A Diferença entre o Arrebatamento e a Manifestação

É importante entender que a vinda do Senhor tem duas fases — Sua vinda para os Seus santos e Sua vinda com os Seus santos. Aqueles que adotam a visão dispensacional da Bíblia se referem a estas vindas, respectivamente, como o Arrebatamento e a Manifestação de Cristo. Muitos cristãos (da Teologia do Pacto) confundem os dois eventos. Embora o Senhor venha do céu em ambas as ocasiões, o Arrebatamento e a Manifestação de Cristo são coisas distintas.

[N. do T.: No original deste livro e na versão da Bíblia traduzida por J. N. Darby é utilizada a palavra “appearing”, traduzida aqui como “manifestação”. Dependendo da versão em português da Bíblia a tradução do termo pode variar, como “manifestação”, “esplendor”, “aparecimento” ou “vinda” em passagens como 2 Tessalonicenses 2:8 e 2 Timóteo 1:10; 4:1, 8 (ARC e ARA). Neste livro é usado o termo “manifestação” ou eventualmente “vinda de Cristo”].

• Arrebatamento é quando o Senhor vem para os Seus santos (João 14:2-3); a Manifestação de Cristo ocorre mais tarde quando Ele vem com os Seus santos que foram levados à glória no Arrebatamento (Judas 14; Zacarias 14:5).

• O arrebatamento poderia ocorrer a qualquer momento, mas a Manifestação de Cristo não acontecerá até cerca de sete anos após o arrebatamento.

• No arrebatamento o Senhor vem secretamente, num piscar de olhos (1 Coríntios 15:52); em Sua Manifestação Ele vem publicamente e todo olho O verá (Apocalipse 1:7).

• No arrebatamento Ele vem para libertar a Igreja (1 Tessalonicenses 1:10); em Sua Manifestação Ele vem para libertar Israel (Salmos 6:1-4).

• No arrebatamento Ele vem nos ares para a Sua Igreja, pois ela é o Seu povo celestial (1 Tessalonicenses 4:15-18); em Sua Manifestação Ele volta à terra (no Monte das Oliveiras) para Israel, que é o Seu povo terreno (Zacarias 14:4-5).

• No arrebatamento é o próprio Senhor que reúne os Seus santos (1 Tessalonicenses 4:15-18; 2 Tessalonicenses 2:1), mas em Sua Manifestação Ele envia os Seus anjos para reunir os eleitos de Israel (Mateus 24:30, 31).

• No arrebatamento Ele leva os crentes para fora deste mundo, deixando para trás os ímpios (João 14:2-3); em Sua Manifestação os ímpios são tirados do mundo para julgamento e os crentes (que tiverem se convertido por meio do Evangelho do Reino que será pregado durante a tribulação) são deixados para desfrutar de bênçãos na terra (Mateus 13:41-43; 25:41).

• No arrebatamento Ele vem para libertar os Seus santos (a Igreja) da ira vindoura (1 Tessalonicenses 1:10); em Sua Manifestação Ele vem para derramar a Sua ira (Apocalipse 19:15).

• No arrebatamento Ele vem como o Noivo (Mateus 25:6, 10); em Sua Manifestação Ele vem como o Filho do Homem (Mateus 24:27-28).

• No arrebatamento Ele vem como a “Estrela da Manhã” que desponta pouco antes de raiar o dia (Apocalipse 22:16); em Sua Manifestação Ele vem como o “Sol de Justiça”, que é o próprio raiar do dia (Malaquias 4:2).

• No arrebatamento Ele virá sem quaisquer sinais, pois o cristão anda por fé e não por vista (2 Coríntios 5:7); em Sua Manifestação a Sua vinda será cercada de sinais, pois os judeus pedem sinais (Lucas 21:11, 25-27; 1 Coríntios 1:22).

• Nas Escrituras nunca é feita referência ao arrebatamento como um “ladrão de noite”, mas Sua Manifestação é mencionada por seis vezes comparada ao “ladrão de noite” (Lucas 12:39; 1 Tessalonicenses 5:2; 2 Pedro 3:10; Mateus 24:43; Apocalipse 3:3; 16:15; 3:3).

• O Arrebatamento fecha a atual dispensação do Mistério (Efésios 3:9); a Manifestação de Cristo abre a Dispensação da Plenitude dos Tempos (Efésios 1:10).

A dispensação do Mistério começou e irá terminar com uma Pessoa divina vinda do céu. No início “veio do céu um som, como de um vento veemente... e todos foram cheios do Espírito Santo” (Atos 2:2-4, 33). No final “o mesmo Senhor descerá do céu com alarido” (1 Tessalonicenses 4:16).

As duas coisas são mencionadas como ocorrendo em uma fração de segundo. O Espírito Santo veio “de repente” (Atos 2:2) e o Senhor também virá “num momento”, transformará nossos corpos “num abrir e fechar de olhos” e nos levará para a casa do Pai (1 Coríntios 15:52). Assim a atual dispensação irá terminar tão rapidamente quanto começou.

Além disso, do mesmo modo como a Igreja começou com “todos concordemente no mesmo lugar” (no cenáculo no dia de Pentecostes — Atos 2:1), ela irá terminar com “todos concordemente no mesmo lugar” (a casa do Pai). É triste reconhecer que, entre os dois eventos e no tempo em que a Igreja esteve na terra não é isto que temos visto. A Igreja falhou terrivelmente em seu testemunho. Ela não foi cheia do Espírito e, como consequência, ao longo de sua história ela acabou dividida e espalhada. Mas na vinda do Senhor a convocação que Ele fará à reunião irá recriar a unidade que tem ficado perdida desde os primórdios da Igreja (1 Tessalonicenses 4:16). “Nossa reunião com Ele” naquele momento será uma demonstração do poder de Deus que é capaz de reunir o Seu povo para estarem juntos (2 Tessalonicenses 2:1).

Estas coisas demonstram que a Igreja, desde o seu início até o seu destino final, é uma criação celestial de Deus designada e criada para habitar com Cristo no céu. Ela não é uma instituição permanente na terra, apesar de estar atualmente na terra. A Igreja está apenas passando por este mundo em seu caminho para o céu. O Senhor disse: “Não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” (João 17:14). Os cristãos são apenas “peregrinos e forasteiros” aqui na terra (1 Pedro 2:11). Um “forasteiro” é alguém que não está em sua própria casa, e um “peregrino” é alguém que está a caminho de casa. O céu é o nosso destino.