alma gerando vida. Assim que recebe vida, o pecador passa a se interessar pelas coisas de Deus, ao mesmo tempo em que é incomodado por seu pecado e aterrorizado pelo juízo. É este o estado de Cornélio, no capítulo 10 de Atos. Mas quem é Cornélio? É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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Cornélio
Em Atos capítulo 10 você encontra Cornélio, um centurião romano convertido ao judaísmo. Mas ele não é um mero religioso e nem recebeu a Palavra de Deus só intelectualmente, como os fariseus de outrora ou alguns teólogos atuais. A água da Palavra de Deus foi aplicada em Cornélio pelo Espírito de Deus, por isso ele possui vida espiritual. Cornélio é nascido de novo, porém não salvo.
Mas como posso afirmar que ele é nascido de novo? Porque a nova vida que traz em si o leva a buscar a Deus e a fazer coisas que agradam a Deus. Veja o que diz Atos 10:1-4: “Ele e toda a sua família eram piedosos e tementes a Deus; dava muitas esmolas ao povo e orava continuamente a Deus… suas orações e esmolas subiram como oferta memorial diante de Deus”. Agora compare com Romanos 3:10-11: “Não há um justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus… não há ninguém que faça o bem”.
Percebe o contraste? Romanos fala de alguém em sua condição natural de pecador arruinado: não entende, não busca a Deus e não faz o bem. Atos fala de alguém nascido de novo, com a nova vida que o Espírito de Deus injeta numa pessoa ao aplicar nela a Palavra de Deus, mesmo que no caso de Cornélio tenha sido apenas o Antigo Testamento. Ele busca e teme a Deus, e o bem que faz é reconhecido por Deus. Mesmo assim Cornélio ainda não está salvo, pois precisa encontrar-se com Pedro para escutar as boas novas de salvação.
Enquanto um anjo aparece a Cornélio exortando-o a se encontrar com Pedro, o Senhor prepara Pedro para encontrar-se com Cornélio. O livro de Atos descreve um momento de transição e Pedro ainda não sabe o que é o corpo de Cristo, a igreja, formada de judeus e gentios. Esta verdade só seria revelada a Paulo. Pedro é judeu, e para um judeu os gentios são uma classe impura e inferior. Por isso o Senhor diz três vezes a ele: “Não chame impuro ao que Deus purificou” (At 10:15). Agora Pedro está preparado, não só para pregar as boas novas do Evangelho ao gentio Cornélio, como também para reconhecer que Deus irá recebê-lo.
E é o que acontece do versículo 34 ao 43 de Atos 10. No final da mensagem Cornélio e os que o acompanham creem em Jesus, depois de escutarem que ele morreu e ressuscitou, e que “todo aquele que nele crê recebe o perdão dos pecados mediante o seu nome” (At 10:42-43). Pedro ainda está falando quando o Espírito Santo desce sobre os que ouvem a mensagem, demonstrando que não só creram como foram ali selados com o Espírito Santo. Esta é a ordem: nascer de novo, crer em Jesus e ser selado com o Espírito. Mas será que alguém pode parar na metade do processo? Não, porque Deus não faz nada pela metade. “Aquele que começou boa obra em vocês, vai completá-la até o dia de Cristo Jesus” (Fp 1:6).
Nos próximos 3 minutos voltaremos ao capítulo 11 de Lucas para encontrar Jesus expulsando um demônio.
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Difamando a Palavra de Deus
“Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo falou, e a multidão ficou admirada. Mas alguns deles disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios’. Outros o punham à prova, pedindo-lhe um sinal do céu” (Lucas 11:14-16). Enquanto alguns dentre o povo são categóricos em afirmar que o poder de Jesus vem do diabo, outros exigem que ele faça um sinal do céu para provar a origem de seu poder.
A resposta para os que o acusam de ser energizado por Satanás vai do versículo 17 ao 26 deste capítulo 11 de Lucas. Jesus demonstra o absurdo que seria o diabo agir contra si mesmo. Aos que pedem que ele faça um sinal do céu Jesus responde no versículo 29: “Esta é uma geração perversa. Ela pede um sinal miraculoso, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas” (Lucas 11:29).
A reação do povo revela um comportamento encontrado também entre cristãos, que é o de difamar aquilo que não conseguem compreender ou não querem aceitar. Quer um exemplo? Você já deve ter ouvido cristãos chamarem Paulo de machista ou solteirão frustrado quando leem, no capítulo 14 de 1 Coríntios, o que o Espírito Santo ensina sobre os limites da atuação das mulheres nas reuniões da igreja. Mas no mesmo capítulo a ordem para as mulheres ficarem caladas nas igrejas termina assim: “Se alguém pensa que é profeta ou espiritual, reconheça que o que lhes estou escrevendo é mandamento do Senhor” (1 Co 14:37).
Alguns também insinuam que não devemos nos prender aos detalhes da Bíblia, alegando que são esses detalhes que causam divisão entre os crentes. Sem perceber difamam o Espírito de Deus que decidiu incluir esses detalhes em sua revelação, refutando as Escrituras por elas terem sido mal utilizadas pelos homens. No interior de São Paulo, onde eu moro, costumamos dizer que pessoas que agem assim “matam a vaca para acabar com o carrapato”.
Com isso a Bíblia vai sendo transformada em um mero acessório da vida cristã, de onde se pode eventualmente extrair um ou dois versículos motivacionais. Ao invés de terem seus pensamentos formados pela Palavra de Deus, as pessoas concebem suas próprias ideias e depois procuram na Bíblia um ou dois versículos para ampará-las. O apóstolo Judas previu um tempo assim, ao mencionar em sua epístola os falsos líderes da cristandade. Ele escreveu:
“Senti que era necessário escrever-lhes insistindo que batalhassem pela fé uma vez por todas confiada aos santos. Pois certos homens, cuja condenação já estava sentenciada há muito tempo, infiltraram-se dissimuladamente no meio de vocês. Estes são ímpios” (Jd 1:3-4). Mas como identificar estes apóstatas, que “difamam tudo o que não entendem” (Jd 1:10)? E como essa influência maligna acabou se misturando com o povo de Deus? É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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As segundas epístolas
Lucas 2co 2 Ts 2 Tm 2 Pe 2 Jo Tt
Para você entender como a Palavra de Deus já previa o abandono da verdade, leia as segundas epístolas. Elas revelam a apostasia que entraria na casa de Deus e nos exorta a nos apartarmos da corrupção. Na Segunda aos Coríntios o antídoto contra o “jugo desigual”, que é a associação e contaminação com judaísmo, paganismo e mundanismo é: “Saiam do meio deles e separem-se, diz o Senhor. Não toquem em coisas impuras, e eu os receberei” (2 Co 6:17).
Na Segunda carta aos Tessalonicenses alguns distorciam o que Paulo havia ensinado na primeira epístola sobre a vinda do Senhor para buscar sua igreja. Estes alarmavam os irmãos dizendo que o período de tribulação já tinha chegado, enquanto outros paravam de trabalhar para viver à custa dos irmãos. A exortação é: “Se afastem de todo irmão que vive ociosamente e não conforme a tradição que receberam de nós” (2Ts 3:6). Entenda como “tradição” os costumes ensinados pelos apóstolos, que alguns consideram detalhes insignificantes da Bíblia.
A Segunda epístola a Timóteo trata dos ensinos e doutrinas errôneas, e nela a exortação é para não ficarmos preocupados com quem é ou não de Cristo, pois “o Senhor conhece quem lhe pertence”. A ordem também não é para tentarmos consertar o que está errado, e sim “afaste-se da iniquidade todo aquele que confessa o nome do Senhor” (2Tm 2:19). Na Segunda Epístola de Pedro você encontra o abandono da piedade na vida prática e o alerta para nos separarmos de pessoas que não andam segundo a verdade. Ali diz: “Guardem-se para que não sejam levados pelo engano dos homens abomináveis, nem percam a sua firmeza e caiam” (2 Pe 3:17).
Finalmente, na Segunda Epístola de João o assunto é o erro doutrinário relacionado à Pessoa de Cristo. O tratamento ali é drástico: “Todo aquele que não permanece no ensino de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus; quem permanece no ensino tem o Pai e também o Filho. Se alguém chegar a vocês e não trouxer esse ensino, não o recebam em casa nem o saúdem. Pois quem o saúda torna-se participante das suas obras malignas” (2 Jo 1:11).
Digno de nota é também o que o apóstolo Paulo escreve em sua última epístola a Timóteo, pouco tempo antes de ser martirizado: “Todos me abandonaram” (2Tm 4:16). Seria isto um indício de que nos últimos dias a doutrina dada pelo Espírito a Paulo — a saber, a doutrina das coisas relativas à igreja — seria a mais atacada? Sim, e não é preciso muito conhecimento da Palavra para perceber que o que hoje é chamado de “igreja” não passa de uma triste caricatura do que Paulo ensinou.
A epístola de Judas não é uma segunda epístola, mas nas edições modernas da Bíblia ela vem antes de Apocalipse, que relata o fim. Ela nos ajuda a entender o caráter dos homens apóstatas que precedem o aparecimento do verdadeiro anticristo, e é desses homens que falaremos nos próximos 3 minutos.
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Detector de lobos
Quando Paulo se despediu dos irmãos de Éfeso, em Atos 20, ele os deixou avisados do que deviam fazer depois que não pudessem contar com a ajuda pessoal do apóstolo: deveriam recorrer a Deus e à Palavra de sua graça. Ele disse: “Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir a cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas. Agora, eu os entrego a Deus e à Palavra da sua graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados” (At 20:29-32).
Hoje não temos mais os apóstolos, portanto é a Deus e à Palavra que devemos recorrer se quisermos identificar essas duas classes de pessoas: os lobos, que vem de fora, e aqueles dentre nós que querem arrebanhar discípulos. A carta de Judas é um excelente detector de lobos e hereges. Os primeiros querem destruir o rebanho alimentando-se das ovelhas, e os outros buscam discípulos para terem a primazia entre os irmãos. Judas diz que eles infiltram-se “dissimuladamente no meio de vocês… são ímpios, e transformam a graça de nosso Deus em libertinagem e negam Jesus Cristo, nosso único Soberano e Senhor” (Jd 1:4).
Estes também “rejeitam as autoridades e difamam os seres celestiais”. Nos evangelhos o único que vemos repreendendo Satanás e os demônios é Jesus. Apesar dos discípulos expulsarem demônios, eles jamais repreendiam Satanás, e “Nem mesmo o arcanjo Miguel, quando estava disputando com o diabo acerca do corpo de Moisés, ousou fazer acusação injuriosa contra ele, mas disse: ‘O Senhor o repreenda!’” (Jd 1:8-9). Ao crente é dito para resistir ao diabo, não para repreendê-lo. A prepotência e arrogância no tratamento com as potestades celestiais é um indício para você identificar os falsos obreiros, aqueles que “difamam tudo o que não entendem; e as coisas que entendem por instinto, como animais irracionais, nessas mesmas coisas se corrompem” (Jd 1:10).
Mas Judas não para aí: sua carta dá três características desses homens ímpios vestidos em pele de cordeiro: “Seguiram o caminho de Caim… caíram no erro de Balaão e foram destruídos na rebelião de Corá” (Jd 1:11). Mas o que é uma pessoa que segue o caminho de Caim? É aquele que rejeita a salvação com base apenas no sacrifício do Cordeiro. Caim achou que Deus o aceitaria por causa do fruto do seu trabalho. Você já ouviu algum pregador dizer que é preciso ofertar o fruto do seu trabalho para receber a salvação? Então você ouviu Caim pregando.
Nos próximos 3 minutos Judas ensina como detectar Balaão e Corá.
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Balaão e Corá
Se a expressão “o caminho de Caim” nos fala de buscar o favor divino por meio do fruto de nosso trabalho, “o erro de Balaão” está ligado à ganância. Balaão se fazia passar por profeta de Deus para enriquecer. Se você já viu algum pregador assim então já teve um encontro com Balaão. Nos capítulos 22 ao 24 do livro de Números você lê a triste história desse mercenário religioso que se prostituía para profetizar mediante pagamento.
Por cinco vezes o rei Balaque tentou fazer com que Balaão amaldiçoasse Israel, o que o falso profeta estava muito disposto a fazer em troca da riqueza prometida. Mas Deus o impediu. Por fim Deus permitiu que ele seguisse a própria vontade, para ruína do falso profeta e bênção para Israel. De sua própria boca Balaão ouviu sair bênção para o povo de Deus e juízo para si, ao afirmar que veria o Messias de Israel, mas de longe, indicando assim seu destino separado de Deus. Ele disse: “Eu o verei, mas não agora; eu o avistarei, mas não de perto” (Nm 24:17).
Mais tarde, no capítulo 25 de Números, Balaão teria sucesso em corromper o povo de Deus levando os israelitas a caírem em idolatria depois de terem relações sexuais com mulheres pagãs. Idolatria é confiar no poder de pessoas e objetos, ao invés de confiar unicamente em Deus. Se você já viu algum pregador dizer que você só será abençoado por ele próprio ou se frequentar sua igreja e adquirir amuletos como azeite do Jardim das Oliveiras, pétalas da rosa de Saron, água do Rio Jordão ou lenços ungidos, então você já viu Balaão.
Depois do “caminho de Caim” e do “erro de Balaão”, Judas nos dá mais uma dica de como detectarmos os lobos e hereges que querem se alimentar das ovelhas ou fazer discípulos. Ele fala da “rebelião de Corá” (Jd 1:11). Ao ler o capítulo 16 de Números você encontra Corá, com Datã e Abirão, questionando a liderança de Moisés e o sacerdócio de Aarão. Sua intenção parecia ser “democratizar” o culto a Deus, mas ele queria mesmo era usurpar o lugar de autoridade e intercessão sacerdotal instituído por Deus, tornando-se um intermediário não autorizado entre Deus e os homens. Hoje não temos Moisés para nos guiar ou Aarão para interceder por nós. Temos a Cristo, e qualquer homem que se coloque como intermediário entre Deus e os homens está agindo como Corá.
A principal característica da apostasia é a exaltação do homem, e não é difícil encontrarmos líderes cristãos elevados à condição de semideuses, cativando multidões e sendo venerados por elas. Eles estão pavimentando o caminho para o anticristo, “o homem do pecado”, aquele que “se exalta acima de tudo o que se chama Deus ou é objeto de adoração” (2Ts 2:3-4).
Mas por que tanta gente se deixa levar por homens assim? A resposta está nos próximos 3 minutos.
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A origem do engano
Por que tanta gente é enganada pelos falsos profetas e mestres da cristandade? Uma razão é a proliferação dos chamados “testemunhos”. Alguns deixam de ler a Palavra de Deus para seguirem testemunhos de homens. Basta alguém contar uma bênção que recebeu, e imediatamente sua experiência é aceita como verdade. Ao mesmo tempo revelações, sonhos e sensações são mais valorizados do que a própria Palavra de Deus. Enquanto alguns parecem ter uma conexão banda larga com o céu, outros vivem frustrados por não sentirem coisa alguma.
Embora Deus possa, através do Espírito, trazer ao coração de uma pessoa a direção de como agir em uma determinada situação, esta é a exceção, não a regra da vida cristã. Muitos que se deixam levar por essas coisas acabam dependentes de falsos profetas e incapazes de ter uma vida normal sem alguma mensagem vinda do além. Hoje o velho horóscopo do jornal ganhou os púlpitos.
A carta aos Hebreus diz que “há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas, mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho” (Hb 1:1-2). Jesus ressuscitou, subiu aos céus e deu os dons, designando “alguns para apóstolos, outros para profetas” (Ef 4:11). Deus não mais revela a sua Palavra como fazia a Israel, e nem como a revelou aos apóstolos. Estes lançaram os fundamentos da igreja, tendo Paulo recebido a missão de completar a Palavra de Deus, como ele explica em Colossenses 1:25. Hoje Deus usa os dons de “evangelistas, pastores e mestres” para ministrar aquilo que já está revelado nas escrituras e nas epístolas dos apóstolos.
