Como Deus nos Torna Dispostos a Fazer a Sua Boa Vontade
A Obra do Senhor Atraindo e Desapegando Seu Povo
Bruce Anstey
COMO DEUS NOS TORNA DISPOSTOS A FAZER A SUA BOA VONTADE – A Obra do Senhor Atraindo e Desapegando Seu Povo
Bruce Anstey
Originalmente publicado por:
9-B Appledale Road
Hamer Bay (Mactier) ON P0C 1H0
CANADÁ
christiantruthpublishing@gmail.com
Título do original em inglês: HOW GOD MAKES US WILLING TO DO HIS GOOD PLEASURE – The Lord’s Work of Wooing & Weaning His People
Primeira edição em inglês – janeiro 2008
Traduzido, publicado e distribuído no Brasil com autorização do autor por:
ASSOCIAÇÃO VERDADES VIVAS, uma associação sem fins lucrativos, cujo objetivo é divulgar o evangelho e a sã doutrina de nosso Senhor Jesus Cristo.
atendimento@verdadesvivas.com.br
Primeira edição em português – julho 2020
e-Book v.1.1
Abreviaturas utilizadas:
ARC – João Ferreira de Almeida – Revista e Corrigida – SBB 1969
ARA – João Ferreira de Almeida – Revista e Atualizada – SBB 1993
TB – Tradução Brasileira – 1917
ACF – João Ferreira de Almeida – Corrigida Fiel – SBTB 1994
AIBB – João Ferreira de Almeida – Imprensa Bíblica Brasileira – 1967
JND – Tradução inglesa de John Nelson Darby
KJV – Tradução inglesa King James
Todas as citações das Escrituras são da versão ARC, a não ser que outra esteja indicada.
COMO DEUS NOS TORNA DISPOSTOS A FAZER A SUA BOA VONTADE
Burbank, Califórnia – 23 de dezembro de 2007
Vamos abrir em Filipenses 2:13 para um versículo introdutório, o qual eu acredito explicará o que eu tenho em meu coração. “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade”. Eu gostaria de falar nessa tarde sobre a obra de Deus em nossa alma que nos torna dispostos a fazer a Sua boa vontade. Eu não quero falar dos detalhes da vontade de Deus – eu já falei disso outras vezes – mas sim como Deus produz disposição em Seu povo.
Deveria ser óbvio para todos aqui que Deus quer que façamos Sua vontade. Nosso problema é que temos a carne em nós que quer fazer sua própria vontade. As duas coisas são opostas uma à outra, e isso nos leva a um conflito de vontades. Creio que essa luta acontece em maior ou menor intensidade na vida de cada jovem Cristão. Acho que você sabe o que quero dizer; temos nossas ambições, nossos interesses e objetivos na vida, e naturalmente não queremos que nada ou ninguém contrarie esses planos. Um impasse entre a vontade de Deus e as nossas vontades pode surgir e isso irá impedir o progresso espiritual em nossa vida. Até que entreguemos o comando de nossa vida a Ele, haverá essa luta presente dentro de nós. Minha tarefa esta tarde é discorrer sobre como Deus supera esse obstáculo e nos torna dispostos a fazer a Sua boa vontade.
Você notará que há duas coisas nesse versículo em Filipenses 2. É dito que Deus opera em nós primeiro o “querer” e depois o “efetuar” segundo a Sua boa vontade. Em outras palavras, Ele produz em nós um desejo de fazer a Sua vontade, e depois Ele também nos dá o poder para executá-la. Uma coisa é ter a vontade, mas outra é ter o poder. É dito: “Deus é o que opera em vós…” Se fosse deixado para nós mesmos, não teríamos nenhum interesse em fazer coisas que agradam ao Senhor; e mesmo que tivéssemos, não teríamos o poder em nós mesmos para fazê-lo. Felizmente, este versículo nos diz que Deus provê os dois. Qualquer coisa que façamos para “Sua boa vontade” é realmente tudo segundo Ele, e Ele deve receber toda glória e louvor.
Ora, por que Deus quer que façamos a Sua boa vontade? Acredito que a resposta simples é que Ele quer que sejamos felizes. Ele é o Deus bendito (feliz) e quer que conheçamos algo dessa felicidade para que o nosso gozo possa ser completo. Ele nos fez de tal maneira – dando-nos uma nova vida com novos desejos – que a única coisa que nos fará verdadeiramente felizes é fazer a Sua boa vontade. Ele nos ama tanto que não está contente em simplesmente nos livrar do inferno; Ele quer que sejamos felizes no relacionamento em que Ele nos trouxe. Salmo 16:11 diz: “À Tua mão direita há delícias perpetuamente”. E Salmo 36:8 nos diz que há uma corrente de delícias que o próprio Senhor desfruta, e Ele quer que desfrutemos disso com Ele. “Eles se fartarão da gordura da Tua casa, e os farás beber da corrente das Tuas delícias”.
Felizmente, o Senhor tem maneiras e meios para superar essa luta interior das nossas vontades. Ele não quer que desperdicemos nossa vida fazendo nossa própria vontade porque essas coisas nunca nos farão felizes. Logo, para o nosso próprio bem e felicidade, Ele encarrega-se de nos tornar dispostos, e seremos eternamente gratos por isso!
A Dupla Obra do Senhor de Atrair e Desapegar
Produzir disposição é um processo duplo. Envolve duas coisas. A primeira é atrair, a qual tem a ver com o Senhor conquistando as afeições do Seu povo para Si. É a Sua principal alegria; Ele tem prazer em fazê-lo.
Vamos ao Salmo 119 para ver isso. O versículo 32 diz: “correrei pelo caminho dos Teus mandamentos, quando dilatares o meu coração”. Aqui temos a obra do Senhor de dilatar as afeições de Seu povo, resultando em estarem dispostos a andar no caminho de Seus mandamentos. Ele faz isso irradiando o Seu poderoso amor em nós de várias maneiras até que nosso frio coração se aqueça para com Ele. Um dos resultados é a obediência. Ficamos apressados em fazer a vontade d’Ele. Outro versículo vem à mente e que é bem similar a esse: “Leva-me Tu; correremos após Ti” (Ct 1:4).
O amor divino tem um poder de atração irresistível. Ele cria uma resposta naqueles que são os alvos de Seu amor. Em 2 Coríntios 5:14 diz: “O amor de Cristo nos constrange”. Depois, no versículo 15, continua e diz: “para que os que vivem não vivam mais para si, mas para Aquele que por eles morreu e ressuscitou”. Isso mostra que o amor de Cristo tem tanto poder que altera o curso da vida de uma pessoa em 180 graus! Pode transformar a vida de uma pessoa radicalmente. Transforma uma pessoa de viver para SI MESMA para viver para o SENHOR. Se quiser uma prova disso, eu diria para que apenas olhasse ao redor deste salão nesta tarde. Você está sentado entre centenas de pessoas cujo coração foi tocado pelo amor do Senhor e cuja vida foi radicalmente transformada. Querido jovem, há poder no amor de Cristo para mudar a sua vida! Nosso grande problema é que sabemos muito pouco sobre o amor de Cristo. Não o desfrutamos como deveríamos e, como resultado, não há a resposta que deveria haver na nossa vida.
