O segundo mandamento

Mateus 22:39-40

Depois de falar do primeiro grande mandamento — amar a Deus acima de tudo — Jesus fala do segundo: “Ame o seu próximo como a si mesmo” (Mt 22:39). Este segundo mandamento tem sido muito usado nos dias de hoje por escritores espiritualistas, só que de uma forma capenga que induz o seguinte raciocínio:

“Bem, se preciso amar o próximo como a mim mesmo, é melhor eu começar a me amar mais. Hmmm... não tenho me amado muito ultimamente, não tenho me valorizado, não tenho dado a mim mesmo a autoestima que mereço...” Já percebeu onde quero chegar, não?

Exatamente. O próximo passo é pedir ao meu próximo que aguarde uma vida enquanto resolvo essa parte de amar a mim mesmo. Isso nos leva àquela máxima cada vez mais utilizada pela propaganda: “Você merece ser feliz!” Já que o coração humano é insaciável, eu nunca vou achar que já me amo o suficiente para amar meu próximo.

Essa atitude me leva de volta à idolatria da qual falei nos últimos 3 minutos, mais especificamente à adoração de mim mesmo. Terá sido assim que Jesus amou? Não. Para me amar ele esvaziou-se de si mesmo, veio a este mundo na forma de um servo, tornou-se semelhante aos homens, humilhou-se a si mesmo e obedeceu ao Pai até à morte, e morte de cruz. Isso sim é amor.

Mas, por possuirmos uma natureza corrompida pelo pecado, eu e você somos incapazes de amar do jeito que Jesus amou, a menos que haja uma intervenção divina que implante em nós esse amor. Essa intervenção acontece quando você crê em Jesus e no efeito que o seu sacrifício na cruz tem sobre a culpa que você tem no cartório de Deus.

O apóstolo João, aquele conhecido como “o discípulo a quem Jesus amava” (Jo 21:20), escreveu que devemos amar uns aos outros porque o amor procede de Deus e aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Percebe a ordem das coisas? Não é amando o próximo que você é salvo, mas aquele que é salvo, que é nascido de Deus, esse é capaz de amar com um amor que não é seu, mas que procede de Deus.

O mesmo João escreveu em seu evangelho que “o Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. Quem crê no Filho tem a vida eterna; já quem rejeita o Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele” (Jo 3:35-36). Que ira é essa? A pena que todos nós merecemos por sermos pecadores. A justiça exige uma condenação do transgressor. Mas Deus não tem prazer em condenar você a uma eternidade nas trevas, e aí entra outra vez João em sua primeira carta:

“Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados” (1 João 4:10). “Propiciar” significa aplacar a ira de Deus. Agora preste atenção: Jesus morreu na cruz para você ser salvo. Ele fez isso por você. Será que existe amor maior do que esse? Não. Será que existe ingratidão maior do que desprezar esse amor? Não.

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