João 4

João 4

Quando o Senhor soube que havia sido rejeitado pelos líderes em Jerusalém, “deixou a Judeia, e foi outra vez para a Galileia” (João 4:1-3). Em figura essa saída da Judeia é outra ação simbólica do Senhor que denota o rompimento dele com a nação por o terem rejeitado. Sua intenção era a de continuar Seu ministério na região norte (Galileia) passando “por Samaria”, que ficava na região central da terra (João 4:4-6). A rota usual para os judeus que viajavam da Galileia era contornando Samaria, o que tornava a viagem mais longa, pois os samaritanos eram um povo gentio e considerado impuro pelos judeus. Por causa disso “os judeus não se comunicam com os samaritanos” (João 4:9). Desnecessário é dizer que tal atitude do Senhor, de passar por Samaria, não era algo normal para um judeu fazer, mas o Senhor fez. Isto está registrado nas Escrituras para mostrar (de forma dispensacional) que quando fosse rejeitado Ele iria visitar os gentios com o evangelho e introduzir na bênção muitos dentre as nações (Atos 15:14). Portanto a obra do Senhor em Samaria neste capítulo é uma figura do atual testemunho da graça de Deus entre os gentios.

O Senhor se fez conhecido à mulher de Samaria, e ela recebeu a Ele por fé como o “Messias” (João 4:7-26). Então Ele revelou a ela as mudanças que estavam para acontecer, a saber, o fim da adoração judaica em Jerusalém (Hebreus 13:13) e a introdução de uma nova ordem de adoração do “Pai em espírito e em verdade” (João 4:21-24) — algo que iria marcar o Cristianismo.

Em seguida a mulher foi aos homens da cidade e testificou: “Porventura não é este o Cristo?” (João 4:29). Isso despertou o interesse naqueles da cidade de Samaria e muitos creram no Senhor Jesus como “o Salvador do mundo” (João 4:42). Eles insistiram com o Senhor para que ficasse com eles, “e ficou ali dois dias” (João 4:42). Mais uma vez, à luz do Salmos 90:4-5 e 2 Pedro 3:8, isso aponta figuradamente para o intervalo atual de dois mil anos durante o qual os judeus têm sido colocados de lado nos desígnios de Deus.

“E dois dias depois partiu dali, e foi para a Galileia” (João 4:43), onde retomou o Seu ministério entre os judeus na extremidade norte da terra (João 4:43-44). Isto nos fala da retomada das tratativas do Senhor com os judeus em um dia ainda vindouro. Nessa ocasião “os galileus o receberam” (João 4:45; Salmos 110:3). Isso nos fala de um remanescente da nação recebendo o Senhor no futuro. É significativo que o Espírito de Deus faça uma correlação dos eventos na parte final deste capítulo com o que o Senhor fez em “Caná da Galileia, onde da água fizera vinho” (João 4:46). Como já foi observado, o incidente de transformar água em vinho, que aconteceu no “terceiro dia” (João 2:1), é uma figura milenial. Como já foi mencionado, Oséias 6:2 nos diz que no “terceiro dia” (falando figuradamente) o Senhor iria “ressuscitar” a nação de Israel, isto é, realizaria sua ressurreição e restauração como nação (Isaías 26:19; Ezequiel 37; Daniel 12:2). A restauração do filho de um nobre que estava à morte ilustra essa bênção futura reservada para o remanescente de Israel (João 4:46-54).