A segunda maneira na qual o Senhor produz disposição em Seu povo é desapegar. Vamos ao versículo 67 do Salmo 119 para vermos isto: “Antes de ser afligido eu me extraviava; mas agora tenho guardado a Tua Palavra” (AIBB). Desapegar tem a ver com a obra do Senhor de quebrar a inclinação das nossas vontades, porque elas são um impedimento para nosso progresso nas coisas de Deus.
O propósito de desapegar é frustrar a vontade da carne. O Senhor faz isso permitindo-nos passar por várias experiências difíceis, e muitas vezes dolorosas, na vida. Por meio do processo de desapego, aprendemos sobre o vazio do mundo e a futilidade de seguir o nosso próprio caminho. Pela graça divina, somos levados a ver que não faz sentido continuar em nenhum outro caminho que não seja fazer a vontade de Deus.
Nesse versículo, o salmista reconhece que fazer sua própria vontade não produziu nada de bom – somente levou alguém a se “extraviar”. Quanto mais cedo aprendermos isso, melhor. Nossas vontades são a fonte da maior parte de nossa infelicidade. Acho que posso dizer que somos o nosso pior inimigo. Mas o resultado de ser “afligido” pelo castigo do Senhor foi que Davi foi desapegado da sua própria vontade, e aprendeu a guardar a Palavra de Deus. Foi só então que ele recebeu uma bênção real disso. Ele se tornou interessado nas coisas do Senhor, conforme reconhece no versículo seguinte: “Tu és bom e abençoador; ensina-me os teus estatutos” (v. 68).
Desapegar é necessário em nossa vida. Quando a sabedoria do Senhor vê a necessidade disto, o Seu amor produzirá esse desapego, e é para que nos beneficiemos disso. Alguém apropriadamente disse: “É melhor ser atraído pelas alegrias do céu do que ser levado pelas dificuldades e sofrimentos da Terra!” Isto certamente é verdade, mas precisamos dos dois na nossa educação espiritual.
DILATANDO AS AFEIÇÕES DO NOSSO CORAÇÃO (Atraindo)
Agora gostaria de observar algumas das maneiras nas quais o Senhor atrai as afeições de nosso coração. Não é diferente do “caminho do homem com uma virgem” (Pv 30:19). De fato, o Espírito de Deus usa essas figuras na Escritura para ilustrar os Seus caminhos para conosco em amor. Sendo assim, quero observar vários relacionamentos de amor da vida real na Palavra de Deus e observar como o Senhor atrai as afeições de Seu povo para Si mesmo.
Essa obra de atrair as afeições de Seu povo é algo que Ele em muito Se agrada. Ele não entrega esse trabalho a um anjo ou a qualquer outra criatura para fazer por Ele. Isso é tão precioso para o Senhor que Ele mesmo encarrega-Se de fazê-lo pessoalmente. Quem alguma vez já ouviu um homem dizer a seu amigo: “Vá atrair aquela garota por mim!”. Não funciona desta forma.
Gostaria de falar agora de quatro coisas diferentes que o Senhor faz para tocar, atrair e dilatar as afeições de nosso coração.
1) Ele Fala ao Nosso Coração por Meio de Sua Palavra
O primeiro relacionamento de amor que gostaria de relembrar é o de Boaz e Rute. Abra em Rute 2:8-13: “Então disse Boaz a Rute: Não ouves, filha minha? não vás colher em outro campo, nem tão pouco passes daqui; porém aqui te ajuntarás com as minhas moças. Os teus olhos estarão atentos no campo que segarem, e irás após elas; não dei ordem aos moços, que te não toquem? Tendo tu sede, vai aos vasos, e bebe do que os moços tirarem. Então ela caiu sobre o seu rosto, e se inclinou à terra; e disse-lhe: Por que achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma estrangeira? E respondeu Boaz, e disse-lhe: Bem se me contou quanto fizeste à tua sogra, depois da morte de teu marido; e deixaste a teu pai e a tua mãe, e a terra onde nasceste, e vieste para um povo que antes não conheceste. O Senhor galardoe o teu feito; e seja cumprido o teu galardão do Senhor Deus de Israel, sob cujas asas te vieste abrigar. E disse ela: Ache eu graça em teus olhos, senhor meu, pois me consolaste, e falaste ao coração da tua serva**, não sendo eu nem ainda como uma das tuas criadas.”**
Boaz é uma figura de Cristo e Rute é uma figura do povo do Senhor – primeiramente Israel, mas nós também. A maneira como Boaz se relaciona com Rute é uma figura da maneira que o Senhor usa para nos atrair. Ele notou Rute no seu campo, colocou seu amor sobre ela e deu passos para ajudá-la (Dt 10:18-19). Ele se aproximou dela e falou ao seu coração. O resultado foi que isso literalmente a prostrou – ela caiu sobre o seu rosto! As palavras graciosas de Boaz moveram o coração de Rute. Ela diz no versículo 13: “Falaste ao coração da tua serva”. Meus amigos, vocês sabem que isto é exatamente o que o Senhor quer fazer conosco. Ele quer tomar Sua Palavra e aplicá-La diretamente ao nosso coração. Ele tem muitas coisas maravilhosas para nos dizer. Se O escutarmos, isso irá tanger as cordas do nosso coração. Este é o primeiro passo que o Senhor dá para nos atrair – Ele fala ao nosso coração por meio da Sua Palavra.
O que Boaz disse a Rute teve um profundo efeito nela, e quando o Senhor fala ao nosso coração, haverá um efeito profundo em nós também – isto é, se estivermos em um estado de alma adequado. Os dois que iam pela estrada até Emaús puderam provar disso. Quando o Senhor abriu a Escritura e falou com eles, disseram: “Porventura não ardia em nós o nosso coração quando, pelo caminho, nos falava?” (Lc 24:32) Nosso coração também arderá se passarmos tempo na Sua Palavra em comunhão com Ele.
Rute perguntou: “Por que achei graça em teus olhos, para que faças caso de mim, sendo eu uma estrangeira?” O interesse de Boaz nela tocou tanto o seu coração que ela teve dificuldade em acreditar que um homem como ele empregaria seu tempo para falar com ela. A resposta de Rute ilustra o efeito característico da graça trabalhando em nosso coração. Muitos de nós fizemos a mesma pergunta e ponderamos por que o Senhor iria querer Se importar conosco. É pura graça soberana que Ele Se ocupe conosco; É realmente isso. A Bíblia diz: “O Senhor não tomou prazer em vós, nem vos escolheu, porque a vossa multidão era mais do que a de todos os outros povos, pois vós éreis menos em número do que todos os povos; Mas, porque o Senhor vos amava” (Dt 7:7-8).
Como eu disse, isso realmente a prostrou. Agora irmãs, eu não estou dizendo que se algum irmão se aproximar de você para conversar que deveria cair sobre seu rosto diante dele. Ele vai se espantar com o que está acontecendo. Ele vai dizer: “O que significa tudo isso?” A questão aqui é, creio eu, que ela mostrou respeito a Boaz.