Apegar-se à Bíblia, a Palavra de Deus, é a salvaguarda para você não ser enganado pelas duas principais tendências que levam os cristãos a se desviarem dela. O apóstolo nos fala delas no capítulo 2 de sua carta aos Colossenses, a saber, o misticismo e o asceticismo, às vezes mesclados com legalismo. Aos mais místicos, que se deixam impressionar por sonhos, visões e revelações, Paulo alerta: “Não permitam que ninguém, que tenha prazer numa falsa humildade e na adoração de anjos, os impeça de alcançar o prêmio. Tal pessoa conta detalhadamente suas visões, e sua mente carnal a torna orgulhosa” (Cl 2:18).
Aos ascéticos e legalistas ele diz: “Já que vocês morreram com Cristo para os princípios elementares deste mundo, por que é que vocês, então, como se ainda pertencessem a ele, se submetem a regras: ‘Não manuseie!’ ‘Não prove!’ ‘Não toque!’? Todas essas coisas estão destinadas a perecer pelo uso, pois se baseiam em mandamentos e ensinos humanos. Essas regras têm, de fato, aparência de sabedoria, com sua pretensa religiosidade, falsa humildade e severidade com o corpo, mas não têm valor algum para refrear os impulsos da carne” Cl 2:18-23).
Não se iluda: o homem carnal é extremamente religioso. Nos próximos 3 minutos voltaremos ao Evangelho de Lucas.
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Se opondo à graça
Satanás sempre está por detrás de quem se opõe a Jesus. A oposição no capítulo 11 de Lucas surge quando “Jesus estava expulsando um demônio que era mudo. Quando o demônio saiu, o mudo falou, e a multidão ficou admirada. Mas alguns deles disseram: ‘É por Belzebu, o príncipe dos demônios, que ele expulsa demônios’. Outros o punham à prova, pedindo-lhe um sinal do céu” (Lucas 11:14-17).
O homem acaba de ser liberto de um demônio que o deixava mudo, e mesmo assim eles duvidam de Jesus, que vinha ensinando a Palavra de Deus e dando provas de ser ele o Salvador do mundo. E ainda pedem um sinal. Estes são dois aspectos do trabalho de Satanás: criar obstáculos à graça, dando pouco valor a Jesus e à sua Palavra, e colocar grande importância nos sinais. A oposição à graça ocorre quando alguém ensina que existe alguma condição para você receber o perdão de seus pecados. O homem possesso nada podia fazer, nem pedir socorro, pois era mudo. Ele dependia totalmente de Jesus para libertá-lo.
Deus pode agora agir em graça porque Jesus morreu recebendo sobre o seu corpo os pecados de todos os que nele creem e o juízo divino que esses pecados mereciam. Ao morrer, ele cumpriu todas as condições para que você tivesse sua dívida completamente quitada. Se você crê em Jesus como seu Salvador, nada ficou para você fazer e nenhum pecado para ser pago. William Fereday, um britânico que viveu no século 19 e buscava ter paz com Deus, conta o que aconteceu ao ser abordado por um homem após uma reunião de estudo bíblico.
“Colocando sua mão em meu ombro, ele perguntou: ‘Você sabe que é um pecador?’ Respondi que sim, e sentia profundamente. Afinal, as Escrituras dizem que ‘todos pecaram e estão destituídos da glória de Deus’ (Rm 3:23). Sua próxima pergunta foi: ‘Você crê que Cristo morreu pelos pecadores?’. Respondi que não tinha dúvidas quanto a isto. Romanos 5:8 nos assegura que ‘Cristo morreu por nós quando ainda éramos pecadores’. Ele disse: ‘Então certamente ele morreu por você’, e depois me perguntou: ‘Onde Cristo está agora?’. Respondi: ‘No céu’. ‘Muito bem’, disse ele, ‘e se Cristo está no céu, onde estão os seus pecados que estavam sobre o corpo dele lá no madeiro?’. Aquele era um pensamento novo para mim, então ele explicou assim: ‘Se Cristo se fez culpado pelos pecados que você cometeu, ele não poderia estar hoje no céu se continuasse levando ainda que fosse apenas um de seus pecados. Porém, já que não há dúvidas de que ele está assentado à destra de Deus, que prova mais clara você espera ter de que ele resolveu de uma vez para sempre a questão de seus pecados na cruz do Calvário?’”
William Fereday conclui sua história dizendo que naquele momento toda dificuldade desapareceu e ele passou a ter a certeza de estar salvo. Daí em diante teve paz com Deus.
Nos próximos 3 minutos saiba por que o diabo dá tanta importância aos sinais.
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Sinais e maravilhas
Em nosso capítulo 11 de Lucas vimos que o pedido dos céticos para que Jesus lhes desse um sinal do céu fazia parte da estratégia de Satanás para confundir os que se admiravam com a libertação operada por Jesus. Eles argumentavam que Jesus expulsava demônios pelo poder de Belzebu, o príncipe dos demônios, quando na verdade era pelo poder do Espírito Santo que o Senhor fazia todas as coisas.
Por dizerem que Jesus estava possesso eles seriam privados da salvação, como ele explica no Evangelho de Marcos: “‘Eu lhes asseguro que todos os pecados e blasfêmias dos homens lhes serão perdoados, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca terá perdão: é culpado de pecado eterno’. Jesus falou isso porque eles estavam dizendo: ‘Ele está com um espírito imundo’” (Mc 3:28-30).
Hoje é impossível alguém blasfemar contra o Espírito Santo da maneira prevista aqui. Somente alguém que vivesse naquela época e lugar poderia afirmar que Jesus estava fazendo seus milagres pelo poder do diabo. Mas hoje é possível alguém privar-se da salvação por rejeitar o Salvador. Afinal, se alguém rejeita Aquele que morreu no lugar do pecador, como espera receber o perdão?
Eles pedem a Jesus um sinal do céu. A Bíblia fala de muitos sinais, milagres e maravilhas, alguns vindos de Deus, outros do diabo. Satanás pode usar pessoas, como os magos de Faraó, para imitarem os sinais de Deus, ou fazer seus sinais diretamente, como fez na tentação no deserto quando levou Jesus “a um lugar alto e mostrou-lhe num relance todos os reinos do mundo” (Lucas 4:5). Portanto o sinal em si não é garantia de que seja Deus agindo. Ao contrário, o diabo quer que as pessoas fiquem viciadas e dependentes de sinais, pois assim estarão preparadas para a vinda do anticristo.
“A vinda desse perverso é segundo a ação de Satanás, com todo o poder, com sinais e com maravilhas enganadoras. Ele fará uso de todas as formas de engano da injustiça para os que estão perecendo, porquanto rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar” (2 Ts 2:9-10). Em Apocalipse diz que o anticristo fará “grandes sinais, chegando a fazer descer fogo do céu à terra, à vista dos homens” e por causa dos sinais ele enganará os habitantes da terra (Ap 13:13-14).
Mas existe um sinal que o diabo não faz: dar vida eterna a uma alma morta em seus pecados. Este é o maior de todos os milagres, pois seus efeitos são eternos. As pessoas alimentadas, curadas ou ressuscitadas de forma milagrosa por Jesus nos evangelhos depois tiveram fome, adoeceram e morreram. Portanto se você quer se ocupar com sinais e milagres, ocupe-se com o melhor deles: a salvação, sua e das pessoas que o cercam. Alimente-as com o Pão da vida que é Jesus e ajude-as a encontrar nele a cura de seus pecados e a ressurreição para a vida.
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de uma casa dividida.
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O forte e o mais forte
Jesus afirma que “todo reino dividido contra si mesmo será arruinado, e uma casa dividida contra si mesma cairá. Se Satanás está dividido contra si mesmo, como o seu reino pode subsistir? Se eu expulso demônios por Belzebu, por quem os expulsam os filhos de vocês? Por isso eles mesmos estarão como juízes sobre vocês” (Lucas 11:18-19). Expulsar demônios não era uma prática desconhecida dos judeus, e havia em Israel exorcistas que bem sabiam que Satanás não podia lutar consigo mesmo, ou seu reino não subsistiria.
A vinda do Filho de Deus causou um reboliço na esfera espiritual, tirando o sossego de Satanás, seus anjos e demônios. O Rei prometido de Israel tinha chegado cumprindo cada profecia feita a respeito dele pelos antigos profetas. Apesar de o povo não o reconhecer, os demônios sabiam quem ele era, só não o esperavam tão cedo. Por isso em Mateus 8:29 a legião de demônios que atormentava os gadarenos possessos exclamou: “Que queres conosco, Filho de Deus? Vieste aqui para nos atormentar antes do devido tempo?” (Mt 8:29).
Aqui Jesus fala de dois reinos: o reino de Satanás e o Reino de Deus. Ele diz: “Se é pelo dedo de Deus que eu expulso demônios, então chegou a vocês o Reino de Deus” (Lucas 11:20). O Reino havia chegado na Pessoa de Jesus e representava o começo do fim para Satanás. A semente da mulher, prometida no Éden para esmagar a cabeça da serpente, vinha reclamar seus domínios. Jesus fala em parábola: “Quando um homem forte, bem armado, guarda sua casa, seus bens estão seguros. Mas quando alguém mais forte o ataca e vence, tira-lhe a armadura em que confiava e divide os despojos” (Lucas 11:21-22).
Até aquele momento Satanás, o “homem forte”, tinha agido com relativa liberdade, aprisionando as almas nas trevas. Porém, um mais forte do que ele havia chegado para vencê-lo. Grande parte da batalha não seria vista por olhos humanos e a cruz iria parecer uma derrota para o Filho de Deus. Mas seria ali que Satanás receberia o golpe mortal. A partir daí o diabo tenta desesperadamente arrastar consigo o máximo de pessoas. “Ele está cheio de fúria, pois sabe que lhe resta pouco tempo” (Ap 12:12). Paulo escreve aos cristãos da igreja em Colossos:
“Quando vocês estavam mortos em pecados e na incircuncisão da sua carne, Deus os vivificou juntamente com Cristo. Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz, e, tendo despojado os poderes e as autoridades [ou seja, os demônios e anjos caídos], fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz… Pois ele [Cristo] nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado, em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados” (Cl 2:13-15; 1:13-14).
Nos próximos 3 minutos você deve decidir de que lado está.
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Você é a favor ou contra?
Jesus diz: “Aquele que não está comigo é contra mim, e aquele que comigo não ajunta, espalha” (Lucas 11:23). No trânsito você pode ser aquele que flui com o tráfego ou o que está parado bloqueando tudo, ou ainda o que trafega na contra mão. Mas neutro você não é. Seu posicionamento tem um efeito sobre você e sobre os que o cercam. Assim é também em relação a Cristo. É impossível ser neutro. Se você não está com ele, está contra ele; se não ajunta, espalha.
Você pode até dizer que já tem uma religião e não tem nada a ver com Satanás. Mas o fato de ainda não ter a salvação e o perdão dos pecados pela fé em Jesus faz com que permaneça na mesma posição de todo pecador não redimido, ou seja, sob o domínio das trevas. Saulo era um judeu muito religioso, mas veja o que Jesus lhe falou no caminho para Damasco, quando foi levado a se converter:
“Sou Jesus, a quem você está perseguindo. Agora, levante-se, fique de pé. Eu lhe apareci para constituí-lo servo e testemunha do que você viu a meu respeito e do que lhe mostrarei. Eu o livrarei do seu próprio povo e dos gentios, aos quais eu o envio para abrir-lhes os olhos e convertê-los das trevas para a luz, e do poder de Satanás para Deus, a fim de que recebam o perdão dos pecados e herança entre os que são santificados pela fé em mim” (At 26:15-18).
Talvez você seja um cristão verdadeiramente convertido, porém ao convidar pessoas para pertencerem à sua denominação não percebe que está cumprindo a segunda parte das palavras de Jesus: “Aquele que comigo não ajunta, espalha” (Lucas 11:23). Ajuntar com Cristo é o desejo de Deus. Espalhar é o trabalho do diabo. João 10:12 diz que “o lobo ataca o rebanho e o dispersa” e em Atos 20:29-30 Paulo avisa: “Depois da minha partida lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos”.
No Antigo Testamento Deus designou um só lugar para Israel oferecer sacrifícios e adorar: “O local que o Senhor, o seu Deus, escolher para pôr o seu Nome” é repetido três vezes em Deuteronômio 12. Hoje Jerusalém já não é o lugar e Deus está buscando por adoradores que o adorem em espírito e verdade. Mas uma coisa permanece, o Nome que é o polo de atração e reunião. Hoje sabemos que Nome é esse, o único que deveria identificar um cristão e o único ao qual é possível juntar para não espalhar. Jesus prometeu: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18:20), e Paulo explicou: “Nós, sendo muitos, somos um só pão e um só corpo” (1 Co 10:17).
Você procura ajuntar as pessoas ao nome de Jesus ou as espalha pelas denominações que os homens criaram?
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Casa vazia e arrumada
Jesus diz, a respeito de Israel: “Quando um espírito imundo sai de um homem, passa por lugares áridos procurando descanso, e não o encontrando, diz: ‘Voltarei para a casa de onde saí’. Quando chega, encontra a casa varrida e em ordem. Então vai e traz outros sete espíritos piores do que ele, e entrando passam a viver ali. E o estado final daquele homem torna-se pior do que o primeiro” (Lucas 11:24-26). Em boa parte do Antigo Testamento você encontra Israel imerso em idolatria. Até mesmo Salomão acabou unindo-se a mulheres pagãs e o povo adotou seus costumes idólatras. Mais tarde o reino se dividiu e as dez tribos que ficaram fora do lugar que Deus havia estabelecido para colocar o seu nome mergulharam na idolatria e acabaram cativas do inimigo.
Mas as tribos de Judá e Benjamim, que permaneceram em Jerusalém e das quais descendem os que hoje conhecemos por judeus, não ficaram atrás em termos de idolatria. Diversas vezes vemos Deus repreendendo o seu povo por causa da idolatria, salvo em breves períodos quando algum rei fazia uma faxina parcial, eliminando ídolos e lugares de adoração que os homens criavam fora do lugar determinado por Deus. Então, ao chegarmos aos evangelhos, vemos o povo judeu livre de idolatria e zeloso em guardar a Lei. O que podia haver de errado nisso? O próprio Jesus diz no evangelho de Mateus:
“Ai de vocês, mestres da lei e fariseus, hipócritas! Vocês dão o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas têm negligenciado os preceitos mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade… Vocês limpam o exterior do copo e do prato, mas por dentro eles estão cheios de ganância e cobiça… Vocês são como sepulcros caiados: bonitos por fora, mas por dentro estão cheios de ossos e de todo tipo de imundície. Assim são vocês: por fora parecem justos ao povo, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e maldade” (Mt 23:23-28). E Deus, por meio do profeta Isaías, já dizia: “Não posso suportar iniquidade associada ao ajuntamento solene” (Is 1:13).
Os judeus haviam se tornado uma “casa varrida e em ordem”, mas estavam tão orgulhosos de si mesmos que expulsaram o próprio Senhor, o único que deveria ocupar tal “casa”. Satanás aproveitará a casa vazia para invadi-la com “sete espíritos piores” do que o que havia no Israel idólatra do Antigo Testamento. Nos sete anos de tribulação que se seguirão ao arrebatamento da igreja, Israel acolherá uma idolatria pior do que a do passado, ao crer na mentira do anticristo. A última condição desse judaísmo reformado será muito pior do que a primeira.