Então, o que devemos aprender com isso? Bem, é bastante simples; se separarmos um tempo para estar com o Senhor e deixá-Lo falar conosco por meio de Sua Palavra, coisas maravilhosas acontecerão em nosso coração. Isso terá um profundo efeito em nós e significa que precisamos abrir nossas Bíblias regularmente. Quanto mais tempo passarmos na Palavra, mais o nosso coração será tocado. Isso é um fato.
Caros amigos, o Senhor quer invocar as afeições do seu coração hoje. Quanto mais O deixarmos falar conosco por meio da Sua Palavra e conversarmos com Ele em oração, mais nosso coração será atraído por Ele. E quando as afeições de nosso coração estiverem dilatadas para Ele, teremos pressa em fazer a Sua vontade. Nós “correremos pelo caminho dos Teus mandamentos”. É simples assim.
2) Ele Nos Dá Novos Vislumbres de Seus Sofrimentos
O segundo relacionamento amoroso que eu gostaria de observar é o de Salomão e sua noiva Sulamita. Vamos ler Cantares 5:2-8: “Eu dormia, mas o meu coração velava; eis a voz do meu amado, que está batendo: abre-me, irmã minha, amiga minha, pomba minha, minha imaculada, porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite. Já despi os meus vestidos; como o tornarei a vestir? Já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar? O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele. Eu me levantei para abrir ao meu amado, e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura. Eu abri ao meu amado, mas já o meu amado se tinha retirado, e se tinha ido; a minha alma tinha-se derretido quando ele falara; busquei-o e não o achei, chamei-o e não me respondeu. Acharam-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me, tiraram-me o manto os guardas dos muros. Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, que, se achardes o meu amado, lhe digais que estou enferma de amor”.
Aqui temos uma situação onde a noiva está acomodada em seu quarto. Seu noivo vem a ela querendo ter um tempo de comunhão, mas ela estava sonolenta e preguiçosa, e não se incomodou em levantar-se e abrir a porta para deixá-lo entrar. Quando ele persiste, ela dá uma série de desculpas banais do porque não está interessada em vê-lo naquele momento. Que quadro triste é esse; ela deixou seu amado fora da vida dela!
Sabe, eu acredito que o Senhor, assim como esse noivo, vem a nós todos os dias de nossa vida procurando ter um tempo de comunhão conosco. Ele quer nossa companhia, Ele Se agrada de nossa comunhão e quer passar um tempo conosco. Mas se formos honestos, há momentos quando damos a Ele a mesma resposta dessa noiva. Tudo o que quero dizer é que se não vamos tirar um tempo para estarmos com Ele, há algo seriamente errado em nosso relacionamento. O que você pensaria de um relacionamento conjugal onde a esposa não quer a companhia de seu marido? Você diria que há algo seriamente errado ali. Se temos sido negligentes com o Senhor e contentes em continuar a distância d’Ele, Ele sente isso. É difícil acreditar que qualquer Cristão sincero iria querer magoar ou entristecer seu Senhor e Salvador. Talvez não façamos isso intencionalmente, mas há momentos quando O deixamos fora de nossa vida, e isso O magoa. É o que caracterizava a assembleia em Laodiceia; eles deixaram o Senhor fora da vida deles; Ele é encontrado do lado de fora batendo à porta. Tenho certeza de que Ele sentiu.
Ela sabia que não se encontrava em um estado adequado para vê-Lo. Ela tinha tirado a sua “túnica” (ARA) e não sentia que estava apresentável. É algo triste quando nós, por nossas próprias ações, entramos em um estado no qual, institivamente, sentimos não ser compatível com a presença do Senhor. Quão facilmente isso acontece quando não somos cuidadosos. Podemos entrar em um estado de apatia sonolenta e monótona muito rapidamente. Pode alastra-se em nós sem nem mesmo sabermos.
Bem, vemos que o noivo não deixaria sua noiva continuar naquele estado lamentável, então ele tomou meios para despertá-la da sua condição apática. Semelhantemente, o Senhor tem ciúmes de nossas afeições e Ele não nos deixará seguir para sempre em um estado ruim. Primeiro, ele a chama: “Abre-me, minha irmã, meu amor, pomba minha, imaculada minha”. Mas não adiantou; suas palavras não a despertaram. Em vez disso, tudo o que conseguiu foram muitas desculpas dela. E é justamente o que fazemos quando não estamos em um estado de alma adequado – damos desculpas por não empregarmos nosso tempo para estar com o Senhor como deveríamos. Podemos dizer: “Eu tenho que ir à escola; eu tenho que ir ao trabalho; eu não tenho tempo agora; talvez mais tarde”. Tenho certeza de que Ele sente quando dizemos essas coisas. Buscar o Senhor em nossa conveniência é evidência de um estado lamentável.
O Senhor quer falar ao nosso coração por meio de Sua Palavra como vimos com Boaz e Rute, mas quando nosso estado é tal que não respondemos a Sua Palavra, Ele tomará outros meios para despertar nossas afeições. Vemos isto ilustrado pelo o que o noivo fez no versículo 4. “O meu amado meteu a sua mão pela fresta da porta, e as minhas entranhas estremeceram por amor dele”. Esta é a segunda coisa que o Senhor faz para atrair nosso coração – Ele nos dá um novo vislumbre de Seus sofrimentos. Ele faz isso nos mostrando Suas mãos marcadas pelos pregos. É ali que vamos ver a prova de Seu amor por nós. Depois que o Senhor levantou dos mortos e apareceu no cenáculo onde os discípulos estavam reunidos, Ele fez exatamente isso. “Mostrou-lhes as Suas mãos e o lado” (Jo 20:20). A intenção disso foi para mover as afeições do coração deles e certamente deve mover as do nosso também.
A cruz é a maior mostra do amor de Cristo. A Bíblia diz: “Também Cristo amou a Igreja, e a Si mesmo Se entregou por ela” (Ef 5:25). Ele o fez porque Ele nos ama! E não há momento como o partir do pão para ter nossos pensamentos levados de volta àquela cena onde Ele morreu por nós. Que demonstração de Seu amor! Não há nada mais que vá despertar as afeições de nosso coração do que considerar Seu amor por nós na cruz. O remédio para um estado de indiferença de alma é um novo vislumbre dos sofrimentos de Cristo.
Bem, isso a tornou disposta a levantar e abrir a porta ao seu amado. Quando ela abriu, ela obteve um pouco de “mirra” em suas mãos que ele deixou ali e aquilo despertou nela o desejo por ele ainda mais (v. 5). Mirra na Escritura é figura dos sofrimentos de Cristo (É uma resina de uma planta, que é extraída por meio de ferimentos causados nela para que drene a preciosa e fragrante substância). Mas quando ela “levantou-se” e abriu a porta, eis que ele tinha ido embora! Ele tinha “se retirado” (v. 6). Isso pode parecer um pouco estranho para nós. Por que ele partiria se tinha dito querer entrar e estar com ela? A resposta é que ela tinha que sentir o que tinha feito ao desprezar o amor dele. Ela queria ter comunhão com ele do jeito dela, e isso não estava correto. Além disso, não houve nenhuma menção de qualquer confissão de seu erro. Ela pensou que poderia apenas retomar a comunhão com ele como se nada tivesse mudado. Mas não foi assim.
A lição para nós aqui é que se formos desfrutar do amor do Senhor e ter comunhão com Ele, deve haver julgamento próprio. Não pode haver nenhuma verdadeira restauração à comunhão sem reconhecer e confessar o que fizemos para impedi-la.
O que os “guardas” fizeram a ela foi errado (v. 7), mas Deus permitiu que isso acontecesse para trazê-la a completa consciência e humilhá-la acerca de sua falha. Falhas aproveitadas corretamente podem nos manter humildes e nos tornar mais cuidadosos no futuro. Ela encontrou seu amado depois disso e nunca mais se deixou sair da presença dele novamente. Ela se beneficiou da experiência. Nela vemos uma maravilhosa restauração de amor.
3) Ele Nos Enche de Dádivas
Agora vamos observar um terceiro relacionamento amoroso para ver outra maneira na qual o Senhor dilata as afeições de nosso coração. Vamos a Gênesis 24:50-53: “Então responderam Labão e Betuel, e disseram: Do Senhor procedeu este negócio; não podemos falar-te mal ou bem. Eis que Rebeca está diante da tua face; toma-a, e vai-te; seja a mulher do filho de teu senhor, como tem dito o SENHOR. E aconteceu que, o servo de Abraão, ouvindo as suas palavras, inclinou-se à terra diante do Senhor. E tirou o servo joias de prata e joias de ouro, e vestidos, e deu-os a Rebeca”. O que o servo fez aqui ilustra algo mais que o Senhor faz para atrair nosso coração – Ele nos enche de dádivas!
Você conhece a história. O servo é uma figura do Espírito de Deus. Ele foi enviado por Abraão, que é uma figura de Deus Pai, para encontrar uma noiva para Isaque, que é uma figura de Cristo. Esta é a figura do que Deus tem feito nos últimos 2.000 anos, chamando uma noiva para fora deste mundo para Seu Filho por meio do evangelho. Ao encontrá-la, o servo deu-lhe muitos presentes especiais. E esses presentes representam as vastas bênçãos espirituais que nos foram dadas em Cristo. Ele lhe deu “joias de prata e joias de ouro”. “Prata”, como você sabe, é uma figura de redenção na Escritura, e “ouro” fala da justiça divina. Estas coisas são uma imagem das “riquezas incompreensíveis de Cristo” que são nossas n’Ele (Ef 3:8). Ele também lhe deu “vestidos [vestes – ARA]”, o qual fala da adequação moral que Deus opera em nós pelo Espírito para nos tornar aptos companheiros para Seu Filho (Rm 8:29; 2 Co 3:18).
Deixe-me advertir qualquer irmão aqui que possa estar procurando por uma esposa para que seja cuidadoso ao dar presentes caros. Você poderá desviar o coração de alguém. Não faça isso a menos que você tenha o comprometimento de manter isso.
É difícil dizer se Rebeca entendeu, naquele momento, que ela foi escolhida para ser a esposa do mais favorecido homem na Terra. Mas esse era exatamente o destino dela. Que imenso privilégio! Isaque era o homem em quem os conselhos de Deus se centraram em relação às bênçãos de todas as famílias da Terra que tivessem fé. Deus disse a Abrão: “Em ti serão benditas todas as famílias da Terra” (Gn 12:3; Gl 3:8). Um pouco depois Ele lhe declarou: “Em Isaque será chamada a tua descendência” (Gn 21:12; Rm 9:7). Isaque, portanto, é uma figura legítima de Cristo.
Sendo trazidos para um relacionamento com o Senhor Jesus Cristo, temos recebido muitas dádivas maravilhosas e preciosas. Temos sido inundados com as maiores de todas as bênçãos que Deus poderia dar! É dito em Efésios 1:3: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, O qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo”. Como a noiva de Cristo, temos sido supremamente abençoados sobre todos os que foram abençoados por Deus em outras épocas. Ele nos tem dado toda uma gama de bênçãos celestiais que são como picos de montanhas de bênçãos, os quais o próprio Deus não poderia ir além!
Agora, amigos, o Senhor não tinha que ter feito isso por nós, mas Ele nos ama e quer que sejamos supremamente abençoados em nosso relacionamento com Ele. Seu amor não iria parar em nada menos que o mais elevado para aqueles que seriam Sua noiva. Estas bênçãos Cristãs, que são nossas, nunca foram dadas aos santos do Velho Testamento. Abraão, Isaque e Jacó não foram tão abençoados. Temos sido colocados na mais elevada posição de relacionamento e privilégio possível que Seu amor pôde proporcionar! Nenhum grupo de criaturas de Deus (homens ou anjos) jamais foram tão ricamente abençoados como os Cristãos. Uma figura disso é vista em Abraão dando presentes para todos os seus filhos, mas ele deu “tudo o que tinha” a Isaque. E tudo o que era de Isaque era compartilhado com Rebeca, sua noiva (Gn 25:5-6).
Podemos não perceber, mas estamos em uma posição diante de Deus que é tão sublime que nenhum anjo se atreveria a colocar o pé. Existe um hino antigo que as pessoas costumavam cantar: “Eu gostaria de ser um anjo e com os anjos estar”. Mas isso está mergulhado em ignorância. Nem mesmo Miguel, o arcanjo, tem a posição que nós temos. A idosa Sra. Munck estava certa vez ajudando uma mulher, e esta ficou tão agradecida por isso que disse: “Oh, você é um anjo”. A Sra. Munck respondeu: “Eu não sou. Eu sou superior a um anjo. Eles são apenas meus servos!” Como isso é verdade. Pertencemos à raça da nova criação de homens, a qual é superior a dos anjos (Hb 2:6-13). Estamos diante de Deus no próprio lugar do Filho! O mesmo lugar em que o Senhor Jesus está diante de Deus é o nosso lugar. E tudo o que Ele tem, Ele compartilha conosco. Não podemos obter nada mais elevado que isto. Nada parecido foi dito dos santos de outras épocas – somente dos Cristãos. Se pudéssemos ser mais abençoados, acho que não seriamos capazes de desfrutar disso!
Agora irmãos, por que o Senhor tem feito isto por nós? Ele poderia ter nos livrado do inferno e teríamos sido eternamente gratos por isso – como diz o hino: “Ter algum lugar reservado dentro de Sua porta” (Hinário Little Flock nº 93). Isso teria sido suficientemente bom para nós. Mas muito antes, Ele planejou que haveria muito mais. Ele tem estado à nossa espera com “a coroa, o trono e a mansão” (mesmo hino 93). Assim é o Seu amor. Eu pergunto novamente a você: Por que o Senhor tem feito tudo isto por nós? Em resumo, Ele fez isso para conquistar nosso coração. Quando a magnitude de nossas bênçãos e o amor que proporcionou tudo isso se apoderam de nossa alma, isto nos conquista completamente. Nunca teríamos sonhado em ser tão supremamente abençoados. Se nos fosse dada uma escolha de como poderíamos ser abençoados, nunca teríamos pedido tal coisa.