Esta verdade não é diferente para muitos hoje que seguem alguma forma de religião vazia de Cristo e cheia de justiça própria, ainda que livre de idolatria, como é o judaísmo atual. No futuro a própria cristandade será a grande aliada do anticristo, mas deixaremos para falar disto nos próximos 3 minutos.
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As cartas proféticas
Apocalipse 2 e 3
Assim como encontramos nos evangelhos os judeus zelosos de sua religião, porém vazios de Cristo, a história da cristandade evoluiu no mesmo sentido e esse declínio aparece nas cartas às sete igrejas de Apocalipse. Para entender o que vou dizer é preciso que você leia atentamente os três primeiros capítulos de Apocalipse e repare nas três divisões apontadas na ordem dada por Jesus a João no capítulo 1, versículo 19: “Escreva as coisas que você viu, e as que são, e as que depois destas hão de acontecer”.
“As coisas que você viu” são a própria visão que João teve, de Jesus aparecendo a ele. As coisas “que são” referem-se ao período ao qual João pertencia, o mesmo que nós pertencemos, ou seja, o período da igreja descrito nos capítulos 2 e 3 de Apocalipse. As coisas “que depois destas hão de acontecer” são futuras ao período da igreja, e isto é mostrado na ordem dada a João no capítulo 4, versículo 1: “Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas”. Nos capítulos 2 e 3 você encontra um resumo da história da cristandade. Na época de João a maior parte ainda era profética, mas hoje quase tudo é passado.
A carta à igreja de Éfeso revela um estado de apatia da igreja por ter deixado seu primeiro amor, Jesus. Cronologicamente ela representa a igreja do primeiro século, e seus desvios já apareciam nas epístolas da época. A carta a Esmirna mostra que ela não recebeu reprovação, mas consolo por ter sido perseguida. Ela representa o período do primeiro ao quarto séculos, quando os cristãos foram duramente perseguidos e martirizados pelos imperadores romanos.
Então vem a carta à igreja de Pérgamo, que fala da cristandade comprometendo-se com as instituições seculares e colocando-se à sombra do poder. Os cristãos se acomodaram ao mundo e passaram a habitar onde está o trono de seu príncipe, Satanás. Ali já vemos pessoas com o espírito de Balaão, buscando lucrar com as coisas de Deus e levando o povo a tropeçar na idolatria. Surge a doutrina dos nicolaítas, um embrião do clericalismo. Pérgamo representa o quarto e quinto séculos, quando o imperador Constantino fez do cristianismo a religião do império, oficializou o clero e tornando Roma a cidade referência dos cristãos.
Éfeso, Esmirna e Pérgamo passariam e suas características ficariam apenas na história do testemunho cristão neste mundo. Porém é na carta a Tiatira que Jesus faz, pela primeira vez, menção de sua vinda, ao dizer “Até que eu venha” (Ap 2:25). Nas três cartas seguintes ele diz “Virei como um ladrão”, “Venho em breve” e “Estou à porta” (Ap 3:3, 11, 20), dando a entender que estas quatro fases do testemunho cristão permaneceriam até sua vinda.
Mas que período representa a carta à igreja de Tiatira? É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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Tiatira e Sardes
Apocalipse 2 e 3
No episódio anterior vimos as cartas a Éfeso, Esmirna e Pérgamo representando, respectivamente, o abandono do primeiro amor, a época das grandes perseguições e a acomodação da igreja ao mundo, comprometendo-se com o poder secular de Roma. Seguem-se as cartas a Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia, quatro períodos bem definidos da história do testemunho cristão no mundo, com características que permaneceriam até a vinda de Jesus.
Tiatira é elogiada por ter muito amor, boas obras, fé e paciência. Porém é repreendida por promover a idolatria e se prostituir, isto é, comprometer-se com o mundo na busca de vantagens seculares. Você não precisa ser grande conhecedor de história para perceber que a descrição serve como uma luva no sistema católico romano. Tiatira também admite que uma mulher ensine, a qual é chamada de Jezabel. Foi com o catolicismo romano que se introduziu a ideia de que a igreja ensina, o que contraria a Palavra de Deus que proíbe a mulher de ensinar. A igreja é feminina, é a noiva de Cristo; ela não ensina, ela aprende. Jezabel continua viva e ativa como um sistema agindo nos bastidores do catolicismo e até os papas estão sujeitos a ela.
O período de Tiatira teve seu apogeu do sexto ao décimo quinto século, quando veio a reforma protestante. Mas nesta carta Jesus fala de sua vinda, dando a entender que este sistema permanecerá até o fim. É dele que sai o protestantismo do período seguinte, representado pela carta à igreja de Sardes. Esta é caracterizada como tendo nome de que vive, porém está morta. Apesar de ter boas coisas, acabou se afastando daquilo que recebeu e ouviu. Por não ansiar pela volta do Senhor a qualquer momento, mas acreditar que o mundo precisaria antes ser cristianizado, ela será surpreendida pela vinda do Senhor como se fosse um ladrão inesperado. Este período vai do século 16 ao 19, quando empresta alguns elementos do período seguinte, representado aqui por Filadélfia.
Filadélfia não recebe palavras de reprovação, mas de consolo e é assegurada de ter diante de si uma porta aberta. Suas características, nem sempre admiradas pelos homens, são elogiadas pelo Senhor. Ela tem pouca força, guarda a Palavra de Deus e está comprometida com o nome de Jesus. Filadélfia surge na virada do século 18 para o 19 como uma reação à tendência da cristandade de buscar força política, desconsiderar a Palavra de Deus e dar pouca importância ao nome de Jesus como o único centro de reunião. Se no período da reforma protestante Deus havia usado Sardes para resgatar a verdade da salvação pela fé, escondida debaixo de séculos de romanismo, no século 19 muitas verdades foram trazidas à tona por Filadélfia, em especial as que dizem respeito à doutrina da igreja revelada ao apóstolo Paulo. Este é o assunto dos próximos 3 minutos.
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Filadélfia
No final do século 18 a ideia da maioria dos cristãos era de que a igreja seria a continuação de Israel, depois de os judeus terem rejeitado seu Messias e Rei. Sendo assim, as promessas feitas a Israel, que incluíam uma herança terrena e prosperidade material, teriam passado a valer para a igreja. O protestantismo continuava com a mesma estratégia adotada pelo catolicismo de cristianizar o mundo e prepará-lo para a vinda do Rei Jesus. O clero e o uso de elementos do judaísmo no culto cristão continuaram entre os cristãos reformados.
No início do século 19, cristãos de diferentes denominações passaram a examinar “todos os dias as Escrituras, para ver se tudo era assim mesmo”, como tinham feito os bereanos de Atos 17:11. O Espírito Santo abriu o entendimento deles para compreenderem e resgatarem verdades há muito esquecidas, começando com a vocação celestial da igreja. Eles entenderam que as promessas feitas a Israel na antiguidade continuavam a valer para o povo terreno de Deus, enquanto a igreja, um mistério que ficara escondido dos profetas do Antigo Testamento, era algo novo que tinha suas promessas no céu, e não na terra.
Isto implicava, pela primeira vez em séculos, no reconhecimento do povo judeu como herdeiro das promessas e da terra que lhe fora destinada por Deus. Tais ideias batiam de frente com a crença e prática adotadas até então por católicos e protestantes, que historicamente perseguiram, desterraram e mataram judeus. Se você está surpreso de eu incluir o protestantismo nisto, faça uma busca por um texto de Martinho Lutero intitulado “Sobre os judeus e suas mentiras”. O resgate da verdade do lugar de Israel nas promessas de Deus teve desdobramentos significativos, como os milhares de judeus salvos da ocupação nazista por cristãos do sul da França e a própria fundação do estado de Israel em 1948.
Mas a verdade mais importante resgatada no período de Filadélfia foi entender o que é o corpo de Cristo, sua unidade e a ordem devida à casa de Deus. Os irmãos que saíam dos sistemas denominacionais passavam a congregar somente ao nome de Jesus, reconhecendo a unidade do corpo de Cristo e professando que o batismo não podia salvar e nem tornar alguém membro da igreja. A liberdade do Espírito nas reuniões também foi resgatada, só para ser depois adotada e corrompida pelo pentecostalismo que, por sinal, emprestou também outras verdades como a do arrebatamento da igreja, sem, contudo, abrir mão do clero herdado do catolicismo e de elementos do judaísmo, como templos e dízimos.
As verdades resgatadas no período de Filadélfia foram duramente atacadas e rejeitadas pela maioria dos cristãos, porém permanecem até hoje, quando toda a cristandade compartilha do mesmo estado de ruína e abandono encontrado na carta a Laodiceia, a última antes da vinda do Senhor. É disto que falaremos nos próximos 3 minutos.
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Laodiceia
Recapitulando, vimos que as sete cartas às igrejas de Apocalipse representam sete períodos do testemunho cristão na terra, quatro deles permanecendo até a vinda de Cristo. A última carta, que representa o último e atual período da cristandade, é Laodiceia, cujas características dificilmente seriam consideradas ruins aos olhos humanos. Como mandam as regras do politicamente correto, ela não é fria nem quente, mas morna, isto é, procura agradar a todos. Ela é autossuficiente e gloria-se de seus feitos, ao contrário de Filadélfia, que se mostra dependente da Palavra de Deus, exalta o nome de Jesus e é elogiada pelo Senhor, não por si mesma.
Mas os feitos de Laodiceia, que podem parecer grande coisa a quem se deixa impressionar por números e cifrões, servem apenas para causar repulsa no Senhor. Ele está a ponto de vomitá-la de sua boca. “Miserável, digno de compaixão, pobre, cego e nu” (Ap 3:17). Esta é a opinião que Jesus tem do testemunho cristão hoje no mundo. É sempre bom lembrar que, enquanto a igreja é a noiva de Cristo, formada apenas pelos verdadeiros salvos, o testemunho cristão inclui todos os que professam o nome de Jesus, verdadeiros ou falsos. Após o arrebatamento da igreja — os verdadeiros salvos — os falsos serão a Babilônia, a noiva infiel que se prostitui com os poderes do mundo e passa a perseguir o remanescente de judeus que se converterá após o arrebatamento.
Na continuação do capítulo 3 de Apocalipse você encontra Jesus do lado de fora dessa cristandade corrupta, batendo à porta em busca de comunhão individual, já que coletivamente Laodiceia é um desastre e representa os últimos dias antes da vinda da apostasia e do anticristo. O arrebatamento é tipificado logo após a carta a Laodiceia, no primeiro versículo do capítulo 4 de Apocalipse, que diz: “Depois dessas coisas olhei, e diante de mim estava uma porta aberta no céu. A voz que eu tinha ouvido no princípio, falando comigo como trombeta, disse: ‘Suba para cá, e lhe mostrarei o que deve acontecer depois dessas coisas’”.
A palavra grega Laodiceia significa “direitos do povo” e é esta a característica da cristandade dos últimos dias. Na carta aos Filipenses, Paulo já dizia que “todos buscam os seus próprios interesses e não os de Jesus Cristo” (Fp 2:21) e a resposta do Senhor à atitude prepotente e autossuficiente de Laodiceia pode ser vista na abertura da carta, quando ele diz: “Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus” (Ap 3:14). O que ele quer dizer é que toda a criação está sujeita a ele, o que põe por terra qualquer ideia de autossuficiência. Além disso, apesar do fracasso do testemunho cristão, ele continua sendo “a testemunha fiel e verdadeira”. E para encerrar qualquer discussão sobre qual opinião deve prevalecer, ele chama a si mesmo de “Amém”, ou seja, aquele que tem a palavra final.
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Felizes
Se no capítulo 11 de Lucas vimos a resistência dos judeus, acusando Jesus de estar possesso e exigindo dele um sinal, agora vemos uma forma sutil de oposição. Trata-se de uma mulher que parece estar dando todo apoio a Jesus, mas na verdade desvia a atenção das pessoas para as coisas naturais. Ela exclama em meio à multidão: “Feliz é a mulher que te deu à luz e te amamentou”. A intenção dela é boa, mas ao dizer isto ela não exalta a Cristo, e sim a Maria, sua mãe.
Jesus não se opõe ao que ela diz, pois Deus escolheu Maria para o Espírito Santo conceber nela o Salvador do mundo. Mas ele faz uma correção: “Antes, felizes são aqueles que ouvem a palavra de Deus e lhe obedecem”(Lucas 11:28). O nascimento natural é obra de Deus, mas a velha criação iniciada em Adão foi encerrada na cruz. O homem natural morreu ali para que Deus trouxesse à tona uma nova criação, da qual Jesus ressuscitado é “as__primícias”, ou primeiros frutos.
A ruína causada pelo pecado arrastou o homem para a morte e o juízo, exigindo de Deus uma operação de resgate que custou a vida de Jesus. Por isso Pedro escreve: “Não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que vocês foram resgatados da sua vã maneira de viver que por tradição receberam de seus pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado… E por ele vocês creem em Deus, que o ressuscitou dentre os mortos e lhe deu glória, para que a fé e esperança de vocês estivessem em Deus… sendo de novo gerados, não de semente corruptível, mas da incorruptível, pela Palavra de Deus, viva, e que permanece para sempre” (1 Pe 1:18-25).
Por isso Jesus diz “antes, felizes são aqueles que ouvem a Palavra de Deus”. Por melhor que seja o nascimento natural, ele nem se compara ao novo nascimento daqueles que são gerados pela Palavra de Deus. O Evangelho de João diz que “o que nasce da carne é carne, mas o que nasce do Espírito é espírito” (Jo 3:6). Se você ainda não nasceu do Espírito é porque a Palavra de Deus ainda não gerou vida em você. Mas se já tiver nascido de Deus, estará apto a entender a Palavra de Deus e terá discernimento espiritual para glorificar a Deus, e não ao homem.
Este discernimento é ainda mais necessário quando a cristandade atingiu a estatura da grande árvore da parábola da semente de mostarda, em cujos galhos estão aninhadas muitas aves, os mesmos agentes de Satanás que na parábola do Semeador arrebatavam a semente. Hoje muitos são enganados por homens com aparência de piedade, porém que glorificam a si mesmos, a outros homens e as coisas naturais, ao invés de glorificarem a Deus. Para não ser enganado, faça sempre a pergunta: “Isto traz glória a Deus ou ao homem?”.
Nos próximos 3 minutos Jesus chama de maligna ou perversa a geração que pede um sinal.
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Jonas e a rainha
Jesus tinha deixado claro para aqueles judeus que felizes são os que ouvem a Palavra de Deus. Em seguida ele os repreende por estarem em busca de sinais visíveis, dizendo: “Esta é uma geração perversa. Ela pede um sinal miraculoso, mas nenhum sinal lhe será dado, exceto o sinal de Jonas. Pois assim como Jonas foi um sinal para os ninivitas, o Filho do homem também o será para esta geração” (Lucas 11:29).
A Bíblia está repleta de sinais feitos por Deus com um propósito bem específico, e não para satisfazerem a curiosidade humana. Nos evangelhos, o objetivo dos sinais era convencer os judeus de que Jesus era quem os profetas diziam ser. Os sinais serviam para autenticar a Pessoa e obra de nosso Senhor Jesus Cristo. Quando alguém pede a você um documento autenticado, basta apontar para os carimbos, selos e assinaturas no documento.
Os sinais que já estão carimbados, selados e assinados na Bíblia são suficientes para você crer na Pessoa e obra de Jesus. O Evangelho de João diz que “Jesus realizou na presença dos seus discípulos muitos outros sinais miraculosos, que não estão registrados neste livro. Mas estes foram escritos para que vocês creiam que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus e, crendo, tenham vida em seu nome”.
Basicamente é isto o que Jesus diz aqui. Aquelas pessoas já tinham visto muitos sinais e ainda assim não criam nele. Então ele aponta para Jonas, um sinal que elas não viram, mas que estava no Antigo Testamento, lavrado e sacramentado nas Escrituras que os judeus tinham como a Palavra de Deus. Para os que estivessem dispostos a crer no sinal de Jonas, Deus lhes ajudaria a entender para onde o sinal apontava: a morte, sepultamento e ressurreição de Cristo.
Resolvida a questão do sinal, Jesus fala dos ninivitas e da rainha de Sabá, revelando a insanidade dos judeus em rejeitarem aquele que Deus havia enviado. Jonas, o homem que saiu vivo do ventre do grande peixe após ter ficado ali por três dias, serviu de sinal para os habitantes de Nínive se converterem com sua pregação. A rainha de Sabá viajou centenas de quilômetros para ouvir a sabedoria que Salomão recebeu de Deus, e ali estava aquele que era maior que Salomão: Jesus, a Sabedoria em Pessoa.
Aqueles judeus incrédulos não precisaram dar um passo sequer em direção aos céus para ouvir a sabedoria de Deus; eles estavam sendo visitados pela própria, mas ainda assim pediam um sinal para entreter seus olhos. O único sinal de que iriam precisar seria a própria pessoa de Jesus, cujo corpo morto ficou três dias no ventre da terra e saiu ressuscitado. Quantas vezes Deus precisará mostrar a você que não é preciso ver para crer? O incrédulo Tomé deve ter ficado com vergonha ao ouvir Jesus dizer a ele: “Porque me viu, você creu? Felizes os que não viram e creram” (Jo 20:29).
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Luz
Aqueles judeus incrédulos devem ter ficado indignados por Jesus falar dos ninivitas e da rainha de Sabá. Como Deus poderia ter privilegiado aqueles gentios impuros? Eles não eram israelitas, não pertenciam ao povo de Deus, não eram os guardiões dos oráculos divinos e nem tinham sido escolhidos como testemunho para todas as nações! No entanto eles receberam e creram no testemunho que Deus havia dado por intermédio de Jonas e Salomão. E agora a radiante luz da Sabedoria de Deus em carne e ossos está bem diante deles. Não existe desculpa para ficarem indiferentes.
Jesus diz a eles: “Ninguém acende uma candeia e a coloca em lugar onde fique escondida ou debaixo de uma vasilha. Pelo contrário, coloca-a no lugar apropriado, para que os que entram possam ver a luz” (Lucas 11:33). Em seu evangelho, João diz que “ali estava a luz verdadeira, que ilumina a todo o homem que vem ao mundo. Estava no mundo, e o mundo foi feito por ele, e o mundo não o conheceu. Veio para o que era seu [isto é, os judeus], e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” (Jo 1:5-12). Deus não escondeu sua luz, mas colocou-a onde todos pudessem vê-la e até hoje Cristo brilha, porém nem todos percebem isto.
O mesmo trecho do Evangelho diz que João Batista foi enviado por Deus “como testemunha, para testificar acerca da luz, a fim de que por meio dele todos os homens cressem” (Jo 1:7). O sol, nossa fonte de luz natural, não precisa de testemunha. Ninguém chega a você em um dia ensolarado e diz: “Veja, o sol brilha!”. Mas não é de luz natural que Jesus fala aqui, mas da verdadeira luz que faz parte da própria essência de Deus, como João disse em sua carta: “Deus é luz; nele não há treva alguma” (1 Jo 1:5).
Por causa das trevas espirituais em que os homens estão mergulhados, Deus precisa enviar pessoas para testemunharem da luz que é Jesus. Milhões estão testemunhando o tempo todo em conversas, pregações, textos, letras de músicas ou em vídeos como este. Você já deve ter sido iluminado, mas reagiu como os insetos peçonhentos — aranhas, lacraias e escorpiões — quando alguém ergue a pedra debaixo da qual se escondem. Sua reação natural é correrem para debaixo de outra pedra, pois não gostam da luz. Esta é também a reação de um pecador ao ouvir falar de Jesus: ele foge. Será que este fujão é você?
Se for, saiba que a razão de seu receio é por ter sido concebido em um mundo de trevas. Mas Jesus continua falando de luz, agora daquela que você traz em seu próprio corpo: os seus olhos. Ele diz que eles podem ser bons ou maus, e não está falando em termos médicos. De que ele está falando então? Você saberá nos próximos 3 minutos, se estiver de olhos bem abertos.
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Uma questão de lente
Jesus diz: “Os olhos são a candeia do corpo. Quando os seus olhos forem bons, igualmente todo o seu corpo estará cheio de luz. Mas quando forem maus, igualmente o seu corpo estará cheio de trevas. Portanto, cuidado para que a luz que está em seu interior não sejam trevas. Logo, se todo o seu corpo estiver cheio de luz, e nenhuma parte dele estiver em trevas, estará completamente iluminado, como quando a luz de uma candeia brilha sobre você” (Lucas 11:33-36).
Os olhos são como a lente de uma câmera fotográfica. Quanto melhor a câmera, mais sofisticada a lente e mais luz ela deixa passar. As fotos ficam mais luminosas, nítidas e com melhor contraste. Câmeras baratas têm lentes com impurezas no material com que são fabricadas e não deixam passar luz em quantidade suficiente. O resultado é uma foto escura e sem nitidez. O problema não está no sol, no flash ou na fonte de luz do ambiente, mas na lente.
Assim é também com relação a Cristo. Quando alguém não enxerga com clareza a graça e verdade reveladas em Jesus, o problema não está na luz, mas nos olhos que impedem que a luz brilhe em seu interior. As pessoas que colocam Jesus à prova neste capítulo são insensíveis à presença de Jesus, tantas são as impurezas religiosas que obstruem o caminho da luz até seus corações.
Você pode se surpreender de eu dizer “impurezas religiosas”, pois somos levados a acreditar que religião seja sinônimo de coisa boa. A religião de Deus sim, mas a religião dos homens não. A atual moda da “espiritualidade”, que invade até os ambientes corporativos, está produzindo uma classe de pessoas religiosas o suficiente para aplacarem suas consciências, porém cegas para a verdadeira luz do evangelho. A “espiritualidade” oferecida em livros, revistas e palestras passa por lentes tão marcadas de dedos que fica impossível encontrar nela alguma luz.
Quando ocorre um acidente ou um crime com testemunhas, é comum que estas apresentem versões diferentes do mesmo evento, pois o que os seus olhos viram foi influenciado por seus preconceitos, ideias, opiniões, Etc. Assim é na cristandade. Depois de dois mil anos de condicionamento religioso fica difícil separar o que é a luz de Deus, que emana de sua Palavra, e o que são dogmas e preceitos de homens. Se você usa óculos, deve odiar quando as pessoas deixam marcas de dedos em suas lentes.
Para aqueles dispostos a se livrar das marcas de dedos da religião e absorverem a luz em toda a sua magnitude, o próprio Jesus promete: “Se todo o seu corpo estiver cheio de luz, e nenhuma parte dele estiver em trevas, estará completamente iluminado, como quando a luz de uma candeia brilha sobre você” (Lucas 11:36). Isto equivale dizer que você será uma testemunha fidedigna, usada por Deus para falar de Cristo, e não de doutrinas, dogmas ou religiões de homens.
Nos próximos 3 minutos Jesus fala da faxina religiosa.
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Faxina religiosa
Existem três formas de oposição à obra de Deus. A primeira é a influência de Satanás, que nós vimos na passagem começando no versículo 14 deste capítulo 11 de Lucas. O diabo levou os homens a duvidarem de Jesus, alegando que ele curava e libertava as pessoas pelo poder do príncipe dos demônios. A partir do versículo 27 vimos uma segunda forma de oposição, quando uma mulher passou a exaltar a mãe de Jesus, desviando a atenção daquele que é a única fonte de toda graça. Os sentimentos naturais, por mais nobres que sejam, podem ser um obstáculo à graça de Deus. Agora vem o terceiro obstáculo: a religião.
Jesus é convidado por um fariseu e o religioso anfitrião repara que Jesus não lava as mãos antes de comer, como era o costume da religião. Ele não comenta, mas Jesus é capaz de ler seus pensamentos e o repreende por sua falta de visão. Aquele homem tinha acabado de ouvir Jesus falar dos preconceitos religiosos que impedem que a luz penetre livremente na alma, e ali estava ele criticando em pensamento o único Homem totalmente limpo aos olhos de Deus.
A resposta de Jesus é certeira: “Vocês, fariseus, limpam o exterior do copo e do prato, mas interiormente estão cheios de ganância e da maldade. Insensatos! Quem fez o exterior não fez também o interior? Mas deem o que está dentro como esmola, e verão que tudo lhes ficará limpo” (Lucas 11:39-41). O mesmo Jesus, que era capaz de ler o pensamento do fariseu, podia sondar o que havia em seu coração, e coisa boa não era. A religião ensina os homens a levarem uma vida correta exteriormente, mas não tem poder para mudar o interior, que é onde está a verdadeira imundície.
O fariseu acha que dar esmolas é uma forma de ficar de bem com Deus, por isso Jesus vai direto ao ponto: “Deem o que está dentro como esmola”. O bem que você procura fazer exteriormente deve ser consequência do que existe dentro de você, e como poderá sair algo limpo de um coração sujo? Todo ser humano é pecador por natureza, e a menos que isto seja resolvido, qualquer aparência exterior de piedade não passará de hipocrisia. O mesmo Deus que fez o exterior fez também o interior, que é de onde tudo provém.
Portanto, se alguém lhe disser que, para receber o perdão de seus pecados, você precisa mudar de vida, deixar seus vícios, fazer-se membro de uma igreja, vestir-se de uma determinada maneira, dar dízimos e ofertas, frequentar regularmente os cultos, Etc. e tal, livre-se desse fariseu. Ele está mandando você lavar o exterior do copo e do prato, mas não é limpando o exterior que você é purificado, e sim expondo a Deus o interior. “Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para perdoar os nossos pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 Jo 1:9).
Nos próximos 3 minutos Jesus fala de coisas pequenas e grandes.
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O dízimo
Jesus continua reprovando os fariseus, que tentam se passar por justos aos olhos dos homens, porém são reprovados aos olhos de Deus. Ele diz: “Ai de vocês, fariseus, porque dão a Deus o dízimo da hortelã, da arruda e de toda a sorte de hortaliças, mas desprezam a justiça e o amor de Deus! Vocês deviam praticar estas coisas, sem deixar de fazer aquelas” (Lucas 11:42).
O dízimo fazia parte das ordenanças dadas a Israel, e na época dos evangelhos vigora o judaísmo, não o cristianismo. A igreja só seria criada no capítulo 2 de Atos dos Apóstolos, e é nas epístolas, e não na Lei, que encontramos instruções para a vida e adoração cristãs. Nas epístolas você encontra a doutrina dada à igreja, o povo celestial de Deus, e nela não há dízimos, e sim ofertas voluntárias.
Para o cristão também não há templos, altares, orquestras, dias santos, vestes cerimoniais, alimentos impuros e tantas coisas que a cristandade importou do judaísmo, ignorando a Carta aos Hebreus, que manda os cristãos se apartarem do antigo culto judaico. “Temos um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo”, ou seja, os participantes do judaísmo. Considerando que “Jesus também sofreu fora das portas da cidade”, a exortação é para que “saiamos até ele, fora do acampamento”, ou o sistema judaico (Hb 13:10-13).
O dízimo, portanto, era a décima parte do que um israelita obtinha como fruto de seu trabalho e oferecia a Deus para a manutenção do Templo de Jerusalém, dos sacerdotes, levitas e necessitados. Na atual dispensação da igreja não existe um Templo cristão e não há sacerdotes ou líderes para serem sustentados, já que todos os salvos por Cristo são igualmente sacerdócio santo. Mas ainda há necessidades, e o cristão tem o privilégio de fazer ofertas a Deus para este fim.
Porém o foco do que Jesus está dizendo aqui não está especificamente no dízimo, e sim na má fé dos fariseus, que davam religiosamente o dízimo até das coisas de menor valor, porém desprezavam a justiça e o amor de Deus, vivendo para a satisfação própria. Jesus lhes diz para praticarem as coisas mais importantes, sem negligenciar as de menor importância. E ele continua:
“Ai de vocês, fariseus, porque amam os lugares de honra nas sinagogas e as saudações em público! Ai de vocês, porque são como túmulos que não se veem, por sobre os quais os homens andam sem o saber!” (Lucas 11:43-44). A estratégia daqueles homens, que gostavam de viver de aparências, era tão boa que enganava a muitos. Passar por eles era o mesmo que caminhar sobre túmulos camuflados sem perceber estar pisando em esqueletos ressequidos e sem vida.
Mas o pior ainda estava por vir. Aqueles peritos da Lei tinham se apoderado da chave do conhecimento. Que chave é essa? Você saberá nos próximos 3 minutos.
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A chave do conhecimento
Um dos doutores da Lei sente-se ofendido e retruca: “Mestre, quando dizes essas coisas, insultas também a nós”. Mas Jesus tem algo a dizer também àqueles que se consideram especialistas na Palavra de Deus e “que pela injustiça aprisionam a verdade” (Rm 1:18): “Quanto a vocês, peritos na lei… ai de vocês também! Porque sobrecarregam os homens com fardos que dificilmente eles podem carregar, e vocês mesmos não levantam nem um dedo para ajudá-los” (Lucas 11:45).
Há três lugares onde você pode guardar a Verdade: na biblioteca, no cérebro ou no coração. Muitos colecionam livros para exibirem erudição. Quem trabalha com decoração de ambientes está acostumado a comprar livros por metro para encher estantes de clientes que não leem nem gibi. Guardar a Verdade no cérebro é obter um diploma de “Doutor” em alguma disciplina cristã, sem nunca ter nascido de novo. São pessoas “que aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento da verdade” (2Tm 3:7), pois “rejeitaram o amor à verdade que os poderia salvar… não creram na verdade, mas tiveram prazer na injustiça” (2Ts 2:10-12).
Em Apocalipse 10 o apóstolo João escuta uma voz que diz: “Vá, pegue o livro aberto que está na mão do anjo… Pegue-o e coma-o! Ele será amargo em seu estômago, mas em sua boca será doce como mel”. João conta o que aconteceu: “Peguei o livrinho da mão do anjo e o comi. Ele me pareceu doce como mel em minha boca; mas, ao comê-lo, senti que o meu estômago ficou amargo. Então me foi dito: ‘É preciso que você profetize de novo acerca de muitos povos, nações, línguas e reis’” (Ap 10:8-11). O conhecimento intelectual da Verdade é doce como o livrinho na boca. Assim são os que gostam de pregar a Verdade aos outros sem nunca a terem experimentado em si mesmos. É só quando João engole o livrinho e sente a realidade da Verdade aplicada em seu interior que ele está apto a testemunhar a “muitos povos, nações, línguas e reis”.
Os judeus de nosso capítulo são confrontados por Jesus por sua cumplicidade naquilo que seus antepassados fizeram, perseguindo e assassinando os profetas de Deus para impedirem que a Verdade chegasse às pessoas. Agora Jesus diz que eles estão fazendo algo muito pior: Vocês “se apoderaram da chave do conhecimento. Vocês mesmos não entraram e impediram os que estavam prestes a entrar!” (Lucas 11:52).
A “chave do conhecimento” é o próprio Jesus; é dele que Deus falou por meio de todos os que escreveram o Antigo Testamento, e é dele que Deus fala pelos apóstolos no Novo Testamento. Ao apoderarem-se dele para o matarem aqueles religiosos judeus queriam impedir o acesso ao conhecimento da Verdade. Afinal, “o testemunho de Jesus é o espírito de profecia”, e é disto que continuaremos falando nos próximos 3 minutos.