Essa é realmente a força de Efésios 3:20-21. Depois de examinar essas coisas maravilhosas, o apóstolo Paulo irrompeu em uma doxologia1 de louvor, dizendo: “Ora, àqu’Ele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós opera, a Esse glória na Igreja, por Jesus Cristo, em todas as gerações, para todo o sempre. Amém.” Isso tem sido muitas vezes retirado do contexto, pensando-se significar que o Senhor responderá às nossas orações de uma maneira que é muito melhor do que jamais teríamos pedido. Você pode aplicar esses versículos algumas vezes para esse fim, mas não é exatamente disso que ele estava falando. Paulo estava louvando a Deus por Sua sabedoria em planejar tão imenso alcance de glória e bênçãos que está muito acima de qualquer coisa que alguma vez tenhamos pedido ou pensado.
Em nossos pensamentos limitados, nunca teríamos sonhado em ser abençoados ao lado do próprio Filho de Deus, o Criador do universo, e compartilhar o Seu lugar de bênção, privilégio e glória como co-herdeiros! Digo-vos que nunca teríamos pensado em tal coisa. Teríamos pedido por vida longa, ou para ser ricos, ou algo assim. Nossos pensamentos não teriam se elevado mais acima do que das coisas desta Terra. O Senhor sabia disso, então Ele foi em frente e planejou tudo para nós. E agora, quando o apóstolo considera a vasta extensão de glória que cerca o Filho de Deus e o amor que planejou tudo, ele não pode deixar de irromper em louvor.
Amigos, realmente é triste que a Igreja saiba tão pouco sobre suas bênçãos. Não estaríamos ansiando pelas coisas do mundo se conhecêssemos nossas bênçãos. As coisas do mundo perdem seu encanto quando o Senhor Jesus captura nossas afeições e a fé estabelece o que é verdadeiramente nosso n’Ele. É uma vergonha; realmente é. Temos sido supremamente abençoados, porém a maioria dos Cristãos não parece saber muito a respeito. Tenho certeza de que, se tivéssemos que organizar um questionário entre os crentes hoje sobre quais eram suas bênçãos Cristãs, acredito que obteríamos algumas respostas bem estranhas.
Talvez alguns dissessem que têm sido abençoados por ter uma esposa amável, filhos saudáveis e um bom emprego. Mas essas coisas são misericórdias dadas às criaturas; elas não são nossas bênçãos Cristãs. Outros podem dizer que é ser nascido de novo, conhecer o Senhor e ter os pecados perdoados. Estas, com certeza são bênçãos, mas novamente, elas não são nossas bênçãos Cristãs exclusivas. Elas são bênçãos da Nova Aliança que são comuns a toda família de Deus (Jr 31:31-34 – ARA; Hb 8:10-13 – ARA). Essas bênçãos da Nova Aliança são nossas e somos gratos por elas. Mas nossas bênçãos Cristãs em Cristo são muito mais elevadas que essas. Se eu tivesse que recorrer a qualquer passagem que expusesse nossas bênçãos Cristãs especiais, eu indicaria Efésios 1 para você. Resume-se em três tópicos:
- Filiação em relação a Deus, nosso Pai (vs. 3-7). - Membros do corpo místico de Cristo – chamado “o Cristo” (vs. 8-10). - Herdeiros em relação à herança (vs. 11-14).
Logo, temos bênçãos da Nova Aliança; isso é uma coisa. Mas também nos foram dadas nossas bênçãos Cristãs exclusivas, as quais são imensamente maiores. O Sr. Lunden costumava dizer que as bênçãos ligadas à Nova Aliança são as menores de nossas bênçãos. (Ele não as estava rebaixando, mas mostrando que temos algo muito superior). E então, fluindo de nossas bênçãos Cristãs, nos foram dados privilégios especiais baseados naquelas bênçãos, as quais os santos de outras épocas não tiveram.
E se isso não te deixa maravilhado, o Senhor nos “deu tudo o que diz respeito à vida e piedade” (2 Pe 1:3), que é toda uma outra ordem de coisas que Ele nos tem dado para a nossa senda. Eu acredito que isso é representado nos “camelos” que o servo deu a Rebeca para a viagem. Ele lhe deu joias, mas também lhe deu camelos para montar. Ele pensou em tudo; assim como o nosso Deus. Amigos, quando paramos e refletimos nestas coisas, isso move nosso coração. Isso não faz você querer conhecer melhor o Senhor? Bem, isso foi o efeito imediato que teve em Rebeca. Ela começou a fazer perguntas ao servo sobre o homem que ela iria se casar. Ela disse: “Quem é aquele homem que vem pelo campo ao nosso encontro?” (Gn 24:65).
Uma irmã idosa, que está aqui hoje, me disse há mais de 20 anos: “Quando eu fui salva, sabia que o Senhor me amava. Mas, após aprender o quão ricamente Ele tem me abençoado, tenho que dizer que nunca percebi que Ele me amava tanto!” Falando dessas coisas para uma pessoa que não era salva, ele me disse: “Se vocês realmente creem nisso, vocês devem ser as pessoas mais felizes do mundo.” Mas, irmãos, o que me incomoda profundamente é que há Cristãos para os quais estas coisas significam muito pouco. Para eles, provavelmente soa como ficção científica. Temos tanto para desfrutar, mas muitos nunca tiveram tempo para aprender o quão ricamente eles são abençoados em Cristo. Então você pergunta o que está errado.
Isso me lembra uma história que eu li uma vez de um nativo americano que serviu valentemente na Guerra Civil. Após a guerra ele foi condecorado com uma medalha de honra. Uma das coisas prometidas foi que ele tinha acesso ilimitado a qualquer casa do governo no país para refeições gratuitas pelo resto de sua vida. Anos mais tarde o encontraram morrendo de fome! E quando abriram a camisa para ajudá-lo, descobriram que ele tinha feito da medalha um colar, que usava no pescoço. Ele nunca percebeu que estava gravado nela que ele tinha direito a refeições gratuitas pelo resto da vida. Lá estava ele morrendo de fome porque ele não sabia o que era seu. Amigos, há muitos Cristãos que estão na mesma situação. Eles são abençoados além da imaginação, mas não o sabem e, portanto, não estão desfrutando disso. Que pena! Você os vê andando por aí procurando algo para satisfazer sua alma com o lixo desse mundo. Eles não podem ser felizes. O que eles precisam fazer é “provar, e ver que o Senhor é bom” (Sl 34:8).
Estas coisas que o servo deu a Rebeca a tornaram disposta. Eles perguntaram a ela: “Irás tu com este homem?” E ela disse: “Irei” (Gn 24:58). Como poderíamos pensar que ela responderia de outra forma? Seu coração estava conquistado por aquelas propostas de amor. Eu acredito que, quanto mais entendemos e desfrutamos de quão ricamente temos sido abençoados em Cristo, mais serão dilatadas as afeições de nosso coração, e estaremos dispostos a fazer a boa vontade de Deus. Estas maravilhosas dádivas que o Senhor nos concedeu têm a intenção de tocar nosso coração e atrair nossas afeições a Ele.
4) Ele Nos Faz Grandes e Preciosas Promessas
Agora vamos a 2 Pedro 1:3-4: “Visto como o Seu divino poder nos deu tudo o que diz respeito à vida e piedade, pelo conhecimento d’Aquele que nos chamou pela Sua glória e virtude; Pelas quais Ele nos tem dado grandíssimas e preciosas promessas”. Já tocamos no assunto que diz respeito à “vida e piedade” como sendo a provisão do Senhor para nosso caminho para o céu, mas há algo além aqui que eu gostaria de focar: “as grandíssimas e preciosas promessas”. Isto é outra coisa que o Senhor tem feito para atrair nosso coração – Ele nos fez muitas grandes e preciosas promessas.