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O assunto da Bíblia
Gênesis a Apocalipse
A Bíblia é a Palavra de Deus, dada aos homens do modo como um compositor distribui sua partitura à orquestra. Os diferentes instrumentos imprimiram nela a tonalidade de cada um, mas um só compositor e maestro esteve por detrás de suas notas. Sua execução levou 1500 anos, tocada por 40 homens de diferentes culturas e níveis sociais. Muitos nunca se conheceram e trabalharam separados por séculos e quilômetros de distância. Pense nesses vídeos do Youtube, com uma mesma música executada por artistas de diferentes países, e você terá uma vaga ideia de como foi a composição do texto sagrado.
Um só é o seu tema, princípio e fim: Cristo. Ele é o Alfa, a primeira letra do alfabeto grego, e o Ômega, a última. Por isso Jesus aparece de Gênesis a Apocalipse, e se você deseja conhecer a Verdade e se aproximar de Deus precisará conhecer a Jesus. Ele disse: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vem ao Pai, a não ser por mim” (Jo 14:6). Este é o genuíno. Qualquer outro caminho, verdade e vida são falsos. Não se chega a Deus sem Jesus, por isso é tão importante conhecê-lo. Se você ainda não confia nele é porque não o conhece.
Uma vez uma senhora me ligou pedindo referências de uma empregada que havia cuidado de meu filho deficiente. Ela buscava alguém para tomar conta de sua mãe idosa, mas queria uma pessoa de confiança. À medida que eu ia falando, ela ia conhecendo melhor a pessoa e eu podia perceber que sua confiança ia crescendo. Nós pedimos referências de alguém para sabermos o quanto podemos confiar. O mesmo ocorre com Jesus. Como você poderia ter total confiança nele sem conhecê-lo? Portanto, leia a Bíblia, não para saber o que Deus exige de você ou como se fosse um texto motivacional para recarregar suas baterias. Leia para encontrar Jesus em suas páginas, conhecê-lo e confiar nele cada vez mais.
Você sabia que ele aparece no primeiro versículo da Bíblia, em Gênesis 1:1? Sim, ali diz no original: “No princípio criou Elohim os céus e a terra”. Sabia que a palavra hebraica “Elohim” é plural? “Elohim” é plural, mas o verbo “criar” está no singular, mostrando que Deus é um, mas em três Pessoas: Pai, Filho e Espírito Santo. No momento da criação o Filho eterno de Deus, Jesus, já participava da gênese de todas as coisas. João diz em seu Evangelho que “Ele estava com Deus, e era Deus… Todas as coisas foram feitas por intermédio dele; sem ele, nada do que existe teria sido feito” (Jo 1:1-2).
Jesus está também no último versículo da Bíblia, em Apocalipse 22:21, onde diz: “A graça do Senhor Jesus seja com todos. Amém”. E entre o primeiro e o último versículo da Bíblia você encontrará Jesus em todas as páginas da Palavra de Deus, nos mais diversos tipos e figuras, e também em Pessoa nos evangelhos. E é de como encontrar Jesus na Bíblia que falaremos nos próximos episódios de “O Evangelho em 3 minutos”.
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De Adão a Noé
Gênesis
Em Gênesis você encontra Adão, o primeiro homem, de cuja costela Deus tirou uma esposa (Gn 2:21-24). Não é difícil enxergar nele uma figura do segundo Homem, Jesus, que Deus colocou no sono da morte para de seu lado saírem sangue e água, os meios da criação e purificação de uma noiva, a Igreja. Você acha que é muita imaginação enxergar Cristo em Adão? A carta de Paulo aos Romanos declara que Adão “era um tipo daquele que haveria de vir” (Rm 5:14).
Após a queda, Deus disse ao diabo: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” (Gn 3:15). Só existe um homem descendente apenas de mulher: Jesus, o filho da virgem Maria. Satanás usaria seus agentes para trai-lo e levá-lo à morte, mas na cruz a cabeça da serpente, que é onde está o veneno, seria esmagada perdendo seu poder mortífero. “Visto que os filhos são pessoas de carne e sangue, ele [Jesus] também participou dessas coisas, para que, por sua morte, derrotasse aquele que tem o poder da morte, isto é, o diabo” (Hb 2:14).
Mais uma vez Jesus aparece em Gênesis tipificado no animal que Deus sacrificou para, com sua pele, cobrir a nudez de Adão e Eva (Gn 3:21). Era uma figura do Cordeiro de Deus, que um dia viria ao mundo para morrer como consequência do pecado. Graças à morte de Cristo você pode ser purificado de seus pecados, perdoado de sua culpa e vestido da justiça que é segundo Deus (2 Co 5:3). Abel é outra figura de Cristo, pois ofereceu a Deus um sacrifício de sangue (Gn 4:4) e “depois de morto, ainda fala” (Hb 11:4). Sete, cujo nome significa “Escolhido”, nasceu depois da morte de Abel e é uma figura de Cristo ressuscitado, do qual veio a linhagem que “começou a invocar o nome do Senhor” (Gn 4:26).
Seu descendente, Enoque, o “sétimo depois de Adão” (Jd 1:14), “foi arrebatado, de modo que não experimentou a morte; ele já não foi encontrado porque Deus o havia arrebatado, pois antes de ser arrebatado recebeu testemunho de que tinha agradado a Deus” (Hb 11:5). Enoque é uma figura de Cristo subindo para o Pai, depois de andar em perfeita obediência e agradar em tudo a Deus.
Por meio de Noé o Espírito de Cristo pregou aos incrédulos antes do dilúvio, os quais agora são espíritos em prisão. Se Adão foi uma figura de Cristo como Senhor de todas as coisas e Cabeça da Igreja, Noé representa Jesus como o regente do mundo vindouro em seu reinado de mil anos numa terra restaurada. Ao sair da Arca, Deus disse a Noé: “Os animais selvagens, as aves do céu, as criaturas que se movem rente ao chão e os peixes do mar; eles estão entregues em suas mãos” (Gn 9:2). Você encontra as mesmas palavras no Salmo 8, porém falando de Cristo.
Nos próximos 3 minutos continuaremos em nossa fantástica jornada em busca de Jesus nas páginas da Bíblia Sagrada.
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De Melquideseque a José
Gênesis
Em nossa jornada em busca de Jesus nas páginas da Bíblia nós o encontramos em Gênesis 14 prefigurado em Melquisedeque, aquele que era “sem princípio de dias nem fim de vida, feito semelhante ao Filho de Deus, ele permanece sacerdote para sempre”. Além de ser chamado de sacerdote eternamente, Melquisedeque é também “rei de justiça” e “rei de Salem”, que significa “rei de paz” (Hb 7:2-3), títulos dados também a Jesus.
Em Gênesis 22 vemos Isaque, o filho de Abraão, como figura de Cristo tanto em sua morte como em ressurreição. A diferença entre o tipo e o antítipo foi que Deus providenciou um carneiro para substituir Isaque, porém Jesus não teve um substituto na morte. Tendo Isaque sido libertado da morte, assim como Cristo na ressurreição, no capítulo 24 de Gênesis, Abraão envia um servo através do deserto em busca de uma esposa para seu filho, uma figura de Deus Pai enviando o Espírito Santo a este mundo para reunir a Igreja, a noiva de Cristo.
Vemos então Esaú e Jacó, representando respectivamente o fruto da carne e do Espírito, e ao seguirmos a carreira de Jacó a vida de Cristo vai pouco a pouco sendo revelada nele, até ter sua plenitude em seu filho José. Este, o predileto de seu pai, é também uma figura de Cristo. José foi odiado por seus irmãos, vendido como escravo e dado como morto. No Egito, preso por resistir à tentação da mulher de Potifar, ele se destacou na prisão como capaz de revelar os sonhos e segredos das pessoas. Mais tarde ele revelaria também o que havia por detrás do sonho de Faraó e acabaria exaltado ao trono de vice-rei de todo o Egito.
Não é coincidência encontrarmos Jesus no capítulo 4 do Evangelho de João justamente à beira do poço em “Sicar, perto das terras que Jacó dera a seu filho José”, conversando com uma mulher samaritana. Impressionada com a capacidade de Jesus descobrir seus segredos, a mulher correu à cidade anunciando: “Venham ver um homem que me disse tudo o que tenho feito”. Os habitantes do lugar, depois de conhecerem Jesus, disseram a ela: “Agora cremos não somente por causa do que você disse, pois nós mesmos o ouvimos e sabemos que este é realmente o Salvador do mundo” (Jo 4:1-42).
Hoje Jesus é Salvador de todos os que nele creem e em breve voltará, primeiro para buscar sua Igreja, e depois em glória para reinar. Então ele será reconhecido pelos judeus assim como José foi reconhecido por seus irmãos em uma das mais dramáticas passagens da Bíblia. Depois de rejeitado, vendido e dado como morto por seus próprios irmãos, José se tornou o salvador deles e em amor e graça tirou deles qualquer temor de revanche, ao dizer: “‘Vocês planejaram o mal contra mim, mas Deus o tornou em bem, para que hoje fosse preservada a vida de muitos. Por isso, não tenham medo. Eu sustentarei vocês e seus filhos’. E assim os tranquilizou e lhes falou amavelmente” (Gn 50:20-21).
Nos próximos 3 minutos saiba o quanto de Jesus é possível ver em Moisés.
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Moisés
Êxodo
Moisés surge no livro de Êxodo como figura de Jesus, o Libertador de seu povo, do jugo de Satanás. Se você leu os Evangelhos deve se lembrar de que o rei Herodes mandou matar os meninos na tentativa de livrar-se de Jesus, a mesma estratégia usada por Satanás ao inspirar Faraó a eliminar os meninos hebreus. Mas Moisés escapou da morte e mais tarde o encontramos casando-se com Zípora, uma mulher gentia cujo nome significa “passarinha”, algo pequeno e insignificante.
Paulo também descreveu a Igreja, a noiva de Cristo, como insignificante aos olhos do mundo: “Irmãos, pensem no que vocês eram quando foram chamados. Poucos eram sábios segundo os padrões humanos; poucos eram poderosos; poucos eram de nobre nascimento. Mas Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios, e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes. Ele escolheu as coisas insignificantes do mundo, as desprezadas e as que nada são, para reduzir a nada as que são, para que ninguém se vanglorie diante dele” (1 Co 1:26-29).
A libertação do povo no Egito aconteceu por meio de outra figura de Cristo: um cordeiro sem defeito sacrificado na instituição da Páscoa. Seu sangue, aplicado ao batente das portas das casas dos hebreus, seria a garantia de que a morte não entraria ali quando o juízo de Deus caísse sobre todo o Egito. Depois, em outra figura representando o crente associado a Cristo em sua morte, vemos os hebreus passando pelo fundo do mar, um lugar de morte, e saindo triunfantes e salvos do outro lado, porém ainda num deserto a caminho da terra prometida.
O deserto é uma figura do mundo onde o cristão se encontra depois de salvo por Cristo. Assim como ocorre hoje com o crente em Jesus em sua jornada rumo à pátria celestial, os hebreus eram guiados por Cristo, representado na coluna de nuvem de dia, e na coluna de fogo à noite. Em sua carta aos Coríntios, Paulo explica que “todos comeram do mesmo alimento espiritual”, referindo-se ao maná que caía do céu, “e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da rocha espiritual que os acompanhava, e essa rocha era Cristo” (1 Co 10:3).
Chegamos ao Monte Sinai, e ali Moisés é uma figura de Cristo como Mediador entre Deus e os homens e também como o Profeta. Em Deuteronômio Deus disse a Moisés, referindo-se a Jesus: “Levantarei do meio dos seus irmãos um profeta como você; porei minhas palavras na sua boca, e ele lhes dirá tudo o que eu lhe ordenar. Se alguém não ouvir as minhas palavras, que o profeta falará em meu nome, eu mesmo lhe pedirei contas” (Dt 18:18). E no evangelho Jesus diz: “Quem me rejeitar a mim, e não receber as minhas palavras, já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no último dia” (Jo 12:48).
Nos próximos 3 minutos Moisés fica quarenta dias ouvindo falar de Jesus.
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As sombras e a realidade
Êxodo
No Monte Sinai Moisés ficou quarenta dias e noites ouvindo falar de Jesus, representado em cada detalhe da Lei que homem algum seria capaz de cumprir, exceto o Homem perfeito, Jesus. Em obediência e perfeição ele caminhou neste mundo revelando o Homem segundo o coração de Deus. Imaculado, sem pecado e sem a possibilidade de pecar, por ser Deus e Homem, somente ele poderia, em graça soberana, libertar o pecador da maldição da Lei que o condenava, e torná-lo irrepreensível e sem pecado aos olhos de Deus.
A Lei dada a Moisés não se limitava aos dez mandamentos, porém incluía centenas de ordenanças encontradas nos escritos de Moisés. Cada oferenda ali nos fala de Cristo e cada sacrifício aponta para o sangue que seria derramado na cruz para a glória de Deus e a salvação do pecador. O Tabernáculo, a grande tenda que Deus ordenou como o lugar de adoração dos hebreus, é uma figura de Cristo, bem como seus utensílios e até mesmo o véu, a grande cortina que impedia o acesso ao Santo dos Santos, figura da presença de Deus. É disto que fala a carta aos Hebreus, ao mencionar o véu do Templo rasgado no momento da morte de Jesus: “Portanto, irmãos, temos plena confiança para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hb 10:19).
Aarão, irmão de Moisés, era uma figura do sacerdócio de Cristo, intercedendo por nós junto a Deus. Cada detalhe de suas vestes e de seu ministério apontava para o caráter e ministério de Jesus como nosso Sumo Sacerdote. Porém, por mais preciosas que sejam as figuras do Antigo Testamento, a carta aos Hebreus nos exorta a não nos ocuparmos com tabernáculos, templos, sacerdotes humanos e rituais copiados do judaísmo, mas com a realidade que agora é Cristo. Aos Colossenses Paulo referiu-se ao Antigo Testamento como “sombras do que haveria de vir” (Cl 2:16-17) e aos Coríntios que “essas coisas ocorreram como exemplos para nós” (1 Co 10:6), e Hebreus diz que são “figura e sombra das coisas celestes” e devem ser vistas como “figura do verdadeiro” (Hb 8:5; 9:24).
“Quando Cristo veio como sumo sacerdote dos benefícios agora presentes”, diz a carta aos Hebreus, “ele adentrou o maior e mais perfeito Tabernáculo, não feito pelo homem, isto é, não pertencente a esta criação. Não por meio de sangue de bodes e novilhos, mas pelo seu próprio sangue, ele entrou no Santo dos Santos, uma vez por todas, e obteve eterna redenção… Temos um sumo sacerdote… o qual se assentou à direita do trono da Majestade nos céus e serve no santuário, no verdadeiro tabernáculo que o Senhor erigiu, e não o homem” (Hb 8:1-2).
Depois de saber disto, como um cristão pode de sã consciência adorar a Deus em um templo feito de tijolos, com um sacerdote humano, um altar de mentirinha e tantos utensílios piratas, cópias baratas das figuras do Antigo Testamento?
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Sombras que desvanecem
Números a 2 Samuel
No capítulo 21 do livro de Números encontramos Jesus representado na serpente de bronze que Moisés fez para curar os israelitas das picadas de serpentes no deserto. “O Senhor disse a Moisés: ‘Faça uma serpente e coloque-a no alto de um poste; quem for mordido e olhar para ela viverá’. Moisés fez então uma serpente de bronze e a colocou num poste. Quando alguém era mordido por uma serpente e olhava para a serpente de bronze, permanecia vivo” (Nm 21:8-9).
Não teríamos como ver Jesus ali se não fosse pela explicação dada a Nicodemos no Evangelho de João, ao falar da vida que está disponível para o pecador moribundo que crê no crucificado: “Da mesma forma como Moisés levantou a serpente no deserto, assim também é necessário que o Filho do homem seja levantado, para que todo o que nele crer tenha a vida eterna” (Jo 3:14-15). No mesmo livro de Números o mercenário Balaão, um profeta pagão, é obrigado a falar de Jesus, que virá para a Igreja como a Estrela da Manhã, e para Israel como o cetro que reinará por mil anos. Balaão profetizou: “Uma estrela surgirá de Jacó; um cetro se levantará de Israel” (Nm 24:17).