Diferentemente de muitos homens neste mundo, o Senhor não faz promessas e depois não as cumpre. As jovens têm sido advertidas sobre homens que fazem promessas de momento. Uma promessa quebrada significa um coração partido. Mas o Senhor não é assim. Não temos que nos preocupar com Ele em quebrar qualquer de Suas promessas. Tudo o que Ele diz pode-se confiar “porque todas quantas promessas há de Deus, são n’Ele sim, e por Ele o Amém” (2 Co 1:20).
Gostaria de chamar sua atenção para a tradução mais precisa deste versículo por J. N. Darby, o qual diz: “Ele nos tem dado as maiores e preciosas promessas”. Lembre-se de que Pedro estava escrevendo a judeus convertidos. A nação de Israel tinha recebido algumas grandes promessas do Senhor por meio seus antepassados, mas Pedro contrasta essas grandes promessas com o que eles tinham agora, já que tinham se tornados Cristãos. Eles tinham as “maiores” promessas de todas! Israel tinha recebido grandes promessas, mas os Cristãos têm as maiores promessas! Alguém disse que havia 30.000 promessas na Bíblia, e que as maiores delas tinham sido feitas aos Cristãos.
Então, quais são algumas destas grandes promessas? Bem, relacionar todas poderia levar o resto da tarde, mas eu vou selecionar algumas.
- Existe Sua promessa de longevidade de relacionamento. Ele diz: “Não te deixarei, nem te desampararei” (Hb 13:5). Quantas mulheres ouvem um homem dizer: “Não te deixarei” e, contudo, a deixa? Isto não acontecerá com o Senhor. - Existe Sua promessa de segurança. Sua Palavra diz: “Ora, àqu’Ele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória” (Jd 24). Ele nos protegerá e nos guardará em segurança perto de Si mesmo (Dt 33:12). - Existe a promessa de doce comunhão com Ele todos os dias de nossa vida. Ele disse: “Aquele que Me ama será amado de Meu Pai, e Eu o amarei, e Me manifestarei a ele” (Jo 14:21). Em alguns relacionamentos conjugais não há muita comunicação. Mas isso não é o que o Senhor quer em nosso relacionamento com Ele. - Existe Sua promessa de ter uma vida feliz e realizada. Ele disse: “Quem perder a sua vida por amor de Mim, achá-la-á” (Mt 16:25). Se dedicarmos nossa vida à Sua causa na Terra, vamos encontrar o verdadeiro significado de uma vida realizada. - Existe Sua promessa de ter um tesouro no céu. Ele disse: “Vai, vende tudo quanto tens, e dá-o aos pobres, e terás um tesouro no céu” (Mc 10:21). - Existe Sua promessa de orações respondidas. Ele disse: “Tudo quanto pedirdes em Meu nome Eu o farei, para que o Pai seja glorificado no Filho” (Jo 14:13-14). - Existe Sua promessa de sabedoria para as muitas decisões que encaramos na vida. Ele disse: “E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto, e ser-lhe-á dada” (Tg 1:5). - Existe Sua promessa de estar no meio daqueles reunidos ao Seu nome. Ele disse: “Onde estiverem dois ou três reunidos em Meu nome, aí estou Eu no meio deles” (Mt 18:20). - Existe Sua promessa de futuras recompensas no reino. Ele disse: “Bem-aventurado aquele servo que o Senhor, quando vier, achar servindo assim. Em verdade vos digo que o porá sobre todos os Seus bens” (Mt 24:46-47). - Existe Sua promessa de vir outra vez e nos levar para a casa de Seu Pai no céu. Ele disse: “Na casa de Meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, Eu vo-lo teria dito, vou preparar-vos lugar. E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez e vos levarei para Mim mesmo, para que, onde Eu estiver, estejais vós também” (Jo 14:2-3). - Existe a promessa de tornar-se moral e fisicamente como Ele. Ele “transformará o nosso corpo abatido [corpo de humilhação – JND], para ser conforme o Seu corpo glorioso” (Fp 3:21; 1 Jo 3:2). - Existe Sua promessa que reinaremos com Ele em Seu reino. Sua Palavra diz: “Se sofrermos, também com Ele reinaremos” (2 Tm 2:12; Lc 22:29).
Não temos tempo para ver agora, mas eu acho que a história de Davi e Abigail ilustra isto (1 Sm 25). Eles são outra figura de Cristo e da Igreja. Ele fez uma promessa maravilhosa para ela, e isso inclinou o coração dela em profunda apreciação. Ele pediu-lhe para ser sua esposa e compartilhar o trono em Israel com ele. Mas naquele momento tudo era uma promessa, porque ele ainda não tinha o trono. Isso produziu a resposta certa nela – a tornou disposta a ir e ser sua esposa. Na verdade, ela estava com pressa. É dito: “Abigail se apressou, e se levantou, e montou num jumento com as suas cinco moças que seguiam as suas pisadas; e ela seguiu os mensageiros de Davi, e foi sua mulher” (1 Sm 25:42).
As muitas promessas que o Senhor fez a nós são todas com a intenção de despertar as afeições de nosso coração. Eu creio que se considerarmos o que o Senhor prometeu, isso terá um profundo efeito em nós e nos tornará apressados – como Abigail foi – a fazer “a Sua boa vontade”.
O Papel do Senhor Nisso
Sabe, há outro lado deste assunto que temos observado – e esse é o lado do Senhor. Você sabia que, quando Ele recebe uma resposta de nosso coração, isso arrebata o Seu coração? É dito em Cantares 4:9: “Arrebataste-me o coração, minha irmã, noiva minha; arrebataste-me o coração com um só dos teus olhares” (ARA). A noiva virou-se, olhou para o noivo, e ele quase se derreteu! Oh, o Senhor aprecia o nosso amor. Pense no coração d’Ele nesta tarde. Ele fica grandemente comovido ao ver até o menor movimento de nosso coração em direção a Ele.
Deixe-me te perguntar: “Você quer fazer o Senhor feliz? Você quer trazer-Lhe gozo?” Então, dê a Ele o seu coração. Ele diz: “Dá-me, filho meu, o teu coração” (Pv 23:26). Pense nisto; você pode levar deleite ao coração do Criador do universo dando a Ele o seu amor! Podemos dar a Ele nosso amor, não somente agradecendo-Lhe e O louvando, mas também fazendo as coisas que O agradam. Ele disse: “Se Me amais, guardai os Meus mandamentos” (Jo 14:15). E quando o fazemos, algo estranho e inexplicável acontece: ficamos supremamente felizes. Isto é, sem dúvida, o segredo para uma vida Cristã feliz e frutífera. Se simplesmente parássemos de tentar nos fazer felizes, buscando prazer em todas as coisas em que gastamos nosso dinheiro e tempo, e tentássemos fazer o Senhor feliz, encontraríamos a verdadeira felicidade. Aqueles que descobriram este segredo encontraram o verdadeiro significado da vida. Eles são as pessoas mais felizes deste mundo. “Bem-aventurado [feliz – TB] é o povo cujo Deus é o Senhor” (Sl 144:15). Ele é o eterno Amante da sua alma; dê a Ele o seu amor e você não se arrependerá de o ter feito.
QUEBRANDO AS NOSSAS VONTADES (Desapegando)
Temos observado algumas das maneiras que o Senhor atrai nosso coração, agora eu quero falar um pouco da maneira que Ele nos leva a desapegar. Vamos a Hebreus 12:1-11: “Portanto nós também, pois que estamos rodeados de uma tão grande nuvem de testemunhas, deixemos todo o embaraço, e o pecado que tão de perto nos rodeia, e corramos com paciência a carreira que nos está proposta, Olhando para Jesus, Autor e Consumador da fé, O qual, pelo gozo que Lhe estava proposto, suportou a cruz, desprezando a afronta, e assentou-Se à destra do trono de Deus. Considerai, pois, Aquele que suportou tais contradições dos pecadores contra Si mesmo, para que não enfraqueçais, desfalecendo em vossos ânimos. Ainda não resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado. E já vos esquecestes da exortação que argumenta convosco como filhos: Filho Meu, não desprezes a correção do Senhor, E não desmaies quando por Ele fores repreendido; Porque o Senhor corrige o que ama e açoita a qualquer que recebe por filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho há a quem o pai não corrija? Mas, se estais sem disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois então bastardos, e não filhos. Além do que, tivemos nossos pais segundo a carne, para nos corrigirem e nós os reverenciamos; não nos sujeitaremos muito mais ao Pai dos espíritos, para vivermos? Porque aqueles, na verdade, por um pouco de tempo, nos corrigiam como bem lhes parecia; mas Este, para nosso proveito, para sermos participantes da Sua santidade. E, na verdade, toda a correção, ao presente, não parece ser de gozo, senão de tristeza, mas depois produz um fruto pacífico de justiça nos exercitados por ela”.
Como podemos ver neste capítulo, o Senhor usa as disciplinas da vida para nos corrigir e nos desapegar de fazer nossa própria vontade, a qual é o único impedimento para ter a bênção prática do Senhor em nossa vida. Como mencionado antes, o propósito de desapegar é frustrar a vontade da carne. É um processo por meio do qual aprendemos a desistir de fazer nossa própria vontade e, em vez disso, fazer a d’Ele. Lentamente, pouco a pouco, pelas correções do Senhor, somos ensinados a respeito do vazio do mundo e da futilidade de tentar agradar a nós mesmos. Por divina graça, somos levados a ver que não faz sentido continuar de outra maneira, a não ser fazendo a vontade de Deus.
O principal instrumento que o Senhor usa para nos desapegar é a aflição, como mencionada em Salmo 119:67. Há algo sobre a aflição que nos faz sentar e prestar atenção. O Senhor não tem nenhum prazer em usar aflição para nos desapegar, mas Seu amor O obriga a fazê-lo. No livro de Lamentações é dito: “Ainda que entristeça a alguém, usará de compaixão, segundo a grandeza das Suas misericórdias. Porque não aflige nem entristece de bom grado [do Seu coração – KJV nota de rodapé] aos filhos dos homens” (Lm 3:32-33). Seu coração não tem prazer nisto, mas Ele sabe que é necessário para o nosso bem espiritual, e Seu amor O leva a fazê-lo.
O Senhor sabe como nos tornar dispostos por meio das disciplinas da vida; Ele não comete erro sobre isto. Lembro-me de ter ouvido uma história de uma garotinha que não queria comer ervilhas no jantar. Depois de vários encorajamentos e exortações de seus pais, seu pai olhou diretamente em seus olhos e disse: “Você quer comer as ervilhas ou você quer ir para o seu quarto para conversarmos?”. Ela sabia o que implicava ir ao quarto para conversar, então ela sentou-se em sua cadeira e disse: “Acho que vou comer as ervilhas”. Sabe, até o pensamento de ter a mão disciplinadora do Senhor sobre nós deveria ser o suficiente para nos levar a considerar seriamente sobre não fazer algo que sabemos que não agradaria a Ele. Devemos passar o tempo de nossa jornada aqui em “temor” (1 Pe 1:17). Esse é o temor de fazer algo que desagradaria nosso Pai.
A principal razão de o Senhor ter de nos desapegar por meio da correção é que nossas vontades são muito fortes. Ele sabe como quebrar nossas vontades e abrandar nosso coração. Ele usa tanto o Seu atrair quanto o Seu desapegar. Acredito que ambos os processos acontecem ao mesmo tempo, e Ele está fazendo tudo isso porque quer nossa atenção! Essa foi uma das últimas coisas que Christie Coleman me disse antes de o Senhor a levar para Si. Ela disse: “O Senhor quer nossa atenção”. Eu posso acrescentar que Ele não vai parar até obter nossa atenção. Ele pagou um preço muito grande para nos deixar seguir o nosso próprio caminho e desperdiçar nossa vida em coisas passageiras do tempo que não são de nenhum valor eterno – coisas que não nos fazem felizes, de maneira alguma.
Assim como no atrair, o desapegar é uma obra que o Senhor não entrega a ninguém. É tão importante para Ele que Ele mesmo é Quem faz tudo.
Embaraços e Pecado
Note-se que o capítulo não começa com as maneiras do Senhor corrigir Seu povo. Começa nos exortando a “correr a carreira (corrida)” da fé mantendo nossos olhos no objetivo diante de nós – Cristo em glória (vs. 1-4). É-nos pedido para “deixarmos todo o embaraço [peso – ARA] e o pecado” que impediria nossa busca desse objetivo singular único. Sabendo que estamos bastante ligados aos nossos embaraços e pecado, o escritor menciona uma motivação a mais: “a correção do Senhor” (vs. 5-11). Não é uma ameaça; é apenas que o Senhor sabe e entende nossa incapacidade e falta de poder para deixar de lado estas coisas. É trazido em última análise para nos ajudar a fazer a vontade de Deus.
Estas duas coisas – embaraços e pecados – para nós, são um impedimento para realizarmos a corrida. Os embaraços, para estes crentes hebreus, era a religião terrenal. Os aparatos do judaísmo, bem como a incredulidade que veio junto com isso, os estavam impedindo de realizar a corrida da fé a Cristo em glória. Isso os estava atraindo de volta ao aprisco do judaísmo. Para nós, os embaraços podem ser outras coisas terrenais. Um embaraço, a princípio, é qualquer coisa que distrai o coração de se ocupar com Cristo em glória e arrasta a mente para a Terra. Um embaraço é algo não necessariamente errado moralmente, mas cativa o coração a nos ocupar com as coisas terrenais. Pode ser algo diferente para cada um de nós. Para um, pode ser um esporte; para outro, pode ser música; para outro pode ser algum hobby, etc. Poderiam ser centenas de coisas. Estas coisas não são moralmente erradas, mas se elas entrarem em nosso coração, ocupando uma quantidade excessiva de nosso tempo e atenção, é uma indicação certa de que é um embaraço.