Deixamos de lado muitas outras figuras do Pentateuco para entrarmos no livro de Josué, o qual é um tipo de Jesus ressuscitado e liderando o seu povo na conquista da terra prometida. É por Jesus que “somos mais que vencedores, por meio daquele que nos amou… e nem morte nem vida, nem anjos nem demônios, nem o presente nem o futuro, nem quaisquer poderes, nem altura nem profundidade, nem qualquer outra coisa na criação será capaz de nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, nosso Senhor” (Rm 8:37-39).
No livro de Juízes vemos a triste figura de um povo que se desviou de Deus, mas ainda ali é possível ver, nos diferentes juízes e libertadores levantados por Deus, uma tênue figura de Jesus, o verdadeiro Libertador e Juiz. Entramos no livro de Rute e nele visitamos Belém, onde nasceu Obede, figura do verdadeiro Servo de Deus que nasceria na mesma cidade e seria descendente do próprio Obede, pai de Jessé, e pai de Davi, do qual viria o Cristo.
Nos dois livros de Samuel vemos o profeta de mesmo nome, que Deus levantou em meio à ruína do testemunho e é uma figura do verdadeiro Profeta por meio de quem Deus falaria nos últimos dias. Ali encontramos Davi, o Rei segundo o coração de Deus e figura do Rei que virá em glória e majestade para reinar. Mas no caráter de um reino de paz, Jesus é prefigurado por Salomão. Nos Evangelhos ele fez questão de se apresentar como aquele “que é maior do que Salomão” (Mt 12:42), mostrando que as sombras, por mais representativas que sejam da realidade, podem se desvanecer como aconteceu com o final inglório da vida do primeiro Salomão.
Nos próximos 3 minutos veremos Jesus nos livros de Reis e Crônicas.
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Leis, Salmos e Profetas
1 Reis a Salmos
Deve ter sido maravilhoso para os dois discípulos a caminho de Emaús ouvirem Jesus falar do Antigo Testamento. “E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras”. Mais tarde ele diria aos discípulos: “‘Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos’. Então lhes abriu o entendimento, para que pudessem compreender as Escrituras” (Lucas 24:27; 44-45).
Embora ele tenha citado apenas a Lei, os Profetas e os Salmos, é possível vê-lo também nos livros de Reis e Crônicas, porém com uma nitidez cada vez menor à medida que Deus esgotava as tentativas de despertar fidelidade em seu povo. Guardadas as devidas proporções, algumas figuras de Cristo são os reis Asa, Josafá, Ezequias e Josias. Então vem o cativeiro e chegamos ao livro de Ester, o único que não menciona o nome de Deus, e nele conhecemos Mordecai, um tipo do verdadeiro Libertador dos judeus. Em Esdras e Neemias vemos figuras de Jesus como o Restaurador do povo e da adoração ao Deus verdadeiro.
A chave para entendermos o livro de Jó continua sendo Cristo, porém ali demonstrado como aquele que é o único cuja justiça pode prevalecer aos olhos de Deus. Era esta a lição que Jó, orgulhoso de sua justiça própria, precisava aprender. Para isto Deus usou Eliú, uma figura de Cristo, nosso Grande Sumo Sacerdote. Ao mesmo tempo em que intercedia por Jó, “Eliú… indignou-se muito contra Jó, porque este se justificava a si mesmo diante de Deus” (Jó 32:2).
O livro de Salmos é como um diário pessoal de Jesus, no qual ele anotou os seus sentimentos em sua identificação com o seu povo. No Salmo 16 encontramos “Jesus, autor e consumador da nossa fé” (Hb 12:2) e em muitos outros ele pode ser visto sofrendo o abandono que sofrerá o remanescente judeu fiel — os “pequeninos irmãos” de Mateus 25 — na “grande tribulação”. O Salmo 22 mostra sua senda de sofrimento, desamparado por Deus e massacrado pelos homens. No Salmo 40 ele aparece cumprindo a vontade de Deus pelo sacrifício de si mesmo, e mais detalhes surgem no Salmo 69. O Salmo 102 revela seus sentimentos de pequenez, “como o pardal solitário no telhado” (Sl 102:7).
Porém nos Salmos 8 e 91 nós o vemos como o Segundo Homem, em seu domínio sobre todas as coisas, e no Salmo 18 o Rei aparece triunfante, e no Salmo 24 o Rei da glória toma posse daquilo que é seu por direito. No Salmo 45 ele é o Conquistador, cuja espada não poupa os ímpios em sua vingança a favor do sofrido remanescente fiel, que é amparado na jornada rumo ao reino milenial. Este tem suas glórias descritas no Salmo 100. Falta tempo para mostrar Jesus em todos os Salmos, portanto leia todos eles, começando com o Salmo 1, que mostra a perfeição da sua Pessoa, verdadeiro Deus e genuíno Homem.
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De Provérbios aos Evangelhos
Provérbios a João
No livro de Provérbios encontramos Jesus, o verdadeiro Filho de Davi e aquele que é “maior do que Salomão”, como a personificação da sabedoria de Deus. Reserve alguns minutos para ler o capítulo 8 de Provérbios e conhecer melhor este que é de “Eternidade a eternidade, porque dele são a sabedoria e a força” (Dn 2:20). É neste livro que você encontra Jesus também como “o amigo [que] ama em todos os momentos” e “um irmão na adversidade” (Pv 17:17).
O livro de Eclesiastes quase deixa Cristo de fora, por ser um compêndio de sabedoria humana debaixo do sol, ou seja, como o homem enxerga sua vida neste mundo. Mesmo assim nós o encontramos na alegoria de “uma pequena cidade, de poucos habitantes. Um rei poderoso veio contra ela, cercou-a com muitos dispositivos de guerra. Ora, naquela cidade vivia um homem pobre, mas sábio, e com sua sabedoria ele salvou a cidade. No entanto, ninguém se lembrou daquele pobre” (Ec 9:14-15). A carta de Paulo aos Coríntios nos faz lembrar “de nosso Senhor Jesus Cristo que, sendo rico, se fez pobre por amor de vocês” (2 Co 8:9).
Mas se a descrição árida de sabedoria humana encontrada no livro de Eclesiastes só aumenta nossa sede por Jesus, o livro de Cantares abre um manancial de água pura. Trata-se de uma alegoria que fala de Salomão, uma figura de Cristo, e sua noiva, a Sulamita, uma figura do povo terrenal de Deus, em especial o remanescente judeu fiel que será oprimido durante a “grande tribulação”. Ali tudo aponta para Cristo e sua extrema formosura. Ao perguntarem: “Que diferença há entre o seu amado e outro qualquer?”, a Sulamita responde:
“O meu amado tem a pele bronzeada; ele se destaca entre dez mil. Sua cabeça é ouro, o ouro mais puro; seus cabelos ondulam ao vento como ramos de palmeira; são negros como o corvo. Seus olhos são como pombas junto aos regatos de água, lavados em leite, incrustados como joias. Suas faces são como um jardim de especiarias que exalam perfume. Seus lábios são como lírios que destilam mirra. Seus braços são cilindros de ouro engastados com berilo. Seu tronco é como marfim polido adornado de safiras. Suas pernas são colunas de mármore firmadas em bases de ouro puro. Sua aparência é como o Líbano; ele é elegante como os cedros. Sua boca é a própria doçura; ele é mui desejável. Esse é o meu amado, esse é o meu querido” (Ct 5:9-16).
Seguem-se os livros dos profetas, que falam de Cristo, de sua obra e do reino vindouro. Digno de nota é o capítulo 53 de Isaías, escrito 700 anos antes da morte de Jesus e dizendo que ele “foi transpassado por causa das nossas transgressões, foi esmagado por causa de nossas iniquidades… Pois ele carregou o pecado de muitos, e intercedeu pelos transgressores”. Chegamos então aos Evangelhos e em Mateus Jesus é o Rei de Israel, em Marcos o Profeta e Servo fiel, em Lucas o perfeito Homem e em João o Verbo de Deus, a própria habitação de Deus com os homens. Nos próximos 3 minutos falaremos de mistérios.
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Mistérios
A revelação dada por Deus aos homens foi progressiva, portanto Moisés e os profetas que vieram depois dele não entenderam a profundidade das revelações que eles próprios recebiam. Muitas coisas só fariam sentido para aqueles que tivessem a revelação completa de Deus, por isso é impossível alguém entender corretamente as sombras e figuras do Antigo Testamento sem ler a realidade apresentada no Novo Testamento. Em sua primeira carta o apóstolo Pedro nos dá uma ideia mais clara disto, ao mencionar a salvação eterna pela fé em Jesus, que hoje o crente pode ter como certa e segura. Ele escreveu:
“Foi a respeito dessa salvação que os profetas que falaram da graça destinada a vocês investigaram e examinaram, procurando saber o tempo e as circunstâncias para os quais apontava o Espírito de Cristo que neles estava, quando lhes predisse os sofrimentos de Cristo e as glórias que se seguiriam àqueles sofrimentos. A eles foi revelado que estavam ministrando, não para si próprios, mas para vocês, quando falaram das coisas que agora lhes foram anunciadas por meio daqueles que lhes pregaram o evangelho pelo Espírito Santo enviado do céu; coisas que até os anjos anseiam observar” (1 Pe 1:10-12).
Mesmo assim, nem os próprios apóstolos tiveram toda a revelação de Deus durante o período dos Evangelhos. Algumas coisas ficaram ocultas como “mistérios” e foram reveladas especificamente ao apóstolo Paulo. Ele é o autor do “quinto evangelho”, a carta aos Romanos, onde diz, “pelo meu evangelho e pela proclamação de Jesus Cristo, de acordo com a revelação do mistério oculto nos tempos passados, mas agora revelado e dado a conhecer pelas Escrituras proféticas por ordem do Deus eterno” (Rm 16:25-26). A expressão “Agora revelado e dado a conhecer” significa que antes de Paulo ainda era um mistério.
Um dos mistérios revelados a Paulo foi a ressurreição dos santos no arrebatamento. Ele escreveu: “Eis que eu lhes digo um mistério: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta. Pois a trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis e nós seremos transformados” (1 Co 15:51-52). A carta aos Tessalonicenses dá mais detalhes deste mistério, e Paulo se inclui ali entre os que já esperavam por este evento: “Dada a ordem, com a voz do arcanjo e o ressoar da trombeta de Deus, o próprio Senhor descerá do céu, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro. Depois disso, os que estivermos vivos seremos arrebatados juntamente com eles nas nuvens, para o encontro com o Senhor nos ares” (1Ts 4:16).
Mas existe muito mais na maneira peculiar como Cristo se revelou a Paulo, como um apóstolo “abortivo” ou “nascido fora de tempo” (1 Co 15:8), e é disto que falaremos nos próximos 3 minutos.
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Paulo
No Antigo Testamento Jesus foi apresentado em tipos e figuras e depois sua Pessoa descrita em detalhes nos Evangelhos. Mas o modo como ele se revelou a Paulo foi peculiar. Os outros discípulos haviam conhecido Jesus antes de sua morte e também depois, já ressuscitado. A Paulo ele apareceu glorificado e, como se isto não bastasse, levou-o para conhecer o Paraíso ou “terceiro céu”, onde o apóstolo “ouviu coisas indizíveis, coisas que ao homem não é permitido falar” (2 Co 12:4).
Portanto, ainda que você encontre Jesus em figuras no Antigo Testamento, e vivo, morto e ressuscitado nos Evangelhos, é por meio de Paulo que poderá conhecê-lo glorificado e em sua relação com a Igreja, o corpo de Cristo. Isto por causa da “revelação do mistério guardado em silêncio nos tempos eternos, e que, agora, se tornou manifesto e foi dado a conhecer por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus eterno, para a obediência por fé, entre todas as nações” (Rm 16:25-26). A chave para você abrir o cofre dos segredos ou mistérios de Deus é a “Obediência por fé”. Não apenas fé, mas a fé daquele que está disposto a obedecer para conhecer “a sabedoria de Deus, o mistério que estava oculto, o qual Deus preordenou, antes do princípio das eras, para a nossa glória” (1 Co 2:7).
Trata-se de coisas que pertencem a outra dimensão; que Deus tinha em mente antes que existisse o tempo, pois “olho nenhum viu, ouvido nenhum ouviu, mente nenhuma imaginou o que Deus preparou para aqueles que o amam; mas Deus o revelou a nós por meio do Espírito”, diz o apóstolo Paulo em sua carta aos Coríntios (1 Co 2:8-9). Por mais privilegiados que tenham sido os homens de Deus do Antigo Testamento ou mesmo os discípulos no período dos evangelhos, nenhum deles teve o Espírito Santo habitando em si como o crente tem agora, depois de Pentecostes, e é somente pelo Espírito que estas coisas podem ser compreendidas.
Quando Deus decidiu revelar a verdade do mistério ele escolheu um vaso muito especial, e sabemos disso porque em Efésios 3 Paulo diz: “Certamente vocês ouviram falar da responsabilidade imposta a mim em favor de vocês pela graça de Deus, isto é, o mistério que me foi dado a conhecer por revelação” (Ef 3:2-3). Paulo ainda não tinha recebido a revelação do mistério quando o Senhor mostrou a ele a essência da verdade deste mistério no caminho para Damasco, ao perguntar: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” (At 9:4). Jesus revelava assim que os santos, que Saulo perseguia na terra, formavam um corpo e estavam unidos a Cristo, a Cabeça, nos céus.
O detalhamento deste mistério Paulo apresenta em sua carta aos Efésios, mas este é um assunto para os próximos 3 minutos.
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O último mistério
Faltava um mistério a ser revelado, e a tarefa coube a Paulo. Com este segredo trazido à tona, a revelação de Deus estaria completa. É o que ele diz aos Colossenses, ao falar da Igreja, o corpo de Cristo e habitação do Espírito: “Da qual eu estou feito ministro segundo a dispensação de Deus, que me foi concedida para com vocês, para cumprir a palavra de Deus; o mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e que agora foi manifesto aos seus santos… que é Cristo em vós, esperança da glória” (Cl 1:24-27).
No grego a palavra traduzida como “cumprir” tem o sentido de completar ou preencher uma lacuna. É a mesma usada por João, ao dizer: “Escrevemos estas coisas para que a nossa alegria seja completa” (1 Jo 1:4). Paulo colocou a peça que faltava na revelação de Deus e nos fez saber que “os gentios são coerdeiros com Israel, membros do mesmo corpo, e coparticipantes da promessa em Cristo Jesus”. E continua: “Foi-me concedida… a administração deste mistério que, durante as épocas passadas, foi mantido oculto em Deus” (Ef 3:6-9).
Por ser um mistério que ficou oculto no passado, a Igreja não existia no Antigo Testamento e nem mesmo nos evangelhos. Jesus a menciona pela primeira vez em Mateus 16:18, mas como algo ainda futuro. Ele diz: “Edificarei a minha igreja”. Como toda edificação da época, ela teria um alicerce com uma pedra de canto ou esquina — Cristo —, seguida das outras pedras do alicerce — os apóstolos e profetas do Novo Testamento. Sobre este fundamento as paredes seriam levantadas com o acréscimo de cada salvo por Cristo.
É desta edificação que Paulo fala no capítulo 2 de Efésios ao dizer que somos “Edificados sobre o fundamento dos apóstolos e dos profetas, tendo Jesus Cristo como pedra angular, no qual todo o edifício é ajustado e cresce para tornar-se um santuário santo no Senhor” (Ef 2:20-21). Em 1 Coríntios o apóstolo fala de sua responsabilidade em lançar os fundamentos da Igreja: “Conforme a graça de Deus que me foi concedida, eu, como sábio construtor, lancei o alicerce, e outro está construindo sobre ele” (1 Co 3:10-11). Portanto é impossível você entender o que é a Igreja e saber como ela deve funcionar sem ler as cartas do apóstolo Paulo, a quem foi dada a tarefa de completar a Palavra de Deus.