Jovens frequentemente perguntam: “O que há de errado com esta coisa ou com aquela atividade?”. Mas eles não estão entendendo o ponto aqui. A Escritura nos diz que todas as coisas que são moralmente corretas nos são lícitas, mas nem todas as coisas convêm (1 Co 6:12-13). Devemos deixar de lado todo embaraço, não porque são contrários às regras da corrida, mas porque eles são um impedimento para correr. Imagine que você foi ver uma corrida que estava acontecendo em algum lugar, daí você olhou para a linha de largada e viu um corredor pretendendo competir usando um par de botas de borracha e uma mochila! Então você vai até ele e lhe diz que aquelas coisas serão um impedimento se ele quiser acompanhar os outros competidores na corrida. Daí ele diz: “O que há de errado com as botas de borracha e a mochila? Eu não estou infringindo as regras!” É verdade, ele não está infringindo as regras, mas ele não será capaz de correr muito bem na corrida. Ele seria deixado para trás em pouco tempo. Esse é o ponto exato em que precisamos deixar de lado “todo embaraço [peso – ARA]” em nossa corrida espiritual para o céu.
A maneira mais rápida de descobrir se alguma coisa é um embaraço em nossa vida é iniciar a corrida! Se você não acha que certas coisas na sua vida são embaraços, pode ser que você não esteja realmente na corrida. Se você se senta numa cadeira com um peso amarrado ao seu corpo, você não sentiria os efeitos negativos da gravidade. Talvez esse seja o porquê algumas pessoas não podem ver por que certas coisas na sua vida são um impedimento.
Se você está lutando com algo em sua vida que você possa ter ou está fazendo, e está se perguntando se isso é um embaraço, você pode conferir pelos três sinais a seguir que o Sr. Hayhoe nos deu anos atrás:
Os Três Sinais de um Embaraço
-
Você fica incomodado e não parece ter paz com ele.
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Você se pega argumentando a favor dele.
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Você sai por aí procurando pessoas – de preferência irmãos mais velhos – para aconselhá-lo a continuar com ele.
Há também “pecado” que deve ser deixado de lado. Este é algo ainda mais sério. Não se trata do assédio do pecado do qual algumas pessoas falam, mas sim do princípio de ilegalidade, que é fazer a nossa própria vontade. (O artigo “o” não está no texto original, o que indica que não se está falando do assédio de algum pecado específico). Nada nos impedirá mais de correr a carreira de fé do que o princípio de ilegalidade em nossa vida – e isso é o que é essencialmente pecado. É triste dizer, mas estamos acostumados a fazer o que queremos fazer, e não gostamos de alguém impondo sua vontade em nós. A vontade do Senhor é algo que podemos não estar acostumados a ter em nossa vida. E se esse for o caso, o Senhor pode trazer a Sua correção como uma forma de nos ajudar a nos desprender das coisas terrenais e do princípio de ilegalidade que tão facilmente nos assedia.
Ao falar sobre as maneiras do Senhor disciplinar, ele enfatiza o fato de que é o amor que está por trás de tudo o que o Senhor faz. Ele disse: “Porque o Senhor corrige o que ama, e açoita a qualquer que recebe por filho” (Hb 12:6). Precisamos lembrar que a mão que segura a vara da correção é uma mão que tem o ferimento dos cravos nela! Saber que isso vem de um coração de amor nos ajudará a recebe-la d’Ele. Se Ele aumentar a pressão em nossa vida, é somente porque é necessário. Ele vê algumas “escórias [impurezas – JND]” em nós que precisam ser retiradas (Pv 25:4; Ml 3:3).
Três Maneiras de Reagir à Correção do Senhor
Devemos receber tudo o que entra em nossa vida como uma lição do Senhor. O Sr. Darby costumava buscar o Senhor quando algo tão pequeno quanto um resfriado comum o atingia. Isto é bom; mostra sensibilidade à voz do Senhor. O escritor de Hebreus continua a falar de várias maneiras que podemos reagir à correção do Senhor.
Primeiramente, ele diz que não devemos “desprezá-la” (Hb 12:5). Esta é uma atitude que podemos tomar. Desprezar a correção do Senhor é ignorar as coisas que Ele permite que aconteça em nossa vida. Uma pessoa pode ser atrevida e dar de ombros, não reconhecendo que é a mão do Senhor. Neste caso, certamente perderemos a bênção que Ele tem para nós nisso. Uma pessoa que tem esta atitude tratará tudo que vem à sua vida como se fosse meramente uma coincidência. Se Deus permite que sofram um acidente de carro, eles dirão: “Bem, quem nunca passou por um acidente?”. Se for um braço quebrado, eles dirão: “É apenas um osso quebrado; todo mundo quebra um osso em algum momento na vida”. Em vez de indagar seu coração sobre o porquê que Deus permitiu tal coisa, eles a ignoram.
Em segundo lugar, ele diz: “não desmaies” quando repreendido (Hb 12:5). Esta é outra atitude que podemos tomar nestas coisas. Desmaiar é ficar desanimado. Aqui, a tendência é reclamar das coisas que o Senhor tem permitido em nossa vida para falar conosco. Se isto não for julgado, resultará em perder o ânimo e desistir. Se tomarmos essa atitude em alguma disciplina que o Senhor permitiu em nossa vida, também perderemos a bênção prática que Ele tem para nós nisto.
Ele continua a falar da terceira atitude que podemos ter numa provação – a única apropriada, posso acrescentar – e essa é ser “exercitados por ela” (Hb 12:11). Quando somos exercitados sobre as coisas que Deus permite em nossa vida e, a esse respeito, buscamos Sua face, isso trará “fruto pacífico de justiça” em nós.
Existem três aves que ilustram essas três atitudes. Quando a chuva vem o pato a ignora, deixando a água escorrer sobre suas penas impermeáveis. Ele é como a pessoa que despreza a correção. Depois, tem a galinha. Esta ave é conhecida por não gostar de chuva. Quando chove, ela cisca, se agita e cacareja. Ela é como a pessoa que desmaia diante das coisas que o Senhor permite em sua vida. Depois, tem o robin. Este pássaro americano aceita a chuva e tira proveito dela. A chuva traz minhocas à superfície, significando que, se ele sair, ele vai se beneficiar disso. Este é como a pessoa que é exercitada sobre as disciplinas do Senhor em sua vida e disso recebe um pouco de bem moral e espiritual.
Então, em resumo, há estas duas maneiras nas quais o Senhor opera para nos tornar dispostos a fazer “a Sua boa vontade” – Seu atrair e Seu desapegar. Davi disse: “O Teu povo se apresentará voluntariamente no dia do Teu poder, com santos ornamentos [em santo esplendor – JND]” (Sl 110:3). Talvez ambos sejam vistos nesse único versículo. Em um dia vindouro, os filhos de Israel serão voluntários (estarão dispostos) quando o Senhor agir em poder e em santo esplendor para libertá-los de seus inimigos e trazê-los para Seu reino. Para nós, eu creio que se simplesmente olharmos para trás e considerarmos o “poder do Seu sangue” (Rm 5:9 – JND) em nos libertar de nossos pecados, e também no “esplendor” de Sua santa Pessoa, estaremos dispostos também. Que Deus nos dê a graça para fazê-lo.
Notas
[←1]
N. do T.: Provém do grego doxologia, (doxa “glória” + logia “palavra” se referindo à expressão oral ou escrita. Portanto, “doxologia” é uma expressão oral ou escrita de louvor e glorificação.