Obviamente muitos pentecostais ou carismáticos não gostam da ideia de termos uma revelação completa, pois isto não lhes permite trazer suas próprias “revelações”. Por isso é comum ouvirmos frases do tipo “O Espírito Santo me revelou….”, “Deus me disse…”, Etc. Será isso uma necessidade de autoafirmação ou insatisfação com a suficiência das Escrituras? Ou talvez um desejo por novidades? Pode ser. Paulo avisou a Timóteo: “Virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, sentindo coceira nos ouvidos, segundo os seus próprios desejos juntarão mestres para si mesmos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, voltando-se para os mitos”. (2Tm 4:3-4)
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O fermento da hipocrisia
Em nosso capítulo 12 de Lucas também vemos a revelação progressiva de Deus. A carta aos Hebreus diz: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu Ser, sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, depois de ter feito a purificação dos pecados, assentou-se à direita da Majestade, nas alturas” (Hb 1:1-3).
Pela Criação Deus revelou sua glória e poder, pois “Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas mãos” (Sl 19:1). Mas ele não se revelou ao homem pelas coisas criadas. Ao entregar a Lei a Moisés ele revelou a incapacidade do homem de cumprir as demandas de um Deus santo, mas ainda não se revelou ao homem. Por mais sincero que um judeu fosse em tentar guardar a lei, ele não podia conhecer a Deus, pois este ainda não tinha sido revelado.
Até mesmo Paulo, um judeu exemplar “circuncidado no oitavo dia de vida, pertencente ao povo de Israel, à tribo de Benjamim, verdadeiro hebreu; quanto à lei, fariseu… quanto à justiça que há na lei, irrepreensível” (Fp 3:5), não conhecia a Deus. Por isso ele dizia que “quando aprouve a Deus… revelar seu Filho em mim… não consultei a carne nem o sangue” (Gl 1:15-16). A revelação de Cristo nada tem a ver com carne e sangue ou com a Criação natural e tampouco com a Lei. A primeira só mostra que nada somos comparados ao Universo e a segunda que nada podemos diante das santas demandas de Deus. Portanto, “os que são pela prática da lei estão debaixo de maldição, pois está escrito: ‘Maldito todo aquele que não persiste em praticar todas as coisas escritas no livro da Lei’. É evidente que diante de Deus ninguém é justificado pela lei” (Gl 3:10).
Por isso, depois de ter colocado de lado a nação de Israel, Jesus entra no capítulo 12 de Lucas denunciando a hipocrisia daqueles que gozam da maior estima entre os judeus, e mesmo assim são os principais adversários do Messias. Ele avisa seus discípulos: “Tenham cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia” (Lucas 12:1). Hipocrisia é querer parecer que você é algo que não é, e religiosos são hipócritas por natureza. Acham que por seguirem uma lista de regras e viverem de modo irrepreensível aos olhos dos homens estão justificados diante de Deus. Mas Jesus revela que “não há nada escondido que não venha a ser descoberto, ou oculto que não venha a ser conhecido” (Lucas 1:2). A Lei tinha mandamentos, promessas e profecias, mas não tinha Jesus, que é a “Expressão exata” de Deus. Ele é o Filho Unigênito de Deus, a verdadeira Luz e a atmosfera que o cristão respira.
Nos próximos 3 minutos o Senhor mostra que um novo testemunho estava para ser formado, não governado pela lei, mas pela luz de Deus.
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Andando na luz
O contraste entre o novo testemunho, que Jesus estabelece neste capítulo, e aquele em que estavam os fariseus é evidente. João assinala a entrada de Jesus em cena com estas palavras: “Nele estava a vida, e esta era a luz dos homens. A luz brilha nas trevas, e as trevas não a derrotaram… Estava chegando ao mundo a verdadeira luz, que ilumina todos os homens. Aquele que é a Palavra estava no mundo, e o mundo foi feito por intermédio dele, mas o mundo não o reconheceu. Veio para o que era seu, mas os seus não o receberam” (Jo 1:5-11). Por isso nada mais haveria escondido que não viesse a ser descoberto, ou oculto que não viesse a ser conhecido, e isto incluiria a verdade da Igreja revelada a Paulo.
Assim como a própria Luz, este testemunho resplandeceria sem impedimento até que fosse dada a revelação completa de Deus, que inclui “o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos” (Cl 1:26). Jesus encoraja seus discípulos: “O que vocês disseram nas trevas será ouvido à luz do dia, e o que vocês sussurraram aos ouvidos dentro de casa, será proclamado dos telhados” (Lucas 12:2-3). Eles, que se esconderiam de medo quando Jesus fosse morto, reapareceriam depois de Pentecostes com uma ousadia que só poderia vir do Espírito Santo. Apesar de presos e proibidos de falar de Jesus, eles ousariam responder: “É preciso obedecer antes a Deus do que aos homens!” (At 5:29). E os próprios sacerdotes e fariseus do judaísmo seriam obrigados a reconhecer “que eles haviam estado com Jesus” (At 4:13).
Os que hoje creem em Cristo têm em si uma nova natureza vinda de Deus e vivem nesta atmosfera de luz que revela tudo o que neles é incompatível com a natureza divina. A Lei havia sido dada a Israel, mas o evangelho é proclamado a todas as nações. Os judeus sob a lei eram provados segundo a aparência externa de obediência aos mandamentos aos olhos dos homens, daí serem chamados de hipócritas por seu exterior não refletir o interior. Além disso, na lei muitas coisas eram toleradas por causa da dureza de seus corações. Mas tendo o véu sido rasgado e o acesso aberto à presença de Deus nada mais está oculto ou velado ao que crê. Preocupados com a aparência, os fariseus andavam no temor dos homens. O cristão anda na luz e no temor de Deus.
Jesus deixa claro aos seus, que chama de “amigos”, que eles não devem temer os homens. “Eu lhes digo, meus amigos: não tenham medo dos que matam o corpo e depois nada mais podem fazer”, e lhes tranquiliza: “Não se vendem cinco pardais por duas moedinhas? Contudo, nenhum deles é esquecido por Deus. Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados”. A morte é o maior dano que alguém pode causar a um amigo de Jesus. Os incrédulos, sim, devem temer “aquele que, depois de matar o corpo, tem poder para lançar no inferno. Sim, eu lhes digo, esse vocês devem temer” (Lucas 12:4-7).
Nos próximos 3 minutos saiba de onde viria o poder para testemunhar.
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O poder para testemunhar
O assunto agora é a fidelidade no testemunho, ou a falta dela. Jesus diz: “Quem me confessar diante dos homens, também o Filho do homem o confessará diante dos anjos de Deus. Mas aquele que me negar diante dos homens será negado diante dos anjos de Deus” (Lucas 12:8). O poder para confessá-lo não estaria nos discípulos, mas viria do Espírito Santo. Eles confessariam ousadamente o nome de Jesus, e exceto João, todos os apóstolos seriam executados.
O poder para a vida e o testemunho seria Espírito Santo dado a todo o que crê em Jesus, conforme Paulo explica aos Efésios: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória” (Ef 1:13-14).
O mesmo Espírito daria a eles poder para fugir do pecado e resistir ao mal. Porém sua luta não seria contra pessoas, mas contra seres espirituais, “contra os dominadores deste mundo de trevas, contra as forças espirituais do mal nas regiões celestiais” (Ef 6:12). Não caberia a eles julgar e reformar o mundo. Jesus faria isso em sua vinda, mas neste momento nem mesmo ele se proporia a julgar as demandas entre os homens. “Alguém da multidão lhe disse: ‘Mestre, dize a meu irmão que divida a herança comigo’. Respondeu Jesus: ‘Homem, quem me designou juiz ou árbitro entre vocês?’” (Lucas 12:13-14).
Jesus sairia deste mundo sem mover uma palha para melhorá-lo, social ou politicamente. Ele tão somente exerceria misericórdia, alimentando e curando os necessitados, e não esperando que o poder público o fizesse. Ele não interferiria nos sistemas humanos, não promoveria passeatas, greves ou boicotes, e nem deixaria de pagar impostos. O próprio Filho de Deus passaria por aqui e, exceto pelo testemunho de sua vida exemplar e do sacrifício de si mesmo, o mundo continuaria igual, ou pior por ser culpado de rejeitá-lo.
Em seu lugar ficariam os discípulos, ensinados e movidos pelo Espírito Santo que viria habitar na Igreja e em cada crente individualmente. Ao enviar o Espírito o Senhor estaria agindo em misericórdia para com o homem pecador, e o tempo da paciência de Deus já dura mais de dois mil anos. Mas “o Senhor não demora em cumprir a sua promessa, como julgam alguns. Pelo contrário, ele é paciente… não querendo que ninguém pereça, mas que todos cheguem ao arrependimento” (2 Pe 3:9). Neste período da graça a justiça sofre e são “bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça” (Mt 5:10). Quando Cristo vier a justiça reinará.
Nos próximos 3 minutos Jesus fala do pecado sem perdão.
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O pecado sem perdão
Jesus garante aos discípulos que eles estariam plenamente capacitados pelo Espírito Santo para serem testemunhas fiéis de Deus no mundo. “Quando vocês forem levados às sinagogas e diante dos governantes e das autoridades, não se preocupem com a forma pela qual se defenderão, ou com o que dirão, pois naquela hora o Espírito Santo lhes ensinará o que devem dizer” (Lucas 12:11-12).
Todavia, o mesmo Espírito que viria capacitar os discípulos aumentaria a culpa daqueles fariseus incrédulos, e neste ponto Jesus fala do pecado sem perdão. “Todo aquele que disser uma palavra contra o Filho do homem será perdoado, mas quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado” (Lucas 12:10). Os fariseus eram culpados deste pecado porque tinham visto Jesus curar e atribuíram seu poder a Belzebu, e não ao Espírito de Deus. Já vimos isto no capítulo 11 deste Evangelho de Lucas, mas também é citado em Mateus 12.
Hoje é impossível a um crente verdadeiro blasfemar contra o Espírito, apesar de alguns ficarem se torturando com esta ideia. Os Evangelhos associam isto explicitamente ao que os escribas e fariseus fizeram. O simples fato de um crente sentir remorso prova que não cometeu o pecado sem perdão. Um incrédulo que fale mal de Jesus ou rejeite o testemunho do Espírito para convencê-lo de pecado também não está blasfemando contra o Espírito. Até o seu último suspiro o perdão estará disponível para ele, mas se morrer na incredulidade estará perdido, não por blasfemar, mas por ter recusado a dádiva de Deus para salvá-lo. Saulo não só falou mal de Jesus, como perseguiu e entregou à morte seus discípulos. Mesmo assim ele foi perdoado quando creu e transformado por Deus num instrumento de bênção para muitos.
Hoje pregadores perversos usam do argumento da “blasfêmia contra o Espírito” como instrumento de terror para manter o controle sobre seus seguidores. Alguns ameaçam os que querem abandonar suas congregações, alegando que estariam assim virando as costas ao Espírito Santo e, portanto, blasfemando. Movidos pelo medo, muitos continuam a obedecê-los cegamente e a sustentá-los com seus bens. Quão diferente é esse modo de agir do amor demonstrado pelo verdadeiro Pastor das ovelhas, que não ameaçou nem mesmo os seus carrascos.
“Quando insultado, não revidava; quando sofria, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga com justiça” (1 Pe 2:23). “Ele foi oprimido e afligido, contudo não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado para o matadouro, e como uma ovelha que diante de seus tosquiadores fica calada, ele não abriu a sua boca” (Is 53:7).
Nos próximos 3 minutos Jesus fala justamente de uma característica desses falsos pregadores: a ganância.
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Prosperidade
Jesus diz aos discípulos: “Cuidado! Fiquem de sobreaviso contra todo tipo de ganância; a vida de um homem não consiste na quantidade dos seus bens” (Lucas 12:15). Este aviso deveria ser suficiente para os que enchem os templos dos pregadores da Teologia da Prosperidade, deixando-os cada vez mais ricos. Esses pregadores gostam quando suas riquezas são denunciadas na mídia, pois tal propaganda faz bem para os seus negócios. Afinal, se você for ganancioso irá querer seguir o pregador mais próspero que encontrar, não é mesmo? Na sua cabeça ele é o mais abençoado por Deus, e quanto mais rico maior a probabilidade de ele revelar o segredo de sua prosperidade.
Talvez você pergunte: “Mas o Antigo Testamento não está cheio de promessas de prosperidade para os que forem fiéis?”. Está, mas a pergunta que você deveria fazer é esta: “Por que o Antigo Testamento está cheio de promessas de prosperidade e o Novo Testamento diz para nos contentarmos com o que temos?”. Você não terá qualquer dificuldade com isto se entender a verdade dispensacional. Ao dizer que Deus fará “convergir em Cristo todas as coisas, celestiais ou terrenas, na dispensação da plenitude dos tempos” (Ef 1:10), Paulo revela que existem coisas celestiais e terrenas, e há uma dispensação que chama de “plenitude dos tempos”. Um olhar atento por toda a Bíblia ajudará a detectar outras dispensações.
A palavra “dispensação” no grego tem o sentido de “administração de uma casa” e se fizéssemos um paralelo com a história do Brasil poderíamos dividi-la em diferentes dispensações, que podem ter sido tanto as diferentes formas de governo, como os diferentes planos econômicos. Deus também teve diferentes modos de agir, ou dispensações, em diferentes eras da história da humanidade. Mas aqui vou tratar apenas de duas: a dispensação da Lei, dada a Israel, e a dispensação da Graça, na qual está inserida a dispensação especial dada a Paulo revelar e que ficara em segredo nos séculos anteriores, a Igreja.
É bom entender que ao dizer “Israel” não estou me referindo aos judeus ou à nação que existe hoje na Palestina, formada por representantes das tribos de Judá e Benjamim. Refiro-me ao Israel original segundo os propósitos de Deus, composto por doze tribos em um só povo. E quando falo “Igreja”, não me refiro a algum edifício ou organização religiosa, mas ao seu significado original, que é “Os chamados para fora”. Isto é, os que são chamados para fora deste mundo durante o período de rejeição de Cristo; que são habitados pelo Espírito Santo e formam um só corpo, do qual Cristo é a cabeça no céu. Na Bíblia “igreja” pode referir-se tanto a esse conjunto como à representação dele, quando dois ou três estão reunidos ao nome de Jesus.
Mas para falar de um assunto tão importante vamos precisar de mais do que 3 minutos.
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A verdade dispensacional
A Lei fora dada apenas a Israel; o evangelho é pregado a todos os povos, e isto já é um indício de que estamos falando de diferentes dispensações ou modos de Deus tratar com a humanidade. João Batista foi o último profeta da antiga dispensação, e Jesus abriu a dispensação da graça na qual a Igreja estaria inserida. “A Lei e os profetas profetizaram até João. Desse tempo em diante estão sendo pregadas as boas novas do Reino de Deus” (Lucas 16:16). “A Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por intermédio de Jesus Cristo” (Jo 1:17).
O contraste também fica evidente na conversa de Jesus com a mulher samaritana, ao deixar claro que haveria uma mudança no lugar e modo de adoração. Ele disse a ela: “Está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai nem neste monte, nem em Jerusalém… está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:21-24).
Como Messias prometido, Jesus “veio para o que era seu [o povo judeu], mas os seus não o receberam. Contudo, aos que o receberam, aos que creram em seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus, os quais não nasceram por descendência natural, nem pela vontade da carne nem pela vontade de algum homem, mas nasceram de Deus” (Jo 1:11-13). Se na dispensação da Lei nenhum israelita ousaria chamar a Deus de Pai, agora Jesus inaugurava uma nova relação de parentesco. Mas para dar como realmente inaugurada a nova dispensação, ele precisava antes morrer, ressuscitar, subir ao céu e enviar o Espírito Santo.
Nada disso existiu antes. A Lei exigia que o homem fizesse algo para ser abençoado; a graça abençoa por favor imerecido. Apesar de seu fracasso, Deus em sua misericórdia não destruiu aquele povo, pois tinha em vista a vinda de Cristo. Foi assim que a lei serviu de “tutor”, conforme Paulo explica aos Gálatas, que ainda queriam viver sob a Lei: “Antes que viesse esta fé, estávamos sob a custódia da lei, nela encerrados, até que a fé que haveria de vir fosse revelada. Assim, a lei foi o nosso tutor até Cristo, para que fôssemos justificados pela fé. Agora, porém, tendo chegado a fé, já não estamos mais sob o controle do tutor. Todos vocês são filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus” (Gl 3:23-26).
O crente em Cristo tem em si um poder muito maior que a Lei. É por isso que sob a potente influência da graça a hipocrisia dos fariseus fica muito mais evidente do que sob a Lei e o pecador pode ser perdoado, não por existir nele algo de bom, mas porque o Espírito o convence de ser totalmente mau. “Onde aumentou o pecado, transbordou a graça, a fim de que, assim como o pecado reinou na morte, também a graça reine pela justiça para conceder vida eterna, mediante Jesus Cristo, nosso Senhor” (Rm 5:20-21).
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Chamados para fora
Para se entender a Bíblia é preciso enxergar a diferença entre o modo de Deus tratar com Israel e com a Igreja. A antiga dispensação girava em torno de uma nação, Israel, enquanto a nova diz respeito ao corpo de Cristo, a Igreja. Nenhum outro povo havia recebido a Lei, mas apenas uma nação, Israel, por isso os privilégios da Lei eram destinados mais à nação do que ao indivíduo. Em tempos de ruína Deus tratava particularmente com indivíduos, mas sempre tendo em vista seu lugar numa nação eleita para habitar numa terra, Israel.
Na nova dispensação não existe qualquer característica nacional na Igreja. Ao contrário da Lei, que fora dada exclusivamente a um povo, o evangelho agora é pregado a todas as nações. A Igreja não é nacional e nem internacional ou mundial, mas é independente das nações. Ela é extranacional e chamada para fora do mundo. Por isso Atos 15:14 revela que Deus está tirando de entre as nações um povo para si: “Deus… visitou os gentios, a fim de constituir dentre eles um povo para o seu nome”. Repare que a passagem diz “dentre eles”, ou seja, a Igreja não é tampouco um agrupamento de gentios, mas de pessoas tiradas de entre gentios e judeus.
A igreja é um povo distinto e separado, e é neste sentido que Pedro a chama de “nação santa” (1 Pe 2:9). Hoje, ao olhar para o mundo, Deus vê três classes de pessoas: judeus, gentios e igreja. Por isso Paulo escreveu: “Não se tornem motivo de tropeço, nem para judeus, nem para gentios, nem para a igreja de Deus” (1 Co 10:32). Pense na Igreja como um contêiner sendo preparado para exportação. Assim que for colocado nele o último item comprado por Cristo, o contêiner será despachado para o céu.
A Igreja é representada na Bíblia como “um rebanho”, “um corpo”, uma “casa espiritual”, um “sacerdócio santo” e também como uma “família” formada pelos filhos de Deus (Jo 10:16; 1 Co 12:13; 1 Pe 2:5; 1 Jo 2:13; 3:1). Ao contrário de Israel, iniciado com um povo, a Igreja começou com pessoas salvas em sua individualidade e que vão sendo acrescentadas ao corpo de Cristo, ao rebanho do verdadeiro Pastor, ao sacerdócio santo e à casa e família de Deus. Este caráter individual é representado por termos como “membros” do corpo de Cristo ou “pedras vivas” da casa de Deus. Mas Deus enxerga a Igreja como um só corpo.
Na Bíblia você nunca encontra a expressão “membro da igreja”. O salvo é membro do corpo de Cristo e é acrescentado a ele pelo próprio Senhor, e não pelo batismo ou por alguma organização. Apenas os salvos por Cristo, que tiveram seus pecados perdoados e foram selados com o Espírito Santo, são membros do corpo de Cristo. Você deve estar se perguntando: “Se a Igreja não é uma continuação de Israel, e sim um povo distinto, então o seu modo de adorar a Deus não deveria ser diferente?” Sim, e é disto que falaremos nos próximos 3 minutos.
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Das sombras para a realidade
Em sua conversa com a mulher samaritana, Jesus apontou uma mudança radical no modo e lugar de adoração a Deus. Os judeus adoravam em um Templo em Jerusalém, o único lugar autorizado por Deus para a adoração. Porém Jesus disse à samaritana: “Está chegando a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade. São estes os adoradores que o Pai procura. Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem em espírito e em verdade” (Jo 4:23). A carta aos Hebreus ratifica essa mudança, ao deixar de lado o antigo sistema de adoração do judaísmo. Em seu capítulo 13 diz:
“Nós temos um altar do qual não têm direito de comer os que ministram no tabernáculo. O sumo sacerdote [do judaísmo] leva sangue de animais até o Santo dos Santos, como oferta pelo pecado, mas os corpos dos animais são queimados fora do acampamento. Assim, Jesus também sofreu fora das portas da cidade, para santificar o povo por meio do seu próprio sangue. Portanto, saiamos até ele, fora do acampamento, suportando a desonra que ele suportou. Pois não temos aqui nenhuma cidade permanente, mas buscamos a que há de vir. Por meio de Jesus, portanto, ofereçamos continuamente a Deus um sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome. Não se esqueçam de fazer o bem e de repartir com os outros o que vocês têm, pois de tais sacrifícios Deus se agrada” (Hb 13:10-16).
Hoje o cristão não possui um sistema religioso para adorar a Deus, como tinham os israelitas em sua adoração baseada em rituais que eram sombras das coisas que viriam. A igreja adora com base em realidades já consumadas. Por mais preciosas que fossem as sombras e figuras da antiga dispensação, o cristão tem o privilégio de se ocupar com a realidade para a qual as figuras apontavam: Cristo. “A Lei traz apenas uma sombra dos benefícios que hão de vir, e não a realidade dos mesmos” (Hb 10:1). Em Cristo as sombras se tornaram realidade, o Espírito a revelou aos apóstolos e o crente agora pode contemplar esta realidade com os olhos da fé. “Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno” (2 Co 4:18).
No Antigo Testamento as bênçãos eram condicionais e terrenas. Hoje Deus já “abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo” (Ef 1:3) a todos os salvos pela fé em Jesus. A esperança dos israelitas estava na terra e a promessa para Israel era de ser um canal de bênção para todas as nações terrenas. A Igreja é a noiva do Cordeiro e todas as suas promessas e esperanças residem nos céus, onde Cristo está assentado à destra de Deus.
Mas quando teria ocorrido essa mudança tão radical, isto é, quando foi que Deus deixou Israel de lado por um tempo para que o período da Igreja tivesse início? É disto que falaremos nos próximos 3 minutos.
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Uma nova dispensação
A morte de Cristo marcou o fim do período em que Deus tratou com Israel como nação. Sua ressurreição e a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes para habitar neste mundo deram início à atual dispensação. Naquele dia os discípulos de Jesus estavam reunidos num só lugar quando o Espírito Santo desceu e os batizou em um só corpo, não apenas os que estavam ali, mas a todos os que depois viriam a ser salvos por Cristo. Portanto, quando você ouvir alguém falar em “ser batizado com o Espírito Santo”, entenda que esse batismo já aconteceu ao formar o corpo de Cristo, a Igreja, conforme lemos no Livro de Atos:
“Chegando o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos num só lugar. De repente veio do céu um som, como de um vento muito forte, e encheu toda a casa na qual estavam assentados. E viram o que parecia línguas de fogo, que se separaram e pousaram sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar noutras línguas, conforme o Espírito os capacitava. Havia em Jerusalém judeus, tementes a Deus, vindos de todas as nações do mundo. Ouvindo-se este som, ajuntou-se uma multidão que ficou perplexa, pois cada um os ouvia falar em sua própria língua” (At 2:1-8).
Que esse batismo só ocorreu uma vez, e nele estão incluídos todos os que viriam a crer em Jesus, está bem explicado por Paulo em sua carta aos Coríntios. Os cristãos em Corinto eram gregos convertidos a Cristo que não estavam em Jerusalém no dia de Pentecostes. Mas ao escrever a eles Paulo revela que haviam sido batizados em um só Espírito formando um só corpo. Paulo diz: “Em um só Espírito, todos nós fomos batizados em um corpo, quer judeus, quer gregos, quer escravos, quer livres. E a todos nós foi dado beber de um só Espírito” (1 Co 12:12-13). Se o batismo no Espírito ocorresse todas as vezes que alguém recebesse o Espírito Santo, como acreditam alguns, isto significaria que um novo corpo de Cristo estaria sendo formado a todo momento, o que seria um erro grave.
Portanto entenda que hoje, quando alguém é salvo por Cristo, não ocorre outro “batismo no Espírito”, pois este ocorreu uma vez e vale para todos. O crente que hoje recebe o Espírito Santo para habitar em si está sendo selado, e não batizado, com o Espírito. Paulo explicou isto aos Efésios: “Quando vocês ouviram e creram na palavra da verdade, o evangelho que os salvou, vocês foram selados com o Espírito Santo da promessa, que é a garantia da nossa herança até a redenção daqueles que pertencem a Deus, para o louvor da sua glória” (Ef 1:13-14).
Se agora Deus tem a Igreja como o seu povo, enquanto Israel é deixado de lado por um tempo, qual o papel da Igreja no mundo? É o que veremos nos próximos 3 minutos.
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Corpo, casa e noiva
A carta aos Efésios diz que, depois de ressuscitar a Cristo e fazê-lo assentar-se “à sua direita, nas regiões celestiais, muito acima de todo governo e autoridade, poder e domínio, e de todo nome que se possa mencionar, não apenas nesta era, mas também na que há de vir, Deus colocou todas as coisas debaixo de seus pés e o designou como cabeça de todas as coisas para a igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que enche todas as coisas, em toda e qualquer circunstância” Ef 1:20-23. Portanto, a Igreja representa a Cristo neste mundo durante o tempo de sua ausência e rejeição, sendo ela agora a rejeitada por sua associação a ele.
Satanás queria livrar-se de Cristo e expulsá-lo da terra, porém Jesus continua aqui representado por seu povo. Aquele que perseguir a Igreja estará perseguindo a própria Pessoa de Jesus, pois foi isto que ele disse a Paulo, que perseguia os cristãos: “Saulo, Saulo, por que você me persegue?” (At 9:4). Além de ser o corpo de Cristo na terra, enquanto a Cabeça está no céu, a Igreja também é a casa de Deus, “um santuário santo no Senhor”, no qual os salvos “estão sendo juntamente edificados, para se tornarem morada de Deus por seu Espírito” (Ef 2:21-22).
A Igreja é também vista na Bíblia como a Noiva que Deus planejou para o seu Filho, uma companhia que pudesse desfrutar de tudo o que Cristo possui na glória celestial. Um casal formado por um homem e uma mulher representa essa união de Cristo com sua Noiva, a Igreja. É por isso que, ao exortar os maridos a amarem suas esposas, Paulo revela estar falando figuradamente de Cristo e da Igreja. É por isso também que qualquer tentativa de desfigurar o matrimônio é uma abominação aos olhos de Deus, cujo plano era que a relação homem-mulher representasse a relação entre o seu Filho e sua Esposa. Em Efésios diz:
“Os maridos devem amar as suas mulheres como a seus próprios corpos. Quem ama sua mulher, ama a si mesmo. Além do mais, ninguém jamais odiou o seu próprio corpo, antes o alimenta e dele cuida, como também Cristo faz com a igreja, pois somos membros do seu corpo. Por essa razão, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois se tornarão uma só carne. Este é um mistério profundo; refiro-me, porém, a Cristo e à igreja” (Ef 5:28-32).
Esta união de Cristo com sua Noiva é vista em algumas passagens do Livro de Apocalipse, e narrada em forma de júbilo, como ocorre também nas núpcias entre um homem e uma mulher. Veja este exemplo: “‘Regozijemo-nos! Vamos nos alegrar e dar-lhe glória! Pois chegou a hora do casamento do Cordeiro, e a sua noiva já se aprontou. Foi-lhe dado para vestir-se linho fino, brilhante e puro. O linho fino são os Atos justos dos santos’. E o anjo me disse: ‘Escreva: Felizes os convidados para o banquete do casamento do Cordeiro!’” (Ap 19:7).
Nos próximos 3 minutos você verá mais coisas que revelam o contraste existente entre Israel e a Igreja, mostrando que esta não é uma continuação de Israel.
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De servos a filhos
Outro contraste que encontramos entre a antiga e a nova dispensação está no conhecimento de Deus como Pai, algo que um judeu não podia desfrutar. Isto foi completamente revelado em Cristo e é um dos maiores privilégios do cristão. No Evangelho de João diz que “ninguém jamais viu a Deus, mas o Filho Unigênito, que está junto do Pai, o tornou conhecido” (Jo 1:18). Em sua carta o mesmo João fala de Jesus como sendo “o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1 Jo 5:20).
No Antigo Testamento os israelitas celebravam sacrifícios que eram “uma recordação anual dos pecados, pois é impossível que o sangue de touros e bodes tire pecados” (Hb 10:3-4). A eles era apenas prometido que Deus iria prover um Cordeiro para tirar o pecado, porém só no futuro. O cristão tem, ao invés de promessas, o fato da redenção já consumada. É como se Israel tivesse apenas uma nota promissória, porém a Igreja desfrutasse do resgate do valor prometido.
Outra diferença é que na antiga dispensação um israelita podia contar apenas com a influência do Espírito Santo ou sua atuação eventual em si mesmo. Agora o Espírito habita permanentemente no cristão. Aos seus discípulos, ainda no período dos evangelhos em que vigorava o judaísmo, Jesus disse que o Espírito Santo estava com eles, mas que em breve viria habitar neles. A passagem está em João 14:16 e diz textualmente: “Eu pedirei ao Pai, e ele lhes dará outro Conselheiro [ou Consolador] para estar com vocês para sempre, o Espírito da verdade. O mundo não pode recebê-lo, porque não o vê nem o conhece. Mas vocês o conhecem, pois ele vive com vocês e estará em vocês”.
Outro privilégio que Israel não tinha, mas agora a Igreja tem, é o de não sermos mais servos de Deus, porém filhos. Esta revelação gradual você encontra nos evangelhos. “Já não os chamo servos, porque o servo não sabe o que o seu senhor faz. Em vez disso, eu os tenho chamado amigos, porque tudo o que ouvi de meu Pai eu lhes tornei conhecido” (Jo 15:15). Isto Jesus disse antes de morrer, mas após a ressurreição ele revela a Maria Madalena o novo relacionamento do qual podemos desfrutar: “Vá, porém, a meus irmãos e diga-lhes: Estou voltando para meu Pai e Pai de vocês, para meu Deus e Deus de vocês” (Jo 20:17).
Por tudo isto e muito mais que você encontra nas Escrituras, como alguém poderia querer voltar às velhas práticas da lei ou dos rituais judaicos agora que estamos do lado de cá da cruz? Por que buscar no Antigo Testamento um modelo de adoração com aqueles que não podiam ter a certeza de sua salvação, que precisavam de um templo de pedras, de instrumentos musicais e de muito ouro para adorar? Como buscar bênçãos terrenas agora que “o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo… nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nas regiões celestiais em Cristo”? (Ef 1:3).
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